Investing - SP 20/12/2024
As vendas de distribuidores de aços planos brasileiros devem crescer 1,5% no próximo ano, de acordo com estimativa divulgada nesta quinta-feira pelo Inda, que representa o setor, o que deve representar uma melhora frente à performance apurada em 2024.
A expectativa de alta de vendas no próximo ano ocorre diante de uma expectativa de queda nas importações, pressionadas pela desvalorização do câmbio e medidas de defesa comercial adotadas pelo país e que devem ser reforçadas, segundo expectativa da indústria, por conclusões de processos antidumping pelo governo federal no início do ano.
O presidente do Inda, Carlos Loureiro, afirmou em apresentação a jornalistas que as siderúrgicas programam alta de 7% a 7,5%, em média, nos preços de todos os aços planos a partir de janeiro.
Em novembro, as vendas de aços planos por distribuidores somaram 296,8 mil toneladas, queda de 9,6% ano a ano, enquanto as compras somaram 295,6 mil toneladas, recuo de 13,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Na base mensal, caíram 15,1% e 17,1%, respectivamente.
As importações encerraram com declínio de 2,8% ano a ano, com volume total de 206,1 mil toneladas no mês passado. Em relação a outubro, houve queda de 25,4%.
O giro de estoque em novembro fechou em 3,3 meses.
Para dezembro de 2024, a expectativa do Instituto Nacional do Distribuidores de Aço (Inda) é de que as compras e vendas tenham uma queda de 20% em relação a novembro.
Diário do Comércio - MG 20/12/2024
O preço do aço plano deve subir de 7% a 7,5% em janeiro no Brasil, conforme perspectivas do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). Apesar de não ter sido oficializado pelas indústrias siderúrgicas, o incremento esperado pela instituição se dá em função da valorização do dólar e do aumento da taxa de juros praticados no Brasil.
De acordo com o presidente do Inda, Carlos Jorge Loureiro, os 7,5% de aumento esperados não cobrem, entretanto, a variação do dólar no mês de dezembro, e os dois principais insumos das usinas de produção do aço são o minério de ferro e o carvão.
“São produtos dolarizados, então, realmente, as usinas não possuem muita alternativa a não ser o reajuste”, afirmou.
Com relação ao desempenho da indústria para compras e vendas, o Instituto informou que no 11º mês do ano os resultados foram negativos e aquém do que eles esperavam. As vendas de aços planos em novembro contabilizaram queda de 15% quando comparada a outubro, atingindo o montante de 296,8 mil toneladas contra 349,7 mil toneladas. Sobre o mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 328,2 mil toneladas, a queda foi de 9,6%.
Já as compras em novembro registraram redução de 17% na comparação com outubro, com volume total de 295,6 mil toneladas contra 356,5 mil toneladas. Frente a novembro do ano passado (341,6 mil toneladas), houve queda de 13,5%.
A retração acabou por interferir no desempenho anual. De janeiro a novembro, as vendas cresceram apenas 1,6%, quando o esperado era em torno de 3%. Já as compras no mesmo período tiveram um crescimento de 2,9%, se comparado com o mesmo intervalo de tempo do ano passado.
A retração nas vendas, segundo o presidente do Inda, foi resultado do menor número de dias úteis do mês de novembro (19 no total), consequência do excesso de feriados no mês. Além do fator sazonal, a competição com os importados é outro fator considerado o “grande problema da siderurgia nacional”.
Importações não caem como esperado
Apesar das importações terem encerrado o mês de novembro com queda de 25,4% em relação ao mês anterior, com volume total de 206,1 mil toneladas contra 276,4 mil toneladas, o número não foi suficiente para alcançar os índices esperados pelo instituto, que eram de crescimento menor que 10%.
De janeiro a novembro, a alta acumulada das importações ainda foi de 15,7%. Com esses resultados, o Inda acabou reduzindo a expectativa de crescimento para o ano e, agora, projeta uma alta de apenas 0,8% para 2024.
“Apesar de todos os esforços, todas as medidas que foram tomadas em termos de cotas, entre outras, nós estamos fechando novembro com um crescimento de quase 16% nas importações. Um crescimento em cima do ano que deixou todo mundo aflito e que acendeu as luzes vermelhas com relação à penetração da importação ano passado”, pontuou Loureiro.
Ele explica que, assim como novembro, o mês de dezembro também terá poucos dias úteis, já que a maioria dos clientes das usinas entram em férias coletivas a partir da próxima semana, e o setor não conseguirá melhorar o desempenho.
“O número de dias úteis caiu muito e isso está nos levando a esperar uma queda de 20% nas vendas em dezembro. Se confirmada, a expectativa do ano será bem abaixo dos índices que estávamos tentando atingir”, diz.
Com as vendas menores, os estoques crescem. Se comparado com novembro do ano passado, o estoque apurado em novembro deste ano é 12,9% maior. Enquanto agora há 981,1 mil toneladas em estoque, em novembro de 2023, eram 869,1 mil toneladas.
Perspectivas para 2025
Para o ano que vem, o Inda espera crescer 1,5% em relação a 2024. Apesar da indústria nacional já ter perdido muito mercado, o presidente do Inda espera não perder mais. Entretanto, a alta do dólar e o aumento da taxa de juros devem impactar, na visão do presidente, o consumo do aço no Brasil.
“Já se fala em juros a 14,25%. Então, haverá impactos, basta ver a indústria automobilística que é responsável pelo consumo de 35% de aço no Brasil, e espera crescer quase 16% este ano. Eles já estão prevendo queda para 5% de crescimento no ano que vem”, conclui Loureiro.
IstoÉ Dinheiro - SP 20/12/2024
Apesar de um fluxo constante de reuniões e telefonemas com autoridades norte-americanas e de três propostas reformuladas para amenizar as preocupações com a segurança nacional, a Nippon Steel não conseguiu obter a aprovação de um poderoso painel que está analisando sua oferta de 14,9 bilhões de dólares pela U.S. Steel, segundo uma carta vista pela Reuters.
