Clipping Diário

05 | Novembro | 2024

SIDERURGIA

Valor - SP   05/11/2024

A depender do vitorioso, se Kamala Harris ou Donald Trump, o setor poderá ver o recrudescimento do protecionismo americano ou o aumento dos investimentos em infraestrutura

O resultado da eleição desta terça-feira (5) nos Estados Unidos tem potencial para afetar a siderurgia brasileira. A depender do vitorioso, se Kamala Harris ou Donald Trump, o setor poderá ver o recrudescimento do protecionismo americano ou o aumento dos investimentos em infraestrutura.

No primeiro governo de Trump, entre 2017 e 2020, os Estados Unidos elevaram para 25% as alíquotas sobre o aço importado. Na época, Trump cumpria uma promessa de campanha de proteger a indústria do país.

O governo do atual presidente Joe Biden manteve as alíquotas, em um movimento que foi aos poucos acontecendo em diversos outros países, afetados pela constante elevação das importações de aço produzido na China. O Brasil adotou cotas neste ano para 11 produtos de aço. Acima de determinado volume importado, passa a valer uma taxa de 25%.

Em janeiro deste ano, os EUA retiraram uma sobretaxa de 103,4% que incidia desde 1992 sobre tubos soldados de aço não-ligado produzidos no Brasil.

Agora, às vésperas de nova eleição presidencial nos Estados Unidos, a expectativa é a de que Trump, caso eleito, retome a política de proteger a indústria local. Para Kamala, a percepção é que a adoção de políticas de estímulo a obras de infraestrutura podem contribuir para o aumento da demanda americana por aço.

“O setor pode ter sim diferenças, a depender de quem vencer essas eleições”, resume o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.

O especialista acrescenta que há uma preocupação “notória” de Trump com a China, o que pode levar a um aumento da proteção. Arbetman chama a atenção para um efeito colateral desse maior protecionismo: quanto mais caro ficar o aço chinês nos Estados Unidos, maiores volumes estarão disponíveis para entrar em outros mercados.

Uma fonte do setor consultada pelo Valor ressalta que o maior problema seria se houvesse a revisão das cotas de placas no âmbito do acordo celebrado entre Estados Unidos e Brasil à luz da imposição da Seção 232 - hoje, há cotas para laminados e chapas grossas.

Outro risco, continua a fonte, seria a revogação da autorização para que placas brasileiras exportadas para o México e lá transformadas em laminados planos possam ser enviadas para os Estados Unidos sem o pagamento de 25% do imposto de importação. Esse imposto incide sobre produtos siderúrgicos que não são integralmente produzidos no México ou no Canadá.

“Para produtos laminados, já existe uma elevada aplicação de vários mecanismos de defesa comercial, incluindo antidumping e direitos compensatórios. É muito provável que se apliquem novas medidas, prejudicando ainda mais as exportações brasileiras, mas em termos quantitativos, o impacto tenderia a ser de menor intensidade do que para placas”, diz a fonte, que lembra que, embora no discurso Trump seja mais favorável à aplicação de medidas de aumento de tarifas e de medidas de defesa comercial do que Kamala Harris, o fato concreto é que as medidas adotadas relativas à siderurgia pelo governo de Donald Trump não foram revogadas pela administração de Joe Biden.

O especialista diz que as siderúrgicas nos Estados Unidos estão operando com margens de lucros maiores do que em vários outros países, o que tem permitido às empresas investir para aumento da capacidade instalada (substituindo importações), melhoria do mix de produtos e aumentando a já elevada participação (em comparação com a média mundial) das aciarias elétricas. “O último fator contribui significativamente para a descarbonização da indústria, somado ao fato que algumas siderúrgicas americanas estão investindo intensamente em energias eólica e solar, que aliás tendem a ser mais beneficiadas por incentivos em uma eventual administração Harris”, diz a fonte.

Arbetman, da Ativa, chama a atenção ainda para a possibilidade de, em um eventual governo Trump, o aumento do protecionismo elevar o volume de produtos chineses disponíveis no mercado global. “É possível que [nesse cenário] produtos chineses desembarquem em maior quantidade em outros lugares do mundo, inclusive no Brasil, apesar dos esforços que tem sido feitos [para defender a produção nacional].”

Valor - SP   05/11/2024

Em sua 13ª edição, o anuário também apontou as melhores companhias do Brasil em seis desafios e 24 setores

A ArcelorMittal foi a grande vencedora da 13ª edição do prêmio Época Negócios 360º. O nome foi anunciado durante cerimônia realizada nesta segunda-feira (4), na Villa Bisutti Cardoso de Melo, na capital paulista, diante de uma plateia formada por CEOs e executivos das maiores empresas do país.

O anuário 360º avaliou 420 empresas com faturamento de ao menos R$ 250 milhões em 2023. Além da Empresa do Ano, foram escolhidas as melhores companhias em 24 setores e nos 6 principais desafios de gestão das organizações: Stefanini (Inovação), Tivit (Visão de Futuro), WEG (Desempenho Financeiro), Suzano (ESG/Governança), Natura (ESG/Socioambiental) e Alelo (Pessoas). Coube à Fundação Dom Cabral, parceira de Época Negócios no anuário, formular a metodologia.

Além de ser eleita a Empresa do Ano, a ArcelorMittal foi a campeã do setor de Mineração e Siderurgia. Formada em 2006 a partir da megafusão entre o grupo Arcelor e a indiana Mittal Steel, a companhia tem unidades industriais em 15 países, clientes em 140 e 127 mil funcionários. No Brasil, conta com fábricas em oito Estados e duas minas de ferro em Minas Gerais. Atende principalmente as indústrias automobilística, de eletrodomésticos, construção civil, óleo e gás e máquinas e equipamentos.

Estamos em negociações com empresas para fabricar também hidrogênio verde”

— Jefferson De Paula

Em 2023, a empresa teve receita líquida de R$ 69,8 bilhões, um pequeno recuo de 2,6% em relação a 2022, resultado da concorrência com a China. Também no ano passado, a ArcelorMittal concluiu uma etapa decisiva na sua história: a compra da Companhia Siderúrgica de Pecém, no Ceará, por R$ 11,2 bilhões. É o apogeu de um ciclo de investimentos de R$ 25 bilhões iniciado em 2022, a se completar em 2026, com ampliação do potencial produtivo e extensos investimentos em sustentabilidade. Um traço importante, pois a siderurgia, como se sabe, é um dos setores com mais desafios ambientais - responde por 7% a 9% das emissões totais de gases de efeito estufa.

Pecém trouxe para a ArcelorMittal uma capacidade extra de produção de 3 milhões de toneladas de aço. Quando se completarem os aportes previstos, o volume pode chegar a 5 milhões. Com a ampliação, a empresa vendeu, em 2023, 14,4 milhões de toneladas na América Latina, acréscimo de 16,5% em comparação com o ano anterior. “É uma planta extremamente produtiva, que baixou os nossos custos com alta qualidade”, diz Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração América Latina.

Segundo ele, a aquisição da Pecém traz três vantagens estratégicas. A primeira é o fato de ser “muito bem localizada para exportações”. Algo fundamental, pois as exportações da ArcelorMittal respondem hoje por 40% dos seus negócios. Segunda vantagem: aumentar, com investimentos no Nordeste, o potencial de produção de laminados planos e longos no Brasil. “Nós acreditamos no crescimento sustentável do país e estamos muito bem preparados para manter a liderança aqui”, afirma o presidente. O terceiro fator estratégico torna a compra da Pecém ainda mais interessante: a unidade vai usar “energia verde, limpa, renovável”, por se localizar em região fortemente propícia para a geração de energia eólica. “Estamos em negociações com outras empresas para fabricar também hidrogênio verde”, afirma De Paula.

Quem abriu a cerimônia foi Maria Fernanda Delmas, diretora de redação do Valor Econômico e de Marcas Segmentadas de Economia e Negócios da Editora Globo. Depois, foi a vez de Heiko Spitzeck, diretor do Núcleo Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, falar um pouco mais sobre a pesquisa realizada neste ano e a escolha das melhores empresas do Época Negócios 360º.

Na sequência, foi apresentado um vídeo gravado especialmente para o 360º por Ian Beacraft, CEO da Signal & Cipher e especialista no uso de IA nas empresas. A inteligência artificial continuou em pauta no painel que reuniu Guilherme Horn, autor do best-seller “O Mindset da Inovação” e head do WhatsApp no Brasil, e Dora Kaufman, professora de Tecnologias da Inteligência e Design Digital da PUC -SP e autora dos livros “A Inteligência Artificial Irá Suplantar a Inteligência Humana?” e “Desmistificando a Inteligência Artificial”.

Após o painel, foi dado início à premiação das companhias com melhor desempenho na pesquisa Época Negócios 360º em 2024. A entrega dos troféus foi realizada em três blocos: as melhores em 24 setores, as vencedoras de cada desafio e, por fim, a Empresa do Ano.

No anuário Época Negócios 360º, o ranking das melhores empresas é acompanhado por um balanço com as 500 maiores companhias do Brasil por receita líquida, os 100 maiores bancos por ativos totais, as 50 maiores seguradoras por prêmios emitidos líquidos e as 100 maiores companhias abertas por valor de mercado. O anuário completo estará disponível a partir de hoje (5) nas bancas e no Globo Mais.

ECONOMIA

Investing - SP   05/11/2024

Em Pequim, o Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) iniciou hoje sua reunião com um item significativo na agenda: um projeto de lei do gabinete propondo aumentar os tetos da dívida dos governos locais. Esta medida visa substituir as dívidas ocultas existentes e faz parte de um esforço mais amplo para aliviar os encargos financeiros que têm impedido o investimento e o crescimento econômico no país.

O Ministro das Finanças Lan Foan apresentou o projeto de lei em nome do Conselho de Estado, enquanto Xu Hongcai, Vice-Presidente do Comitê de Assuntos Financeiros e Econômicos da APN, relatou os resultados da revisão do comitê. A economia chinesa tem enfrentado desafios, particularmente desde o segundo trimestre, como resultado de uma prolongada desaceleração no mercado imobiliário e do crescente problema da dívida dos governos locais.

No mês passado, Lan anunciou planos para "aumentar significativamente" a dívida do governo como meio de apoiar os consumidores e o setor imobiliário. No entanto, detalhes sobre a escala e o cronograma dessas medidas fiscais não foram divulgados.

Lan também delineou um programa de troca de dívida em larga escala e o uso contínuo de cotas de títulos para resolução de dívidas, descrevendo esses passos como os esforços de redução de dívida mais substanciais dos últimos anos. Espera-se que as políticas relacionadas a essas medidas sejam detalhadas após a conclusão dos procedimentos legais.

Um relatório da semana passada indicou que a China pode aprovar uma nova emissão de dívida excedendo 10 trilhões de yuan (aproximadamente 1,4 trilhão de dólares) para abordar a dívida oculta dos governos locais. Este financiamento também seria usado para a recompra de terras ociosas e para diminuir o excedente de apartamentos não vendidos. A anúncio desta aprovação é esperado para sexta-feira.

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Além disso, fontes sugerem que Pequim pode revelar um pacote fiscal mais robusto se o candidato republicano dos EUA, Donald Trump, garantir um segundo mandato na próxima eleição presidencial, já que seu potencial retorno à Casa Branca poderia intensificar os desafios econômicos para a China. A taxa de câmbio no momento do relatório era de 1 dólar igual a 7,0955 yuan renminbi chinês.

O Estado de S.Paulo - SP   05/11/2024

A equipe econômica ainda aguarda o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para fazer um anúncio de medidas de corte de gastos para reequilibrar as contas públicas e evitar que o arcabouço fiscal entre em colapso nos próximos anos. Na tarde desta segunda-feira, 4, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, irá se reunir novamente com Lula para discutir as propostas. Segundo Haddad, o governo está na “reta final” de ajustes e o anúncio deve sair ainda nesta semana.

A principal ideia do pacote é fazer com que as despesas do Orçamento cresçam no máximo 2,5% ao ano acima da inflação, que é o limite de aumento global dos gastos sujeitos ao arcabouço. Assim, todos estariam “andando na mesma velocidade” - o que evitaria que algumas despesas obrigatórias consumam o espaço destinado a outras, como investimentos e custeio, podendo levar a um “apagão” da máquina pública.

Por isso, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) deve ser elaborada, o que aumenta a cautela com a redação do texto por parte da equipe econômica.

Em junho, o Estadão revelou que um “cardápio” de medidas com essa trava de 2,5% estava em preparação para ser apresentado ao presidente, logo após um forte movimento de alta da moeda americana. Quatro meses depois, as propostas amadureceram e estão próximas do anúncio.

