Grandes Construções - SP 16/12/2024
A Gerdau, produtora de aço brasileira, inicia a produção do vergalhão CA-50 em rolo em Minas Gerais. Já produzido em outras unidades da Gerdau no Brasil, o vergalhão em rolo traz ganhos em produtividade para os clientes da construção civil, além de reduzir as perdas no processo de Corte e Dobra.
O produto, certificado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), atende aos mais rigorosos padrões de qualidade, assegurando confiabilidade e segurança nas mais diversas aplicações.
Para o diretor industrial da Usina de Ouro Branco, Marcelo Teixeira, a introdução do vergalhão CA-50 em rolo na linha de produção da unidade é um investimento estratégico em tecnologia e qualidade.
“Alinhado aos mais rigorosos padrões técnicos, o material proporciona eficiência nos processos construtivos, contribuindo para um futuro mais sustentável”.
Disponível nas bitolas de 6,3mm a 20mm e fornecido em rolos de 2 toneladas, o vergalhão CA-50 combina maleabilidade e soldabilidade, características essenciais para otimizar processos industriais que demandam corte e dobra.
Seu uso abrange uma ampla gama de aplicações para os mercados de construção civil, industrial e de infraestrutura, além de soluções pré-moldadas como postes e outras estruturas.
Para o diretor comercial da Gerdau, Carlos Eduardo Vieira da Silva, com esse novo produto, a Gerdau demonstra mais uma vez sua capacidade de oferecer soluções que agregam valor aos projetos dos clientes. “A versatilidade e a qualidade do vergalhão CA-50 em rolo o posicionam como referência no mercado, abrindo novas possibilidades para clientes da construção civil”, justifica Vieira.
Portal Fator Brasil - RJ 16/12/2024
Tecnologia premiada conseguiu reduzir em 95% as emissões de Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs).
A Brasilata Labs, um spin-off que cria oportunidades de negócios e patentes globais, está trabalhando para melhorar os processos de impressão em latas de aço e torná-los mais sustentáveis. A tecnologia Direct To Metal (D2M), premiada internacionalmente, permitirá eliminar o uso de fornos térmicos no processo de impressão e tratamento do aço da fabricante, Brasilata.
A tecnologia D2M aumenta a tensão superficial das chapas de aço, melhorando a adesão dos revestimentos e permitindo uma redução de até 40% na pegada de carbono em comparação aos métodos tradicionais de revestimento à base de solvente. A D2M conseguiu reduzir em 95% as emissões de Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs).
— Trata-se de uma aplicação inovadora de vernizes na indústria de embalagens metálicas, pois os processos tradicionais utilizam componentes voláteis, que são aplicados em chapas e curados em fornos que atingem até 200 graus celsius. Já o D2M permite utilização desses vernizes com cura ultravioleta imediata, com a mesma qualidade, eliminando o uso de estufas, diminuindo uso de energia e emissão de gases poluentes— avalia, Gabriel Zaragüeta, CEO da Brasilata Labs.
Pelo case, a Brasilata Labs foi reconhecida internacionalmente, conquistando três prêmios no The Canmaker Cans of the Year 2023 sendo um deles na categoria sustentabilidade, pelo uso da tecnologia D2M.
A produção de latas com tratamento de superfície por plasma (D2M) começou em setembro de 2023 na nova planta da Brasilata, em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. A empresa fabrica diversos tipos de latas, desde aerossóis até grandes baldes para tinta, e a adoção dessa tecnologia varia conforme o tipo de lata e seus componentes.
Atualmente, a tecnologia já é aplicada em aproximadamente 50% dos componentes que requerem revestimento externo, incluindo corpos de latas, fundos, tampas e anéis. Enquanto partes mais complexas, como fundos e domos de latas de aerossóis, ainda estão em fase de testes. A Brasilata espera obter resultados até o final de 2024. —Nosso grande objetivo final eliminar completamente uso de fornos térmicos —afirma Gabriel.
Para complementar esses esforços, até o fim de 2024, a empresa planeja aumentar sua capacidade de produção com o D2M de 500 mil para um milhão de ciclos mensais. A Brasilata também está testando a aplicação do sistema em revestimentos internos, especialmente para latas que contêm alimentos e tintas. O tratamento com plasma oferece uma significativa redução nas emissões de compostos químicos nocivos, o que atrai o interesse de fabricantes, especialmente na Europa.
Com um investimento de R$ 110 milhões em sua nova fábrica no Rio de Janeiro, a Brasilata busca não apenas melhorar a logística e a produção, mas também explorar inovações em “embalagens inteligentes”, que promovem a segurança e rastreabilidade das latas, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e a reciclagem.
Brasilata — A Brasilata é uma das maiores fabricantes brasileiras de embalagens que, por meio de um entendimento profundo das necessidades dos clientes, é responsável pelo fornecimento de soluções inovadoras e sustentáveis para diversas aplicações como tintas, químicos e indústria alimentícia. Possui plantas em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Pernambuco e Rio Grande do Sul e atua desde 1955. É responsável pela produção de mais de 50 mil toneladas de embalagens ao ano e reconhecida em grandes prêmios por sua cultura inovadora, gestão de pessoas, sustentabilidade e governança. Em 2023, a Brasilata faturou R$ 1.2 bilhão com atuação nos setores de higiene e cosméticos, alimentício, químico, tintas, promocional e bebidas.
Brasil Mineral - SP 16/12/2024
O projeto da Brazil Iron prevê o beneficiamento de minério de ferro, construção de ramal ferroviário e instalação de plantas siderúrgicas em solo baiano
Em evento realizado dia 12 de dezembro, na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), em Salvador, a Brazil Iron apresentou o projeto que desenvolve para os municípios de Piatã, Abaíra e Jussiape, na região da Chapada Diamantina, sob consultoria da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). Em fase final de desenvolvimento, o projeto receberá investimentos de mais de US$ 5 bilhões. Estiveram presentes no evento o presidente da CBPM, Henrique Carballal, o vice-presidente, Carlos Borel, além dos demais diretores da companhia. O presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos, também assistiu à apresentação realizada pelo vice-presidente de Relações Institucionais da Brazil Iron, Emerson Souza.
O projeto da Brazil Iron prevê o beneficiamento de minério de ferro, construção de ramal ferroviário e instalação de plantas siderúrgicas em solo baiano. O empreendimento terá como resultado a produção de HBI (ferro briquetado a quente), considerado atualmente como a principal solução mundial para a descarbonização da indústria e produção de aço verde. “Um dos efeitos imediatos da entrada da CBPM e do Governo do Estado como parceiros nesse projeto é buscarmos a máxima transparência com todos os setores da sociedade. Dado o impacto que essa implementação terá na economia baiana, nada mais lógico do que realizar essa conversa na FIEB”, informou Souza. “Queremos não só mostrar o que vem pela frente, mas também aprender com a sabedoria, experiência e conhecimento de quem é daqui e conhece a forma mais correta e efetiva de contribuir com o desenvolvimento da Bahia”, completou o vice-presidente de Relações Institucionais.
O presidente da CBPM destacou o projeto da Brazil Iron e considera o projeto um marco para o desenvolvimento econômico da Bahia. “A Brazil Iron, em parceria com a CBPM, apresenta o projeto não só para a FIEB, mas também para o Banco do Nordeste, Desenbahia, Sebrae e outras corporações, com o objetivo de preparar as empresas da Bahia, a indústria, os serviços e o comércio, no sentido de que o desenvolvimento de um projeto desta magnitude traz de benefício para o povo baiano”, destacou Carballal. Para o presidente da FIEB, além do valor de investimento, o novo projeto da Brazil Iron tem um impacto muito forte, pois cria uma perspectiva de desconcentração econômica do estado e reforça um setor que a Bahia vem trabalhando muito, que é o setor de mineração. “Dentro do viés trazido e apoiado pelo Governo do Estado, de que o extrativismo seja combinado com a industrialização do minério, ao invés de apenas exportarmos commodities estaremos também transformando esses minerais em produtos. Isso gera mais renda local e emprego, gera oportunidade”, explicou Passos.
O Estado de S.Paulo - SP 16/12/2024
Os líderes da China se reuniram esta semana para traçar a política econômica para o próximo ano, esboçando planos para aumentar os gastos do governo e relaxar a política monetária de Pequim para incentivar mais investimento e consumo.
Os líderes do Partido Comunista, no poder, encerraram sua Conferência Central de Trabalho Econômico de dois dias na quinta-feira, 12, com elogios à orientação do presidente Xi Jinping e uma promessa de “enriquecer e refinar a caixa de ferramentas de políticas” e neutralizar os riscos enfrentados pela segunda maior economia do mundo. Um dos maiores: as ameaças do presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump de aumentar drasticamente as tarifas sobre as importações da China assim que assumir o cargo.
Veja a seguir as prioridades delineadas nas reuniões desta semana em Pequim e suas possíveis implicações.
Foco nos fundamentos
Os analistas disseram que os planos abrangentes da Conferência Central de Trabalho Econômico anual e uma reunião anterior do Politburo de 24 membros foram mais uma recapitulação da política atual do que quaisquer novas iniciativas ambiciosas.
A economia da China tem crescido um pouco mais lentamente do que a meta de “cerca de 5%” que os líderes estabeleceram para este ano, uma vez que uma crise prolongada no setor imobiliário tem pesado sobre a atividade comercial. Os preços mais baixos das moradias e a perda de empregos durante a pandemia de covid-19 fizeram com que muitos chineses não pudessem ou não quisessem gastar tanto quanto no passado. Isso significa que a oferta de muitos produtos supera a demanda, fazendo com que os preços caiam ou, pelo menos, permaneçam estáveis.
No início deste ano, o governo começou a implementar uma série de iniciativas que incluíam o pagamento de subsídios quando as pessoas entregavam eletrodomésticos e veículos antigos para comprar novos, expandindo o acesso a moradias acessíveis e reduzindo as taxas de juros para tornar as hipotecas mais acessíveis.
De acordo com a leitura da agência oficial de notícias Xinhua, os líderes concordaram nesta semana em dar “maior ênfase à garantia e à melhoria do bem-estar da população e em proporcionar às pessoas uma sensação crescente de realização, felicidade e segurança”.
Isso inclui políticas para impedir que as pessoas caiam na pobreza, fornecendo um sistema de saúde mais forte e expandindo os cuidados com os idosos, segundo a agência. Também poderia incluir subsídios às famílias para incentivá-las a ter mais filhos, agora que a população está diminuindo.
Quem paga e como?
Os líderes se comprometeram a aumentar o déficit da China, há muito tempo limitado a 3% do seu PIB, e a fazer mais para incentivar os gastos dos consumidores, alinhando os aumentos salariais ao ritmo do crescimento econômico. Para isso, o governo emitirá mais títulos especiais de ultralongo prazo, informou a mídia estatal, sem informar os valores em dólares.
Em nível nacional, a China pode se dar ao luxo de fazer isso. Seu nível de dívida nacional em relação ao PIB é de cerca de 68%, em comparação com os 250% do Japão e os 120% dos Estados Unidos. Em nível local, grandes volumes de dívidas continuam sendo um problema, com muitos trabalhadores chineses com salários baixos ou não pagos. Os governos municipais e regionais estão profundamente endividados depois que suas receitas fiscais caíram devido à crise imobiliária e à pandemia, enquanto os gastos continuaram a aumentar.
Os detalhes de qualquer aumento de gastos podem surgir mais tarde, possivelmente durante a sessão legislativa nacional em março, disseram os analistas.
Crédito para investimento e moradia
No início desta semana, o Politburo endossou os planos de adotar políticas monetárias “moderadamente frouxas”, em vez da postura “prudente” que prevaleceu na última década.
A última vez que a China adotou essa abordagem foi entre 2008 e 2010, quando o banco central chinês reduziu o crédito de forma agressiva como antídoto para os choques da crise financeira global, observou Tao Wang, do UBS.
No início deste ano, o Banco Popular da China começou a reduzir as taxas de juros e as reservas obrigatórias que os bancos devem manter em depósito, e se espera que reduza ainda mais as taxas nos próximos meses, disse Wang.
O crédito mais barato facilitaria o financiamento de compras de moradias e outros investimentos, já que o banco central desempenha um papel cada vez mais importante para ajudar a manter os mercados estáveis e impulsionar a economia.
