Valor - SP 17/10/2024
Recomendação de aplicação de direito provisório, com tarifas de US$ 250 a US$ 345 por tonelada será levada amanhã ao Gecex
Em processo que tem sido acompanhado de perto por pesos-pesados da indústria siderúrgica, de embalagens e de alimentos, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex) decide amanhã (17) sobre a aplicação de direito antidumping provisório sobre as importações chinesas de folhas metálicas, usadas na confecção de latas para produtos alimentícios e leite em pó e em tampas para garrafas de bebidas.
O pedido foi feito pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), única produtora desse tipo de folha (de flandres) no país. Hoje, a companhia opera com ociosidade de até 75% nessa linha, que fica na usina de Volta Redonda (RJ), e atribui o recuo na produção, em boa parte, ao crescimento contínuo das importações, notadamente da China nos dois últimos anos. A constatação inicial foi que há dumping —prática de preços inferiores ao custo de produção ou aos aplicados no mercado de origem.
O pleito, contudo, encontra forte oposição de gigantes como JBS — dona da Zempack, maior produtora de latas de aço do país — e Ambev, que usa aço nas tampas de garrafas de vidro, entre outras empresas representadas pela Associação Brasileira de Embalagens de Aço (Abeaço). A indústria de alimentos também se opõe à medida. Os dois setores apontam que, se aplicada, a tarifa terá impacto no bolso do consumidor final.
Embora o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) tenha rejeitado a inclusão das folhas metálicas no pacote de produtos de aço cujas importações estão temporariamente sujeitas a cotas e alíquota de 25% sobre o excedente, desde junho, a CSN teve uma vitória parcial.
A investigação das importações chinesas por dumping foi iniciada em março pelo Departamento de Defesa Comercial (Decom). A recomendação de aplicação de direito provisório, com tarifas de US$ 250 a US$ 345 por tonelada — adicionalmente à tarifa de importação de 10,8% já vigente —, será levada amanhã ao Gecex.
“É uma medida extremamente técnica e segue o regramento da OMC (Organização Mundial de Comércio)”, disse ao Valor o diretor-executivo comercial da CSN, Luis Fernando Martinez. Em cinco anos, conforme o executivo, as importações de folhas metálicas saíram de 106 mil toneladas (em 2019) para 200 mil toneladas por ano atualmente.
Com o desaquecimento da economia na China, a produção local excedente passou a ser direcionada a países que não adotaram medidas de defesa comercial, caso do Brasil, disse Martinez. “Não é protecionismo, é isonomia competitiva”, defendeu. Com capacidade instalada de até 1 milhão de toneladas por ano de folhas, a CSN produz cerca de 300 mil toneladas anuais atualmente.
Segundo a Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço), por se tratar de direito provisório, a recomendação de aplicação da tarifa antidumping não considerou o interesse público. “Empresas que optaram por importar folhas metálicas o fizeram porque a CSN não conseguiu homologar seu material. É uma questão de qualidade”, afirmou a presidente-executiva da entidade, Thais Fagury.
A maior dificuldade, segundo Thais, seria atender às exigências dos clientes internacionais das empresas que usam embalagens de aço com folhas da CSN. A siderúrgica, por sua vez, afirma que o argumento não é válido, uma vez que ela mesma é exportadora e não encontra obstáculos no mercado internacional.
Segundo a executiva, o setor de embalagens de aço tentou sensibilizar o governo quanto ao impacto da adoção da tarifa, tanto para a indústria nacional quanto para o consumidor final. No caso das latas, afirmou, o impacto no custo de produção vai variar de 4,7% a 7,4%, com reflexo direto no consumidor final da ordem de 3,1% a 5,1%, por encarecer embalagens de atomatados, sardinha, leite em pó, entre outros produtos.
“A qualidade e o preço da CSN não são competitivos em relação ao mercado internacional. Os preços são superiores aos cobrados por fornecedores da Alemanha, do Japão e da Holanda. O ponto é que o custo de produção da CSN é mais elevado porque seu parque fabril está aquém dos de lá de fora”, disse Thais.
Além da Zempack, da JBS, a Ambev também importa atualmente 100% das folhas metálicas que usa na produção de tampinhas de garrafas. Procuradas, JBS e Ambev não comentaram o assunto.
Exame - SP 17/10/2024
Pela segunda edição consecutiva, a Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço e uma das líderes globais na produção de aços especiais para o mercado automotivo, será parceira e o aço do Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1, a etapa brasileira da maior e mais popular competição automobilística mundial.
A disputa ocorrerá nos dias 1, 2 e 3 de novembro no Autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP).
Dando continuidade à parceria iniciada no ano passado, o aço 100% reciclável da Gerdau será novamente utilizado na modernização das estruturas do Autódromo de Interlagos, um ícone do automobilismo brasileiro e mundial, e em alinhamento com os parâmetros de sustentabilidade do GP de São Paulo e da própria Fórmula 1.
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A melhoria das estruturas que serão instaladas no local visa a segurança do público que estará presente para acompanhar a prova, e todas essas intervenções no Autódromo ficarão de legado para a cidade de São Paulo e para os eventos futuros realizados no local.
"Após o sucesso da parceria com o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1 na etapa do ano passado, a Gerdau está orgulhosa de retornar a esse evento tão icônico para a cultura e o esporte brasileiros. Estamos muito satisfeitos em levar, mais uma vez, o aço Gerdau 100% reciclável e de baixo carbono, para um dos maiores eventos esportivos do mundo, oferecendo uma alternativa mais sustentável para a prova", afirma Gustavo Werneck, CEO da Gerdau.
“Ter uma empresa de classe mundial como a Gerdau como parceira é motivo de muito orgulho para o GP São Paulo. A sinergia entre nossos propósitos é muito grande. A Gerdau tem a sustentabilidade como um dos pilares de sua estratégia, assim como o GP São Paulo também tem compromisso com a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Por isso, acredito que o GP São Paulo e a Gerdau estarão juntos por muito tempo”, afirma Alan Adler, CEO do GP São Paulo.
Além das melhorias no Autódromo de Interlagos, a Gerdau oferecerá as medalhas entregues aos fiscais de pista, em reconhecimento ao trabalho voluntário e aos esforços realizados para a concretização do GP São Paulo deste ano. A Companhia também terá um espaço exclusivo no Paddock Club de Interlagos, onde receberá seus convidados.
A empresa levará também a réplica em tamanho real de um carro de Fórmula 1, feito com 1,4 tonelada de sucata metálica, nas medidas oficiais da competição para espaços estratégicos no País para que o público geral possa interagir com carro. Esse projeto reflete a matriz produtiva sustentável da Gerdau, que utiliza sucata metálica como matéria-prima em mais de 70% de sua produção de aço, assegurando uma produção de baixo carbono.
A Gerdau é uma das líderes globais na produção de aços especiais, produto fundamental para a indústria automotiva, com unidades industriais no Brasil e nos Estados Unidos. Essas plantas se destacam por utilizar até 100% de sucata na produção desse insumo, contribuindo significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa e fomentando a reciclagem, por meio da economia circular. Essa atividade, que envolve mais de um milhão de pessoas, incluindo catadores e cooperativas, promove a reutilização de matérias-primas, reduzindo consideravelmente a necessidade de extração de recursos naturais, o consumo de energia e as emissões de gases de efeito estufa.
Mais de 1 milhão de pessoas, incluindo catadores e cooperativas envolvidas no processo de reciclagem da Gerdau. Mais de 70% do aço da Gerdau é produzido a partir da reciclagem da sucata metálica. 11 milhões de toneladas por ano: a Gerdau é a maior recicladora da América Latina. Uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa (CO2e), de 0,91 t de CO2e por tonelada de aço, o que representa aproximadamente a metade da média global de seu setor, de 1,91 t de CO2e por tonelada de aço.
Money Times - SP 17/10/2024
O Bank of America reduziu o preço-alvo para as ações da Gerdau (GGBR4), para R$ 24, e da Metalúrgica Gerdau (GOAU4), para R$ 14.
Contudo, a recomendação de compra foi mantida, com a projeção de que as ações sejam negociadas a 3,6x EV/EBITDA (Valor da Empresa dividido pelo EBITDA) em 2025, entregando um retorno de fluxo de caixa livre de 8%.
A revisão do valor anterior foi motivada pelo corte de US$120/tonelada em uma fatia considerável das barras de aço comercializadas pela Nucor Corporation (NUE), anunciado pela siderúrgica americana no início de outubro.
De acordo com a análise do BofA, a empresa estava oferecendo descontos em seus preços de tabela para corresponder melhor aos valores oferecidos pela concorrência. “Com o corte de preço anunciado, ela deixou de oferecer esses descontos. Portanto, o impacto na receita líquida/tonelada deve ser menor do que o corte de preço de US$120/st sugere.”
Segundo o relatório, as barras comerciais representam 35% das remessas externas totais de aço da Gerdau na América do Norte. “Considerando o montante e refletindo o corte de US$120/st em barras comerciais, vemos um impacto anual no Ebtida de até R$1 bilhão para 2025”.
Apesar de mencionar o impacto total do corte, o BofA ressalta que os descontos já estavam sendo praticados pelo mercado, então o impacto líquido deve ser menor do que isso.
Banco indica potencial de valorização da Gerdau
Com as novas estimativas, apesar de reduzir o preço-alvo da Gerdau (GGBR4) para R$ 24, o BofA mantém a recomendação de compra, com potencial de valorização em torno de 30% em relação ao fechamento da última terça-feira (15).
Além da projeção de negociar as ações a 3,6x EV/EBITDA em 2025, o banco cita outros fatores que sustentam a recomendação. “Vemos suporte para ações nos próximos meses, dado seu programa de recompra de 70 milhões de ações, especialmente após desbloquear R$1,8 bilhão em depósitos judiciais”.
O banco ainda projeta iniciativas de corte de custos, especialmente no segmento Brasil até 2025, compensando parcialmente o declínio na lucratividade da divisão da América do Norte.
O Estado de S.Paulo - SP 17/10/2024
As cadeias de produção estão mudando e transformando o comércio global. É um fenômeno complexo, determinado por tensões geopolíticas, transição energética e protecionismo econômico. No ano passado, pela primeira vez em duas décadas, os EUA compraram mais do México do que da China. E o Brasil?
A China enfrenta crescentes dificuldades nos EUA e na Europa, que aumentam tarifas dos produtos chineses e dão preferência à produção regional (nearshoring) e de países mais alinhados (friendshoring). Esse contexto oferece grandes riscos ao Brasil e à indústria brasileira. Para compensar perdas nas exportações aos EUA e Europa, a China redireciona parte de seus produtos e capacidade produtiva a outros países, e o imenso mercado consumidor brasileiro é um grande alvo.
Mas não podemos ser apenas um mercado manso aos produtos manufaturados chineses, em detrimento das nossas indústrias de base e suas cadeias produtivas. Afinal, nenhuma grande nação deu salto de desenvolvimento sem a mola propulsora do setor produtivo.
Como podemos, então, transformar esse deslocamento da manufatura chinesa em oportunidades? Não é fácil, mas a resposta é simples: tendo a mesma competência que os chineses tiveram em transformar seu imenso mercado e sua força de trabalho em ímã para investimentos diretos na produção.
Os países precisam enxergar no comércio com o Brasil uma parceria ganha-ganha. E o Brasil deve se colocar como um aliado estratégico dos grandes players globais em vários níveis: político, econômico e ambiental. Precisamos ter a competência que muitos países já tiveram para aproveitar oportunidades em diferentes contextos da História, como Japão, Tigres Asiáticos, China, Índia e México.
Em novembro, o presidente Xi Jinping fará visita de Estado ao Brasil. Desde 2009, a China é nosso maior parceiro comercial. No ano passado, tivemos superávit recorde de US$ 51 bilhões com o país. Mas esse superávit é sustentado pela exportação de commodities com baixo valor agregado, enquanto importamos manufaturados muito mais valiosos. É um desequilíbrio que reduz nosso potencial de desenvolvimento, pois inibe investimentos e inovações em nossa indústria. E a indústria é o setor que paga os melhores salários e mais contribui, proporcionalmente, para a arrecadação de tributos.
Como podemos, então, aprimorar nossa relação com as grandes economias globais? Temos que ser propositivos, criativos e construtivos. E aprender com os chineses. Um dos caminhos da industrialização chinesa foi vincular o acesso a seu mercado à produção de manufaturados na China, o que atraiu investimentos diretos pesados na indústria local e na formação de mão de obra.
O cenário de crescente tensão entre as potências ocidentais e a China pode ser importante também para elevar o protagonismo econômico brasileiro nas Américas, viabilizando uma parceria mais estratégica com os EUA, maior e mais dinâmica economia do mundo, diante dos limites já aparentes da sua relação comercial com o México.
Como maior economia da América Latina, o Brasil está mais do que apto a receber investimentos dos mais diversos parceiros. Nosso parque industrial é muito mais sofisticado e eficiente do que o da China quando ela implantou sua revolução industrial. E temos um ingrediente fundamental para impulsionar qualquer nova parceria estratégica com qualquer país: nossa vocação para a economia verde e a transição energética. O que o Brasil não pode é ficar parado nesse rearranjo da produção global. E não está.
Depois de a indústria brasileira encolher de quase 50% do Produto Interno Bruto (PIB) nos anos 1980 para perto de 25% hoje, o Brasil finalmente lançou uma política industrial consistente, a Nova Indústria Brasil (NIB), focada em eixos como inovação tecnológica, sustentabilidade, qualificação e infraestrutura. Ela já mostra seus primeiros resultados, que podem e devem ser reforçados aproveitando as oportunidades dessa nova conjuntura.