“A dinâmica das despesas obrigatórias tem que caber dentro do arcabouço. Então, a ideia é fazer com que as partes não comprometam o todo e o arcadouço tenha sustentabilidade de médio e longo prazos, que é hoje a dúvida que provoca as incertezas no mercado. Ah, o que vai acontecer se as despesas obrigatórias continuarem crescendo nesse ritmo? Então, é uma fórmula que permite que esse encaixe aconteça”, afirmou Haddad a jornalistas na última semana.

As despesas com a Previdência, contudo, devem ficar de fora, diante das dificuldades técnicas para impor um limite de 2,5% para esses gastos. Isso só seria possível com alteração na regra de indexação de parte dos benefícios previdenciários à valorização do salário mínimo - o que não deve ganhar a autorização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sobre as emendas parlamentares, o governo emplacou uma proposta para estabelecer o teto de 2,5%, em um projeto do Congresso, e também pode adotar a medida para os pisos de saúde e educação, que hoje estão atrelados à arrecadação.

A equipe econômica também colocou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) no radar. A participação da União no fundo vai crescer nos próximos anos, em virtude de uma lei aprovada em 2021, que aumenta gradualmente esse patamar.

Uma das medidas em estudo é aumentar a parcela do Fundeb que serve para cumprir o piso da educação. Hoje, apenas 30% do fundo entra nessa conta. Conforme o Estadão mostrou, a medida pode abrir um espaço fiscal de R$ 33 bilhões em três anos. Quanto maior for a porcentagem, maior o impacto.

Outra medida em avaliação é colocar as despesas do Pé-de-Meia - bolsa para estudantes do ensino médio debaixa renda - para dentro do Fundeb, o que livraria o Poder Executivo de reservar recursos extras para o programa, que hoje fica de fora da regra fiscal.

O Benefício de Prestação Continuada (BPC), abono salarial e seguro-desemprego também podem ser redesenhados e ganhar travas para desacelerar o crescimento. Uma das dificuldades da ideia é que, nos últimos três anos, a concessão de BPC pelas vias judiciais triplicou para as pessoas deficiência, saltando de 48,4 mil em 2021 para 155,8 mil em 2024. O governo precisaria encontrar uma forma para endurecer as regras de acesso e fechar essa porta de entrada via decisões judiciais.

No caso do seguro-desemprego, a equipe econômica argumenta que os gastos estão em alta mesmo com o aquecimento do mercado de trabalho, o que indica problemas de desenho no benefício. Segundo o último relatório do Tesouro, foram R$ 52,44 bilhões gastos em 12 meses até agosto, o maior patamar desde maio de 2018, já corrigido pela inflação.

Na semana passada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, se rebelou e afirmou que “não há discussão” sobre alterações em medidas vinculadas à sua pasta, como abono salarial e seguro-desemprego, “a menos que o demitam”.

“Se nunca discutiu comigo, essas medidas não existem. Se eu sou responsável pelo tema trabalho e emprego, esse debate não existe, a não ser que o governo me demita”, disse Marinho.

Investing - SP   05/11/2024

O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) deve anunciar uma redução de 25 pontos-base na taxa de juros ao final de sua reunião de política monetária de dois dias na próxima quinta-feira, após a decisão anterior de realizar uma redução de 50 pontos-base em setembro.

O relatório de emprego dos EUA (payroll), divulgado na última sexta-feira, praticamente consolidou as expectativas de um corte de juros menor. A economia criou bem menos empregos do que o esperado em outubro, embora os números tenham sido impactados por furacões recentes e por movimentos trabalhistas contínuos.

As folhas de pagamento excluindo o setor agrícola subiram em 12 mil postos no mês, após uma revisão para baixo de 223 mil em setembro. Economistas haviam previsto um aumento de 106 mil. O crescimento do emprego nos dois meses anteriores também foi revisado para baixo, indicando que o mercado de trabalho está mostrando sinais de desaquecimento gradual.

O Departamento do Trabalho destacou que esta foi a primeira pesquisa realizada após os furacões Helene e Milton atingirem o sudeste dos EUA, causando danos severos na região. No entanto, as autoridades não puderam determinar com precisão o impacto das tempestades no relatório de empregos.

"É provável que as estimativas de emprego em algumas indústrias tenham sido afetadas pelos furacões; no entanto, não é possível quantificar o efeito líquido na variação mensal do emprego nacional, horas ou estimativas de ganhos, pois a pesquisa de estabelecimentos não foi projetada para isolar os efeitos de eventos climáticos extremos", informou o Departamento do Trabalho em comunicado.

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Paralelamente, a taxa de desemprego geral foi de 4,1%, igualando a taxa do mês anterior e as projeções dos economistas. O salário médio por hora também registrou um leve aumento de 0,4%, ante uma revisão para baixo de 0,3%.

A taxa básica de juros federal está atualmente entre 4,75% e 5%, após o corte de meio ponto em setembro. Autoridades do Fed explicaram que o corte substancial em setembro teve como objetivo fortalecer a demanda por trabalho em um período de desaceleração nas pressões inflacionárias.

De acordo com o FedWatch Tool do CME Group (NASDAQ:CME), uma ferramenta amplamente acompanhada, o mercado atualmente precifica uma chance de 99,7% de que o Fed reduzirá o custo de financiamento em um quarto de ponto. Há também uma probabilidade de 81,5% de que o banco central repita essa ação em sua reunião de dezembro.

Investidores esperam que a declaração do Fed e os comentários do presidente Jerome Powell tragam mais clareza sobre se as autoridades acreditam que a resiliência econômica continuará – e se podem desacelerar o ritmo dos cortes de juros como consequência.

No entanto, analistas do Deutsche Bank afirmam que Powell provavelmente não fornecerá orientação explícita sobre a trajetória futura da política monetária.

"Embora ele continue a apresentar a perspectiva como voltada para a normalização gradual da política ao longo do tempo, esperamos que ele destaque que futuras reduções dependerão dos dados e ocorrerão reunião por reunião", disseram os analistas.

Globo Online - RJ   05/11/2024

Investidores preveem um 2024 chegando ao fim com a inflação mais uma vez estourando o limite, além de juros mais altos para o ano que vem. É o que mostra o Boletim Focus do Banco Central, divulgado na manhã desta segunda-feira.

Agora, instituições financeiras ouvidas pela autoridade monetária creem numa inflação a 4,59% em 2024, ante 4,55% na semana passada. A previsão do estouro do teto da meta, que é de 4,5% e definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), já acontece há duas semanas.

Para o fim deste ano, os economistas preveem também um dólar mais caro. Três dias depois da divisa alcançar o maior patamar desde a pandemia de Covid-19, os analistas esperam que o câmbio termine 2024 a R$ 5,50. A medida é próxima dos R$ 5,60 usado como base na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir a Selic, em setembro.

A previsão para a taxa básica de juros da economia se manteve estável, em 11,75%, indicando que na reunião do Comitê de Política Monetária da próxima quarta-feira se decida pela alta em meio ponto percentual (p.p.) dos atuais 10,75% para 11,25% ao ano. A alta seguinte seria realizada na última reunião do ano, em dezembro, em mais 0,5 p.p..

O PIB também teve revisão para cima, com o mercado prevendo um crescimento de 3,1% da economia brasileira, ante 3,08% da semana anterior.

Juro mais alto em 2025

No relatório desta segunda, o mercado também prevê que os juros no fim de 2025 fiquem mais altos. Agora, as expectativas são de uma Selic a 11,75% no fim do ano que vem, ante 11,5% na semana passada. Há um mês, as apostas eram para uma Selic a 10,75% no fim do ano que vem.

Com a alta do dólar e o receio de um atraso de anúncios de contenção de gastos pelo governo, a taxa de depósito interfinanceiro (DI) chegou a precificar, na última sexta-feira, que o ciclo de aperto monetário alcançaria 13,75% em julho do ano que vem.

Para 2025, as expectativas de dólar e IPCA também variaram para cima. O mercado prevê que o IPCA fique em 4,03% (ante 4% na semana passada) e a moeda americana chegue em dezembro a R$ 5,43 (ante R$ 5,40). Já a previsão para o crescimento da economia se manteve estável, em 1,93%.

O Estado de S.Paulo - SP   05/11/2024

Sem uma estratégia crível de corte de gastos, a economia brasileira deverá enfrentar um cenário de bastante dificuldade. Analistas alertam que uma política fiscal frouxa acarretará num ciclo bastante perverso já conhecido: a percepção de risco elevada manterá o real desvalorizado, o que trará impactos diretos sobre a inflação e na condução da política monetária.

Hoje, o Brasil enfrenta um dilema em suas contas públicas. A economia brasileira já é bastante endividada para uma nação emergente, e percepção de risco é elevada, pois não há uma previsão clara de quando o endividamento do País vai ser estancado.

O mercado e os analistas, portanto, aguardam com ansiedade o pacote de cortes de gastos que será apresentado pela equipe econômica. Nesta segunda-feira, 4, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou acreditar que as medidas devem ser anunciadas nesta semana.

Mais do que trazer previsibilidade para as contas públicas do País, as medidas são necessárias para fazer com que o arcabouço fiscal sobreviva num cenário em que as despesas obrigatórias estão esmagando as discricionárias. Uma das possibilidades em estudo é limitar as principais gastos do Orçamento a um crescimento real de 2,5% ao ano, o mesmo teto do arcabouço.

Abaixo, analistas convidados pelo Estadão detalham o que pode acontecer se o pacote do governo for considerado tímido. Leia análises de Alessandra Ribeiro, sócia e diretora na Tendências Consultoria; Alexandre Manoel, economista-chefe da Az Quest; Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners; Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados; e Solange Srour, diretora de macroeconomia para o Brasil do UBS Global Wealth Management.
Alessandra Ribeiro: “Ideal é que o pacote seja ambicioso e enderece questões estruturais”

Nas últimas semanas, há uma piora importante na percepção de risco com relação à economia brasileira, devido à junção de elementos externos e domésticos, com a potencial eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e seus efeitos adversos para economias emergentes e as consequências sobre um cenário interno já marcado por preocupação com a sustentabilidade do arcabouço fiscal e a dinâmica das contas públicas.

Neste contexto, é grande a expectativa em torno do anúncio do governo sobre o programa de corte de gastos. No entanto, dado o atual nível de deterioração das expectativas e precificação de risco nos ativos financeiros, o ideal é que o pacote seja ambicioso, endereçando questões estruturais como a vinculação do piso previdenciário à política de reajuste do salário mínimo, o Benefício de Prestação Continuada/Loas, pisos constitucionais de saúde e educação, atualmente atrelados ao desempenho das receitas federais, e reformulação do abono-salarial.

No momento, o principal risco é de anúncio de medidas de impacto pequeno ou moderado, na linha de um pente-fino de programas já existentes, ou de pouca factibilidade. Neste caso, deve ser observada nova onda de piora das expectativas, que deve se traduzir em novos movimentos de depreciação do real, de aumento dos juros futuros e de queda da bolsa. O Banco Central teria de ser ainda mais agressivo no ciclo atual de aperto da política monetária.

A piora precificada pelos ativos financeiros afeta a economia real com alguma defasagem. Assim, esse cenário resultaria em queda da confiança dos agentes econômicos, piora nas condições de crédito às famílias e empresas e menor propensão ao consumo e investimentos, ou seja, menor crescimento econômico e efeitos adversos para o mercado de trabalho.

Para as contas públicas, o cenário desenhado torna o quadro ainda mais desafiador, dados os efeitos negativos para a arrecadação e para o aumento do custo financeiro de rolagem da dívida pública, na medida em que há exigência de juros mais altos para financiar um ativo percebido como mais arriscado. Em suma, delineia-se, assim, o caminho para um cenário pessimista para a economia brasileira, que pode ser potencializado por quadro externo ainda mais complicado.
Alexandre Manoel: ‘Governo precisa demonstrar um horizonte de sustentabilidade para as contas públicas’

O encerramento do mercado na última sexta-feira, 1º de novembro, refletiu um cenário preocupante para a economia brasileira, com o dólar cotado acima de R$ 5,80 e pressionado para cima, além dos juros longos superando 13%, o que indica uma taxa de juro real acima de 8%. Esse contexto sinaliza as dificuldades que o País pode enfrentar caso o pacote de ajuste nas despesas obrigatórias não se mostre eficaz para conter a crescente percepção de falta de sustentabilidade da dívida pública.

Para uma melhora na percepção do mercado sobre a situação fiscal do Brasil, o governo precisa demonstrar um horizonte de sustentabilidade para as contas públicas. Isso só será alcançado caso se torne crível que o déficit primário estrutural, projetado pelo mercado em cerca de 0,5% do PIB, será revertido, transformando-se em um superávit primário estrutural capaz de garantir a sustentabilidade da dívida ao longo do tempo.