As expectativas de taxas de juros mais baixas fizeram com que os preços dos títulos disparassem. Mas, de modo geral, os investidores que esperavam mais detalhes sobre as políticas planejadas pareceram desapontados com o resultado das reuniões da semana. Na sexta-feira, o índice Shanghai Composite caiu 2%, enquanto o Hang Seng de Hong Kong afundou 2,1%.
Cautela na espera do 2º mandato de Trump
O projeto de longo prazo de Xi para a construção de uma economia moderna, inovadora e de alta qualidade continua sendo a estrutura para o curso futuro da China, à medida que os líderes ajustam os detalhes da política enquanto observam o que Trump fará quando assumir o cargo.
Como os EUA e outros parceiros comerciais impuseram controles cada vez mais rígidos sobre o acesso da China à tecnologia avançada, como os mais recentes chips de computador e as ferramentas e materiais para fabricá-los, Pequim retaliou com suas próprias medidas direcionadas.
Os economistas afirmam que os líderes chineses estão se retraindo em relação a medidas mais drásticas para apoiar a economia, que está crescendo em um ritmo razoavelmente rápido apesar de suas fraquezas crônicas, enquanto esperam para ver o que acontece.
“As autoridades chinesas estão presas em um modo de política mais reativo, já que a incerteza dos planos tarifários dos EUA dificulta que os formuladores de políticas assumam qualquer compromisso por enquanto”, disse Yeap Jun Rong, do IG, em um relatório. “Ainda pode haver espaço para surpresas positivas, mas muito dependerá de qualquer política específica futura.”
Globo Online - RJ 16/12/2024
Com a escalada do dólar — a moeda americana sobe 24,3% no ano e fechou ontem a R$ 6,03 — a indústria já prepara repasse de preços a partir de janeiro. Em alguns segmentos, as empresas atuam para acomodar o impacto com base em estoques e contratos fechados com a divisa em patamares inferiores ao atual. O aumento da taxa de juros e a incerteza no cenário fiscal influenciam nas previsões para 2025.
Como boa parte dos produtos de fim de ano já está nas lojas, não deve haver alta imediata afetando as compras de Natal, avalia Adriano Valladão, economista do Santander. Ele avalia que a escalada do dólar deve impactar a inflação já no próximo trimestre.
— Essa última andada do câmbio provavelmente não vai impactar muito este ano, mas contrata pressão maior para o ano que vem. A gente deve começar a ver repasse maior desse câmbio mais depreciado ao longo do próximo trimestre, principalmente em bens industrializados e alimentos exportados pelo país, como as carnes — diz ele.
A Mondial, por exemplo, sente o impacto do dólar alto não só nos eletroportáteis importados — como escovas secadoras, sanduicheiras e panelas elétricas —, mas também nas matérias-primas dos aparelhos fabricados no país.
Insumos de ventiladores, air fryers, cafeteiras e liquidificadores têm preços afetados pelo câmbio, como o plástico que reveste produtos. Em alguns casos, os materiais somam 60% do custo de fabricação.
Cofundador da companhia, Giovanni M. Cardoso diz que foi preciso reajustar produtos nacionais de 4% a 6% e importados em até 12% este ano por causa da alta no preço da logística internacional. Ele diz que é preciso “acompanhar os próximos cenários”, mas, se o dólar se mantiver no patamar de R$ 6, outro aumento de preços ao varejo “é inevitável”:
— Não dá para driblar (o dólar), tem que enfrentar. Estamos agora aguardando um pouco para ver onde vai pousar. Se o dólar a R$ 6 continuar na última semana de dezembro, começamos janeiro com nova tabela no mercado. Não tem como segurar mais.
Com metade dos insumos dolarizados, a indústria de fraldas descartáveis CCM, dona das marcas Confort, Wellness e Hipopó, sentiu a alta do dólar. No fim do primeiro semestre, quando a divisa alcançou R$ 5,30, fez o primeiro repasse de custos ao varejo, de 5%.
Em novembro, quando o câmbio foi a R$ 5,80, os preços foram corrigidos em 3%. Para janeiro, com a possibilidade de o dólar se manter em R$ 6, prevê aumento na casa de 6%.
— Não temos levantamento mostrando revisão em investimentos porque são decisões de ao menos médio prazo. Mas a indústria vem crescendo, e a inflação do setor cresce bem abaixo da geral — pondera Mario Sergio Telles, superintendente de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
‘Alta de custo imensa’
Telles diz que o dólar alto tem dois efeitos. Um é negativo em razão do percentual de insumos importados, acima de 25% na indústria de transformação. O outro é positivo por impulsionar a competitividade da indústria na concorrência com importados no mercado local e nas exportações.
A expansão das vendas internacionais será uma das vias usadas pela CCM para se proteger das variações cambiais em 2025, conta o CEO Rodrigo Zerbini. A empresa tem clientes em Argentina, Uruguai e Paraguai, e contratos previstos na Bolívia e na Colômbia:
— É muito difícil. A gente precisa de força de venda, não pode repassar, mas a alta de custo é imensa.
Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), diz que mesmo com ganhos em competitividade no setor, o dólar vai pesar:
— A desvalorização cambial vem acompanhada de alta volatilidade e aumento da incerteza, nublando o cenário macro. Isso traz tensão, freando decisões de produção e investimento. E a alta de juros vai piorar condições de financiamento — frisa. — O repasse de preços virá em algum momento ao longo do ano.
Fazenda aposta no pacote
No Ministério da Fazenda, a expectativa é que haja algum alívio na cotação do dólar com o avanço do pacote de contenção de gastos no Congresso. Aliados do ministro Fernando Haddad avaliam que as medidas retiram incerteza sobre a sustentabilidade das regras fiscais e tendem a reduzir a percepção de risco da economia. O gatilho para a escalada mais recente do dólar, porém, foi a frustração com o pacote.
O Grupo Supley, que tem no portfólio as marcas de suplementos Max Titanium e Probiotica, além da Mr. Peanut, de pasta de amendoim, acompanha o dólar de perto. É que 80% do faturamento no setor de nutrição esportiva, principalmente Whey Protein e creatina, são dolarizados, explica Alberto Moretto, presidente da empresa.
— Usamos estoques para amortecer a alta e não repassar preços logo de cara. O Whey Protein se comporta como commodity. Os relatórios globais apontam estoques caindo. Toda vez que houve isso veio aumento em dólar. E, se o dólar seguir nesse patamar, pode ter repasse no primeiro semestre. Mas se a produção subir, a perspectiva melhora.
O preço dos produtos da Supley ao consumidor caiu ante a 2023. Isso porque, diz Moretto, houve escalada na precificação no pós-pandemia, devido à escassez de Whey e creatina no mercado. Este ano, os valores voltaram a níveis normais, daí a redução.
Alex Buchheim, CEO da Limppano, de produtos de limpeza, reforça que é preciso pesar o custo do câmbio atrelado a outros.
— O dólar subiu, mas houve preços que recuaram, a exemplo de commodities como petróleo e celulose. Temos ciclo de investimento grande, planejado com dólar a R$ 5. Nesse momento de transição, tem que deixar a árvore parar de chacoalhar para ver o que fazer. De início, não pede ajuste.
A Limppano vai fechar o ano com expansão de 12% sobre 2023, desempenho que poderia ter sido ainda melhor, diz o executivo, porque houve impacto de juros, dólar e das enchentes no Sul.
O economista sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Felipe Tavares, diz que já haverá efeito em itens da cesta de Natal, sobretudo importados, como bacalhau, vinho, frutas e o azeite. Este último acumula alta de 50% nos últimos 12 meses, segundo o IBGE. Roupas e eletrônicos devem subir.
— A variação do dólar, num patamar muito elevado, torna difícil para as redes de supermercado segurar o preço. Isso vai ser repassado para o consumidor. E vai se refletir na inflação.
Para o coordenador do Índice de Preços do FGV Ibre, André Braz, o dólar não deve ficar em patamar alto a longo prazo, sob risco de mudar previsões de inflação de 2025. Mas avalia que é preciso que o governo explique como se comprometerá com a política fiscal:
— As desvalorizações (do real) provocaram aceleração dos preços, e se o dólar se mantiver nesse patamar por mais tempo, isso pode se agravar.
Agência Brasil - DF 16/12/2024
Pelo quarto mês seguido, em outubro deste ano a atividade econômica brasileira teve crescimento, de acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (13) pelo Banco Central (BC), em Brasília. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou alta de 0,1% em outubro em relação a setembro, de acordo com dados dessazonalizados (ajustados para o período).
No mês, o IBC-Br atingiu 154,4 pontos. Na comparação com outubro de 2023, houve crescimento de 7,3% (sem ajuste para o período, já que a comparação é entre meses iguais). No acumulado em 12 meses, o indicador também ficou positivo em 3,4%.
O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica do país e ajuda o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, definida atualmente em 12,25% ao ano.
O índice incorpora informações sobre o nível de atividade de setores da economia – indústria, comércio e serviços e agropecuária –, além do volume de impostos.
A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas ajudam a redução da inflação, mas também podem dificultar a expansão da economia.
Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
Inflação
A inflação oficial do país perdeu força na passagem de outubro para novembro e fechou o último mês em 0,39%. Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) havia sido de 0,56%. No acumulado de 12 meses, a inflação soma 4,87%, acima do teto da meta de 3%, que tem tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
A alta recente do dólar e as incertezas em torno da inflação e da economia global fizeram o BC aumentar o ritmo de alta dos juros, na reunião da última quarta-feira (11). O órgão informou que elevará a taxa Selic em um ponto percentual nas próximas duas reuniões, em janeiro e março, caso os cenários se confirmem.
Esse foi o terceiro aumento seguido da Selic. A taxa retornou ao nível de dezembro do ano passado, quando estava em 12,25% ao ano. A alta consolida um ciclo de contração na política monetária.
Após passar um ano em 13,75% ao ano - entre agosto de 2022 e agosto de 2023 - a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto entre agosto do ano passado e maio deste ano.
Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, começando a aumentar a Selic na reunião de setembro, quando a taxa subiu 0,25 ponto, e novembro, quando subiu 0,5 ponto.
Produto Interno Bruto
Divulgado mensalmente, o IBC-Br emprega uma metodologia diferente da utilizada para medir o Produto Interno Bruto (PIB), que é o indicador oficial da economia brasileira. Segundo o BC, o índice “contribui para a elaboração de estratégia da política monetária” do país, mas “não é exatamente uma prévia do PIB.”
O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país. Com resultado trimestral, superando as projeções, no terceiro trimestre do ano a economia brasileira cresceu 0,9% na comparação com o segundo trimestre de 2024, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta acumulada no ano, de janeiro a setembro, é de 3,3%. Em 2023, o PIB do Brasil cresceu 3,2%.
IstoÉ Dinheiro - SP 16/12/2024
Com um final de 2024 mostrando um cenário macroeconômico rodeado por incertezas, a equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú revisou sua projeção para a taxa básica de juros, a Selic, apontada agora em 15% até o ano de 2024.
“Diante da piora relevante das expectativas de inflação, do câmbio mais depreciado e da atividade ainda resiliente, esperamos que o Banco Central siga elevando a taxa de juros até 15% ao longo de 2025. Para 2026, projetamos queda da Selic para 13%”, diz a casa.
O time de macro do Itaú, liderado pelo economista Mario Mesquita, aponta que com a última decisão do Copom – com alta de 1 ponto percentual (p.p.), para 12,25% – a autoridade monetária sinalizou que, a menos que o cenário mude, pretende elevar a Selic em igual magnitude mais duas vezes.
“A decisão foi motivada pela forte deterioração das expectativas de inflação, e pela surpresa com a atividade no terceiro trimestre deste ano, resultando em um hiato do produto mais aberto do que o antecipado”, observa o Itaú.
“Houve um aumento relevante da projeção de inflação no horizonte relevante (segundo trimestre de 2026), de 3,6% na reunião de novembro para 4,0% na reunião de dezembro, indicando a necessidade da política monetária avançar ainda mais em território contracionista”, completa.
Dessa forma, a expectativa é de que a taxa Selic atinja o patamar de 15% no decorrer de 2025 (ante 13,50% da projeção anterior) e permaneça nesse nível até o final do ano.
Com relação ao ritmo, o Itaú espera mais duas altas de 1 p.p. e uma alta final de 0,75 p.p. na terceira reunião do ano.