A carta, enviada no sábado, prepara o terreno para que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que há muito tempo se opõe ao acordo, o bloqueie. O Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS), que analisa os negócios quanto aos riscos à segurança nacional, tem um prazo até 23 de dezembro para aprovar o acordo, estender a análise ou recomendar que Biden o impeça.
Se as agências que compõem o painel continuarem em desacordo, como afirma a carta, elas encaminharão o assunto a Biden para que tome providências.
O histórico de contatos desde o início de setembro, incluindo quatro reuniões presenciais com a CFIUS, três ligações telefônicas, incluindo uma na sexta-feira com os secretários dos departamentos do Tesouro e do Comércio, bem como os três acordos de mitigação propostos, está contido em uma carta datada de sábado enviada à Nippon Steel pela CFIUS, que não fora noticiada anteriormente.
O documento mostra o quanto as empresas se esforçaram para tentar obter a aprovação para a polêmica fusão, mesmo quando a carta sinaliza que o negócio provavelmente está condenado.
“O Comitê ainda não chegou a um consenso sobre se as medidas de mitigação propostas pelas Partes seriam eficazes… ou se elas resolveriam o risco à segurança nacional dos EUA decorrente da Transação”, escreveu o CFIUS no documento.
“O presidente pode tomar as medidas que considerar apropriadas para suspender ou proibir uma transação que ameace prejudicar a segurança nacional”, acrescentou.
A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. O Departamento de Comércio, que está co-liderando a análise do acordo, e o Tesouro, que lidera o CFIUS, não quiseram comentar.
A Nippon Steel disse que “se envolveu de boa fé com todas as partes para enfatizar como a transação reforçará a segurança econômica e nacional norte-americana ao combater as ameaças impostas pela China”.
A U.S. Steel disse em um comunicado que a Nippon Steel oferece, “de longe, o futuro mais brilhante para a U.S. Steel”, acrescentando que nenhuma outra parte pode fazer os bilhões em investimentos que a Nippon Steel prometeu fazer.
“A U.S. Steel não fará — e não tem os recursos — para fazer isso por conta própria”, acrescentou. As ações da U.S. Steel caíram 1% após a reportagem da Reuters.
A proposta enfrentou oposição de alto nível dentro dos EUA desde que foi anunciada há um ano, com Biden e seu sucessor, Donald Trump, atacando-a enquanto tentavam atrair eleitores sindicais no Estado da Pensilvânia, onde a U.S. Steel está sediada. O presidente do sindicato United Steelworkers Union se opõe à união.
A fusão parecia estar prestes a ser bloqueada depois que as empresas receberam uma carta do CFIUS em 31 de agosto, vista pela Reuters, argumentando que o acordo poderia prejudicar o fornecimento de aço necessário para projetos críticos de transporte, construção e agricultura.
Mas a Nippon Steel, contrapondo que seus investimentos, feitos por uma empresa de uma nação aliada, de fato reforçariam a produção da U.S. Steel, conseguiu uma extensão de 90 dias para a revisão. Isso deu à CFIUS até depois da eleição de novembro para tomar uma decisão, alimentando a esperança entre os apoiadores de que o clima político mais calmo poderia sustentar a aprovação do acordo.
Mas a carta de 29 páginas da CFIUS no sábado mostra que as esperanças provavelmente eram infundadas.
O Estado de S.Paulo - SP 20/12/2024
A Petrobras assinou um Protocolo de Intenções com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a CSN Inova Soluções, empresa do grupo dedicada a projetos de inovação, para começar a estruturar uma parceria de negócios visando à implantação de uma planta de hidrogênio de baixo carbono em escala comercial no Paraná.
Segundo a estatal, a iniciativa tem o objetivo de apoiar os esforços de descarbonização das operações e produtos de ambas empresas.
A celebração deste protocolo está alinhada ao Plano Estratégico 2050 e ao Plano de Negócios 2025-2029 (PN 2025-29) que, segundo a petrolífera, visam preparar a Petrobras para liderar a transição energética justa, reduzindo suas emissões e ampliando a oferta de produtos mais sustentáveis.
O hidrogênio de baixo carbono pode ser utilizado em processos industriais ou como combustível e será obtido por meio da eletrólise da água a partir de fontes renováveis de energia elétrica.
Infomoney - SP 20/12/2024
A Usiminas deve aumentar preços de aço em 2025 diante da pressão da desvalorização do real ante o dólar sobre suas contas, afirmou nesta quinta-feira o vice-presidente financeiro, Thiago Rodrigues, em apresentação a investidores.
“Temos 30% de desvalorização do real desde janeiro Isso significa maiores custos e necessidade de repasse de preços para o aço”, afirmou o executivo. “Nossa expectativa é de preços mais elevados de aço a partir de 2025, refletindo a necessidade de recomposição pela desvalorização do câmbio.”
O executivo comentou ainda que a companhia, maior produtora de aços planos do Brasil, espera que o governo federal adote medidas antidumping contra importações de aço entre o primeiro e segundo trimestres do próximo ano.
Diário do Comércio - MG 20/12/2024
Mesmo com o ano ainda marcado pela pressão dos produtos de aço importados, principalmente da China, e apesar das medidas adotadas por parte do governo federal, a ArcelorMittal chega ao fim de 2024 com motivos para celebrar. A começar pela consolidação como a maior produtora de aço no País e na América Latina e pelo maior plano de investimentos do setor, de cerca de R$ 25 bilhões até 2028.
O Presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO Aços Planos e Mineração LATAM, Jefferson De Paula, falou ao Diário do Comércio sobre os feitos do exercício e também sobre as perspectivas e planos para 2025.
Como foi o desempenho da ArcelorMittal em 2024? Quais as principais conquistas e os principais desafios?
