Clipping Diário

21 | Novembro | 2024

INDA

Investing - SP   21/11/2024

Os revendedores de aços planos do Brasil tiveram crescimento de 2,9% nas vendas em outubro sobre o mesmo período do ano passado, enquanto na comparação mensal houve expansão de 6,9%, segundo dados informados nesta terça-feira pela associação que representa o setor, Inda.

O volume vendido somou 349,7 mil toneladas, totalizando no acumulado de janeiro a outubro 3,29 milhões de toneladas, avanço de 2,7% sobre o mesmo período do ano anterior.

A expectativa da entidade era que as vendas de outubro crescessem 5% sobre o forte desempenho de setembro. A previsão da entidade para a comercialização de novembro é de queda de 5% ante outubro.

As compras dos distribuidores também cresceram em outubro, subindo 4,4% ante setembro e 1,2% ante o mesmo mês do ano passado, para 356,5 mil toneladas.

O Inda calculou o volume de aços planos importado no Brasil em outubro em 276,4 mil toneladas, uma queda de 4,5% ante setembro, mas salto de 35,1% na comparação anual.

O setor de distribuição encerrou setembro com 982,3 mil toneladas de aços planos, praticamente estável ante setembro, com o giro dos estoques atingindo 2,8 meses.

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Diário do Comércio - MG   21/11/2024

As importações de aço continuam crescendo no Brasil e reduzindo a participação das empresas nacionais distribuidoras de aços planos no mercado nacional. No mês de outubro, se comparado ao mesmo mês do ano passado, a alta foi de 35%. No acumulado do ano, o aumento é de 17,7%.

Os dados foram divulgados pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) nesta terça-feira (19). De acordo com a instituição, a continuidade das importações fez com que ela aumentasse a projeção de crescimento para o fechamento do ano. Até o mês passado, a expectativa era de que o ano de 2024 fechasse com alta acima de 10% neste tipo de negociação. Agora o crescimento esperado é de 15% a 20%.

O presidente do Inda, Carlos Loureiro, explica que no início do ano o instituto esperava um volume de importações menor que o do ano passado por causa da aplicação das limitações impostas pelas cotas e do desejo do governo federal e das usinas em diminuir o volume do material trazido do exterior.

Entretanto, as quase 277 mil toneladas importadas no mês de outubro, por mais que sejam 4,5% menores que as 289,5 mil toneladas importadas no mês de setembro (recorde do ano até agora), levaram a instituição aumentar a projeção.

“Temos muito material chegando no porto de São Francisco do Sul (SC). Com isso, deveremos ter um novembro e um dezembro bastante fortes em termos de importação. Não esquecendo que o ano passado foi um ano de explosão de importação, então estamos crescendo em cima de um número já muito alto ”, avalia Loureiro.

Como solução para o crescente volume de importações de aço no Brasil, o presidente do Inda, acredita apenas nas medidas contra o dumping, que é a prática comercial em que os produtos são vendidos abaixo do preço de custo. Sobretudo em Manaus, capital do Amazonas, onde há um fluxo grande de chegada de produtos. “A Zona Franca de Manaus tem isenção de impostos, mas não de dumping. Com a entrada das ações restritivas, provavelmente a situação das usinas ficariam melhores”, argumenta.

Loureiro espera que essas medidas sejam adotadas entre abril e maior do ano que vem e que atinjam primeiro o aço galvanizado e o laminado à frio. Entretanto, se as importações continuarem em grandes volumes, o crescimento esperado para o setor é de apenas 3%.

Além das importações, vendas de aço também cresceram

Com relação às vendas de aços planos, o mês de outubro contabilizou alta de 6,9% quando comparada a setembro, atingindo o montante de 349,7 mil toneladas contra 327,1 mil. “As vendas foram um pouco melhores do que imaginávamos, tínhamos falado em uma alta de 5% e ela atingiu os 6,9%”, pontua o presidente do Inda.

No acumulado do ano, o crescimento foi um pouco menor, ficando em 2,7%, que é, de acordo com o executivo, próximo do índice de crescimento previsto de 3%.

Já nas compras, o mês de outubro registrou alta de 4,4% perante a setembro, com volume total de 356,5 mil toneladas contra 341,5 mil. Frente a outubro do ano passado (352,3 mil toneladas), apresentou alta de 1,2%.

Em número absoluto, o estoque de outubro obteve alta de 0,7% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 982,3 mil toneladas contra 975,6 mil. O giro de estoque fechou em 2,8 meses que também está dentro do esperado.

SIDERURGIA

Valor - SP   21/11/2024

Empresa está procurando fechar a compra da U.S. Steel por US$ 14,9 bilhões até o fim do ano

A Nippon Steel não importará aço para os Estados Unidos de suas usinas internacionais, disse o vice-presidente executivo da empresa japonesa, Takahiro Mori, na segunda-feira em uma carta aos membros do sindicato United Steelworkers (USW).

A Nippon está procurando fechar a compra da U.S. Steel por US$ 14,9 bilhões até o fim do ano, antes que o presidente eleito Donald Trump, que prometeu bloquear o acordo durante sua campanha, entre na Casa Branca em janeiro.

Em seu esforço para aliviar os desafios impostos pelo sindicato e pelo presidente Joe Biden, a empresa prometeu investimentos para a U.S. Steel e garantiu segurança no emprego para o sindicato United Steelworkers.

A companhia também prometeu vender uma participação em uma joint venture de usina siderúrgica dos Estados Unidos se a empresa tiver sucesso na aquisição.

Em sua carta, Mori reiterou as promessas feitas no ano passado e abordou as preocupações levantadas pelos líderes sindicais, incluindo o presidente da USW, David McCall.

"Estamos aqui para informá-los, não para negociar como o presidente McCall sugeriu. Pedi ao presidente McCall para se reunir, mais recentemente em 11 de novembro. Aguardo sua resposta", disse Mori.

Em setembro, um conselho de arbitragem selecionado em conjunto pela empresa e o USW decidiu a favor do acordo, mas o sindicato discordou da decisão.

Mori, que tem uma visita aos Estados Unidos programada para a semana que vem, se reunirá com trabalhadores do aço em Pittsburgh e também visitará Nova York e Washington.

A empresa siderúrgica japonesa está se esforçando para finalizar o acordo, já que o Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos estendeu sua revisão até o fim de dezembro.

Infomoney - SP   21/11/2024

A CSN (CSNA3) afirmou, em resposta a um questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a matéria intitulada “CSN diz que cumprimento de meta de alavancagem até o fim do ano ‘está desafiador’”, que as iniciativas mencionadas estão inseridas no contexto da busca por alternativas para auxiliar no processo de redução da alavancagem e reforço de caixa.

Segundo comunicado, os comentários tentavam mostrar os caminhos que podem ser percorridos para que se atinja a meta de alavancagem da companhia.

Quanto à busca de um parceiro para a CEEE-G, a CSN reforça que esse é um projeto que vem sendo estudado e divulgado desde o final do ano passado, no contexto de reciclagem de capital do grupo, com a CSN analisando a possibilidade de trazer um potencial sócio para o veículo de energia. Entretanto, a siderúrgica disse que não houve até o momento qualquer avanço que resulte em
comunicado ou fato relevante.

No que diz respeito aos contratos de pré-pagamentos de minério realizados pela controlada CSN Mineração (CMIN3), essas são operações de rotina que aliam estratégia comercial com reforço de caixa e que são contratadas sempre que há oportunidades e demanda no mercado.

Revista Mineração - SP   21/11/2024

A Ternium prevê investimentos de R$ 650 milhões até 2030 em projetos ambientais no centro industrial de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Desde 2017, a companhia investiu R$ 450 milhões para melhorar o desempenho ambiental da unidade, que tem capacidade para produzir 5 milhões toneladas de aço.

O centro industrial no Rio de Janeiro e sua participação na Usiminas tem consolidado a Ternium como uma das principais produtoras de aço no país, com aportes de R$ 25 bilhões nos últimos 12 anos.

Nos últimos anos, o ESG tem sido uma prioridade para a empresa nos últimos anos. Em outubro, a Ternium lançou o seu Relatório de Sustentabilidade 2023 que inclui o plano global de investimento ambiental de R$ 3,6 bilhões entre 2020 e 2030.

“À medida que crescemos e expandimos nossa presença industrial pela América Latina, fazemos isso compartilhando valores e princípios sustentáveis, com um foco em fortalecer o posicionamento e a competitividade de nossas operações,” disse o presidente do Conselho de Administração da Ternium, Paolo Rocca.

Recentemente, a Ternium fez também uma atualização em seu plano de descarbonização global com base no GHG Protocol. A empresa prevê uma redução de 15% na intensidade das emissões até 2030, sendo 2023 o ano base. A Ternium também incorporou no plano o escopo 3, incluindo as emissões com matéria-prima e compra de aço de terceiros.

Para alcançar esse objetivo, a companhia tem investido em tecnologias de baixo carbono, aumentando a participação de energia renovável na matriz elétrica, aprimorando a capacidade de captura e utilização de carbono, além de aumentar o uso de sucata na matriz metálica e implementar melhorias de eficiência energética e desempenho industrial.

Entre os projetos, desde 2021 a Ternium Brasil vem investindo na ampliação do pátio de sucata em seu parque industrial em Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Prevista para 2025, a nova instalação deve ampliar para 16% a utilização de sucata na produção do aço, ou seja, para cada tonelada de aço produzida, 160 quilos serão de aço reciclado, por meio de sucatas.

Na Usiminas, a reforma do Alto-Forno 3 é um exemplo do compromisso com a melhoria da eficiência operacional e ambiental. Finalizado em 2023, com um investimento que chegou a R$ 2,7 bilhões, o equipamento recebeu controles mais modernos, emitindo menos CO2 e materiais particulados. Além disso, a empresa vai substituir parte do consumo de energia elétrica por energia solar.

“A Usiminas terá, nos próximos anos, grandes projetos de transformação para avançar no processo de descarbonização das suas operações, para dar maior valor agregado aos produtos, melhorar a produtividade e eficiência e poder competir com as melhores plantas do mundo com uma ampla gama de produtos,” disse Rocca.

Investing - SP   21/11/2024

A Thyssenkrupp reduziu o valor de sua divisão de aço em mais 1 bilhão de euros, citando cenário futuro cada vez mais negativo do setor diante de fraca demanda e concorrência asiática.

O ajuste contábil, o segundo em vários anos, levou o conglomerado alemão a um prejuízo líquido anual de 1,5 bilhão de euros.

As ações do grupo, contudo, saltaram até 10% depois que analistas disseram que o ajuste pode facilitar a venda de parte da divisão de produção de aço da empresa, ao mesmo tempo em que saudaram um fluxo de caixa positivo inesperado no conglomerado como um todo.

A Thyssenkrupp Steel Europe (TKSE) agora está avaliada em 2,4 bilhões de euros nos livros do grupo, menos da metade do que valia há dois anos, enquanto as perspectivas para a Alemanha, maior economia europeia, continuam pouco promissoras.

Como seus pares industriais alemães, a Thyssenkrupp tem lutado contra uma economia global enfraquecida, crescente concorrência da China e altos custos, o que tem forçado o grupo a vender sua divisão siderúrgica e de navios de guerra.

As ações da Thyssenkrupp acumulam queda de 41% no ano até o momento.

ECONOMIA

Globo Online - RJ   21/11/2024

O BNDES captará o equivalente a cerca de R$ 4 bilhões com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB, na sigla em inglês). O contrato de captação com o CDB, inédito porque é um empréstimo na moeda chinesa, está na lista de 37 acordos entre Brasil e China, anunciados nesta quarta-feira, por conta da visita de Estado do presidente chinês, Xi Jinping, a Brasília.

Na moeda chinesa, o valor da captação é de 5 bilhões de yuans.

Como as demais captações no exterior que o BNDES costuma fazer, o empréstimo, que tem prazo de até três anos, vai compor seu funding, ampliando sua capacidade de emprestar, num momento em que há perspectivas de restrições no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), principal fonte. Os recursos serão destinados ao financiamento de diversos setores da economia brasileira.

Menos dólar, mais moedas locais

O fato de que o empréstimo é na moeda chinesa é aderente à estratégia diplomática do Brasil de promover uma redução da dependência do dólar para as transações financeiras e comercias.

Desde o ano passado, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva vem defendendo essa estratégia. O tema é discutido no âmbito do Brics, que reúne Brasil e China, e outros países emergentes.

Em nota, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que o banco brasileiro tem intensificado sua atuação internacional, buscando maior aproximação com diversas instituições de fomento para diversificar o funding e ampliar os investimentos no Brasil.

“A parceria do banco com a China é histórica, desde 1997, resultando em cooperação em projetos de interesse da China e do Brasil. O empréstimo em moeda chinesa é um passo importante para diversificar as opções dos empresários brasileiros, sobretudo aos exportadores, porque tem a proteção cambial natural decorrente de suas exportações”, diz Mercadante na nota.

Ano passado, o banco de fomento brasileiro já havia anunciado a captação de US$ 500 milhões junto ao seu par chinês.

Outros acordos de captação

Xi fez a visita de Estado a Brasília após participar da reunião de cúpula de chefes de Estado do G20, o grupo das maiores economias do mundo, que terminou na terça-feira, no Rio. A captação do BNDES junto ao CDB se soma a outros acordos bilionários anunciados pelo banco de fomento brasileiro, em paralelo ao encontro do G20.