“Naturalmente, diante do balanço de riscos assimétrico para inflação, há possibilidade de um ciclo ainda maior. Para 2026, projetamos queda da taxa de juros para 13%”.
Itaú revisa PIB para cima e vê dólar a R$ 5,70
Olhando para outras variáveis, o Itaú espera um dólar a R$ 5,70 neste e no próximo ano.
A tese da casa é de que apesar do diferencial de juros elevado, o cenário global de dólar forte, o aumento prêmio de risco doméstico e a deterioração das contas externas pressionam o real.
Juntamente com isso, os especialistas enxergam um cenário de ‘mais crescimento e juros mais altos’, com projeções de PIB agora maiores. A casa elevou as expectativas de 2024 e 2025 para 3,6% (de 3,2%) e 2,2% (de 1,8%), respectivamente.
“A atividade mais forte no curto prazo e expectativa positiva para o PIB Agro 2025 geraram revisões altistas. Para 2026, projetamos crescimento de 2,0%. O mercado de trabalho ainda não mostra sinais claros de arrefecimento e é risco altista para o PIB dos próximos anos”.
Consenso do mercado vê Selic a 13,50% em 2025
Conforme refletido na edição mais recente do Boletim Focus, o consenso do mercado financeiro tem elevado as projeções para a taxa básica de juros em 2025 há quatro semanas consecutivas.
A projeção mais recente, desta segunda-feira, 9, é de que os juros fiquem em 13,50% no ano que vem.
Para o ano de 2026 a projeção é de uma Selic de 11%. A expectativa foi elevada pela segunda semana consecutiva.
O Estado de S.Paulo - SP 16/12/2024
Solitário na tarefa de conter a inflação e segurar as expectativas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu aumentar a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual, para 12,25% ao ano. Mais do que isso, explicitou que fará mais duas elevações de mesma magnitude, que levarão a Selic a 14,25% ao ano em março.
Além de elevado, é um marco simbólico, por dois motivos. Primeiro, é o mesmo nível dos juros do início do segundo mandato de Dilma Rousseff, que antecedeu à grande recessão legada pela presidente petista. E é um patamar que superou a máxima observada durante o governo Jair Bolsonaro, de 13,75%, alcançada nos últimos meses de sua gestão.
Juros altos, como se vê, são apartidários. Não são exclusividade de governos de direita ou de esquerda, tampouco um fenômeno aleatório da natureza. São apenas a face mais visível de administrações que menosprezam a importância da responsabilidade fiscal e sua relação direta com a inflação para priorizar medidas populistas que facilitem sua permanência no poder.
Por óbvio, o BC não teria como desconsiderar a péssima repercussão do ajuste fiscal anunciado pelo governo no fim do mês passado. As medidas, além de insuficientes para conter a trajetória da dívida pública, ainda foram eclipsadas pela ideia de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil mensais. Depois disso, o dólar rompeu a barreira dos R$ 6 e os juros futuros superaram 14% ao ano.
O tom do comunicado do Copom foi realista ao reconhecer o quanto as expectativas dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal têm afetado, e de forma relevante, os preços dos ativos, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio – o que, por consequência, impacta a condução da política monetária.
O mercado já contava com um aumento nos juros, mas a maioria dos analistas esperava uma alta de 0,75 ponto porcentual. Essa era a aposta de 26 das 38 instituições consultadas, segundo pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast, enquanto 11 delas projetavam a elevação de 1 ponto. Apenas uma das instituições consultadas apostava numa elevação mais tímida, de meio ponto.
Mais do que a decisão em si mesma, o que surpreendeu foi a sinalização de que a mesma pancada virá nas próximas duas reuniões do Copom, a serem realizadas em janeiro e março. O BC abandonou essa prática em maio, quando a diretoria se dividiu, por cinco a quatro, entre aqueles que preferiam uma redução de 0,50 ponto e os que votaram em uma queda de 0,25 ponto.
Desta vez, todos os diretores parecem ter concordado sobre a orientação futura a ser adotada na condução da política monetária, uma sinalização importante às vésperas de Roberto Campos Neto deixar o BC. Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula da Silva, iniciará seu mandato como presidente da instituição com decisões amarradas nas próximas duas reuniões, o que ajuda a vencer eventuais desconfianças sobre suas intenções no cargo.
Com maioria de nomes indicados por Lula da Silva no Copom a partir do ano que vem, o governo e o PT terão de achar outro bode expiatório a quem culpar. Nada, no curto prazo, indica que o cenário com que o Banco Central trabalha deva melhorar.
No comunicado, o BC reiterou que os indicadores sobre a atividade econômica e o mercado de trabalho continuam a apresentar dinamismo e destacou que o resultado do PIB do terceiro trimestre reforçou essa tese. Tanto a inflação quanto seus núcleos seguem acima da meta e as expectativas mantêm trajetória de alta para este e os próximos dois anos.
O câmbio não ajudará na tarefa de perseguir a meta de inflação. Além da pancada nos juros, o Copom aproveitou o ensejo para anunciar leilões cambiais e injetou US$ 4 bilhões no mercado. Como resultado, a moeda norte-americana recuou e abriu a sessão perto de R$ 5,90 na quinta-feira, mas voltou a fechar em R$ 6,00 ao fim do dia.
Em suma, os riscos que marcavam o cenário doméstico se materializaram, fazendo com que as incertezas se transformassem em adversidades que já não podem mais ser ignoradas. O BC fez sua parte para tentar conter as expectativas e não parece disposto a abdicar nem de sua autonomia nem de sua missão. Falta o governo fazer a parte dele.
O Estado de S.Paulo - SP 16/12/2024
Cercado de bolsonaristas durante um jantar esta semana em Brasília, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez uma previsão: a vida de seu sucessor no cargo, Gabriel Galípolo, será muito mais difícil, apurou a Coluna do Estadão. O argumento foi de que ele tinha, no governo Bolsonaro, o apoio da base aliada, ou seja, não sofria com “fogo amigo”. Já o próximo chefe da autoridade monetária, por essa avaliação, perderá o endosso do PT ao continuar na defesa do aumento de juros, considerado inevitável dado o cenário econômico do País e no exterior. Procurado, Campos Neto não comentou.
A constatação do presidente do BC já encontra respaldo nas redes sociais da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a Selic em um ponto porcentual nesta semana, a 12,25% ao ano, a petista reclamou, como de costume, mas com um adendo: escreveu que a decisão foi “para encerrar o ciclo do terrorismo de Campos Neto, a serviço do mercado”. Pela mensagem de Gleisi, caberá a Galípolo mudar o rumo da taxa de juros, o que é tido como improvável.
O jantar em que Campos Neto previu o futuro de Galípolo foi para comemorar sua posse como membro da Academia Internacional de Direito Econômico e Economia. O convescote reuniu uma lista de nomes do conservadorismo brasileiro. Do núcleo mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estavam lá a ex-primeira-dama Michelle, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Caroline de Toni (PL-SC).
Também compareceram o ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra Martins Filho, a jurista Angela Gandra, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega e a ex-secretária do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) Martha Seillier, que tem um filho com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ).
“Um dia realmente de muita alegria”, escreveu Damares em publicação nas redes sociais, como legenda de uma foto com Michelle Bolsonaro e Campos Neto. Ives Gandra Filho, por sua vez, definiu o presidente do BC como “nosso Ayrton Senna da Economia”, em referência ao piloto de fórmula 1. “Seu legado à frente do Banco Central é inquestionável”, publicou Caroline de Toni. O jantar ocorreu em Brasília, na casa da presidente da Academia, Samantha Ribeiro Meyer.
Campos Neto termina neste ano seu mandato como presidente do BC. O banqueiro foi duramente criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao longo dos últimos dois anos enquanto o BC mantinha a taxa de juros elevada. Petistas diziam que ele queria sabotar o governo e lembravam que ele foi votar nas eleições de 2022 com a camiseta da Seleção Brasileira, que havia se tornado símbolo dos movimentos bolsonaristas. No governo anterior, ele costumava participar de churrasco com o ex-presidente Bolsonaro e fazia parte até mesmo de um grupo no WhatsApp com ministros.
Valor - SP 16/12/2024
Reposicionamento de imagem envolve ações simultâneas que incluem uma estratégia de comunicação direta com a sociedade para destacar a relevância do setor
Os maiores desastres socioambientais relacionados a atividades produtivas no Brasil, o da Samarco em Mariana (MG) em 2015, onde morreram 19 pessoas, e o da Vale em Brumadinho (MG) em 2019, com 272 mortos, impactaram fortemente a reputação de todo o setor de mineração e ainda repercutem negativamente, com o tema revivido em decisões recentes na Justiça e em depoimentos de milhares de pessoas que tiveram suas vidas impactadas pela lama desenfreada das duas barragens de rejeitos minerais.
Não só as empresas diretamente envolvidas nos desastres —Samarco, BHP Billiton e Vale —, mas toda a indústria da mineração busca reconstruir laços com a sociedade no esforço de obter uma nova “licença social” para operar. “Os acontecimentos foram muito violentos e geraram uma ruptura da opinião pública com o setor de mineração”, reconhece Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Jungmann assumiu o comando do Ibram em 2022 e, como ele relata, não faltavam propostas de campanhas publicitárias para reposicionar a imagem da mineração. O problema, no entanto, era mais profundo. “O setor não tinha lastro na sociedade, não seriam campanhas publicitárias que resolveriam o problema”, comenta.
A indústria mineral nunca foi bem-vista no Brasil. A opinião pública relaciona a atividade ao garimpo ilegal, que polui rios com mercúrio e ainda rouba divisas do país; ao trabalho desumano em Serra Pelada, denunciado nas lentes de Sebastião Salgado; ao impacto ambiental imortalizado em poemas de Carlos Drummond de Andrade, como “Lira itabirana”, que termina com o lamento “Quantas toneladas exportamos De ferro? Quantas lágrimas disfarçamos Sem berro?”. Há ainda a chaga da exploração do ouro com trabalho escravo no período colonial.
Reposicionar o setor demandava uma comunicação abrangente com a sociedade, que mostrasse sua relevância, seus compromissos socioambientais, e ações em favor de causas de interesse do país. “Mas com honestidade de propósito”, diz Jungmann. “Não se muda a visão negativa de um setor só com discurso. A palavra dada precisa ser concretizada.”
Pesquisas de opinião encomendadas pelo Ibram demonstram que o setor está conseguindo superar a desconfiança e já conta com a aprovação de 62% da sociedade. A conquista de confiança envolveu uma série de ações simultâneas. Uma das principais medidas foi dissociar a indústria mineral do garimpo ilegal. O Ibram criou em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), o Instituto Igarapé e a WWF um sistema para rastrear o comércio ilegal de ouro e promover transações legais. Ao mesmo tempo, buscou o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fiscalizar distribuidoras de títulos lastreados em ouro e estabeleceu junto à Receita Federal a obrigação de a comercialização de ouro ocorrer exclusivamente mediante a emissão de notas fiscais eletrônicas.
Jungmann, do Ibram: “Não se muda a visão negativa de um setor só com discurso” — Foto: Mari Soares/Divulgação
Outra causa abraçada foi a defesa da Amazônia. O setor idealizou a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, que já teve duas edições, em 2023 e 2024, cada uma com público superior a duas mil pessoas. Especialistas em sustentabilidade ambiental de diversos países, representantes da sociedade civil, líderes de povos indígenas e ribeirinhos foram reunidos para debater propostas de desenvolvimento sustentável na região.
O Ibram também abriu um espaço de comunicação direta com representantes de vítimas de barragens durante seu congresso anual de 2022, a Exposibram. No evento foi montado um estande onde as vítimas puderam expor dramas e reivindicações e também foi realizado um painel de debates reunindo vítimas de Brumadinho e representantes da Vale.
A reconstrução da imagem do setor passa necessariamente por enfrentar o seu “calcanhar de Aquiles”, a segurança na gestão das barragens de rejeitos. “Temos que mostrar para a sociedade que Mariana e Brumadinho não deveriam ter acontecido e que não pode voltar a acontecer”, diz Jungmann. Depois dos desastres, a legislação sobre o tema mudou, introduzindo a obrigatoriedade da descaracterização de barragens a montante no país, como as duas que romperam em Mariana e Brumadinho, e a reincorporação das estruturas ao meio ambiente. O setor está investindo US$ 6 bilhões na tarefa.