Depois de um dos anos mais desafiadores para a indústria do aço no Brasil, em 2023, em razão do aumento recorde do volume de aço importado, neste ano conseguimos muitos resultados positivos e importantes avanços para a ArcelorMittal no Brasil. Nossa empresa se consolidou como a maior produtora de aço no País e na América Latina, com o primeiro ano da integração da compra da unidade do Pecém (CE) e seguimos com o maior plano de investimentos do setor de produção de aço no Brasil, de cerca de R$ 25 bilhões até 2028. Trabalhamos fortemente na redução dos custos fixos, na economicidade dos contratos de compra de insumos e matérias-primas e no desenvolvimento de produtos e soluções de alto valor agregado. Mantivemos nosso foco no desenvolvimento de talentos, na sustentabilidade do negócio e no aumento da produtividade e competitividade das plantas. Avançamos ainda com a implementação de iniciativas para aumentar, cada vez mais, a diversificação de nossa matriz energética. E, para coroar, neste ano, a empresa foi escolhida Empresa do Ano pelo prêmio Época Negócios 360º, parceria da revista com a Fundação Dom Cabral, líder em inovação aberta no Brasil, pelo Ranking TOP 100 Open Corpse a produtora de aço mais inovadora pelo Ranking Valor Inovação. Entre os desafios, continuamos lidando com a pressão dos produtos de aço importados, principalmente da China. As medidas adotadas pelo governo de impor cotas a estes produtos não surtiu o efeito esperado. Além disso, temos o desafio de ampliar o consumo aparente de aço no Brasil, há anos estagnado em cerca de 100kg/habitante/ano, o que representa metade da média mundial.
Qual a capacidade produtiva hoje do Grupo ArcelorMittalno mundo e no Brasil?
As plantas brasileiras têm capacidade de produção anual de 15,5 milhões de toneladas de aço bruto e de 5,1 milhões de toneladas de minério de ferro e atendem às indústrias automobilística, de eletrodomésticos, construção civil, óleo e gás, máquinas e equipamentos, dentre outras. Já o Grupo ArcelorMittal atingiu no ano passado uma produção de 59,1 milhões de toneladas de aço bruto.
Como está a utilização da capacidade produtiva das operações brasileiras?
Atualmente, a ArcelorMittal Brasil trabalha com 80% da capacidade produtiva desuas plantas industriais.
Quais foram os avanços no programa de investimentos de R$ 25 bilhões da ArcelorMittal no Brasil?
Em 2024, fortalecemos ainda mais a nossa presença no Brasil, com a entrega de grandes projetos e estabelecimentos de novas parcerias que tornarão a companhia ainda mais eficiente, moderna, inovadora e competitiva.Em novembro, inauguramos a expansão da Unidade Vega, em Santa Catarina, um dos projetos mais significativos do conjunto de investimentos que a ArcelorMittal está realizando no Brasil.A usina catarinense recebeu aportes de R$ 2 bilhões e aumentou a sua capacidade instalada para 2,2 milhões de toneladas por ano. O projeto também ampliou o portfólio de produtos no segmento de aços planos revestidos e laminados a frio, de alto valor agregado. Além disso, a planta industrial passa a ser a primeira unidade fora da Europa a produzir o Magnelis®, uma solução em aço exclusiva da ArcelorMittal, que oferece diferenciais como a alta resistência à corrosão voltados a atender demandas específicas em segmentos como a construção de projetos de energia solar. No campo da sustentabilidade ambiental, o destaque foi a ampliação dos investimentos em energia renovável, que passaram de R$ 4,2 bilhões para R$ 5,8 bilhões, a partir de duas novas joint-ventures firmadas neste ano com a Casa dos Ventos e a Atlas Renewable Energy em projetos de energia solar.As duas plantas, somadas, possuem capacidade de geração de 113 MW médios/ano, o que representará 14% do consumo atual de energia elétrica das unidades da ArcelorMittal no Brasil. Uma das iniciativas será a construção do Parque Luiz Carlos, de energia solar, em Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais. O aporte será de R$ 895 milhões. Sua produção prevista é de 69 MW médios/ano e potência instalada de 269 MW.
Quais os destaques em Minas Gerais?
Estão em andamento os projetos de expansão da unidade de Sabará e da Mina de Serra Azul, com previsão de entregas em 2025.A unidade centenária da operação brasileira ganhou aportes de R$144 milhões para aumentar a capacidade de produção de trefilados em 35%. Já a planta minerária, localizada no município de Itatiaiuçu, vai instalar uma nova planta de produção de pellet feed, um produto nobre, extremamente fino e com alto teor de ferro, que será transformado em pelotas pela ArcelorMittal do México. Com investimentos de R$ 2,7 bilhões, a produção saltará de 1,6 milhão de toneladas ao ano para 4,5 milhões de toneladas de minério de ferro. Em Monlevade, instalamos um novo laminador, que atingiu, em julho, a marca de 1 milhão de toneladas produzidas desde o início da sua operação, em 2022. O equipamento duplicou a capacidade de produção de laminados da unidade e está em linha com a estratégia da empresa de ampliar a fabricação de produtos de alto valor agregado.
Como estão os esforços da companhia para contribuir com a descarbonização da cadeia do aço?
Acreditamos que uma economia global de baixo carbono e a mitigação dos impactos das mudanças climáticas são fundamentais para um futuro sustentável. Por isso, globalmente o Grupo ArcelorMittal foi pioneiro no setor no estabelecimento da meta global de ser carbono neutro até 2050, com uma meta intermediária de redução de 25% até 2030.A prioridade será dada aos processos industriais, onde poderão ser maximizadas tecnologias existentes no curto e médio prazo, enquanto as tecnologias de ruptura sejam consolidadas para implementação em longo prazo. Entre as iniciativas que estão sendo implementadas pelas unidades da ArcelorMittal no Brasil para atingimento da meta intermediária (2030) estão: o aumento do uso de sucata como matéria-prima, utilização de gás natural; otimização do uso de biomassa renovável (carvão vegetal) nas unidades e melhoria da eficiência energética dos processos. Para 2050, a ArcelorMittal conta com o desenvolvimento de tecnologias disruptivas, como, por exemplo, o hidrogênio verde. Importante destacar que, como parte da jornada de descarbonização, a ArcelorMittal Brasil lançou o vergalhão XCarb, o primeiro produto da empresa – produzido na América Latina – com utilização de 100% de material reciclado e 100% de energia renovável na sua produção, garantindo a redução de emissões de CO2 (da ordem de 60%), em relação aos vergalhões tradicionais da empresa. Outro ponto fundamental na jornada de descarbonização é a transição energética. Nesse sentido, estabelecemos a meta de alcançar 100% de energia elétrica renovável certificada até 2030. As unidades da ArcelorMittal no Brasil já são reconhecidamente eficientes em termos energéticos. A Política Energética da ArcelorMittal preconiza o uso eficiente e a conservação da energia como forma de demonstrar sua responsabilidade social e ambiental. As nossas unidades atuam com sistemas de recuperação de calor e/ou reaproveitamento dos gases provenientes dos processos produtivos. As nossas plantas de Tubarão (ES) e Pecém (CE), por exemplo, são autossuficientes em energia elétrica. A integração da Unidade do Pecém também abre perspectivas futuras promissoras. A usina está localizada no Ceará, em uma região onde o desenvolvimento de energias renováveis e hidrogênio verde está sendo pioneiramente realizado no País, o que gera potencial para uma produção de aço de baixo carbono altamente competitiva no futuro.
