IstoÉ Dinheiro - SP 21/10/2024
As importações de aço em setembro de 2024 somaram 658 mil toneladas, o que representa uma alta de 19,8% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A compra do aço estrangeiro totalizou US$ 564 milhões, uma queda anual de 0,1% em relação a setembro de 2023, informou o Instituto Aço Brasil, entidade representativa das empresas brasileiras produtoras de aço.
Já as exportações de aço em setembro somaram 704 mil toneladas, um recuo de 15,5% sobre o mesmo mês de 2023, totalizando US$ 577 milhões, queda de 12,8% no comparativo anual.
Produção
A produção nacional de aço bruto em setembro de 2024 somou 2,8 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 9,9% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Em igual período, as vendas internas cresceram 14,0% frente ao apurado em setembro de 2023, totalizando 1,9 milhão de
toneladas.
A produção de laminados em setembro foi de 2,0 milhões de toneladas, alta de 10,9% ante o mesmo período de 2023. No mesmo intervalo, a produção de semiacabados para vendas somou 794 mil toneladas, uma alta de 17,6% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2023.
O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2,4 milhões de toneladas, alta de 9,1% na comparação anual.
Acumulado
O Brasil produziu 25,2 milhões de toneladas de aço nos nove primeiros meses de 2024, um aumento de 4,4% em relação ao mesmo período de 2023. Já a produção de laminados somou 17,7 milhões de toneladas, representando um avanço de 7,0% sobre o mesmo período no ano passado. O total de semiacabados foi de 6,7 milhões de toneladas, queda anual de 5,8% na comparação anual.
As vendas internas no acumulado de 2024 somaram 15,9 milhões de toneladas de janeiro a setembro de 2024, o que representa um crescimento de 7,4% quando comparadas com igual período no ano anterior. O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos foi de 19,6 milhões no acumulado do ano, avanço de 8,4% frente ao registrado no mesmo período do ano anterior.
As importações alcançaram 4,6 milhões de toneladas no acumulado até setembro de 2024, um aumento de 24,0% frente ao mesmo período no ano anterior. Os valores de importação atingiram US$ 4,5 bilhões, alta de 0,6% em igual intervalo.
As exportações acumuladas somaram 7,7 milhões de toneladas, redução de 13,1 na comparação com igual período de 2023. Os ganhos com as vendas para o mercado externo totalizaram US$ 6,1 bilhões, queda de 20,1% no período.
Confiança dos CEOs
O Indicador de Confiança da Indústria do Aço (ICIA) apresentou um crescimento de 1,6 ponto em relação ao mês anterior, alcançando 63,8 pontos em outubro de 2024. Esse crescimento marca o quarto aumento consecutivo do ICIA, refletindo um aumento na confiança dos CEOs da indústria do aço.
Com esse resultado, o indicador agora está 10,6 pontos acima da média histórica, que é de 53,2 pontos. É importante notar que valores acima de 50 pontos indicam confiança, enquanto valores abaixo dessa marca indicam o oposto. Todos os componentes do ICIA apresentaram crescimento, com a maioria superando a marca de 60 pontos, o que reforça a percepção de confiança entre os CEOs da indústria.
Em detalhe, o indicador que avalia a confiança na situação atual teve um aumento de 3,7 pontos em outubro, chegando a 65,5 pontos. O indicador que se refere à situação atual da economia brasileira teve um leve aumento de 0,6 ponto, alcançando 60,7 pontos. Já o indicador que mede a percepção sobre a situação atual da própria empresa registrou um aumento mais significativo de 5,3 pontos, atingindo 67,9 pontos.
Quanto às expectativas para os próximos seis meses, houve um aumento de 0,6 ponto em relação ao mês anterior, com o índice alcançando 63,0 pontos em outubro. O indicador de expectativas sobre a economia brasileira cresceu 1,6 ponto, chegando a 57,3 pontos. Por fim, o indicador que mede as expectativas sobre a própria empresa teve um aumento modesto de 0,1 ponto, atingindo 65,8 pontos.
Portal Fator Brasil - RJ 21/10/2024
Às vésperas do Dia da Inovação (19 de outubro), a ArcelorMittal atinge um novo patamar em sua trajetória de inovação aberta. Após anos de construção e evolução contínua, a empresa, que já figurava no top 2, conquistou pela primeira vez o 1º lugar na categoria geral do Ranking TOP 100 Open Corps, além de manter sua liderança no segmento “Mineração e Metais”. A premiação, que reconhece o compromisso da ArcelorMittal com o ecossistema de inovação e startups, aconteceu no dia 17 de outubro (quinta-feira), no Rio de Janeiro.
O TOP 100 Open Corps destaca as corporações líderes em inovação aberta. A premiação também abrange o Ranking TOP 100 Open Startups, que aponta as startups mais atraentes para o mercado corporativo, além de outras categorias. Neste ano, o prêmio teve um número recorde de 7.500 empresas inscritas.
Hubs de inovação — O Ranking TOP 100 Open Corps reconhece as iniciativas da ArcelorMittal no ecossistema de inovação, uma das principais bases de sua estratégia de negócios e prioridade para assegurar o crescimento sustentável nos próximos anos. A empresa foi a primeira do setor no mundo a criar um laboratório de inovação aberta, o Açolab. O hub, lançado em 2018, já realizou mais de 25 mil conexões com mais de dez mil startups.
Por meio de uma abordagem de cocriação com a utilização de conceitos e metodologias ágeis e o estímulo ao DNA inovador das pessoas, o Açolab já apoiou e estruturou o desenvolvimento de novos produtos, processos, serviços e modelos de negócio para a companhia.
Um dos desdobramentos do lab é o Açolab Ventures, fundo de Corporate Venture Capital, de R$ 110 milhões destinados a startups, para propor soluções em áreas estratégicas. Idealizado em 2021, ele já realizou aportes de R$ 40 milhões, sendo R$ 35 milhões em seis startups de diferentes segmentos, e R$ 5 milhões em dispêndios com governança.
Outra iniciativa relevante na área é o iNO.VC, o Programa de Transformação Digital, com a premissa de acelerar a transformação digital da empresa por meio da integração de empregados, startups, universidades, hubs de inovação e outros parceiros. Em pouco mais de cinco anos de existência, o laboratório teve mais de 370 projetos cadastrados em seu portfólio — a exemplo do primeiro protótipo de micro-ônibus autônomo da América Latina —, com 30% de taxa de conversão. Os ganhos acumulados ultrapassam os US$ 80 milhões.
A inovação também é impulsionada por meio da ArcelorMittal Sistemas, empresa de tecnologia do grupo. A produtora de aço desenvolve soluções de TI para todas as unidades do grupo no Brasil e em outros países, com foco em investimentos estratégicos para fomentar a transformação digital e promover mudanças disruptivas no modelo de negócio. Seu portfólio de serviços inclui cibersecurity, soluções em nuvem, plataformas SAP e implementação de projetos – entre eles, o Centro de Excelência em Analytics, de pesquisas práticas em inteligência artificial, robótica e automação de processos.
Pesquisa e desenvolvimento — O Grupo ArcelorMittal ainda mantém 14 unidades do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) espalhados pelo mundo. Mais de 1.700 pesquisadores fomentam parcerias inovadoras com a iniciativa privada e os poderes públicos locais. O Centro de P&D da ArcelorMittal no país, localizado na unidade de Tubarão (ES), atende às demandas do negócio em três temas de desenvolvimento: produtos, processos e aplicações. As pesquisas são dedicadas ao desenvolvimento de processos mais eficazes e à ampliação do atendimento a clientes e à assistência técnica, com o fim de promover o avanço de novas aplicações para diversos setores, dentre eles: automotivo, máquinas e equipamentos, energia, construção e eletrodomésticos.
O Centro de Inovação ArcelorMittal para a Indústria (CIAMI) — convênio de cooperação tecnológica entre a ArcelorMittal, Fiemg Senai, localizado Belo Horizonte, conecta-se também com toda a rede de institutos de pesquisa do Senai no Brasil e parceiros no exterior para projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Investing - SP 21/10/2024
O Gecex (Comitê Executivo de Gestão) da Camex (Câmara de Comércio Exterior) decidiu nesta 5ª feira (17.out.2024) aumentar o imposto de importação de 11 produtos de ferro e aço para 25%. O colegiado é vinculado ao Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
A medida atende a pedido do Sicetel (Sindicato Nacional das Indústrias de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos). Outros produtos também serão variação no imposto de importação:
cabos e fibras óticas – de 11,2% e 9,6%, respectivamente, para 35% de imposto de importação durante 6 meses; motores elétricos para liquidificadores e processadores de alimentos – redução de 18% para 0%;fios de poliéster usados em tecidos técnicos, pneus, grelhas, lonas, laminados de PVC e linha de costura – queda de 18% para 0%.
ANTIDUMPING
De acordo com a decisão do colegiado, as folhas metálicas que vierem da China terão uma sobretaxa de US$ 257,97 a US$ 341,28. A medida faz parte do antidumping provisório aplicado pelo governo para contemplar a indústria nacional.
Outros produtos importados também passarão a ter uma sobretaxa provisória:
nebulizadores da China – de US$ 0,83 a US$ 2,62 por unidade importada; pigmentos de dióxido de titânio chineses – de US$ 577,33 a US$ 1.772,69 por tonelada importada; efibras de poliéster da China, Índia, Vietnã, Malásia e Tailândia – de US$ 68,32 a US$397,04 por tonelada importada.
Já o antidumping definitivo será aplicado sobre a importação de luvas não-cirúrgicas da China, da Malásia e da Tailândia. As sobretaxas vã0 de US$ 1,86 a US$ 33,52 por mil unidades importadas.
O Estado de S.Paulo - SP 21/10/2024
Muitas pessoas se perguntam por que as importações brasileiras estão crescendo, mesmo com o dólar no patamar atual. Sem dúvida, o câmbio alto é um fator restritivo, mas não impeditivo para o crescimento das compras no exterior. Diferentemente de 2023, quando a balança comercial brasileira teve o segundo maior superávit desde 1987, neste ano as compras além fronteiras cresceram bastante, com alguns setores da economia se destacando.
No primeiro semestre, houve um crescimento de 38% nas importações de automóveis. Somente de veículos elétricos, nos sete primeiros meses do ano as importações atingiram a marca de US$ 1 bilhão, aumento de 931% ante o mesmo período de 2023. Houve também aumento das importações de pneus, de aço e de soja.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), em agosto o superávit comercial brasileiro teve uma queda de 51% em relação a agosto de 2023. No acumulado de janeiro até segunda semana de outubro, em comparação ao mesmo período do ano passado, as exportações caíram 0,6%, somando US$ 268 bilhões, enquanto as importações saltaram 7,2%, totalizando US$ 206,49 bilhões. Assim, o superávit ficou em US$ 61,5 bilhões, uma queda de 20% e bem abaixo das expectativas do mercado.
Segundo a Câmara de Comércio Exterior (Comex), as projeções apontam para um superávit entre US$ 77 bilhões e US$ 86,5 bilhões neste ano.
Alguns fatores podem explicar o crescimento das importações mesmo com câmbio desfavorável, tais como demanda inelástica de produtos específicos, contratos de importação de longo prazo e diversificação de mercados, mas, neste momento, a recuperação econômica se mostra como a principal causa.
A utilização da capacidade instalada na indústria atingiu a 83,4%, superior à média dos últimos 11 anos que era de 79,7%. Os investimentos no setor estão crescendo, particularmente em automóveis, alimentos e siderurgia. As compras de bens de capital aumentaram em 18% nos oito primeiros meses do ano.
O alto uso da capacidade instalada coloca a indústria próxima do seu limite produtivo, o que pode gerar pressão inflacionária, gargalos produtivos, dificuldades de expansão e impacto na competitividade. Para que isso não ocorra, deve haver planejamento e ação conjunta do governo, BNDES e empresários para a realização de novos investimentos, melhorias na infraestrutura e logística, apoio à inovação, qualificação da mão de obra e fortalecimento da competitividade industrial.
Globo Online - RJ 21/10/2024
O desempenho da economia chinesa, que avançou 4,6% no trimestre encerrado em setembro na comparação interanual, o resultado mais fraco em um ano e meio, já apresenta forte reflexo nos preços das commodities, que estão em uma curva de queda. O governo chinês aprovou, recentemente, um pacote estímulos, mas até aqui a resposta tem sido fraca. Para o Brasil o efeito pode ser visto nas exportações para o gigante asiático que, em setembro, caíram 20,7%, mostrou o Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta sexta-feira, pelo FGV Ibre. Houve queda no preço e retração no volume das exportações de commodities brasileiras em setembro. No ano, no entanto, o balanço ainda é positivo. A economista Lia Valls, pesquisadora associada do FGV Ibre e professora da Uerj, explica que essa perda tem sido compensada em parte por um melhor desempenho das não commodities. E explica:
- O início do ano é crucial, pois a grande contribuição da China com a soja se dá nesse período. Depois se o pacote fiscal não tiver resultado as exportações podem desacelerar. No entanto, não imagino em princípio uma queda que comprometa o superávit comercial, mas poderá novamente ser menor. Fora isso tem sempre elementos surpresas. Trump ganhando e colocando em prática o aumento das tarifas de importações 10% para todos e 60% para a China vai ser um choque para o comércio mundial - diz Lia.
Para este ano, o superávit da balança comercial, avalia a economista, já está dado. No entanto, não se aproximará do superávit alcançado em 2023, que foi de R$ 98,83 bilhões, a maior desde 1989. A projeção da Secretaria de Comércio Exterior para a balança comercial de 2024 é de US$ 70,4 bilhões. A do Ibre, diz Lia, é de US$ 79,8 bilhões. Em setembro, o superávit foi de US$ 5,4 bilhões, pouco mais da metade do registrado em igual período de 2023, quando foi de US$ 9,2 bilhões.
O Estado de S.Paulo - SP 21/10/2024
A economia chinesa continuou a crescer em um ritmo fraco durante o verão (do hemisfério norte), de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira, 18, ressaltando a urgência das recentes tentativas do governo de impulsionar a economia.
A construção desacelerou por conta do colapso do mercado imobiliário. Milhões de jovens recém-formados não conseguiram encontrar trabalho. Muitos governos locais ficaram sem dinheiro para construir estradas ou até mesmo para pagar os salários de professores e outros funcionários.
Sobre tudo isso, paira a queda dos preços em toda a economia chinesa, de apartamentos a carros e refeições em restaurantes. A queda generalizada dos preços, um fenômeno chamado deflação, torna difícil para as empresas e famílias ganharem o suficiente para pagar suas hipotecas e outras dívidas.
A economia da China cresceu 0,9% de julho a setembro em relação aos três meses anteriores, informou o Escritório Nacional de Estatísticas da China. Quando projetada para o ano inteiro, a economia cresceu a uma taxa anual de cerca de 3,6% no terceiro trimestre.
O crescimento refletiu, em parte, uma revisão oficial nesta sexta-feira, mostrando que o segundo trimestre foi ainda mais fraco do que o anunciado anteriormente. O crescimento entre abril e julho foi em um ritmo anual de 2%, e não de 2,8%, como havia sido informado.
A China anunciou uma série de medidas desde 24 de setembro para lidar com os problemas persistentes que ficaram claros nos números divulgados nesta sexta-feira. O Banco Central do país reduziu as taxas de juros e os pagamentos mínimos de entrada para hipotecas. O Ministério das Finanças prometeu a venda de mais títulos para arrecadar dinheiro para que os governos locais paguem os salários municipais e comprem apartamentos vagos, que seriam convertidos em moradias econômicas.