O rearranjo global da produção, a visita de Xi Jinping e a presidência brasileira do G-20 são motivos mais do que suficientes para que a relação Brasil-China alcance um novo patamar que impulsione nossa economia e nossa indústria. Sempre priorizando os reais interesses da economia brasileira.
Nossa possível adesão à Rota da Seda – o novo programa chinês de comércio global – tem que ser estudada e negociada com todo o cuidado. Para tanto, é imprescindível a participação de todo o setor industrial nos entendimentos entre os governos.
Da mesma forma, devemos estar abertos aos demais protagonistas da economia global, buscando complementaridade nas cadeias produtivas, agregação de valor e vantagens competitivas mútuas e complementares: o verdadeiro ganha-ganha.
Enfim, precisamos estar atentos a toda oportunidade, de qualquer país, que a nova geopolítica oferece, embalados pelo grande potencial que temos para a transição energética e a necessidade de levar o Brasil a dar um novo salto de desenvolvimento. E isso só ocorrerá com uma indústria brasileira forte e inserida nas novas cadeias globais de produção.
Infomoney - SP 17/10/2024
Após os avanços recentes dos juros futuros, em movimento atribuído principalmente a falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre possíveis novas isenções de impostos e ao ceticismo em relação à entrega de cortes de gastos, a curva passou a precificar uma Selic acima de 13% ao fim do ciclo de aperto. Mas o mercado pode estar pesando a mão.
Para alguns agentes ouvidos pela reportagem, mesmo compartilhando da preocupação da maioria com a trajetória das contas públicas, o cenário não é condizente com o tamanho dos prêmios de riscos existentes hoje no mercado e podem indicar algum nível de disfuncionalidade.
Existe um racional por trás da alta dos juros, diz Rafael Ihara, economista-chefe da Meraki Capital, considerando o nível de inflação corrente, a desancoragem das expectativas e o modelo do Banco Central (BC) mostrando a inflação acima da meta no horizonte relevante. Mas o nível atual, com o juro real podendo encostar nos 9%, “já entra em uma trajetória de irracionalidade, com os preços descolando muito dos fundamentos”.
A deterioração do quadro fiscal, somada à pressão da retomada dos juros de títulos públicos nos Estados Unidos, já desenhava um quadro negativo no curto prazo. Ficou pior após Lula voltar a falar sobre a possibilidade de ampliar a faixa de isenção de imposto de renda, com investidores reforçando temores sobre um possível quadro de dominância fiscal à frente.
O leilão de NTN-Bs realizado ontem, que saiu com a maior taxa do ano para os três vencimentos disponibilizados (maio 2029, maio 2035 e agosto 2060) e sem colocação total dos papéis mais longos, mostra humor recente do mercado, diz Ihara. Segundo o executivo, investidores estão pedindo muito prêmio e o Tesouro Nacional é obrigado a aceitar.
“O BC deveria trabalhar para suavizar a volatilidade dos ativos locais, mas depois da trapalhada na reunião de maio, não quer mais se comprometer com guidance. Então o mercado, que não quer dar mais o benefício da dúvida ao governo, está ‘indo pra cima’, porque viu que está sem goleiro”, diz, notando que, para alguns, um câmbio estressado motiva a cooperação em Brasília e facilita a aprovação de cortes de gastos.
“Bazuca para matar uma formiga”
Sérgio Machado, gestor da MAG Investimentos, caracteriza o patamar atual dos juros como a utilização de uma “bazuca para matar uma formiga”. O executivo pondera que existe, sim, um ambiente conturbado, de dúvidas, na medida em que a injeção de dinheiro pelo governo na economia tem impacto inflacionário e pode, em última instância, anular os efeitos do ciclo de aperto monetário. “Mas não faz sentido um juro real de 8% para levar a inflação de 4,40% para 4%, é muita discrepância entre o tamanho da munição e tamanho da caça”, afirma.
“Na minha opinião, esse movimento foi ajudado pela atuação atabalhoada do BC, que escolheu fazer diversos discursos públicos sobre seu compromisso com a meta nos últimos meses e fez o mercado pedir cada vez mais juros, até pedir juros demais. E agora o BC sumiu. O mercado erra, seja por inocência ou por intenção, e a autarquia precisa corrigir a rota.”
Nessa linha, Machado acredita que a autarquia deveria realizar leilões de recompra de NTN-Bs e LTNs, “impondo limites ao mercado”. Mas, enquanto isso não ocorre, o gestor não está posicionado na curva pré, temendo que a disfuncionalidade do mercado possa durar mais tempo.
Comunicação do BC
Para Andrei Spacov, economista-chefe da Exploritas, a dinâmica de retroalimentação entre mercado e BC começou já em abril. À altura, houve uma guinada hawkish (pró aperto monetário) no discurso do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, que viria a culminar na infame decisão dividida em 5 a 4 de maio.
“Não concordo que tenha sido um movimento puramente de mercado. O BC mostrou preocupações já em abril e o mercado entrou na onda. Depois, quando as expectativas de inflação voltaram a se deteriorar e a autarquia mostrou desconforto, o mercado colocou ciclo de aperto nos preços. Agora, a curva diz que o ciclo precisa ser do tamanho X e talvez o BC não entregue tantas altas”, diz.
O economista opina que começar um ciclo de alta de juros com o juro real a 7% já era questionável, mas que isso foi ignorado e agora a taxa pode ir para 9%, patamar alcançado pela última vez quando a inflação estava em dois dígitos. Nota, por outro lado, que exageros de precificação são comuns durante ciclos de aperto monetário e que a pressão sobre o câmbio exige um aperto maior.
Mesmo que o Banco Central tivesse acertado mais na comunicação, Gustavo Okuyama, gestor de renda fixa da Porto Asset acredita que o mercado não estaria muito distante do que se encontra hoje. “Uma comunicação mais eficiente certamente teria retirado volatilidade e poderia ter evitado parte da desancoragem do Focus, mas não acho que tenha sido causa central para a necessidade do ciclo de alta”, diz.
Ele diz não enxergar um cenário de estresse nos preços atuais, e sim um prêmio de risco cada vez maior por conta das incertezas fiscais e, mais recentemente, da alta do rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries). “O mercado não acredita em Selic a 13,35% no fim do ciclo, mas está mostrando que é um cenário possível agora. Mas não vejo como irracionalidade, e sim medo do governo manter a postura atual.”
IstoÉ Dinheiro - SP 17/10/2024
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, nesta quarta-feira (16), que o governo quer garantir que o arcabouço fiscal tenha “vida longa”. Após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dirigentes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), no Palácio do Planalto, Haddad comentou sobre o conjunto de medidas de corte de gastos que deve ser apresentado pela equipe econômica para alcançar as metas de resultado primário.
“Quando [a economia] cresce você tem espaço para que a despesa cresça um pouco menos, mas também acompanhe o desenvolvimento do país, mas num padrão e ritmo coerente com a nossa realidade atual. É essa equação que nós queremos fechar até o final do ano”, explicou, lembrando que há preocupação com a dinâmica futura do arcabouço fiscal, que é o conjunto de regras que determina a gestão das contas públicas do país, da dinâmica entre receitas e despesas.
“O arcabouço tem que ter vida longa, ele não pode ser algo como aconteceu com o teto de gastos. Todo mundo que olhava para o teto de gastos sabia que ele teria vida curta”, disse.
O ministro informou que o governo vai dialogar com os líderes parlamentares na retomada do Congresso após as eleições municipais. “O arcabouço fiscal foi desenhado a muitas mãos, com grande participação no Congresso, então temos condição de olhar para frente e fazer as partes caberem no todo dinamicamente, fazer a evolução da despesa respeitar os constrangimentos pelos quais a economia brasileira passa hoje, em função da herança recebida, do nível de endividamento e tudo mais”.
Segundo Haddad, a Febraban apontou vários caminhos para a sustentabilidade fiscal, desde o equilíbrio da Previdência e “os efeitos de ter ou não perícia sobre a concessão de benefícios”.
No encontro, a entidade bancária fez um balanço da reforma trabalhista e do diálogo que mantêm com os sindicatos para “aperfeiçoar o padrão de relacionamento com os trabalhadores, evitando a judicialização desnecessária que implica em custos que vão acabar batendo no custo de crédito”.
Juros altos
A reunião com o presidente Lula ocorreu a pedido da Febraban para que a instituição pudesse apresentar sua visão sobre a conjuntura econômica e outros temas. Além de Haddad, estavam presentes o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha; o presidente-executivo da Febraban, Isaac Sidney, e os presidentes dos maiores bancos privados do país – Itaú, Bradesco, Santander e BTG.
Durante o encontro, Lula deu aval para o debate sobre as causas que fazem com que os juros bancários sejam tão elevados no país. A pedido da Febraban, ainda em outubro, deve ser instalado um grupo de trabalho no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, que reúne representantes de diversos segmentos da sociedade.
“Percebemos que é um firme compromisso do governo em avançar na busca efetiva do equilíbrio fiscal, para que as despesas possam, não só caber dentro do orçamento, mas para que possa se equilibrar, para que nós possamos ter uma trajetória de equilíbrio das despesas. Essa é uma agenda importante. Nós dissemos ao presidente que é fundamental dissipar os ruídos, as incertezas”, disse o presidente-executivo da Febraban, Isaac Sidney.
“O Brasil atravessa um momento de conjuntura econômica bastante positiva, bastante favorável, com a atividade econômica crescendo no patamar elevado, com surpresas de crescimento, com a inflação sobre controle. Mas nós acreditamos que esse é o momento de aproveitar essa janela que o Brasil está crescendo, com a inflação controlada, para que a gente possa, do ponto de vista estrutural, atacar alguns problemas importantes”, acrescentou o executivo.
Segundo ele, o desejo do setor bancário é ter juros da economia baixos para democratizar o acesso ao crédito no país. “Aos bancos não interessam termos taxas de juros elevadas. Quanto mais altos forem os juros bancários, maior o risco de crédito, maior a inadimplência. O que nós queremos é um ambiente de crédito sadio que possa permitir condições mais favoráveis de concessão de crédito para as famílias, para as empresas’, disse, defendendo que o Banco Central possa reiniciar, “assim que possível”, o ciclo de queda da taxa de juros no país.
Selic
Para controlar a inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 10,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A alta recente do dólar e as incertezas em torno da inflação fizeram o colegiado elevar os juros. pela primeira vez em mais de dois anos, na última reunião, em setembro.
A última alta dos juros havia ocorrido em agosto de 2022, quando a taxa subiu de 13,25% para 13,75% ao ano. Após passar um ano nesse nível, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano.
A próxima reunião do Copom está marcada para 5 e 6 de novembro, quando os analistas esperam um novo aumento da taxa básica. Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 em 11,75% ao ano.
O Estado de S.Paulo - SP 17/10/2024
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou nesta quarta-feira, 16, a criação de fóruns no âmbito do Conselhão para debater as causas dos juros elevados no Brasil. Sidney e os presidentes dos maiores bancos privados do País se reuniram nesta quarta com Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Foi uma conversa bastante proveitosa, cordial, o presidente estava muito aberto ao diálogo, nos assegurou que não há assunto que não possa tratar conosco”, disse Sidney, em uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, após a reunião, com participação de Haddad e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Segundo o presidente da Febraban, esse encontro foi pedido há cerca de dois meses, para debater conjuntura. Ele relatou que, no encontro, os bancos teriam pedido que o governo aproveitasse uma janela de bom crescimento e inflação controlada para atacar pontos estruturais da economia, inclusive insistindo no ajuste fiscal. Lula teria reiterado o compromisso de que o governo vai “acertar” nesses temas.
Tanto Lula quanto Haddad, disse Sidney, reforçaram o compromisso de manter o arcabouço fiscal, “para que as despesas possam não só caber no orçamento, mas também possam se equilibrar.” Ele afirmou que os spreads brasileiros são altos e disse que não interessa aos bancos a manutenção das taxas em nível elevado.
“Ansiamos que o Banco Central possa, assim que possível, iniciar um ciclo de queda dos juros”, afirmou Sidney, ressaltando que houve razões técnicas para a retomada do ciclo de aperto da Selic. Ele disse que Lula não fez um pedido específico aos bancos.
Os presidentes de bancos também debateram com Lula a questão das bets, disse Sidney, sem especificar os temas. Ele relatou que existe uma preocupação com o endividamento das famílias e que a importância do grupo de trabalho no Conselhão para tratar desse tema foi reforçada.
IstoÉ Dinheiro - SP 17/10/2024
O fluxo cambial do Brasil é positivo em US$ 9,313 bilhões este ano, até a última sexta-feira, 11, segundo dados preliminares do Banco Central. Em 2023, houve entrada líquida de US$ 11,491 bilhões.
O canal financeiro acumula saída líquida de US$ 52,558 bilhões, com aportes de US$ 456,998 bilhões e retiradas de US$ 509,556 bilhões.
O segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.
O saldo do comércio exterior é positivo em US$ 61,871 bilhões em 2024, com importações de US$ 176,632 bilhões e exportações de US$ 238,503 bilhões.
Nas exportações, estão inclusos US$ 27,342 bilhões em adiantamento de contrato de câmbio (ACC), US$ 58,330 bilhões em pagamento antecipado (PA) e US$ 152,830 bilhões em outras entradas.
Mensal
Conforme os dados preliminares do BC, o fluxo cambial do Brasil foi positivo em US$ 2,55 bilhões em outubro, até o dia 11. Em setembro, o fluxo foi negativo em US$ 3,983 bilhões.
O canal financeiro teve saída de US$ 106 milhões, resultado de US$ 19,496 bilhões em compras e US$ 19,602 bilhões em vendas.