Durante o governo Jair Bolsonaro, a despesa primária em relação ao PIB era de 18%. A expectativa é que esse índice tenha se elevado permanentemente para 19% no governo atual, com perspectiva de crescimento especialmente pelas iniciativas de gastos parafiscais. Em contrapartida, a receita líquida, descontadas as transferências, passou de 17,5% para 18,5% do PIB, deixando, assim, um déficit primário estrutural de aproximadamente 0,5% do PIB.

Desde 2023, o atual governo ainda não demonstrou um compromisso claro com a restrição orçamentária. O ministro Fernando Haddad alega ter herdado despesas obrigatórias sem fonte de financiamento definida, como os custos adicionais da complementação federal do Fundeb e das emendas impositivas. Contudo, o governo anterior lidava com essas pressões controlando certos gastos, como a não valorização real do salário-mínimo e a suspensão dos pisos mínimos para saúde e educação.

Para que a sustentabilidade da dívida pública se torne credível, o governo atual precisará tomar decisões de política pública que respeitem a restrição orçamentária e sinalizem o compromisso com uma trajetória fiscal responsável.
Luis Otávio Leal: ‘Falta de ajuste vai aumentar a percepção de que a dívida pode entrar em uma trajetória explosiva’

Um cenário no qual tenhamos um pacote fiscal sem grandes progressos em termos de ajuste fiscal ou que nem tenhamos tal pacote pode variar entre ruim e muito ruim. O motivo é que a falta de um ajuste fiscal vai aumentar a percepção de que a dívida pública brasileira pode entrar em uma trajetória explosiva e vai colocar o Brasil em um círculo vicioso que pode nos levar à temida “dominância fiscal”. Mas indo por partes.

O tal círculo vicioso teria como variável chave o câmbio. Quanto maior a percepção de descontrole fiscal, maior a percepção de insustentabilidade da dívida, maior o prêmio de risco sobre os ativos brasileiros, consequentemente, mais desvalorizado ficará o real, impactando a inflação, levando o Banco Central a elevar e/ou a manter os juros elevados durante mais tempo. Aqui é que esse círculo vicioso pode se transformar em “dominância fiscal”.

Atualmente o governo tem em estoque algo em torno de 40% de títulos indexados à Selic. Ou seja, uma política monetária mais apertada, com aumentos sucessivos da Selic, terá três efeitos. O primeiro é aumentar instantaneamente a dívida, piorando a relação (dívida/PIB) pelo numerador. O segundo é reduzindo o nível de atividade, piorando a relação supracitada pelo denominador.

O terceiro é produzir uma transferência de renda entra o governo e o setor privado. Os dois primeiros efeitos irão amplificar o círculo vicioso visto anteriormente e o último vai forçar o Banco Central a elevar ainda mais a Selic, piorando os dois primeiros efeitos. Tudo isso junto nos leva a tal “dominância fiscal”.

No início dissemos que os cenários iriam de ruins à muito ruins. A diferença, basicamente se refere ao cenário externo. Um cenário externo menos amigável a ativos arriscados como o brasileiro seria um catalizador dos cenários supracitados e dois riscos se sobressaem sobre os demais. Uma vitória de Donald Trump na eleição americana desta semana e uma política monetária nos EUA mais apertada do que o esperado, sendo que o primeiro risco, aumenta exponencialmente o segundo.

Sergio Vale: ‘Caso o pacote seja aquém do desejável, o governo continuará vendo o câmbio depreciar'

O governo perdeu dois anos preciosos buscando o ajuste fiscal impossível via arrecadação. Agora, o controle do gasto se torna inadiável e quanto mais demorar para acontecer, maior terá que ser o ajuste.

Há duas opções aqui: uma, o governo faz ajustes pontuais, mas relevantes, como no Fundeb, no abono salarial, no salário desemprego e no BPC; outra opção, a ideal, seria um ajuste mais agressivo que envolvesse as questões anteriores e se adicionasse o limite de gasto de saúde e educação dentro do teto de crescimento de 2,5% e a desvinculação do salário mínimo da Previdência, que são medidas de longo prazo importantes para mudar a trajetória da dívida pública.

Dado que a percepção de risco por parte do governo ficou clara, espera-se que Lula aceite as propostas mais duras, necessárias para que seu governo chegue bem em 2026. Caso contrário, o próximo teste do câmbio será a R$ 6.

Com o risco internacional aumentando com uma possível vitória de Donald Trump, deveríamos aproveitar esse momento nebuloso para sermos mais ousados no ajuste fiscal. É o velho Brasil que chega à beira do abismo, mas não pula. Mas será importante que esse ajuste seja realmente relevante e não mais do mesmo do que vimos até agora.

Caso o pacote seja aquém do desejável, o governo continuará vendo o câmbio depreciar, e os juros se manterão elevados por mais tempo. Com o câmbio depreciado e chegando a R$ 6, se o governo entregar um pacote fraco, veremos a inflação no ano que vem caminhar para 5%. Depende do governo ter um 2026 bom na economia, mas isso só vai acontecer se houver um ajuste fiscal de qualidade a partir de agora.
Solange Srour: ‘Sem ajuste fiscal crível, corremos o risco de enfrentar uma crise econômica’

Caso o Brasil não implemente um ajuste fiscal crível, que sinalize um compromisso sério com a sustentabilidade fiscal, corremos o risco de enfrentar uma crise econômica. Sem medidas sólidas de contenção de gastos, o contínuo aumento do endividamento público pode ser visto como “fora de controle”. O prêmio de risco exigido pelos investidores que financiam a dívida pública aumentará, assim como a busca por proteção do patrimônio e dos investimentos (o chamado “hedge”), o que geralmente resulta em uma forte depreciação cambial. O quanto a economia desacelerará e o quanto a inflação subirá também dependerão dos desdobramentos do cenário externo, que apresenta um elevado nível de incerteza devido aos resultados das eleições nos EUA. No entanto, é praticamente impossível escaparmos dessa combinação perversa.

Em um ambiente de baixa confiança fiscal, o Tesouro Nacional enfrentará dificuldades para rolar a dívida pública. A redução da demanda por títulos públicos, além de encarecer sua colocação, tende a piorar seu perfil (com a participação de títulos pré-fixados diminuindo consideravelmente, enquanto aumenta a participação de títulos indexados à Selic) e a encurtar seu prazo de vencimento. Em períodos de alta volatilidade, a concentração de vencimentos em prazos curtos cria um desafio adicional para o Tesouro, que inevitavelmente, em algum momento, acaba sancionando as condições do mercado.

A continuidade da ausência de uma âncora fiscal também pressiona as expectativas de inflação, que já estão bastante desancoradas, ao mesmo tempo em que a desvalorização do câmbio é repassada para os preços. Neste cenário, o Banco Central não tem outra alternativa a não ser adotar uma política monetária mais restritiva, mesmo que esta já se encontre em território restritivo. Se a política fiscal expansionista não for freada, a restrição da política monetária precisará ser maior.

Dependendo de quanto a Selic subir e de quanto a curva de juros projetar para o futuro, voltaremos a discutir seriamente se estamos entrando em um cenário de dominância fiscal. Chegaremos, então, a um momento em que a combinação perversa de mais inflação e menos crescimento se acentua, exigindo por fim um ajuste fiscal muito mais intenso e rápido do que o esperado atualmente para garantir a estabilidade da dívida.

Em momentos de crise de confiança, a implementação de reformas dos fatores que causam o aumento real dos gastos obrigatórios acima do permitido pelo arcabouço é essencial para ancorar as expectativas de inflação, estabilizar a moeda e reduzir os juros demandados pelos investidores. O modelo de aumento de despesas e busca de mais receitas (muitas vezes não recorrentes) está definitivamente esgotado. Se conseguirmos um choque de credibilidade agora, teremos tempo para discutir se o arcabouço atual é suficiente pra estabilizar a dívida. Cada coisa a seu tempo.

O Estado de S.Paulo - SP   05/11/2024

Chefe de pesquisa macroeconômica para América Latina do BNP Paribas, Fernanda Guardado diz que a taxa básica de juros terá de ir a 12,75% ao ano para que o Banco Central consiga levar a inflação à meta de 3% “em meados de 2026". Na revisão de cenário divulgada na semana passada, o banco passou a prever quatro altas seguidas de 0,50 ponto porcentual na Selic.

“Já há bastante tempo, projetamos que o Banco Central, nessa reunião de novembro, vai acelerar o ritmo para 0,50 ponto porcentual”, diz Fernanda, ex-diretora do BC. “Acreditamos que eles vão fazer isso em novembro e em dezembro para garantir, com esse ritmo um pouco mais forte, que a política monetária aja no tempo hábil para trazer a inflação de volta para a meta em meados de 2026. Nós víamos que o ciclo continuaria até março. E nós ainda vemos. Mas agora esperamos que esse ritmo de 0,50 se repita também em janeiro e em março.”

Na projeção do BNP, a Selic chegará a 12,75% em março de 2025 e permanecerá nesse patamar até a reunião de dezembro, quando haverá um corte de 0,50 ponto porcentual, encerrando o ano em 12,25%.

Hoje, a Selic está em 10,75% ao ano. Em seu último encontro, o Comitê de Política Monetária (Copom) promoveu uma alta de 0,25 ponto porcentual - foi o primeiro aumento do terceiro mandato do governo Lula.

Sobre a incerteza fiscal que contribuiu para a piora dos ativos brasileiros nas últimas semanas, Fernanda vê com bons olhos a possibilidade de a equipe econômica anunciar um pacote de contenção de gastos. “Se o governo, de fato, anunciar um pacote nesse sentido, acho que tem o potencial para diminuir um pouco essa desconfiança em relação ao futuro da política fiscal”, afirma.

A seguir trechos da entrevista concedida ao Estadão.

Como a sra. analisa a economia brasileira no atual momento? O crescimento surpreende, mas os ativos estão bastante deteriorados.

A economia tem apresentado um dinamismo surpreendente. Começamos 2024 com uma projeção de crescimento de 2% e revisamos para 3%. Este é o quarto ano consecutivo, em que não apenas nós, mas a maior parte dos analistas econômicos - e até o próprio Banco Central - está revisando para cima as projeções. Os indicadores mais recentes que temos recebido mostram que esse dinamismo persiste. É uma notícia muito positiva ver o Brasil crescendo dessa maneira, mas há um lado preocupante, porque é um crescimento que se dá acima do potencial de crescimento da economia. E isso tem o potencial de manter acesos os riscos inflacionários.

E a preocupação com a questão fiscal e a expectativa pelas medidas de corte de gastos?

De fato, os riscos em relação ao cumprimento das metas fiscais, principalmente para 2025 e 2026, têm impactado negativamente os preços de ativos. Não são apenas as dúvidas em relação ao atingimento da meta, mas as diversas notícias e iniciativas que foram observadas nas últimas semanas que trabalhavam no sentido de maiores gastos, em um ambiente em que as metas fiscais são vistas como bastante desafiadoras e a trajetória da dívida/PIB também é muito desafiadora. Todas as notícias que traziam novas propostas de gastos - meritórias ou não - acabavam tendo esse impacto muito negativo na precificação dos ativos e na própria curva de juros do mercado, por conta desse questionamento sobre se haveria ou não alguma consolidação fiscal no horizonte.

Vale lembrar que, quando a gente fala de ativos de mercado, não é só o câmbio. Falamos também, principalmente, da curva de juros, que tem um impacto muito relevante no custo da dívida pública. Então, quando essas notícias fiscais impactam negativamente a curva de juros, fazendo com que juros cobrados em diversos horizontes futuros fiquem mais caros, isso significa que o Tesouro também está tendo de se financiar mais caro. É sempre importante ressaltar como esses impactos não se restringem só ao câmbio. Eles têm um impacto direto no endividamento público.
E o governo consegue cumprir a meta fiscal deste ano?

Em 2024, o governo se aproxima da banda inferior. Ainda temos dúvidas se eles atingirão a banda inferior da meta fiscal, mas, para o ano que vem, nós vemos um cenário bastante desafiador.
Por quê?

Nós acreditamos que a arrecadação será mais baixa do que aquela que foi enviada no Orçamento. Além disso, não está claro se a meta de poupança do governo com a contenção de fraudes vai de fato se verificar naquele tamanho. Por isso, essa notícia de um anúncio de um ajuste fiscal (o governo estuda limitar as principais despesas do Orçamento a um crescimento real de 2,5% ao ano) vai ser muito bem-vinda. Se o governo, de fato, anunciar um pacote nesse sentido, acho que tem o potencial para diminuir um pouco essa desconfiança em relação ao futuro da política fiscal. É importante ver iniciativas nesse sentido, da contenção do crescimento dos gastos, principalmente quando se observa que algumas linhas do Orçamento, como a de gastos obrigatórios, têm crescido bastante acima da inflação.

Mas há algum tipo de exagero na reação do mercado? Vimos, por exemplo, os juros futuros subindo a patamares muito elevados.