“O momento do estímulo mostra que o governo percebe a deterioração da economia”, disse Louise Liu Qian, fundadora e CEO da Wusawa Advisory, uma empresa de consultoria geopolítica e de negócios de Pequim.
Inicialmente, os investidores reagiram ao anúncio dos dados econômicos com um encolher de ombros, mas os preços das ações na China subiram mais tarde, quando o presidente do BC divulgou detalhes de um programa para expandir os empréstimos para a compra de ações.
Vendas escassas
Os lojistas reclamam das vendas fracas, mesmo quando cortam os preços de forma tão acentuada que ficam com pouco ou nenhum lucro.
“Não temos transações agora”, disse Yu Xingjun, um vendedor de papel de parede em Zibo, no centro-leste da China, enquanto estava sentado em sua loja vazia em um dia de semana recente. “Com a falência do setor imobiliário, tudo o mais veio em seguida.”
Depois de trabalhar no ramo de decoração de casas por mais de uma década, Yu viu a maior parte de suas vendas evaporar nos últimos anos. “Houve uma época em que não receber pedidos era algo impensável, mas agora faz muito tempo que não recebo um pedido”, disse.
Mas o departamento de estatísticas anunciou que as vendas gerais no varejo aumentaram 3,2% em setembro em relação ao ano anterior, em comparação com um ganho de apenas 2,1% em agosto. Um dos componentes desses dados, as vendas de eletrodomésticos e eletrônicos, aumentaram 20,5% no mês passado em relação ao ano anterior, depois que o governo aumentou drasticamente os subsídios para trocas durante o verão.
A desaceleração do crescimento foi menos aparente na estatística preferida do governo chinês: a mudança no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Por essa medida, a economia foi 4,6% maior do que no ano anterior, abaixo dos 4,7% registrados no segundo trimestre.
O problema da deflação
A queda dos preços é um problema para a China não apenas em seu país, mas cada vez mais em seu comércio exterior. A deflação está começando a afetar o que foi a única força econômica remanescente da China este ano: as exportações.
Em setembro, o valor total das exportações da China estava crescendo apenas 2,4% em relação ao ano anterior, já que o volume cada vez maior de remessas era compensado principalmente pelo fato de as empresas chinesas receberem menos dinheiro por cada carga.
O resultado é, de certa forma, o pior resultado para a China. A quantidade física crescente de exportações do país e a participação cada vez maior nos mercados estrangeiros provocaram uma reação negativa em muitos países, o que levou à imposição de tarifas.
As autoridades chinesas afirmam que agora estão prontas para buscar a resposta que muitos economistas estrangeiros e chineses vêm recomendando há meses: fortalecer a economia doméstica. O Ministro das Finanças, Lan Fo’an, disse no sábado que a agência em breve “lançará um pacote de medidas políticas incrementais direcionadas em um futuro próximo para estabilizar o crescimento, expandir a demanda interna e mitigar os riscos”.
O ponto central dessa tarefa é estabilizar o setor de construção e outros setores relacionados a imóveis que, juntos, representavam um quarto da economia antes do início do colapso imobiliário, há três anos. O investimento imobiliário caiu 10,1% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior, informou o National Bureau of Statistics nesta sexta-feira.
A metragem quadrada total de edifícios onde a construção foi iniciada caiu 66% nos primeiros nove meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2019, antes da pandemia. Os dados sobre os chamados inícios de construção são importantes porque indicam o volume de atividade que ocorrerá nos próximos anos.
Xangai registrou mais apartamentos existentes mudando de mãos em 13 de outubro do que em qualquer outro dia desde setembro de 2023, de acordo com a mídia estatal. Mas, mesmo em Xangai, os compradores estão cautelosos após três anos de preços estáveis ou em queda.
“O apelo de investimento desapareceu, e comprar uma casa é essencialmente para necessidades práticas agora”, disse Cao Longquan, um agente imobiliário de Xangai. “Embora as visitas a apartamentos tenham aumentado, os compradores continuam relativamente cautelosos.”
Muitos analistas alertaram que os problemas econômicos da China se parecem muito com a luta do Japão há uma geração, com o aumento da dívida e a desaceleração do crescimento. Mas alguns acreditam que as medidas de estímulo do governo podem reduzir as chances de piora do cenário.
“A China está no meio de uma espiral de dívida-deflação, mas a mais recente reviravolta na política econômica de Pequim ajudará muito a evitar que a China repita a experiência do Japão durante a década de 1990", disse Diana Choyleva, economista-chefe da Enodo Economics, uma empresa de pesquisa de Londres focada na China.
O Estado de S.Paulo - SP 21/10/2024
O pessimismo anda excessivo. Em alguns momentos, se chegou a projetar um crescimento da Selic de até 13,5%, elevadíssimo frente a uma inflação que anda na faixa de 4,5%. No dia 11 passado, a NTN longa (B 60) chegou a um juro de 6,5%!
Ao contrário do que esses números sugerem, nossa economia não está à beira do colapso. Embora a questão fiscal esteja muito ruim e poderá caminhar para algo insustentável no futuro, parece-me evidente que há um certo exagero no ar.
Do meu ponto de vista, o fim do mundo, embora possível, está longe de ser o mais provável. Isso porque um quadro de desarranjo crescente leva necessariamente a uma pressão no prêmio de risco, que se transforma numa desvalorização cambial e numa inflação consolidada e significativamente mais elevada, algo que ainda não ocorreu.
Não ocorreu e creio que não ocorrerá pela entrada em campo, nesta altura, de um novo ator: o distinto público. A sociedade brasileira não tolera mais inflação elevada, depois de conhecer os benefícios da previsibilidade. A experiência da derrocada do governo Dilma já deveria ter ensinado essa lição. E isso é tão mais verdade quanto mais fraco é o governo, especialmente chamuscado que foi nas recentes eleições.
Assim como o Executivo já aceitou a inevitabilidade da elevação da taxa de juros, vai acabar aceitando que o expansionismo terá que encontrar limites, fazendo com que o impulso fiscal, que já está sendo reduzido neste segundo semestre, tenha que ser reforçado por cortes de gastos nos próximos meses.
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Estima-se que existam hoje 90 milhões de residências vazias na China, especialmente concentradas em cidades menores, muitas das quais estão assistindo a uma redução da população. Trinta milhões desse total são imóveis que nunca foram vendidos. Dos vendidos, 20 milhões das unidades estão inacabadas. Nas 90 milhões de residências disponíveis cabe toda a população brasileira.
Nem a China consegue digerir isso facilmente, e a fraqueza do mercado de construção é uma das principais causas da desaceleração que vem afetando o país. Mas o maior peso vem da arrebatadora tendência de envelhecimento e queda absoluta da população, que se iniciou em 2022. O World Population Prospect 2024 menciona que, de hoje até 2054, haverá no país uma redução de 204 milhões de pessoas!!
Não há como compensar isto. O país vai desacelerar mesmo.
O Estado de S.Paulo - SP 21/10/2024
Os EUA são o maior mercado de exportação de bens industriais, segundo maior parceiro comercial e principal investidor estrangeiro no Brasil. Em 2023, as exportações brasileiras para o mercado americano atingiram US$ 38 bilhões e o estoque de investimentos dos EUA no País alcançou US$ 124 bilhões. A pujança dessa relação, no entanto, ainda não está refletida nos tratados bilaterais. De fato, há uma extensa agenda perdida de acordos que poderiam ampliar a movimentação de bens, serviços, direitos, capitais e pessoas entre as duas economias.
Os três principais são o acordo de livre comércio, o acordo de promoção e proteção de investimentos, e o acordo para evitar a dupla tributação. O primeiro saiu da pauta em 2005, com o colapso das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O segundo é visto pelos Poderes Legislativo e Judiciário brasileiros como desnecessário, já que a Constituição federal assegura ao investidor estrangeiro o mesmo acesso à Justiça concedido ao investidor nacional. Por fim, o terceiro é defendido pelos dois setores privados há mais de 50 anos, mas sofre oposição da autoridade tributária brasileira por igual período.
Diante da interdição das negociações sobre esses tratados, Brasil e EUA adotaram, nas últimas duas décadas, uma tática amparada em dois pilares. De um lado, negociar acordos pontuais sobre temas acessórios: concessão de patentes, cooperação e programas aduaneiros, previdência social, reconhecimento mútuo de bebidas, transporte aéreo e marítimo, e vistos. De outro lado, assinar dezenas de memorandos de entendimento em diversas áreas de políticas públicas, mas sem compromissos legalmente vinculantes, apenas para dar “recheio político” à relação bilateral.
Essa estratégia possui duas limitações: seu impacto econômico é pequeno, dado o caráter pontual dos acordos; e sua execução dissipa a atenção dos governos, cuja burocracia fica ocupada em dezenas de reuniões técnicas com impacto limitado para a integração econômica.
Além disso, nesses 20 anos, o Brasil perdeu oportunidades significativas. A principal foi a Alca, que poderia ter aberto o mercado de todos os países das Américas, à exceção de Cuba, para as exportações e os investimentos brasileiros. Outro exemplo, menor, mas relevante, foi o País ter abandonado um projeto trilateral com os EUA e o Haiti para promover comércio e investimentos entre si, com foco no setor têxtil e de vestuário.
Houve, contudo, um breve período, em 2019 e 2020, no qual o Brasil optou por uma estratégia mais arrojada, que resultou em dois acordos relevantes – um para abrir ao País a possibilidade de prover serviços para a indústria espacial que utiliza tecnologia americana; e outro para criar regras bilaterais sobre facilitação de comércio, boas práticas regulatórias e anticorrupção. Esse segundo acordo, denominado protocolo comercial, é inovador porque permite que os dois governos “fatiem” um acordo de livre comércio tradicional em negociações menores, mais fáceis de serem concluídas e para as quais o Brasil não precisa do Mercosul.
Vale mencionar, também, que os EUA reconheceram em 2019, de modo formal, o País como aliado extra-Otan, condição que nos coloca mais próximos do imenso mercado americano de compras públicas de defesa e segurança.
Diante desse histórico de sucesso parcial e oportunidades perdidas, há três possibilidades abertas para o futuro, que são complementares.
A primeira é o Brasil propor aos EUA a negociação de algum dos três grandes tratados econômicos. O candidato óbvio é o acordo para evitar a dupla tributação, que tem amplo apoio do setor privado dos dois países.
A segunda é o País continuar a explorar o pilar de acordos pontuais, mas com foco em temas em que o ganho econômico seja maior. Há pelo menos três áreas: o acesso recíproco às compras públicas no setor de defesa e segurança, a qualificação do Brasil como fornecedor dos chamados “minerais críticos” para os EUA, e a eliminação – total e permanente – do uso de vistos de negócio e de turismo entre ambos, inclusive com a implementação completa do programa de entrada facilitada nos aeroportos, denominado Global Entry.
A terceira é seguir o processo de construção de um acordo de livre comércio por meio de “fatias” menores, expandindo o protocolo comercial existente. Os novos temas poderiam incluir barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias, e economia digital, todos de interesse mútuo.
Para recuperar a agenda perdida, é preciso que os dois governos atribuam prioridade política à relação bilateral econômica e, sobretudo, sigam os interesses de seus setores privados, ávidos por mais dinamismo, comércio, investimentos e geração de renda e emprego. Há muito a ser feito, e uma nova administração americana, a partir de 2025, cria uma janela de oportunidade para tirar essa agenda do papel.
Globo Online - RJ 21/10/2024
Ao fazer uma leitura da economia brasileira durante a sabatina que precedeu sua aprovação no Senado para a presidência do Banco Central (BC), há duas semanas, Gabriel Galípolo afirmou que o país vive um dos melhores momentos quando se trata de mercado de trabalho e inflação desde o Plano Real.
De fato, os números mostram taxa de desemprego em um dos menores níveis históricos e IPCA dentro do intervalo de tolerância da meta, mas isso não significa que o atual diretor de Política Monetária do BC não terá de liderar aumentos da taxa básica de juros (Selic) quando assumir, a partir de janeiro, a cadeira de Roberto Campos Neto, concordam economistas ouvidos pelo GLOBO.
A taxa de desemprego ficou em 6,6% no trimestre encerrado em agosto, boa notícia para os trabalhadores, que inclusive têm conseguido reajustes acima da inflação. Mas o aumento da renda para o consumo não virou gasolina nos preços, como geralmente temem os economistas.
O IPCA acumula alta de 4,2% em 12 meses até agosto, longe da meta de 3,0%, mas dentro do intervalo de tolerância (de 1,5% a 4,5%) e num patamar baixo para os padrões do país. As séries históricas confirmam que, pelo menos desde 2000, não houve nenhum outro momento de aproximação com uma taxa de inflação tão “baixa” para os padrões brasileiros.
O momento em que estiveram mais próximos, com a inflação dentro da meta, foi em dezembro de 2014, com também 6,6% de desemprego. A inflação bateu 6,41%, mas ainda abaixo do limite superior de tolerância, que era de 6,5%.
O levantamento do GLOBO considera tanto a pesquisa do IBGE que mede atualmente o desemprego (Pnad) quanto a anterior (PME), com ajustes do economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira.
Compromisso com a meta
Apesar da menção ao bom momento econômico, Galípolo disse aos senadores que o BC tem de “ficar de olho” na inflação e reforçou o compromisso com a meta de 3%, considerando o intervalo de tolerância para acomodar choques.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em setembro, o BC elevou a Selic de 10,5% para 10,75% ao ano. No comunicado, considerou a economia sobreaquecida. A projeção do colegiado para o IPCA no horizonte relevante (primeiro trimestre de 2026) foi de 3,5%, acima da meta.
Para economistas, provavelmente Galípolo terá de conduzir novos reajustes na taxa de juros — por mais que isso desagrade ao presidente Lula —, apesar de inflação e desemprego baixos. Eles avaliam que essa combinação incomum pode ter sido favorecida por mudanças provocadas na economia pela pandemia, pela Reforma Trabalhista e pela redução estrutural da meta de inflação, mas, para seguir favorável, é necessário que o BC mantenha o cuidado na condução dos juros para não deixar os preços subirem.
— Há cinco anos, ninguém imaginaria que teríamos desemprego abaixo de 8% e inflação ao redor de 4%. É um nível que realmente chama atenção — diz Andrea Damico, fundadora da Buysidebrazil, que vê cenário semelhante em outros países com a dinâmica de emprego mais flexível após a pandemia, mas não descarta que o impacto inflacionário da renda em alta esteja mais lento que o esperado.
O economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio de Souza Leal, cita a redução da meta de inflação como um fator que ajuda a manter os preços em níveis comportados. Desde 2018, o alvo inflacionário do BC caiu de 4,5% para 3,0%.
Selic em alta até 12,5%
Cristiano Oliveira, do Banco Pine, avalia que, para a manutenção no longo prazo do cenário favorável de emprego e baixa inflação desenhado por Galípolo, é necessário que o BC esteja agindo agora, no que ele classifica de momento certo para a política monetária evitar que a economia cresça muito acima de seu potencial, com a demanda avançando mais que a oferta.
Por isso a equipe dele no Pine prevê que a Selic ainda suba até 12,5% no início de 2025 para só então voltar a cair e terminar o ano em 11%. Isso possibilitaria acomodar inflação e desemprego em, respectivamente, 3,7% e 7,2%, calcula o banco.