O saldo preliminar do comércio exterior é positivo em US$ 2,657 bilhões, com US$ 7,118 bilhões em importações e US$ 9,775 bilhões em exportações. Nas exportações, estão inclusos US$ 882 milhões em ACC, US$ 2,711 bilhões em pagamento antecipado e US$ 6,183 bilhões em outras entradas.
Semanal
O fluxo cambial do Brasil ficou positivo em US$ 3,245 bilhões na semana passada, segundo dados preliminares divulgados pelo Banco Central.
O canal financeiro teve entrada líquida de US$ 1,684 bilhão entre os dias 7 e 11 de outubro, com compras no valor de US$ 10,403 bilhões e vendas de US$ 8,719 bilhões.
O saldo do comércio exterior foi positivo em US$ 1,561 bilhão, com US$ 3,896 em importações e US$ 5,457 em exportações. Nas exportações, estão inclusos US$ 558 milhões em adiantamento de contrato de câmbio, US$ 1,480 bilhão em PA e US$ 3,419 bilhões em outras entradas.
O Estado de S.Paulo - SP 17/10/2024
A equipe econômica acertou os ponteiros sobre as propostas que pretende levar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após o segundo turno das eleições municipais, para desacelerar o crescimento dos gastos públicos. Agora, os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamento, elaboram os argumentos para convencer o presidente a embarcar na agenda de credibilidade do arcabouço fiscal.
A palavra final de Lula é considerada incerta até por seus auxiliares. Por isso, a lista de medidas de contenção tem mais de uma dezena de itens, entre iniciativas para segurar gastos na educação, na saúde, na Previdência e em benefícios para militares. Será um pacote “robusto” nas palavras de um auxiliar do presidente, com o objetivo de dar margem para ele escolher o que aceita levar adiante.
Integrantes da equipe econômica afirmam que as ações não miram o cumprimento da meta em 2025, e que o alvo é 2026, quando analistas que acompanham as contas públicas afirmam que não será mais possível cumprir as regras do arcabouço fiscal. O ceticismo que domina os mercados faz com que o governo tenha de arcar com juros mais altos para financiar a dívida pública e provoca insegurança que se traduz em um dólar mais caro.
Diante disso, o primeiro argumento é que nem todas as medidas precisam ser aprovadas agora, e que é possível dar um passo de cada vez na direção de uma agenda estrutural de revisão das políticas públicas. Afinal, dizem, não se pode cobrar de Lula o que nenhum presidente conseguiu fazer em termos de reformas em benefícios sociais — um mantra repetido em Brasília, um benefício quando se dá, ninguém consegue tirá-lo.
Há uma lista extensa de iniciativas, mas, se forem aprovadas duas de mais relevo, é possível se alcançar uma faixa de economia de gastos de R$ 40 bilhões, com o que é possível fazer com que se torne viável o arcabouço. Se não forem todas aprovadas em 2024, podem escorregar para o início de 2025, até maio, desde que estejam prontas para entrar em operação em 2026.
Os auxiliares de Lula afirmam ainda que há uma janela temporal favorável para convencer o presidente da necessidade de conter gastos. Isso porque foi concluído o pente-fino de despesas no Bolsa Família e na Previdência, com esperados ganhos de R$ 25 bilhões em 2025, indicando que a gordura já foi queimada e que é preciso avançar para o segundo degrau, cuja única pauta é a revisão de gastos.
Se o governo embarcar na agenda, é possível abrir espaço, por exemplo, para elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil, como prometeu Lula em 2022. A equipe econômica debate como financiar a ampliação do benefício, que pode custar entre R$ 35 bilhões e R$ 100 bilhões, a depender do desenho da medida. Um espaço extra, por meio da revisão de gastos, pode ajudar a entregar a promessa.
Há sinais também que vêm das eleições municipais e que estão no radar político do presidente, que tenta reter apoiadores após uma disputa com resultados positivos para partidos do centro e da direita moderada.
A economia dando sinais de melhora, com uma baixa na cotação do dólar, dos juros e um controle da inflação, pode ajudar a atrair os eleitores de camadas da classe média. Isso pode fazer com que Lula consiga reter inclusive os partidos que hoje flertam com o apoio a um eventual sucessor do bolsonarismo, como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Júnior (PSD-PR).
Nessa balança de ganhos e perdas, não se espera que o mercado tenha uma reação positiva imediata ao pacote fiscal, uma vez que a desconfiança é grande. Mas a conversa de Lula com banqueiros nesta quarta-feira, 16, já é um sinal citado como um indício de que o presidente enxerga relevância no trabalho que está em curso na equipe econômica.
Valor - SP 17/10/2024
Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração, as exportações do setor somaram 114,2 milhões de toneladas, alta de 5,6%
O setor mineral faturou R$ 56,7 bilhões no terceiro trimestre deste ano, número 5% acima do registrado no mesmo intervalo de 2023, informou o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O desempenho reflete sobretudo o aumento do volume de exportado.
As exportações do setor somaram 114,2 milhões de toneladas no terceiro trimestre, representando um aumento de 5,6% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. Em receita, houve incremento de 0,6%, para US$ 11,18 bilhões.
O minério de ferro continua sendo o principal item da pauta exportadora. No período, os embarques da commodity somaram 110,41 milhões de toneladas, com avanço de 5,5%. Em valor, houve queda de 2,2%, para US$ 7,8 bilhões, devido à redução de 12,9% no preço do minério de ferro no período, para uma média de US$ 99,49 a tonelada.
As importações minerais caíram 0,9% no terceiro trimestre, para US$ 2,4 bilhões. Em volume, houve aumento de 8,1%, para 11,6 milhões de toneladas.
A arrecadação total de impostos e tributos pelo setor aumentaram 5%, para R$ 19,6 bilhões. A arrecadação de Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) chegou a R$ 2 bilhões, com crescimento de 13,4% em relação ao mesmo intervalo de 2023.
A previsão de investimentos do setor para o período de 2024 a 2028 se manteve inalterada em US$ 64,5 bilhões. O maior volume de investimento é previsto para projetos de minério de ferro (US$ 17,3 bilhões), seguido por projetos socioambientais (US$ 10,7 bilhões), logística (US$ 10,4 bilhões), cobre (US$ 6,7 bilhões), fertilizantes (US$ 5,6 bilhões) e níquel (US$ 4,4 bilhões).
IstoÉ Dinheiro - SP 17/10/2024
O Ministério de Minas e Energia (MME) informou à Agência Brasil que negocia com o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) a criação de mais de 100 cargos em comissão “que deverão ser disponibilizados em breve” para reforçar a estrutura da Agência Nacional de Mineração (ANM) e auxiliar no combate contra a sonegação bilionária de impostos do setor mineral identificada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Além disso, o ministério lembrou que foi autorizado concurso público para o preenchimento de 220 cargos na ANM. De acordo com a Portaria 4.596 do MGI, a Agência de Mineração tem até o dia 16 de janeiro de 2025 para publicar o edital do concurso.
Estima-se que o Estado brasileiro deixou de arrecadar – em oito anos – cerca de R$ 16,4 bilhões em impostos da mineração por causa de falhas na fiscalização e na cobrança dos impostos do setor, responsabilidades da ANM. Nesse cenário, o TCU cobrou que a ANM adote medidas e ações para minimizar o problema da sonegação na mineração.
O acórdão do TCU aponta que quase 70% dos mais de 30 mil processos ativos de mineração não pagaram espontaneamente a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) entre 2017 e 2022. Além disso, de 134 processos fiscalizados pela ANM, apenas 40% pagaram o tributo devido, que é feito por autodeclaração das mineradoras.
Pertinente
Segundo o MME, a fiscalização do TCU foi “pertinente e adequada” e citou que a ANM foi criada em 2017 com a promessa de ter estrutura suficiente para o desempenho de suas atividades.
“Ao contrário do que foi prometido, o cenário que se constatou no início de 2023 era de salários dos servidores incompatíveis com os das demais agências reguladoras, déficit de servidores públicos concursados, cargos em comissão incompatíveis com as responsabilidades dos servidores e falta de orçamento adequado”, informou o ministério.
Antes de virar uma agência reguladora, a estrutura de fiscalização da mineração era um departamento dentro do Ministério de Minas e Energia.
O MME destacou, também, que o governo alterou, ainda em 2023, o Plano de Cargos da ANM para equiparar os salários dos servidores com os das demais agências reguladoras. “Os salários na ANM eram entre 40% e 60% mais baixos que os praticados nas outras agências”, disse a pasta.
Além disso, o governo autorizou no primeiro semestre de 2023 a nomeação de 64 novos especialistas em recursos minerais para atuar na fiscalização de barragens. “Tais ações representam um reforço significativo na capacidade da ANM de regular e fiscalizar o setor mineral brasileiro”, acrescentou o ministério.
Ele prometeu, ainda, atender recomendação do TCU e produzir, no prazo de 180 dias, estudos para definir prioridades e objetivos para adequar o orçamento da ANM com um plano de ação para solucionar ou reduzir as dificuldades enfrentadas pela entidade.
“O MME reforça seu compromisso em estruturar a ANM, em especial para garantir a eficiência da concessão mineral no tocante a geração de empregos, renda, geração de valor para comunidade onde se dá a mineração, segurança e sustentabilidade”, finalizou o ministério, em nota.
Desmonte
A investigação do TCU identificou que a Agência Nacional de Mineração vem passando por um processo redução de servidores e de queda nas fiscalizações do setor mineral, além de apontar falhas nas questões de automação de processos que limitam a fiscalização e permitem que o setor empresarial mineral sonegue bilhões de reais em impostos todos os anos.
Entre 2010 a 2023, o quadro de pessoal herdado pela ANM foi reduzido de 1.196 para 695 servidores, ou seja, queda de 41,9% da força de trabalho. Em paralelo, a Controladoria-Geral da União (CGU) calculou uma queda de 92% no número de fiscalizações realizadas pela ANM. De 2.184 fiscalizações da Cfem em 2014, a ANM realizou apenas 173 fiscalizações em 2019.
O ministro relator do processo no TCU, Benjamin Zymler, concluiu que a arrecadação da mineração depende essencialmente da boa-fé das empresas. “Porém, não existem instrumentos para persuadi-los, uma vez que a estrutura fiscalizatória da ANM é incapaz de gerar a expectativa de controle no setor regulado e, mesmo após as poucas fiscalizações, não se logra efetividade na cobrança”, disse Zymler.
Infomoney - SP 17/10/2024
Os preços futuros do minério de ferro caíram nesta quarta-feira, com as perspectivas de oferta global mais firme e demanda chinesa mais branda ofuscando os dados comerciais mais fortes no principal consumidor mundial do minério.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 1,88%, a 782,5 iuanes (109,92 dólares) a tonelada.
O minério de ferro de referência para novembro na Bolsa de Cingapura recuava 1,09%, a 104,8 dólares a tonelada.
A mineradora brasileira Vale informou na terça-feira um aumento de 5,5% na produção de minério de ferro no terceiro trimestre em comparação com o ano anterior, atingindo o nível mais alto em quase seis anos.
“As expectativas são de que os principais exportadores indiquem que as recentes interrupções no fornecimento já passaram e as perspectivas de novos ganhos são fortes”, disseram os analistas do ANZ em nota.
A Vale é um dos maiores fornecedores de minério de ferro do mundo e sua divulgação veio antes dos relatórios de produção desta semana de outros grandes exportadores, incluindo a BHP e a Rio Tinto.
Enquanto isso, as importações de minério de ferro da China em setembro aumentaram 2,7% em relação a agosto e 2,9% em relação ao ano anterior, uma vez que as encomendas foram incentivadas pelos preços mais baixos e pela esperança de uma melhor demanda durante a alta temporada de construção.
Exame - SP 17/10/2024
A Vale (VALE3) registrou uma produção de 91 milhões de toneladas de minério de ferro no terceiro trimestre, 6% superior à do mesmo período do ano passado e a maior registrada em um trimestre desde 2018. A companhia também revisou suas projeções de produção para este ano, agora entre 323 e 330 milhões de toneladas, acima da projeção anterior de 310 a 320 milhões. Esses resultados foram impulsionados por melhorias no desempenho de S11D, Itabira e Brucutu. As ações da Vale abriram em alta de 1%.
O relatório de produção, divulgado na noite de terça-feira, 16, foi recebido com grande otimismo pelo mercado. Para os analistas do Goldman Sachs, o relatório pode representar apenas o "início" de uma recuperação operacional de vários anos.
Desde 2019, a companhia enfrenta grandes desafios após o rompimento da barragem de Brumadinho, que levou à interdição de importantes complexos mineradores, como Vargem Grande e Timbopeba.
As vendas de minério de ferro atingiram 81,8 milhões de toneladas, um aumento de 2% em comparação com o mesmo período do ano passado. A diferença entre a produção e os embarques de minério de ferro, segundo o Goldman Sachs, é atribuída ao acúmulo sazonal de estoques, que deverá ser revertido no próximo trimestre.
O preço realizado dos finos de minério foi de USD 90,6/tonelada, impactado pela queda no preço da commodity no mercado internacional. O preço caiu USD 7,6/tonelada em relação ao trimestre anterior e USD 14,5/tonelada em comparação ao ano passado.
"Estamos confiantes em nossa previsão de EBITDA de USD 3,35 bilhões para o 3T24", afirmam analistas do Itaú BBA em relatório.
Os analistas destacam a importância do foco da Vale em melhorar a qualidade, reduzindo a produção de minério com alto teor de sílica, que exige maior consumo de energia das siderúrgicas para a produção de aço.