Na terça-feira, o BNDES anunciou a captação de R$ 2,7 bilhões (cerca de US$ 470 milhões) junto ao CAF, banco multilateral de países da América Latina. Também no último dia da cúpula do G20, foi anunciado R$ 1,2 bilhão (pouco menos de US$ 200 milhões) captados junto à Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), instituição de fomento da França.

Ainda na segunda-feira, o BNDES assinou um memorando de entendimentos com o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês), instituição multilateral da qual a China é a principal cotista, para a captação de R$ 16,7 bilhões.

“O objetivo do memorando é complementar o financiamento de projetos alinhados ao Fundo Clima e ao Novo PAC. No caso do Novo PAC, os projetos devem promover a integração econômica entre o Brasil e Ásia nos setores de infraestrutura de transporte, conectividade energética e digital, água e saneamento”, informou o BNDES numa nota divulgada na segunda-feira.

Money Times - SP   21/11/2024

Enquanto a equipe econômica de Lula não anuncia o pacote de contenção de gastos, o mercado segue monotemático: 100% focado em preocupações fiscais. O ministro da Fazenda Fernando Haddad disse na segunda-feira (18) que as medidas estão praticamente fechadas e serão divulgadas em breve.

Os analistas do BTG Pactual afirmam que o governo tem uma oportunidade de recuperar a confiança dos investidores se implementar cortes de gastos significativos nos próximos dias.

No entanto, dado o elevado nível de dívida e o potencial de aceleração no ritmo de deterioração fiscal, eles dizem que o cenário parece binário: ou os formuladores de políticas entregam o mínimo necessário para estabilizar o sentimento, ou estão caminhando para outra decepção.

“O mercado precisa ver a sustentabilidade do arcabouço fiscal atual e um crescimento mais lento dos gastos, com os investidores acreditando que um teto de gastos de 2,5% será respeitado e que a trajetória da dívida se estabilizará em breve, com superávits primários alcançados nos próximos anos (um desafio político considerável)”, dizem.

Os analistas Antonio Junqueira, Bruno Lima, Carlos Sequeira, Leonardo Correa e Osni Carfi afirmam que, enquanto o mercado de ações permanece barato e os lucros das empresas superaram as expectativas, os investidores precisam que os formuladores de políticas estabilizem o sentimento do mercado.

Caso isso não aconteça, outra queda do mercado de ações é provável, com inflação e juros subindo e a economia enfrentando uma desaceleração significativa, alerta a equipe do BTG.

Dívida também preocupa

Os analistas do BTG lembram que os ativos de risco brasileiros se deterioraram nos últimos meses, com a confiança dos investidores na sustentabilidade do arcabouço fiscal e da trajetória da dívida do país atingindo mínimas de vários anos.

“Os preços dos ativos estão caindo para níveis reminiscentes da era Dilma (com taxas reais das NTNB de 10 anos se aproximando de 7%), embora ainda haja alguma distância”, dizem Junqueira, Lima, Sequeira, Correa e Carfi.

Apesar das boas intenções do ministro da Fazenda e dos esforços para implementar cortes de gastos necessários, eles observam que parece haver falta de apoio político para medidas mais estruturais.

Além disso, a questão da dívida preocupa. O presidente Lula herdou uma dívida bruta de 72% do PIB e aprovou medidas que aumentaram os gastos no início de seu mandato e que podem elevar esse déficit a 84%, segundo economistas.

“Sustentar uma dívida bruta superior a 80% com taxas reais próximas a 7% é desafiador, com o déficit nominal possivelmente ultrapassando 8% do PIB, resultando em um prêmio de risco elevado”, dizem.

CNN Brasil - SP   21/11/2024

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o Brasil está na direção contrária em relação aos outros países, que esperam queda na taxa de juros. O chefe da autoridade monetária palestrou nesta terça-feira (19) em um evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo.

“O Brasil está na contramão, infelizmente”, afirmou.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou os juros em 0,5 ponto em decisão publicada no início de novembro. Com a decisão, a Selic subiu para 11,25% ao ano.

Em novembro, o colegiado já havia decidido de forma unânime pelo aumento de 0,5 ponto na Selic, passando a 11,25%, a primeira elevação desde agosto de 2022.

O Boletim Focus, do Banco Central, divulgado na segunda-feira (18) indica que a Selic deve terminar 2024 em 11,75%. É a sétima semana consecutiva que os economistas projetam esse cenário.

Apesar do cenário, Campos Neto disse que o governo brasileiro, sobretudo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem se esforçado para assegurar a sustentabilidade da política fiscal do Brasil. A equipe econômica do governo está elaborando um pacote de corte de gastos.

“A grande expectativa hoje é de como vai ser o ajuste [fiscal] que deve ser anunciado em breve. A gente reconhece que o governo tem feito um esforço enorme. O ministro Haddad tem feito um esforço enorme. A gente precisa ter um anúncio que gere um impacto positivo”, disse.

O Estado de S.Paulo - SP   21/11/2024

Resgatar a credibilidade do arcabouço fiscal vai exigir que o governo desarme uma das maiores alavancas de crescimento suportadas pelas contas públicas do mundo. Desde janeiro do ano passado, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou o terceiro mandato, o impulso fiscal — ou seja, os gastos do governo em relação ao PIB — no Brasil só fica atrás de seis economias.

Nesse pelotão de frente estão, além do Brasil, Israel, país em guerra — portanto, com pesadas despesas bélicas —, e Turquia, que teve de reconstruir regiões destruídas pelo terremoto que matou mais de 50 mil pessoas em fevereiro do ano passado. Também estão na lista o Catar (que, apesar dos estímulos, ainda arrecada mais do que gasta), a Eslováquia, a Noruega e o Cazaquistão (veja abaixo o top 10).

O ranking tem como base o mais novo levantamento fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Monitor Fiscal, que foi atualizado recentemente traz dados de economias tanto emergentes quanto desenvolvidas. Uma das formas de estimar o impulso fiscal é calculando a diferença entre períodos dos saldos das contas primárias, aquelas que não incluem o pagamento de juros.

O que é um impulso fiscal

Quando reduz ou reverte um déficit primário, um país faz um esforço ou aperto fiscal. Quando faz o inverso — amplia o buraco nas contas públicas, ou transforma um superávit em déficit —, faz um impulso fiscal. Trata-se, assim, de um indicador que mostra se uma economia está usando a alavanca dos gastos públicos para esfriar ou aquecer a atividade.

No caso do Brasil, o impulso da política fiscal do governo Lula — que pega, portanto, os anos de 2023 e 2024 — corresponde a 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB), o sétimo maior do mundo, conforme mostram as estimativas com os ajustes feitos pelo FMI.

No período, o governo cumpriu promessas de campanha, como o reforço do Bolsa Família, o reajuste dos salários de servidores, que estavam congelados havia sete anos, e o aumento acima da inflação do salário mínimo, ao qual estão indexados benefícios da Previdência Social. Também pagou mais de R$ 90 bilhões em precatórios atrasados e teve de socorrer o Rio Grande do Sul após a catástrofe causada pelas enchentes de maio — gastos, nos dois casos, que não são considerados para fins de cumprimento da meta fiscal, mas que têm impacto na dívida pública.

Esses estímulos fiscais foram responsáveis, em grande parte, pelas surpresas do crescimento econômico, em especial do consumo das famílias, desde o ano passado. A preocupação de analistas, no entanto, é por o Brasil dar estímulos superiores aos das economias emergentes quando tem uma dívida pública maior — 87,6% contra a média de 70,8% das economias em desenvolvimento — e que, nas previsões do FMI, caminha para passar de 97% do PIB nos próximos quatro anos.

Seja pela piora na percepção de risco fiscal, que faz o dólar subir e leva o mercado a não acreditar que a inflação vai cair para o centro da meta (3%), seja por estimular a demanda quando a economia dá sinais de que cresce acima de sua capacidade, os estímulos têm efeitos inflacionários. Na quarta-feira, 6, no comunicado em que apresenta as primeiras explicações da alta dos juros para 11,25%, o Banco Central (BC) avisou, na interpretação do mercado, que depende de medidas orçamentárias “estruturais” para não ter de subir tanto os juros.

Ex-secretário do Tesouro e, atualmente, economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida diz que políticas sociais são necessárias em um país com tanta desigualdade como o Brasil. Mas, pondera, é preciso rever o acesso a programas como o Bolsa Família. “Muito do que a gente chama de política social não vai para os mais pobres. Então, esses programas deveriam, a meu ver, ser revistos. Não tem almoço grátis. Se não controlar o crescimento das despesas, vamos precisar de uma carga tributária muito maior.”

O efeito esperado com o pacote do governo

À espera do pacote de contenção de gastos em discussão em Brasília, o mercado vê uma tendência de diminuição, ou mesmo reversão, do impulso fiscal. A expectativa é de que, após deixar para trás a maior parte dos estímulos, o governo vai apertar o cinto das despesas para aliviar a pressão sobre câmbio, inflação e juros. Além disso, a consolidação fiscal ajudará o País a buscar o grau de investimento das agências de classificação de risco. Nos cenários de economistas, aumentou a probabilidade de o governo entregar a meta fiscal deste ano para não acionar gatilhos que restringem o espaço a gastos em 2026 — ano em que Lula provavelmente buscará a reeleição.

“Não temos no horizonte mais nada que represente um impulso tão forte. Tirando a pandemia, passamos nos últimos dois anos pelo maior impulso do período recente”, comenta o economista Ítalo Franca, especialista em contas públicas do Santander. “Provavelmente vamos observar uma desaceleração da economia sem esses novos impulsos”, acrescenta Franca, ressaltando que, para cumprir o arcabouço, a política fiscal terá de ser contracionista no ano que vem.

Conforme Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset, o governo terá de colocar um freio nas despesas obrigatórias para ganhar credibilidade na política fiscal e abrir um horizonte de estabilidade da dívida. “Não adianta fazer alguma contenção de gastos em despesas discricionárias, porque acaba ficando no mesmo problema: cortar uma despesa discricionária para aumentar outra despesa discricionária. Não interessa na sustentabilidade do modelo fiscal”, afirma Funchal, que foi secretário especial do Tesouro e Orçamento da equipe de Paulo Guedes, no governo Jair Bolsonaro. A incerteza, diz Funchal, aumenta conforme o governo atual demora para anunciar as medidas de corte de gastos.

O Estado de S.Paulo - SP   21/11/2024

Enquanto a cúpula do governo, incluindo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa da reunião do G20 no Rio de Janeiro, o mercado financeiro aguarda com ansiedade o anúncio previsto para esta semana do pacote de corte de gastos. Entre investidores, a visão é de que esta é a última oportunidade para o governo reverter a desconfiança que paira sobre a economia e que se reflete principalmente no mercado de juros futuros e nas projeções para a inflação e a dívida pública.

O número que circulou em Brasília, de R$ 70 bilhões de cortes em 2025 e 2026, ainda carece de explicações. Não ficou claro, nas conversas de Haddad com parlamentares, sobre o que serão esses cortes e se estão incluídas na conta novas medidas de “pente-fino” em programas sociais. Por isso, além do número em si, será preciso analisar a consistência de cada medida, para saber o que é “estrutural”, ou seja, mudança permanente, e o que é apenas “conjuntural”, ações que terão duração curta sobre as contas governo.

A demora do anúncio também está pesando contra a equipe econômica. Embora interlocutores da Fazenda aleguem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu “ampla discussão” entre os ministérios para que ele fosse bem informado para tomar a decisão, o fato é que houve uma forte valorização do dólar no período - impulsionado também pela eleição de Donald Trump nos EUA - e dificilmente a cotação voltará ao patamar anterior ao início da discussão.

O mesmo vale para outros indicadores, como as expectativas de inflação. Para se ter uma ideia, nas últimas quatro semanas, o Boletim Focus, do Banco Central, subiu as projeções para o IPCA deste ano de 4,5% para 4,64% (acima do teto da meta), e para o do ano que vem, de 3,99% para 4,12%. Ao mesmo tempo, as estimativas para a Selic subiram de 11,25% para 12% ao ano em 2025. Ou seja, mesmo apostando que o BC vai continuar elevando os juros, houve piora nas projeções.

A explicação passa justamente pelo risco fiscal, que coloca o Brasil em uma situação de vulnerabilidade, em cenário internacional mais incerto. A eleição de Trump anulou parte da redução dos juros prevista para acontecer nos EUA. Agora, a expectativa é de que os cortes serão em menor intensidade - por causa das políticas inflacionárias propostas por Trump - e isso irá afetar moedas de países emergentes e com problemas, como o Brasil.

Desde o início do governo Lula, a dívida bruta saltou de 71,7% do PIB, em dezembro de 2022, para 78,3%, em setembro deste ano - um aumento de quase sete pontos porcentuais. Isso torna mais custoso para o governo fazer a rolagem da sua dívida, via pagamento de juros.

Com o real mais desvalorizado, por culpa desse cenário mais desfavorável e do risco fiscal, a tendência é de que a inflação continue pressionada. E, aí, o Brasil poderá entrar em uma espiral negativa: a desconfiança bate no dólar, pressiona a inflação, impulsiona os juros e diminui o ritmo de atividade. A consequência é uma nova piora na percepção fiscal, realimentando o ciclo.