Considerando os demais pilares do ESG, quais os principais avanços da empresa nos últimos anos?
A ArcelorMittal está comprometida com a agenda ESG e possuía um conjunto de ações e metas referentes a esses três pilares (meio ambiente, social e governança) antes mesmo de a sigla ganhar força no mercado. O que mudou é que começamos a trabalhar todos eles de maneira ainda mais transversal e conectada ao negócio, com o estabelecimento de indicadores e metas claros.Na sustentabilidade, sabemos que o aço, infinitamente reciclável, será fundamental na transição para uma economia de baixo carbono. Da mesma forma, a gestão ambiental da nossa empresa mantém índices significativos de geração própria de energia, recirculação de água, aproveitamento de coprodutos e reciclabilidade. Fomos a primeira produtora de aço no Brasil a ter unidades certificadas pelo ResponsibleSteel, a principal certificação global ESG para a produção de aço sustentável.Paralelamente, por meio da Fundação ArcelorMittal, consolidamos ações importantes em responsabilidade social. O núcleo de investimento e transformação social da empresa completou 36 anos de história em novembro e, durante todo esse período, levou oportunidades a mais de 11 milhões de pessoas em educação, cultura e esporte. Estamos entre as maiores investidoras da cultura e do esporte em Minas Gerais, por meio das Leis de Incentivo. E em 2023, pela primeira vez, a nossa Fundação alcançou os 25 estados e o Distrito Federal.E, em relação à governança corporativa, o grupo é globalmente pautado pelas melhores práticas em Governança Corporativa, Integridade e Ética, sempre em conformidade com as legislações e os mais rigorosos padrões internacionais sobre o tema. Aqui no Brasil, de forma transparente e íntegra, procuramos fortalecer relações e estimular comportamentos pautados por valores éticos e morais, dentro e fora da Companhia.
As medidas do governo para conter a invasão de aço importado foram aquém das expectativas. Na sua avaliação, o que deve ser feito?
Foi um primeiro passo para frear a importação predatória. Avançamos em uma agenda conjunta com o governo federal para limitar a entrada de aço importado com preços comprovadamente fora da lógica concorrencial. Mas as medidas tomadas de cotas e sobretaxas não demonstraram a efetividade esperada, e a importação continuou crescendo significativamente. Até novembro deste ano, as importações cresceram 24,4%, depois de ter aumentado 50% no ano anterior. Por meio do Instituto Aço Brasil, estamos acompanhando de perto e esperamos que o governo possa agir diante dessa situação. Proteger a indústria de base nacional contra a concorrência predatória nos coloca em linha com o que a maior parte dos países do mundo vem fazendo e é coerente com a necessidade de reindustrialização do País.
Qual cenário vislumbra para o próximo ano na conjuntura internacional e nacional?
No cenário mundial, a continuidade da guerra da Ucrânia e a intensificação de conflitos no Oriente Médio se transformaram em risco para o comércio mundial e para as cadeias de suprimentos globais. A China, já sabemos, teve uma expansão da ordem de 5%, demonstrando uma recuperação mais lenta do que o esperado, e o País intensificou suas exportações. Além disso, o novo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaça sobretaxar produtos chineses para o mercado americano. Há o temor de que essa medida aumente ainda mais a invasão de vários itens fabricados na China no mercado brasileiro, inclusive o aço. Nesse processo, precisamos olhar com mais rigor para nosso mercado interno, dinamizar nosso crescimento e estabelecer proteções efetivas contra práticas desleais no comércio global.No mercado doméstico, estamos acompanhando as recentes medidas adotadas pelo governo para o ajuste fiscal e nos preocupa a perspectiva de aumento das taxas de juros no próximo ano. Da mesma forma há preocupação com a tendência de crescimento das importações de aço.Como o aço está diretamente associado ao crescimento do PIB, o País precisa crescer para o setor crescer, e há muitas oportunidades para o aumento do consumo interno. O Brasil tem uma enorme carência de infraestrutura e há grande expectativa com o andamento de projetos baseados nas concessões públicas, no Programa de Aceleração do Crescimento, voltado para a infraestrutura e que prevê uma série de investimentos em rodovias, saneamento, portos e ferrovias, além do Minha Casa, Minha Vida, destinado à construção de moradias. Mesmo diante do cenário desafiador interno e externo, mantemos nosso otimismo e estamos preparados para enfrentar os obstáculos, pois somos uma empresa eficiente, competitiva e resiliente. Para o Grupo ArcelorMittal, o negócio Brasil é estratégico. Somos a maior produtora de aço no Brasil, temos a maior rede de distribuição e o melhor portifólio. Seguiremos no próximo ano investindo no desenvolvimento do nosso time e dos nossos líderes, fortalecendo a nossa empresa e contribuição para o desenvolvimento do País.
O Estado de S.Paulo - SP 20/12/2024
O cenário de incerteza sobre a continuidade do crescimento da economia brasileira nos níveis de 3% ao ano nos próximos anos, as perspectivas da demanda nacional de aço e o comportamento das importações de aço chinês, que têm mantido ritmo forte, são os principais motivos que levaram a ArcelorMittal a pôr em banho-maria um investimento de até R$ 4 bilhões, em Minas Gerais. O projeto, avaliado como relevante na estratégia do grupo, prevê duplicar a fábrica que opera no município de João Monlevade.