Para o economista-chefe da Quantitas Asset, Ivo Chermont, o BC terá de manter o ciclo de alta dos juros ao menos até março, quando prevê 12,5%. Ele concorda que a inflação “está longe de estar descontrolada”, mas tampouco está em um dos melhores momentos das últimas décadas como disse Galípolo. Chermont argumenta que os números absolutos conduzem a erros e que é necessário avaliá-los à luz da meta de inflação.
— Estamos crescendo um tiquinho acima do potencial e isso já está causando um desvio da meta maior do que nos últimos 15 anos. O hiato (diferença entre demanda e oferta) deveria estar mais aberto para justificar uma inflação tão acima da meta.
O economista, porém, pondera que qualidade importa. Na comparação com o período de 2010 a 2014, quando inflação e desemprego também estavam próximos e em níveis confortáveis, ele diz que o crescimento atual da economia é mais saudável. Naquela época, havia um nível muito alto de estímulos fiscais e parafiscais, como crédito direcionado. O risco é o governo enveredar pelo mesmo caminho, que no passado gerou inflação e recessão.
— Hoje, o estímulo fiscal é muito grande, mas o parafiscal, embora esteja mostrando suas garras, ainda é pequeno.
O Estado de S.Paulo - SP 21/10/2024
Para quase tudo na vida existe um lado mau, uma espécie de efeito colateral que torna as decisões mais graves e ponderadas. Muitas vezes, esses dilemas se apresentam na forma de escolhas intertemporais. Não por acaso, os economistas também se metem nesses assuntos (ver, por exemplo, Intertemporal Choice, de Daniel Read, LSE). O raciocínio é direto: diante de uma escolha entre efeitos antagônicos que se espalham no tempo, o agente econômico ponderará o valor presente do benefício e do dano, optando pelo que for mais vantajoso.
Benefícios ou danos longínquos são miniaturizados pela taxa de desconto que é arbitrariamente atribuída por quem deve tomar a decisão. Posso escolher pudim como sobremesa porque reputo o dano do excesso de peso, a ser materializado em um futuro distante, menor que o gozo imediato para minhas papilas. Da mesma forma, um empresário ou um político ponderará custos e vantagens em cada uma de suas decisões.
Até agora, essa angústia na hora de fazer escolhas não atinge o Banco Central (Bacen). Ao contrário do que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, a autoridade monetária brasileira não tem um duplo mandato. Aqui, sua missão na vida terrena é apenas manter o IPCA dentro dos limites determinados pelo Conselho Monetário Nacional. Dentro dos parâmetros conceituais hoje adotados, a única ferramenta para refrear a inflação é a manipulação litúrgica da taxa Selic.
A escolha não é difícil. Juros muito baixos podem ser vistos como atitude populista e tingir a reputação do presidente do Bacen. Juros que escorcham podem provocar desemprego, mas não há efeito colateral para a autoridade monetária. “Opa, foi mal” é o máximo que poderá dizer. As regras do jogo, portanto, favorecem o erro para cima, até porque o benefício imaterial de ser visto como intransigente com a inflação é grande.
Com a indicação de Gabriel Galípolo para o Bacen os termos dessa equação mudam. É quase certo que o presidente Lula tenha sabatinado o candidato à exaustão antes de indicar seu nome ao Senado. Espera juros mais baixos, mesmo com a inflação superando o teto da meta. Quer ir para o céu sem precisar morrer (ele também tem suas exigências).
O mercado financeiro, no outro canto do ringue, está pronto para ter um faniquito se algo mudar na condução da política monetária. Está colocado o dilema. Para todos os efeitos práticos, é como se tivéssemos agora um duplo mandato, o que obrigará o Bacen a escolhas muito mais difíceis. Ninguém pode servir a dois senhores, diz um preceito bíblico (Mateus 6, 24). Mas a tentativa de contentar todos é inescapável. Acabou a vida fácil do Banco Central.
IstoÉ Dinheiro - SP 21/10/2024
A balança comercial brasileira deve fechar o ano de 2024 com um superávit de US$ 79,8 bilhões, segundo relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta sexta-feira, 18, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
“A projeção da Secretaria de Comércio Exterior para a balança comercial de 2024 é de US$ 70,4 bilhões. A projeção do modelo Ibre é de US$ 79,8 bilhões. O resultado de outubro sinalizará qual será o resultado mais provável”, apontou a FGV.
Em setembro, a balança comercial registrou um superávit de US$ 5,4 bilhões, ante um resultado de US$ 9,2 bilhões em setembro de 2023. Segundo a FGV, os destaques no mês foram o aumento das exportações para os principais parceiros comerciais e o desempenho da indústria de transformação.
“Aumento das exportações da indústria de transformação em parte associado às vendas do setor automotivo para a Argentina e a melhora do desempenho para o mercado dos Estados Unidos. As importações continuam sua trajetória de aumento, lideradas pela indústria extrativa no mês de setembro com maiores volumes de compra de petróleo e derivados”, resumiu o relatório do Icomex.
Em setembro de 2024 ante setembro de 2023, o volume exportado cresceu 4,6%, enquanto o volume importado aumentou 22,9%. No acumulado do ano, de janeiro a setembro de 2024 ante igual período de 2023, o volume exportado avançou 4,4%, e o volume importado teve uma elevação de 14,9%.
“O aumento das importações tem sido acompanhado pelo crescimento nas importações de bens de capital, o que é um sinal positivo, pois sinaliza aumento de investimentos. Entre os meses de setembro de 2023 e 2024, essa variação foi de +35,6%”, ressaltou a FGV.
Parceiros comerciais
Quanto aos principais parceiros comerciais do Brasil, o volume exportado para a Argentina cresceu 34,1% em setembro deste ano ante setembro do ano passado. As remessas brasileiras para a China caíram 9,7%, mas avançaram 8,9% para os Estados Unidos.
O Estado de S.Paulo - SP 21/10/2024
Poucas visões capturaram melhor a engenhosidade mundial dos Estados Unidos. No dia 13 de outubro, um foguete de propulsão gigante construído pela SpaceX foi lançado até a borda da atmosfera antes de mergulhar de volta à Terra e ser cuidadosamente capturado pela torre de pórtico da qual, apenas alguns minutos antes, havia decolado. Graças a essa maravilha da engenharia, os grandes foguetes puderam se tornar reutilizáveis e a exploração espacial, mais barata e mais ousada. No entanto, assim como o lançamento foi um testemunho do empreendedorismo americano, Elon Musk, fundador da SpaceX, captou tudo o que está errado em sua política. Em seu apoio a Donald Trump, Musk espalhou informações incorretas sobre fraudes eleitorais e alívio de furacões e ridicularizou seus oponentes como idiotas mal-intencionados.
Os Estados Unidos também continuam a apresentar um desempenho econômico excepcional, mesmo quando sua política se torna mais venenosa. Enquanto se preparam para ir às urnas em menos de 20 dias, republicanos e democratas nunca tiveram tanta desconfiança ou discordância entre si. Nesse cenário sombrio, será que a economia de tirar o fôlego dos Estados Unidos conseguirá se manter no ar?
Nas últimas três décadas, os Estados Unidos deixaram o resto do mundo rico para trás. Em 1990, representava cerca de dois quintos do PIB do G7. Hoje, representa a metade. A produção por pessoa é atualmente cerca de 30% maior do que na Europa Ocidental e no Canadá, e 60% maior do que no Japão - diferenças que praticamente dobraram desde 1990.
O Mississippi pode ser o Estado mais pobre dos Estados Unidos, mas seus moradores trabalhadores ganham, em média, mais do que britânicos, canadenses ou alemães. Ultimamente, a China também está retrocedendo. Depois de se aproximar rapidamente dos Estados Unidos nos anos anteriores à pandemia, seu PIB nominal caiu de cerca de três quartos do dos Estados Unidos em 2021 para dois terços atualmente.
Esse recorde agora está em perigo. Como os Estados Unidos se tornaram mais partidários, tanto Kamala Harris quanto Trump, os dois candidatos à presidência, estão se concentrando em políticas que protegem seus próprios apoiadores, em vez de expandir o bolo econômico geral. Os Estados Unidos não estão prestes a perder seu domínio econômico. Mas, mais cedo ou mais tarde, a política podre começará a cobrar um preço alto e, até lá, será difícil reverter o curso.
Para entender o porquê, considere primeiro os fatores por trás do sucesso dos Estados Unidos. Conforme exposto em nossa reportagem especial desta semana, as vantagens inatas desempenham um papel importante. Os Estados Unidos são um país grande, abençoado com vastos recursos energéticos. A revolução do petróleo de xisto impulsionou talvez um décimo de seu crescimento econômico desde o início dos anos 2000. O enorme tamanho de seus mercados de consumo e de capital significa que uma boa ideia concebida em Michigan pode se tornar grande nos outros 49 Estados americanos.
No entanto, boas políticas também foram importantes. Os Estados Unidos há muito tempo combinam uma regulamentação leve com gastos rápidos e generosos quando surge uma crise. Embora o estímulo superdimensionado durante a pandemia tenha alimentado a inflação, ele também garantiu que os Estados Unidos crescessem 10% desde 2020, três vezes o ritmo do restante do G-7. Em contrapartida, a Alemanha, mais rígida, está atolada em recessão pelo segundo ano consecutivo.
Essa combinação de fatores alimentou um poderoso ciclo virtuoso. O dinâmico setor privado dos Estados Unidos atrai imigrantes, ideias e investimentos, gerando mais dinamismo. O país abriga não apenas o maior setor de lançamento de foguetes do mundo, mas também seus gigantes da Internet e as melhores startups de inteligência artificial. Suas sete grandes empresas de tecnologia valem, juntas, mais do que os mercados de ações da Grã-Bretanha, Canadá, Alemanha e Japão juntos; a Amazon sozinha gasta mais em pesquisa e desenvolvimento do que todas as empresas britânicas. Enquanto isso, como o dólar é a moeda de reserva mundial, os investidores têm um grande apetite pela dívida americana. Eles migram para os títulos do Tesouro em tempos de crise, permitindo que o governo distribua grandes pacotes de estímulo.
Até o momento, a piora política dos Estados Unidos teve pouco efeito visível sobre a economia. Nos últimos oito anos, Trump e o presidente Joe Biden buscaram o protecionismo e o intervencionismo, em nome da ajuda aos trabalhadores das fábricas, às custas da economia em geral. Como a força econômica dos Estados Unidos tem uma base ampla, ela não foi derrubada e, por muitos anos, os estímulos acabaram compensando. No entanto, a economia não está imune à política. E à medida que o país fica mais dividido, Harris e Trump estão prometendo políticas cada vez mais prejudiciais - especialmente Trump.
Para começar, ambos os candidatos interfeririam nas forças de mercado que têm servido tão bem aos Estados Unidos, protegendo algumas empresas em detrimento de outras. Eles também poderiam limitar o escopo do governo para socorrer na próxima vez que ocorrer uma crise. Ambos prometem aumentar benefícios fiscais e gastos. Harris quer gastar mais com as famílias; Trump quer oferecer redução de impostos em tudo, desde empréstimos para automóveis até horas extras. No entanto, nenhum dos dois tem um plano para controlar o déficit orçamentário, que está em torno de 6% do PIB, um nível normalmente visto apenas em tempos de guerra ou recessão. Gastos com déficit sem controle poderiam afastar o investimento privado e corroer a fé na dívida americana como um ativo livre de riscos.
Trump representa o maior risco para a extraordinária economia dos Estados Unidos. Ele fala em impor tarifas ruinosas sobre as importações e embarcar em programas enormes para deportar milhões de não cidadãos, muitos dos quais estão totalmente integrados ao mercado de trabalho há anos. Ele é arrogante com relação às instituições, incluindo o Federal Reserve (o banco central americano) e o Estado de Direito. Se a independência de qualquer uma delas for prejudicada, os Estados Unidos não atrairão mais o talento e o dinheiro de que precisam para continuar avançando incansavelmente. Ninguém sabe se Trump quer dizer o que diz, mas a chance de que ele queira dizer paira fortemente sobre sua candidatura, como o foguete de Musk sobre a plataforma de lançamento.
Missão crítica
O crescimento não é um direito inalienável, mas uma dádiva que deve ser apreciada e cultivada. Se o ciclo virtuoso que impulsiona a economia dos Estados Unidos for revertido, a política tóxica já estará enraizada. Não há como saber quão ruins as ideias de um presidente precisam ser para que as coisas comecem a desmoronar. O ponto de virada pode não acontecer amanhã, ou mesmo nos próximos quatro anos. Mas, a cada erro que os políticos cometem, isso se aproxima mais um passo.
Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.
Infomoney - SP 21/10/2024
A balança comercial de setembro registrou um superávit de US$ 5,4 bilhões, inferior ao de igual período de 2023, que foi de US$ 9,2 bilhões. No mês, foi registrada uma queda nas exportações para a China, enquanto as vendas os Estados Unidos e para a Argentina apresentaram crescimento. Os dados são do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), da Fundação Getulio Vargas.
Segundo o relatório, após meses seguidos de recuo nas exportações na comparação interanual entre 2023 e 2024, as exportações para a Argentina aumentaram em valor +25,4%, em setembro. Esse resultado é explicado especificamente pelo aumento de volume (+34,1%), uma vez que os preços caíram -5,8% no período.
A vendas externas para a China, por sua vez, mostram queda de 9,7% no volume e de 20,7% em valores em setembro. “Observa-se que, após variações acima de 30% nos dois primeiros meses do ano, o crescimento das exportações para a China desacelerou e recuou na comparação de agosto e setembro, com percentuais acima de 20%”, comenta a FGV no texto.
Na lista dos 5 principais produtos exportados para a China, quatro registraram queda em valor (petróleo, soja em grão, minério de ferro e carne bovina). A pasta química de madeira, o quinto principal produto de exportação, cresceu em valor +21,5%.
Para os EUA, o volume exportado avançou 8,9%, quanto a alta em valores foi de 5,5%. O principal produto exportado para os Estados Unidos foi aeronaves, com variação de +34% entre os meses de setembro.
As exportações do setor automotivo, das aeronaves e de outros produtos manufaturados levaram a que a indústria de transformação aumentasse, em termos de valor, +16,8% entre os meses de setembro, o que levou a um aumento da sua participação de 49,5% para 57,7%, na comparação desses meses entre 2023 e 2024.
A projeção da Secretaria de Comércio Exterior para a balança comercial de 2024 é de um superávit de US$ 70,4 bilhões, as a projeção pelo modelo da FGV/Ibre é de um saldo positivo US$ 79,8 bilhões.
Valor - SP 21/10/2024
Acerto da companhia, mais Samarco e BHP inclui R$ 100 bi a serem pagos ao longo de 20 anos para o governo federal, os Estados do Espírito Santo e Minas Gerais e os municípios
Analistas ouvidos pelo Valor afirmam que a divulgação pela Vale de que o acordo sobre o desastre de Mariana (MG) deve ser de R$ 170 bilhões é positiva. Segundo a companhia, o acordo em andamento por parte da Vale, BHP e Samarco inclui R$ 100 bilhões a serem pagos ao longo de 20 anos para o governo federal, os Estados do Espírito Santo e Minas Gerais e os municípios.
Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, diz que o prazo é positivo para a Vale e que esse ponto deve levar as ações da companhia a subirem na segunda-feira (21): “Demoraram quase dez anos para conseguir o acordo, o acidente foi em novembro de 2015, mas o importante é ter tirado da mesa”.
Segundo Arbetman, o acordo sobre Mariana era um dos três pontos que impediam o crescimento da Vale, além da escolha do novo presidente e dos efeitos da economia chinesa. “A questão do CEO já havia sido resolvida quando a empresa resolveu dar continuidade, com a escolha do [Gustavo] Pimenta. A China teve as primeiras rodadas de estímulos. Agora veio o acordo de Mariana para sacramentar”.