É sempre difícil fazer essa avaliação sobre se os prêmios estão excessivos ou não. Os prêmios vão refletir a aversão maior ou menor ao risco que as pessoas que financiam a dívida pública estão dispostas a correr. Então, diante desse cenário em que ocorreram diversas propostas e iniciativas de maiores gastos, já num ambiente de percepção de que a dívida pública vai crescer de forma muito forte, é de se esperar que haja um aumento do prêmio pedido para horizontes mais longos na dívida pública. É o que é. O mercado é o que é.
E como fica o Banco Central nessa história? Quais serão os próximos passos?

Já há bastante tempo, projetamos que o Banco Central, nessa reunião de novembro, vai acelerar o ritmo para 0,50 ponto porcentual. Acreditamos que eles vão fazer isso em novembro e em dezembro para garantir, com esse ritmo um pouco mais forte, que a política monetária aja no tempo hábil para trazer a inflação de volta para a meta em meados de 2026. Nós víamos que o ciclo continuaria até março. E nós ainda vemos. Mas agora esperamos que esse ritmo de 0,50 se repita também em janeiro e em março. Portanto, nós estamos revisando para cima a nossa Selic final para 12,75%.

Isso é suficiente para trazer a inflação para a meta em meados de 2026?

Isso, no terceiro trimestre de 2026. No modelo, é suficiente. Mas, agora, sempre há condicionantes importantes por trás dessa projeção. Uma das condicionantes é que se parte do nível atual de câmbio, sem depreciações adicionais, além do que é o usual para esse tipo de exercício. Não vemos notícias positivas para o Banco Central até o final do ano, com a grande exceção do possível anúncio do pacote de contenção de gastos. No início do ano, se tivermos o real um pouco mais confortável, pode trazer algum conforto para o Banco Central com a trajetória da inflação. Mas nós vamos precisar, por exemplo, ver a inflação corrente, de fato, vindo para um patamar mais baixo, para que, por exemplo, o (relatório) Focus comece a diminuir as expectativas mais longas. Como temos revisado para cima a projeção de inflação de curto prazo, eu acredito que esse tipo de notícia só vai acontecer lá em 2025, por isso, eu acho que o Banco Central vai precisar subir os juros em todo o primeiro trimestre do ano que vem.

E como fica o cenário de inflação?

Temos uma inflação de 4,7% em 2024 e 4% em 2025. Para 2026, temos uma diminuição, e a inflação converge para meta de 3%, condicional a esse ciclo de juros que acabei mencionar.
Qual será o impacto da Selic mais alta na atividade?

Nós temos 2% (de crescimento) do PIB no ano que vem. Mesmo jogando a Selic para cima, não estamos revisando para baixo o nosso PIB, em parte por conta da força dos dados que estão vindo no terceiro trimestre. Vai haver uma moderação do crescimento para próximo de 2%.
O que explica a surpresa inflacionária deste ano?

São vários fatores. Tivemos a estiagem, com impacto nos dados de alimentação, de energia elétrica. O real, de fato, teve uma depreciação ao longo do ano de mais de 15%, e isso certamente não ajudou. Quando observamos a abertura do IPCA, algumas das fontes de desinflação de 2023 ficavam para trás. Bens industriais voltaram a reacelerar, alimentos voltaram a acelerar e um grande segmento, que é serviços, parou de cair. A inflação de serviços atingiu um platô desde janeiro do qual não saiu. Tem sido um segmento muito inercial e dificilmente vai quebrar esse platô de inflação para baixo se considerar que o mercado de trabalho está aquecido. Os dados da Pnad ainda mostraram ganhos de rendimento real expressivos na comparação interanual e criação de vagas. Os indicadores de alta frequência de serviços apontam que o segmento segue bem. Há fundamentos que sustentam essa inflação de serviços suportada entre 4,5% e 5%. Ou seja, nós precisamos ver, de fato, uma desaceleração da atividade no segmento (de serviços) para que essa inflação possa ceder um pouco mais. E eu acredito que isso só vai acontecer no ano que vem.
E quais são os primeiros sinais do Galípolo, já confirmado como o próximo presidente do BC?

Eu acho que o Gabriel tem consciência do desafio que tem pela frente para trazer a inflação em direção à meta. Ele também tem consciência da importância de trazer a inflação para a meta de 3% e que esse é o objetivo primordial do Banco Central. Ele tem falado isso. Ele sabe que há uma desancoragem das expectativas e que tem algumas causas por trás disso, mas eu vejo que ele está bastante convicto da necessidade de, através de suas ações, mostrar o compromisso que tem com a meta. Ele votou pelo início do ciclo de altas. Acredito que nós teremos uma decisão unânime a favor de uma alta de 0,50 ponto porcentual nas próximas duas reuniões - e ele é uma parte relevante dessa unanimidade.
No cenário externo, quais serão os próximos passos do Fed?

O banco acredita que o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) vai cortar os juros em 0,25 ponto porcentual nas próximas reuniões, e temos uma Fed Funds (taxas de juros) de 3,25% no final do ano que vem. É um Fed que vai se aproximar da taxa de juros neutra, mas ainda existem alguns riscos que o Fed vai ter de se deparar e observar se essa última milha da inflação vai, de fato, continuar de uma forma linear ou não. Por exemplo, no Brasil, a gente observou como, após uma desinflação bastante acentuada, a inflação atingiu um platô. Esse é um risco para os Estados Unidos. Os dados que saíram do CPI dão um pouco essa sensação de que a melhora no núcleo de inflação parou - a se observar nos próximos dados.

Pela frente, também há uma mudança de governo. Vai ser importante observar nos próximos meses como o candidato que vencer a eleição se posicionará em relação aos seus próximos passos na política fiscal, para isso dar clareza ao próprio Fed. Mas eu ainda adicionaria que, no caminho do Fed, temos tensões geopolíticas e uma economia bastante saudável, o que faz com que a necessidade de ser cauteloso daqui para frente seja maior.

Um eventual governo do Trump seria mais inflacionário?

O nosso time de mercados avançados fez um exercício bastante interessante. O banco não tem um posicionamento sobre um ou outro candidato. O que nós temos é um exercício para tentar entender qual seria o impacto de uma das propostas do candidato republicano em relação às tarifas. Olhando para esse exercício, se houvesse um aumento das tarifas como proposto, teríamos um impacto inflacionário relevante nos Estados Unidos. Consequentemente, o banco central americano seria obrigado a reagir a esse aumento inflacionário, e isso acabaria levando a um impacto baixista no PIB.

No cenário externo, há também uma preocupação com a China?

A China também preocupa, porque é o nosso maior mercado consumidor. A fraqueza da China, possivelmente, implica em queda nos preços das commodities que exportamos. E isso, de uma certa maneira, é uma menor sustentação para o real e uma menor renda para essas áreas que são expostas à China. Temos visto movimentos mais recentes do governo chinês na tentativa de reavivar, principalmente, o consumidor chinês. Ainda não está claro o quanto de sucesso eles conseguirão com essa estratégia, mas isso ajuda a limitar um pouco a deterioração que se observava.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   05/11/2024

Os futuros do minério de ferro registraram ganhos nesta segunda-feira, já que o mercado aguardava ansiosamente uma reunião importante da liderança do maior consumidor da China para obter dicas sobre medidas de estímulo.

O Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo (NPC) da China vai se reunir de 4 a 8 de novembro e todas as atenções estarão voltadas para a divulgação de mais medidas de estímulo para estimular a economia.

O contrato janeiro do minério de ferro mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas com alta de 0,91%, a 779 iuanes (109,78 dólares) a tonelada métrica, depois de atingir o valor mais baixo desde 25 de outubro, a 760,5 iuanes a tonelada, no início da sessão.

A expectativa crescente de um forte estímulo da China nesta semana e um dólar americano mais fraco ajudaram os preços do principal ingrediente da fabricação de aço a se recuperarem na sessão da tarde.

Mas os ventos contrários da demanda enfraquecida, da oferta crescente e dos estoques portuários persistiram, limitando os ganhos de preços, disseram os analistas.

“Os estoques portuários se acumularam em outubro e esperamos ver um novo aumento em novembro e dezembro, quando a demanda de minério é sazonalmente fraca”, disse Zhuo Guiqiu, analista da Jinrui Futures.

AUTOMOTIVO

IstoÉ Dinheiro - SP   05/11/2024

Comissão Europeia aprovou nova tarifa que aumenta em até 45,3% o preço de veículos fabricados na China. Decisão é retaliação contra subsídios distribuídos pelo governo chinês.A China apresentou nesta segunda-feira (04/11) uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a União Europeia (UE), em decorrência das novas tarifas impostas pelo bloco aos veículos elétricos chineses, que entraram em vigor na semana passada.

O Ministério do Comércio da China disse que a ação busca “salvaguardar os interesses do desenvolvimento da indústria de veículos elétricos e a cooperação global na ‘transformação verde”.

“É lamentável ver o lado europeu anunciar a sua decisão final, apesar das inúmeras objeções de atores relevantes, como estados-membros, indústrias e opinião pública”, destacou a pasta chinesa.

Preço dos veículos chineses pode subir até 45,3%

As novas tarifas europeias entraram em vigor em 30 de outubro, data em que a China já havia anunciado que “não concorda nem aceita” a decisão de Bruxelas. O bloco aprovou um novo imposto que varia de 7,8% a 35,3% sobre veículos elétricos chineses, que se soma à taxa padrão de importação de carros da UE, de 10%.

As tarifas incidem pelos próximos cinco anos e foram definidas após uma longa investigação apontar que fabricantes chinesas teriam recebido subsídios ilegais. A regra estabelece um imposto gradual para cada empresa, como forma de compensar os subsídios que cada uma teria recebido. As gigantes Saic, Geely e BYD, por exemplo, foram afetadas.

A medida também incide sobre as fabricantes ocidentais que produzem na China e receberam subsídios, como a norte-americana Tesla, que estará sujeita a uma tarifa de 7,8%. Outras empresas que cooperaram com a investigação da Comissão Europeia serão taxadas em 20,7%.

Para o governo chinês, a barreira tarifária que eleva a até 45,3% o custo do veículo elétrico produzido na China fere “gravemente” as regras da OMC.

UE diz que competição deve ser justa

O Vice-Presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, disse na terça-feira que “ao adotar essas medidas proporcionais e direcionadas após uma investigação rigorosa, estamos defendendo práticas de mercado justas e a indústria europeia”.

“Acolhemos a concorrência, inclusive no setor de veículos elétricos, mas ela deve ser sustentada pela justiça e pela igualdade de condições”, afirmou.

A Comissão argumenta que as tarifas são necessárias para proteger as automobilísticas europeias da concorrência desleal. Os Estados Unidos e o Canadá anunciaram taxas de 100% sobre os veículos elétricos chineses, o que tornou a UE um mercado lucrativo para esses automóveis.

A Comissão Europeia ainda garantiu que suspenderá as tarifas caso consiga chegar a um acordo com a China nos próximos cinco anos.

Decisão não foi unanime

A decisão de estabelecer novas tarifas, puxada pela França, não foi unânime. Cinco países europeus se opuseram à medida, dez apoiaram e 12 se abstiveram.

Países como a Alemanha e a Hungria votaram contra, sob o temor de se instalar “um conflito comercial de longo alcance” com a China que se estenda para outros setores.

As maiores montadoras da Europa, incluindo a Volkswagen, também criticaram a abordagem da UE e pediram a Bruxelas que resolvesse a questão por meio de negociações. A Associação Alemã da Indústria Automotiva entende que as tarifas são “um retrocesso para o livre comércio global e, portanto, para a prosperidade, a preservação do emprego e o crescimento na Europa”.

A Volkswagen, que foi duramente atingida pela crescente concorrência na China, já havia dito anteriormente que as tarifas não melhoram a competitividade da indústria automotiva europeia.

A China já havia recorrido ao mecanismo de disputa da OMC em agosto devido a outras medidas preliminares tomadas pela UE.

Em retaliação, o país asiático vem anunciando investigações sobre as importações de whisky, produtos lácteos e carne suína da UE. Esse último poderia ser particularmente prejudicial para a Espanha, principal fornecedora destes produtos para a China.

Valor - SP   05/11/2024

A perspectiva de lucros está cada vez mais sombria

Os lucros dos fabricantes japoneses desaceleraram na primeira metade de abril a setembro, com a economia chinesa perdendo força, levando mais empresas a relatar uma queda no lucro do que um aumento pela primeira vez em quatro anos.

Os setores automotivo e de materiais foram particularmente afetados, enquanto negócios ligados à inteligência artificial prosperaram.

Ao tabular os resultados de abril a setembro de 156 empresas até sexta-feira (1), o "Nikkei Asia" constatou que os lucros líquidos pioraram em relação ao ano anterior em 74 delas, com mais nove registrando prejuízo. Isso representa a maior proporção de empresas reportando queda desde os 75% registrados entre abril esetembro de 2020, durante a pandemia de coronavírus.