Num cenário extremo, o Brasil pode entrar no que os economistas chamam de “dominância fiscal”, quando o Banco Central não consegue mais conter a piora das expectativas de inflação simplesmente aumentando a taxa Selic.

Como os anos de 2025 e 2026 são mais próximos das eleições presidenciais, o pacote de agora é visto como uma espécie de “vai ou racha” na política fiscal. A última chance de o governo mostrar que está, de fato, comprometido com as contas públicas, ou se está disposto a seguir um caminho que já deu errado no governo Dilma Rousseff.

Infomoney - SP   21/11/2024

Nesta quarta-feira (20), o presidente da China, Xi Jinping, será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Alvorada, em Brasília. Segundo o Palácio do Planalto, a agenda prevê reunião, cerimônia de assinatura de atos, declaração à imprensa e almoço. À noite, será oferecido um jantar ao chefe de estado do país asiático, parceiro comercial do Brasil há 50 anos, e destino principal das exportações brasileiras.

Em um intervalo de 20 anos, a corrente do comércio bilateral entre o Brasil e a China passou de US$ 6,6 bilhões em 2003 para US$ 157,5 bilhões, resultado obtido em 2023, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Dados deste ano indicam que o comércio chegou a US$ 136,35 bilhões até outubro.

Ainda no ano passado, os embarques brasileiros para a China superaram em três vezes o que foi enviado para os Estados Unidos – a China é a maior parceira comercial do Brasil, enquanto os EUA ficam em segundo lugar.

Desde 2009, a China já havia superado os Estados Unidos em vendas externas do Brasil, e, no ano passado, respondeu por 31% do total exportado e por 23% das importações. No gráfico abaixo é possível observar essa evolução. Navegue com o mouse para ver os números absolutos de cada período.

Tudo indica que esse volume irá crescer ainda mais, sobretudo se as tarifas adicionais de 60% ou mais sobre as todas as importações chinesas, alardeadas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de fato forem colocadas em prática em seu novo governo, segundo análise do economista Paulo Feldmann, coordenador de projetos e professor da FIA Business School.

“Se isso de fato acontecer, a China poderá comprar mais produtos do Brasil, já que vai agora precisar mais ainda do País, sobretudo em questões de muitos produtos agrícolas. Podem ser ampliadas ainda mais as exportações de milho, trigo, soja e até mesmo açúcar”, avalia Feldmann.

Ele lembra que a relação comercial entre o Brasil e a China teve início há 50 anos, em 1974, quando o Brasil era comandado pelos militares. “A China era um país comunista, como ainda é, e, à época, os militares tinham muitas restrições ao comunismo. Mesmo assim, foi iniciada a relação comercial nesta época”, diz Feldmann.

Segundo ele explica, essa relação se intensificou justamente nas últimas duas décadas, com o rápido desenvolvimento da China. Um dos focos do país asiático era a eliminação da pobreza e isso demandou mais alimentos. Já o Brasil historicamente foi importador de produtos manufaturados, ainda mais nos últimos anos.
Soja, semicondutores e carros elétricos

Entre os cinco produtos mais exportados pelo Brasil para a China a soja ficou em primeiro nos últimos cinco anos, segundo dados do Ministério. Já o item que o Brasil mais importou da China no mesmo período foram semicondutores. Veja a seguir a lista com os produtos mais exportados e importados entre os dois países nos últimos cinco anos.

Itens mais exportados pelo Brasil para a China
Soja: US$ 169,2 bilhões Minério de ferro e seus concentrados, não aglomerado: US$ 113,9 bilhões Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos, cruds: US$ 94,9 bilhões Carne de gado bovino congelada, desossada: US$ 29,15 bilhões Pastas químicas de madeira, ao bissulfito, exceto pastas para dissolução, não-coníferas: US$ 17,4 bilhões Açúcar de cana, em bruto: US$ 8,9 bilhões Cortes de aves ou outros despojos, congelados: US$ 7,78 bilhões Algodão (exceto fios), não cardado nem penteado: US$ 6,8 bilhões Ferro-ligas: US$ 5,3 bilhões Minérios de cobre e seus concentrados: US$ 2,76 bilhões

Itens mais importados pelo Brasil da China
Dispositivos fotossensíveis semicondutores; diodos emissores de luz: US$ 16,9 bilhões Peças: US$ 8,2 bilhões Herbicidas, inibidores de germinação e reguladores de crescimento para plantas: US$ 6,9 bilhões Conversores estáticos (por exemplo, retificadores): US$ 4,85 bilhões Veículos automóveis para transporte de pessoas: US$ 4,55 bilhões Peças e acessórios (exceto estojos, capas e semelhantes) exclusiva ou principalmente destinados às máquinas do grupo 752: US$ 4,53 bilhões Processadores e controladores, mesmo combinados com memórias, conversores, circuitos lógicos, amplificadores, circuitos temporizadores e de sincronização, outros circuitos: US$ 4,2 bilhões Sulfato de amônio: US$ 4 bilhões Outros aparelhos para transmissão ou recepção de voz, imagens ou outros dados, incluindo os aparelhos para comunicação em redes por fio ou sem fio (tais como uma rede local ou de longa distância): US$ 4 bilhões Meios magnéticos: US$ 2,65 bilhões

O volume de veículos trazidos para o País soma US$ 4,85 bilhões no período analisado. Em 2023, a importação de veículos pelo Brasil era de US$ 1,08 bilhão, número que mais que duplicou neste ano, com US$ 2,95 bilhões.

A evolução pode ser explicada pela entrada dos elétricos no mercado brasileiro. “O carro elétrico ocupa hoje uma fatia significativa das importações vindas da China, dado ao boom enorme que está ocorendo. Na esteira disso, vem os investimentos diretos na base de montadoras em busca de industrialização”, afirma Guilherme Rosenthal, co-fundador da Vixtr, uma fintech focada em crédito para importadores.
Concentração

Para os especialistas ouvidos pela reportagem, no que depender das atuais taxas de crescimento da China – só no último trimestre, o país avançou 4,6% – as exportações brasileiras para o gigante asiático devem evoluir ainda mais.

“Não é uma relação maravilhosa para o Brasil, já que a gente exporta commodities. Além dos produtos agrícolas, exportamos muito minerais, que também são commodities, cujo preço não é determinado por nós, mas por bolsas internacionais. Já nós compramos produtos altamente sofisticados”, avalia Feldmann. “Quando tínhamos esse tipo de relação com os EUA, havia críticas muito sérias, chamando eles (norte-americanos) de imperialistas. Mas também vivemos hoje uma relação imperialista”, diz.

Para Rosenthal, a pauta de exportações do Brasil melhorou com a venda de produtos mais industrializados, como no caso de jatos e aviões comerciais, mas ainda é muito concentrada. “Há sempre dois lados da moeda. É, sim, um risco para o Brasil ter uma concentração tão grande”, avalia.

Os dois analistas indicam que a importante relação comercial do Brasil com a China não se limita apenas às exportações e importações. Um estudo da Associação Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), com base nos dados do Banco Central, indica que a China já é o oitavo maior investidor do Brasil, com US$ 37 bilhões até junho deste ano, sendo que US$ 14 bilhões foram no setor de energia.

Feldmann, também docente da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA-USP), diz que essa relação têm impactos também em outras áreas, como a acadêmica, devido ao interesse de chineses, que, segundo ele, estudam muito sobre o Brasil. “Existem de fato outros interesses, além do puramente comerciais, como apoiar a pesquisa científica e as universidades”, afirma.

Desde 2017, a USP é uma das 12 universidades latino-americanas que participam de um consórcio coordenado pela Fudan University, de Xangai, uma das mais antigas e importantes do país asiático. Em debate, temas comuns tanto à China quanto ao Brasil, como aumento da produtividade, mudanças climáticas e combate à poluição, impactos da automação e da inteligência artificial sobre o emprego, melhoria do ensino e também erradicação da pobreza.

MINERAÇÃO

Valor - SP   21/11/2024

Vale é a líder do setor e representa quase dois terços da receita líquida da área

A Vale é, com folga, a maior empresa do setor de mineração do Brasil, fazendo parte das top 100 do país. Além dela, outras 23 companhias do ramo estão dentro das 1000 maiores empresas, sendo elencadas pela receita líquida de cada uma, de acordo com o Ranking Valor 1000 (não inclui os bancos).

O setor possui uma receita líquida de R$ 300,6 bilhões, com quase 70% desse valor sendo apenas da Vale, mesmo com a queda de receita que a empresa teve entre 2022 e 2023.

Outras 12 instituições também mostraram uma redução da receita, com o maior recuou ficando com a Anglo American Níquel Brasil, de 34,1%, com um resultado de R$ 2,7 bilhões. Em contrapartida, 11 empresas tiveram variação positiva de receita, com a CBL ficando em primeiro, mostrando um avanço de 28,8% e uma receita de R$ 783,8 milhões.

A CBL, em conjunto com a Mineração Caraíba, foram adicionadas ao ranking somente nesta edição, ficando no 961º e 604º lugar, respectivamente. Em compensação, entre as empresas que já faziam parte da lista, 14 perderam posições, com destaque para a Oxicur Participações, que caiu da 597ª para a 794ª colocação. Do outro lado, a INB angariou 107 lugares e ficou, coincidentemente, logo abaixo a Oxicur na lista do setor.

A Vale foi a única a manter sua posição do ranking geral, ficando em primeiro lugar no ramo e em quarto no país, com uma receita de R$ 208 bilhões.

Veja a lista com as maiores empresas de mineração no Brasil:

As maiores empresas de mineração no Brasil

Classificação Classificação geral 2023 Classificação geral 2022 Empresa Sede Receita líquida (em R$ milhões) Var. (em %)
1 4 4 Vale RJ 208.066,00 -8,1
2 90 81 Nexa Resources MG 12.863,00 -18
3 97 100 Anglo American Minério de Ferro Brasil MG 11.954,90 6,1
4 101 103 CBMM MG 11.425,30 4,3
5 120 101 Hydro Alunorte PA 10.243,80 -8,9
6 161 150 Samarco MG 7.580,80 -6,8
7 216 238 Kinross MG 5.543,70 8,7
8 278 225 CMOC Brasil SP 4.227,30 -22,7
9 359 390 South32 Minerals RJ 3.112,80 15
10 400 278 Anglo American Níquel Brasil MG 2.732,60 -34,1
11 415 386 Grupo Magnesita MG 2.579,50 -5,7
12 420 362 Anglogold Ashanti MG 2.561,60 -15,3
13 482 448 Mineração Maracá GO 2.171,10 -4,7
14 498 500 AMG Brasil MG 2.086,90 7,2
15 499 488 Aura Minerals Inc. SP 2.080,50 2,5
16 504 436 Hydro Paragominas PA 2.057,60 -12,1
17 604 - Mineração Caraíba BA 1.597,90 -12
18 671 773 Ferro + Mineração MG 1.360,60 25,7
19 703 686 Morro do Ipê MG 1.311,60 3,2
20 717 652 Mineração Taboca AM 1.278,40 -6,2
21 794 597 Oxicur Participações MG 1.085,20 -30,1
22 822 929 INB RJ 1.027,90 27,7
23 917 895 Serra Grande GO 867,5 1
24 961 - CBL MG 783,8 28,8

Fonte: Valor 1000

AUTOMOTIVO

Globo Online - RJ   21/11/2024

A Ford planeja cortar mais 4 mil vagas nas fábricas da Europa. Em comunicado, a marca atribui a decisão à diminuição do ritmo pela transição para veículos elétricos, falta de apoio dos governos e ao aumento da concorrência.

Os cortes, que representam cerca de 14% da força de trabalho da Ford na Europa, devem afetar principalmente as operações na Alemanha e no Reino Unido até o final de 2027, dependendo de consultas com sindicatos e governos.

A montadora americana também anunciou, nesta quarta-feira, que reduzirá a produção dos modelos elétricos Explorer e Capri em seu complexo em Colônia, na Alemanha. No ano, a Ford apresentou uma queda de quase 18% nas vendas no continente, quase o triplo de 6,1% de redução em toda indústria de carros.

Em 2021, a Ford prometeu reformular drasticamente seus negócios na Europa, afirmando que se tornaria quase totalmente elétrica até o final da década. No entanto, essa transformação não tem seguido o planejado, com a empresa anunciando em 2023 que cortaria 3,8 mil vagas, cerca de 11% da força de trabalho da empresa até aquele momento.

Crise no mercado europeu

Empresas concorrentes, como Volkswagen e Stellantis (dona da Fiat e Jeep), emitiram alertas sobre seus lucros nos últimos meses, citando a desaceleração geral nas vendas de veículos e a redução de subsídios governamentais para a compra de veículos elétricos.

No fim de outubro, a Volkswagen também demonstrou que pretendia fechar pelo menos três fábricas na Alemanha na tentativa de reduzir custos diante do cenário ruim para a indústria.

“O que falta na Europa e na Alemanha é uma agenda política inconfundível e clara para avançar na mobilidade elétrica”, disse John Lawler, vice-presidente e diretor financeiro da Ford, em um comunicado. No fim do ano passado, o país cortou os subsídios para veículos elétricos e, no acumulado de 2024 até setembro, as vendas dos carros à bateria caíram quase 30%.

Ele pediu mais investimentos públicos em infraestrutura de recarga, incentivos significativos para veículos elétricos e maior flexibilidade nas metas de redução de emissões de CO2, que serão endurecidas pela União Europeia e pelo Reino Unido no próximo ano.