Mas a descaracterização é um processo lento. Segundo o Ibram, das 74 barragens a montante existentes em 2019, ainda restam 52 em atividade e a expectativa é que 90% delas estejam descaracterizadas até 2027. O Ibram passou a fazer e divulgar um balanço periódico da segurança das barragens e criou um aplicativo, o Prox, que fornece informações em tempo real sobre o nível de risco envolvido em cada uma delas.
A busca por legitimidade social levou a Vale a rever seus processos e ir além da reparação dos danos. “Brumadinho foi um ponto de inflexão para uma profunda transformação cultural”, diz Leandro Modé, diretor de comunicação da Vale. “Hoje a Vale trabalha norteada pelo princípio da não repetição, tornando sua operação mais segura e a empresa mais aberta à escuta.”
A empresa montou uma equipe voltada ao relacionamento diário com as comunidades atingidas para acolher as principais demandas e construir uma pauta conjunta de ações. Estabeleceu canais de comunicação com as comunidades, por WhatsApp, informativos impressos e site dedicado com o objetivo de informar sobre programas de assistência às famílias atingidas. Em relação à segurança operacional, a companhia assumiu o compromisso de não ter nenhuma barragem operando em nível crítico de segurança até 2025 e eliminar todas as barragens a montante até 2035, sendo que 16 já o foram, o que representa 53% do total. A companhia também implementou em sua operação o Padrão Global da Indústria para Gestão de Rejeitos, que estabelece procedimentos em segurança de barragens com o objetivo de garantir dano zero às pessoas e ao meio ambiente em torno das estruturas.
Pessôa, da Anglo American: comunicação direta e colaborativa com as comunidades — Foto: Divulgação
A Vale também se comprometeu com programas de proteção de florestas, apoiando a preservação de 800 mil hectares na Amazônia, estabeleceu a meta de apoiar a retirada de 500 mil pessoas da extrema pobreza até 2030 e ampliou a presença de mulheres e pessoas negras em sua força de trabalho e liderança.
As ações já repercutem favoravelmente na reputação da companhia. De acordo com pesquisas feitas pela Vale, a percepção positiva da mineradora já se iguala aos níveis pré-Brumadinho. “As pessoas reconhecem os esforços e investimentos da companhia para se tornar uma empresa mais segura, mais sustentável e comprometida com a reparação”, diz Modé.
Mesmo empresas não envolvidas nos desastres passaram a buscar uma maior proximidade com a comunidade. A Anglo American adotou uma estratégia de comunicação direta e colaborativa com as comunidades onde atua, que envolve escuta ativa e narrativas com linguagem simples e acessível. “Precisamos construir uma relação de confiança com as comunidades, para isso o diálogo é essencial”, diz Rachel Pessôa, gerente de comunicação da companhia.
As principais mensagens trabalhadas estão relacionadas à sustentabilidade e à segurança das atividades. Para isso, a Anglo American se vale de seminários e exercícios simulados para a conscientização sobre as medidas de segurança da barragem de rejeito e criou um canal para dúvidas e reclamações, o Fale Conosco. A empresa também instituiu uma comunidade de WhatsApp, que informa sobre oportunidades de emprego, ações sociais e programas de capacitação, e criou uma revista digital, com recursos audiovisuais, na qual os funcionários que fazem o relacionamento com a comunidade falam diretamente com o público.
Os impactos de Mariana e Brumadinho alcançaram toda a cadeia produtiva da mineração, inclusive as siderúrgicas. “Nossa licença social ficou comprometida, todo o setor passou a ser olhado com muito ceticismo”, diz Pedro Torres, diretor de relações institucionais da Gerdau. “Para nós, foi o gatilho para uma mudança radical na comunicação.” A companhia adotou como estratégia construir uma narrativa simples e popular para interagir de forma direta com a sociedade, algo pouco usual em um setor B2B. “Precisávamos sair da nossa bolha”, diz Torres. Foram realizadas ações no Rock in Rio, na Fórmula 1 e no Trio Elétrico de Ivete Sangalo, no Carnaval de Salvador. “Não fomos mostrar como o vergalhão é feito. Ninguém se interessa por isso”, diz. “Mostramos como o aço está presente no dia a dia, no palco do Rock in Rio e no caminhão do trio elétrico, mas com uma narrativa adequada ao público dos eventos, inclusive por meio de música”, relata Torres.
A empresa também se posicionou em redes sociais como LinkedIn e TikTok, onde as mensagens da Gerdau alcançam mais de três milhões de pessoas. Uma métrica de sucesso da iniciativa é a atração de novos talentos. Em 2023 o programa de trainee da companhia atraiu 45 mil inscritos, o dobro do anterior.
Mariana e Brumadinho vão continuar a impactar a reputação da indústria mineral por muito tempo, mas o setor já sente confiança em se expor e enfrentar um outro grande problema: o desconhecimento pela sociedade de sua relevância. “O setor está em tudo e não é visto em nada”, resume Jungmann. A campanha de marketing “Minerais. Presentes no que você imaginar” desenvolvida pela Oficina Consultoria para o Ibram utiliza desde filmes publicitários até ações com influenciadores em redes sociais. A ideia é mostrar ao público a importância do minério em seu dia a dia. “Queremos ressignificar a importância mineral”, diz Patrícia Marins, sócia da Oficina.
Investing - SP 16/12/2024
Os contratos futuros de minério de ferro recuaram nesta sexta-feira, mas encerraram com alta em base semanal, com os investidores avaliando a promessa mais recente da China de novas medidas de estímulo para sustentar a economia.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), da China encerrou as negociações do dia com perda de 1,12%, a 797,0 iuanes (109,50 dólares) a tonelada.
O contrato subiu 0,31% esta semana, marcando seu quarto aumento semanal consecutivo.
O minério de ferro de referência para janeiro na Bolsa de Cingapura caiu 2,13%, para 103,8 dólares a tonelada, e ganhou 2,65% até agora nesta semana.
"Os mercados ficaram muito desapontados com a falta de detalhes concretos da Conferência Central de Trabalho Econômico da China, dado um início de semana tão promissor do Politburo", disse Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities.
A decepção ocorreu apesar de as autoridades chinesas terem sinalizado que os detalhes da política seriam divulgadas em março de 2025 e por volta dessa data, acrescentou Widnell.
Pequim prometeu na quinta-feira aumentar o déficit orçamentário, emitir mais dívida e afrouxar a política monetária, enquanto se prepara para o aumento das tensões comerciais antes de uma segunda presidência de Donald Trump.
As observações foram feitas em uma leitura da Conferência de Trabalho Econômico Central anual dos principais líderes chineses, realizada nos dias 11 e 12 de dezembro.
"Com o caminho de recuperação da China ainda acidentado... teremos dificuldades para ver uma alta de longo prazo nos preços do minério de ferro", disseram os analistas do ING, acrescentando que isso continuará até que o mercado veja sinais de recuperação econômica e crescimento sustentáveis.
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Também pressionando os preços do minério estão os altos estoques portuários, que estão acima de 150 milhões de toneladas -- o maior já registrado nessa época do ano, acrescentou o ING.
Money Times - SP 16/12/2024
Não é novidade que a Vale (VALE3) é altamente dependente da China.
E justamente por prever uma economia fraca para o país asiático que o Morgan Stanley rebaixou os papéis da mineradora para “equal-weight”, equivalente à neutra, e reduziu o preço-alvo dos ADRs (recibos de ações negociados nos Estados Unidos) de US$ 14,50 para US$ 11,30.
De acordo com o banco americano, a desaceleração do crescimento global representará desafios para as ações de
mineração, particularmente se a política econômica da China permanecer modesta e reativa.
O país luta para manter a economia aquecida com pacotes de estímulos, mas que, até agora, não foram suficientes para trazer o papel da Vale para patamares acima de R$ 70, como visto no ano passado.
“Em meio à incerteza da demanda, preferimos ações de metais básicos em vez de nomes de minério de ferro em perspectivas de oferta mais restritas”.
Ainda segundo o banco, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, como promete Donald Trump, trará impactos para a economia chinesa, diminuindo ainda mais a demanda pelo minério.
“Nossas equipes de commodities preveem déficits de fornecimento em cobre/alumínio/zinco enquanto veem o minério de ferro como excesso de oferta”.
O Morgan diz ainda que apesar do preço do minério de ferro relativamente alto, a ação teve desempenho inferior ao Ibovespa e dos concorrentes internacionais (BHP cai 23% e Rio Tinto 16% no ano, contra 27% da brasileira).
“Enquanto continuamos a ver valor de longo prazo nos ativos da empresa e somos encorajados por uma visão clara para 2030/equipe de gestão sólida em vigor (aqui), agora acreditamos que as ações continuarão a ser negociadas abaixo do valor intrínseco no curto prazo em meio à incerteza”, diz.
O banco também diz que embora esperasse que a liquidação do acordo de Mariana ajudasse a reavaliar as ações, os pagamentos mais altos resultantes limitarão o rendimento do FCF (fluxo de caixa livre) da Vale nos próximos anos.
A Vale pagará cerca de R$ 170 bilhões no acordo de indenizações de Mariana.
Os analistas estimam fluxo de caixa livre de 2,8% em 2025 e 5% em 2026, abaixo daqueles da Rio Tinto em 6,6% e 6,1%, e da Petrobras (PETR4) em 23,8% e 25,8%, respectivamente.
“Isso é importante porque tanto os investidores globais quanto os latino-americanos/locais têm opções de investimento mais atraentes, pelo menos nessa métrica”, diz.
Nesta sexta-feira (13), VALE3 caiu 1,50%, a R$ 55,86.
Auto Industria - SP 16/12/2024
Acada dois carros importados fora do Mercosul, um vem da China. Essa foi uma das informações divulgadas pelo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, ao mostrar os resultados do setor este ano que, apesar de números altamente positivos no geral, indicam saldo negativo na balança comercial, o que não ocorria há dez anos.
A venda de carros chineses no mercado brasileiro deu um salto de 229% este ano, passando de 32,2 mil para 105.763 unidades no acumulado de 11 meses. Em contrapartida, a demanda pelos veículos argentinos cresceu apenas 1%, de 196 mil para 198,5 mil unidades.
O Estado de S.Paulo - SP 16/12/2024
Há alguns anos, os fabricantes de automóveis comemoravam lucros recordes à medida que a pandemia criava escassez de carros novos, permitindo-lhes aumentar os preços. Agora a ressaca está se instalando.
A montadora japonesa Nissan está demitindo 9.000 funcionários. A Volkswagen está considerando fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez. O presidente-executivo da montadora norte-americana e europeia Stellantis, dona de Jeep, Peugeot, Fiat e outras marcas, pediu demissão após a queda nas vendas. Até marcas de luxo como BMW e Mercedes-Benz estão enfrentando dificuldades.
Cada montadora tem seus próprios problemas, mas existem alguns pontos em comum. Incluem uma transição tecnológica complicada e dispendiosa, turbulência política, protecionismo crescente e a emergência de uma nova classe de fabricantes de automóveis chineses em rápido crescimento. Os muitos problemas levantam questões sobre o futuro das empresas que são uma fonte crítica de empregos em muitos países ocidentais e asiáticos.
Muitos destes problemas são aparentes há anos, mas tornaram-se menos urgentes durante a pandemia, levando alguns fabricantes de automóveis à complacência. Quando a escassez de semicondutores e outros componentes desacelerou a produção e limitou os estoques, as montadoras acharam fácil aumentar os preços.
Mas essa era acabou e a indústria regressou ao estado pré-pandêmico, com demasiados fabricantes de automóveis procurando poucos compradores.
China: o maior mercado automotivo do mundo
Muitas fábricas de automóveis em todo o mundo estão produzindo muito menos carros do que foram construídas para produzir. Quando os fabricantes de automóveis não obtêm um retorno decente sobre as suas fábricas e máquinas, há “um efeito enorme na rentabilidade”, disse Simon Croom, professor de gestão da cadeia de abastecimento na Universidade de San Diego. “A diferença entre lucros e perdas é uma linha muito tênue na indústria automobilística.”
Os trabalhadores estão entre os primeiros a sofrer numa indústria que emprega nove milhões de pessoas em todo o mundo na indústria transformadora, incluindo cerca de um milhão nos Estados Unidos. Mais de dois milhões de americanos trabalham para revendedores e empresas relacionadas.