O lucro líquido da Mitsubishi Motors caiu 44%, prejudicado pela queda na demanda na Tailândia e pelo aumento dos custos de marketing nos Estados Unidos, em meio a uma concorrência intensa. A fabricante de faróis Koito Manufacturing registrou uma queda de 56% no lucro líquido, devido à diminuição da demanda dos fabricantes de automóveis japoneses na China.

A Kyocera reportou vendas fracas de componentes eletrônicos para montadoras europeias, que enfrentam pressão de veículos elétricos chineses baratos. O lucro líquido da empresa caiu 36%.

A rentabilidade do setor de materiais foi afetada negativamente devido a uma queda no mercado proveniente da China. A fraca demanda chinesa resultou em um excedente de produtos químicos e de aço fluindo para as regiões vizinhas. As margens da Tokyo Steel Manufacturing foram reduzidas em produtos de aço, com o lucro líquido caindo 37%. A Sumitomo Chemical, cuja unidade petroquímica teve dificuldade para se recuperar, registrou prejuízo líquido pelo segundo ano consecutivo.

A forte economia dos Estados Unidos também mostra sinais de arrefecimento. As vendas de equipamentos de construção da Hitachi Construction Machinery na América do Norte diminuíram. Os agentes de vendas, receosos com os custos mais altos, restringiram as compras, já que os cortes nas taxas nos Estados Unidos foram mais lentos do que o esperado.

"A recuperação da demanda por equipamentos de construção será adiada para o próximo ano fiscal ou depois disso", disse Masafumi Senzaki, presidente da Hitachi Construction.

O iene teve uma média de 152 por dólar durante a primeira metade de abril a setembro, 11 ienes mais fracos em comparação com o mesmo período do ano anterior. No entanto, para muitas empresas, isso não foi suficiente para compensar as fraquezas em outros lugares. O iene mais fraco elevou o lucro operacional da unidade de equipamentos de construção, mineração e utilidades da Komatsu em 39,2 bilhões de ienes. Mas o lucro líquido da empresa caiu pela primeira vez em quatro anos, prejudicado pela diminuição das vendas e pelos custos mais altos.

Inteligência artificial

Em contraste, a crescente demanda por inteligência artificial (IA) tem sido um impulso para empresas como a fabricante de equipamentos de teste de semicondutores Advantest, cujo lucro líquido aumentou 170% devido à força de seus dispositivos de teste para chips usados em IA generativa. A Nitto Denko registrou um aumento de 81% no lucro líquido, impulsionada pelos materiais de circuitos utilizados em centros de dados — demanda estimulada pela IA generativa.

A perspectiva de lucros está cada vez mais sombria. Com a eleição presidencial americana se aproximando na terça-feira (5), o mercado de câmbio e as taxas de juros podem flutuar amplamente dependendo dos resultados. A política comercial da nova administração também terá uma influência significativa.

"Se os desenvolvimentos levarem o iene a se fortalecer além do nível de 140 em relação ao dólar, os ventos contrários enfrentados pelos fabricantes do Japão podem se intensificar", disse Shingo Ide, estrategista-chefe de ações do NLI Research Institute

A tabulação do "Nikkei Asia" incluiu 30% dos fabricantes de capital aberto, ou quase 50% com base na capitalização de mercado.

Exame - SP   05/11/2024

As montadoras chinesas atingiram novos recordes de vendas mensais em outubro, com destaque para a BYD, que pela primeira vez alcançou a marca de 503.000 veículos vendidos, um crescimento de 66,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Nos primeiros dez meses de 2024, as vendas acumuladas da BYD foram de 3.250.500 unidades, representando 90% da meta anual de 3,6 milhões de veículos.

Outras montadoras com fortes resultados de vendas

A Changan Automobile vendeu 251.000 veículos em outubro, um aumento de 4,07% em relação ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, a Changan já vendeu 2.155.800 veículos, alcançando 77% de sua meta anual. As montadoras Deepal e Avatr também registraram bons resultados, com vendas de 28.000 e 10.000 veículos, respectivamente, no mês.

Já o grupo Chery vendeu 272.200 veículos em outubro, registrando uma alta de 35,9%. Deste total, as exportações foram de 111.900 veículos, crescendo 18,8%. As vendas de veículos elétricos novos do grupo ultrapassaram 70.000 unidades, um salto expressivo de 342,1% em relação ao ano anterior. Até outubro, o acumulado de vendas da Chery atingiu 2.024.900 veículos, um aumento de 39,3% comparado a 2023.

Fortalecimento do setor de veículos elétricos

As vendas de veículos elétricos novos da SAIC Motor em outubro superaram 157.000 unidades, com um crescimento anual de aproximadamente 51%. De janeiro a outubro, a empresa já vendeu 905.000 veículos elétricos novos, registrando um aumento de cerca de 20% em comparação ao ano passado.

A Geely Automobile também reportou crescimento nas vendas, com 226.700 unidades vendidas em outubro, 28% a mais do que no mesmo período do ano anterior. Entre elas, as vendas de veículos 100% elétricos totalizaram 78.900 unidades, representando um aumento anual de 132%. O acumulado de vendas de janeiro a outubro da Geely atingiu 1.716.400 veículos, ou 85,82% de sua meta anual de 2 milhões de unidades.

Apesar do cenário positivo, a Great Wall Motors registrou um declínio de 11,05% nas vendas de outubro em relação ao ano passado, com 116.800 unidades vendidas. No acumulado do ano, foram 970.600 veículos, representando uma queda de 2,49%. Ainda assim, as vendas de veículos elétricos novos da Great Wall somaram 32.000 unidades em outubro.

Impacto dos subsídios no mercado automobilístico

A Associação Chinesa de Distribuição Automobilística estima que as vendas de veículos de passageiros em outubro tenham atingido 2,25 milhões de unidades, superando o mesmo período do ano passado. O índice de alerta de estoque dos distribuidores foi de 50,5%, uma queda de 8,1 pontos percentuais em comparação com 2023.

Segundo Lang Xuehong, vice-secretário-geral da associação, as recentes políticas de subsídios para descarte e troca de veículos contribuíram significativamente para o mercado automobilístico. “As duas novas políticas tiveram um papel muito importante na melhora da conjuntura do mercado em outubro, com um número médio diário de pedidos de mais de 10.000 veículos”, destacou. Mais de 1,57 milhão de pedidos de subsídios foram feitos até 24 de outubro, mostrando a forte adesão dos consumidores.

Para novembro, a associação prevê que as montadoras e distribuidores manterão esforços promocionais, impulsionando ainda mais a demanda por veículos.

Valor - SP   05/11/2024

A Toyota espera fazer investimentos adicionais para a fabricação de baterias de veículos elétricos e híbridos na América do Norte. Isso inclui uma nova fábrica, para preparar sua cadeia de suprimentos local para um aumento planejado na produção de veículos eletrificados.

“Se a demanda por veículos híbridos e elétricos aumentar no futuro, podemos precisar considerar construir mais capacidade de produção, e isso pode incluir um local diferente", disse Sean Suggs, presidente da Toyota Battery Manufacturing North Carolina, ao “Nikkei Asia”.

A empresa japonesa já está investindo US$ 13,9 bilhões na fábrica da Carolina do Norte, que agora está em construção.

Nada foi decidido sobre o momento do novo investimento, disse Suggs, pois a empresa "ouvirá a voz do cliente e verá qual será a tendência da indústria nos próximos cinco a dez anos".

"Vamos deixar o cliente determinar o quanto avançaremos", disse ele.

A Toyota planeja aumentar a taxa de vendas de veículos eletrificados como híbridos e elétricos na América do Norte dos atuais 50% para 80% até 2030. A fabricação local de baterias reduziria os custos de produção em massa.

A produção de baterias híbridas na Carolina do Norte está programada para começar entre janeiro e março de 2025. A partir de outubro deverá começar a produção experimental de baterias de veículos elétricos. Em 2026, será a vez da produção experimental de baterias híbridas plug-in.

Embora a taxa de vendas de veículos eletrificados da Toyota tenha ultrapassado 50% pela primeira vez em outubro, a mudança para veículos elétricos nos Estados Unidos tem sido lenta.

As vendas de elétricos nos Estados Unidos aumentaram 11% entre julho e setembro em relação a um ano antes, mas representaram menos de 10% das vendas de carros novos.

A Toyota deve atrasar o início de sua primeira fábrica de veículos elétricos nos Estados Unidos, no estado de Kentucky, de 2025 para o primeiro semestre de 2026.

Suggs disse que os planos da Toyota não seriam alterados pelo resultado da eleição presidencial dos Estados Unidos, na terça-feira (5 de novembro).

"Independentemente do que aconteça, sempre tentamos construir localmente, e isso significa levar tudo para perto de nós para que possamos chegar perto do cliente", disse ele.

O presidente americano, Joe Biden, tentou impulsionar a produção de veículos elétricos e baterias nos Estados Unidos usando a Lei de Redução da Inflação (IRA), que fornece subsídios de vendas para veículos elétricos feitos na América do Norte. Sua administração está trabalhando para construir uma cadeia de suprimentos que não dependa da China.

O plano da Toyota de produzir baterias nos Estados Unidos é crucial para manter a segurança econômica, disse Suggs. O ex-presidente Donald Trump, candidato republicano à presidência, se opõe às medidas de promoção de veículos elétricos de Biden. A vice-presidente Kamala Harris, candidata democrata, apoiou essas medidas.

Auto Informe - SP   05/11/2024

Uma mudança histórica de valores está em curso na transição de liderança da indústria automotiva global promovida pela China, que em apenas vinte anos tornou-se o maior mercado de veículos do mundo com a ajuda dos principais fabricantes ocidentais e agora alça voo solo de dominação global com suas próprias marcas e tecnologia – e não mais só dentro de seu gigantesco mercado mas também fora dele.

Conforme aumenta de forma exponencial a presença global com exportações e fábricas dos maiores fabricantes chineses de veículos – a maioria estatais – também crescem no governo chinês preocupações com as consequências dessa abertura para o mundo.

Em julho, segundo reportou a agência Bloomberg, o Ministério do Comércio afirmou que o país deve proteger seu conhecimento na produção de carros eletrificados e para isto deve priorizar investimentos no Exterior somente em linhas de montagem CKD, com todos os componentes importados da China. Também foi aconselhado evitar aportes em países com riscos geopolíticos, citando Índia e Turquia, mercados nos quais fabricantes chineses têm planos de produção local.

Esta é uma fantástica inversão de posicionamento no cenário global da indústria: por anos a fio sendo acusada pelos fabricantes ocidentais de copiar seus carros e tecnologias, agora é a vez da China proteger o conhecimento de sua indústria, que com fortes estímulos e incentivos do governo se especializou no desenvolvimento de veículos híbridos e elétricos com domínio de toda a cadeia de produção, incluindo matérias-primas, baterias, motores elétricos e gerenciamento eletrônico, garantindo preços mais baixos imbatíveis pela concorrência.

Expansão de capacidade externa

A preocupação do governo chinês decorre da rápida e vertiginosa expansão de seus fabricantes para fora do país. A imposição de barreiras comerciais e tarifas mais altas na Europa e nos Estados Unidos vem forçando algumas das maiores montadoras chinesas a investir em fábricas no Exterior com processos completos de produção, que ao contrário das linhas CKD têm áreas de estamparia, funilaria, pintura e montagem final, com diversos fornecedores locais.

Segundo levantamento da Bloomberg NEF, braço de pesquisa da agência de notícias, até 2023 os fabricantes chineses tinham construído ou programado fábricas completas em nove países com capacidade somada de 1,2 milhão de veículos por ano. De lá para cá, com os anúncios já feitos desde o ano passado até agora, em 2026 a capacidade externa deve mais que dobrar para 2,7 milhões/ano em mais de uma dúzia de países.

“À medida que o mercado de veículos elétricos na China fica saturado, a crescente concorrência doméstica e o excesso de capacidade estão empurrando as marcas chinesas para o Exterior em busca de novos mercados em crescimento”, diz o relatório da Bloomberg NEF.

Somente BYD e as estatais Chery, Changan, GAC e SAIC anunciaram, de 2023 até agosto passado, dez novos projetos de expansão internacional.

Ao mesmo tempo as unidades de montagem CKD em outros países – modelo que o governo chinês diz preferir no momento – têm expansão bem mais moderada: linhas próprias ou em associação com parceiros estrangeiros somavam capacidade global de montar com peças importadas 2,2 milhões de veículos por ano e até 2026 este volume deve crescer para 2,8 milhões/ano, segundo o mesmo levantamento da Bloomberg NEF.