Essa estratégia resultou no aumento do preço do minério de ferro vendido pela Vale. O "prêmio all-in" da companhia, que é o valor adicional cobrado por produtos de maior qualidade em relação ao preço de referência do mercado, subiu de US$ 1,7/tonelada para US$ 1,8/tonelada.
As produções de cobre e níquel também cresceram, com aumentos de 9,3% para 85,9 mil toneladas de cobre e de 69% para 47,1 mil toneladas de níquel.
Volatilidade e queda das ações
Os resultados da Vale animaram até mesmo os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame), que se dizem cautelosos com a valorização da companhia. "Temos sido cautelosos em relação à história de valorização da Vale há algum tempo, mas devemos admitir que gostamos do que temos visto em suas operações de minério de ferro ultimamente", afirma o relatório do banco.
Ainda assim, o BTG destaca a alta volatilidade da Vale devido à especulação em torno dos estímulos econômicos chineses, uma "batalha difícil de prever", segundo os analistas.
"Observamos alguns desenvolvimentos positivos na valorização da Vale recentemente, como a melhoria nos volumes de minério de ferro, mas preferimos aguardar maior clareza sobre os desafios e o cenário macroeconômico antes de fazer mudanças significativas", diz o BTG. O banco manteve sua recomendação neutra para as ações, mas vê com otimismo as negociações com a Samarco e a sucessão na presidência da empresa, recentemente assumida por Gustavo Pimenta, ex-CFO da Vale. No ano, as ações da Vale estão em queda de 9%.
Infomoney - SP 17/10/2024
A Vale (VALE3) divulgou seu relatório de produção e vendas do terceiro trimestre de 2024 (3T24), com um crescimento da produção de minério de ferro de 5,5% no terceiro trimestre ante o mesmo período de 2023, para o maior volume em quase seis anos (desde o 4T18), com impulso de melhorias do desempenho operacional nos complexos minerários de S11D, Itabira e Brucutu.
Os números, ainda que não representem uma mudança significativa para a tese da companhia, foram no geral bem recebidos pelos analistas.
Para a XP, os resultados foram melhores do que o esperado em níquel, compensados por um desempenho mais fraco do que o esperado nas operações de pelotas.
Entre os destaques, estão: (i) embarques de minério de ferro estáveis na base anual (-3% ante o projetado pela XP), apesar de um aumento de produção de +5% (atingindo a maior produção desde o 4T18), com a diferença explicada por um aumento de 5,5 milhões de toneladas (Mt) nos estoques no 3T24; (ii) os embarques de pelotas ficaram ligeiramente abaixo das expectativas da casa (-3%), embora tenham aumentado +18% na base anual, impulsionados pela maior disponibilidade de alimentação para pellets de Brucutu e Itabira; e (iii) a produção de níquel se recuperou (+12% anualmente e +69% trimestralmente), impulsionada pelo melhor desempenho nas operações do Canadá.
Além disso, a Vale reafirmou seu guidance de produção para 2024 (a produção anualizada de minério de ferro dos primeiros nove meses em 2024 está em cerca de 99% da faixa média projetada pela Vale).
O Goldman Sachs ressalta que a produção de minério de ferro reportada pela Vale de 91 milhões de toneladas no 3T24 foi 11% acima da sua projeção e 5% acima do consenso da Bloomberg (vendas menores devido ao acúmulo sazonal de estoque, parte a ser revertida no 4T dependendo das condições de mercado). A produção de cobre e níquel também superaram suas projeções.
“Este trimestre marca o mais forte para a produção ferrosa desde o 4T18 e achamos que é apenas o começo do que esperamos ser uma recuperação operacional de vários anos (após anos desafiadores desde 2019)”, avaliam os analistas do Goldman.
O Bradesco BBI também vê um conjunto sólido de números operacionais, com crescimento contínuo da produção de minério de ferro, atingindo o nível mais alto desde 2018 devido a um forte desempenho no Projeto Ferro Carajás S11D.
Olhando para a divisão de metais básicos, a empresa também apresentou um sólido crescimento anual para níquel e cobre. “Em uma nota mais negativa, a realização de preços em todos os metais foi impactada negativamente por índices de referência mais baixos (tanto no trimestre quanto no ano)”, avalia o BBI.
O JPMorgan reforça que a maior produção desde o 4T18 e as vendas em linha com as suas projeções são pontos positivos. A produção de metais básicos superou as expectativas, embora as vendas tenham decepcionado um pouco o banco.
Esforços para recuperação
O JPMorgan tem recomendação equivalente à compra (overweight, exposição acima da média do mercado) para as ações da Vale, assim como o Goldman Sachs e o Bradesco BBI.
O Goldman destaca que o preço das ações da Vale ficou para trás em relação ao recente rali do minério de ferro, mas vê espaço para uma recuperação, já que os esforços da empresa para melhorar a lucratividade se tornam mais evidentes (tanto operacionalmente quanto à medida que a empresa trabalha para reduzir pendências importantes, como chegar a um acordo final com a Samarco).
O banco segue com compra para os ADRs (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) da companhia, mas reduziram ligeiramente a estimativa para o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) para o 3T24 de US$ 3,9 bilhões para US$ 3,7 bilhões (-5%) após o relatório de produção, principalmente devido aos preços realizados mais baixos do minério de ferro. Com isso, o preço-alvo passou de US$ 15,90 para US$ 15,50, ainda um potencial de alta de 43%.
O Morgan Stanley ressaltou que os números operacionais relatados sugerem alguma alta em sua estimativa de Ebitda do 3T24 de US$ 3,6 bilhões (excluindo joint ventures), principalmente devido aos maiores preços realizados na maioria dos metais e às maiores remessas de pelotas, mais do que compensando as menores vendas de metais básicos. Por outro lado, veem uma ligeira queda em relação ao Ebitda de consenso do mercado, de US$ 4,0 bilhões. A recomendação para os ativos também é overweight, com preço-alvo de US$ 15,50.
Já o BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra), com preço-alvo de US$ 15 por ADR. Para o banco, a perspectiva micro melhorou significativamente nos últimos meses.
“Também vemos o guidance de produção para 2024 como alcançável para todos os segmentos, embora a produção de pelotas pareça mais desafiadora. Além disso, esperamos que a empresa continue a eliminar overhangs (fatores de pressão para as ações), com o acordo de Mariana provavelmente sendo anunciado no curto prazo”, aponta o banco, que vê o valuation da Vale como atrativo.
IstoÉ Dinheiro - SP 17/10/2024
A mineradora anglo-australiana BHP registrou crescimento na produção de minério de ferro e cobre no primeiro trimestre fiscal de 2025, de acordo com comunicado divulgado nesta quarta-feira.
A produção de minério de ferro totalizou 64,6 milhões de toneladas, um crescimento de 2% ante o mesmo período de 2024, o que levou a companhia a reiterar sua projeção de produzir entre 255 milhões e 265,5 milhões de toneladas para o ano completo de 2025.
Na unidade Samarco, a produção cresceu 4%, para 1,3 milhão de toneladas. A produção aumentou devido à retomada antecipada da usina de pelotização nº 4, o que possibilitou a melhora do desempenho, disse a BHP.
A projeção de produção da unidade para o ano de 2025 permanece inalterada entre 5 e 5,5 milhões de toneladas, disse a companhia. A empresa espera que o segundo concentrador da Samarco entre em operação no terceiro trimestre do ano fiscal de 2025, o que aumentaria a capacidade de produção.
A empresa disse que a BHP Brasil, a Samarco e a Vale mantêm negociações com representantes no Brasil para buscar a liquidação das obrigações decorrentes do acordo, da reivindicação do Ministério Público Federal e outras reivindicações de entidades governamentais relacionadas ao rompimento da barragem da Samarco em 2015. Essas negociações estão em andamento.
A BHP Group Limited e BHP Group, do Reino Unido, são réus em uma ação coletiva no Tribunal Superior Inglês. A audiência de responsabilidade pela ação coletiva terá início em 21 de outubro de 2024, informou a companhia.
Em relação à produção de cobre, houve aumento de 4% na mesma base de comparação, para 476.300 toneladas.
Valor - SP 17/10/2024
A mineração e as atividades a jusante devem se tornar cada vez mais dinâmicas no Brasil, com efeito positivo nas exportações, criação de emprego e crescimento potencial econômico
A taxa de crescimento do PIB brasileiro deve diminuir na segunda metade do ano, notadamente pela contenção fiscal necessária para o cumprimento das metas de gasto e resultado primário da União, e pela política monetária estar em terreno restritivo. Por outro lado, há indícios de que o PIB possa crescer outros 2,5% em 2025, na medida em que o investimento cresça de novo perto dos 6% que se espera para 2024.
A atividade em 2025 dependerá também do desempenho das exportações. O time de macroeconomia do Banco Safra estima que a recuperação da produção agrícola e o começo de produção de novos poços de petróleo adicionem perto de 0,5% ao crescimento do PIB no ano que vem. A mineração deve também contribuir, apesar do certo impacto que o ajuste no setor imobiliário chinês traz à demanda global do ferro.
O vigor da produção mineral, energia e agricultura permitem considerar que a taxa de crescimento potencial do PIB brasileiro venha aumentando. De fato, a expansão do PIB tem surpreendido para cima nos últimos anos, sem grande pressão inflacionária e com as exportações apresentando dinamismo maior que o do consumo das famílias.
A crescente demanda por inúmeros minerais criada pela transição energética já se reflete no Brasil. Nossa produção de cobre e níquel deve passar brevemente das atuais 360 e 400 mil toneladas respectivamente, para 1 milhão e 700 mil toneladas. Com isso, ficamos mais perto dos 5,5 milhões de toneladas de cobre produzidos no Chile anualmente e do 1,8 milhão de níquel da Indonésia. Ainda é longe da liderança mundial, mas já na liga dos principais produtores. A produção do lítio tem trazido boas notícias, apesar da volatilidade do preço do metal. Há também potencial de expansão no urânio com o setor privado, se forem feitos alguns ajustes, enquanto potássio e fosfato despontam no eixo da segurança alimentar, com efeito na balança comercial.
Outra mudança deve vir da produção das chamadas terras raras, essenciais para a nova economia. O Brasil é tido como detendo a terceira ou quarta maior reserva mundial desses minerais em concentrações comercialmente viáveis, com minas espalhadas em vários Estados. Mas sua produção até agora tem sido pequena, apesar do destaque do nióbio. A boa notícia é que investimentos em curso podem permitir nossa produção passar a da Austrália em breve, atingindo 20 mil toneladas por ano até o final da década, e mesmo 30-40 mil toneladas até 2035, o que nos colocaria entre os cinco ou seis maiores produtores mundiais.
O maior sucesso no aproveitamento desses recursos minerais dependerá de alguns fatores. Primeiro, da sua inserção em cadeias produtivas de países como os EUA e eventualmente na Europa, considerando a vantagem competitiva que os padrões de proteção ambiental e condições de trabalho vigentes aqui nos trazem. Segundo, da capacidade de processarmos e industrializarmos esses minerais no Brasil, podendo chegar à produção de baterias, imãs e outros produtos relevantes, inclusive de nanotecnologia no caso do grafeno (o Brasil é o terceiro maior produtor de grafite). Há tecnologia e capacidade empresarial doméstica para se alcançar esse tipo de produção, em parcerias com empresas de fora quando o caso. O trabalho do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem/MCT), assim como o sucesso da Embrapii no desenvolvimento de técnicas de separação de metais ou produção de ligas com neodímio, têm sido considerados relevantes nesse sentido.
Crescente demanda por inúmeros minerais e por terras raras criada pela transição energética já se reflete no Brasil
Entendimentos diplomáticos para que parceiros comerciais incorporem nas suas cadeias produtivas e programas de apoio setorial os nossos minerais críticos e respectivos produtos derivados podem ter grande repercussão econômica, tornando realidade as possibilidades de “nearshoring” e complementando a teia de relações internacionais do Brasil em todos os continentes.
O fortalecimento das instituições do setor também será crucial para aumentar a segurança jurídica, a concorrência e a atração de capital para a mineração e indústria associada. O PAC separou mais de R$ 300 milhões para o Serviço Geológico Brasileiro desenvolver o mapeamento das reservas brasileiras, e há a expectativa de se emular países como o Canadá, onde os dados de pesquisas das empresas são compartilhados com as autoridades do setor. Essas ações poderão ajudar a Agência Nacional de Mineração (ANM) a ampliar seu acervo de dados para estruturar leilões de potenciais jazidas, a exemplo de sua homóloga no setor de petróleo.
A ANM também se reorganiza para melhorar seus processos, promovendo a avaliação da capacidade econômica daqueles que solicitam licenças de exploração, robustecendo os programas de exploração mínima requeridos, aumentando a frequência dos certames, inclusive de áreas devolvidas, e aprimorando sua infraestrutura digital (portal e sistemas como o SIGMINE).
O setor financeiro tem respondido com entusiasmo às novas oportunidades na área mineral, com o lançamento de fundos e outros mecanismos de financiamento, alguns agora com apoio do BNDES. A adoção de padrões internacionais de comunicação para investidores (e.g., JORC australiano, NI 43-101 canadense) e a segurança no registro dos direitos exploratórios, inclusive com o auxílio dos serviços fiduciários da B3 ou outros provedores reconhecidos, facilitarão esse processo. Transparência e uniformização dos dados, com eventual oneração de autorizações não desenvolvidas, poderão favorecer um equilíbrio virtuoso dos direitos de propriedade e da concorrência, estimulando o investimento e crédito privados e a produção.