Em agosto, a Ford já havia adiado a apresentação de um novo utilitário elétrico. O desenvolvimento do novo veículo poderia custar US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 11 bilhões).

Valor - SP   21/11/2024

Os registros de carros de passeio na União Europeia subiram em outubro, um mês marcado por ganhos sólidos na Alemanha e na Espanha que eclipsaram os declínios nos mercados de automóveis francês e italiano.

A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (Acea) disse que os registros de carros novos — um reflexo das vendas — aumentaram 1,1% no ano na UE no mês passado para 866.397 unidades, após uma contração de 6,1% em setembro e um declínio mais acentuado de 18% em agosto.

O mercado de carros alemão, há muito considerado um termômetro na UE, registrou um crescimento de 6% nos registros, disse a Acea, enquanto a Espanha registrou um crescimento de 7,2%. Enquanto isso, França e Itália registraram declínios de 11% e 9,1%, respectivamente.

Entre os grandes fabricantes de automóveis da UE, os dados da Acea mostraram que os registros subiram quase 17% para a Volkswagen e 4,7% para a BMW em outubro, embora a Stellantis tenha visto um declínio de 17%.

As montadoras vêm sofrendo há meses com o lento mercado de veículos elétricos e a competição acirrada das montadoras locais na China, o que forçou várias montadoras europeias a reduzir suas próprias previsões de lucro e vendas para o ano.

A Ford se tornou a mais recente montadora a buscar grandes economias de custos depois que a gigante automobilística dos EUA disse que cortaria 4 mil empregos na Europa até 2027, com unidades na Alemanha e no Reino Unido sendo as mais afetadas.

Os registros de novos carros elétricos a bateria na UE caíram 4,9% entre janeiro e outubro, para 1.172.737 unidades, um declínio que a Acea disse ter sido devido principalmente a uma queda de quase 27% na Alemanha.

O Estado de S.Paulo - SP   21/11/2024

Após a ascensão dos carros elétricos, vivem-se agora a queda e o paradoxo da energia fóssil verde? Até quem chegou de Marte nas últimas semanas sabe que os carros elétricos (VEs) viraram um amuleto de narrativas, uma solução para a redução das emissões de carbono e a eliminação de combustíveis fósseis, e, assim, frear o aquecimento global e acelerar a transição energética. Mas, como de costume, medimos políticas pelo entusiasmo das ideias e não por seus resultados. Adicione previsões irrealistas, negligência e complexidade; para resolver um problema é preciso identificá-lo.

O Environmental and Energy Study Institute aponta que cerca de 80% da energia consumida no mundo vem de fontes fósseis. O Journal of Industrial Ecology mostra que a produção de um VE é cerca de três vezes mais tóxica que a de um a combustão, tanto para o ser humano quanto para o ambiente. Ou seja, é mais carbono intensivo. O que isso nos diz? Que os VEs são abastecidos com energia fóssil e sua produção não é limpa. Os pontos de recarga de VEs, em regiões distantes, às vezes são alimentados por geradores a diesel; na Polônia, que estima que até 2025 1 milhão de VEs rodarão em suas estradas, tem 87% da sua matriz baseada em energia fóssil; e na Europa, 70%, segundo dados do International Energy Agency.

Chegamos ao que eu chamo de “paradoxo da energia fóssil verde”, que é uma balança desequilibrada. A transição para VEs e outras tecnologias verdes é dependente de combustíveis fósseis. A produção de baterias, por exemplo, requer fontes de energia estáveis, um desafio para as atuais fontes renováveis. Ou seja, a transição energética exige uma reestruturação significativa de infraestrutura.

Mesmo com muito investimento em pesquisa e projetos de infraestrutura, levaremos décadas. Sem soluções inovadoras e vontade política, estamos longe do futuro prometido. Para entender o desafio: a produção de pás para turbinas eólicas requer a quantidade de energia fóssil necessária, aproximadamente, para suprir uma família média no Brasil por cerca de quatro anos ou 297mil km rodados de um VE (15kWh/100 km média).

Os carros elétricos estão caindo em desgosto; baixa autonomia, pontos de recarga insuficientes e baixo poder de revenda nos coloca à beira de passivo ambiental. Obviamente que temos benefícios a longo prazo, mas como mensurá-lo? O entusiasmo das ideias nos faz acreditar em um cenário que, talvez, um dia chegue.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Exame - SP   21/11/2024

Nem toda história de sucesso começa em um escritório. No caso do capixaba Mateus Oliveira, a trajetória para o topo do mercado de construção civil começou na porta de baladas, onde ele ajudava a mãe a vender churrasquinho e bebidas para complementar a renda da família. Hoje, aos 30 anos, Mateus é fundador e CEO da Private Construtora, uma empresa na construção civil faturou 800 milhões de reais no último ano e deve bater 1,5 bilhão de reais neste ano.

“A gente nunca passou fome, mas minha mãe fazia de tudo para sustentar a casa. E isso me ensinou o valor do trabalho duro”, diz Mateus.

Foi com essa lição que ele fundou a Private Construtora há quase 10 anos. A empresa é especializada em galpões logísticos, obras industriais e projetos no setor de petróleo e gás. Hoje, a Private está presente em mais de 50 canteiros de obras e planeja crescer ainda mais. A meta é dobrar de tamanho ano que vem.

Como a história começou

Mateus Oliveira cresceu em Vitória, no Espírito Santo, em uma casa humilde. Seu pai saiu de casa quando ele tinha apenas três anos. Sua mãe, agente comunitária de saúde e costureira, acumulava trabalhos para sustentar Mateus e sua irmã.

“Minha mãe trabalhava o dia inteiro e, à noite, vendia churrasquinho e bebidas na porta de baladas e eventos”, afirma Mateus.

Desde criança, ele ajudava a mãe no trabalho. “Catava latinhas para complementar a renda e carregava caminhões para ganhar um trocado. Minha mãe sempre foi muito boa em vendas, e isso me inspirou desde cedo”, diz.

Aos 17 anos, Mateus conseguiu seu primeiro emprego fixo em uma fábrica da Fortlev, em Vitória. A empresa é uma das maiores fabricantes de caixas d'água do país.

“Eu ia todos os dias até a empresa e via os gerentes almoçando. Um dia, abordei um deles na rua, pedi uma oportunidade e consegui", diz. "Na entrevista, falei que daria meu melhor. Eu não era o mais qualificado, mas compensaria com esforço”.

Na Fortlev, Mateus se destacou rapidamente. Assumiu um projeto de carteiras escolares feitas de polietileno, um tipo de plástico que estava parado, e conseguiu reverter a situação. “Em seis meses, eu criei um plano de vendas e fechei contratos com prefeituras", diz. "Vendemos 7 milhões de reais em carteiras e pagamos todo o investimento”.

A experiência o aproximou dos donos da empresa, que se tornaram mentores informais. “Eles me ensinaram muito sobre negócios e gestão. Mas, com 20 anos, decidi que era hora de empreender. Montei um plano de negócios e fui honesto com eles: queria começar algo meu.”

O que a Private faz hoje

Fundada em 2014, a Private Construtora começou com pequenos projetos de reforma em apartamentos. O salto veio quando Mateus passou a atender obras industriais e logísticas.

Hoje, a Private é dividida em cinco unidades de negócios:

Galpões logísticos (carro-chefe da empresa); Obras corporativas, como supermercados e escolas; Projetos industriais; Licitações públicas; Obras de infraestrutura para o setor de petróleo e gás.

Com mais de 50 canteiros de obras em operação, a empresa atende clientes como fundos de investimento e empresas do setor de energia.

Só em 2024, a Private projeta faturar R$ 1,5 bilhão, impulsionada pela demanda crescente do e-commerce e da logística. E o Espírito Santo é um hub de logística importante para empresas, por estar, ao mesmo tempo, no Sudeste e mais próximo do Nordeste brasileiro. Com a demanda em alta, a Private faz mais galpões, e fatura mais.

Sustentabilidade também é um pilar da empresa. “Investimos em tecnologias que reduzem emissões de carbono e otimizam o uso de recursos. Queremos crescer sem deixar de lado nosso compromisso com o meio ambiente”, diz Mateus.

Quais são as dificuldades do setor

A construção civil é um setor conhecido por seus altos e baixos. Mateus Oliveira, que começou sua trajetória no mercado há quase uma década, aprendeu cedo a importância de resiliência e boa gestão para enfrentar as dificuldades.

"A construção civil é cíclica. Temos momentos de grande expansão e outros de retração", diz. Para sobreviver, é preciso ter governança e eficiência em todas as etapas do negócio".

Outro obstáculo enfrentado por Mateus foi a entrada em novos mercados, especialmente no início da atuação em obras industriais. “Foi desafiador. Eu não tinha experiência nesse segmento, mas sempre fui muito transparente com os clientes. Isso nos deu credibilidade e me obrigou a aprender rapidamente", afirma. "Hoje, entregamos projetos industriais com um padrão que nem imaginávamos no início.”

Além disso, gerenciar pessoas em um setor tão exigente foi outra curva de aprendizado. Com mais de 1.700 funcionários diretos, Mateus destaca a necessidade de engajamento para manter a qualidade.

“A produtividade de um time não depende só de ferramentas. Um ambiente de trabalho acolhedor impacta diretamente os resultados", diz. "É por isso que investimos tanto no bem-estar da equipe, como oferecendo café da manhã nos canteiros de obras. Pequenas atitudes fazem uma diferença enorme”.

Os planos para o futuro

A meta de Mateus é levar a Private para novos mercados e dobrar o faturamento até 2025. “Queremos expandir nossa atuação em São Paulo e em outras regiões onde a demanda por galpões logísticos e projetos industriais é alta”, afirma.

Além disso, Mateus tem planos de investir em formação de mão de obra.

“Estamos desenhando um projeto para capacitar profissionais da construção civil. É uma forma de devolver à sociedade o que aprendemos e ajudar outras pessoas a transformarem suas vidas”, diz.

Com o foco na expansão e um modelo de negócios ajustado às demandas do mercado, Mateus acredita que a Private ainda tem muito espaço para crescer.

“Meu objetivo não é ser a maior empresa do setor, mas entregar o melhor trabalho possível. É isso que vai nos levar para onde queremos estar.”

Valor - SP   21/11/2024

Resultados financeiros e operacionais superam o esperado, mas ações não acompanham desempenho e cenário macro assusta

Para Gustavo Cambaúva, do BTG Pactual, há exagero na reação do mercado — Foto: Divulgação

O segmento de incorporação imobiliária vai bem e os resultados do terceiro trimestre mostram isso, mas o cenário macroeconômico está fazendo sombra no desempenho das empresas na bolsa. Levantamento do Valor Data feito com 31 incorporadoras de capital aberto, listadas e não listadas, mostra que o lucro líquido consolidado subiu 287% no terceiro trimestre, na comparação anual. A receita cresceu 25,6% no mesmo período.

Mesmo assim, até quem teve resultados que ultrapassaram a expectativa do mercado, que já era alta, como é o caso da Cyrela, viu as ações caírem após a divulgação do trimestre. Houve recuo de 3,06% na quinta-feira (14), logo após a sua divulgação de resultados. Já quem teve resultado abaixo do esperado, caso da MRV, que apresentou prejuízo líquido, sofreu mais, com a maior queda do Ibovespa naquele dia, de 7,07%. Elas acumulavam quedas de 4,09% e 11,85% nos últimos 5 dias, até esta terça-feira (19).

Para Gustavo Cambaúva, analista de real estate do BTG Pactual, há algum “exagero” nas reações do mercado. “Por mais que os resultados estejam bons, o setor não está performando bem as ações”, afirma. Segundo ele, “ninguém quer comprar muito” as incorporadoras até conseguir ver o impacto dos juros mais elevados e de restrições ao crédito imobiliário.

Neste mês, a Caixa reduziu a parcela do valor dos imóveis que pode ser financiada, pelas tabelas SAC e Price, de 80% para 70% e de 70% para 50%. Ao mesmo tempo, bancos fortes no crédito imobiliário, como Bradesco e Santander, elevaram os juros para esse tipo de financiamento. O motivo é a escassez de recursos baratos para financiar imóveis, já que o saldo da poupança está se reduzindo e outras fontes são necessárias.

Cambaúva ressalta que a Caixa agiu bem, nesse sentido, ao direcionar o dinheiro vindo da poupança para financiar os compradores dos imóveis, e não mais os construtores, que também usavam o recurso. “Encarece o financiamento da obra, mas você tem recurso disponível para financiar o cliente, que é o que importa.”

Victor Tapia, analista do UBS BB, lembra que, até agora, nenhuma incorporadora está reclamando de vendas mais lentas ou de que é preciso dar desconto para atrair o cliente. Ou seja, a demanda continua, mesmo com o crédito ficando mais difícil. Fica, no entanto, a dúvida de até quando essa resiliência vai continuar. “Toda diretoria de empresa está com o cabelo em pé”, afirma.

Cambaúva analisa que a economia forte, com bons indicadores de emprego, está compensando os juros e a inflação mais altos.

No segmento de média e alta renda, além da Cyrela, os analistas destacaram os desempenhos positivos de Lavvi, Trisul e EZTec, com boa venda de estoque.