Mercados mais visados

Os mercados mais visados para a instalação de novas fábricas atualmente são Indonésia, Tailândia e Brasil. Também estão no radar outros países do Sudeste Asiático, Oriente Médio e América Latina. Em comum são locais onde os chineses enfrentam menos resistências e, além das indústrias em si, também têm projetos de exploração de matérias-primas para baterias.

O Brasil está nesta estatística com as fábricas já anunciadas por BYD e GWM, que vão começar a produzir, em 2025, com linhas de montagem SKD, de veículos que chegam semidesmontados, e CKD, com a maioria das partes importada da China. Mas há outros interessados como SAIC, GAC e a Chery – esta última já foi a primeira, em 2014, a inaugurar linha industrial no País, em Jacareí, SP, depois se associou ao Grupo Caoa, fechou a unidade em 2022 e agora tenta retomar a operação brasileira com as marcas Omoda e Jaecoo.

Na Europa as negociações para novas fábricas se complicaram após a decisão da União Europeia, em outubro, de impor sobretaxação aos veículos eletrificados chineses. O imposto de importação para estes carros era de 10% e agora, dependendo do fabricante e do montante de incentivos que recebe na China, pode chegar a 45%.

A BYD anunciou planos de investimento em fábricas na Hungria e Turquia, para acessar os mercados da União Europeia. A Polônia negocia a instalação de uma planta de baterias de fornecedor chinês e quer se tornar alternativa para fabricantes de veículos eletrificados. Espanha e Itália tentam atrair investimentos de Geely [dona da Volvo], Donfeng, SAIC e Xpeng.

Mas após a sobretaxação o governo chinês está aconselhando suas empresas a reduzir o volume de investimentos em países europeus, especialmente naqueles que votaram a favor do aumento de imposto de importação, caso de Itália, Polônia e França, e de doze outros países membros que se abstiveram, incluindo a Espanha neste bloco. Alemanha e Hungria foram contra a medida.

Arapuca chinesa

A política industrial chinesa atraiu ao país, nos últimos 25 anos, dezenas de fabricantes de veículos ocidentais como Volkswagen e General Motors, além de marcas do Japão e da Coreia como Toyota e Hyundai. Todos chegaram como sócios meio-a-meio de empresas estatais e por mais de duas décadas lideraram as vendas na China, enquanto as montadoras chinesas, estimuladas pelo governo, aprendiam a fazer carros e evoluíram na direção da eletrificação, com elétricos e híbridos.

Embora tenham ganhado muito dinheiro e não desconhecessem as intenções chinesas, os fabricantes estrangeiros acabaram caindo numa arapuca econômica: sabiam que para crescer globalmente precisavam explorar o enorme mercado chinês, mas também sabiam que os enormes ganhos não iriam durar para sempre. A estratégia foi a de ganhar enquanto fosse possível em vez de deixar de ganhar.

Há dez anos as marcas chinesas, mais de trinta delas, tinham algo como 18% do mercado da China e as exportações não passavam de poucas milhares de unidades por ano, enquanto uma dezena de estrangeiros com suas associações, joint ventures, com estatais, que não podiam exportar, dominavam as vendas domésticas, com Volkswagen associada à SAIC e FAW no topo do ranking.

Hoje a situação se inverteu. Fabricantes chineses dominam seu próprio mercado e tornaram a China, este ano, o maior exportador de veículos do mundo, enquanto as marcas estrangeiras, que agora já podem exportar, estão perdendo terreno.

A Volkswagen é um exemplo emblemático desta inversão: foram mais de duas décadas de prosperidade que resultaram em 39 fábricas do grupo com três joint ventures no país, incluindo SAIC, FAW e JAC, que produzem modelos Volkswagen, Audi, Skoda e Cupra. Mas este ano a fabricante perdeu a liderança de vendas para a BYD. Em cinco anos a participação de mercado das marcas do grupo VW caiu de 20% para 14,5% e a rentabilidade declinou à metade justamente no momento em que a empresa enfrenta uma das mais severas crises de sua história.

O lucro operacional do Grupo VW na China, que em 2014 e 2015 atingiu o pico de mais de € 5 bilhões por ano, desceu à metade em 2023, para € 2,6 bilhões, e a estimativa é de nova queda de 33% este ano, para menos de € 2 bilhões pela primeira vez desde 2010. Continua sendo um bom ganho, mas em tendência de declínio e insuficiente para cobrir os prejuízos da empresa.

“Há anos era claro que a Volkswagen teria problemas com sua confiança na China”, comentou ao Financial Times um ex-executivo da companhia. Talvez ele próprio tenha sido um dos beneficiários dos gordos bônus que a companhia pagou aos seus diretores pelos altos lucros do grupo impulsionados pela forte aposta na China. Agora os chineses querem ganhar.

O Estado de S.Paulo - SP   05/11/2024

No maior volume de um mês em dez anos, outubro teve 264,9 mil veículos vendidos no País, um crescimento de 21,7% ante o mesmo mês do ano passado. O resultado, que engloba carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, foi divulgado nesta segunda-feira, 4, pela Fenabrave, a entidade que representa as concessionárias de automóveis.

Desde dezembro de 2014, quando foram vendidos pouco mais de 370 mil veículos, o setor não registrava número tão elevado, mostrando que as montadoras estão voltando aos níveis de antes da pandemia. Frente a setembro, os emplacamentos tiveram crescimento de 12,1%.

Agora, o crescimento das vendas de veículos zero-quilômetro no acumulado desde o primeiro dia do ano chega a 15%, com 2,12 milhões de unidades licenciadas no Brasil entre janeiro e outubro. O desempenho reflete a melhora nas condições de crédito, o mercado de trabalho aquecido, com aumento da renda, além da renovação de frotas das locadoras de carros.

“A oferta de crédito continua impulsionando os automóveis e comerciais leves, com taxa de aprovação das propostas em 75%”, comentou o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior. A previsão da entidade para 2024 é de crescimento de 15,1% das vendas de veículos.
Vendas de motos sobem 21,1%

As vendas de motos tiveram crescimento de 21,1% em outubro, frente ao mesmo mês de 2023, chegando a 166,7 mil unidades.

Na comparação com setembro, houve crescimento de 6,5% nas vendas do veículo de duas rodas. Com isso, as vendas de motocicletas acumularam avanço de 19,6% nos dez primeiros meses do ano, totalizando 1,58 milhão de unidades. Esse número supera levemente as vendas de carros de passeio, que somaram 1,56 milhão de unidades no mesmo período.

O desempenho positivo reflete a melhora nas condições de crédito, a expansão dos serviços de entrega (delivery) e a busca dos consumidores por veículos mais baratos e econômicos em combustível.

”Os serviços de entrega e a procura da motocicleta como alternativa de baixo custo para o transporte continuam movimentando o segmento. Muitas famílias vêm trocando o segundo carro pela moto”, comenta o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior. Ele acrescenta que o resultado poderia ter sido ainda melhor, não fossem as dificuldades logísticas em função da seca em Manaus, no Amazonas, onde estão instaladas as montadoras de motocicletas.

Valor - SP   05/11/2024

Reforço atende à matriz, que elegeu o Brasil como novo centro de desenvolvimento global

Martin Lundstedt: “Se você pode vencer no Brasil, pode vencer em qualquer outro lugar” — Foto: Gabriel Reis/Valor

A direção mundial da Volvo decidiu eleger a operação brasileira, em Curitiba, como seu mais novo centro global de pesquisa e desenvolvimento. Para isso, a fabricante de caminhões sueca vai precisar ampliar a equipe de engenharia brasileira. Até o início de 2025, o número de engenheiros na unidade vai quase dobrar - de 350 para 600 profissionais.

Com isso, a subsidiária brasileira despontará como o terceiro centro de inovação do grupo, atrás de Índia e da matriz, em Gotemburgo, Suécia. Em volume de vendas, o Brasil representa o segundo maior mercado para a marca, atrás dos Estados Unidos.

“Curitiba tem sido um centro regional muito importante. Sua pesquisa e desenvolvimento é forte porque, no Brasil, há uma base de clientes com diferentes tipos de demandas. É um país com diversas aplicações, desde as mais pesadas até as leves, incluindo o transporte de carga na cidade e em diferentes condições climáticas”, destaca Martin Lundstedt, presidente mundial do Grupo Volvo.

“Eu sempre digo: se você pode vencer no Brasil, pode vencer em qualquer outro lugar. Então, ao invés de enviar os profissionais brasileiros para outros centros, preferimos expandir a pesquisa e desenvolvimento no Brasil”, completa.

O peso da operação brasileira no grupo sueco se revela na presença dos altos executivos no país. Lundstedt e Roger Alm, presidente global da Volvo Trucks, estão esta semana no Brasil para acompanhar a Fenatran, principal feira do setor na América Latina, aberta nesta segunda-feira. Ambos vão aproveitar a viagem para visitar clientes e concessionários.

A eletrificação dos caminhões, um dos temas mais abordados na Fenatran, será o caminho natural do transporte do futuro, segundo Lundstedt, ainda que outros meios de descarbonização possam ser usados no processo de transição.

Segundo Alm, a empresa iniciou a produção de elétricos em série em 2019 e, desde então, os veículos da marca que se movem com eletricidade já estão em 49 países. Um total de 30 caminhões pesados da Volvo elétricos circulam no Brasil, Uruguai e Chile.

Lundstedt reconhece que, na Europa, o uso dos veículos 100% elétricos começou a ser questionado pelas dificuldades na infraestrutura de recarga. Ele lembra que, passada a fase inicial de empolgação, é natural que surjam os questionamentos.

“Estamos um pouco nessa fase. Mas, no longo prazo, está absolutamente claro qual vai ser a direção. [A eletromobilidade] vai decolar, porque o planeta e as gerações futuras precisam dessas soluções. E os clientes no Brasil também estão ansiosos por isso”, diz, em entrevista ao Valor.

A Volvo tem como meta global atingir zero emissões de dióxido de carbono até 2040. Ao mesmo tempo, toda a indústria de caminhões tem de acompanhar o aumento mundial da necessidade de transporte de carga.

Segundo Lundstedt, até 2050, o transporte de carga no mundo vai crescer entre quatro e cinco vezes em relação ao que foi em 2010. Somente a partir de agora, diz, serão duas vezes e meia a três.

O executivo atribui o aumento da demanda ao crescimento da população, à urbanização e à expansão do comércio eletrônico. “A segunda parte disso tudo é que o transporte precisará ser consideravelmente mais sustentável. E por isso dizemos até três vezes mais a partir de agora.”

Os veículos terão, então, diz, de ser usados de forma mais eficiente. “O crescimento está aí e há enormes oportunidades. Mas, por outro lado, é também uma transformação que definirá ganhadores e perdedores”, diz.

Como consequência dessa transição, afirma o executivo, a Volvo “tem investido mais do que nunca” para garantir competitividade no novo cenário. “Estamos indo bem rápido no desenvolvimento de novas tecnologias”, destaca.

No Brasil, a empresa concluirá em 2025 o mais recente programa de investimentos, que somou R$ 1,5 bilhão, desde 2023.

Segundo Lundstedt, novos ciclos de investimentos estão sendo analisados para o período até 2030 - “e além disso”. “O Brasil é parte do nosso planejamento global de produto; então precisamos investir”, destaca.

A operação brasileira acaba de ganhar ainda mais espaço no grupo, com um recente contrato de exportação para o México. Os embarques começarão em 2025, segundo Wilson Lirmann, presidente da Volvo na América Latina.

Para Lundstedt, o cenário global pode preocupar. Mas não mudará estratégias. “Estamos em 190 países. Então, tem sempre alguma coisa acontecendo. É inflação ou juros altos numa região, turbulências políticas em outra. Infelizmente, há conflitos e guerras. Temos secas, enchentes. Agora, teremos uma eleição importante nos EUA que pode mudar o cenário no país onde temos cinco fábricas. Mas temos de conviver com a volatilidade da transformação e questionar: como uso isso como uma oportunidade?”

CONSTRUÇÃO CIVIL

IstoÉ Dinheiro - SP   05/11/2024

O Consórcio SP + Escolas arrematou o Lote Leste da concessão para construção e administração de unidades escolares no Estado de São Paulo. A oferta vencedora foi de R$ 11,546 milhões, desconto de 22,51% ante o valor máximo estipulado pelo governo para ser pago mensalmente à concessionária após a realização das obras.  O certame ocorreu sob protestos nesta segunda-feira, na sede da B3 em São Paulo.

O SP + Escolas, composto pelas construtoras Agrimat Engenharia, CDL, CBI, DP Barros e A100X Empreendimentos, desbancou outros dois proponentes: CS Infra Social, do Grupo Simpar, e o Consórcio Jope ISB, formado pela Jope, 4UM e a Perfin. Eles ofertaram deságios de 16,24% e 12,04%, respectivamente. Por causa da diferença maior do que a estipulada pelo edital, a disputa não foi a viva-voz.