A Nissan, que tem fábricas no Mississippi e no Tennessee, não detalhou onde ocorrerão suas demissões. E não está sozinha no corte de empregos. A Ford anunciou no mês passado 4.000 cortes de empregos, principalmente em fábricas no Reino Unido e na Alemanha. A empresa citou “ventos contrários competitivos, regulatórios e econômicos sem precedentes”.
A Ford estava se referindo em parte às montadoras chinesas. Elas quase não eram um fator antes da pandemia, mas entraram no mercado internacional com carros que podem igualar os veículos japoneses, europeus ou americanos em qualidade, a preços muito mais baixos.
BYD, Chery, SAIC e outros fabricantes de automóveis chineses ainda estão efetivamente excluídos dos Estados Unidos pelas regras comerciais e prejudicados pelas tarifas na Europa. Mas eles estão avançando para lugares como Austrália, Brasil, Chile e Tailândia, atraindo compradores de empresas como Fiat, General Motors e Toyota.
A concorrência da China está “começando a atingir os locais seguros que os fabricantes de automóveis ocidentais tinham”, disse Felipe Munoz, analista global da Jato Dynamics, uma empresa de pesquisa.
Na China, o maior mercado de automóveis do mundo, os fabricantes nacionais roubaram os holofotes dos fabricantes de automóveis estrangeiros com opções exageradas como as oferecidas pela BYD no seu Yangwang U8, um veículo híbrido plug-in.
O U8 pode permanecer flutuando por até 30 minutos em uma enchente, segundo a empresa, e suas rodas podem ser ajustadas para rolar para que o veículo possa girar 360 graus enquanto permanece no mesmo local.
Grandes quedas de vendas na China
A ascensão das montadoras chinesas tem sido particularmente difícil para as montadoras alemãs. A Volkswagen obtém um terço de suas vendas da China e já dominou esse mercado. Mas as entregas da empresa caíram 10% nos primeiros nove meses deste ano, em comparação com 2023.
A BMW e a Mercedes-Benz também relataram recentemente grandes quedas de vendas na China, que culparam pela redução dos lucros.
As montadoras americanas também sofreram com essa mudança. A GM disse este mês que sofreria um impacto de mais de US$ 5 bilhões em seu lucro ao reestruturar suas operações chinesas, que têm perdido dinheiro.
As empresas que demoraram a substituir modelos antigos estão ainda pior. Este tem sido o caso da Nissan, da Stellantis e até da Tesla, cujos analistas esperam que termine o ano com vendas praticamente inalteradas em relação a 2023. Outras têm lutado para construir veículos eléctricos atrativos e desenvolver software, um elemento cada vez mais importante do design automóvel.
A Volkswagen foi uma das primeiras montadoras estabelecidas a desenvolver veículos elétricos, mas os modelos decepcionaram compradores e críticos. As vendas nos Estados Unidos do veículo utilitário esportivo ID.4 da empresa caíram mais da metade no terceiro trimestre em relação ao ano anterior, de acordo com o Kelley Blue Book. O software com bugs prejudicou as vendas do ID.4 e de outros modelos elétricos que a Volkswagen vende na Europa e na Ásia.
“Os chineses estão ganhando espaço de mercado e os alemães, perdendo”, disse Ferdinand Dudenhöffer, diretor do Centro de Investigação Automóvel em Bochum, Alemanha. “Não são apenas os carros elétricos, é o software dos carros.”
Carros elétricos, híbridos, robôs-táxis
As mudanças de política governamental agravam os problemas dos fabricantes de automóveis. As vendas de veículos elétricos despencaram na Alemanha depois de o governo, enfrentando uma crise no orçamento, ter eliminado abruptamente os incentivos financeiros.
Nos Estados Unidos, o presidente eleito Donald J. Trump e os republicanos no Congresso querem revogar os incentivos fiscais da era Biden destinados a promover veículos elétricos. As mudanças na política põem em perigo as centenas de bilhões de dólares que a GM, a Hyundai-Kia, a Volkswagen e outros investiram em novas fábricas e automóveis.
“A indústria automobilística teve que desembolsar muito capital para um mercado de veículos elétricos e que pode mudar nos próximos seis meses”, disse Erin Keating, analista executivo da Cox Automotive, uma empresa de pesquisa.
Trump também ameaçou impor tarifas sobre as importações de China, México e Canadá. A China é uma importante fonte de componentes para praticamente todas as montadoras. O México é um importante centro de produção para BMW, GM, Ford, Stellantis, Volkswagen e outros, enviando dois milhões de veículos para os Estados Unidos nos primeiros nove meses do ano.
Nem todas as montadoras estão indo mal. Na GM, as ações subiram mais de 40% este ano, enquanto as ações da maioria das montadoras caíram. Em parte, Wall Street está recompensando a GM para veículos elétricos populares como o Cadillac Lyriq e o Chevrolet Equinox. Mary T. Barra, a presidente-executiva da GM, disse que a empresa está perto de obter lucro com veículos elétricos, ao contrário de outras montadoras americanas, exceto a Tesla.
Mas a GM também tem reduzido custos, anunciando na semana passada que deixaria de desenvolver robôs-táxis, veículos autônomos que podem transportar passageiros sem condutor. A decisão levantou questões sobre se os fabricantes de automóveis estabelecidos podem competir com a Tesla e a Waymo, uma divisão da empresa-mãe do Google, na próxima geração de tecnologia automóvel.
A estratégia da Toyota de duplicar a aposta nos híbridos, ao mesmo tempo que oferece poucos carros totalmente elétricos, também parece dar frutos – pelo menos por agora. Muitos compradores estão optando pelos híbridos, que custam muito menos que os veículos elétricos e não precisam ser carregados, como forma de reduzir emissões e gastos com combustível.
Mas a Toyota poderá ficar para trás se as vendas de veículos elétricos crescerem mais rapidamente do que os analistas de mercado esperam. Os preços dos veículos movidos a bateria estão caindo, enquanto a distância que eles podem percorrer com carga aumenta. Na China, os veículos elétricos já são mais baratos que os modelos comparáveis a gasolina. Mais da metade dos carros novos vendidos lá são elétricos ou híbridos plug-in.
Em busca do “ponto da virada”
As montadoras estão tentando se adaptar. Stellantis, cujo presidente-executivo, Carlos Tavares, deixou o cargo este mês, tem novos modelos planejados para 2025. Eles incluem vários veículos elétricos, entre eles jipes, picapes Ram e um muscle car Dodge Charger. A empresa também trabalha para reparar seu relacionamento com os revendedores que acham que a Stellantis esperou muito para baixar os preços e oferecer incentivos para ajudá-los a vender os carros que estavam se acumulando em seus lotes.
John Elkann, presidente da Stellantis, realizou uma reunião virtual com revendedores dos EUA após a renúncia de Tavares. Depois, o Conselho Nacional de Revendedores Stellantis emitiu uma declaração expressando otimismo de que “2025 marcará um ponto de virada”. As tentativas de entrar em contato com Tavares para comentar o assunto não tiveram sucesso.
As pressões do mercado levarão os fabricantes de automóveis a cooperarem mais uns com os outros, por exemplo, partilhando os custos de desenvolvimento de motores, disse K. Venkatesh Prasad, vice-presidente sênior de investigação do Centro de Investigação Automóvel em Ann Arbor, Michigan. “Você já está vendo um pouco disso”, disse ele.
Makoto Uchida, presidente-executivo da Nissan, disse no mês passado que a empresa reduziria o tempo necessário para desenvolver um novo veículo trabalhando mais estreitamente com seus parceiros Renault, Mitsubishi e Honda.
A Volkswagen está tentando resolver seus problemas de software investindo na Rivian, que fabrica picapes elétricas e veículos utilitários esportivos em Illinois.
As montadoras ocidentais também estão fazendo acordos com montadoras chinesas. A Volkswagen desenvolverá novos modelos com a Xpeng para vender na China. No ano passado, a Stellantis comprou uma participação de 20% na Leapmotor e começou a vender os veículos elétricos da empresa chinesa na Europa. “Se você não pode vencê-los”, disse Dudenhöffer, “junte-se a eles”.
Infomoney - SP 16/12/2024
A Itália espera ser uma parte central da estratégia futura da Stellantis e quer que a montadora Fiat proteja as fábricas em seu território, disse o ministro da Indústria italiano, Adolfo Urso, neste sábado.
“Deve haver um plano assertivo para a Itália dentro do plano industrial da Stellantis que proteja as fábricas nacionais”, disse Urso, em um evento em Roma antes de uma reunião importante sobre a indústria automotiva italiana em 17 de dezembro, também envolvendo sindicatos.
Após a abrupta renúncia de Carlos Tavares como presidente-executivo no início deste mês, Roma espera consertar suas relações tensas com a empresa, cujas marcas também incluem a Alfa Romeo.
Políticos italianos acusaram repetidamente Tavares de negligenciar locais históricos de fabricação e transferir a produção para o exterior.
“Não existe mais Tavares, ele não entendeu a realidade”, disse Urso em evento do seu partido Irmãos da Itália.
Ele disse que eles entenderam que as coisas mudaram quando o presidente da Stellantis, John Elkann, ligou para a primeira-ministra Giorgia Meloni para informá-la sobre a saída do presidente-executivo.
Urso disse que o governo queria que a Stellantis prometesse “recursos financeiros significativos” para garantir que a Itália mantivesse uma indústria automobilística competitiva.
Giuseppe Manca, chefe de recursos humanos e relações industriais da Stellantis na Itália, juntou-se a Urso no painel dedicado ao setor automotivo e disse esperar que “boas notícias” possam sair da reunião planejada para terça-feira.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 16/12/2024
Uma das principais fabricantes de escavadeiras hidráulicas, a Link-Belt aposta no crescimento do mercado na América Latina em 2025.
Em viagem recente ao Japão, o diretor-geral da Link-Belt Brasil e América Latina, Matheus Fernandes, se reuniu com a diretoria da empresa dos Estados Unidos e da Sumitomo, fabricante dos equipamentos, para apresentar o plano de negócios da companhia para o próximo ano. A expectativa é consolidar a participação no mercado brasileiro e expandir entre 4% e 5% nos países vizinhos.
O Brasil e a América Latina representam, atualmente, de 10% a 12% dos negócios globais da empresa, recebendo uma atenção significativa da matriz na América do Norte, que busca o crescimento em toda a região de forma gradativa.
Para alcançar a meta, Matheus Fernandes destacou a parceria sólida com os distribuidores, com foco em treinamentos contínuos, agilidade nos serviços e envio de peças, e uma forte estratégia de marketing para promover os revendedores.
Em 2025, o objetivo é fortalecer ainda mais essa colaboração para conquistar mais espaço no mercado local, avaliando a performance da rede de distribuição em cada região e país, e adotar práticas e iniciativas que melhorem o desempenho dos revendedores na promoção e venda da proposta de valor dos produtos Link-Belt.
“Apesar dos desafios no mercado, como a concorrência com produtos chineses, nossa máquina ‘premium’ se destaca pela qualidade, e acreditamos que isso faz toda a diferença na hora da escolha do cliente. Nosso foco para 2025 é expandir nossa presença e fortalecer o relacionamento com nossos parceiros na América Latina”, afirmou Matheus Fernandes.
A estimativa da Link-Belt para o Brasil acompanha os dados do estudo de tendências 2024/2025, realizado pela Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração). A pesquisa aponta uma estabilização ou até um leve crescimento de 1% nas vendas de máquinas pesadas para o ano que vem no país.
Inovação - A Link-Belt já superou suas perspectivas de crescimento para 2024, atingindo uma expansão de 15% a 18%. Os números ultrapassam também a estimativa apontada pelo estudo Sobratema para o setor. De acordo com o levantamento, a chamada ‘linha amarela’ deve terminar o ano com 14% de aumento nas vendas.
Para 2025, uma das novidades importantes será a chegada da escavadeira da série X4 a mais uma país latino-americano, e, sendo assim, deve contribuir para a sustentabilidade e alavancagem de vendas.
O modelo, com motor certificado Tier 4, está em conformidade com as normas ambientais mais rigorosas. Além disso, a nova versão possui um dos maiores compartimentos do mercado de fluido de exaustão de diesel, prontamente disponível na maioria dos postos de combustível, o que descarta o uso do filtro DPF, reduzindo assim a necessidade de manutenção, oferecendo maior praticidade e economia aos clientes.