A conjuntura segue positiva para as incorporadoras do MCMV. O orçamento do programa para 2025 já foi assegurado, e a Caixa atendeu pedido do setor para reduzir a utilização de recursos do FGTS para a compra de imóveis usados. “Nos últimos 60 dias, deixamos de ter concorrente importante”, afirmou Eduardo Fischer, copresidente da MRV, em teleconferência com analistas, se referindo à medida da Caixa para os usados. “Nos ajuda bastante”.

Nesse segmento, empresas que já vinham muito bem, como Cury e Direcional, seguem se destacando. A Tenda foi uma surpresa positiva, para Tapia, com recuperação contínua da margem bruta após um descasamento entre custo e preço de venda na pandemia.

A inflação do setor está maior do que no ano passado, mas, para os analistas, as incorporadoras têm conseguido lidar com o problema. “Todo mundo está com a lição aprendida na pandemia e fazendo ajuste de preço com frequência alta”, afirma Tapia.

Para Cambaúva, a importância que tem sido dada à questão do custo da construção é exagerada. “[Inflação] próxima de 5% ou 6% não é absurdo, para o Brasil”, diz. Ele concorda que as empresas têm conseguido repassar os ajustes no preço. “Está tranquilo do ponto de vista da rentabilidade”.

Há um empurrão vindo dos governos municipais e estaduais. Executivos do setor e analistas comemoram a maior oferta de programas habitacionais nessas esferas, que oferecem subsídios complementares ao MCMV. “Vai ajudando cada vez mais as empresas”, afirma Tapia.

FERROVIÁRIO

IstoÉ Dinheiro - SP   21/11/2024

A Louis Dreyfus Company (LDC) anunciou a construção de um terminal de transbordo de açúcar em Pederneiras (SP) com capacidade para armazenar 90 mil toneladas do produto e movimentar 500 toneladas por hora. O terminal conectará as usinas do Centro-Sul ao Porto de Santos via modal ferroviário, diversificando as opções logísticas da região, explicou a empresa em nota.

“Ao investir nesse transbordo ferroviário, possibilitaremos que as usinas contem com uma opção de frete mais competitiva em relação ao modal rodoviário e com mais uma alternativa logística”, disse, na nota, o diretor global de portos e hidrovias da LDC, João Paiva. Ele destacou que o terminal trará maior eficiência operacional, aproveitando a expertise da LDC em Pederneiras, onde a empresa já atua há quase 20 anos no transporte de grãos.

Previsto para entrar em operação em meados de 2025, o novo terminal permitirá à LDC aumentar em 1 milhão de toneladas anuais sua capacidade de movimentação de açúcar por ferrovia. A instalação também operará em sinergia com o Terminal Exportador de Açúcar do Guarujá, o que reforça a logística portuária da empresa.

“O mercado brasileiro vem crescendo em relevância no cenário internacional. As usinas do setor sucroenergético estão investindo mais em capacidade de cristalização. Com o aumento da produção de açúcar, o País precisará ganhar mercado internacional”, disse o diretor da plataforma de açúcar da LDC na região North Latam, Guilherme Correia.

Valor - SP   21/11/2024

Interação também serviu para o governo sondar o interesse em outros projetos ferroviários considerados estratégicos; reunião não contou com a presença do presidente da Vale, Gustavo Pimenta

Desde que assumiu, Renan Filho insiste na estratégia de levantar recursos para expandir a malha ferroviária do país com a revisão dos valores de outorga — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro dos Transportes, Renan Filho, reuniu-se com executivos da Vale, na tentativa de avançar com o acordo de repactuação de valores dos contratos renovados das ferrovias Carajás e Vitória-Minas (EFC e EFVM). O encontro, nesta terça-feira (19), que durou mais de duas horas, incluiu Daniel André Stieler, presidente do conselho de administração da mineradora.

O Valor apurou que a interação com o comando da mineradora também serviu para o governo sondar o interesse em outros projetos ferroviários considerados estratégicos para o executivo. A reunião no gabinete do ministro Renan Filho não contou com a presença do presidente da Vale, Gustavo Pimenta, que há poucos meses assumiu o comando da empresa.

A negociação para revisar valores das outorgas das ferrovias já teve momentos de maior hostilidade. Renan Filho ameaçou levar o caso à Justiça com o intuito de responsabilizar os executivos e agentes públicos que assinaram a renovação em condições que, segundo ele, seriam desfavoráveis à União.

No atual estágio das tratativas, o ministro dos Transportes tenta assegurar um aporte de R$ 15 bilhões da mineradora. Esse valor, no entanto, ainda não está fechado e pode ter o seu repasse diluído ao longo dos próximos anos. Embora elevada, a fatura cobrada da Vale já foi reduzida em quase à metade dos R$ 27 bilhões colocados pelo governo no início do mandato.

Integrantes do Ministério dos Transportes têm recebido cobranças da equipe econômica para acelerar o fechamento das negociações e garantir arrecadação prevista aos cofres da União. Assessores do ministro Renan Filho garantem que as regras criadas para o setor vinculam esse dinheiro a futuros investimentos em ferrovias.

O encontro também foi acompanhado pelos diretores de negócios, Fábio Ferraz, e de assuntos regulatórios, Marcelo Sampaio — este último foi secretário-executivo do então Ministério da Infraestrutura e comandou o órgão no fim do governo passado, após a saída de Tarcísio de Freitas.

Da parte do governo, a ida dos executivos da mineradora foi acompanhada pelos secretários-executivos da Fazenda, Dario Durigan, e dos Transportes, George Santoro.

Também foi levado à mesa de conversas com os executivos da Vale o Trecho 1 da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol 1), ligação entre Ilhéus e Caetité, na Bahia. Nos últimos meses, a Vale precisou responder sobre eventual movimentação para adquirir a Bahia Mineração S.A (Bamin), mineradora que detém o contrato de subconcessão da Fiol 1 e enfrenta dificuldades financeiras. Rumores davam conta de que o governo vinha pressionando a Vale para assumir o negócio da concorrente.

Desde que chegou ao ministério, Renan Filho insiste na estratégia de levantar recursos para expandir a malha ferroviária do país com a revisão dos valores de outorga definidos na renovação de contratos no setor, firmados durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Além das duas ferrovias da Vale, o governo negocia a elevação dos valores de outorgas dos grupos Rumo (Malha Oeste) e MRS Logística (Malha Sudeste).

Nas contas do governo, seria possível garantir R$ 30 bilhões para financiar a expansão da rede ferroviária nacional. Ultimamente, o Ministério dos Transportes trabalha com um número mais conservador, de R$ 20 bilhões.

Procurada, a Vale informou que "está em discussões avançadas com o Ministério dos Transportes sobre as condições gerais para a otimização dos planos de investimentos dos Contratos de Concessão da EFC e da EFVM, que hoje são regularmente executados pela empresa nos termos estabelecidos e divulgados ao mercado em dezembro de 2020.”

Questionada sobre eventuais tratativas com a Vale, a Bamin informou que "não comenta especulação de mercado".

Valor - SP   21/11/2024

Pacote ferroviário que inclui a oferta de novos trechos deve ser conhecido até o fim do ano

O Ministério dos Transportes vai anunciar um pacote ferroviário com medidas que preveem alterações regulatórias sobre o direito de passagem sobre os trilhos, a permissão que uma concessionária dá para que outras empresas possam trafegar em sua malha ferroviária, mediante compensação.

O plano, que inclui a oferta de novos trechos e está em gestação desde o início de 2024, deve ser conhecido até o fim do ano.

Na esfera legal, o pacote deve incluir normas que vão mexer diretamente com a questão do direito de passagem em ferrovias já existentes e concedidas a empresas. A regulação vai definir como atuará a figura do chamado agente de transporte ferroviário de cargas - em trechos atuais ou novos.

Esse tipo de agente atuará de forma independente, realizando o transporte ferroviário de cargas ou passageiros, desvinculado da exploração da infraestrutura ferroviária. É ele quem atuará no que tem sido chamado dentro do Ministério dos Transportes de "slot de trilhos".

O objetivo dessa mudança é quebrar o monopólio operacional de ferrovias que hoje estão nas mãos de concessionárias que transportam apenas as suas próprias cargas, como minério de ferro, de modo a permitir o acesso de cargas de terceiros.

Trata-se de um tema sensível para as atuais concessionárias, que estão passando por um processo de renovação de suas concessões, por mais 30 anos, o que inclui compromissos de mais investimentos bilionários nos traçados que administram.

O pacote ferroviário, previsto para ser anunciado pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, também deve conter a retomada de obras que já fizeram parte dos planos federais uma década atrás, mas acabaram caindo no esquecimento do planejamento logístico.

É o caso do tramo norte da Ferrovia Norte-Sul. O plano é retomar os estudos, para licenciar e oferecer, em leilão, o trecho de 477 quilômetros de extensão entre Açailândia, no Maranhão, onde hoje acaba a ferrovia, até a cidade de Barcarena, no porto de Vila de Conde, litoral do Pará.

Na estrutura atual, a Norte-Sul tem o seu terminal de Açailândia ligado apenas ao porto de São Luís, no Maranhão, por meio da Estrada de Ferro Carajás, controlada pela Vale. Ao abrir uma nova rota rumo ao norte, o novo eixo permitiria não apenas a entrega de minério de ferro, como também mais uma alternativa para o escoamento da produção de açúcar, milho, etanol e soja.

Esse trecho chegou a ser parte dos antigos PACs (Programas de Aceleração do Crescimento) lançados pela gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas nunca foram para frente. A promessa, agora, é recolocar a obra entre as prioridades.

Modelo de leilão

Para viabilizar obras como novos trechos da Norte-Sul, da Ferrovia do Centro-Oeste (Fico) em Mato Grosso, da Ferrovia de Integração Oeste-Leste na Bahia e da Ferrogrão entre Mato Grosso e Pará, o governo quer montar leilões que preveem aporte público, em parceria com empresas que assumirem os novos trechos.

Segundo uma fonte que atua diretamente na elaboração dessas propostas, a ideia não é fazer uma "parceria público-privada" no sentido clássico desses modelos, porque o governo não será sócio da concessionária. O plano é incluir em cada leilão uma "fatia" de financiamento público para bancar o projeto. A companhia que oferecer a proposta e tenha a menor dependência desse recurso público vence o leilão.

Com os cofres limitados, o governo vê, na repactuação dos atuais acordos de concessão, sua principal fonte para viabilizar os novos investimentos. É o que está sendo costurado neste momento, por exemplo, entre o Ministério dos Transportes e a Vale.

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   21/11/2024

Quando as empresas de petróleo e gás assumiram compromissos ambiciosos há quatro anos para reduzir as emissões e fazer a transição para a energia renovável, seus negócios estavam em queda livre.

A demanda por combustíveis estava diminuindo à medida que a pandemia se instalava. Os preços despencaram. E as grandes empresas petrolíferas ocidentais estavam sofrendo uma hemorragia de dinheiro, com perdas superiores a US$ 100 bilhões (R$ 576 bilhões), segundo a empresa de consultoria em energia Wood Mackenzie.

A energia renovável, ao que parecia para muitas empresas e investidores na época, não era apenas mais limpa - era um negócio melhor do que petróleo e gás.

“Os investidores estavam concentrados no que eu diria ser a narrativa predominante sobre a mudança para a energia eólica e solar”, disse Darren Woods, executivo-chefe da Exxon Mobil, em uma entrevista ao The New York Times na semana passada, em uma conferência climática das Nações Unidas em Baku, Azerbaijão. “Eu sofri muita pressão para entrar no negócio de energia eólica e solar”, acrescentou.

Woods resistiu, argumentando que a Exxon não tinha experiência nessas áreas. Em vez disso, a empresa investiu em áreas como hidrogênio e extração de lítio, que são mais semelhantes aos seus negócios tradicionais.

Wall Street recompensou a empresa por essas apostas. O preço das ações da empresa subiu mais de 70% desde o final de 2019, elevando sua avaliação de mercado a um recorde de quase US$ 560 bilhões (R$ 3,2 trilhões) em outubro, embora tenha caído desde então para cerca de US$ 524 bilhões (R$ 3,02 trilhões).

O desempenho da gigante americana do petróleo contrasta com o da BP e da Shell, empresas de petróleo e gás sediadas em Londres que adotaram a energia eólica, solar e outras tecnologias, como o carregamento de veículos elétricos. As ações da BP caíram cerca de 19% nesse período, com base nas negociações em Londres, enquanto as da Shell subiram cerca de 15%.

A aceitação renovada dos combustíveis fósseis pelo mercado ressalta um dos principais desafios da redução das emissões globais: A mudança climática apresenta riscos que se agravam ao longo de décadas. Os cientistas afirmam que cada fração de grau de aquecimento causado pelos combustíveis fósseis traz maiores riscos de ondas de calor mortais, incêndios florestais, secas, tempestades e extinção de espécies. Mas os investidores estão concentrados em ganhar dinheiro em meses e anos.

“Se quisermos combater as mudanças climáticas, precisamos fazer com que seja do interesse das empresas e dos consumidores produzir e comprar alternativas de baixo carbono”, disse Christopher Knittel, professor de economia de energia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

A eleição de Donald Trump, que descreveu o aquecimento global como uma farsa, levou a um otimismo ainda maior com relação ao negócio de petróleo e gás.