O analista do Itaú BBA, Daniel Sasson, faz coro à ideia de que a Vale terá efeitos positivos depois dessa conclusão: “É um acordo ganha-ganha. É gigante, um dos maiores da história do Brasil. A Vale tira da frente um dos temas de discussão do mercado dos últimos anos. Era uma questão delicada que dificultava investimentos por parte de fundos estrangeiros”.
Para Sasson, o acordo deve diminuir o lucro líquido da Vale no terceiro trimestre, que será divulgado na próxima quinta-feira (24). Mas, na visão do analista, isso não é um problema, uma vez que a companhia está antecipando essa informação, e não virá como surpresa na divulgação do resultado.
Em fato relevante na tarde desta sexta-feira (18), a Vale estima que R$ 5,3 bilhões (US$ 956 milhões), sejam adicionados aos passivos relacionados à reparação de Mariana nos resultados do terceiro trimestre.
“Esse valor é mais baixo do que o esperado de provisão. O acordo foi interessante até na parte financeira”, disse o analista do Itaú BBA.
Detalhes da negociação
Conforme informou a Vale em fato relevante no fim da tarde desta sexta (18), dos quase R$ 170 bilhões previstos no acordo, R$ 38 bilhões já foram pagos; R$ 100 bilhões serão pagos em 20 anos aos governos federais e dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, além dos municípios; e os demais R$ 32 bilhões serão pagos em obrigações de execução da Samarco, como indenizações individuais e recuperação ambiental.
Mais cedo, a coluna de Lauro Jardim, de “O Globo”, informou que a conclusão do acordo deve ser anunciada na próxima sexta-feira (25). No mesmo dia, a Vale fará teleconferência de resultados com analistas e investidores referente ao balanço do terceiro trimestre. No comunicado, a Vale não citou data para o fechamento do acordo.
A Vale afirma que o valor total tem como objetivo atender as pessoas, as comunidades e o meio ambiente impactados pelo rompimento da barragem, dividido em três linhas de atuação.
“Os termos gerais em discussão podem abrir caminho para a solução definitiva de todas as controvérsias constantes das ações civis públicas e demais processos movidos pelos poderes públicos brasileiros signatários, relativos ao rompimento da barragem Fundão, da Samarco, ao mesmo tempo em que definem medidas para reparar integralmente todos os danos socioambientais e todos os danos socioeconômicos coletivos e difusos decorrentes da ruptura”, escreve a Vale em fato relevante. A companhia também espera que o acordo definitivo traga “alternativas de caráter voluntário para indenizações individuais”.
Infomoney - SP 21/10/2024
Os preços futuros do minério de ferro na bolsa de Dalian caíram nesta sexta-feira, fechando a semana em baixa, influenciados por dados que mostram fraqueza contínua da economia e do mercado de aço da China, embora as notícias de novas medidas do banco central chinês tenham limitado as perdas.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 1,55%, a 760,5 iuanes (106,95 dólares) a tonelada. Na semana, a perda foi de 3,12%.
O minério de ferro de referência para novembro na Bolsa de Cingapura subia 1,79%, a 101,4 dólares a tonelada, enquanto na semana o contrato registra queda de 6,2%.
A economia da China cresceu no terceiro trimestre no ritmo mais lento desde o início de 2023 e, embora os números de consumo e da produção das fábricas tenham superado as previsões no mês passado, a queda do setor imobiliário continua sendo um grande desafio para Pequim, que corre para revitalizar o crescimento.
“O mercado continua insatisfeito com o foco direcionado para a limpeza de estoques no setor imobiliário”, disseram analistas do ANZ, após uma importante reunião sobre política imobiliária na quinta-feira, que não contou com novas medidas de estímulo.
“A crescente dependência de estímulos para sustentar os preços provavelmente levará os investidores a uma decepção permanente.”
O Banco Popular da China deu início nesta sexta-feira a dois esquemas de financiamento e pediu a rápida adoção de políticas financeiras para dar suporte aos mercados de capitais, o que impulsionou o sentimento dos investidores.
Enquanto isso, a produção de aço bruto da China em setembro caiu pelo quarto mês consecutivo, caindo 1,1% em relação a agosto e 6,1% em relação ao ano anterior, desapontando as expectativas de recuperação.
Entretanto, o ritmo de declínio diminuiu em relação a agosto, ajudado pela série de medidas de estímulo de Pequim e por uma melhora na lucratividade das usinas.
Infomoney - SP 21/10/2024
Maior alta do Ibovespa desde que o índice atingiu a máxima histórica no fim de agosto, a CSN Mineração (CMIN3) apresenta valorização de 15% desde 28 de agosto e 48% nos últimos 12 meses. Parte da alta pode ser explicada pelo cenário no exterior, com avanço do minério de ferro em setembro (ainda que com forte volatilidade em outubro). Por outro lado, alguns movimentos interno da companhia também justificam a movimentação.
A trajetória do minério de ferro surpreendeu analistas em setembro. A commodity abriu o mês passado em um de seus menores patamares em muito tempo e apresentava, em 5 de setembro, cinco sessões de queda. O minério chegou a seu menor nível em um ano, em especial reagindo a dados econômicos chineses mais fracos. A situação se manteve durante o mês, em especial pela demanda fraca e oferta firme ainda apresentada.
No fim de setembro, a guinada veio após anúncios de estímulos da China e a perspectiva de oferta mais leve. Os ganhos foram ampliados nas sessões seguintes e companhias como CSN Mineração (CMIN3) e CSN (CSNA3) se destacaram entre as maiores altas de setembro.
Desde então, o minério voltou a cair, em especial após dados econômicos mais fracos na China e anúncios de estímulos aquém do esperado. Acompanhando o movimento, a CMIN3 passa por movimento de desvalorização nos últimos dias. Mesmo com variação negativa no mês, em -7,08%, o papel tem sido beneficiado nos últimos meses por alguns fatores micro também.
A companhia tem sido uma das campeãs de recompra de ações nos últimos meses. A companhia recomprou cerca de 37 milhões de ações em setembro, segundo o Itaú BBA. De acordo com programa anunciado em julho de 2024, a intenção é de recompra de até 100 milhões de ações até dezembro de 2025.
O programa tem por objetivo a aquisição de ações ordinárias para permanência em tesouraria e posterior alienação ou cancelamento. O percentual completado já foi de cerca de 53% e ainda faltam 47 milhões de papéis para recompra, avaliados em R$ 277 milhões, diz o BBA.
Apesar disso, analistas ouvidos pelo InfoMoney consideram que, embora a recompra possa passar sinalização positiva para o mercado sobre o preço dos papéis, não seria possível atribuir a alta apenas a isso. Na visão dos especialistas, a movimentação do minério de ferro seria o principal motivo da alta observada no papel.
Apesar disso, nessa semana, a empresa deve fechar com desvalorização. Na quarta-feira, os papéis tiveram queda de 0,67% após anuncio da CSN informando a venda de até 11% da CSN Mineração para a companhia japonesa Itochu. No dia seguinte, a notícia da venda por R$ 4,5 bilhões, prêmio de 26,9% frente a cotação de fechamento do dia anterior, fez com que as ações fechassem no campo positivo, com alta de 0,51%.
Analistas, no geral, mostram ceticismo com as ações. De acordo com compilação LSEG, de 11 casas que cobrem a ação, 1 possui recomendação de compra, 5 possuem recomendação neutra e 5 recomendação de venda.
O Morgan Stanley, por exemplo, tem recomendação equivalente à neutra para CMIN3 devido à falta de catalisadores claros e específicos da empresa no curto prazo. “Acreditamos que a interessante história de crescimento da empresa no médio prazo e a posição de custo favorável agora estão melhor refletidas nas ações. As ações da CMIN3 estão sendo negociadas basicamente em linha com sua média histórica com nossa projeção de Ebitda para 2025, afirmam os analistas.
Monitor Digital - RJ 21/10/2024
A chinesa Zeekr foi inaugurada oficialmente com a apresentação do modelo que começa a comercializar, o elétrico 001, que chega por R$ 428 mil. A estratégia é ousada, já que a marca quer concorrer com modelos premium do calibre de Audi, BMW e Mercedes-Benz.
A Zeekr faz parte do grupo Geely, o mesmo que controla Volvo Car, Smart e Lotus, entre outras. Para a operação brasileira, a estratégia é abrir até 15 concessionárias para justificar a proposta de Ronaldo Znidarsis, CEO da Zeekr Brasil: “Não somos uma marca de volume, vendemos experiência”.
Sobre o 001, trata-se de um modelo 100% elétrico equipado com dois motores que geram 544 cv de potência e 70 kgfm de torque imediato. O 001 faz de 0 a 100 km/h em apenas 3,8 segundos.
Sua bateria de 100 kWh lhe dá autonomia de 426 km (Inmetro). Entre os conteúdos, destaque para rodas de 22 polegadas, ar-condicionado de três zonas, sistema ADAS completo e sistema de áudio premium Yamaha.
Renova celebra 11 anos e inicia desmontagem de motos
Muito se fala em montadora, empresas do setor automotivo que produzem carros, mas existe pelo menos uma “desmontadora” no país, administrada pelo Grupo Porto.
Trata-se da Renova Ecopeças, empresa sob o guarda-chuva da Porto Serviços, que desmonta, recicla ou descarta o que sobra de carros com perda total da Porto Seguro, de outras seguradoras e até de montadoras.
Por ano, a Renova desmonta cerca de 2.700 carros e, em 11 anos, contabiliza 600 mil peças vendidas — que foram retiradas dos carros. Além de veículos leves, a empresa iniciou a reciclagem de motocicletas.
De acordo com Daniel Morroni, diretor da operação, o Brasil hoje recicla apenas 1,5% dos carros, enquanto nos EUA esse volume chega a 95%. Ou seja, é um mercado potencial.
Os itens que são separados e direcionados para venda recebem etiqueta de rastreamento do Detran, como garantia de procedência. Os preços das peças seminovas, todas originais, ficam entre 40% e 60% de uma nova original.
Promovendo a economia circular, Morroni estima que 85% de um veículo desmontado é reutilizado. Outros 10% são resíduos vendidos a parceiros e 5% viram sucata.
Anfavea antecipa: Salão do Automóvel volta em 2025
Um compromisso firmado entre governo federal, Anfavea e sindicatos anuncia para 22 de novembro de 2025 a volta do Salão do Automóvel no Anhembi, em São Paulo.
Desde 2018, o país não sedia um evento automotivo desse porte, quando o último foi realizado no São Paulo Expo. A edição de 2020 não ocorreu por causa da pandemia, mas, no início daquele ano, 11 marcas já haviam anunciado a não participação: BMW, Chevrolet, Peugeot, Citroën, Toyota, Lexus, Mini, Jaguar, Land Rover, Volvo e JAC Motors.
A ideia agora da Anfavea é visitar os salões de outros países e buscar pontos a serem avaliados, como uma maior interatividade com o público. Certamente o formato precisa ser inovado, já que é comum ouvir executivos de montadoras se queixando do alto custo em participar desse evento sem uma contrapartida comercial.
Com Ranger Black, Ford mira picapes intermediárias
A Ford lançou uma versão mais em conta de sua picape Ranger, a versão Black. A opção de entrada chega para concorrer com modelos intermediários, a R$ 220 mil.
Equipada com motor 2.0 turbodiesel que rende 170 cv, câmbio automático de 6 marchas e tração 4×2, é focada no uso urbano. No consumo, faz 10,1 km/l na cidade e 12,4 km/l na estrada, e, com seus 80 litros no tanque de combustível, entrega autonomia em torno de 880 km.
De diferenciais, vem com itens na cor grafite, como rodas de 18”, grade, capa dos retrovisores e o santoantônio. Traz ainda faróis full-LED, sete airbags, sistema multimídia com tela de 10”, câmera, sensor de ré, piloto automático e alarme perimétrico.
A Ranger Black 2025 chega para brigar com modelos menores, como Fiat Toro 2.0 turbodiesel, a partir de R$ 202 mil, e a Ram Rampage 2.0 TD, a partir de R$ 254.990. Pode até rivalizar dentro de casa, já que a Maverick FX4 com motor 2.0 a gasolina custa R$ 229.500.
Portal Fator Brasil - RJ 21/10/2024
O mercado de caminhões no Brasil apresentou crescimento expressivo em 2024, com um aumento de 15,53% nas vendas de veículos novos entre janeiro e agosto, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Nesse período, foram comercializadas 77.828 unidades, em contraste com 67.368 vendidas em 2023.
Somente no mês de agosto deste ano foram vendidos 11.303 caminhões, o que mostra um salto de 26,38% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que evidencia a forte recuperação do setor de transporte e logística. Esse desempenho positivo tem sido impulsionado, em grande parte, pelo agronegócio que exportou US$ 14,14 bilhões também em agosto, com destaque para o complexo da soja, carnes, e o mercado sucroalcooleiro e da indústria, setores que continuam a se expandir e aumentar a necessidade por veículos de carga.
Tais resultados indicam uma tendência de melhoria para o setor agrícola, o que reforça a importância da indústria de caminhões no suporte às cadeias produtivas do país, principalmente para o escoamento eficiente dessas commodities. E diante deste cenário, a Fenabrave já projeta que o mercado de veículos pesados deve fechar o ano de 2024 com números ainda mais expressivos.
Atento ao aumento na procura por caminhões, o consórcio de veículos pesados tem ganhado relevância no mercado. De acordo com a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), mais de 38 mil contemplações, exclusivas de caminhões, foram realizadas nos primeiros oito meses de 2024, representando 32,9% das vendas totais de veículos pesados no mercado interno e atingindo 115,98 mil unidades.
A modalidade se destaca como uma alternativa estratégica, fornecendo uma série de benefícios para pequenos e médios produtores rurais que desejam adquirir caminhões. Uma das principais vantagens do consórcio é a ausência de juros. Diferentemente dos financiamentos convencionais, que podem incluir altas taxas de juros, o consórcio permite que os participantes adquiram caminhões sem esse ônus, resultando em um planejamento financeiro mais eficiente e adequado à capacidade de cada cliente.
Além disso, em um cenário onde a competitividade é cada vez mais acirrada, a atualização das frotas de transporte também se torna um fator determinante para o sucesso dos negócios. Veículos novos não apenas melhoram a logística das operações, como também contribuem para a redução de custos com manutenção e combustível, aumentando a produtividade no mercado. Veículos modernos garantem não apenas uma maior capacidade de carga, mas também um transporte mais seguro e eficaz.
Assim, podemos concluir que, o aumento das contemplações e a participação expressiva do consórcio nas vendas totais de veículos pesados mostram, mais do que nunca, sua importância crescente no cenário econômico brasileiro. A expectativa é que a modalidade continue seguindo como uma ferramenta para viabilizar a expansão e modernização da frota nacional, contribuindo diretamente para o fortalecimento do setor agrícola e de transporte e logística no Brasil.
Money Times - SP 21/10/2024
Quem viu um carro elétrico nesta semana? E como era dois anos atrás? Para quem mora em grandes centros urbanos, a mudança é evidente. Cada vez mais presentes em nossas ruas, os carros elétricos ainda enfrentam a desconfiança de consumidores mais conservadores, que questionam a limitação de autonomia e desempenho, assim como a confiabilidade e durabilidade das baterias.
Porém, a nova realidade em mercados desenvolvidos aponta para uma tendência de forte crescimento nos próximos anos, alcançando uma participação em vendas globais maior do que a dos veículos a combustão ao final da próxima década.