A concessão, que faz parte da parceria público-privada (PPP) Novas Escolas, prevê a construção de 16 novas unidades escolares, com 476 salas de aula e 17,6 mil vagas. O investimento estimado é de R$ 1,1 bilhão ao longo de 25 anos de concessão. A atuação da concessionária ficará concentrada em atividades não pedagógicas.

Na última terça-feira, o Consórcio Novas Escolas, formado pela gestora Kinea e a Engeform, arrematou o Lote Oeste, depois de competir com outros quatro concorrentes. A proposta vencedora foi de R$ 11,9 milhões, deságio de 21,43%. O investimento previsto também é de cerca de R$ 1,1 bilhão.

O certame de hoje foi o penúltimo da “maratona” promovida pelo Governo de São Paulo. Além dos dois lotes escolares, foram leiloados a Loteria Estadual e a Rota Sorocabana, também na semana passada. No total, o executivo paulista prevê levantar R$ 20 bilhões em investimentos com os projetos concedidos.

Protestos

Na quinta-feira passada, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) acolheu o recurso do governo de São Paulo e derrubou a liminar emitida um dia antes que suspendia os leilões do projeto Novas Escolas. A ação contrária aos certames foi movida pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP).

O leilão de hoje foi marcado por protestos em frente à sede da B3, na região central de São Paulo. A Polícia Militar foi acionada para conter os manifestantes.

Em resposta às críticas de entidades do setor, o governo do Estado reforçou que a parte pedagógica da administração das escolas irá continuar sob responsabilidade exclusiva da Secretaria Estadual da Educação, assim como a contratação de professores.

Após a construção da unidade escolar, o parceiro privado vai oferecer serviços não pedagógicos, como a manipulação de alimentos, vigilância e portaria, limpeza, jardinagem e controle de pragas, tecnologia da informação e serviços administrativos.

FERROVIÁRIO

Revista Mineração - SP   05/11/2024

O Grupo Cedro Participações, controladora da Cedro Mineração, recebeu autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para a construção de um novo ramal ferroviário no Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais, para o transporte de minério de ferro e que deve reduzir o fluxo de veículos pesados na BR-381.

De acordo com o grupo, o Ramal Ferroviário Serra Azul terá investimento de R$ 1,5 bilhão e é uma alternativa logística que vai trazer mais segurança para o trecho e terá capacidade para retirar até 5 mil caminhões de minério de ferro diariamente da rodovia.

Apesar da autorização concedida pela ANTT para a Cedro, a MRS Logística, concessionária responsável pela Malha Regional Sudeste, contestou o pedido de outorga com o argumento da necessidade de mais prazo para decidir sobre o exercício do direito de preferência no novo ramal. Além disso, alega que haveria incompatibilidade no projeto da Cedro com a atual ferrovia.

A agência de transporte, por sua vez, rejeitou a justificativa defendendo que a legislação atual busca fomentar o desenvolvimento da infraestrutura ferroviária no país e evitar atrasos nos investimentos essenciais.

O relator do processo na ANTT, diretor Lucas Asfor, referendou a Superintendência de Transporte Ferroviário, que apontou que a MRS teve o prazo para exercer o direito de preferência entre junho e julho, e não se manifestou. E, ainda, que não há demonstração de inviabilidade locacional para a ferrovia autorizada. Por isso, segundo ele, não haveria motivo para não aprovar o requerimento porque ele cumpre todos os requisitos.

A MRS alega que obteve uma liminar no Tribunal Regional Federal (TRF) que suspendeu temporariamente a decisão da ANTT.

Por outro lado, a Cedro Participações afirma que a decisão judicial foi proferida após o término da reunião da diretoria colegiada da ANTT e, portanto, não tem efeitos práticos sobre o andamento do projeto. A empresa também destacou que a autorização para o ramal já foi publicada no Diário Oficial da União, no último dia 1º, sinalizando que o projeto está autorizado a prosseguir.

O representante da Cedro, o advogado Eduardo Filho, afirmou que a MRS quer apenas postergar o projeto da empresa e não se manifesta sobre pedido feito pela companhia para que ela mesmo construísse o ramal. Ele lembrou que o trecho tem alto índice de acidentes com caminhões e o objetivo é melhorar o escoamento de minério de ferro na região.
O projeto

Com investimentos estimados em R$ 1,5 bilhão, o novo ramal ferroviário vai funcionar como uma linha curta que vai ligar Itaúna a São Joaquim de Bicas, onde se conecta à linha ferroviária principal da MRS.

A nova ligação permitirá o transporte do minério extraído do Quadrilátero Ferrífero, via corredor ferroviário até o Rio de Janeiro, permitindo o escoamento da produção para exportação.

Segundo a Cedro, a construção do Ramal Ferroviário Serra Azul prevê, ainda, a geração de milhares de empregos diretos e indiretos, fortalecendo a economia local.

A previsão é de que o ramal terá capacidade de transportar 25 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, utilizando cinco trens compostos por até 132 vagões cada. Com uma capacidade de transporte de 130 toneladas por vagão, cada trem retirará das estradas o equivalente a 570 caminhões carregados de minério de ferro.

O impacto na cadeia produtiva do minério de ferro também será positivo, com a redução de custos de transporte e a melhora da eficiência logística, ajudando na competitividade do setor no mercado internacional.

IstoÉ Dinheiro - SP   05/11/2024

A Rumo vai manter o ritmo de investimentos no setor ferroviário após aplicar R$ 30 bilhões em infraestrutura desde 2015. O CEO da empresa, Pedro Palma, afirmou nesta segunda-feira, 4, durante o AgroForum do BTG Pactual, que a continuidade dos aportes dependerá da expansão da produção agrícola e das condições econômicas do País.

Em destaque, Palma citou a construção da Ferrovia Estadual de Mato Grosso, que terá 700 quilômetros de extensão até Lucas do Rio Verde, importante polo de grãos no Estado. A Ferrovia vai passar por 16 municípios, entre Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, com um ramal para Cuiabá. Tudo interligado ao Porto de Santos.

A primeira fase do projeto, com 160 quilômetros, deve começar a operar em 2026, atendendo as cidades de Primavera do Leste, Tomaquino e Campo Verde.

A obra, que envolve 4.500 trabalhadores, faz parte dos planos da Rumo de aumentar o escoamento ferroviário de produtos agrícolas da região. Segundo Palma, a ferrovia é uma das apostas da companhia para aliviar o transporte rodoviário, que ainda concentra a maior parte da logística de grãos.

Nos últimos dez anos, a Rumo dobrou sua capacidade de transporte em Mato Grosso, passando de 12 milhões para 25 milhões de toneladas anuais sem expansão da malha existente, apenas com recuperação e modernização de ativos.

A empresa também projeta reforçar a logística de exportação no Porto de Santos (SP). Em parceria com a americana CHS, a Rumo está ampliando sua capacidade portuária para atender ao crescimento das exportações de grãos e evitar gargalos futuros. “Temos de garantir que Santos tenha a estrutura necessária para o fluxo de produção do agronegócio,” afirmou Palma.

Outro ponto mencionado pelo CEO foi a operação da Malha Central, trecho da Ferrovia Norte-Sul que liga Palmas (TO) a Estrela do Oeste (SP). O corredor ferroviário movimenta atualmente entre 7 e 8 milhões de toneladas por ano, conectando a produção de Tocantins, Goiás e Triângulo Mineiro ao Porto de Santos.

NAVAL

IstoÉ Dinheiro - SP   05/11/2024

Diante da falta de recursos públicos para projetos de infraestrutura, a expansão do programa de concessão de aeroportos e terminais marítimos à iniciativa privada subiu de patamar. O projeto deve atrair investimentos privados para corrigir antigos problemas de infraestrutura aeroportuária e portuária em diversas cidades brasileiras. Especialistas consideram de extrema importância para o País a decisão do governo de dar continuidade a esse processo, iniciado há 30 anos, dada a insuficiência de recursos para manter dezenas de aeroportos deficitários.

Essa medida se estende a portos marítimos que estão com a infraestrutura defasada em relação à demanda por navios porta-contêineres até 2026.

Atento a esse cenário, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou recentemente o Programa de Investimentos Privados em Aeroportos Regionais (Pipar), que autoriza a concessão de cerca de 100 aeroportos deficitários à iniciativa privada, especialmente para operadoras que já administram grandes terminais brasileiros, como o GRU Airport, responsável pelo Aeroporto de Guarulhos (SP), maior complexo aeroportuário da América do Sul, e o Rio-Galeão, que administra o aeroporto internacional do Rio de Janeiro.

Em entrevista à DINHEIRO, o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, afirmou que a operação será conduzida em duas etapas no caso dos aeroportos. A meta é contemplar 50 aeroportos na primeira fase e outros 50 na segunda, o que permitirá uma adaptação gradual do setor às novas demandas. O processo deve ser regulamentado “oportunamente”, após a conclusão da consulta pública, cuja data ainda não foi confirmada.

A lista inclui principalmente aeroportos localizados nas regiões Norte e Nordeste, onde há maior concentração de deficiências de gestão e necessidade de expansão da infraestrutura aeroportuária para atender a demandas sociais e econômicas. Esses aeroportos são considerados estratégicos para o desenvolvimento regional, pois facilitam o deslocamento de moradores locais e apoiam a movimentação de turistas e produtos regionais.

De acordo com o ministro, além das concessões, diversos aeroportos também estão recebendo investimentos por meio de recursos do Orçamento Geral da União e da Infraero, que tem desempenhado um papel importante na modernização da infraestrutura regional. A combinação de investimentos privados e públicos é vista como uma estratégia eficaz para reequilibrar a infraestrutura no País.

Entre os aeroportos listados no programa estão aqueles localizados em:
• Caruaru e Serra Talhada (PE),
• Guanambi, Lençóis e Paulo Afonso (BA),
• São Raimundo Nonato (PI),
• além de outros em cidades como Bacabal (MA), Cascavel (PR) e São Félix do Xingu (PA).

Esse modelo busca uma maior eficiência operacional com a concessão de blocos regionais, em que as concessionárias devem assumir tanto os investimentos quanto a operação das estruturas regionais. Como contrapartida, elas podem adquirir prazos mais extensos em seus contratos atuais e ter direito a descontos no valor da outorga.

A estimativa é que o programa gere até R$ 3,5 bilhões em investimentos privados, fortalecendo a conectividade aérea regional e facilitando a gestão dos aeródromos que necessitam de melhorias. Segundo o ministro, “trata-se do maior programa de investimentos aeroportuários da história do País, com foco especial na aviação regional”.

Inicialmente, uma proposta conjunta do Ministério, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do GRU Airport previa a transferência direta de um bloco de 28 aeroportos regionais deficitários, sem processo licitatório, com base no “reequilíbrio econômico-financeiro do contrato”. No entanto, o TCU rejeitou o pedido e determinou que o processo fosse realizado via leilão entre as concessionárias, para “garantir transparência, isonomia e competitividade à nova política pública”.

Apesar da negativa inicial, o TCU aprovou uma medida que estende o prazo de concessão da GRU Airport até novembro de 2033. Como contrapartida, a concessionária deverá realizar investimentos significativos, da ordem de R$ 1,4 bilhão, para ampliar a capacidade de operação e aumentar a segurança e a qualidade dos serviços no aeroporto de Guarulhos.
“Trata-se do maior programa de investimentos aeroportuários da história, com foco na aviação regional.”
Sílvio Costa Filho, ministro de portos e aeroportos
(Eduardo Oliveira)PORTOS

A iniciativa de concessões também abrange os portos, com editais de leilões planejados para os próximos anos.

A carteira de leilões inclui terminais portuários em quatro blocos para 2025 e outros quatro para 2026.
• Os primeiros terminais contemplados incluem o MAC16, em Maceió (AL), o MCP03, em Santana (AP) e o ITG02, em Itaguaí (RJ), com previsão de investimentos de R$ 3,6 bilhões.

• A previsão é de que até 2026 sejam concedidos 35 terminais portuários, com investimentos totais de R$ 11,085 bilhões. Especialistas defendem urgência, sobretudo para a concessão do Porto de Santos, o maior da América Latina, cuja capacidade está comprometida pela falta de investimento público.

Para o professor Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, “a concessão de portos e aeroportos é essencial não apenas para o dinamismo dos negócios, mas também para o turismo e a economia local”. Segundo ele, 59 dos principais aeroportos brasileiros já são operados por empresas privadas, atendendo a mais de 93% do tráfego de passageiros e movimentando 99% das cargas aéreas.

O economista Haroldo da Silva, conselheiro do Corecon-SP, ressalta que a diminuição dos investimentos públicos na infraestrutura, que caíram de 2,5% do PIB em 2013 para 1,3% em 2023, exige alternativas. “O Brasil, com o programa de concessões, caminha para resolver um problema que afeta diretamente a produtividade e a competitividade”, afirma.

O Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave) tem defendido a necessidade urgente de modernização dos terminais de contêineres, que operam com uma defasagem de 12 anos em relação à média mundial. A falta de capacidade de infraestrutura impede a movimentação de navios de grande porte, levando o Brasil a perder uma receita anual estimada em US$ 20,6 bilhões.

Três pontos devem ser considerados na nova fase de concessões, segundo o economista e consultor Roberto Luis Troster: “Há oportunidade de caixa para o investimento em infraestrutura, melhoria dos serviços para o consumidor e responsabilidade na regulação”. Ele sugere que parte dos recursos oriundos das concessões sejam aplicados na redução da dívida pública, contribuindo para uma maior sustentabilidade fiscal no longo prazo.

A regulação dos serviços é um desafio crucial para garantir a eficiência e a qualidade dos serviços prestados. Para o advogado Massami Uyeda, da Arap, Nishi & Uyeda Advogados, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem um papel fundamental na fiscalização, contando com um corpo técnico estruturado para acompanhar e regularizar a operação das aeronaves e das concessionárias.

PETROLÍFERO

Valor - SP   05/11/2024

Magda Chambriard fez o comentário em resposta a “quem acha que o país pode abrir mão do petróleo de uma hora para outra, sem prévio planejamento”

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse nesta segunda-feira (4) em uma rede social que recebeu um texto do presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, no qual ele afirma que o petróleo tornou-se o principal produto exportado pelo Brasil em 2024.

Chambriard, que fez uma postagem na rede social Linkedin, dedicou o texto “para quem acha que o país pode abrir mão do petróleo de uma hora para outra, sem prévio planejamento”.

Na publicação, ela reproduz trecho do texto de Ardenghy segundo o qual nos sete primeiros meses de 2024, o Brasil exportou 403 milhões de barris de petróleo bruto, volume 26% superior aos 319 milhões de barris do mesmo período do ano passado.

O volume levou o Brasil a ultrapassar a exportação do farelo de soja, de acordo com a publicação.

A presidente da Petrobras destacou ainda dados da Associação dos Exportadores Brasileiros (AEB) segundo os quais pela primeira vez na história do comércio exterior brasileiro, a exportação de petróleo bruto em 2024 poderá ultrapassar a barreira de US$ 50 bilhões.

“Em termos monetários, as exportações de petróleo bruto contribuíram com 27,8 bilhões de dólares para a balança comercial brasileira, contra 22,2 bilhões de dólares entre janeiro e julho de 2023”, destacou a executiva em sua postagem.

Magda Chambriard — Foto: Lucas Landau/Bloomberg

TN Petróleo - RJ   05/11/2024

A PetroReconcavo, produtora independente de óleo e gás em bacias terrestres, com 24 anos de atuação no setor, anuncia hoje um investimento estimado de US$ 60 milhões (aproximadamente R$ 340 milhões) na construção de sua segunda unidade de tratamento de gás na Bahia, a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) Miranga.

Este é o maior investimento em uma única instalação industrial da PetroReconcavo, representando um avanço significativo em sua atuação no segmento de midstream. A nova UPGN terá uma capacidade de processamento de 950 mil m³/dia, com potencial de expansão para até 1,5 milhão de m³/dia. A unidade será localizada no Município de Pojuca, em área já adquirida pela Companhia, e será destinada ao tratamento e processamento do gás natural de todos os ativos operados pela Companhia que não estão interligados à outra unidade de tratamento da PetroReconcavo no estado da Bahia, a UTG São Roque.

A decisão de investimento no projeto representa um passo importante na estratégia de desenvolvimento das reservas de gás natural da PetroReconcavo, possibilitando a verticalização completa das atividades de midstream na Bahia. A iniciativa aumenta a competitividade da companhia, reduzindo a dependência de terceiros e os custos de processamento de gás, ao mesmo tempo em que promove sustentabilidade operacional e desenvolvimento econômico no estado da Bahia.

A unidade tem previsão de gerar cerca de 400 empregos diretos durante a sua construção, além de impulsionar a economia local com a criação de novos negócios e serviços indiretos. A UPGN será construída em módulos e instalada em uma região estratégica para a Companhia, permitindo o alinhamento dos gasodutos de escoamento da produção advinda dos campos e conexão à malha de transporte.

"Este novo projeto marca mais um passo da Companhia na sua estratégia de aumento da resiliência operacional e excelência no desenvolvimento de suas reservas de gás natural. A PetroReconcavo fez uma escolha acertada ao apostar no gás natural e no estado da Bahia, e esta planta nos permitirá uma maior autonomia, ganhos de produtividade, bem como assegurará capacidade disponível para o desenvolvimento de novas reservas. Sob a ótica do midstream, representa um marco para a Companhia ao assegurar capacidade para processarmos 100% dos nossos prognósticos de produção, com a consequente atração de demanda incremental associada ao mercado de gás natural", explica o Vice-Presidente Comerciale de Novos Negócios, João Vitor Moreira.

Este é o segundo investimento da Companhia em infraestrutura no segmento de midstream. O primeiro foi a UTG São Roque, destinada ao processamento do gás dos campos de Mata de São João, Remanso, Jacuípe e Riacho de São Pedro, na Bahia, que iniciou suas operações em agosto deste ano, com capacidade de 400 mil m³/dia.

A PetroReconcavo possui contratos de fornecimento de gás natural com as principais distribuidoras do Nordeste, como Bahiagás, Potigás, Sergas e Copergás, consolidando-se como a maior produtora independente de gás natural na região. Além disso, mantém contratos com diversos produtores independentes e consumidores livres de gás natural.

Sobre a PetroReconcavo - Fundada há 24 anos, a PetroReconcavo é uma produtora independente de petróleo e gás natural e uma das líderes em sua área de atuação no Brasil. A Companhia é especializada na operação, desenvolvimento e revitalização de campos terrestres de óleo e gás.

Com uma estrutura verticalizada de serviços, a PetroReconcavo atua com equipamentos e mão de obra próprios as principais linhas de serviços de campo, tais como sondas de workover e de perfuração, unidades de estimulação de poços, dentre outras.

Desde 2022, a Companhia assumiu posição de destaque no mercado de gás natural, passando a fornecer 100% de sua produção de forma independente e pioneira, ao assinar os primeiros contratos de processamento e escoamento de gás natural do Nordeste.

A Companhia opera um total de 57 concessões de petróleo e gás naturalnas Bacias Potiguar, Recôncavo e Sergipe-Alagoas, e produziu, no mês de setembro de 2024, 26.550 barris de petróleo equivalente por dia, dentre os quais aproximadamente 42% corresponderam à produção de gás natural.

A PetroReconcavo é listada no Novo Mercadoda B3 sob o ticker RECV3. Em setembro de 2023, a produtora passou a integrar o índice Ibovespa, principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3.

Exame - SP   05/11/2024

O Brasil carrega atualmente o posto de 9° maior produtor de petróleo de todo o planeta, segundo o que diz o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás. Em todo o país, dez estados estão encarregados da produção de petróleo.

Os maiores pontos de produção, estão localizados ao sudeste do país, mais especificamente, nas plataformas em alto-mar localizadas em São Paulo, Espirito Santo e Rio de Janeiro, mas não só elas, no Nordeste, mesmo que em menor escala, Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe também produzem.

Como funciona a produção de petróleo?

O petróleo é encontrado em reservatórios profundos, tanto em terra firme quanto abaixo do fundo do mar. A exploração do petróleo envolve basicamente três etapas essenciais, sendo a primeira a prospecção, que consiste na localização de bacias sedimentares por uma análise minuciosa do solo e do subsolo.

Nessa fase, geólogos avaliam a probabilidade de encontrar rochas-reservatório que contenham petróleo aprisionado. Esse processo é realizado com auxílio de diferentes métodos, como o uso de imagens de satélites, e de equipamentos específicos.

Entre eles estão o gravímetro, que detecta pequenas variações na gravidade indicando possíveis fluxos subterrâneos de petróleo, e o magnetômetro, que mede mudanças no campo magnético também causadas por esse fluxo. Além disso, os "sniffers", ou farejadores eletrônicos, conseguem identificar a presença de hidrocarbonetos, os componentes principais do petróleo.

Outro recurso importante na prospecção são os sismógrafos, que criam ondas de choque transmitidas pelas rochas e refletidas de volta à superfície, revelando informações sobre a formação subterrânea. Essas ondas podem ser geradas de diversas maneiras, como por canhões de ar comprimido, que disparam pulsos na água e, com ajuda de hidrofones, captam as ondas refletidas. No solo, essa técnica pode envolver o uso de explosivos ou caminhões impactadores, que golpeiam chapas metálicas no terreno para gerar as ondas necessárias para o estudo.

Quais são os estados que mais produzem?

De acordo com um levantamento publicado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), os estados do Brasil que mais produzem são: Rio de Janeiro, com 134.174 barris por dia. Em seguida, estão Espírito santo 51.480 por dia e Rio Grande do Norte com 9.410.

Veja quais são os 5 maiores produtores de petróleo do Brasil

1- Rio de Janeiro - 134.174 barris/dia

2- Espírito Santo - 51.480 barris/dia

3- Rio Grande do Norte - 9.410 barris/dia

4- São Paulo - 5.901 barris/dia

5- Amazonas - 5.901 barris/dia

Money Times - SP   05/11/2024

A grande petroleira francesa TotalEnergies prevê que a demanda global por petróleo atingirá o pico após 2030 em seus dois cenários mais prováveis de transição energética, nenhum dos quais limitará o aquecimento global a 2 graus Celsius, em linha com o acordo climático de Paris, disse a empresa em seu relatório anual de perspectivas energéticas nesta segunda-feira.

Isso se deve principalmente ao crescimento populacional, aos investimentos lentos na rede elétrica e às vendas de veículos elétricos em todo o mundo mais lentas do que o esperado, de acordo com o Diretor de Sustentabilidade e Estratégia, Aurelien Hamelle.

“Há cerca de 4,5 bilhões de pessoas hoje com acesso insuficiente à energia no chamado ‘sul global’ Se você adicionar a isso o crescimento populacional esperado até 2050, seria necessário multiplicar a produção atual de energia por quatro para tirá-los da pobreza energética”, disse Hamelle em uma coletiva de imprensa.

O relatório anual apresentou três cenários: tendências atuais, um cenário de “impulso” moderadamente ambicioso e um cenário de “ruptura” alinhado ao Acordo de Paris.

A TotalEnergies disse que o mundo está atualmente a caminho de consumir 90 milhões de barris de petróleo por dia em 2050, com a demanda atingindo o pico após 2035, com base nas tendências atuais.

Em contrapartida, a rival BP espera que o petróleo atinja o pico no próximo ano, com um consumo em 2050 em torno de 75 milhões de barris por dia.

No cenário de momentum da Total, a demanda por petróleo atingiria o pico logo após 2030 e cairia para 70 milhões de barris por dia em 2050.

O cenário alinhado a Paris exigiria que a demanda por petróleo atingisse o pico antes de 2030, com o consumo caindo para 44 milhões de barris por dia em 2050.

Novos projetos de petróleo e gás são necessários

Hamelle defendeu os planos da empresa de buscar exploração de novos projetos de petróleo e gás, dizendo que os campos existentes diminuem 4% ao ano e que investimentos são necessários para manter os níveis atuais de produção.

“Temos um portfólio de exploração que nos permite ter opções nos próximos anos, em projetos que podemos ou não aprovar”, disse Hamelle, acrescentando que os projetos com uma decisão final de investimento eram aqueles que a empresa acreditava serem pertinentes, mesmo no caso de uma aceleração da ação climática.

A empresa recomendou a rápida implantação de tecnologias maduras e de baixo custo, como energias renováveis e usinas a gás para substituir as atuais usinas a carvão, veículos elétricos leves, gás liquefeito de petróleo para cozinhar em países em desenvolvimento e instalação de bombas de calor residenciais.

A implementação significativa de tecnologias como captura e armazenamento de CO2, ou veículos elétricos movidos a célula de combustível movidos a hidrogênio, provavelmente ocorreria na década de 2030, com combustíveis eletrônicos e produção de aço movida a hidrogênio prevista para a década de 2040.

“O que vemos claramente é que os Estados Unidos liderarão o ritmo da transição energética global, mas a China desempenha um papel acelerador”, disse Hamelle.

Como produtor nacional, os Estados Unidos podem se dar ao luxo de gastar mais dinheiro do que a Europa para eletrificar e descarbonizar seu sistema energético, disse ele, porque não precisam pagar custos adicionais de transporte e liquefação de petróleo ou gás importados, disse ele.

A China e a Índia, por outro lado, ainda estavam colocando em operação novas usinas a carvão, um terço das quais provavelmente ainda estariam operando em 2050.

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