A diferença entre os lucros que as empresas podem obter com a extração de petróleo e gás e o que podem ganhar com o aproveitamento de energia eólica e solar já havia oscilado acentuadamente em favor dos combustíveis fósseis nos últimos anos.

O retorno médio sobre o capital entre algumas das maiores empresas petrolíferas de propriedade de investidores do mundo, uma medida fundamental de lucratividade, ultrapassou 11% no ano passado, ante 8% negativos em 2020, de acordo com uma análise da S&P Global Commodity Insights. O retorno médio durante esse mesmo período para as principais empresas de energia renovável ficou em torno de 2%.

“Se observarmos os retornos relativos para os acionistas, o mercado tem enviado um sinal muito claro de que deseja que as empresas de energia se concentrem em suas competências essenciais”, disse Mark Viviano, sócio-gerente da Kimmeridge, uma empresa de investimentos em energia com sede em Denver e Nova York. “Isso não significa abandonar a transição energética, mas significa apenas ser mais pragmático em relação a ela.”

Em 2020, a BP se comprometeu a reduzir sua produção de petróleo e gás em 40% até o final da década. Menos de três anos depois, ela voltou atrás e disse que aumentaria os gastos com combustíveis fósseis. A empresa deu baixa de US$ 1,1 bilhão (R$ 6,33 bilhões) em investimentos eólicos offshore no ano passado e recentemente disse querer vender outros ativos eólicos, embora continue a investir em energia renovável.

“Estaremos muito, muito focados em retornos, garantindo que os novos negócios concorram em nível competitivo com os negócios históricos por capital escasso”, disse o executivo-chefe da empresa, Murray Auchincloss, a analistas financeiros em uma recente teleconferência.

A Shell suavizou ou descartou algumas de suas metas de redução de emissões, ao mesmo tempo em que reduziu as expectativas de crescimento de seu negócio de energia renovável.

“Não nos consideramos privilegiados na geração de energia renovável para gerar retornos significativos em relação a outros”, disse recentemente Wael Sawan, executivo-chefe da Shell, a analistas. “Por isso, estamos nos afastando.”

Nos Estados Unidos, onde o investimento ambientalmente consciente tem se tornado cada vez mais politizado, os investidores deixaram de questionar regularmente os executivos do setor de petróleo e gás sobre seus planos de transição energética e passaram a se concentrar em projetos com maior probabilidade de elevar os resultados financeiros em breve, disseram os executivos.

“Algumas pessoas se precipitaram e seguiram caminhos que acabaram sendo, eu diria, devastadores para seus resultados”, disse Toby Rice, executivo-chefe de uma produtora de gás natural de Pittsburgh, a EQT, em uma entrevista. “Agora eles voltaram ao centro.”

Dito isso, o negócio de petróleo e gás está sujeito a grandes oscilações de preços que podem rapidamente fazer fortunas e destruí-las com a mesma rapidez. Antes da pandemia da covid-19, os investidores se afastaram dos produtores nacionais após sofrerem perdas contundentes enquanto as empresas buscavam o crescimento da produção. A energia renovável tende a ser um negócio muito mais estável.

Os investidores ainda esperam amplamente que as empresas de petróleo e gás reduzam suas emissões, entre outras coisas, tapando os vazamentos de metano, um potente gás de efeito estufa. E em todo o mundo, quase duas vezes mais dinheiro está sendo investido em energia limpa do que em combustíveis fósseis, segundo a Agência Internacional de Energia, uma organização com sede em Paris cujos membros incluem os Estados Unidos e outros países industrializados.

“Acho que o objetivo final ainda é amplamente endossado”, disse Dan Pickering, diretor de investimentos da Pickering Energy Partners, uma empresa de investimentos com sede em Houston. “Estamos oscilando em torno de uma inclinação ascendente”.

O próximo ano pode representar um teste para as empresas petrolíferas e seus acionistas.

Os preços do petróleo bruto nos EUA caíram de cerca de US$ 78 no ano passado para menos de US$ 70 o barril, reduzindo os lucros das empresas. No próximo ano, é provável que a produção global seja mais de um milhão de barris por dia maior do que a demanda, disse o IEA na semana passada.

“Vamos ver como essas empresas se sairão se o preço do petróleo voltar a cair”, disse Amy Myers Jaffe, diretora do Laboratório de Energia, Justiça Climática e Sustentabilidade da Universidade de Nova York.

Monitor Digital - RJ   21/11/2024

As exportações de petróleo no Brasil têm apresentado crescimento significativo. Em agosto e setembro de 2024, por exemplo, superaram até mesmo o agronegócio e a mineração. Apesar da elevada produção e exportação de óleo cru, o Brasil continua importando derivados, tendência que deve persistir na próxima década.

Entre janeiro e setembro de 2024, o país exportou 1,8 milhão de barris de petróleo por dia (MMb/d), o que representa aproximadamente 54% do volume de petróleo produzido no país. Esse volume é 260% superior ao registrado em 2014. Esse crescimento das exportações na última década deve-se, principalmente, à ampliação da produção do pré-sal, em contraste com a modesta expansão da capacidade de refino nacional.

“Esse aumento na produção não foi acompanhado por uma correspondente ampliação da capacidade de refino, resultando em uma contradição. O Brasil se afirma como exportador de petróleo cru, enquanto se vê condicionado a importar derivados para atender a sua demanda interna”, destaca o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

O 4º Boletim de Exploração e Produção de Petróleo e Gás, divulgado nesta terça-feira, de periodicidade trimestral, mostra que a perspectiva é que o país mantenha sua atuação como exportador nos próximos anos, inclusive ampliando, em termos absolutos, o volume exportado.

China ficou com mais de 46% do petróleo exportado

O principal destino das exportações em 2024 foi a China, que absorveu cerca de 46,2% do total exportado. Os Estados Unidos e a Espanha se destacaram como outros destinos significativos, recebendo, respectivamente, 13,1% e 10,2% do volume exportado.

Apesar da elevada produção e exportação de petróleo, o Brasil continua importando derivados, tendência que deve persistir na próxima década. “Embora as exportações gerem ganhos financeiros no curto prazo, especialmente em momentos de alta do preço da commodity, a falta de uma política industrial articulada e que busque desenvolver a cadeia de valor interna limita o desenvolvimento econômico e produtivo do país no longo prazo, mantendo-o dependente de importações”, destaca o boletim.

A dependência de derivados importados torna os preços dos combustíveis mais suscetíveis às oscilações provocadas pelas dinâmicas geopolíticas e econômicas globais. “Um planejamento ampliado e integrado para a indústria de óleo e gás, com investimentos em exploração, produção e refino, é crucial para garantir o abastecimento interno e a segurança energética do país, além de posicionar o Brasil de forma estratégica no mercado internacional de petróleo”, desta o boletim.

O volume exportado pela Petrobras experimentou um crescimento significativo ao longo da última década. Em 2013, a companhia exportou cerca de 0,21 milhões de barris de petróleo por dia, o equivalente a 11% de sua produção total. Em 2023, o volume exportado atingiu 0,59 milhões de barris diários, representando 27% da produção total da Petrobras e um aumento de 181% em relação a 2013.

Óleo e gás natural

No terceiro trimestre de 2024, com base nos dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção média de petróleo foi de 3,35 milhões boe/d. Este volume representa um aumento de 1,2% em comparação com o 2T24. No mesmo período, a produção média de gás natural atingiu 1,01 milhão boe/d, volume que é 11,2% maior que o registrado no 2T24. Vale ressaltar que setembro de 2024 foi o mês com o maior volume de gás produzido no ano.

A produção média de petróleo e gás natural no terceiro trimestre de 2024 (3T24) foi de 4,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d). A produção do pré-sal no período foi de 3,48 milhões boe/d, valor que representa cerca de 79,7% da produção nacional no período.

Em relação ao segundo trimestre de 2024 (2T24), a produção nacional registrou um aumento de aproximadamente 3,6%. No pré-sal, observou-se um incremento de cerca de 5,5%, enquanto o pós-sal apresentou uma redução de 11,4%. Já a produção em terra teve crescimento de aproximadamente 19%.Considerando os três trimestres de 2024, a produção média foi de 4,32 milhões boe/d, marca que é 1,4% maior que a registrada no mesmo período em 2023.
Produção de petróleo por bacia

No 3T24, a Bacia de Santos destacou-se como a principal região produtora de óleo e gás do país, responsável por 78,2% da produção nacional, totalizando uma média de 3,36 milhões boe/d. Em seguida, a Bacia de Campos registrou a segunda maior produção média do Brasil, alcançando 683,2 mil boe/d.

No terceiro trimestre de 2024, a Petrobras foi a principal responsável pela produção nacional tanto na posição de operadora como de concessionária. Como operadora, a Petrobras liderou a produção com uma média de 3,91 milhões boe/d, o que representa cerca de 90% da produção total do período. As demais petroleiras, nacionais e multinacionais, operaram a produção de 0,45 milhões boe/d, o que correspondeu a aproximadamente 10% do total.

Globo Online - RJ   21/11/2024

Executivos e lobistas do setor petrolífero chegaram à 29ª conferência do clima das Nações Unidas (COP29) em Baku para o "dia da energia" nesta sexta-feira, em meio a denúncias de grupos ambientalistas sobre a presença do setor de combustíveis fósseis nas negociações climáticas. Pelo menos 132 diretores-executivos e funcionários do setor foram "convidados" pelo governo do Azerbaijão e receberam crachás do país anfitrião, informou o jornal britânico The Guardian, que comparou os convites a uma espécie de tratamento VIP.

Entre os que receberam tratamento especial estão diretores, CEOs e funcionários da empresa de energia saudita ACWA, da gigante petrolífera saudita Aramco, da empresa britânica BP — que tem um longo histórico no Azerbaijão e é um importante ator nas operações de petróleo e gás no país —, e da Exxonmobil, informou o Guardian.

— O setor de combustíveis fósseis está causando estragos na vida das pessoas, o setor de combustíveis fósseis é responsável pela destruição — alertou Makoma Lekalakala, um ativista ambiental sul-africano.

Um relatório da coalizão de ONGs "Kick the Big Polluters Out" (KBPO) descobriu que mais de 1,7 mil pessoas ligadas aos interesses do setor de carvão, petróleo e gás estavam presentes na conferência. O número, segundo o Guardian, é maior do que o de delegações de quase todos os países presentes.

O Japão levou funcionários da gigante do carvão Sumitomo como parte de sua delegação, o Canadá incluiu os produtores de petróleo Suncor e Tourmaline e a Itália levou funcionários das gigantes do setor de energia Eni e Enel, disse a KBPO, que levantou preocupações quanto a influência dessas indústrias nas negociações.

A coalizão destacou que alguns integrantes da lista trabalham para empresas que não estão relacionadas em primeiro plano a combustíveis fósseis, incluindo a campeã dinamarquesa de energia eólica offshore Orsted.

O chefe da TotalEnergies da França, Patrick Pouyanne, reconheceu à AFP que o setor é "parte do problema", mas insistiu que estava fazendo "progresso contínuo" na transição.

Absurdo

A presença dos interesses do petróleo, do gás e do carvão nas negociações sobre o clima há muito tempo tem sido uma fonte de controvérsia, e a nomeação do chefe da empresa estatal de petróleo dos Emirados Árabes Unidos, Sultan al-Jaber, para liderar as negociações do ano passado em Dubai alimentou as críticas.

O Azerbaijão, país anfitrião deste ano, é rico em energia e planeja expandir a produção de gás natural na próxima década, informou a BBC. Quem preside a COP em Baku é o ministro da Ecologia, Mukhtar Babayey, um ex-executivo do setor petrolífero. Na terça-feira, o presidente azerbaijano, Ilham Aliyev, causou um alvoroço após chamar os combustíveis fósseis de "presente de Deus".

Grupos de direitos humanos citados pela BBC denunciaram que o governo azerbaijano está usando a conferência para reprimir os ativistas ambientais, que insta a redução da dependência do país em petróleo e gás, e outros opositores políticos. Pela primeira vez desde o início dos anos 2000, o número de presos políticos chegou a mais de 200, segundo a União "Pela Liberdade dos Prisioneiros Políticos no Azerbaijão". O governo nega as acusações.

Para o ex-vice-presidente dos Estados Unidos e ativista climático Al Gore é um "absurdo" que os países petrolíferos, como o Azerbaijão, sejam os anfitriões das negociações climáticas da ONU, afirmando que o processo de seleção deve ser revisto.

— Acho um absurdo que esses países petrolíferos, que dependem tanto da venda contínua de petróleo e gás, sejam os anfitriões dessas COPs, porque é difícil não perceber que eles têm um conflito direto de interesses — disse Gore, que é presidente do The Climate Reality Project, uma organização sem fins lucrativos. — O presidente disse que elas são um presente de Deus, e eu entendo seu sentimento, mas na minha opinião deveríamos reformar esse processo.

Falando à margem das negociações em Baku, Gore disse que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, deveria poder participar do processo de seleção das cidades e dos presidentes da conferência. O Azerbaijão foi escolhido para sediar a COP29 apór a Bulgária desistir devido a objeções russas à realização da conferência em um país da União Europeia. Foi a vez da Europa Oriental sediar a Conferência das Partes deste ano.

O processo atual "significava que a Rússia vetava todos, exceto o Azerbaijão. E, é claro, eles também são um estado petrolífero", acrescentou.