Embora os desafios mercadológicos, como a forte concorrência e questões internas e externas de cada país, sejam significativos, a Link-Belt acredita que sua estratégia focada na qualidade do produto e no suporte contínuo aos distribuidores é o diferencial para alcançar o sucesso.
O Estado de S.Paulo - SP 16/12/2024
Os apartamentos de um dormitório com preços acima de R$ 1 milhão estão se tornando cada vez mais comuns em alguns bairros da cidade de São Paulo. Uma análise realizada pelo Estadão, com base em anúncios da plataforma Zap, revela que esses imóveis estão concentrados em áreas nobres próximas a grandes centros comerciais, especialmente na região da Faria Lima. Entre os bairros com maior número de ofertas, destacam-se Itaim Bibi, Vila Olímpia e Vila Nova Conceição, com apartamentos entre 39 e 42 metros quadrados (m²). Paraíso, no entanto, é o local com o preço mais alto da capital, chegando a R$ 1,95 milhão.
Os altos preços dos imóveis compactos, que já ultrapassaram o patamar de R$ 1 milhão em São Paulo, estão diretamente ligados à localização, à escassez de terrenos em bairros nobres e ao projeto arquitetônico diferenciado oferecido pelas construtoras. Muitos desses empreendimentos incluem plantas de apartamentos com pé direito elevado, possibilitando a criação de mezaninos, além de janelas amplas que se estendem do piso ao teto, maximizando a entrada de luz natural e conferindo uma sensação de amplitude aos espaços.
No Itaim Bibi, o preço médio dos imóveis de um dormitório é de R$ 1,28 milhão. Na Vila Olímpia, o valor médio é de R$ 1,3 milhão, enquanto na Vila Nova Conceição é de R$ 1,29 milhão. Jardins e Vila Olímpia apresentam ofertas semelhantes, com mais de 230 apartamentos cada e preços médios por m² de R$ 32,3 mil e R$ 32,1 mil, respectivamente.
Já em Pinheiros, os 91 apartamentos disponíveis têm um preço médio de R$ 1,2 milhão, com custo por metro quadrado de R$ 31,5 mil. Vila Mariana e Brooklin têm menos opções — 25 e 22 unidades, respectivamente —, mas seguem uma tendência de preço semelhante, com valores por metro quadrado em torno de R$ 30 mil.
Moema e Indianópolis destacam-se pelo preço mais acessível. Moema registra o menor valor por metro quadrado da lista, R$ 28,6 mil, e um preço médio de R$ 1,14 milhão. Indianópolis, com oferta de 73 unidades, mantém preços ainda mais baixos: R$ 27,1 mil por m².
O bairro do Paraíso tem grande parte dos anúncios ligados a imóveis de lançamento, enquanto os demais bairros do levantamento têm uma mistura de bairros com imóveis de segunda mão e novos. Com isso, os preços dos anúncios do Paraíso se destacaram. O bairro da capital próximo ao Parque do Ibirapuera é onde atualmente estão os apartamentos de um dormitório com os maiores preços médios, chegando a R$ 1,95 milhão. O tamanho médio é de 43 m², o que leva o preço por m² para R$ 45,3 mil. O levantamento considerou 1,5 mil anúncios de apartamentos com um quarto, tamanho máximo de 45 m² e uma vaga de garagem.
Apartamentos compactos de R$ 1 milhão
Rodolfo Senra, sócio-fundador da Brio Investimentos, gestora dedicada ao setor, lembra que o mercado imobiliário passou por uma aceleração de custos nos últimos anos, tanto pelo aumento de preços de insumos, por causa da interrupção das cadeias de fornecimento globais, quanto de mão de obra. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 8,81% em 2020; 13,85% em 2021; 9,28% em 2022; e 3,49% em 2023. Neste ano, até novembro, o aumento foi de 6,01%.
“Recentemente, houve um estouro no custo de construção depois dos anos de pandemia. Antes, o custo do metro quadrado era de R$ 4 mil. Hoje, esse mesmo metro quadrado foi para R$ 7 mil. No alto padrão, tem construtoras alçando o custo do metro quadrado privativo a R$ 12 mil”, diz o executivo. Ele acrescenta que, fora o preço do terreno, o preço da outorga, só de obras, custa R$ 12 mil. “Para fechar a conta, o patamar de preço de venda tem de ir para R$ 25 mil ou R$ 30 mil por metro quadrado, pelo menos.”
Senra conta ainda que o preço do terreno em áreas nobres pode chegar a representar 50% do faturamento do projeto todo. Com o adensamento dos bairros nobres da capital, a disputa por áreas está cada vez mais acirrada, levando até a demolição de prédios antigos, o que eleva ainda mais os custos do projeto.
O consultor imobiliário especializado no alto padrão, Roberto Coelho da Fonseca, destaca que o aumento dos preços em bairros nobres de São Paulo é uma característica típica de grandes metrópoles. Segundo ele, quando comparados aos valores praticados em outras grandes capitais internacionais, os imóveis na cidade ainda podem ser considerados acessíveis.
“Nas cidades mais desenvolvidas do mundo inteiro, nos miolos nobres dos bairros, o metro quadrado é praticamente ‘incomprável’. As pessoas só moram de aluguel. Em São Paulo, ainda é possível comprar. Daqui a pouco, quem quiser morar no miolo do Itaim Bibi ou no miolo dos Jardins vai acabar tendo que alugar, porque vai ficar ‘incomprável’”, diz.
Projetos milionários
Os imóveis compactos são a grande maioria no mercado imobiliário de São Paulo. Entre 2004 e 2023, a cidade ganhou 367,4 mil unidades com até 45 m², ou seja, 45% dos 818 mil lançados, de acordo com dados do Secovi-SP. Até julho deste ano, os imóveis compactos representavam 81,6% do total, com 38,6 mil dos 47,4 mil lançados com tamanhos de até 45 m². Embora a maioria dos projetos esteja dentro do escopo do programa Minha Casa Minha Vida, o alto padrão também está nessa estatística.
O Funchal 641, da Stan Empreendimentos Imobiliários, é um exemplo de projeto imobiliário que atingiu o patamar de R$ 1 milhão no apartamento de um dormitório e com vaga de garagem. O edifício fica na rua Funchal, na Vila Olímpia. A localização permite fácil acesso à região dos escritórios do bairro, bem como do Itaim Bibi, como a Faria Lima. Fora isso, fica próximo ao aeroporto de Congonhas, a dois shopping centers e ao Parque do Povo.
Os apartamentos do empreendimento têm 46 m² ou 47 m². Mas o condomínio contará também com áreas comuns cheias de opções, como piscina, solário, academia, lavanderia, sala de convivência e lazer no rooftop.
A diretora de marketing da Stan, Sandra Germanos, diz que outro fator que eleva o patamar de preços dos apartamentos do edifício é o projeto arquitetônico. “Nos apartamentos de um dormitório, as fachadas são de vidro, do piso ao teto. Tem um pé direito mais alto, uma super iluminação, alta qualidade dos acabamentos e uma vaga de garagem. Por isso, vemos por que existem apartamentos de dormitório e estúdios, até da mesma região, que são mais baratos. Eles são quase como projetos do programa Minha Casa Minha Vida ou HIS (Habitação de Interesse Social). É um tipo de construção muito mais simples, não tem a mesma qualidade”, afirma.
Germanos conta que o público que compra unidades no edifício é variado, sendo 10% de moradores, 30% de investidores e 60% de pessoas de fora da capital paulista que querem ter um imóvel bem localizado na cidade.
Projetos de compactos de R$ 1 mi
Projetos mistos, que integram escritórios e moradias, também conseguem atingir preços acima de R$ 1 milhão para apartamentos de um dormitório. O sócio-diretor da SDI Desenvolvimento Imobiliário, Dario Abreu Pereira Neto, conta que a empresa tem projetos no Itaim Bibi que são vendidos a R$ 40 mil por m², em plantas que vão de 38 a 100 m². No JK Square, que tem 72 mil metros de área construída, a empresa fez uma torre corporativa e 51 apartamentos residenciais.
Segundo o executivo, o projeto é difícil de ser replicado pela falta de terrenos disponíveis na região, o que eleva o potencial de valorização das unidades residenciais. Além disso, o edifício conta com projeto arquitetônico moderno e com opções de lazer para o morador, como uma academia. Pela natureza do projeto, Neto diz que a grande maioria dos compradores não é de moradores, mas de investidores. Uma unidade no JK Square parte de R$ 1,25 milhão.
“Tudo começa com a localização. Dificilmente você vai encontrar no Morumbi um produto de um dormitório na faixa de R$ 1 milhão. Agora, se você for no Itaim Bibi, você vai conseguir. Ninguém vai pagar esse valor por um projeto que não seja bacana, por um prédio velho, por domínio alto. É um custo-benefício”, afirma Neto.
O empreendimento Indi 70, da Brio Investimentos e da Gattaz Engenharia, localizado na Av. Indianópolis, é outro caso de edifício com apartamentos de um dormitório vendidos por mais de R$ 1 milhão.
Além de ficar localizado em bairro nobre da capital paulista, o prédio fica próximo ao parque da Ibirapuera, à estação de metrô Moema e ao Clube Monte Líbano. Os apartamentos têm tamanho de 53 m².
No empreendimento Orla Paulistana, da Global Realty Brasil, localizado no Itaim Bibi, os apartamentos de um dormitório também chegam a custar R$ 1 milhão. O edifício fica próximo aos principais prédios comerciais da Faria Lima, como o Birman 32 e o Pátio Victor Malzoni.
Segundo o CEO da Global Realty Brasil, André Fakiani, a demanda por esse perfil de apartamento vem de diferentes públicos, como pessoas que querem morar sozinhas em áreas nobres da cidade ou casais sem filhos.
“Estamos acreditando nesses compactos de luxo. Vamos fazer um produto nos Jardins que terá 50 m² e um dormitório, justamente olhando para essa tendência. (Esse consumidor) é uma pessoa que tem renda, já está mais estabilizada na vida, às vezes, se separou e não quer morar num flat, quer conforto. É um produto bem nichado, com 10% ou 15% do mercado (de alto padrão)”, afirma.
A Tribuna - SP 16/12/2024
O Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Turismo e Viagens (Setur-SP), lançou no dia 6 de novembro o ‘Programa de Turismo Ferroviário’, que tem o objetivo de expandir circuitos ferroviários turísticos e integrar diferentes modais de transporte. O plano, que tem um alcance de 10 anos, busca fortalecer a infraestrutura e diversificar a oferta turística em todo o estado.
Com essa expansão, a linha ferroviária de turismo paulista será a maior do país. Com parcerias intersecretariais, há a previsão de ampliação para até 23 circuitos ferroviários no Estado. Além disso, haverá a integração com rodovias e outros modais, com potencial de gerar R$ 1,8 bilhão entre 2030 e 2039.
Esse planejamento também se conectará com o programa do Governo do Estado ‘SP Nos Trilhos’, lançado em maio deste ano. Ele envolve mais de 40 projetos de transporte ferroviário, que possuem R$ 194 milhões de investimentos.
Revista Ferroviaria - RJ 16/12/2024
As construtoras ferroviárias estão buscando estabelecer e fortalecer parcerias para desenvolver projetos de longo prazo, modernizar o setor, melhorar a eficiência e superar desafios, como a escassez de mão de obra.
O diretor geral da Pelicano Construções, Fernando Furtado Ribeiro, vislumbra as oportunidades. Para ele, se as operadoras estiverem dispostas a consolidar um espaço de diálogo permanente com as construtoras ferroviárias, os ganhos serão significativos. “A consolidação de um ‘know how’ técnico operacional entre os profissionais da área garantirá, tanto às concessionárias quanto às construtoras, uma eficiência na execução dos serviços, que resultará em agilidade e qualidade na entrega dos projetos”, avaliou.
Atualmente, a Pelicano tem adquirido tecnologias e realizado investimentos, graças aos contratos de longo prazo que impactam positivamente o mercado ferroviário brasileiro.
A Prumo Engenharia também citou uma parceria entre Aterpa e o Grupo Avante, que abrange empresas como GSM Mineração, Ferro Puro Mineração, CDB Logística e CDA Logística. Além disso, a construtora está envolvida em mais de 30 projetos de concessionárias ferroviárias brasileiras, sendo a maioria dos contratos com duração superior a 24 meses.