Somente daqui três anos essa obra deverá entrar novamente no portfólio de investimentos do grupo, disse o presidente da companhia, Jefferson De Paula, em entrevista exclusiva ao Estadão. Já os investimentos que estão em andamento, que fazem parte de um pacote de R$ 25 bilhões de 2022 a 2027, estão mantidos, afirmou o executivo.
A expansão da usina de João Monlevade consiste na instalação de uma linha completa - sinterização de minério de ferro, um novo alto-forno e uma aciaria com capacidade de gerar 1,1 milhão de toneladas por ano, ao lado da atual fábrica, de capacidade similar. A empresa já tem área disponível, infraestrutura e projeto tecnológico, revisado para a planta industrial. “É um investimento de peso, que o grupo considera muito relevante, mas em condições de demanda firme no País e freio na enxurrada de importações”, comentou De Paula.
Segundo dados do Instituto Aço Brasil, a fatia do produto importado neste ano, na média para aços planos e longos, está em 20% do consumo do País. As siderúrgicas defendem que o patamar saudável de competição é de 8% até 10%.
O CEO da companhia afirma que o grupo pretende continuar investindo no Brasil, mas para isso será necessário crescimento da economia na faixa de 2% a 3% e o consumo de aço em torno de 3% por ano, além de se implantar uma política que garanta competição isonômica com o importado. “O terceiro pilar do tripé está com a gente, que é garantir operações super competitivas. Temos a melhor performance do grupo no mundo e no Brasil somos líder na produção (42%) e de mercado.”
De Paula informa que Lakshmi Mittal, chairman executivo do grupo e principal acionista, acredita que o Brasil tem condições de crescer, pois tem um mercado consumidor de 100 milhões de pessoas para uma população de 210 milhões. Se houver ajustes nas condições macroeconômicas, destaca o executivo, o grupo não deixará de fazer novos investimentos.
A avaliação de De Paula é que o governo brasileiro precisa controlar mais os gastos fiscais para o País poder investir. “A reforma fiscal, da forma como foi feita, gerou muito ruído e incertezas. Dólar a R$ 6 eleva inflação, e Selic projetada a 14,25% cria um ambiente muito ruim aos negócios. Já vamos para 9% de juro real. Uma parcela de empresas nem tem margem de retorno de 9%. Com isso, a economia trava”, diz.
CEO defende ‘hard cota’ para conter importações
Na avaliação do executivo, o sistema de cota-tarifa para as importações de aço, da forma como foi implementado, não atingiu seu objetivo. As importações vão fechar o ano com alta de 24% sobre 2023 e a projeção é subir 11% em 2025. O acordo com governo, anunciado em abril e em vigor desde 1.º de junho, estabeleceu média de entrada de aço de 2020 a 2022 acrescida de 30%. E só abrangeu novo tipos de aço dos 18 pleiteados pelo setor, além de outros dois tipos na área de tubos.
“Não funcionou e na nossa visão, ao final de maio, terá de ser mudado para um modelo de “hard cota” (cota rígida), como o que foi estabelecido pelo governo americano contra o Brasil em 2018, na gestão de Donald Trump”, disse De Paula. Ele destacou que as importações de produtos, principalmente da China, que eram de 2 milhões de toneladas em 2020, saltaram para 5,1 milhões de toneladas neste ano.
Ele defende que seja definida uma cota alta, por volta de 3 milhões de toneladas, e aplicada como limite às importações de forma geral. A principal origem, segundo o Instituto Aço Brasil, continua sendo a China - 92% do volume de material laminado internado no País este ano. “A ‘hard cota’ é a única forma de resolver um problema sério como este, que preocupa toda a siderurgia brasileira”, ressalta o executivo.
Foco em oportunidades de aquisições, energia renovável e valor agregado
O Brasil é um país estratégico para os negócios do grupo indo-europeu ArcelorMittal, comandado pelo empresário indiano Lakshmi Mittal, que esteve no Brasil recentemente, e seu filho, Aditya, atual CEO. “As operações brasileiras, que representam de 10% 12% da produção total do grupo, respondem por 25% do Ebitda (lucro operacional) consolidado. Somos benchmark em produtividade e custos”, diz De Paula.
Por isso, a companhia não titubeou ao surgir a oportunidade de comprar a siderúrgica que a Vale e seus dois sócios asiáticos tinham no complexo portuário e industrial de Pecém, no Ceará. O valor do negócio foi de US$ 2,2 bilhões (na época, julho de 2022, equivalente a R$ 11,2 bilhões). “Era a mais moderna produtora de placas do País, que entrou em operação em 2015. Foi uma grande oportunidade de aquisição, com preço atraente, que disputamos com dois outros interessados locais”, diz o executivo.
A compra de Pecém, apta a fazer 3 milhões de toneladas ao ano, voltada para exportação, posiciona o grupo nas regiões Nordeste e Norte, onde não tinha operações produtivas. Com a siderúrgica, passou a produzir 42% do aço brasileiro. Antes estava concentrada em Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.
A localização, diz o CEO, fica próxima dos grandes mercados consumidores de placas. Pecém vai suprir usinas do grupo nos EUA, Canadá e Europa, e vender uma pequena fatia internamente. “Pecém é uma plataforma futura de crescimento no Brasil. Poderá abrigar uma laminação de aços planos e outra de longos, além de outras alternativas.”
Do pacote de investimentos de R$ 25 bilhões, entre 2022 e 2027, a compra da usina de placas representou 40%. O segundo maior aporte de recursos foi destinado à geração de energia renovável. São quase R$ 6 bilhões em três projetos: dois na Bahia, um eólico e outro híbrido (solar+eólico) e um solar na região noroeste de Minas Gerais, que estarão prontos em 2026. Estão sendo instalados em parcerias com a Casa dos Ventos e a Atlas Renewable Energy.
Segundo De Paula, vão proporcionar quase 65% da energia consumida pelas operação da companhia no País, com custo mais competitivo e reduzindo emissões de CO2 na fabricação de aço. Com a autogeração que tem nas siderúrgicas de Tubarão (ES) e de Pecém, a companhia atinge 86% de autossuficiência energética. “Nossa meta é chegar a 100%”, diz.