Segundo o Global EV Outlook 2024, o crescimento global de vendas de carros elétricos neste ano deve ser de 25%, e mais de 20% dos carros vendidos globalmente serão elétricos, sendo que na China a participação em vendas deve alcançar 45%, em comparação a 25% na Europa, 11% nos EUA e 3% no Brasil.
Políticas públicas orientadas para a descarbonização, como o Net-Zero Industry Act, da União Europeia, e o Inflation Redution Act (IRA), dos EUA, devem impulsionar ainda mais a produção destes veículos. Como referência, as 20 maiores montadoras globais (que representam cerca de 90% da produção de veículos) já anunciaram investimentos em eletrificação que somaram mais de US$ 500 bilhões no ano passado e definiram metas para elevar a participação de carros elétricos, cuja produção anual deve chegar a 40 milhões de unidades em 2030.
Nessa tendência, as projeções da Agência Internacional de Energia (IEA) indicam que 2/3 dos carros vendidos em 2035 poderão ser elétricos, se as metas energéticas e climáticas dos governos forem alcançadas na plenitude, o que implicaria numa redução de consumo de 12 milhões de barris de petróleo por dia.
Uma das principais barreiras históricas para adoção de carros elétricos sempre foi o preço. Na China, onde a penetração é mais elevada, estima-se que 60% dos veículos já sejam mais baratos do que seus equivalentes à combustão, o que não ocorre na Europa e nos EUA, onde os elétricos ainda são de 10 a 50% mais caros do que seus comparáveis a combustão.
Para alcançar a necessária competitividade técnica e comercial, novas tecnologias começam a despontar, como as baterias à base de fosfato de lítio ferro. Em comparação com baterias de lítio construídas à base de óxidos de cobalto, manganês e níquel, as de lítio ferro são mais seguras (não explodem ou pegam fogo, mesmo em condições adversas), mais duráveis (vida útil de até 10 anos), mais leves (metade do peso de uma de óxido de manganês), além de serem atóxicas e não contaminarem o ambiente com metais de terras raras.
No Brasil, as vendas de veículos elétricos e híbridos cresceram 91% em 2023, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). No total, foram 93.927 emplacamentos (vs. 49.245 em 2022), e foi o primeiro ano em que os modelos plug-in ultrapassaram em vendas os híbridos. Os 100% elétricos representaram 56% das vendas, com 52.359 unidades, enquanto os híbridos a gasolina e flex somaram 41.568 unidades no ano.
Em 2024, o ritmo está ainda mais acelerado, com crescimento de 146% no primeiro semestre em relação ao mesmo período em 2023, totalizando 79.304 emplacamentos. Deste total, a chinesa BYD vendeu 32.574 carros, contra 12.730 da Great Wall (GWM) e 10.541 da Toyota.
Como ilustração da competitividade da oferta, o carro mais vendido entre os 100% elétricos é o BYD Dolphin Mini, com preço em torno de R$ 115 mil, um motor de 75 cv e uma autonomia de 280 km no ciclo INMETRO. É também o carro mais econômico do mercado, consumindo menos de R$ 0,09 por km.
Líder no segmento de elétricos, a BYD já anunciou investimentos de cerca de R$ 6,5 bilhões no Brasil, com foco na unidade em Camaçari, na Bahia, numa área de 330 mil m², onde prevê a geração de mais de 10 mil empregos diretos e indiretos em parceria com o Governo Estadual.
Para o usuário final, a compra de carros elétricos apresenta incentivos adicionais, como a liberação do rodízio de veículos no município de São Paulo e um reembolso de 50% sobre o IPVA pago, concedido pela prefeitura da capital.
Porém, estes incentivos variam por UF, demonstrando falta de coesão das políticas públicas sobre o tema.
Por exemplo, a isenção de IPVA para carros elétricos é integral no DF, RS e MA. No RJ, o IPVA para carros elétricos é de 0,5% (para híbridos e GNV é de 1,5%, enquanto para flex é de 4%). Em MG, haveria isenção tanto para carro elétrico quanto para híbrido, dentro da condição que precisam ser fabricados no próprio estado. Mas, não havendo nenhuma fábrica até o momento, não há nenhuma isenção.
Em resumo, enquanto o setor público ainda se organiza para definir políticas que estimulem o investimento em eletrificação de veículos, o mercado consumidor vai gradualmente aderindo à tendência global de uma mobilidade mais limpa, rompendo barreiras culturais e cultivando hábitos junto a uma nova geração de usuários.
Infomoney - SP 21/10/2024
A Hyundai pretende arrecadar mais de US$ 3 bilhões com Oferta Pública de Ações (IPO na sigla em inglês). A oferta, registrada na Bolsa de Valores da Índia, deve começar em 22 de outubro e pode se tornar o maior IPO do mercado acionário do país asiático.
A venda de ações da Hyundai Motor India teve excesso de oferta de mais de duas vezes durante um período de licitação de três dias que terminou na quinta-feira, 17, de acordo com dados da Bolsa de Valores da Índia.
A montadora está vendendo 142,2 milhões de ações existentes, ou 17,5% de participação, na faixa de preço de 1.865 rúpias a 1.960 rúpias por ação – algo entre US$ 22,00 e US$ 25,00.
Investidores âncoras, incluindo BlackRock e Fidelity, já compraram quase US$ 1 bilhão de ações no início desta semana no extremo superior da faixa, o que valorizaria a empresa em quase US$ 19 bilhões.
Valor - SP 21/10/2024
Maior parte dos setores da indústria incluídos no mecanismo ainda não ingressou com pedidos de habilitação
Considerado pelo governo federal o principal instrumento da nova política industrial e aguardado com ansiedade pelas empresas do setor, o mecanismo de depreciação superacelerada teve 16 pedidos de habilitação em pouco menos de um mês. Os dados foram obtidos pelo Valor por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
A depreciação superacelerada foi regulamentada em 13 de setembro pelo governo federal, alcançando 23 segmentos da indústria. O instrumento prevê R$ 3,4 bilhões em incentivos fiscais até o fim de 2025 para que empresas deduzam, em até dois anos, investimentos realizados em máquinas e equipamentos do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Para este ano, está previsto R$ 1,7 bilhão em incentivos. A medida tem impacto apenas no fluxo das contas das empresas e do governo federal, sem alteração no estoque de impostos a ser recolhido, já que toda a quantia é em algum momento recuperada pela União.
Na ocasião em que o instrumento foi regulamentado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) afirmou que a quantia prevista para 2024 será dividida de acordo com o “tamanho das atividades” de cada um dos setores na economia brasileira. Além disso, cada um dos setores terá direito a no máximo 12% do total, cerca de R$ 204 milhões.
A fim de participarem do programa, as empresas precisam pedir habilitação para a Receita Federal. Na resposta ao Valor, o Ministério da Fazenda informa que as 16 solicitações foram apresentadas por 15 empresas. A pasta não informa quantos desses pedidos já foram aprovados e quanto eles poderão representar do R$ 1,7 bilhão. O Ministério da Fazenda afirma que os “poucos pedidos de habilitação até o momento” podem ser explicados pelo fato de o instrumento ter sido regulamentado apenas em setembro.
As solicitações realizadas até aqui abrangem 9 dos 23 segmentos: confecção de artigos do vestuário e acessórios; metalurgia; fabricação de peças e acessórios para veículos automotores; artefatos de couro, artigos para viagem e calçados; papel e celulose; produtos de metal; máquinas e equipamentos; móveis; obras de infraestrutura. Além disso, 77% dos pedidos referem-se a projetos de expansão produtiva e 23% referem-se a projetos de atualização tecnológica. Outra informação relevante é que 73% dos pedidos foram para compras de bens de origem nacional, e 27%, para aquisições de bens importados.
Em mais de uma ocasião, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, afirmou que a depreciação superacelerada é o instrumento mais importante da Nova Indústria Brasil (NIB) - conjunto de propostas apresentadas no início do ano pelo governo federal para o setor fabril.
O superintendente de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Sergio Telles, classifica como “muito positivo” o balanço dos pedidos já apresentados. Sem entrar em detalhes, ele afirma que novas informações passadas por Receita e Mdic para a CNI são que, desde 8 de outubro, as solicitações “já subiram muito”.
Telles ainda diz que as perspectivas até o fim do ano são de “uma busca muito forte pelo mecanismo”, mencionando entre os motivos “o aumento de investimentos na economia brasileira, não só na construção civil, mas também entre máquinas e equipamentos”.
Procurado, o Mdic não se pronunciou até a conclusão desta edição.
A Tribuna - SP 21/10/2024
“Em Guarujá, um ponto que merece atenção ainda é a questão da segurança. Mas, com todo o desenvolvimento que o túnel deve oferecer, com certeza isso será aprimorado. Bairros como Astúrias, Pitangueiras, Centro e Enseada devem ser os mais beneficiados, por já contarem com uma boa infraestrutura”, acredita o presidente da Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob), Mateus Teixeira.
“Os condomínios horizontais, que não são viáveis em Santos por falta de espaço físico, também ganham relevância no lado do Guarujá”, afirma o empresário.
Para o diretor regional do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Pulo (Sinduscon-SP), Lucas Teixeira, a projeção é que Guarujá atraia moradores de outras regiões.
“Os santistas pouco provavelmente vão comprar uma moradia na região, mas pode-se abrir mais o mercado de segunda moradia, principalmente em condomínios ou mais próximo às praias do Guarujá”, destaca Lucas.
O presidente da Assecob concorda. “O santista é muito bairrista e está acostumado a ter todas as comodidades do seu dia a dia nas proximidades de casa. Uma possível migração demoraria um pouco mais”.
BAIRROS
Com 870 metros de extensão, o projeto do túnel imerso vai ligar as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, ao Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá. Além da passagem de veículos, o túnel contará com área de circulação a ciclistas e pedestres.
“Esperamos que, com o início dessa obra, os imóveis das regiões onde serão a entrada e saída do túnel se valorizem mais. O impacto maior deve ocorrer do lado de Guarujá, pois a região de Santos onde ficará o início do túnel é mais voltada para o Porto. Mas, com o passar do tempo, se tornará uma área mais comercial e de moradia, e menos portuária”, analisa o diretor regional do Sinduscon-SP, Lucas Teixeira.
“Em Santos, a Ponta da Praia já vem sofrendo uma grande transformação urbana nos últimos 15 anos e deve continuar crescendo mesmo com algumas limitações de altura dos prédios por conta do Aeroporto do Guarujá. Estuário e Macuco também devem atrair investimentos para habitações mais econômicas, com facilidade de deslocamentos com o VLT, túnel e Avenida Perimetral”, destaca o presidente da Assecob, Mateus Teixeira.
Cronograma
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou, no último dia 8, o projeto de lei que autoriza a contratação da parceria público-privada (PPP) para construção e operação do túnel imerso que ligará Santos a Guarujá. O cronograma prevê que a licitação para o projeto do túnel imerso Santos-Guarujá ocorra no primeiro semestre de 2025, com início das obras em outubro de 2026 e conclusão em 2030.
O investimento é estimado em R$ 6 bilhões, com a geração de nove mil empregos, segundo o Governo do Estado.
Sobre o túnel
Qualificado no Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) e integrado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o projeto do túnel imerso prevê investimento total de R$ 6 bilhões. Deste total, 86% deverão vir de aporte público dividido igualmente entre o Governo de São Paulo e a União, além de participação da iniciativa privada.
A futura parceira privada será responsável pela construção, operação e manutenção do túnel que vai solucionar um dos maiores gargalos logísticos do país. A ligação entre as duas principais cidades da Baixada Santista vai permitir o tráfego de veículos de passeio, caminhões e transporte público, além de bicicletas e pedestres em vias segregadas. A solução viária também amplia possibilidades
de desenvolvimento e expansão do Porto de Santos.
Com projeto executivo elaborado pelo Governo de São Paulo, o empreendimento é uma demanda centenária da população da Baixada Santista e reduzirá o tempo de deslocamento entre os dois municípios. Atualmente, mais de 21 mil veículos cruzam diariamente as duas margens, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres. Operam na travessia catraias, barcas e balsas.
Portal Fator Brasil - RJ 21/10/2024
Entidades do Norte Fluminense elaboram documento a favor da execução do projeto da Estrada de Ferro 118 na Firjan Norte Fluminense.
Documento a ser enviado à ANTT pede que seja promovida a conexão em Porto do Açu à malha ferroviária nacional com recursos referente à devolução da concessão da Ferrovia Central Atlântica (FCA)
A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) Regional Norte Fluminense promoveu no dia 17 de outubro (quinta-feira) reunião com representantes da sociedade civil e do poder público para debater o documento, que será enviado a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em defesa da realização do projeto da Estrada de Ferro 118 (EF-118). Para tirar o projeto do papel, o objetivo é condicionar à execução da estrada à indenização referente à devolução da antiga malha ferroviária da concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA).
A Estrada de Ferro 118 é um dos projetos de infraestrutura mais importantes para o Norte Fluminense, o estado e o país, visando conectar o Porto do Açu e a região à malha ferroviária nacional. —O processo que inicia agora é grande desafio e, para isso, precisamos mobilizar todas as autoridades fluminenses, parlamentares do estado e federais, e a sociedade civil, principalmente aqui da região Norte —afirmou o presidente da Firjan Norte Fluminense, Francisco Roberto de Siqueira, ao abrir a reunião.
Prefeita de Quissamã e presidente do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense (Cidennf), Fátima Pacheco disse que o Rio de Janeiro precisa ter os mesmos investimentos que os demais estados que também buscam recursos para a implantação da estrada ferroviária. “Somos 22 municípios na região que atuam em conjunto para defender os investimentos na nossa região. Temos que ir ao governador e à Brasília para garantir essa obra”, assegurou.
Também presente na reunião, a prefeita de São João da Barra, Carla Caputi, ressaltou a importância de todos os setores da sociedade em prol da EF-118, garantindo que o projeto se concretize. Participaram ainda do encontro representantes das prefeituras de Campos, Macaé, Cardoso Moreira, São Fidélis, Carapebus, além de sindicatos industriais, OAB, CDL, e do Porto do Açu.
Investimentos na região — De acordo com um levantamento da Firjan, a construção da fase inicial da EF-118 poderá gerar R$ 2,5 bilhões no PIB (Produto Interno Bruto) da região; 68 mil empregos diretos e indiretos; R$ 457 milhões de arrecadação em impostos estaduais e federais; e um acréscimo de R$ 1 bilhão em salários na força de trabalho.
Francisco Roberto lembrou ainda que instalar a EF-118, interligando o Porto do Açu à malha ferroviária federal, proporcionará novas oportunidades de negócios na região, além de emprego e renda em todo o estado, já que numa segunda fase a malha ferroviária poderá se estender até o Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí, e ao porto de Sepetiba, em Itaguaí.
A seguir a íntegra do documento assinado pelas entidades e que será enviado à ANTT: —À Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Ref: Pleito para a renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) (Audiência Pública 012/2020)
Prezados, A renovação da concessão da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica) representa uma oportunidade estratégica para fortalecer a infraestrutura ferroviária no Brasil, com impacto especialmente relevante para o Estado do Rio de Janeiro. No entanto, é preocupante o processo de devolução de trechos ferroviários por parte da FCA, que inclui 1.751 km em todo o país, sendo 640 km localizados no Rio de Janeiro. Somados aos 153 quilômetros devolvidos em 2013, o estado perdeu 62% de sua malha ferroviária, restando atualmente apenas 41 km de trecho ativo, o que corresponde a menos de 5% do total originalmente concedido.