Entre eles, o Lote 1 da Ferrovia da Bamin, que se consolidará como o principal corredor logístico para o transporte de minério e outras cargas na Bahia; e o projeto de regulação de cargas da Rumo, que oferece suporte à concessionária em situações de adversidades no transporte de grãos.
Para o diretor executivo da organização, Endrigo Lucas, a participação crescente da iniciativa privada, através de concessões e parcerias público-privadas (PPPs), está acelerando projetos que estavam paralisados. Outro ponto considerado por ele é que a demanda por transporte de commodities, como minérios e grãos, reforçou a necessidade de investimentos em corredores de exportação. “Essas mudanças posicionam o setor ferroviário como estratégico para o desenvolvimento do país, aumentando a eficiência logística e a competitividade”, afirmou Lucas.
O diretor superintendente da Monteiro Castro, Roberto Nardelli Monteiro de Castro, complementou a visão sobre o mercado ferroviário atual. “A atualização da legislação brasileira, a renovação antecipada das concessões ferroviárias e o investimento público e privado em novas ferro vias, vem aquecendo o mercado, tanto com a construção de novas obras, quanto com a necessidade de renovação e maior manutenção das vias existentes.”
Daqui para frente
Em comum, as construtoras ferroviárias possuem o desafio de empregar mão de obra qualificada. Lucas elucidou o impacto prático das decisões estratégicas. “Com o desenvolvimento dos colaboradores, minimizamos as interrupções nas vias e contribuímos com os clientes para eficiência máxima no transporte de cargas.”
Para superar os entraves atuais, todas as empresas estão intensificando o desenvolvimento e a formação dos profissionais. Nesse contexto, a Pelicano fez uma ressalva: “a formação e a capacitação de novos profissionais dependem de tempo e investimento; neste sentido, é crucial destacar a importância dos contratos de longa duração e as parcerias para garantir a execução com qualidade e menores riscos”, pontuou Ribeiro.
Apesar dessa dificuldade, as construtoras estão otimistas com o futuro do mercado ferroviário, com percepções específicas em relação ao cenário atual.
O diretor financeiro da Cotrin Construtora Trindade, Henrique Trindade, destacou as expectativas. “No curto e médio prazo, temos projetos em andamento, como Fico, Fiol e a extensão da Malha Norte no Mato Grosso. A longo prazo, acreditamos que o país tem grande potencial de crescimento, seja com a construção de novos ramais, short lines e modernizações.”
Para ele, o mercado ferroviário é cíclico e este ano tem sido mais morno, com muitas propostas, mas poucos fechamentos. “Ainda assim, acreditamos que, nos próximos anos, haverá um crescimento exponencial no setor, uma vez que vários projetos de grande porte têm data prevista de início para 2025”, complementou.
Para Monteiro de Castro, o mercado ferroviário vem sofrendo grande variação ao longo dos últimos anos por conta de alteração de legislação e falta de recursos financeiros e planejamentos. No entanto, isso não prejudica. “Nossa empresa entende que estamos passando por um momento de aquecimento. Hoje participamos de três grandes projetos de construção de ferrovias e metrô. Sendo otimista, entendemos que com a nova legislação para concessão ou autorizações para implantação de novas ferrovias e os investimentos previstos com antecipações das concessões, o mercado ampliará”, explicou.
Já a Prumo enxerga oportunidades em contratos recorrentes de manutenção. “Projetos como a Fiol, Ferrovia Norte Sul (FNS) e Transnordestina, fomentados pelo novo PAC, devem gerar uma expansão significativa de demandas no mercado”, destacou Lucas. “A defasagem da malha ferroviária no Brasil cria uma necessidade constante de investimentos e a expectativa é que isso se intensifique à medida que novos projetos de infraestrutura sejam implementados”, acrescentou.
A Pelicano também acredita nos projetos anunciados em diversas frentes pelo país. No entanto, não descarta a necessidade de reavaliar as expectativas de médio a longo prazo. “Estamos falando de um setor fortemente afetado pelos números da economia, especialmente o comportamento e demanda dos mercados, valor das commodities internacionais, política de juros e disponibilidade de recursos para investimentos em infraestrutura”, analisou.
Ribeiro finaliza explicando que “para o crescimento contínuo e robusto, é preciso que os projetos anunciados saiam do papel e que os atores envolvidos tenham segurança jurídica nos investimentos e retornos vislumbrados”.
Portos e Navios - SP 16/12/2024
Um estudo realizado pelo Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (CILIP) da USP e pela Fundação Vanzolini analisa como a construção da ferrovia EF-170 (Ferrogrão) pode aliviar o porto de Santos e ampliar a competitividade da soja brasileira no mercado asiático. A ferrovia, que ligará Sinop (MT) a Itaituba (PA) ao longo de 933 km, também traria benefícios para os demais corredores logísticos do Norte, como os portos de Manaus, Santarém e São Luís, sem reduzir suas demandas.
Os pesquisadores Daniel de Oliveira e Ronaldo Benevides Veloso aplicaram o modelo de decisão Markov para maximizar as utilidades do projeto, revelando que a Ferrogrão expandiria a zona de silos conectados à ferrovia de 20 para 33 cidades, com 27 delas se tornando estratégicas para o novo corredor. Esse crescimento beneficiaria especialmente o Mato Grosso, reduzindo a dependência do Porto de Santos e diminuindo sua zona cativa de 44 para 37 cidades. Corredores para os portos do Norte, representados por áreas vermelhas e verdes no estudo, sofreriam impacto mínimo, com a perda de apenas uma cidade na zona verde.
Além disso, a ferrovia permitirá maior eficiência logística, reduzindo o transporte rodoviário médio de 914 km para 171 km, o que diminuirá os custos de logística e aumentará o rendimento médio por saca de soja em R$ 3,00, passando de R$ 12,25 para R$ 15,25. O projeto também contribuirá para a sustentabilidade, com redução de até 60% nas emissões de gases de efeito estufa. Essas melhorias consolidam a Ferrogrão como um projeto estratégico para fortalecer a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional.
Portal Fator Brasil - RJ 16/12/2024
No ano, Fundo da Marinha Mercante (FMM) destinou mais de R$ 30 bilhões e ajuda a promover a retomada da indústria naval brasileira.
Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM) aprovou no dia 12 de dezembro (quinta-feira) 21 novos projetos, no valor de R$ 10,5 bilhões, contemplando obras de construção, modernização, docagem, manutenção, conversão e reparo de embarcações. Com isso, o valor total aprovado no ano chega a R$ 31 bilhões em projetos disponíveis para contratação de recursos. No acumulado do ano, cerca de R$ 5 bilhões já foram contratados para a expansão da indústria naval.
—Estamos presenciando uma fase de retomada da indústria naval brasileira, que prepara o país para o crescimento socioeconômico promovido pelo transporte aquaviário— avaliou o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho. Na reunião desta quinta-feira, foram apresentados e aprovados projetos para diversas áreas, indicando uma expansão da construção naval. No entanto, os principais projetos estão voltados para a área de petróleo e gás, com a produção de novas embarcações de grande porte.
Costa Filho destacou ainda que a prioridade do governo federal é o crescimento da economia do Brasil. —O Governo Federal tem se empenhado fortemente na retomada da Indústria Naval Brasileira. Estamos buscando constantemente fortalecer nossa indústria, garantir o escoamento da produção nacional e impulsionar setores essenciais, como o de petróleo e gás. Com isso, avançamos no desenvolvimento econômico e criamos novas oportunidades de emprego, contribuindo para o crescimento e a prosperidade do nosso país— finalizou.
Presidida pelo secretário Nacional de Hidrovias e Navegação, Dino Antunes, do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), a reunião do Conselho Diretor do FMM avaliou 24 novos projetos, totalizando um valor superior a R$ 11 bilhões. Trata-se do maior volume de recursos aprovado nas reuniões realizadas nos últimos dez anos.
Segundo o secretário, os projetos demonstram um forte movimento de retomada da indústria naval, especialmente na navegação interior. —De 2011 até 2022, foram aprovados R$ 7 bilhões nessa modalidade. Esse mesmo volume foi observado na atual gestão do Governo Federal. Estamos em um momento muito positivo para a Marinha Mercante. Nosso desafio agora é concretizar a contratação conforme a aprovação —destacou.
Além dos novos projetos, foram reapresentados 20 projetos, totalizando R$ 2,13 bilhões, envolvendo pedidos de extensão de prazo e alteração do estaleiro executor.
A Resolução do CDFMM, contendo os projetos que obtiveram prioridade, será publicada no Diário Oficial da União, e as empresas estarão habilitadas a contratar o financiamento por meio dos agentes financeiros conveniados (BNDES, BB, CEF e BASA). A próxima reunião do CDFMM está prevista para o dia 27 de março de 2025.
O Fundo da Marinha Mercante é administrado pelo Ministério de Portos e Aeroportos, por intermédio do Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante, e visa prover recursos para o desenvolvimento tanto da marinha mercante quanto das indústrias de construção e reparação navais no país.
Valor - SP 16/12/2024
Os navios são os primeiros de um plano de aquisição de 25 novas embarcações para transporte de cabotagem, lançado pela Petrobras em julho
O conselho diretor do Fundo da Marinha Mercante (FMM) avalia um pedido de financiamento da Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, para a construção de quatro navios da classe “handy”, com capacidade de transportar entre 15 mil e 18 mil toneladas de porte bruto de derivados de petróleo, apurou o Valor.
O tema foi antecipado pelo site especializado "Brasil Energia". Os navios são os primeiros de um plano de aquisição de 25 novas embarcações para transporte de cabotagem, lançado pela estatal em julho, e vão priorizar as demandas de transporte de produtos da Petrobras.
Em novembro, a Transpetro abriu as propostas comerciais da licitação e ainda aguarda a conclusão de algumas etapas antes de homologar o resultado final. Mais de 20 empresas haviam manifestado interesse no edital para a construção dos navios. A única proposta apresentada foi pelo consórcio liderado pela Ecovix, por um valor total de US$ 1,818 bilhão (cerca de R$ 10,9 bilhões).
O primeiro dos quatro navios deve ser entregue no primeiro semestre de 2026, de acordo com o edital, sendo os demais entregues sucessivamente a cada seis meses, até meados de 2028.
O FMM é administrado pelo Ministério dos Portos e Aeroportos e tem como principal fonte de recursos o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). O tributo calculado sobre a remuneração do transporte aquaviário, com alíquota que varia entre 8% e 40%, a depender do percurso de navegação.
Petrobras já recorreu ao FMM
Além da Transpetro, a própria Petrobras já recorreu ao FMM para financiar a construção de dois novos navios-plataformas (FPSO, na sigla em inglês) para a produção de petróleo na Bacia Sergipe Águas Profundas. A empresa obteve a aprovação, em março deste ano, da concessão de R$ 8,56 bilhões em financiamento para as duas unidades, cujas licitações estão sendo preparadas.
A contratação, porém, está condicionada às análises orçamentárias pós-licitação, de acordo com processo que foi aprovado pelo conselho diretor do FMM em março.
Os FPSOs Seap I e II terão, cada um, capacidade de produzir 120 mil barris de petróleo por dia e 12 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia) de gás natural. A estimativa é que os FPSOs gerem 12 mil empregos diretos e indiretos no pico da construção.
Recentemente, a Petrobras anunciou o relançamento da licitação para construção das plataformas Seap I e Seap II, na modalidade “Built, Operate and Transfer” (BOT), após tentativas malsucedidas de contratação.
O modelo BOT é intermediário entre duas outras modalidades muito utilizadas pela Petrobras: o “EPC”, no qual o vencedor da licitação é responsável por toda a implantação da plataforma, e o afretamento, muito similar a um aluguel.
A modalidade “BOT” envolve a contratação de uma empresa que vai construir e operar o FPSO durante um tempo determinado, para depois transferir o ativo à Petrobras.
Monitor Digital - RJ 16/12/2024
O Estaleiro Enseada, localizado em Maragogipe (BA), vai retomar as atividades, após quase uma década de portas fechadas, com a construção de barcaças mineraleiras para a mineradora LHG Mining, empresa do grupo J&F. O Estaleiro Enseada, foi um símbolo de desenvolvimento da região entre 2012 e 2015, gerando mais de 7 mil empregos diretos e movimentando a economia de pelo menos 15 municípios do Recôncavo Baiano.