Nesse plano de seis anos, a empresa está investindo R$ 2,7 bilhões para triplicar a produção de minério de ferro que tem na região de Serra Azul (MG). A razão do projeto é obter um produto nobre, pellet-feed com 68% de teor de ferro, muito desejado por siderúrgicas para baixar a geração de CO2. No caso, todo o volume, 4,5 milhões de toneladas anuais, será exportado para a planta de pelotização do grupo no México, que irá suprir o alto-forno da usina de aço local.
Esse investimento da mineração e o da modernização e expansão da usina de aço de Barra Mansa, no Estado do Rio de Janeiro, vão ser concluídos no segundo semestre de 2025.
A siderúrgica fluminense terá um novo laminador e a reforma da unidade de produção de tarugos de aço, com desembolso de R$ 1,6 bilhão. Está previsto aumento de 450 mil toneladas de produtos laminados, como perfis e barras usadas pela indústria automobilísticas. “São produtos que não tínhamos e que agora nos permitem entrar em alguns mercados”, diz De Paula.
Há menos de dois meses, a ArcelorMittal inaugurou a nova linha de produção de aço galvanizado em São Francisco do Sul (SC), na qual investiu R$ 2,2 bilhões. O projeto, que começou a ser planejado em 2014 e, devido à crise econômica do País, só foi retomado em 2021, passou a colocar no mercado mais 600 mil toneladas de aço revestido que tem aplicações em várias indústrias, como automotiva, construção civil e de bens eletrodomésticos.
A planta catarinense, conhecida como Vega, incorporou uma tecnologia de aço especial (Magnelis) do grupo, com maior poder de proteção contra corrosão e que não existia no País. Os principais mercados são silos, estruturas de painéis solares, telhas, galpões. Outro investimento concluído, de R$ 150 milhões, é o da unidade de Sabará, próxima de Belo Horizonte. Visou a aumentar a capacidade de aço de alto valor agregado - barras usadas no setor automotivo - em 40% (para 150 mil toneladas).
Para 2027, informou o CEO, está definida e aprovada a reforma e modernização do atual alto-forno da usina de João Monlevade, O desembolso de R$ 1 bilhão irá trazer, além de nova vida útil à instalação, inovações tecnológicas que permitirão reduzir as emissões de carbono. Por exemplo, passar a utilizar uma quantia de carvão vegetal no lugar de coque mineral, que gera CO2. E também gás natural, se o elevado custo no País (de até US$ 16 por milhão de BTU, quatro vezes o da Argentina) permitir. Na capacidade de produção estão previstos cerca de 100 mil toneladas a mais (10%) com a reforma no alto-forno.
Diário do Vale - SP 20/12/2024
O Rio de Janeiro produziu 817 mil toneladas de aço em novembro, o que representa um crescimento de 10% na produção, em comparação com o mesmo mês do ano passado. O índice mostra que o estado respondeu, no mês, por 29,4% da produção total do país. Os dados são do Instituto Aço Brasil, que representa as empresas brasileiras produtoras de aço.
“É com grande satisfação que tenho acompanhado o crescimento contínuo da produção de aço em nosso estado. O bom desempenho da indústria siderúrgica se reflete no crescimento econômico ao promover investimentos, gerar milhares de empregos, e contribuir para o desenvolvimento das regiões onde atua e para a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais”, comenta o governador Cláudio Castro.
De janeiro a novembro, o Estado do Rio acumula 8,2 milhões de toneladas produzidas, ou seja, uma alta de 2,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Em novembro tivemos a segunda alta consecutiva. Em outubro, o estado produziu 864 mil toneladas de aço, um crescimento de 8,3% da produção. O Rio de Janeiro é o segundo maior produtor nacional de aço, essencial para a construção civil e obras públicas, e seu consumo tem ligação direta com o progresso econômico”, explica a secretária interina de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, Fernanda Curdi.
O Estado de S.Paulo - SP 20/12/2024
Um dólar ao redor de R$ 6 por si só já é motivo de preocupação com a inflação, mas o momento atual exige ainda mais cuidado. Isso porque o repasse da desvalorização da moeda brasileira para os preços ao consumidor está mais forte. O chamado pass through (o repasse da taxa de câmbio aos preços dos produtos) maior decorre da atual dinâmica da economia brasileira, que tem crescido acima de sua capacidade. Além disso, incertezas com os rumos da política fiscal e a própria trajetória da inflação adicionam mais cautela ao cenário, turbinando o efeito da moeda nos itens vendidos ao consumidor.
O repasse do câmbio foi mencionado pelo Banco Central na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro, que elevou a Selic para 12,25% ao ano e indicou mais dois aumentos de 1 ponto porcentual. No texto, o colegiado citou que o repasse “aumenta quando a demanda está mais forte, as expectativas estão desancoradas ou o movimento cambial é considerado mais persistente”.
“A economia parece ter vários desequilíbrios atualmente, com destaque para uma demanda que está esticada em relação à oferta”, reforça o economista da consultoria Quantitas João Fernandes. “Começa-se a antecipar que haverá efeitos inflacionários, mas ninguém sabe ao certo o tamanho deles. Com um ambiente de dólar alto, as pessoas (formadores de preço) pensam: ‘eu não sei quanto mais esse dólar vai subir, mas isso vai virar custo para mim, então é melhor eu repassar essa desvalorização cambial logo’”, diz.
No modelo de projeção de inflação, ele trabalha com um pass through do câmbio entre 8% e 10%. Isso significa que uma desvalorização do câmbio de 10% pode levar, no limite, a um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de quatro trimestres à frente 1 ponto porcentual mais alto. “Até mais ou menos 2021, esse repasse era mais baixo, entre 6% e 7%”, aponta.
Fernandes ressalta, contudo, que há gradações diferentes desse repasse, a depender do tipo de item, já que nos alimentos (14%) e bens industriais (8%) a tendência do repasse é muito mais forte do que nos serviços (2%).