Assim, a mineração e as atividades a jusante devem se tornar cada vez mais dinâmicas no Brasil, beneficiando-se da excelência das empresas de geologia e outros serviços do setor, com efeito positivo nas exportações, criação de emprego e crescimento potencial do PIB brasileiro.
Joaquim Levy é diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercado do Banco Safra. Foi ministro da Fazenda e diretor gerente do Banco Mundial.
Valor - SP 17/10/2024
O CEO da BHP se reuniu com representantes do governo da África do Sul e da Public Investment Corporation (PIC), a 2ª maior acionista da Anglo, na semana passada
O executivo-chefe da BHP, Mike Henry, se reuniu com autoridades do governo da África do Sul na semana passada, alimentando as especulações de que a mineradora australiana ressuscitará sua oferta fracassada de 39 bilhões de libras pela concorrente Anglo American, baseada em Joanesburgo.
Henry e a diretora de desenvolvimento, Catherine Raw, encontraram-se com autoridades do governo sul-africano e a Public Investment Corporation (PIC), a gestora de ativos estatal, segundo três fontes a par dos detalhes.
Raw, que se juntou à BHP em abril, é responsável por fusões e aquisições e esteve envolvida na primeira abordagem à Anglo. A PIC é a segunda maior acionista da Anglo, com uma participação de 7,5%. O governo sul-africano também é acionista da BHP, com 3,7%.
A BHP está analisando como poderá fazer uma oferta renovada após o período de suspensão terminar, em 29 de novembro, segundo disseram banqueiros interessados em atuar como consultores ou financiadores.
No entanto, eles alertaram que nenhuma decisão foi tomada. “A visão consensual é que eles voltarão, se conseguirem resolver a situação”, disse um banqueiro. Outro afirmou ser um “segredo aberto” a BHP estar considerando fazer uma oferta. A BHP preferiu não comentar.
Em 29 de maio, a BHP desistiu de uma perseguição de seis semanas à Anglo American, listada no Reino Unido, desencadeando um período de seis meses durante o qual a maior mineradora do mundo não pôde fazer uma nova abordagem. Desde então, a BHP disse que havia “seguido em frente” em relação ao negócio com a Anglo American e, agora, estava se concentrando no crescimento orgânico.
Uma aquisição garantiria o futuro da BHP como produtora dominante de cobre e ajudaria Henry a consolidar seu legado, quase cinco anos após ele assumir o cargo de CEO.
Anglo promove reestruturação radical
O momento de tal possível oferta seria crítico, segundo banqueiros. Como parte de sua defesa contra a aquisição, a Anglo iniciou uma reestruturação radical com a venda de quatro grandes partes de seu negócio, visando transformar a empresa em uma produtora enxuta de cobre e minério de ferro. Uma fonte a par dos acontecimentos disse que a BHP não deverá agir antes dessas vendas. Ela não deseja absorver as minas de platina sul-africanas e o negócio de diamantes da De Beers, que a Anglo está em processo de venda, segundo disse a fonte.
Mas se a BHP esperar até que as alienações sejam concluídas, outros licitantes podem surgir. “Assim que a administração da Anglo fizer a limpeza, eles serão um alvo fácil”, diz o executivo-chefe de uma grande companhia mineradora. A oferta inicial da BHP, que exigia que a Anglo se desfizesse de seus negócios de minério de ferro e platina sul-africanos, causou um alvoroço político na África do Sul.
No fim de setembro, a diretora financeira da BHP, Vandita Pant, disse que a mineradora estava confortável em se afastar da Anglo American. “Há um verdadeiro padrão de disciplina financeira nessas questões, e isso é algo que seguimos”, disse ela.
A BHP é a segunda maior produtora de cobre do mundo, em termos de volume consolidado. Sob as regras de fusões e aquisições do Reino Unido, ela precisa esperar seis meses para anunciar outra possível oferta pela Anglo e tomar certas medidas em direção a tal proposta. No entanto, sob certas circunstâncias, como o surgimento de um outro interessado, a BHP não estaria mais vinculada a essa restrição.
A Anglo não quis comentar.
O CEO da BHP, Mike Henry, reuniu-se com autoridades do governo da África do Sul e representantes da Public Investment Corporation (PIC), a segunda maior acionista da Anglo American, alimentando as especulações de que a mineradora australiana ressuscitará sua oferta pela concorrente baseada em Joanesburgo — Foto: Divulgação/BHP
Infomoney - SP 17/10/2024
A CSN (CSNA3) anunciou nesta quarta-feira acordo não vinculante para venda de participação de até 11% em sua empresa de mineração para a japonesa Itochu, segundo fato relevante ao mercado.
A companhia afirmou que o conselho de administração aprovou a proposta não vinculante da Itochu pela fatia na CSN Mineração (CMIN3), mas que os “a consumação da potencial operação está sujeita à aprovação prévia” de ambas as empresas.
“A CSN entende que a governança e a estrutura de controle da CMIN não serão afetadas”, afirmou o grupo industrial brasileiro.
Infomoney - SP 17/10/2024
A importação antecipada de veículos elétricos no primeiro semestre permitiu que a montadora chinesa BYD evitasse o pagamento de R$ 1 bilhão em tributos. As informações são do jornal O Globo. A estratégia foi adotada para driblar a alta escalonada de impostos, que começou em janeiro deste ano.
Segundo dados da Vixtra, fintech de soluções para importação, a importação de carros elétricos aumentou 931% no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período de 2023, totalizando R$ 5,4 bilhões. A BYD, líder no segmento, foi responsável por quase 90% desse volume, com a importação de 114 mil carros.
No mês passado, foram comercializados 13.254 veículos híbridos e elétricos no Brasil. No acumulado de janeiro a setembro, foram 122.548 veículos, um crescimento de 113% em comparação com o mesmo período de 2023. Líder nos elétricos, a BYD é a 10ª montadora em volume de emplacamentos geral no país, ou a 8ª, excluindo-se as vendas para locadoras, mercado no qual a montadora chinesa não atua.
Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD no Brasil, disse ao jornal que a antecipação garantiu um volume suficiente para manter as vendas até a entrada em operação da fábrica da empresa na Bahia, sem a necessidade de elevar os preços ao consumidor, o que poderia afetar a demanda. A fábrica, localizada no polo de Camaçari, começará a fazer montagens em dezembro e entrará em operação completa no primeiro semestre de 2025.
Os veículos da BYD estão atualmente em centros de distribuição localizados próximos aos portos do Espírito Santo, Suape (PE) e Santa Catarina, não utilizando o Porto de Santos. Baldy afirmou que está tudo “dentro do planejado” e que o volume estocado é “muito inferior” ao que a concorrência vem falando.
O grande volume de veículos desembarcando nos portos brasileiros gerou queixas das montadoras tradicionais. Márcio Leite, presidente da Anfavea, declarou que a importação elevada estaria atravancando os portos, dificultando a importação de partes e peças para a indústria local.
Leite utilizou esse argumento para pedir ao governo a antecipação da alíquota de 35% para os carros 100% elétricos. O aumento escalonado dos tributos começou em janeiro com 10% e desde julho está em 18%, com previsão de chegar a 35% em julho de 2026.
Valor - SP 17/10/2024
Para executivos, eletrificação dos veículos aproveita o interesse brasileiro por inovação e favorece a produção local
A partir da esq.: Baldy (BYD), Braun (Toyota), Gleide Souza (BMW), Suzuki (Hyundai) e Marli Olmos (mediadora) — Foto: Rogerio Vieira/Valor
Montadoras instaladas no Brasil apostam em veículos elétricos híbridos, híbridos plug-in e movidos a hidrogênio como alternativas para a descarbonização da frota nacional. Segundo executivos, a eletrificação dos veículos aproveita o interesse brasileiro por inovação e favorece a produção e venda de veículos elétricos.
Os representantes da BYD, Hyundai, BMW e Toyota debateram as oportunidades e desafios da eletrificação de veículos no evento “Summit: Futuro da Mobilidade” na manhã desta quarta-feira (16). O evento foi uma realização de Valor e “Autoesporte”.
“As empresas têm disponibilidade de tecnologias para oferecer ao mercado, seja o carro elétrico, seja o híbrido, para permitir que o consumidor possa escolher. A fábrica da BMW, por exemplo, é flexível para a produção de veículos híbridos e elétricos”, disse Gleide Souza, diretora de assuntos governamentais da BMW.
De janeiro a setembro, foram emplacados 122,5 mil veículos elétricos a bateria, híbridos, e híbridos plug-in, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). O país conta com uma frota de 342,9 mil veículos leves eletrificados.
Os executivos lembram que o brasileiro é ávido por tecnologias e aceita inovações, como o programa Proálcool dos anos 1970 e o motor flex nos anos 2000. Roberto Braun, diretor de comunicação e ESG da Toyota, salientou que, no Brasil, mesmo os motoristas que optam por abastecer o veículo com gasolina indiretamente já usam etanol, já que a gasolina vendida nos postos brasileiros tem mistura de 27,5% do combustível derivado da cana-de-açúcar. Dessa forma, destaca, o país se tornou referência internacional entre as alternativas para a descarbonização.
Uma das possibilidades discutidas pelos executivos é o veículo elétrico movido a hidrogênio. A diferença em relação a um elétrico convencional é que não usa carga externa. O hidrogênio é armazenado em tanques enquanto o oxigênio vem de fora do carro. A mistura causa uma reação química, liberando energia. Transformada em eletricidade, essa energia carrega a bateria que alimenta o motor elétrico.
Anderson Suzuki, diretor de Desenvolvimento de Hidrogênio da Hyundai, e Braun destacaram a possibilidade do Brasil usar o seu potencial energético do etanol como combustível para a alimentação de baterias de hidrogênio.
“Trouxemos dois veículos para demonstração das tecnologias disponíveis, em parceria com a Shell. O importante desse projeto é mostrar a possibilidade de produzir hidrogênio a partir do etanol”, disse Braun.
“O hidrogênio é um vetor com alto custo de produção e logística. Para que o cliente aceite essa tecnologia, é necessário que esse vetor tenha um custo competitivo e conte com ampla rede de distribuição”, destacou o diretor de desenvolvimento de hidrogênio da Hyundai.
Em agosto, o Brasil alcançou a marca de 10 mil eletropostos, segundo dados divulgados pela ABVE e apurados pela Tupi Mobilidade, empresa especializada no software e aplicativos de recarga.
Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD, relembrou os movimentos do governo federal para acelerar a modernização da indústria automobilística brasileira. As montadoras anunciaram cerca de R$ 131 bilhões de investimentos para os próximos anos. O executivo pondera que “é necessária a retomada de exportação e aceleração da rede de recarga para carros elétricos”.
“A BYD investe no Brasil e em 2025 começará a produção completa no país”, disse. “A companhia cresce na América Latina e certamente a fábrica da Bahia será um hub de produção. A gente percebe quais são os nossos gargalos: o desafio de aquisição dos veículos elétricos no mercado local e recuperar competitividade para o mercado internacional.”
A diretora de assuntos governamentais da BMW disse ser necessário trabalhar em conjunto com o governo para incentivar a exportação de veículos eletrificados produzidos no Brasil.
“Precisamos puxar uma condição de incentivo à exportação. Nós exportamos impostos. O governo quer retomar a exportação por meio do [Programa] Mover. Afinal, perdemos mercados por causas das crises econômicas na América Latina e queremos retomá-los. Temos um trabalho conjunto que está sendo feito”, finaliza.
Valor - SP 17/10/2024
Cooperação pode ajudar a melhorar experiência tanto do usuário final como das empresas, dizem integrantes do setor
A parceria entre empresas é o caminho para ampliar a infraestrutura de pontos de recarga e também o uso de serviços de Internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) para carros elétricos, carros elétricos, híbridos e conectados, avaliam participantes do setor. Para eles, a cooperação entre atores de diferentes etapas do serviço pode ajudar a melhorar experiência tanto do usuário final como das empresas que oferecem o serviço na ponta.
“O setor de telecomunicações foi privatizado em 1998, mas apenas em 2022 passou a usar a chamada rede neutra, em que as empresas compartilham a infraestrutura de tráfego do dado. O mercado de mobilidade tem essa possibilidade desde o começo através da interoperabilidade”, afirmou o CEO da Tupi Mobilidade, Pedro Paulo Oliveira de Moraes. “Um eletroposto pode trabalhar com vários players diferentes. Para o usuário, isso é bom porque ele pode acessar vários postos diferentes e acessar a mesma experiência, assim como nos postos de combustível tradicional.”
Do ponto de vista dos donos dos pontos de recarga, a colaboração entre empresas ajuda a entender quais s diferentes tipos de demanda e onde elas estão, acrescentou Rafael Rebello, diretor de Power Mobility da Raízen Power. Isso faz diferença nesse mercado porque a demanda e oferta precisam estar em sintonia levando em consideração as diferentes tecnologias - de recarga rápida ou lenta.
“Carregar um carro elétrico é diferente de ir num posto de gasolina, que você esbarra com um logo que sai de casa. É algo que precisa ser programado, e existem diferentes formas de carregar ao longo do dia, para diferentes usos”, explicou. “Existem hoje no mercado cerca de 10 mil pontos de recarga, mas a maior parte é de recarga lenta, só mil pontos de recarga rápida. Não dá para instalar um carregador que leva 8 horas em um posto”, exemplifica. “Além disso, a rede de recarga não é só o carregador, ele é somente a ponta. Cada estrutura tem também custos bastante diferentes.”
As parcerias também devem ajudar a avançar o uso de tecnologias embarcadas como o M2M (“machine to machine”, na sigla em inglês), que guardam forte relação com o conceito de cidades inteligentes, lembra Alexandre Miyahara, CEO da Circuito. “O que eu entendo como próximo passo da infraestrutura é essa sinergia entre veículo e cidades, olhando para o usuário, para conseguir explorar outras soluções embarcadas, que é um universo a ser explorado e monetizado.”