A crítica de Gore ecoou uma carta enviada nesta sexta-feira por um grupo de importantes ativistas e cientistas do clima, incluindo o ex-secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, que alertou que o processo da COP "não é mais adequado ao propósito". Eles pediram reuniões menores e mais frequentes, critérios rigorosos para os países anfitriões e regras para garantir que as empresas demonstrem compromissos climáticos claros antes de serem autorizadas a enviar lobistas para as negociações.

— Acho que deveria haver um teste para saber quem está qualificado para ser um delegado nessas COPs. Eles estão vindo para tentar encontrar uma solução ou estão vindo para bloquear uma solução? — destacou.

Trump não pode impedir a revolução

Michai Robertson, principal negociador de mudanças climáticas da Aliança de Pequenos Estados Insulares, disse que as negociações continuam sendo cruciais para as nações vulneráveis que não são incluídas em fóruns como o G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e a União Africana.

— Esse é o único momento em que nossa voz pode ser claramente ouvida — disse ele.

A principal prioridade nas negociações é um novo valor para o financiamento climático para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem à mudança climática e fazerem a transição de suas economias para longe dos combustíveis fósseis.

As nações ricas estão relutantes em gastar muito mais do que os US$ 100 bilhões por ano já comprometidos, conscientes do público interno irritado com a inflação e com as economias em dificuldades. Mas os países em desenvolvimento alertam que precisam de pelo menos US$ 1 trilhão para se defenderem contra os estragos da mudança climática e cumprirem os compromissos de atingir emissões líquidas zero.

Os negociadores estão lutando para chegar a um acordo sobre um texto preliminar viável antes da chegada dos ministros na próxima semana.

— Temos que ser honestos, acreditamos que o ritmo do trabalho deles está muito lento — alertou o negociador principal da COP29, Yalchin Rafiyev, na tarde desta sexta.

A questão que paira sobre os procedimentos é o papel que os EUA desempenharão na ação climática e no financiamento após o retorno de Donald Trump à Casa Branca em janeiro, dada a sua promessa de se retirar novamente do histórico Acordo de Paris.

Por liderar a partir de janeiro o segundo maior país emissor de gases de efeito estufa no planeta, o ceticismo de Trump com o aquecimento global tem causado receios entre as lideranças globais, incluindo ao Brasil, onde o governo e especialistas da área ambiental temem um enfraquecimento das negociações da COP30, que será sediada em Belém no ano que vem.

As autoridades americanas presentes nas negociações insistiram porém que Trump terá dificuldades para desfazer as ações climáticas já em andamento.

— Quando a história for escrita, ele será visto como um obstáculo no enorme crescimento dessa transição para a energia limpa — disse o governador democrata do estado de Washington, Jay Inslee, em um evento na sexta-feira.

Al Gore também minimizou as preocupações, dizendo que o retorno de Trump à Casa Branca não "desaceleraria significativamente" a "revolução" da energia limpa, que classificou como "imparável".

Valor - SP   21/11/2024

A produção de óleo da companhia, surgida da fusão entre 3R Petroleum e Enauta, ficou em 34,3 mil barris por dia no mês passado, enquanto a produção de gás natural foi de 10,7 mil barris por dia

A produção da Brava Energia foi de 45 mil barris de óleo equivalente por dia em outubro, queda de 11,4% na comparação com o mês passado e de 12,8% sobre a média da produção no terceiro trimestre.

A produção de óleo da companhia, surgida da fusão entre 3R Petroleum e Enauta, ficou em 34,3 mil barris por dia no mês passado, enquanto a produção de gás natural foi de 10,7 mil barris por dia.

A empresa destaca que a produção na plataforma móvel (FPSO) Petrojarl, no Campo de Atlanta, foi encerrada no fim do mês, como preparativo para início de operações do sistema definitivo.

No Campo Papa Terra, por sua vez, a Brava intensificou as atividades de manutenção e recuperação de integridade, após a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) dar aval para o número de pessoas a bordo das plataformas.

Por fim, a companhia diz que a produção no Campo de Manati deve ser retomada somente no primeiro trimestre, contra expectativa anterior de que pudesse voltar ainda nos três meses finais de 2024.

A Brava é operadora do Complexo Potiguar, do Complexo Recôncavo, de Peroá, de Papa-Terra e de Atlanta, bem como detém participação não-operada de 35% no Polo Pescada e 45% no Campo de Manati, ambos operados pela Petrobras.

Globo Online - RJ   21/11/2024

A Petrobras anuncia nesta quinta-feira seu novo plano de negócios para os anos de 2025 a 2029. A estatal vai investir US$ 111 bilhões, uma alta de 8,8% em relação ao plano atual, de US$ 102 bilhões, para os anos de 2024 a 2028.

No primeiro plano sob a gestão de Magda Chambriard, o foco da empresa é ampliar a produção de petróleo e gás. A área vai receber recursos de US$ 77 bilhões. Em seguida, aparece o segmento de refino, transporte, comercialização, petroquímica e fertilizantes (RTC), com US$ 20 bilhões.

A produção da estatal para o período é estimada em 3,2 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia (boed). A empresa projeta ainda a distribuição de dividendos ordinários com faixa que começa em US$ 45 bilhões e flexibilidade para pagamentos de dividendos extraordinários de até US$ 10 bilhões entre 2024 e 2029. No ano passado, a companhia distribuiu dividendos totais de R$ 72,4 bilhões.

Veja os principais destaques:

Margem Equatorial:

Para explorar novas bacias, a estatal vai destinar US$ 7,9 bilhões. A estatal tem planos de continuar estudando a Margem Equatorial, que vai do litoral do Amapá ao Rio Grande do Norte. A companhia aguarda o aval do Ibama para iniciar a primeira perfuração na Bacia da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá.

Bacia de Pelotas

A estatal vai iniciar os estudos símios na bacia de Pelotas, no litoral do Rio Grande do Sul. A estatal tem 29 blocos na bacia em parceria com outras empresas.

Campos e Santos

A Petrobras vai ampliar os investimentos na recuperação dos campos antigos da Bacia de Campos, em áreas como as de Marlim Leste/Sul, Jubarte, Albacora, Barracuda-Caratinga e Raias Manta e Pintada. Além disso, vai ampliar a perfuração de poços para elevar a produção de gás.

A Bacia de Santos também vai receber mais investimentos para evitar a perda de produtividade dos principais campos produtores.

Fertilizantes

A área deve receber aportes superiores a R$ 6 bilhões. A estatal vai retomar a produção de fertilizantes, que estava suspensa. Para isso, vai investir na retomada da Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná, que já está em curso e tem investimentos previstos de R$ 870 milhões. A estimativa é que a fábrica volte a operar em maio de 2025.

A unidade Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III), localizada em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, cujas obras estavam paradas desde 2015, vai ser concluída. A previsão é de R$ 3,5 bilhões em investimentos e a operação iniciada em 2028.

Ainda há uma previsão em estudo pela estatal de retomar as operações das duas Fafens, que estão arrendadas para a Unigel, segundo fontes do setor.

Refino

O segmento de refino vai receber sozinho recursos acima de R$60 bilhões. No setor, estão previstas ampliações das unidades. A Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, aumentará sua capacidade de produção de 80 mil barris por dia para 130 mil barris diários em fevereiro do próximo ano, com a conclusão das obras de ampliação da primeira unidade da refinaria.

Em 2026, a capacidade da Rnest será ampliada para 180 mil barris por dia. Além disso, no primeiro semestre de 2025, será concluída a expansão da Replan, em Paulínia. A Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) também vai receber investimentos orçados em R$ 3,2 bilhões

A estatal aposta na ampliação da produção de biorrefino, com o diesel coprocessado (com 5% de conteúdo renovável). Um dos principais projetos é a construção de uma nova unidade no antigo Comperj, no Rio.

Área internacional

Na área internacional, a companhia investirá nas recentes descobertas de gás na Colômbia e em um bloco em águas profundas na África do Sul.

Biocombustíveis

A estatal vai ampliar a produção de diesel verde, além de iniciar a produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e acelerar o Bunker 24, com óleos vegetais. A estatal retirou de sua carteira de desinvestimentos a PBio, subsidiária que atua no segmento.

Energias renováveis

A estatal vai seguir estudando oportunidades em eólica offshore, hidrogênio e usinas térmicas, além de iniciativas de captura e armazenamento de carbono. A companhia avalia ainda comprar ativos e entrar em parcerias com outras companhias.

Valor - SP   21/11/2024

Brent teve queda de 0,68%, a US$ 72,81 por barril, na ICE, enquanto o contrato futuro para dezembro do WTI, registrou queda de 0,75%, a US$ 68,87 o barril, na Nymex

Os contratos do petróleo encerraram em queda nesta quarta-feira, com os investidores ponderando o peso da crise geopolítica entre Rússia e Ucrânia e avaliando também a demanda pela commodity no próximo ano.

O contrato futuro para janeiro do petróleo Brent, a referência global, teve queda de 0,68%, a US$ 72,81 por barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Já o contrato futuro para dezembro do WTI, a referência americana, registrou queda de 0,75%, a US$ 68,87 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex).

A queda dos preços hoje se deu após a divulgação de dados dos estoques de petróleo e gasolina dos EUA, que subiram mais do que o esperado na semana passada. Segundo os números do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês), houve aumento de 545 mil barris no estoque na última semana, para 430,2 milhões de barris. A expectativa era que houvesse recuo de 800 mil barris.

Por conta desse maior estoque, a força nos preços vindas de questões geopolíticas foram apagadas. As preocupações com uma guerra nuclear entre Rússia e Ucrânia trouxeram nos últimos dias de volta o risco de interrupção no fornecimento de petróleo, escrevem os analistas da ANZ Research. Por outro lado, isso foi em parte compensado pela redução das tensões no Oriente Médio.

A ANZ aponta que o Líbano e a milícia Hezbollah concordaram com uma proposta dos EUA para um cessar-fogo com Israel, segundo um relatório da Reuters, embora as negociações ainda estejam em andamento. Já no caso do guerra na Europa, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou ontem, durante a cúpula do G20, que o país fará de tudo para evitar uma guerra nuclear com a Ucrânia.

RODOVIÁRIO

IstoÉ Dinheiro - SP   21/11/2024

Dois levantamentos divulgados nesta semana sobre as rodovias brasileiras apresentam dados contrastantes. O monitoramento do governo federal diz que o País atingiu a melhor marca histórica da qualidade da estrutura viária federal, com 75% em classificação boa e 25% em classificações regular, ruim ou péssimo. Já a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) diz que 77,3% da malha federal está em patamar regular, ruim ou péssimo.

O levantamento do governo federal é baseado no Índice de Condição da Manutenção (ICM), ferramenta utilizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) desde 2016. Pela metodologia, 75% dos 60 mil quilômetros de estradas avaliadas – sob gestão pública ou concedidas – foram classificadas como boas, quase dez pontos acima dos 67% verificados no ano passado e 23 pontos além dos 52% de 2022.

Conforme os dados do DNIT, o Distrito Federal e 24 Estados registraram melhoria de suas estradas. “Vale destacar que Acre, Amazonas, Amapá, Sergipe, Maranhão e Santa Catarina tiveram uma evolução expressiva, uma vez que esses Estados estavam com índice bom inferior a 40% em dezembro de 2022 e o levantamento atual revela que estão com 64%, 57,1%, 98,4%, 71,3%, 64,1% e 71,5%, respectivamente”, diz o Ministério dos Transportes.

A Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada nesta terça-feira, 19, analisou 67 mil quilômetros de rodovias federais. No quadro geral deste ano, 22,7% da malha foi classificada como bom ou ótimo, contra 62,2% como regular (43,4%), ruim (15,4%) e péssimo (3,4%). Os índices indicam um patamar similar ao da pesquisa do ano passado, quando regular, ruim e péssimo somaram 62,9%.

O quadro mais abrangente da pesquisa CNT, quando também se considera as rodovias estaduais, apresenta uma melhora igualmente tímida. Neste ano, 33% da malha foi classificada como bom ou ótimo, contra 67% como regular (40,4%), ruim (20,8%) e péssimo (5,8%). No ano passado, regular, ruim e péssimo somaram 67,5% e, em 2022, 66%.

Na segmentação por tipo de gestão, as rodovias públicas, que correspondem a 74,8% da extensão avaliada, foram classificadas como ótimo (2,7%); bom (20,0%); regular (43,7%); ruim (25,9%) ou péssimo (7,7%). Já entre as rodovias concedidas, 63,1% ficou com classificações ótimo (21,4%); bom (41,7%) e regular (30,8%) – ruim ou péssimo somaram 6,1%.

Metodologias

As informações da Pesquisa CNT foram obtidas a partir de levantamento de campo realizado por 24 equipes ao longo de 30 dias, entre junho e julho deste ano. A coleta foi realizada de forma 100% digital, com o uso de novas tecnologias e de inteligência artificial.

O levantamento conduzido pelo DNIT envolve a filmagem in loco dos segmentos rodoviários com câmeras de alta precisão. Já a análise dos dados tem suporte do software DNIT-ICM que, por meio de Inteligência Artificial (IA), apresenta resultados matemáticos, excluindo interferências pessoais. O Dnit-ICM foi desenvolvido pela equipe do Labtrans da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Cabe destacar que, desde quando o DNIT passou a aferir os dados, em 2016, sempre houve discrepância na comparação de seus resultados com os dados da CNT. Em 2016, por exemplo, 68% da malha federal era classificada como boa pelo DNIT, contra 48,8% apontados pela CNT.