Diante dessa perda significativa, torna-se essencial que os recursos provenientes da devolução e das multas associadas sejam direcionados prioritariamente para o Rio de Janeiro, mitigando os impactos econômicos e sociais dessa redução. Como exemplo, a devolução de 2013 resultou em uma multa de R$ 1,2 bilhão, cujos recursos foram alocados em projetos fora do estado, prejudicando o Rio de Janeiro. Para que essa situação não se repita, solicitamos que a devolução atual seja acompanhada de um compromisso firme para a destinação integral desses recursos ao estado do Rio de Janeiro, especialmente para a implementação do projeto da ferrovia EF-118.
A EF-118, incluída no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e no Novo PAC, é fundamental para conectar o Porto do Açu ao Complexo de Energias Boaventura (antigo Comperj), além de promover ligações estratégicas com o Centro-Oeste, São Paulo e o Sul do país, integrando-se à malha ferroviária da MRS. Esse projeto tem o potencial de transformar-se em um corredor logístico de alta relevância, impulsionando a economia local e gerando novos empregos.
A empresa estatal Infra S.A. tem conduzido estudos sobre o traçado da EF-118 e, embora o projeto apresente a viabilidade econômica, a implementação da ferrovia deve ocorrer em duas etapas. O primeiro trecho a ser desenvolvido deverá ser o do Norte Fluminense, conectando o estado do Espírito Santo ao Porto do Açu. Essa escolha se deve ao fato de que esse trecho possui um projeto mais avançado e envolve uma menor extensão, facilitando sua execução.
A implementação da EF-118 pode ser viabilizada através do uso de recursos da renovação da concessão da FCA, na forma de investimento cruzado, prática já adotada em outros casos. Existem também valores de outorgas de prorrogação antecipada que ainda não foram alocados e poderiam ser direcionados para este projeto, como a repactuação da MRS. Essa estratégia poderia reduzir significativamente o Capex necessário, garantindo a viabilidade econômica e a execução plena da ferrovia, ainda que faseada em etapas.
Assim, reforçamos a importância de priorizar o Rio de Janeiro na aplicação dos recursos advindos da renovação da concessão da FCA, de modo a transformar essa oportunidade em um legado positivo para a infraestrutura e o desenvolvimento econômico do estado.
Contamos com o apoio da ANTT e do Governo Federal para que essa iniciativa seja concretizada e traga benefícios diretos e sustentáveis para o Estado do Rio de Janeiro. Atenciosamente—.
Portos e Navios - SP 21/10/2024
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, assinou, nesta sexta-feira (18), o contrato de adesão do Porto Meridional de Arroio do Sal, no Rio Grande do Sul. O projeto prevê um investimento de quase R$ 1,3 bilhão e a criação de mais de 2 mil empregos diretos e cerca de 5 mil empregos indiretos. As oportunidades de trabalho vão desde a construção civil até áreas administrativas e de suporte. A cerimônia, realizada na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Localizado na costa do Rio Grande do Sul, o Porto Meridional de Arroio do Sal será um terminal de uso privado, com uma infraestrutura moderna para atender à crescente demanda do comércio internacional. Além de facilitar o transporte de cargas, o porto tem o potencial de impulsionar o desenvolvimento econômico e social da região. O ministro destacou que o novo porto terá um impacto significativo na produção logística do estado, movimentando granéis líquidos e sólidos, além de aumentar o volume de contêineres.
Valor - SP 21/10/2024
Estaleiro da Novonor (ex-Odebrecht) está em recuperação judicial desde 2019 e tenta pagar cerca de R$ 3 bilhões em dívidas
A Enseada, estaleiro do grupo Novonor (ex-Odebrecht) localizado na Bahia, planeja colocar todos seus ativos à venda em 2025, segundo o presidente, Ricardo Ricardi. A empresa está em recuperação judicial desde 2019 e tenta pagar cerca de R$ 3 bilhões em dívidas. Tal como todos os estaleiros do país, o grupo entrou em grave crise a partir de 2014, após a turbulenta fase da Petrobras e o fim da política nacional de incentivos à indústria de construção naval.
A companhia deverá ser dividida em três unidades, que a princípio serão oferecidas separadamente. A primeira delas compreende um Terminal de Uso Privado (TUP), já em operação no local, para movimentar granéis minerais e vegetais. As outras duas ainda podem sofrer alterações e devem encontrar mais dificuldade para atrair interessados no curto prazo: uma é o estaleiro em si, que está retomando suas atividades após anos parado, e a outra é uma área com potencial para a indústria de equipamentos de geração renovável.
Por obrigação do plano, todos os ativos serão ofertados ao mercado em 2025, mas se não houver interesse, ou se o valor oferecido não for aceito pelos principais credores - Caixa e Banco do Brasil -, a empresa continuará operando as áreas e tentará vendê-los futuramente, explica Ricardi.
Hoje, a companhia vive um momento relevante para a recuperação do ativo, segundo o executivo. Após anos praticamente parado, o estaleiro voltará construir embarcações. A empresa deverá construir 80 barcaças, com capacidade de transportar 2,9 mil toneladas cada, para a LHG Mining, empresa do grupo J&F. O contrato tem valor aproximado de R$ 500 milhões. No projeto, a Enseada entrou em consórcio com a Tenenge, um dos braços de construção da Novonor - o estaleiro tem 75% do negócio e a construtora, 25%.
Para Ricardi, o contrato é importante não só pelo projeto em si, mas também para demonstrar ao mercado a capacidade de mobilização do estaleiro. Desde 2016 a Enseada não constrói novas embarcações. Desde então houve apenas atividades de reparo e manutenção.
“O contrato vai permitir que venham outros projetos. Vai afastar o risco de a empresa não estar operacional. Hoje, o mercado vê um risco de mobilização do estaleiro para projetos maiores. Temos participado de concorrências para projetos que mobilizariam 3 mil pessoas, mas nossa estrutura é muito pequena, então há dúvida sobre a capacidade de mobilização rápida para um projeto grande”, afirma.
O executivo diz que o momento é positivo para a indústria naval no país. “O mercado está retomando, tem vários projetos no ‘pipeline’ de curto e médio prazo. A Enseada está participando de ‘bids’ [concorrências] para armadores das embarcações de apoio da Petrobras. Tivemos ‘feedback’ positivo de que nossa proposta é competitiva. Estamos otimistas.” Também há vários projetos no segmento de FPSOs (sigla em inglês para navios-plataforma).
“A Petrobras lançou alguns. Nosso ativo foi desenhado para isso, é o DNA do grupo. São projetos que devem se materializar ao longo do ano que vem. Então as perspectivas são boas”, afirma.
Porém, o executivo reconhece que se trata de um mercado que depende de apoio governamental, o que traz instabilidade para a demanda futura, caso as gestões seguintes não estimulem a indústria local. “Os investimentos nos estaleiros já foram feitos, o ativo está pronto e quando ele é usado para movimentação portuária, é subutilizado. A demanda do pré-sal é suficiente para ocupar todos os estaleiros nos próximos 50 anos. Então, demanda tem”, diz.
A dependência da indústria em relação aos estímulos do governo ficou clara nos últimos anos, em que praticamente todos os estaleiros do país entraram em crise. No caso da Enseada, a empresa tentou renegociar suas dívidas, mas no fim de 2019 precisou recorrer à recuperação judicial. O atual plano de reestruturação foi aprovado em 2021.
Desde aquele ano, a principal atividade da Enseada é a movimentação portuária do TUP instalado no local, porém os volumes atuais estão aquém do potencial, segundo o executivo.
Do total de quatro berços de atracação existentes no estaleiro, apenas um tem sido utilizado. A operação atual inclui principalmente exportação de minério de ferro, importação de cargas de projeto (em especial aerogeradores) e, neste ano, passou a incluir a movimentação de grãos.
No projeto do TUP que deverá ser oferecido ao mercado em 2025, deverão entrar dois berços de atracação - os outros dois entrarão nas demais unidades de negócio. Como o ativo já está operacional, há uma expectativa positiva de venda, segundo Ricardi. “O edital deverá sair em breve, para licitar ate o primeiro semestre do ano que vem.”
No caso dos demais, ainda há dúvidas sobre a capacidade de atração de interessados. “O estaleiro precisa voltar a operar, ter ‘backlog’ [estoque de projetos] para tornar o ativo atrativo a potenciais investidores”, explica.
Já a terceira unidade de negócios surgiu de uma ideia dos próprios credores, que, segundo ele, identificaram um potencial para a instalação industrial voltada à construção de torres eólicas. Porém, como hoje não há perspectiva de projetos eólicos offshore e o setor eólico como um todo vive um momento de baixa demanda, essa configuração de venda de ativos pode ser revista.
Pelo formato de alienação das unidades de negócio, serão os credores que deverão avaliar as ofertas dos potenciais compradores e decidir se serão aceitas. O valor recebido será usado para quitar as dívidas - portanto, quanto mais valorizados os ativos, maiores as chances de os bancos recuperarem o valor emprestado.
Valor - SP 21/10/2024
Revisão levou a ANP a não realizar a sessão pública da oferta permanente este ano; previsão é que o leilão seja realizado no primeiro trimestre de 2025
A diretoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou, na quinta-feira (17), atualização do edital e minuta dos contratos de concessão de áreas de petróleo e gás que serão colocados para negociação na oferta permanente. Os documentos passaram por consulta e audiência pública e seguem para avaliação pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo a ANP, após a publicação do edital no Diário Oficial da União, estarão em oferta 404 blocos exploratórios localizados em 12 bacias sedimentares, sendo 54 em terra (onshore) e 350 em mar (offshore).
Os editais foram revisados pela ANP para adequação às diretrizes de conteúdo local estabelecidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A revisão levou a ANP a não realizar a sessão pública da oferta permanente este ano. A previsão é que o leilão seja realizado no primeiro trimestre de 2025.
O edital também prevê bônus mínimo fixo de assinatura para todos os blocos localizados em bacias maduras e em áreas de nova fronteira, entre outras medidas.
Oferta permanente de partilha
A ANP colocou em consulta pública por um período de 45 dias as versões do edital e das minutas de contratos para áreas que serão negociadas na oferta permanente de partilha, com realização de audiência pública no dia 11 de dezembro.
Os documentos preveem as regras para licitação de 14 blocos localizados no polígono do pré-sal: Ágata, Amazonita, Ametista, Citrino, Esmeralda, Itaimbezinho, Jade, Jaspe, Larimar, Mogno, Ônix, Safira Leste, Safira Oeste e Turmalina.
A Petrobras exerceu o direito de preferência no bloco de Jaspe, com percentual de participação de 40%, conforme previsto pelas regras para exploração do pré-sal.
O que é a oferta permanente
A oferta permanente é uma modalidade segundo a qual as empresas não precisam esperar uma rodada “tradicional” de leilões, ficando permanentemente aptas para arrematar blocos de petróleo. Da mesma forma, o edital só é alterado para inclusão de novas áreas e exclusão de outras, que foram arrematadas por empresas.
No modelo tradicional, as empresas são habilitadas para cada leilão, e os blocos, incluídos em editais unicamente produzidos para cada certame. Os leilões públicos, nos quais as empresas apresentam ofertas pelas áreas pretendidas, continuam ocorrendo como habitualmente – são as sessões públicas de cada ciclo da oferta permanente.
Os ciclos são abertos a partir da declaração de interesse das empresas pelas áreas. Entre a declaração de interesse e os leilões, decorre um prazo de 120 dias.
Os vencedores das sessões públicas passam a cumprir prazos de entrega de documentos exigidos no edital e de pagamento do bônus de assinatura, além da assinatura dos contratos, que podem ser de concessão ou de partilha.
A diferença na oferta permanente é que, se for de concessão, as áreas arrematadas são concedidas às empresas. O critério para vencer o leilão de uma área de petróleo sob o regime de concessão é a oferta do bônus de assinatura e o Programa Exploratório Mínimo (PEM).
Na oferta permanente de concessão, vence quem tiver a maior nota, calculada mediante atribuição de pontos e pesos aos critérios de bônus de assinatura e do PEM.
Bônus de assinatura
O bônus de assinatura é o valor em dinheiro ofertado pelo bloco. O PEM é um conjunto de atividades que o vencedor da área no leilão se compromete a executar durante a primeira fase do contrato, de exploração.
Já na oferta permanente da partilha, são negociadas áreas localizadas no pré-sal. O critério para vitória no leilão é de oferta à União do excedente em óleo, parcela da produção de petróleo e/ou gás natural a ser repartida entre a União e a empresa vencedora, segundo critérios definidos no contrato e o percentual ofertado na rodada.
Globo Online - RJ 21/10/2024
Pressionadas a colaborar com a descarbonização do planeta para combater as mudanças climáticas, as maiores petroleiras do mundo escolheram o Brasil como um dos principais destinos de seus investimentos em soluções para a transição energética.
Os aportes dessas empresas em pesquisas de fontes renováveis de energia no país cresceram quase 1.600% nos últimos quatro anos. Passaram de R$ 37,5 milhões (1,5% do total aplicado por elas em inovação no país em 2020) para R$ 635,7 milhões (16,3% do geral em 2023).
Em algumas dessas companhias, o volume investido em inovações verdes já ultrapassou o das pesquisas em exploração e produção de petróleo e gás com projetos em áreas como hidrogênio, energia eólica e solar, além de biocombustíveis e técnicas de captura de carbono.
O avanço é reflexo de uma alteração na regulação do setor feita em 2022 pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que permitiu contabilizar projetos de transição energética como parte da obrigação das empresas do setor que atuam no Brasil de destinar 1% de sua receita para pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) no país.
A mudança ampliou a vocação natural do Brasil como destino do crescente orçamento verde das petroleiras, atraindo mais recursos de multinacionais para desenvolver novas tecnologias aqui em vez de em outras partes do mundo.
Segundo dados da ANP, o volume total de pesquisas do setor, incluindo óleo e gás, também cresce. Os aportes em PD&I subiram de R$ 1,5 bilhão para R$ 3,9 bilhões entre 2020 e 2023. Nos primeiros seis meses deste ano chegaram a R$ 2,02 bilhões, mais que os R$ 1,75 bilhão do mesmo período do ano passado.
Coração tem mudado a batida
Os recursos aplicados em PD&I são voltados apenas para o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas ou estudos de viabilidade de projetos, o que inclui a criação de novos laboratórios e centros de pesquisa. Em geral, são iniciativas em fase inicial, ainda sem escala econômica. Em outras rubricas de seus planos de investimentos, essas companhias já têm investido pesado em empreendimentos de energia renovável no Brasil, dos biocombustíveis aos aerogeradores.
— As petroleiras estudam fontes renováveis porque precisam descarbonizar suas operações e reduzir emissões. Esse objetivo envolve a busca por fontes para eletrificar as operações ou a diversificação em si para entrar nesses mercados. O coração tem mudado a batida — define Daniel Maia Vieira, um dos diretores da ANP, que vê como crescente a tendência de investimentos do setor petrolífero na transição energética.
Ele acrescenta:
— Antes de 2022, as empresas já demonstravam interesse e investiam em alguns projetos de energias renováveis, porém limitados à correlação com a indústria do petróleo, gás e biocombustíveis, o que reduzia bastante as possibilidades. Com a transição energética em curso, passaram a identificar novas oportunidades. O portfólio de PD&I começa a refletir os investimentos futuros. Se você já começa a ver o aumento dessa fatia agora, logo isso se transformará em investimento real.