Citando dados de uma pesquisa da Automotive Business, o executivo notou que a fatia do mercado de veículos novos ocupada pelos elétricos deve sair dos atuais 2% até 15% no começo da próxima década. “Naturalmente, existe aí um crescimento orgânico no qual players bem posicionados e colaborando serão central para isso.”
Miyahara ponderou que ainda não existe uma resposta simples sobre quantos pontos de recarga são necessários para um determinado volume de veículos, mas que a resposta está na análise dos dados de vendas e na de experiência dos usuários.
O avanço da tecnologia embarcada permitirá, nos próximos anos, a utilização dessas tecnologias para evitar acidentes nas estradas - como fazer com que o carro saiba que à sua frente existe um veículo tombado em momentos de neblina, comentou Afranio Spolador, diretor de tecnologia da Ecorodovias. Atualmente, no entanto, as empresas do setor ainda estão na fase de ampliar a infraestrutura para viabilizar esses automóveis, que têm autonomia menor, nas estradas.
“Para o usuário, é importante que ele esteja seguro no momento em que estaciona para recarregar seu veículo. Em muitos lugares, esses pontos estão sujeitos à violência. Então vencer esses desafios também é importante para viabilizar a eletrificação.”
Rebello, da Raizen, ponderou que a colaboração é uma oportunidade para melhorar as perspectivas de rentabilidade do setor diante de um caminho que está mais ou menos traçado, dada a matriz energética brasileira e o “fator China”, que deve fazer com que a oferta de carros no país permaneça alta.
“Iniciativas como a Aliança pela Mobilidade Sustentável, que é uma junção dos agentes de oferta e demanda, ajudam o setor a, juntos, se organizar para atender de forma programada, rentabilizar o ativo e fazer o investimento necessário.”
Infomoney - SP 17/10/2024
O financiamento do mercado imobiliário brasileiro por meio de capital estrangeiro é uma realidade concreta e promissora. Com juros internos altos e maior escassez no mercado financeiro doméstico, o recurso proveniente do exterior estrangeiro se mostra uma fonte mais estável e, acima de tudo, de longo prazo, características essenciais para o desenvolvimento de projetos no setor. Acrescenta-se a isso o potencial de ser uma fonte volumosa de recursos, o que o torna ainda mais atraente para as empresas, superando diversas das limitações do capital local.
Mas os investidores e grandes fundos internacionais estão interessados no Brasil? Sempre estiveram e continuam. Há uma parcela dos recursos dos grandes fundos carimbada para os países emergentes, principalmente os que têm condições de oferecer projetos alinhados com as preocupações atuais com a sustentabilidade, uma vantagem para os brasileiros. Muitas vezes o que falta é capacidade de atender as políticas mínimas para a liberação dos recursos.
A captação fora do país exige uma preparação rigorosa por parte dos agentes do setor imobiliário. Não se trata apenas de apresentar bons projetos, mas também de falar a “mesma língua” dos investidores internacionais, o que implica a adoção de uma linguagem financeira compatível com a deles, baseada em padrões de compliance globais, auditorias rigorosas, processos e procedimentos financeiros claros.
As exigências mínimas dos fundos dispostos a investir em países como o Brasil incluem não apenas a conformidade com as normas locais, mas o cumprimento de padrões internacionais de governança, retorno financeiro e transparência. Sem essas garantias, dificilmente os investidores externos conseguem disponibilizar os recursos para o mercado brasileiro, mesmo com demonstrações reiteradas de interesse no país.
A escala dos projetos também é um desafio. Muitas vezes, a condição para o investimento é de um cheque mínimo na casa de US$ 150 milhões , uma barreira para muitos empreendimentos no Brasil, que normalmente são menores. Mas o país já atraiu aportes significativos de fundos internacionais em diversos segmentos, como galpões logísticos, infraestrutura e até mesmo prédios comerciais e residenciais. Canadenses, asiáticos e americanos se tornaram investidores reconhecidos nessas áreas no Brasil. Há alguns exemplos como os da Brookfield, GIC, Autonomy e Mubadala.
A expectativa é de que ganhem destaque agora os segmentos ligados à economia global e, portanto, menos dependentes da dinâmica interna do Brasil. A infraestrutura portuária e o agronegócio, por exemplo, têm um apelo maior por estarem vinculados ao comércio internacional de commodities, com receitas muitas vezes balizadas em dólar.
Outro setor em crescimento é o de data centers, do qual já tratamos mais de uma vez aqui. Trata-se de um mercado diretamente conectado ao exterior, com clientes globais e operação em moeda estrangeira, o que reduz a exposição às oscilações da economia brasileira. Esses segmentos oferecem uma mitigação de risco relevante, tornando-se particularmente interessantes para fundos que precisam alocar grandes volumes de capital em projetos com retornos previsíveis, sólidos e de longo prazo.
Além desses setores mais diretamente ligados à economia internacional, a infraestrutura em geral chama a atenção dos fundos estrangeiros por sua escala e relevância. Investimentos em ferrovias, rodovias, hidrovias e aeroportos, por exemplo, além de cruciais e estratégicos para o desenvolvimento do Brasil, oferecem retorno de longo prazo. E são projetos suficientemente grandes para atrair capital estrangeiro em grande escala, tornando-se alternativas atrativas para investidores internacionais.
O câmbio, a volatilidade e o risco-país, naturalmente, são ainda um fator de risco nesse tipo de financiamento. E há sempre a possibilidade de ligar o sinal amarelo dos investidores. No entanto, ao direcionar recursos para países emergentes, a maioria já está acostumada com oscilações econômicas e, em muitos casos, indexam seus retornos a taxas de juros e inflação locais, o que lhes dá uma segurança adicional.
Outro fator muito importante é a classificação do Risco Brasil por agências internacionais. Uma vez atingido o investment grade (classificação internacional de risco) com as notas B+ e A, o país se torna elegível para receber volumes muito maiores de investimentos, prazos mais dilatados para o retorno e taxas de remuneração mais favoráveis.
Com a devida preparação e adequação aos padrões internacionais, o Brasil e os players imobiliários podem atrair volumes expressivos de recursos, solucionando algumas das principais dores do mercado imobiliário e infraestrutura, como a estabilidade na entrada de recursos e o interesse de investidores com olhar para o longo prazo.
Valor - SP 17/10/2024
Minha Casa, Minha Vida segue em alta, mas médio e alto padrão performam além do esperado
As incorporadoras tiveram um terceiro trimestre de crescimento operacional. O volume de lançamentos subiu 73% para as empresas que atuam no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e 56% para aquelas que constroem empreendimentos de médio e alto padrão. A comparação é com o mesmo período do ano passado, e os dados se referem às incorporadoras listadas que divulgaram prévias operacionais.
As vendas também cresceram nesse intervalo, em 54% para as empresas do MCMV e em 50% para a média e alta renda.
Ygor Altero, analista-chefe de real estate da XP, destaca que o segmento de média e alta renda teve bom desempenho mesmo com um cenário macroeconômico desafiador, com aumento de juros. Isso afeta mais essas empresas do que aquelas do MCMV, protegidas pelos incentivos.
A Cyrela foi um destaque nesse segmento, afirma Fanny Oreng, responsável pelas análises de real estate do Santander. A empresa tem conseguido precificar bem seus projetos e tem uma força de venda “diferenciada”, o que a ajuda a vender de forma rápida: a companhia comercializou 62% do que lançou no trimestre.
Oreng afirma que será cada vez mais importante que as incorporadoras de médio e alto padrão acertem nos preços dos seus novos projetos e selecionem bem o que vai para a rua, dado a alta dos juros, que pode se refletir em financiamento imobiliário mais caro, e a uma inflação setorial também em aceleração. O índice nacional de custo da construção (INCC) está acumulado em 5,23%, nos últimos 12 meses até setembro, ante 3,21% há um ano.
“Algumas incorporadoras subiram muito o preço e, por isso, podem estar tendo dificuldade [com as vendas]”, afirma Oreng.
Entre as companhias de São Paulo, a EZTec teve prévia considerada positiva, com bom desempenho do lançamento Alto das Nações, mas Altero ressalta que o volume de vendas ainda não acompanha o tamanho da companhia, que tem R$ 2,8 bilhões em unidades em estoque, dos quais 25% já foram entregues.
A Even, que não lançou no período, teve vendas consideradas fracas por Oreng no seu grande projeto do ano, o Faena. Os analistas veem como positiva, porém, a separação da gaúcha Melnick, concluída recentemente. A mistura de localidades confunde o investidor, apontam.
A analista projeta que os lançamentos devem continuar fortes, porque o estoque em São Paulo não é considerado alto.
Correndo por fora, com atuação no Nordeste, a Moura Dubeux foi outro destaque do trimestre, segundo Altero. A empresa tem mantido crescimento operacional, com geração de caixa no intervalo, e a percepção é que não há concorrentes à altura na região, onde é a única listada.
Companhias que atuam em São Paulo e no Rio e que já construíram na região no passado, como a Cyrela, não têm interesse em voltar, diz o analista, por considerarem que o mercado exige conhecimento local.
Todas as principais incorporadoras listadas do MCMV - Cury, Direcional, Plano&Plano, Tenda e MRV - tiveram desempenho considerado muito positivo. Além da força do programa, houve contratações do Pode Entrar, política paulistana, da qual só não participa a Cury.
A Direcional é o destaque para o Santander, que mantém a empresa como sua “top pick” há anos, com desempenho 10% acima da projeção do banco. Altero lembra que a empresa tem sido mais “vocal” em elevar margens, e é esperado que isso apareça no balanço do trimestre.
A Cury surpreendeu com R$ 147 milhões de geração de caixa, indicador também considerado positivo na MRV, que está mais focada nisso do que em ganho de margem, afirma Altero.
Relatório dos analistas do Santander destaca que, do orçamento de R$ 127,6 bilhões do FGTS para habitação, que abastece o MCMV, 77% foi usado até setembro.
Os financiamentos imobiliários com recursos da poupança também cresceram, em 15% no acumulado do ano, para R$ 90,1 bilhões. Preocupada com o saldo disponível, a Caixa anunciou nesta semana que vai restringir seus financiamentos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) a imóveis que custem até R$ 1,5 milhão. Também vai subir de 20% para 30% a entrada, na tabela SAC, e de 30% para 50% na tabela Price.
A medida não atinge quem contratar crédito para comprar unidades de empreendimentos financiados pela Caixa. “Encontrar uma alternativa para o funding da poupança é o principal debate do setor”, diz Altero. Para o MCMV, ele vê uma situação mais segura de financiamento para os próximos dois anos. “A questão é como perpetuar isso”.
Valor - SP 17/10/2024
O Ministério da Habitação da China anunciou várias medidas destinadas a impulsionar o setor imobiliário do país, o mais recente esforço dos formuladores de políticas para sustentar o crescimento da segunda maior economia do mundo.
O ministério disse nesta quinta-feira que vai acelerar o crédito para incorporadores imobiliários em dificuldades e reformaria 1 milhão de apartamentos nas chamadas favelas urbanas, uma estratégia usada na última crise imobiliária do país.
Mais fundos serão alocados para projetos habitacionais na "lista branca" do governo, com 4 trilhões de yuan, equivalente a US$ 550 bilhões, em empréstimos a serem emitidos até o final deste ano, disse o ministro da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural, Ni Hong, pedindo aos bancos que emprestem para o maior número possível de projetos.
Projetos na "lista branca" de Pequim são elegíveis para receber financiamento apoiado pelo governo para concluir apartamentos inacabados e garantir entregas em domicílio.
Na quarta-feira, os empréstimos para projetos qualificados estavam em 2,23 trilhões de yuan. Isso dobrará até o final de 2024, disse Xiao Yuanqi, vice-diretor da Administração Reguladora Financeira do Estado, no mesmo briefing.
O ministro da Habitação disse que o governo planeja reformar 1 milhão de apartamentos em favelas urbanas monetizando reassentamentos.
A China lançou um programa semelhante de reconstrução de favelas financiado pelo Estado em 2015. Naquela época, os governos locais compensavam os moradores de casas demolidas com dinheiro ou novas moradias, e os bancos de política estatal forneciam empréstimos aos governos locais para financiar o programa.
No briefing de quinta-feira, Ni disse que os bancos estaduais oferecerão suporte financeiro semelhante e que os governos locais podem emitir títulos de propósito especial para financiar a reconstrução. Os bancos comerciais também podem estender empréstimos a esses projetos, acrescentou o ministro.
O banco central da China também está pensando em medidas de incentivo à propriedade. Ele está considerando permitir que bancos de políticas e credores comerciais forneçam empréstimos a incorporadores imobiliários para comprar terras, e poderia recorrer a instrumentos de repasse para oferecer aos bancos esse tipo de empréstimo, disse Tao Ling, vice-presidente do Banco Popular da China (PBoC).
A prolongada crise imobiliária exerceu um enorme peso sobre a economia chinesa. Na esteira de uma série de medidas de estímulo anunciadas pelo banco central no mês passado, o mercado imobiliário mostrou sinais hesitantes de vida.
Ni disse no briefing que os dados imobiliários em outubro devem mostrar "resultados positivos e otimistas".
Exame - SP 17/10/2024
A Rumo é uma concessionária de logística ferroviária das grandes. Com mais de 30 obras em execução em 17 municípios do interior paulista, a empresa teve a renovação da concessão antecipada e planeja investir muito no setor de construção civil.