O economista da Terra Investimentos Homero Guizzo tem uma análise semelhante, já que, segundo ele, em momentos em que a economia opera muito próxima ou acima de sua capacidade, como o atual, é natural que a desvalorização do câmbio seja repassada com mais rapidez e força aos preços ao consumidor. “Se o hiato do produto (o quanto a economia cresce acima da capacidade) efetivo estivesse um pouco acima, e não expressivamente acima, a depreciação seria absorvida nas cadeias de distribuição mais facilmente”, afirma Guizzo.
Ele calcula que o pass through da desvalorização cambial costumava ficar em torno de 4%, mas, no ambiente atual está em 8%. Ou seja, a cada 10% de desvalorização da moeda, o headline do IPCA aumenta 0,8 ponto porcentual, estimativa próxima a da Quantitas.
Já a estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa ngelo, aponta não só para a intensidade desse repasse, mas para sua velocidade, que também está maior.
Ela conta que um estudo feito pela Warren mostrou que a defasagem de movimentos de desvalorização cambial para os preços ao consumidor, que no período pré-pandemia durava até quatro trimestres, hoje tem ocorrido praticamente dentro de apenas um trimestre, ao menos numa cesta específica de itens, que tem correlação mais forte com a cotação do dólar. A cesta inclui principalmente bens como móveis, eletroeletrônicos e itens de higiene pessoal e limpeza.
“Entendemos que esse momento de repasse maior e mais rápido pode ter a ver com essas variáveis, como economia sobreaquecida e as expectativas de inflação mais elevadas”, comenta ngelo.
Ela destaca ainda que os preços atualmente têm refletido o movimento do dólar entre julho e outubro, de cerca de R$ 5,55 para a casa de R$ 5,80. A desvalorização mais recente do câmbio, de R$ 5,80 para acima de R$ 6, portanto, só deve ser sentida a partir dos meses iniciais de 2025, afirma. A Warren projeta IPCA de 4,9% em 2024 e de 5,15% ao final do ano que vem.
A análise é corroborada por Fernandes, da Quantitas: “O grosso do efeito da última desvalorização vai pegar na inflação ao longo de 2025, com bens e alimentos sendo os vilões. Os serviços já estavam altos e vão continuar altos”, diz o economista. Ele trabalha com um cenário em que o IPCA sai de 4,8% no fim de 2024 e vai a 5,5% no encerramento de 2025. “Esse 0,7 ponto a mais majoritariamente reflete alimentos e bens, que é aquilo que está sendo muito influenciado pelo câmbio”, emenda.
IstoÉ Dinheiro - SP 20/12/2024
O diretor de Política Monetária e próximo presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira (19) não ver um ataque especulativo como justificativa para a alta do dólar nos últimos dias. Segundo o diretor, o termo ataque especulativo não resume corretamente o movimento de alta na moeda americana, que chegou a valer R$ 6,30 esta manhã, mas recuou diante dos leilões de venda de US$ 8 bilhões pelo BC.
Para Galípolo, não é correto tratar o mercado como uma coisa só, um bloco monolítico, e que sempre haverá posições contrárias com alguém vendendo ou comprando ativos.
“Quando o preço de ativo [como o dólar] se mobiliza em uma direção, têm vencedores e perdedores. Ataque especulativo não representa bem como o movimento está acontecendo no mercado hoje”, explicou Galípolo durante entrevista coletiva para detalhar o relatório de inflação divulgado nesta quinta-feira.
Na terça-feira (17), circularam em redes sociais informações falsas envolvendo a política monetária. Na rede X, foi identificada uma série de postagens com falsas declarações de Galípolo sobre o BC. As alegações foram desmentidas pelo banco, mas ganharam repercussão em perfis de analistas econômicos, o que acabou impactando na cotação do dólar.
Nesta quinta-feira a Polícia Federal e a Comissão de Valores Mobiliários informaram que vão investigar um possível crime de manipulação contra o mercado de capitais. A investigação vai ocorrer a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU).
Ao explicar a alta do dólar, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a instituição registrou um movimento atípico na alta do dólar e que a variação no valor da moeda está relacionada a disfuncionalidades sistêmicas.
“A gente entende que o princípio da separação é fundamental, ou seja, que política monetária é para juros, macroprudencial para estabilidade financeira, e que o câmbio é flutuante. Que o Banco Central deve agir no câmbio quando entende que tem algumas disfuncionalidades no fluxo, por alguma operação pontual, saída extraordinária ou fator de mercado”, esclareceu.
Campos Neto disse que a instituição registrou a saída atípica de dólares no fim do ano, que incluiu o pagamento de taxas de dividendos, remessas de pessoas físicas e operações em plataformas e que, diante da constatação, o BC decidiu agir, vendendo dólares.
“Entendemos que começou a ter, através do que a gente vinha levantando com o mercado, uma saída maior, uma saída atípica no fim do ano. A parte de dividendos estava acima da média, e o fluxo financeiro estava bastante negativo”, disse.
Segundo Campos Neto, diante da constatação, o BC trabalhou para identificar o tamanho do fluxo e em fazer uma intervenção fatiada para contrabalancear o movimento de alta.
“A gente fatia esse volume que é razoável para suprir essa liquidez em alguns dias”, explicou. “Hoje fizemos um leilão e a demanda foi muito maior do que esperávamos e decidimos fazer uma outra intervenção e de novo: tendo um volume na cabeça e entendendo que é para fazer fatiado. Não tem nenhum desejo do Banco Central de proteger nenhum nível de cambio”, defendeu.
Campos Neto disse que a decisão de fatiar a intervenção foi tomada com cuidado para evitar uma contaminação na taxa de juros. Ainda de acordo com Campos Neto, o BC segue monitorando o fluxo do dólar, mas a tendência é de arrefecimento na alta do dólar, especialmente na próxima semana, devido à diminuição nas transações em razão das festas de final de ano.
“O Banco Central tem muita reserva e vai atuar se for necessário e a gente entende que nesse fim de ano tem um fluxo atípico muito grande”, disse.
Taxa Selic
Ao comentar a decisão do BC de aumentar a taxa Selic em um ponto percentual e sinalizar que vai manter o ritmo de aumento nas duas próximas reuniões.
Segundo ele, além do aumento recente na taxa de câmbio e da inflação corrente, também foi determinante para decisão a percepção negativa do mercado sobre o pacote de corte de gastos do governo e o cumprimento da meta fiscal.