‘Não é virar a chave’
A francesa TotalEnergies aplicará ao menos 65% do seu investimento em PD&I no Brasil nos próximos três anos em fontes renováveis, uso de baterias, produção de metano e captura de gás carbônico. Tem mais de 80 parcerias com universidades e indústrias no país.
Em agosto, por exemplo, a petroleira abriu núcleos de pesquisa com Unicamp, USP e UFRJ, onde há projetos de geração solar e eólica e de biogás, entre outras fontes. Segundo Charles Fernandes, diretor-geral da TotalEnergies, a evolução da pesquisa para energia de baixo carbono aponta para o futuro da empresa.
— O investimento associado a esses projetos no Brasil é de mais de R$ 447 milhões — diz o executivo. — A transição energética impacta o clima, assim como o contexto social. Não é simplesmente virar a chave. Para que a transição aconteça de forma ordenada, o mundo precisa investir simultaneamente em energia com base em combustíveis fósseis de forma mais sustentável e, ao mesmo tempo, acelerar os esforços em fontes renováveis.
Para José Javier Salinero, gerente de P&D da Repsol Sinopec, o aperfeiçoamento no regulamento da ANP favoreceu a estratégia da companhia sino-espanhola de direcionar cada vez mais esforços para atingir sua meta de zerar emissões líquidas até 2050. Segundo ele, depois da sede, na Espanha, o Brasil é o país com maior investimento em tecnologia do grupo no mundo.
São 30 projetos aqui, incluindo um piloto de captura de dióxido de carbono (CO2) emitido por qualquer tipo de atividade, independentemente de sua fonte geradora, e outro que emprega resíduos de biomassa na fabricação de cimentos.
— Atualmente, mais de 50% do portfólio de P&D está em tecnologias de descarbonização. Nos últimos cinco anos, foram investidos R$ 550 milhões. Em 2024, serão mais R$ 80 milhões. Nossa meta é aumentar progressivamente o percentual de investimentos em projetos Net Zero, chegando a 50% até o ano de 2025 — diz Salinero.
Ele complementa:
— Temos ainda o Wind2 Energy, que faz a avaliação do potencial eólico offshore (em alto mar) de uma determinada região, por meio da integração de um barco autônomo (USV) a um dispositivo de medição de velocidade do vento, conhecido como Wind Lidar. Outro projeto é o Voltz, para otimização das tecnologias fotovoltaicas, maximizando a geração de energia associada ao cultivo no solo embaixo de painéis solares.
Na americana ExxonMobil, metade dos R$ 225 milhões investidos recentemente em pesquisa no Brasil foi para fontes renováveis e eficiência energética. Segundo o gerente dessa área na petroleira, Marcio Bastos, a empresa busca novidades em combustíveis de baixa emissão, hidrogênio, captura, utilização e armazenamento de CO2, e outras soluções energéticas baseadas na natureza:
— Até o fim de 2023, foram iniciados mais de 20 projetos de pesquisa, sendo 45% em soluções de baixo carbono como biocombustíveis e armazenamento de CO2 e 13% na de novos materiais em polietileno (para ampliar reciclagem de materiais plásticos). Baseado nos projetos de pesquisa assinados até 2023, o portfólio (de PD&I) da companhia se encontra bem equilibrado entre soluções de baixo carbono e óleo e gás, com aproximadamente 45% e 42% de cada área, respectivamente.
Na Petrobras, R$ 15 bi
Na Petrobras, que voltou a mirar na agenda verde sob o governo Lula, a meta é dobrar, até 2028, a participação de fontes renováveis no portfólio de PD&I, que hoje é de 15%. No total, a brasileira informou que prevê R$ 15 bilhões para estudar todas as fontes nos próximos quatro anos. Em parceria com 200 universidades e instituições de ciência e tecnologia, a Petrobras já mapeou 17 iniciativas nessa área, incluindo geração eólica em terra e no mar, hidrogênio e descarbonização de operações.
A Shell, que de 2018 a 2023 investiu cerca de R$ 2,5 bilhões em pesquisa no Brasil, destina cerca de 30% ao desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono. Segundo Cristiano Pinto da Costa, presidente da multinacional anglo-holandesa no Brasil, o ecossistema envolve 1,6 mil pesquisadores, polos em universidades e parcerias com mais de 20 instituições acadêmicas e institutos de pesquisa.
Há, por exemplo, projetos que utilizam o agave (planta suculenta usada na produção de tequila) para produzir etanol e estudos que utilizam o próprio biocombustível como vetor da produção de hidrogênio, mas sem deixar de inovar na área petrolífera.
— O setor de petróleo e gás é peça-chave para gerar caixa e financiar novos projetos de transição — diz Costa. — Em outubro, iniciamos o Centro de Bioenergia, em Piracicaba, em parceria com a Raízen e o Senai. A Shell está investindo R$ 72 milhões. A missão do centro é desenvolver soluções de descarbonização a partir da cana-de-açúcar.
A pesquisadora Suzana Kahn, diretora da Coppe/UFRJ, diz notar uma mudança no foco das pesquisas das petroleiras, com maior interesse por estudos para determinar os melhores locais no Brasil para instalar projetos de renováveis e o uso de energia solar em plataformas. Ela diz que os temas de transição energética têm se tornado transversais, o que exigiu uma mudança no perfil de grande parte dos laboratórios da instituição voltados para o setor de óleo e gás, no Rio.
— Os espaços estão se apresentando por temas. Por exemplo, no laboratório de tecnologia oceânica estudamos desde plataformas a usinas eólicas offshore. Hidrogênio passou a fazer parte do laboratório de metalurgia. O de Métodos Computacionais em Engenharia engloba diversos segmentos — ela conta.
Mas ainda há muitos desafios para a transformação em negócios de inovações nessa área, como a produção do hidrogênio verde, as eólicas em alto mar e a captura e armazenamento de carbono. Apesar do avanço recente de algumas legislações no Congresso, Vieira, da ANP, diz faltar regras mais claras:
— Precisamos de marcos regulatórios. Há muitas questões em aberto. Qual será o papel da ANP? Quem vai conceder as licenças? O mercado de carbono vai acontecer? Quem vai comprar? Tudo ainda é muito incerto. Temos a necessidade de desenvolver as novas tecnologias, mas também de desenvolver o mercado.
O Estado de S.Paulo - SP 21/10/2024
Em uma guerra com Israel, o Irã precisaria de dinheiro. Não apenas para comprar armas e manter sua economia funcionando, mas para rearmar milícias como o Hamas e o Hezbollah. Muitos presumem que, após anos de sanções, o país teria dificuldades. Eles estão errados. Todo ano, o Irã canaliza dezenas de bilhões de dólares de vendas ilícitas de petróleo para contas bancárias em todo o mundo. Esse enorme tesouro secreto foi usado para financiar o ataque do Hamas a Israel há um ano, enxames de drones russos na Ucrânia e o próprio programa nuclear do Irã. Ele já semeou muitas crises — e pode em breve alimentar a maior de todas elas.
Para entender como o Irã pode acumular tanto dinheiro, analisemos de perto sua petroeconomia. Seis anos atrás, quando o governo Trump impôs novamente um bloqueio, as exportações de petróleo bruto do Irã entraram em colapso. Desde então, no entanto, elas cresceram doze vezes, para 1,8 milhão de barris por dia em setembro. No ano passado, essas vendas geraram US$ 35 bilhões a US$ 50 bilhões; as exportações petroquímicas adicionaram outros US$ 15 bilhões ou US$ 20 bilhões. Contrabandear petróleo em centenas de petroleiros é difícil. Lavar bilhões de dólares secretamente por meio do sistema bancário global é ainda mais difícil. Os Estados Unidos vigiam qualquer banco, mesmo estrangeiro, que processe transações em dólares. Então, como o Irã é pago? E como ele movimenta, armazena e gasta quantias tão grandes de dinheiro?
A Economist falou com várias pessoas com conhecimento direto do sistema petrolífero do Irã. Para verificar e confirmar o que nos disseram e detalhar melhor os relatos, buscamos informações de outras fontes, incluindo ex-funcionários responsáveis por sanções, insiders iranianos, profissionais de inteligência e o WikiIran, um site de terceiros que oferece vazamentos. Nossa investigação mostra que o país construiu canais financeiros paralelos, que vão de suas plataformas de petróleo aos cofres virtuais de seu banco central. A China, o principal comprador do Irã, é um arquiteto desse sistema e seu principal beneficiário. Bancos globais e centros financeiros, muitas vezes sem saber, são usados como engrenagens vitais. Uma fonte familiarizada com os livros contábeis do Irã diz que, em julho, o país tinha US$ 53 bilhões, € 17 bilhões (US$ 19 bilhões) e reservas menores de outras moedas no exterior.
Embora a vigilância tenha enfraquecido nos anos mais recentes, o Irã está sujeito às sanções mais amplas que os Estados Unidos impuseram a qualquer país. Com o objetivo de forçar o Irã a conter seu enriquecimento nuclear e o financiamento do terrorismo, elas têm como alvo setores de sua economia, bem como o governo. Nenhum outro país impõe sanções tão rigorosas, o que significa que, em teoria, a maioria deles pode negociar com o Irã. Na prática, poucos o fazem abertamente, pois os Estados Unidos proíbem suas empresas de negociar não apenas com o Irã, mas também com estrangeiros que o fazem conscientemente. É especialmente difícil para o Irã receber e movimentar dólares, pois cada transação desse tipo, em quase qualquer lugar do mundo, deve em algum momento ser compensada por um banco americano.
Mas nossa reportagem mostra que, com vigilância irregular, determinação e ajuda de um parceiro ganancioso, um país sob um embargo global de fato pode acabar desrespeitando-o em uma escala cósmica. Muitas das táticas do Irã lembram aquelas que um cartel de drogas usaria para comercializar produtos e reciclar lucros em outros empreendimentos obscuros, geralmente por meio de negócios aparentemente legítimos. O sistema subterrâneo de petróleo do Irã é governado por regras tanto quanto por ameaças. A tarefa é construir uma charada elaborada que enganará os aplicadores de sanções.
Barris para todo lado
A maioria dos petroestados exporta petróleo por meio de uma gigante estatal, mas o Irã é diferente. A National Iranian Oil Company (NIOC), sua empresa estatal de petróleo, tem o monopólio da produção. A subsidiária suíça da NIOC, a Naftiran Intertrade Company (NICO), ajuda a comercializar petróleo no exterior. Uma parcela crescente, no entanto, é alocada para ministérios iranianos, grupos religiosos e até fundos de pensão para venderem para si próprios. “É quase medieval”, diz um ex-oficial americano. “Os senhores recebem pedaços do reino.”
Em um país que não tem moeda forte, o petróleo bruto é uma forma alternativa de liquidez. O orçamento do Irã no ano passado permitiu que as forças armadas vendessem US$ 4,9 bilhões em petróleo. As alocações também recompensam os clientes leais: em 2022, indivíduos examinados pelo regime receberam uma oferta combinada de US$ 3,6 bilhões em petróleo. O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), a guarda pretoriana do regime, também recebe uma grande quantidade de petróleo, geralmente sem registro. Um ex-oficial iraniano diz que a Força Quds, a ala estrangeira do IRGC, ganhou US$ 12 bilhões com essas vendas em 2022.
Todas essas entidades têm canais de vendas distintos, embora a NICO e o IRGC frequentemente emprestem seus serviços a outros. Às vezes, uma empresa de fachada orquestra tudo. De acordo com o Tesouro americano, a Sahara Thunder, no Irã, realiza vendas para as forças armadas enquanto se apresenta como uma empresa comercial privada. O Irã regularmente terceiriza as vendas para terceiros no exterior, como a ASB, uma empresa turca, de acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Mas o Irã insiste em garantias. A Baslam, uma subsidiária da ASB, transferiu 51% de suas ações para a Força Quds quando começou a trabalhar para eles, de acordo com um contrato vazado entre a ASB e um comandante do IRGC.
A primeira tarefa dos vendedores é encontrar um comprador. Embora a China absorva 95% das exportações de petróleo bruto do Irã, suas empresas estatais cautelosas com sanções não querem tocar no petróleo. Portanto, três ou quatro empresas de fachada iranianas devem explorar o mercado. Documentos compartilhados por uma fonte mostram que a Litamos International Limited e a Haosi Trade Limited fizeram isso até 2021, quando ambas foram dissolvidas. A China tem seus próprios corretores, cujos clientes fornecem instalações autorizadas pelo estado a processarem petróleo iraniano. A maioria é de pequenas refinarias independentes, apelidadas de “chaleiras”.
Uma vez que um comprador é encontrado, um acordo formal é assinado, geralmente entre duas empresas de fachada. Dadas as somas — uma remessa de petróleo bruto iraniano pode facilmente custar US$ 50 milhões a US$ 100 milhões — os negócios não podem funcionar com base na confiança. Os documentos especificam todos os detalhes, desde testes e cronogramas de inspeção até o tamanho de remessas futuras. O preço geralmente acompanha o Brent, a referência global do petróleo, menos um desconto de US$ 10 a 30 por barril. As moedas aceitas incluem o dólar e, mais raramente, euros, dirhams dos Emirados Árabes ou ienes.
O que muitos contratos não mencionam é a procedência do petróleo, que geralmente é declarada, falsamente, como iraquiana, malaia ou omanense. A origem real é frequentemente confirmada em uma carta confidencial, com a verdadeira natureza da exportação escrita em letras maiúsculas: petróleo IRANIANO.
Há mais de 100 empresas de fachada para adquirir petroleiros, diz uma fonte. Muitas são navios com décadas de uso e bandeira do Panamá, um porto permissivo, sendo renomeados para confundir os rastreadores. Os navios começam pegando petróleo em um dos terminais de exportação do Irã. Para evitar atenção, eles geralmente emprestam transponders para outros navios que circulam a área ou usam software para fazer parecer que estão em outro lugar. Os navios então navegam para o Iraque ou Omã, onde sua carga pode ser transferida para um novo navio. Outro transbordo pode ocorrer na Malásia ou Cingapura, após o qual a carga segue para a China.
Os agentes iranianos recebem relatórios em todas as etapas. As decisões são encaminhadas a altos funcionários, que podem se esconder atrás de apelidos (“Roger”, em um exemplo recente de um comandante do IRGC) em mensagens do WhatsApp e notas de voz. Certificados de origem e documentos falsos são fornecidos por toda parte. Mesmo as partes mais secretas das viagens são gerenciadas de perto. Uma lista de verificação, compartilhada por uma fonte, continha 24 perguntas para um transbordo na Malásia envolvendo o Remy, agora conhecido como Wilma II, um petroleiro que, segundo informações de rastreamento da Kpler, uma empresa de dados, teria transportado petróleo bruto iraniano.
Às vezes, as coisas dão errado. Uma venda pode fracassar quando um petroleiro está a caminho. A carga às vezes desaparece, desencadeando ameaças de violência por parte dos comandantes do IRGC. Alguns navios são simplesmente abandonados. Normalmente, porém, as mercadorias são entregues sem problemas e, em 45 dias, o pagamento vence. É aqui que o sistema bancário paralelo do Irã, a parte mais impressionante do esquema, entra em jogo.
Efeitos especiais
A história até agora mostra até que ponto a sobrevivência econômica do Irã depende da China. O próximo capítulo destaca essa dependência. O Irã acredita ter encontrado um amigo — seu aliado mais poderoso em um eixo antiocidental. No entanto, a China está principalmente interessada em um bom negócio. Aproveitando a posição fraca do Irã, ela oferecerá assistência, desde que não corra o risco de queimar pontes importantes com os EUA, seu rival geopolítico, mas também seu maior parceiro comercial. Assim, os chineses criam as condições perfeitas para o contrabando do Irã prosperar, sem nunca parecerem, oficialmente, estar envolvidos.