O contrato original, que venceria em 2028, foi renovado por mais 30 anos mediante uma série de contrapartidas focadas em melhorias na infraestrutura ferroviária e na melhoria da mobilidade urbana.
Na procura de empreiteiras bem capacitadas, principal desafio da empresa, o diretor de Expansão da Rumo, Rafael Langoni, acredita que “Sem sombra de dúvidas, o setor ferroviário será uma das principais alavancas de crescimento da construção civil”.
Previsão fundamentada na análise de dados
Segundo dados do IBGE, o PIB da construção civil cresceu 3,5% no segundo trimestre de 2024 na comparação com o primeiro trimestre do ano.
Na comparação com o mesmo período de 2023, o PIB do setor cresceu 4,4%. Langoni justifica a alta pelo aumento do consumo de insumos típicos como areia, cimento e ferro.
O executivo afirma que a tendência é que o mercado siga aquecido nos próximos anos. “Estamos presenciando um ciclo de grandes investimentos em infraestrutura, em virtude da renovação antecipada dos contratos de concessão e dos contratos assinados sob o regime de autorização”, diz.
Com as obras executadas pela Rumo, foi possível aumentar a capacidade da malha ferroviária de 45 milhões de toneladas por ano em 2020 para os atuais 53 milhões de toneladas por ano.
“A nossa expectativa é alcançar 75 milhões de toneladas/ano após a conclusão dos investimentos”, explica o diretor de Expansão.
As obras da Rumo
Desde que o contrato foi assinado em 2020, a Rumo deu início a diferentes obras na malha ferroviária que integra o principal corredor de exportação do país em direção ao Porto de Santos (SP).
Até o momento, aproximadamente 25% das obras previstas no caderno de obrigações já foram entregues com a participação direta de mais de 10 empreiteiras.
Além das obras em andamento na Malha Paulista, a Rumo também está à frente das obras de modernização e expansão da Ferrovia Interna do Porto de Santos (FIPS) – associação gerida pelas operadoras MRS Logística, VLI e a própria Rumo – visando ampliar a infraestrutura ferroviária do Porto de Santos.
Marcio Maia, gerente executivo de Suprimentos da Rumo, ressalta que a companhia está interessada em firmar parcerias de longo prazo, considerando o cenário promissor de investimentos em infraestrutura.
“Durante as obras, as empreiteiras contam com o apoio da Rumo para se desenvolver em termos de governança, gestão ambiental, saúde e segurança nas operações. Ao construir parcerias duradouras com os fornecedores, esperamos contribuir não só para o crescimento da Rumo, mas para o desenvolvimento sustentável de toda a cadeia logística”, afirma.
InfraRoi - SP 17/10/2024
Com mais de 30 obras em execução em 17 municípios do interior paulista, a Rumo, maior concessionária de logística ferroviária do País, tem enfrentado desafios quanto à disponibilidade não só de trabalhadores da construção civil como até de equipamentos. Com a renovação antecipada da concessão, que venceria em 2028 e foi renovado por mais 30 anos, a empresa assinou com uma série de contrapartidas focadas em melhorias na infraestrutura ferroviária e na mobilidade urbana.
O principal desafio que a concessionária encontra neste momento é a contratação de empreiteiras que demonstrem expertise, qualificação e capacidade de execução para os projetos do setor ferroviário. A Rumo argumenta que são projetos com investimentos robustos e de ritmo acelerado, o que exige essas competências.
A Rumo acredita que o setor ferroviário deve aumentar ainda mais o PIB da construção civil, que cresceu 4,4% no segundo trimestre de 2024 na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo o IBGE. Como o setor ferroviário está passando por um ciclo de grandes investimentos em infraestrutura, em virtude da renovação antecipada dos contratos de concessão e dos contratos assinados sob o regime de autorização, esses números devem se refletir no crescimento da construção no médio prazo.
Obras da Rumo a pleno vapor
Desde que o contrato foi assinado em 2020, a Rumo deu início a diferentes obras na malha ferroviária que integra o principal corredor de exportação do país em direção ao Porto de Santos (SP). Até o momento, aproximadamente 25% das obras previstas no caderno de obrigações já foram entregues com a participação direta de mais de 10 empreiteiras.
Além das obras em andamento na Malha Paulista, a Rumo também está à frente das obras de modernização e expansão da Ferrovia Interna do Porto de Santos (FIPS) – associação gerida pelas operadoras MRS Logística, VLI e a própria Rumo – visando ampliar a infraestrutura ferroviária do Porto de Santos.
Com as obras executadas pela Rumo, foi possível aumentar a capacidade da malha ferroviária de 45 milhões de toneladas/ano em 2020 para os atuais 53 milhões de toneladas/ano. A expectativa da empresa é alcançar 75 milhões de toneladas/ano após a conclusão dos investimentos.
Confira algumas obras realizadas no âmbito do caderno de obrigações da Malha Paulista e na FIPS:
Obra Município Empreiteira contratada
Passarela Boulevard Santos Praeng Engenharia
Viaduto rodoviário Hortolândia Construbase
Viaduto rodoviário Sumaré Jofege
Passarela Santa
Passarela Mercado Santos Atlas Engenharia
Pera ferroviária de Outerinhos Santos Protege
Passagem inferior de veículos e pedestres – Favela Marte 3D
Passarela – Colégio Ressureição
Passarela – Sesi São José do Rio Preto Constroeste
Viaduto rodoviário Taquaritinga Quimassa
Viário – Los Angeles
Passarela – Cruzeiro do Sul
Passarela – Corpo de Bombeiros Catanduva Franciscon
Portos e Navios - SP 17/10/2024
O Porto Itapoá, localizado na Baía da Babitonga, em Santa Catarina, deu início à sua fase IV de expansão, com previsão de investimentos de R$ 500 milhões nos próximos 12 meses. O projeto visa aumentar ainda mais a capacidade do terminal, já consolidado entre os quatro maiores do Brasil, com o objetivo de torná-lo o maior e mais eficiente da América do Sul até 2033.
Atualmente, o porto possui um pátio de 455 mil metros quadrados, com capacidade estática para 31 mil TEUs e movimenta até 1,8 milhão de TEUs por ano. A nova fase incluirá 120 mil metros quadrados adicionais ao pátio e a aquisição de novos equipamentos de alta tecnologia para melhorar a eficiência e sustentabilidade do terminal.
Entre os novos investimentos, destaca-se a aquisição do oitavo portêiner, equipamento essencial para movimentação de contêineres em navios de grande porte, além de 12 guindastes RTGs (operados por controle remoto) e nove caminhões terminal tractors (TTs), que complementam a maior frota de TTs elétricos do Brasil. A ampliação também inclui 1.080 novas tomadas refrigeradas para contêineres reefers e a compra de um novo scanner de última geração para segurança das cargas.
Além disso, o cais do Porto Itapoá será expandido em mais 400 metros, permitindo a atracação de três navios maiores. A obra já possui licença do Ibama e seguirá um cronograma estratégico.
Recentemente, o terminal concluiu a Fase III de sua expansão, que contou com a adição de 200 mil metros quadrados ao pátio e um investimento total de R$ 815 milhões. Com isso, o Porto Itapoá agora opera um dos maiores pátios de contêineres do país.
O Ibama também concedeu a licença para a dragagem do canal de acesso à Baía da Babitonga, aumentando sua profundidade para 16 metros, o que permitirá a navegação de embarcações de até 366 metros de comprimento, reforçando o potencial do Porto Itapoá como um importante hub de cargas na região.
A Tribuna - SP 17/10/2024
O Governo Federal confirmou nesta terça-feira (15) o leilão do STS10, no Porto de Santos, em 2025. A área, localizada no cais do Saboó, será destinada a um terminal de grande porte, que deverá elevar a capacidade do maior ativo portuário do País em cerca de 3 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), passando dos atuais 6 milhões para 9 milhões de TEU.
A notícia, uma das mais esperadas pelo setor portuário, chegou em divulgação feita pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) para a imprensa, após meses de contradições e questionamentos sem respostas sobre o STS10.
“Estamos ampliando a capacidade de importação e de exportação do maior porto brasileiro, garantindo melhoria na operação e tornando nossos produtos exportados ainda mais competitivos”, disse o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, no comunicado divulgado.
O MPor informou que encaminhou ofício à Infra S.A. (empresa pública controlada pela União que faz o planejamento de projetos) com as diretrizes para a concessão, que preveem adaptações no modelo original proposto há cinco anos. O estudo ajustado deverá ser encaminhado para análise do Tribunal de Contas da União (TCU) ainda este ano.
O modelo atualizado foi aprovado pelo MPor e pela Casa Civil, cujo ministro, Rui Costa, esteve em Santos em reunião sigilosa sobre o tema no mês passado, evitando a imprensa. O projeto estabelece quatro berços de atracação de navios, um a mais do que a proposta inicial, o que ampliará em 50% a capacidade de contêineres no complexo portuário santista.
Quatro berços?
De acordo com a ideia original, a área a ser destinada ao STS10 é de 601 mil metros quadrados (m2). A Reportagem questionou o MPor se a área de concessão será expandida para receber o quarto berço, mas não obteve resposta até o fechamento da edição.
Originalmente, o contrato de concessão previa investimento aproximado de R$ 3,3 bilhões e vigência de 25 anos. O critério do certame seria por maior outorga.
Questionado sobre a novidade, o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, foi sucinto. “Nós estamos de acordo com essa orientação e assim será feito. Toda a área do Saboó, anteriormente reservada, será utilizada para o leilão do STS10 nos termos do que foi decidido pelo Ministério de Portos e pela Casa Civil”.
Agilidade
Consultor portuário e colunista de A Tribuna, Luis Cláudio Montenegro acredita que é possível realizar o leilão em curto prazo. “Esse processo está muito bem construído. Os ajustes que precisam ser feitos são pontuais e o leilão pode ser realizado já no ano que vem, com muita velocidade”.
Perguntado se a decisão de licitar o STS10 foi influenciada pela venda de 48% do controle acionário da Santos Brasil ao Grupo CMA CGM, no mês passado, Montenegro prefere ressaltar o interesse pela área. “Um ativo (STS10) tão importante quanto esse, com operação inexistente, não pode ficar parado. Um País que precisa tanto de investimento (em infraestrutura) não pode abrir mão”.
Processo parado
O local está qualificado no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do Governo Federal. Conforme o cronograma divulgado no site do PPI, o processo licitatório está parado desde maio de 2022, quando foi concluída a consulta pública. O próximo passo seria a manifestação do TCU, para dar andamento ao preparo e lançamento do edital.
Polêmica
Em agosto deste ano, o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, disse que o STS10 não seria viabilizado antes da construção de dois viadutos na Alemoa, previstos para 2028. Isso porque as obras são necessárias para não provocar um caos logístico com o aumento do número de caminhões em direção ao megaterminal. Entidades portuárias consultadas por A Tribuna, na ocasião, concordaram com Pomini. Ontem, o Governo Federal não informou como fará para evitar que Santos fique travada pelo aumento do fluxo de caminhões.
Transferência de terminal de cruzeiros seria mantida
Ao confirmar o leilão do STS10, o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) manteve o posicionamento sobre a transferência do Terminal Marítimo de Passageiros Giusfredo Santini, administrado pelo Concais, de Outeirinhos para a mesma área, que fica ao lado do Parque Valongo. O MPor ressalta que a atividade turística não prejudicará as operações de contêineres no Saboó.
Em nota, o Governo Federal informou que analisará com a Infra SA a melhor modelagem para a operação do terminal de cruzeiros, tendo em vista a importância do local, que hoje recebe cerca de 1 milhão de cruzeiristas por ano.
“É um projeto construído após muita análise, para que a gente pudesse encontrar a melhor solução para o Porto de Santos e para o País”, afirmou o ministro Sílvio Costa Filho.
Especialistas
Quanto à união das atividades, cruzeiros e cargas, no mesmo local, o consultor portuário e colunista de A Tribuna Luis Cláudio Montenegro comenta que as operações podem ocorrer sem interferências.
“O terminal será instalado em região própria. A Infra S.A. trabalhará em uma solução que gere uma possibilidade de recursos que poderiam entrar a título de outorga e que possam contribuir com a construção do terminal de passageiros à altura do que a Cidade merece”.
Para o professor e coordenador de Arquitetura e Engenharias da Esamc, Alessandro Lopes, que é especialista em projetos de cidades inteligentes, a coexistência dos terminais de contêineres e de passageiros no Porto de Santos é “um paradigma fascinante e multifacetado, refletindo os desafios e oportunidades da urbanização contemporânea”.
Para ele, a integração de operações portuárias aparentemente díspares pode ser a chave para um desenvolvimento urbano mais sustentável e harmonioso. Lopes observa também que horários alternativos para operações portuárias podem ser estabelecidos para evitar a sobreposição com o fluxo turístico, “mitigando congestionamentos e melhorando a experiência dos passageiros”.
Portos e Navios - SP 17/10/2024
A SCPAR, administradora do Complexo Portuário de Imbituba, celebrou um crescimento de 13,3% na movimentação de cargas no acumulado até setembro de 2024, atingindo mais de 6,5 milhões de toneladas, números considerados recorde histórico de produtividade. Em setembro, o porto movimentou 831,7 mil toneladas, um aumento de 32,9% em relação ao mesmo mês de 2023, e 14,6% em comparação a agosto de 2024.
Em termos de fluxo de embarcações, 31 navios atracaram em setembro, totalizando 252 embarcações no ano, um aumento de 13,5% em relação a 2023. O saldo comercial de movimentação de cargas também apresentou crescimento expressivo nos embarques, com alta de 38,2% em relação a agosto e 39,4% na comparação com setembro de 2023.