O projeto prevê a construção de 80 barcaças, gerando 300 empregos diretos e 900 indiretos. A encomenda deverá ser realizada por quatro estaleiros brasileiros localizados nas regiões Norte e Nordeste, incluindo o Enseada, no âmbito da revitalização da indústria naval no Brasil. O primeiro lote de 10 embarcações, com capacidade de transportar 2.900 toneladas cada, deverá ser entregue em 2025.
As operações do estaleiro foram interrompidas com a operação Lava Jato, que atingiu várias empreiteiras nacionais, sobretudo da construção pesada. “Esse ataque que tivemos à economia nacional e à engenharia brasileira atrasou e muito a nossa indústria naval. Se não fosse esse verdadeiro atentado à indústria nacional, hoje teríamos uma indústria naval competindo com a China, o Japão, Cingapura e Coreia do Sul”, destaca Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Segundo o Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese), a Lava Jato afetou 4,4 milhões de empregos e 3,6% do PIB do país. Desde o encerramento das atividades do Enseada, a movimentação do estaleiro se restringe à operação do Terminal de Uso Privado (TUP), com a carga e descarga de imensas carretas que transportam minério e grãos.
“Além deste contrato com a LHG Mining, estamos avançando com a licitação para construção de dez embarcações OSRVs – que são embarcações de manuseio de barreiras que operam no apoio às operações de contenção de derramamento de óleo – com pelo menos, seis delas destinadas ao Estaleiro Enseada. E seguiremos lutando, também, para reativar o Estaleiro de São Roque”, finaliza o coordenador-geral da FUP.
Bacelar ressaltou, ainda, a assinatura de contrato para a construção de 12 embarcações do tipo PSV, pela Petrobras, com um investimento de R$ 5,2 bilhões. As construções serão realizadas nos estaleiros Starnav e BRAM, em Santa Catarina, e vão gerar 11 mil empregos diretos e indiretos, fortalecendo a Indústria Naval brasileira e promovendo a geração de emprego, renda e riqueza.
Globo Online - RJ 16/12/2024
Tentativas de usar a Petrobras para reerguer a indústria naval já deram errado no passado. Mesmo assim, a estatal acaba de anunciar novos investimentos com a mesma intenção: seis contratos de R$ 16,5 bilhões para construção e afretamento de 12 embarcações. Desses, R$ 5,2 bilhões serão destinados a estaleiros nacionais, a maior encomenda nos últimos dez anos. As empresas Bram Offshore e Starnav Serviços Marítimos operarão as 12 embarcações, construídas por seus próprios estaleiros em Santa Catarina. A presidente da estatal, Magda Chambriard, afirma que serão criados 11 mil empregos diretos e indiretos.
O novo plano de negócios da Petrobras prevê investimentos de US$ 111 bilhões até 2029, com contratação de 11 plataformas de produção de petróleo e gás, 30 novas sondas de exploração e 90 equipamentos submarinos de apoio às operações em alto-mar. É um vasto manancial de recursos, que o governo tem tentado dirigir com o intuito de reerguer a indústria naval.
Em julho, a Transpetro, subsidiária da Petrobras, anunciou a licitação de quatro petroleiros de pequeno porte para navegação de cabotagem, também com reserva de mercado e subsídios. Está previsto para 2026 o lançamento ao mar do primeiro. Ao todo, serão 25, para transportar combustíveis pelo litoral (com investimento entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões). Há ainda proposta para 12 embarcações de recuperação de óleo derramado no mar e mais dez de apoio.
O financiamento ao setor naval vem do Fundo de Marinha Mercante, administrado pelo BNDES. Os juros, subsidiados com recursos públicos, variam de 2,3% a 3,3% ao ano. Podem cair ainda mais para quem se comprometer a entregar navios com no mínimo 65% de conteúdo nacional.
No auge da última tentativa fracassada de usar encomendas da Petrobras para financiar a indústria naval, no segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na gestão de Dilma Rousseff, os estaleiros empregavam 85 mil funcionários. Hoje restam 26 mil. O plano desabou em meio à ineficiência crônica dos estaleiros nacionais diante dos competidores externos e a denúncias de corrupção. A Sete Brasil, subsidiária da Petrobras criada para arrendar sondas à estatal, não recebeu uma sequer das 29 que havia encomendado aos estaleiros. Sua falência foi decretada em 2019.
Em seus planos, Chambriard confirma estar de acordo com a visão do governo para a Petrobras: usá-la como “indutora do desenvolvimento”. Trata-se de uma visão anacrônica da política econômica, baseada em reservas de mercado, deixando em segundo plano a busca pela eficiência no uso dos recursos. A experiência demonstra que as empresas nacionais não conseguem ser competitivas diante dos fornecedores externos, mas insiste-se no erro, como se a insistência em algum momento pudesse gerar resultado diferente. Não há preocupação com o custo para os acionistas da Petrobras — o maior é a própria União — nem com as consequências que a má alocação do capital trará para a economia brasileira.
Portos e Navios - SP 16/12/2024
Estaleiro será parceiro do grupo marítimo holandês-brasileiro, que venceu licitação da Petrobras para entrega de embarcações multipropósito híbridas de grande porte (5.000 DWT)
O Estaleiro Enseada (BA) construirá 6 PSVs-OSRVs multipropósito híbridos de grande porte (5.000 DWT) para operação para a Petrobras. O construtor será o parceiro da Compagnie Maritime Monegasque (CMM), que venceu a licitação para entregar as embarcações à companhia brasileira. As embarcações são projetadas para versatilidade e eficiência e deverão contar com contratos de 12 anos com a Petrobras, garantindo sua utilização a longo prazo no suporte às operações offshore.
Os PSVs-OSRVs contarão com um novo design da Kongsberg Ship Design e um sistema de propulsão híbrido com motores Wärtsilä, que tornarão as embarcações 30% mais eficientes em consumo de combustível em comparação com navios convencionais. A combinação de design inovador, propulsão avançada e motores eficientes otimiza o consumo de combustível e aumenta a segurança operacional.
As embarcações estão projetadas para uma futura adaptação ao uso de etanol como combustível, o que poderá reduzir em até 70% as emissões de carbono após a implementação. “Estamos entusiasmados em contribuir para este projeto transformador, que não apenas fortalece nossa parceria com líderes globais como a CMM, mas também solidifica nosso compromisso em apoiar a economia brasileira, avançar a indústria local e impulsionar a inovação no setor marítimo”, disse Ricardo Ricardi, CEO do Estaleiro Enseada.
A CMM é um grupo marítimo holandês-brasileiro com sede operacional no Rio de Janeiro. Especializada em operações offshore e de transporte marítimo. “Essas embarcações são um testemunho do nosso compromisso com a sustentabilidade e o desempenho a longo prazo. Com contratos firmes de 12 anos com a Petrobras, elas desempenharão um papel essencial no suporte às operações offshore nos próximos anos”, acrescentou Christophe Vancauwenbergh, CEO da CMM.
O Enseada terá apoio de outra empresa do grupo Novonor, a Tenenge, especializada em engenharia industrial com foco em projetos complexos em setores críticos como petróleo e gás, químico e petroquímico, papel e celulose, e energia. “Este projeto representa um marco significativo para os setores industrial e marítimo do Brasil. Ao unir as forças da Tenenge e do Enseada, estamos prontos para entregar embarcações que incorporam inovação, eficiência e sustentabilidade”, afirmou Maurício Almeida, CEO da Tenenge e presidente do conselho de administração do Enseada.
Infomoney - SP 16/12/2024
Os preços do petróleo subiram cerca de 2% nesta sexta-feira, atingindo uma máxima de três semanas, sob expectativas de que sanções adicionais à Rússia e ao Irã possam restringir a oferta e que as taxas de juros mais baixas na Europa e nos Estados Unidos possam impulsionar a demanda por combustível.
Os contratos futuros do Brent subiram 1,08 dólar, ou 1,5%, a 74,49 dólares por barril. O petróleo West Texas Intermediate dos EUA subiu 1,27 dólar, ou 1,8%, a 71,29 dólares.
Esse foi o maior fechamento do Brent desde 22 de novembro e colocou o contrato com alta acumulada de 5% na semana. O WTI registrou um ganho de 6% na semana e fechou em seu valor mais alto desde 7 de novembro.
“Essa força está sendo impulsionada por ( ) expectativas de sanções mais rígidas contra a Rússia e o Irã, orientação econômica chinesa mais favorável, caos político no Oriente Médio e perspectivas de um corte nas taxas do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) na próxima semana”, disseram analistas da empresa de consultoria em energia Ritterbusch and Associates em uma nota.
Os embaixadores da União Europeia concordaram em impor um 15º pacote de sanções à Rússia nesta semana por causa de sua guerra contra a Ucrânia, tendo como alvo sua frota de navios-tanque. Os EUA estão considerando medidas semelhantes.
Reino Unido, França e Alemanha disseram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que estavam prontos, se necessário, para retomar sanções internacionais contra o Irã para evitar que o país adquira armas nucleares.
Dados chineses desta semana mostraram que as importações de petróleo no maior importador do mundo cresceram anualmente em novembro, pela primeira vez em sete meses. Elas devem permanecer elevadas até o início de 2025, uma vez que as refinarias optam por aumentar a oferta do principal exportador, a Arábia Saudita, atraídas pelos preços mais baixos, enquanto as refinarias independentes correm para usar sua cota.
A Agência Internacional de Energia (AIE) aumentou sua previsão para o crescimento da demanda global de petróleo em 2025 para 1,1 milhão de barris por dia (bpd), de 990.000 bpd no mês passado, citando as medidas de estímulo da China.
Valor - SP 16/12/2024
Entre ganhadores, chama a atenção o perfil diverso, com grupos tradicionais, gestoras, construtoras e estrangeiros
O mercado de rodovias, que já vinha atraindo novos investidores, deu um salto neste ano com a entrada de novos operadores e a diversificação dos grupos que atuam no setor. Os dez leilões de concessões rodoviárias realizados até o momento em 2024 tiveram oito diferentes ganhadores, com perfis distintos.
Dessas dez licitações, apenas uma não atraiu ofertas: a Rota da Celulose, do Mato Grosso do Sul. Porém, a expectativa é que o projeto seja reformulado e republicado no ano que vem.
Nos demais nove leilões, houve oito ganhadores. Apenas um grupo levou dois contratos, a CCR, que conquistou a Rota Sorocabana, leiloada pelo governo paulista no fim de outubro, e o Lote 3 de rodovias do Paraná, licitado nesta semana pelo governo federal.
Também chama a atenção o perfil diverso das ganhadoras - que incluem operadores tradicionais, companhias estrangeiras, construtoras locais e gestoras de investimentos - e a presença de diversos novos atores.
O governo federal realizou seis leilões rodoviários neste ano - até o momento, dado que ainda há um último marcado para esta semana. Entre os seis projetos, cada contrato ficou com uma empresa diferente. A concessão da BR-040, entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, foi arrematada pela EPR, plataforma da Equipav com a Perfin. A BR-381 em Minas Gerais, a chamada “Rodovia da Morte”, foi conquistada pela 4UM (ex-J.Malucelli). A Rota dos Cristais, da BR-040 entre Minas e Goiás, ficou com a francesa Vinci. A Rota do Zebu, em Minas, foi conquistada por um consórcio da gestora Kinea e da Engeform. A Rota Verde, em Goiás, ficou com um consórcio da Aviva, da Azevedo e Travassos. Por fim, o Lote 3 do Paraná foi conquistado pela CCR.
Destes, foram novidades em leilões de rodovias a 4UM, o consórcio da Kinea, o consórcio da Azevedo e Travassos e a francesa Vinci - esta última já tinha concessões no país, mas conquistadas via aquisição, e não licitação.
Entre os projetos estaduais, o governo de São Paulo licitou três contratos, com três ganhadores diferentes. O Lote Litoral Paulista foi conquistado por um consórcio de construtoras (CBI e a CLD). A Nova Raposo ficou com a Ecorodovias, e a Sorocabana foi arrematada pela CCR.
Neste ano, ainda há mais um leilão do setor, do Lote 6 do Paraná, marcado para quinta (19). No mercado, a expectativa gira em torno de EPR, Pátria e o consórcio da 4UM com o Opportunity - este último é mais um grupo que vem tentando conquistar seu primeiro contrato no setor. Os três já disputaram o Lote 3 na última quinta, mas perderam.