O sistema bancário paralelo do Irã é um feito de brilhantismo burocrático. As maiores empresas de petróleo do país, incluindo a NIOC e a PCC, uma grande exportadora petroquímica controlada pelo Ministério da Defesa, têm grandes departamentos financeiros que atuam como bancos, diz uma fonte familiarizada com elas. Essas unidades incorporaram empresas no Irã, apelidadas de “câmbios de dinheiro”, que lidam com pagamentos estrangeiros ilícitos não apenas para exportadores de petróleo, mas para grandes partes da economia do Irã.
Cada bolsa local criou empresas de fachada (conhecidas como “trustes”), com o único propósito de coletar e transferir dinheiro. Elas estão sediadas ao redor do mundo. A maioria tem apelidos saídos diretamente de geradores de nomes aleatórios: “Rainbow International Commercial Company”, digamos, ou “Glorious Global Limited”, ambas sediadas em Hong Kong. O papel do proprietário listado se limita a fazer a ligação com as autoridades locais e fornecer procurações para iranianos ou agentes iranianos. Um ex-alto funcionário iraniano diz que cerca de 200 cidadãos iranianos com passaportes duplos supervisionam essas empresas na Europa.
Quando um exportador de petróleo quer ser pago, ele envia um e-mail para sua bolsa preferida, informando o valor que precisa receber e de quem. A bolsa então verifica os saldos em sua rede para determinar onde prefere que o dinheiro chegue. Em seguida, ele dirá à empresa petrolífera para informar seu cliente que eles devem esperar uma fatura de um truste indicado. Alguns pagamentos são feitos em yuans que o Irã recicla dentro da China. Mas o yuan não é conversível, e há um limite para o quanto o Irã pode comprar da China. Então, as empresas iranianas frequentemente pedem moeda forte. O mesmo mecanismo funciona também na outra direção, permitindo que as empresas iranianas paguem secretamente pelas importações.
Os bancos onde as empresas de fachada têm contas e que processam transferências fornecem ao Irã acesso ao sistema financeiro internacional. Muitos especialistas ocidentais insistem que as fachadas iranianas são quase inteiramente bancadas por credores chineses provinciais que não fazem negócios no Ocidente e, portanto, são imunes à retaliação americana. O Bank of Kunlun, o único banco chinês colocado sob sanções vinculadas ao Irã, está registrado em Xinjiang, uma província distante. No entanto, em segredo, alguns veteranos de conformidade bancária relatam que grandes instituições também são usadas dessa forma. “Há muitos dólares para movimentar”, diz um.
Com base em vazamentos de uma empresa petrolífera iraniana, em abril do ano passado o WikiIran listou os detalhes de 218 contas bancárias vinculadas a 71 fundos que descobriu serem administrados pela Amin, uma das maiores bolsas de valores do Irã. Uma olhada no banco de dados associado indica que apenas 67 dessas contas eram hospedadas por um pequeno banco chinês. Do restante, 99 estavam em um dos 20 maiores bancos da China. Passamos os outros números de conta pelo IBAN Checker, um site que verifica detalhes bancários. Isso indicou que 30 contas eram mantidas nos Emirados Árabes Unidos, incluindo nos dois maiores credores do país; dez estavam em bancos europeus (CBC, ING, OTP, Commerzbank e três Sparkassen, como são conhecidos os bancos de poupança da Alemanha); e outros cinco estavam em bancos turcos. Dois estavam em fintechs europeias — Paysera e Wise — que processam pagamentos internacionais.
Não há nenhuma sugestão de que qualquer um dos bancos ou fintechs soubesse que estavam lidando com empresas de fachada agindo em nome do Irã, e nada nos documentos indica que eles sabiam desse envolvimento. Em resposta aos e-mails da Economist, o CBC e o Wise disseram que não podiam comentar a respeito de contas individuais. O ING disse que lançou uma investigação interna no ano passado que revelou transações com entidades mencionadas no WikiIran e resultou no fechamento de contas em sua unidade belga. O OTP disse que as contas relevantes foram fechadas em agosto de 2019.
Documentos que obtivemos mostram que, pelo menos em um ponto desde 2021, empresas de fachada que facilitam ou solicitam pagamentos vinculados ao comércio de petróleo do Irã tiveram contas no Citibank em Hong Kong, no HSBC em Hong Kong e nos quatro maiores bancos da China. Novamente, não há nenhuma sugestão de que os bancos sabiam que estavam lidando com empresas de fachada agindo em nome do Irã, e nada nos documentos indica que eles soubessem (o Citi disse que não encontrou nenhum registro da suposta transação, e o HSBC não respondeu a tempo para publicação).
Nossa investigação, no entanto, sugere que várias empresas de fachada estão evitando com sucesso os métodos de triagem usados pelos bancos. A maioria dessas contas, e muitas das mencionadas anteriormente, é denominada em dólares; outras são em euros. Os recibos de transações mostram que as fachadas iranianas usam alguns credores globais como “correspondentes” — bancos internacionais que compensam as transações em moeda estrangeira de bancos menores por meio de grandes centros financeiros.
Os bancos chineses são frequentemente usados no início de uma odisseia de petrodólares. É aqui que os compradores de petróleo têm seu dinheiro, e organizar uma transferência doméstica é mais discreto do que enviar o dinheiro para o exterior. A opacidade do sistema bancário da China permite que as bolsas do Irã transfiram dinheiro no continente com menos escrutínio. Para os banqueiros locais, é semelhante a “qualquer outro tipo de negócio de commodities”, diz Justine Walker da Association of Certified Anti-Money Laundering Specialists.
Os grandes bancos chineses têm outra atração: subsidiárias em Hong Kong, onde o circuito fechado de dinheiro da China encontra as finanças globais. O território abriga o único sistema considerável de compensação de dólares fora dos EUA. O USD CHATS, alimentado por contas que os bancos financiam com dólares, permite que os membros façam transações entre si em dólares sem envolver instituições nos EUA. Todos os bancos internacionais com negócios decentes na Ásia, incluindo nove dos dez maiores da China, o usam. Nem eles nem o HSBC, que administra o sistema, são obrigados a relatar transações ao Tio Sam.
Sob um acordo com os EUA, os bancos de Hong Kong ainda devem verificar se os pagamentos que eles encaminham por meio do CHATS estão em conformidade com as sanções americanas, mesmo que Hong Kong não vigie seu cumprimento. Mas o fato de que os EUA não podem monitorar transações dá margem de manobra, diz David Asher do Hudson Institute, um centro de estudos. No ano passado, o sistema processou uma média de US$ 60 bilhões em pagamentos por dia, um volume que torna transações duvidosas difíceis de detectar.
Mais tarde em sua jornada, os fundos do Irã podem se mover por meio de outros centros financeiros. Documentos vazados para o WikiIran sugerem que, antes de maio, a filial de Dubai do Banque Misr, um banco egípcio, hospedou até 38 empresas de fachada usadas pelo braço financeiro da PCC, a exportadora de petroquímicos (mais uma vez, os documentos não indicam que o banco fez conscientemente. O Bank Misr não respondeu às nossas perguntas a tempo para publicação). As bolsas usam os Emirados Árabes Unidos para transferir dinheiro entre fundos para manter as contas equilibradas, geralmente após converter dólares em dirhams, explica uma fonte. Maços de notas bancárias circulam entre os bancos. Algumas bolsas mantêm “armários de dinheiro” para recarregar contas.
Finanças fantasmas
Em muitos bancos que hospedam empresas de fachada, sinais que deveriam soar o alarme passam despercebidos, dizem fontes. Os proprietários registrados podem ser cidadãos filipinos ou indianos com qualificações inadequadas. Examinado de perto, o comportamento das contas pode parecer estranho, com a empresa recebendo dinheiro de negociações de petróleo e fazendo pagamentos por coisas não relacionadas. Uma fonte familiarizada com a NIOC diz que os bancos que conscientemente trabalham com o Irã podem ganhar comissão de até 15% do valor das transferências.
Onde o dinheiro acaba? Alguns fundos ficam ou fluem de volta para a Ásia, a fonte de muitas importações iranianas, incluindo peças de armas. Outros estão escondidos no Levante, onde pagam salários para combatentes do Hamas, dos houthi e do Hezbollah. Às vezes, o dinheiro é armazenado em lugares menos óbvios, como agências bancárias em Budapeste ou Aachen, uma cidade na fronteira com as montanhas Eifel da Alemanha. Londres é a sexta maior base do mundo em número de entidades vinculadas ao Irã na lista de bloqueio dos Estados Unidos.
As bolsas de valores do Irã mantêm registros por meio de livros-razão internos: enormes planilhas que contabilizam débitos e créditos em centenas de fundos. Seus clientes — as empresas iranianas — liquidam posições comprando ou vendendo dólares virtuais por meio de uma plataforma online chamada NIMA, geralmente a taxas de câmbio subsidiadas. Embora a moeda forte permaneça no exterior, ela é, em última análise, propriedade do banco central do Irã, que administra a NIMA. O banco tem sua própria metaplanilha para registrar as reservas virtuais que mantém no exterior, diz alguém familiarizado com a forma como o país administra seus registros contábeis.
O sistema é caro. Incluindo descontos, recompensas para intermediários e taxas financeiras, o Irã recebe de 30 a 50% menos moeda do que receberia em um mercado aberto, estima uma fonte. Os curadores de empresas de fachada às vezes desaparecem com o butim.
Essa complexidade desnecessária, no entanto, também torna a rede resiliente. Embora os agentes americanos tenham desmascarado centenas de empresas vinculadas ao Irã, novas surgem rapidamente. E-mails entre chefes da PCC mostram que em 2022, quando centenas de contas fiduciárias foram expostas, levou apenas alguns meses para a empresa extrair o dinheiro e substituir a maioria delas. Forçar os bancos a rastrear as frentes iranianas com mais diligência, talvez punindo casos flagrantes, pode ter mais impacto. Apesar dos avisos de que isso pode acontecer, o governo Biden ainda não colocou um único banco na lista de bloqueio.
Os defensores dessa vigilância malfeita dizem que não importa. As sanções, eles argumentam, estão atingindo seu objetivo: reduzir a receita que o Irã obtém com as vendas sem prejudicar o fornecimento global de petróleo. O problema é que os custos são em grande parte suportados pelas famílias iranianas, que enfrentam uma inflação de dois dígitos, e pelos comerciantes independentes, que não têm conexões para garantir importações. Enquanto isso, aqueles leais ao regime lucram e acumulam mísseis, conforme o país se aproxima da construção de armas nucleares. A lavanderia de dinheiro e petróleo do Irã é uma afronta ao Ocidente, uma bênção para a China — e uma ameaça ao mundo.
Veja - SP 21/10/2024
Uma comitiva do Ministério dos Transportes chefiada pelo ministro Renan Filho vai desembarcar em Madri na próxima segunda-feira para apresentar a carteira de projetos de rodovias brasileiras a investidores estrangeiros.
A agenda na capital espanhola inclui uma série de encontros com empresas privadas, fundos de investimento e operadores de infraestrutura e tem como destaque o Ibero-América GRI Infra & Energy, que acontecerá na terça e reunirá alguns dos maiores líderes do segmento de transporte e energia do mundo,
O Brasil vai participar de debates sobre os desafios comuns em estruturação, desenvolvimento e financiamento de projetos junto a autoridades governamentais de todas as esferas, investidores, concessionários e especialistas do setor de infraestrutura de países como Colômbia, México, Estados Unidos, Chile, Peru e França.
Também estão previstas inúmeras reuniões bilaterais com grandes grupos espanhóis da área, como o Acciona e o Santander, entre outros.
Na sequência, a comitiva seguirá para Londres, no Reino Unido, onde participará de uma reunião com administradoras de fundos internacionais sediados na Europa e empresas interessadas em conhecer as concessões rodoviárias no Brasil.
Além disso, outros encontros bilaterais estão previstos, como, por exemplo, com o grupo britânico John Laing, operador de infraestrutura do setor público.
De 2023 até o fim de 2024 o Ministério dos Transportes terá realizado 11 leilões de concessões rodoviárias, com aporte de 74,2 bilhões de reais.
Valor - SP 21/10/2024
Controlada pela gestora, Unna levanta recursos e estuda novos projetos no Brasil, Peru, Chile e Colômbia
Uma empresa controlada da IG4 Capital se prepara para entrar no mercado brasileiro de concessões de rodovias: a Unna Infraestrutura, braço da peruana Aenza, comprada pela gestora em 2020. Segundo fontes, representantes da companhia já vêm analisando leilões e possíveis aquisições no país.
O grupo já tem 44 projetos mapeados no Brasil, entre concessões de médio e grande porte, com foco em estradas com presença relevante de carga, segundo fontes, que também afirmam que, no mercado secundário, há interesse nos ativos rodoviários à venda pela Monte Partners.
Hoje, a Unna Infraestrutura já tem concessões no Peru, Chile e Colômbia. As duas principais são a linha 1 do Metrô de Lima e a concessão rodoviária Norvial, no Peru. Ambas passam por um processo de renovação, que deverá incorporar novos investimentos.
Para viabilizar as renovações e os novos projetos, a Unna acaba de iniciar uma busca por um novo sócio, segundo fontes. O grupo já mandatou dois bancos para levantar um aporte de US$ 300 milhões de um novo acionista.
Uma pessoa a par do tema diz que, em um primeiro momento, deverá haver conversas com grupos financeiros voltados à infraestrutura, como fundos de pensão, fundos soberanos ou outros de private equity (que compram participação em empresas). Porém, tampouco se descarta abrir conversas também com sócios estratégicos regionais. O processo deverá levar cerca de seis meses - a ideia é que se conclua antes do fim das negociações para a renovação das concessões no Peru.
A Aenza - que tem ações negociadas na Bolsa de Lima e ADRs (American Depositary Receipt) na de Nova York - já vem levantando recursos, que deverão ser destinados, entre outros planos, para a expansão da Unna Infraestrutura. Em maio deste ano, a holding fez uma emissão de “bonds” de US$ 210 milhões. Além disso, ao longo de 2024 foram feitos dois aumentos de capital com injeção de recursos pela IG4, um no início deste ano e outro agora em outubro, que acaba de ser concluído, de US$ 55 milhões.
Com isso, a Unna já vem estudando os novos projetos, segundo as fontes. Além de concessões de rodovias no Brasil, a companhia deverá buscar contratos de rodovias ou mobilidade urbana no Peru, Chile e Colômbia.
Em 2021, a IG4 já chegou a analisar o mercado de concessões de transporte no Brasil quando negociou a compra da fatia da Andrade Gutierrez na CCR. Porém, as conversas não deram certo. Agora, a entrada da gestora de Paulo Mattos seria por uma via bastante diferente: não pelos fundos da IG4, que são mais focados em ativos estressados, e sim por meio da Aenza - em 2020, quando a gestora comprou o grupo peruano então chamado Graña y Montero, definiu o conglomerado como uma espécie de “CCR dos Andes”.
Desde então, o grupo fez a renegociação das dívidas da Aenza e uma reestruturação da holding, que foi dividida em quatro subsidiárias: além da Unna Infraestrutura, focada nas concessões, foram criadas a Unna Energia, que abriga negócios de óleo e gás; a Viva, empresa que opera contratos de moradia social no Peru e também deverá investir em Parcerias Público-Privadas (PPPs) de escolas e hospitais na região; e a Cumbra, braço de engenharia e construção.