Os principais produtos movimentados no Porto de Imbituba foram contêineres, coque de petróleo, açúcar a granel, sal, farelos de soja e milho, e hulha betuminosa. O açúcar a granel, em especial, registrou mais de 447,8 mil toneladas movimentadas em apenas cinco meses de operação em 2024, representando 7% do total de cargas do porto.
As exportações lideraram com 52% da movimentação total, crescendo 13,3% em relação ao ano anterior, enquanto as importações aumentaram 21,1%. Já a cabotagem representou 9% da movimentação total, mas registrou uma redução de 15% em comparação a 2023.
Granéis sólidos, como coque de petróleo, sal e farelos de soja, somaram mais de 5,23 milhões de toneladas até setembro, representando 80,4% da movimentação portuária. O coque de petróleo liderou, com mais de 1,53 milhão de toneladas movimentadas.
As operações de exportação e importação no Porto de Imbituba movimentaram mais de 1,66 bilhão de dólares até setembro de 2024, um crescimento de 22,7% em comparação ao mesmo período de 2023, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
TN Petróleo - RJ 17/10/2024
O lançamento do edital da Petrobras para contratação das plataformas que irão operar o projeto Sergipe Águas Profundas (Seap) deverá ocorrer entre final de outubro e início de novembro. A informação foi divulgada pela companhia nesta segunda-feira, 14, semanas após a declaração de que a empresa avaliava novo modelo para contratar as unidades de produção. O anúncio é visto com otimismo pelo Governo de Sergipe, que vem acompanhando com atenção as atualizações em torno do projeto.
De acordo com a diretora de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras, Sylvia Anjos (foto), o novo edital do Seap deverá ser apresentado ao mercado em até 15 dias. A declaração foi feita durante o lançamento oficial do edital para contratação de plataforma para operação na Bacia de Campos, nos campos de Marlim. O lançamento e o novo formato do edital garantem viabilidade ao projeto, e são uma alternativa para superar os desafios na atração de empresas interessadas no afretamento das duas unidades flutuantes (FPSOs).
“O lançamento do edital em novo formato de contratação é uma boa notícia, já que o modelo anterior, de afretamento, levou ao adiamento da licitação. Agora, o Seap está cada dia mais próximo de se tornar realidade”, afirma o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia, Valmor Barbosa.
Modelo
No BOT (construção, operação e transferência, na sigla em inglês), o vencedor da licitação fica responsável pela construção e operação das plataformas no período de três a cinco anos. Depois, a operação passa à responsabilidade da própria Petrobras.
No modelo anteriormente adotado, a data de recebimento das propostas nas licitações para contratação das FPSOs foi adiada por três vezes, diante da ausência de interessados. Com a nova medida, a estatal assegura que o prazo estipulado para o início do Seap, estimado entre 2028-2029, seja mantido.
Histórico
No dia 18 de julho, o governador Fábio Mitidieri e equipe técnica estiveram em audiência com a então recém-empossada presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Também estiveram presentes a diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da companhia, Renata Baruzzi, e a diretora de E&P, Sylvia Anjos. Na oportunidade, Chambriard reafirmou o compromisso da companhia com a manutenção do prazo do Seap, destacando a importância do projeto para o planejamento estratégico da empresa.
No dia 26 do mesmo mês, durante passagem por Sergipe para participação no Sergipe Oil & Gas, Sylvia Anjos ratificou as projeções. Na oportunidade, a gestora frisou que a companhia mantinha o prazo do Seap para 2028, embora, em função da necessidade de nova licitação, houvesse possibilidade de que o início das operações se estendesse para o ano seguinte.
Já em setembro, em participação no Rio Oil & Gas, Sylvia Anjos voltou a mencionar o Seap e falou sobre a avaliação da Petrobras em torno do modelo BOT como estratégia para o cumprimento do cronograma. “Um dos desafios da Petrobras é contratar as unidades de produção. Estamos seguros de que agora teremos sucesso com esse processo. O Seap está no nosso plano estratégico e temos muito claro que vamos viabilizar essa produção”, afirmou, na ocasião.
A primeira unidade do projeto (Seap I) terá capacidade de produzir 120 mil barris de petróleo por dia e 8 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Já a segunda unidade (Seap II) terá capacidade de produção de 120 mil barris de petróleo por dia e 10 milhões de metros cúbicos de gás por dia para escoamento e oferta ao mercado. Além disso, o projeto contará com um gasoduto de escoamento com 128 km de extensão, sendo 100 km no mar e 28 km em terra.
TN Petróleo - RJ 17/10/2024
A Petrobras informa que em 01/11/24, conforme os contratos acordados pela companhia com as distribuidoras, os preços de venda da molécula de gás serão atualizados, com redução média de 1,41% em relação ao trimestre anterior.
Os contratos com as distribuidoras preveem atualizações trimestrais da parcela do preço relacionada à molécula do gás e vinculam esta variação, para cima ou para baixo, às oscilações do petróleo Brent e da taxa de câmbio R$/US$. Para o trimestre que inicia em novembro de 2024 a referência do petróleo caiu 7,43% e o câmbio teve apreciação de 5,45% (isto é, a quantia em reais para se converter em um dólar aumentou 5,45%).
Cabe destacar que desde dezembro de 2022, o preço médio da molécula vendido às distribuidoras acumula uma redução da ordem de 18% (incluindo os efeitos da redução de 1,4% de novembro) e que considerando o prêmio por performance aprovado e divulgado em maio de 2024, a redução acumulada média poderia atingir cerca de 20%.
A empresa aprovou, este mês, uma nova carteira comercial com produtos mais competitivos para fornecimento de volumes contratados para 2025 em diante, ampliando as flexibilidades apresentadas ao mercado na carteira de 2023. Com isso, os novos produtos seguirão diversificados em prazos (4, 5, 9 e 11 anos), indexadores, locais de entrega do gás e compromissos de recebimento, permitindo aos clientes a formação do portfólio mais adequado às suas necessidades, com 48 possibilidades de combinações entre produtos.
“É um objetivo da Petrobras oferecer preços de gás natural competitivos para os consumidores, a fim de aumentar a demanda de gás, um insumo importante para a transição energética por emitir menos CO2 e estamos trabalhando para isso. Aprovamos um prêmio de incentivo à demanda para compromissos acima do mínimo já estabelecido e, só este ano, fechamos contratos com volume de 20 milhões de m3 dia com as distribuidoras”, revelou o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim.
Aprovamos ainda, para todos os clientes contratados, um novo mecanismo de incentivo à demanda, com preço mais de 10% inferior aos preços atuais para consumos acima do compromisso mínimo, o que permitirá ao cliente pagar menos pelo gás, de acordo com seu consumo. O novo mecanismo é mais um na atuação da companhia no novo ambiente concorrencial do mercado de gás natural do Brasil. A empresa ambiciona ser a escolha número 1 das empresas parceiras e para isso trabalha com produtos competitivos, um novo canal de relacionamento com soluções construídas em processo de cocriação e analisa oportunidades conectadas com a transição energética.
Novos movimentos competitivos
Os novos movimentos são motivados também pela maior competitividade da companhia a partir do aumento da oferta de gás natural com o início de operação do Projeto Integrado Rota 3, após a inauguração do Complexo de Energias Boaventura, localizado em Itaboraí, composto pela maior unidade de processamento de gás natural (UPGN) do país, com capacidade de processar até 21 milhões de m³/dia de gás natural, e pela nova infraestrutura de escoamento de gás com capacidade de escoamento de até 18 milhões de m³/dia.
A Petrobras ressalta que o preço final do gás natural ao consumidor não é determinado apenas pelo preço de venda da molécula pela companhia, mas também pelo custo do transporte até a distribuidora, pelo portfólio de suprimento de cada distribuidora, assim como por suas margens (e, no caso do GNV – Gás Natural Veicular, dos postos de revenda) e pelos tributos federais e estaduais.
A empresa destaca também que as tarifas ao consumidor são aprovadas pelas agências reguladoras estaduais, conforme legislação e regulação específicas. A companhia ressalta que a atualização anunciada para 01/11/24 não se refere ao preço do GLP (gás de cozinha), envasado em botijões ou vendido a granel.
Valor - SP 17/10/2024
Gestora, que captou R$ 1,3 bi em fundo de infraestrutura, firma parceria com construtoras da Way Brasil para disputar leilões de estradas no Centro-Oeste
André Figueira, responsável pela área de infraestrutura da gestora Kinea — Foto: Rogerio Vieira/Valor
A Kinea, gestora do Itaú Unibanco, se prepara para disputar concessões de rodovias no Centro-Oeste do país, além de Parcerias Público-Privadas (PPPs) de escolas, segundo André Figueira, responsável pela área de private equity (que compra participações em empresas) em infraestrutura da casa.
A gestora firmou um acordo com as construtoras do consórcio Way Brasil para formar uma nova plataforma de rodovias e participar de licitações federais e estaduais. Há cerca de um mês e meio, quando fecharam um memorando de entendimentos, os parceiros já vêm estudando juntos os projetos do setor que deverão ser licitados em breve.
Hoje, as empresas de engenharia TCL, Bandeirantes, Senpar e Torc já operam concessões rodoviárias no Mato Grosso do Sul, em sociedade com a GLP - com quem formam o consórcio Way Brasil. Porém, os contratos vigentes não devem entrar na parceria com a Kinea, que será focada nos próximos leilões, nem a GLP fará parte do arranjo, diz Figueira.
A Kinea estuda o setor rodoviário há cerca de dois anos. O desafio foi encontrar um sócio, segundo ele. A gestora busca entrar como minoritária nos projetos, mas com controle compartilhado.
“O setor de rodovias evoluiu ao longo dos últimos anos, tem uma série de projetos que amadureceram e agora estão vindo a mercado. Tem um engarrafamento de projetos que serão leiloados nos próximos 24 meses. Nosso maior gargalo era achar o sócio correto. A gente nunca cria uma empresa do zero nem faz sozinho. Estamos há dois anos tentando achar um sócio”, diz Figueira.
O foco serão os leilões no Centro-Oeste do país, onde as empresas da Way já tem experiência. Os projetos em Minas Gerais também devem ser analisados, dado que as construtoras já operaram no passado uma concessão no Estado, a MGO, depois vendida.
Sobre a parceria, a Way afirmou, em nota, que estuda “vários projetos nesse vasto pipeline tanto no governo federal como nos estaduais, que juntos ultrapassam a casa de 30 projetos para os próximos 4 anos” e que “em parceria com fundo estratégico, o crescimento do grupo nos levará a fazer uma gestão de uma plataforma de ativos rodoviários”.
Outro segmento em que a Kinea pretende investir é o de infraestrutura social, em especial PPPs de escolas. Figueira diz que também há planos de formar uma plataforma voltada a projetos no segmento, que têm se multiplicado nos Estados. “Estamos vendo o setor com bons olhos.”
Segundo o Valor apurou, a Kinea fechou uma parceria com a Engeform para disputar os leilões de duas PPPs de escolas do governo paulista, marcados para o fim deste mês, que somam R$ 2 bilhões de investimentos. Sobre o tema, Figueira disse que não comenta. Procurada, a Engeform também não quis se manifestar.
Todos esses investimentos deverão ser feitos a partir de um fundo de investimentos em infraestrutura de R$ 1,3 bilhão, cuja captação foi concluída pela Kinea em julho deste ano. O fundo foi um dos selecionados pelo BNDES em 2022 para receber aportes - o banco de fomento entrou com 25% dos recursos do fundo, que também teve aplicações de investidores institucionais locais.
Nesse fundo, o objetivo é fazer investimentos com tíquete entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões em projetos de infraestrutura, porém, ele afirma que se alguma operação interessante exceder esse limite a gestora poderá fazer co-investimentos, trazendo recursos adicionais por fora do fundo, para compor o cheque.
Hoje, 35% do capital do fundo já foi alocado. O primeiro investimento foi em saneamento básico, na privatização da Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento), em consórcio com Aegea e Perfin - a Kinea tem cerca de 15% na sociedade. As empresas formaram um veículo para investir em projetos de água e esgoto no Sul do país, que também já conquistou uma PPP de esgoto no Paraná.
Além disso, em julho deste ano, a Kinea fez um investimento em geração distribuída de energia, com a compra de 40% da Mini Solares, em parceria com a Hy Brazil.
Exame - SP 17/10/2024
A participação do agronegócio brasileiro no Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 deve recuar de 24% para 21,8%, de acordo com projeção do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Segundo o estudo, a atividade econômica agropecuária registrou uma queda de 1,28% no segundo trimestre de 2024, acumulando uma retração de 3,5% no ano – a redução deve impactar diretamente a participação do setor no PIB brasileiro.
O resultado negativo do agronegócio é influenciado pelos menores preços, uma tendência observada desde 2023. Além disso, a redução na produção de importantes produtos, especialmente soja, milho e cana-de-açúcar, contribuiu para a queda no PIB do setor agrícola.
Os cálculos do Cepea/CNA mostram que o PIB do ramo agrícola teve uma queda de 1,22% no segundo trimestre, acumulando uma retração mais acentuada de 5,1% no ano.
Por outro lado, o PIB do ramo pecuário também registrou queda no trimestre (-1,2%), mas ainda apresenta um crescimento de 0,5% em 2024 – o avanço no setor pecuário se deve, sobretudo, ao desempenho positivo dos segmentos agroindustrial e de agrosserviços.
Em 2024, os segmentos agroindustrial e de agrosserviços tiveram aumentos de 5,29% e 3,78%, respectivamente, sustentando o crescimento parcial do ramo pecuário e compensando parte das perdas observadas na agricultura.