Investimentos

Embora os números sejam discrepantes, ambos os levantamentos concordam sobre o aumento de investimentos do poder público na infraestrutura rodoviária. Entre janeiro de 2023 e outubro de 2024 foram destinados mais de R$ 26 bilhões para ações de manutenção, conservação e construção das estradas do País.

“A CNT reconhece os esforços que vêm sendo realizados para transformar o cenário rodoviário nacional e afirma que ainda é necessário ampliar os recursos e o orçamento destinados às rodovias brasileiras. A melhoria da infraestrutura de transporte é um processo de longo prazo que requer constância e comprometimento”, considera a entidade em um dos materiais de divulgação da pesquisa.

Globo Online - RJ   21/11/2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lança oficialmente nesta quinta-feira, em solenidade no Palácio do Planalto, o programa desenhado pelo Ministério dos Transportes para solucionar contratos antigos de concessão de rodovias em dificuldades financeiras.

Batizado de "Programa de Otimização de Contratos de Concessão Rodoviária", o projeto executado em parceria com o Tribunal de Contas (TCU), busca resolver a situação de 14 concessões de estradas em 13 estados — o que representa metade das rodovias federais entregues ao setor privado.

Uma das principais vantagens do programa é renegociação dos contratos em novos parâmetros, visando destravar investimentos de R$ 109,4 bilhões até final de 2026.

Os contratos precisam passar pelo TCU, que faz a mediação entre União e operador. Havendo acordo, o prazo dos contratos é prorrogado por até 15 anos. Os concessionários se comprometem em antecipar o cronograma de execução de obras para os primeiros três anos. Outra exigência é o pagamento de multas e desistências de ações judiciais.

O novo modelo adota um leilão simplificado para identificar candidatos interessados nesse ativo, para evitar que o atual concessionário seja favorecido. Os atuais concessionários podem participar da disputa se houver acordo.

Caso contrário, precisam devolver o ativo para a União, que passará por um processo de relicitação tradicional, que é mais demorado.

Até agora, três concessões de rodovias resultaram em acordo e foram aprovadas pelo TCU: Eco101 entre Espírito Santo e Bahia, operado pelo grupo EcoRodovias; Autopista Fluminense, trecho da BR- 101, entre as saídas da Ponte Rio-Niterói e a divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, administrado pela Concer; e o trecho da BR-163,que atravessa o estado de Mato Grosso do Sul, de responsabilidade da MSVia.

SEGS.com.br - SP   21/11/2024

O estado investiu R$4,4 bilhões em rodovias entre janeiro e agosto de 2024; este valor é R$ 2 bilhões maior do que o registrado no mesmo período de 2023

Segundo a análise do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômica e Social (Ipardes) feita a partir dos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná acumulou uma alta de 2,7% entre julho de 2023 e junho de 2024. Neste período, o desempenho da economia estadual ficou acima da média nacional (2,5%) e de países como Espanha (2,4%), México (2,1%), Portugal (1,7%), França (1,1%), Reino Unido (0,3%) e Japão (0,1%).

O estado também vem se destacando em exportações de mercadorias como carnes suínas, fertilizantes e óleos vegetais, ultrapassando São Paulo e Rio Grande do Sul. Além disso, apenas em 2023, por possuir um favorecimento geográfico que conecta a Região Sul com outras regiões do país e por fazer fronteira com o Paraguai e Argentina, o Paraná atingiu uma receita de U$25,2 bilhões de produtos vendidos para outras nações, colocando-o como o quinto estado que mais exportou.

Com o objetivo de seguir aumentando sua representatividade, o estado paranaense foi o terceiro que mais investiu em rodovias, ficando atrás apenas de São Paulo e Bahia, com uma aplicação de R$4,4 bilhões entre janeiro e agosto deste ano, valor R$ 2 bilhões maior do que o registrado no mesmo período de 2023.

Para Silvio Kasnodzei, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (SETCEPAR), o ano de 2024 teve pontos positivos para o transportador, mas ainda há muito o que ser feito. “Para os paranaenses, o aprimoramento da iluminação em algumas vias, principalmente na região de Londrina, e a retomada das conceções dos lotes pedagiados foram dois marcos importantes. Agora, precisamos que os demais lotes sejam retomados com urgência”.

Silvio destacou que o setor de transportes está com boas expectativas para o próximo ano, mas ponderou a necessidade de ampliar os trechos da BR 376 e BR 277, que ligam Ponta Grossa e Guarapuava à Palmeira e se juntam ao se aproximar de Curitiba no trecho que leva ao porto de Paranaguá. Segundo o presidente, este projeto já tramita no poder público e sua evolução é aguardada pelo setor local.

“Estamos otimistas com as oportunidades que existem para 2025, principalmente com o estudo do complexo rodoviário no Litoral do PR, que pode viabilizar a ligação das BR 116, BR 277, BR 376 e a PR 508 e assim melhorar o acesso aos portos paranaenses. Também aguardamos ansiosamente a liberação da ponte de integração entre o Brasil e o Paraguai, além é claro, do avanço econômico”, acrescenta Kasnodzei.

Apesar do avanço, investimento federal ainda é baixo

Mesmo estando entre os estados que mais investiram em estrutura logística local e contribuíram com o PIB nacional, o Paraná é o estado da Região Sul que menos recebeu investimentos federais em 2024 para a ampliação da sua malha rodoviária. Ao todo, foram recebidos cerca de R$455,4 milhões, contra R$1,1 bilhão para Santa Catarina e R$2,8 milhões para o Rio Grande do Sul.

De acordo com Silvio, a falta de infraestrutura adequada não é apenas um desafio do estado, mas nacional. “Os impactos pela falta total de estrutura rodoviária não só no Paraná, mas no Brasil, refletem em toda cadeia produtiva. Os custos pela baixa produtividade, pela falta de segurança e pelos altos custos com manutenção são repassados aos preços do frete. No final, todos pagam essa conta criada pelo desperdício e falta de investimentos.”

Sobre o SETCEPAR:

Fundado em 1943, o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (SETCEPAR), entidade que representa as empresas de transportes de carga no estado do Paraná, nasceu visando representar os empresários do setor de Transporte Rodoviário de Cargas da região em variadas atividades, como em negociações coletivas de trabalho e em aproximação com autoridades e com autarquias municipais, estaduais e federais, bem como com a imprensa.

Com 80 anos de história, a entidade hoje representa empresas em 265 cidades do estado, oferecendo aos associados diversos serviços e eventos para fomentar melhorias no Transporte Rodoviário de Cargas local e nacional.

AGRÍCOLA

Globo Online - RJ   21/11/2024

Um dia depois do encerramento da Cúpula do G20, grupo das maiores economias do mundo, no Rio, o presidente da China, Xi Jinping, fez uma visita de Estado a Brasília na quarta-feira, e acertou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevar a relação entre os dois países a “um novo patamar”.

Os dois líderes falaram em “sinergias”, assinaram 37 acordos, mas dosaram a abertura de novas frentes comerciais. Os documentos assinados incluem a abertura de quatro mercados agrícolas, em vez dos seis que estavam prontos para serem firmados.

A China deu aval, em termos de autorização fitossanitária, para a exportação, pelo Brasil, de farinha de peixe (junto de óleo de peixe e outras proteínas e gorduras derivadas de pescado para ração animal), de sorgo, de gergelim e de uva fresca. Ficaram de fora os acordos para o Brasil vender miúdos de carne, porque não foram finalizados.

Considerando a demanda chinesa e a participação brasileira nesses mercados, o potencial comercial é de cerca de US$ 450 milhões por ano, estimou o Ministério da Agricultura.

O valor é relativamente baixo quando se considera a relação comercial — a China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos em território brasileiro.

Em 2023, as exportações brasileiras totalizaram US$ 104,3 bilhões e importações vindas da China somaram US$ 53,2 bilhões, um saldo positivo de US$ 51,1 bilhões para o Brasil. Isso equivale a 52% do nosso superávit comercial.

Relações no melhor momento, diz Xi

Xi Jinping enalteceu a relação entre os dois países.

— As relações China-Brasil encontram-se no melhor momento na história — disse o chinês, ao lado de Lula. — Nos últimos anos, os nossos dois países passaram a ser amigos de confiança mútua e futuro compartilhado, e atuam como forças positivas que contribuem juntas para a paz.

Terminal reduzirá custo de transporte de e para países como o Brasil

O líder chinês também defendeu o que chamou de “verdadeiro multilateralismo”:

— A China está disposta a trabalhar com o Brasil para substanciar constantemente a comunidade de futuro compartilhado China-Brasil e defender firmemente o verdadeiro multilateralismo. Juntos vamos emitir a voz alta da nova era de buscar desenvolvimento, cooperação e justiça, em vez de pobreza, confrontação e hegemonia.

Ampliar e diversificar, diz Lula

Lula citou a presença de empresas brasileiras na China e vice-versa. Também ressaltou como as trocas comerciais beneficiam os dois países.

O presidente brasileiro ainda antecipou que a BRF deverá investir cerca de US$ 80 milhões para comprar uma fábrica de processados na província de Henan, na China.

Comércio: CEO do Carrefour na França vai interromper compra de carne do Mercosul

— Queremos adensar a cadeia de valor em nosso território, além de ampliar e diversificar a pauta com nosso maior parceiro comercial. No contexto desta visita, quase 40 atos internacionais foram assinados em áreas como comércio, agricultura, indústria, investimentos, ciência e tecnologia, comunicações, saúde, energia, cultura, educação e turismo — disse.

Acordos comerciais dosados, mas importantes, diz CNA

Integrantes do governo brasileiro reconheceram, nos bastidores, que os acordos comerciais foram menores em relação às parcerias em infraestrutura, por exemplo.

Mesmo assim, a abertura dos mercados para os produtos brasileiros é “uma excelente notícia”, segundo Suema Mori, diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), pois “os produtores estavam na expectativa”.

No caso da uva, foram quatro anos de negociação para liberar as exportações, segundo Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas, a associação dos produtores nacionais de frutas. O setor está otimista, disse Coelho:

— Setenta porcento de todas as uvas (exportadas pelo Brasil) vão para a Europa, que tem 500 milhões de habitantes. Imagina um mercado de 1,4 bilhão (de habitantes).

Em valores, as uvas ficam em terceiro, entre as frutas mais exportadas pelo Brasil. No ano passado, o país vendeu US$ 179 milhões do produto, conforme dados compilados pela Abrafrutas.

Coelho afirmou que os produtores brasileiros têm condições de suplantar a concorrência de outros produtores globais de uvas, como o Chile, a África do Sul e os EUA:

— O grande diferencial é que, no Semiárido Nordestino, sol e água com irrigação. Assim, produzimos uvas o ano inteiro. Chile, África do Sul e Califórnia (nos EUA) têm uma safra por ano.

Nova demanda

No caso do gergelim, a produção tem crescido como opção de segunda safra da soja, e a autorização para que a China possa comprar descortina uma nova demanda.

— A história do aumento da exportação agrícola do Brasil está diretamente ligada ao aumento da demanda chinesa — disse Suema, da CNA.

Segundo Welber Barral, sócio do Barral Parente Pinheiro Advogados e ex-secretário de Comércio Exterior do governo federal, a abertura de mercados tende a ter um efeito positivo sobre as exportações de alimentos como um todo:

— Essas aberturas de mercado dão um sinal positivo de atestado sanitário para os produtos brasileiros. Isso é importante para produtos futuros.

Ampliação da lista de frigoríficos de fora

A ampliação da lista de frigoríficos autorizados a vender carnes ficou de fora dos anúncios, mas isso já era esperado, mesmo após, em outubro, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ter sinalizado com a possibilidade de habilitar mais de dez a 15 unidades produtoras.

Em março, 38 unidades de processamento receberam autorização, o que levou o total a 144. Na segunda-feira, o próprio ministro Fávaro descartou a ampliação, em entrevista no Rio, ressaltando que “já batemos todos os recordes de habilitações de plantas frigoríficas”.

Esse caso não se trata de abertura de mercados. Brasil e China já têm acordo para venda de carnes no mercado chinês. Só que cada unidade produtora precisa ter sua autorização, após as autoridades chinesas atestarem que as regras sanitárias são cumpridas.

— A habilitação de frigorifico tem uma lista enorme de pedidos e eles (as autoridades chinesas) vão indo na medida deles. O processo é diferente. A carne bovina já é aceita, já tem protocolo, é questão de habilitação (de cada frigorífico) — explicou Suema, da CNA.

Concorrente de Elon Musk

Dos 37 acordos, 24 foram “memorandos de entendimento” prevendo parcerias em diferentes áreas. Um desses acordos foi com a empresa chinesa SpaceSail, concorrente da Starlink, do bilionário Elon Musk. A companhia chinesa está desenvolvendo um serviço de internet de alta velocidade por meio de satélites de órbita baixa (LEO, na sigla em inglês).

A Starlink é hoje a líder na tecnologia, vista como uma solução para conectar regiões de difícil acesso à infraestrutura de telecomunicações.

O memorando assinado com a estatal brasileira Telebras prevê que as empresas estudem a demanda por internet via satélite em locais que a infraestrutura de fibra óptica não chega, como áreas rurais.

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