“A sinalização com essa elevação é um passo importante para mostrar que o Banco Central está comprometido em atingir a meta, que entende que a gente tem uma incerteza maior que a usual e que algumas incertezas se tornaram certezas”, disse.
“No final o nosso objetivo é ganhar o máximo de credibilidade, fazendo com que a gente tenha o máximo de convergência nas expectativas, da forma mais suave possível”, avaliou.
Campos Neto disse ainda que durante o processo de transição da presidência, Galípolo e os novos diretores do banco passaram a ter um peso maior nas decisões do BC, especialmente nas duas últimas reuniões, sendo determinantes para o aumento na Selic.
“Essa foi a tônica das duas últimas reuniões. O peso deles foi sendo cada vez maior que o meu. O que eu quero dizer é que o peso deles foi sendo cada vez maior que o meu, culminando na última reunião. Não entendíamos que isso facilitava a passagem de bastão”, disse.
Recesso
Nesta sexta-feira (20), na prática, será o último dia de Campos Neto à frente do BC, já que a instituição entrará em recesso até o próximo ano. A partir de janeiro, Galípolo já responderá pelo comando do banco.
Galípolo disse que Campos Neto foi “generoso” durante o processo de transição. “Na verdade ela foi uma transição entre amigos, e ele foi muito generoso ao longo desse processo de passagem de bastão, de dar liberdade, de falar: é importante que o Gabriel tenha um peso diferente na fala, nas decisões”, comentou.
Exame - SP 20/12/2024
Voltar ao poder depois de perder uma disputa de reeleição é algo que poucos líderes conseguiram. Winston Churchill foi um deles: liderou o Reino Unido na Segunda Guerra Mundial, mas perdeu nas urnas depois de vencer o conflito, em 1945. Ele retornou ao cargo em 1951 e ficou por quatro anos. Outro político que conseguiu uma reviravolta assim foi Donald Trump.
Ele perdeu a reeleição em 2020, venceu em 2024 e agora se prepara para reassumir a Casa Branca, em 20 de janeiro de 2025. Trump diz que não vai perder tempo e assinará ordens executivas, já no primeiro dia, para colocar em prática suas promessas de campanha. Muitas delas devem sacudir a economia americana e o cenário internacional, como impor tarifas de importação, deportar milhões de imigrantes irregulares e expandir a extração de petróleo, além de retirar os Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris e reduzir a ajuda militar à Ucrânia (leia mais sobre as guerras aqui).
No fim de novembro, Trump anunciou que pretende impor tarifa extra de 25% sobre todos os produtos do México e do Canadá que entrarem no país, e de 10% sobre os da China. Ele disse que as taxas serão mantidas até que os países vizinhos tomem medidas contra a imigração ilegal e o tráfico de fentanil. Especialistas afirmam que a medida, caso efetivada, deverá ampliar a inflação nos Estados Unidos, que depende muito de importações chinesas, mas pode gerar queda de preços em outros países.
“A China vai continuar tendo uma grande quantidade de produtos, que se não forem para os EUA irão para outros países. Poderá ter um efeito desinflacionário para esses países, incluindo o Brasil”, diz Malcolm Dorson, estrategista-chefe de mercados emergentes da gestora americana Global X, de Nova York. “Nos EUA, a menos que a economia esfrie por outras razões, uma alta de preços vai desacelerar a velocidade do corte de juros do Fed.”
Daniel Popovich, gerente de portfólio da gestora de investimentos americana Franklin Templeton, concorda que o Fed pode desacelerar a queda de juros, mas avalia que a economia americana tem demonstrado uma “resiliência impressionante” ao evitar uma recessão e se manter aquecida mesmo com juros altos. “A inflação está caminhando em direção ao que o Fed busca, em um cenário de alta dos salários reais, o que traz a perspectiva de um crescimento resiliente, que deve continuar”, disse Popovich, durante um evento da Mirae Asset.
Na campanha, Trump defendeu a queda dos juros mais rapidamente, mas o Fed tem independência nos EUA. O presidente do Fed, Jerome Powell, tem mandato até maio de 2026. Após declarações que sugeriram alguma interferência de Trump no Fed, o republicano recuou recentemente e disse que não pretende agir para removê-lo do cargo. Por fim, Trump também defende ampliar a exploração de petróleo nos Estados Unidos como forma de baixar os preços da energia — e a inflação.
Retaliações à vista
Um ponto em aberto é como os outros países responderão se as novas tarifas forem de fato adotadas. A resposta pode estar no passado recente. Em seu primeiro mandato (2017-2021), Trump ampliou barreiras contra a China.
Em resposta, o país reduziu a compra de produtos agrícolas americanos. O total exportado dos EUA para a China no setor caiu de 24 bilhões de dólares em 2014 para 9,1 bilhões de dólares em 2019. Em 2023, esse valor foi de 18,5 bilhões de dólares.
Isso pode abrir espaço para que a China compre mais produtos do Brasil. Em novembro, o presidente Xi Jinping visitou Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília e ambos trataram de novas parcerias, como a ampliação da exportação de café brasileiro.
Há, porém, o risco de que Trump decida impor tarifas a produtos do Brasil. Roberto Uebel, professor de relações internacionais da ESPM, lembra que o país já teve de lidar com pressões assim. Em 2019, o republicano anunciou subitamente que aumentaria tarifas sobre o aço e o alumínio do Brasil, mas recuou da medida em duas semanas, depois de conversar com o então presidente Jair Bolsonaro.
“Acho que o Brasil está mais preparado hoje para amortecer esse tipo de política e há tempo para buscar outros parceiros comerciais”, diz Uebel. Um exemplo disso foi o avanço do acordo entre União Europeia e Mercosul, fechado no começo de dezembro e que aguarda ratificação pelos europeus.
Aperto contra a imigração
Na política interna, a imigração deverá ser o centro das atenções. Trump promete deportar milhões de estrangeiros irregulares, e isso, além de afetar a vida dessas pessoas, trará desafios econômicos ao diminuir a oferta de mão de obra em funções básicas. O desemprego no país está baixo, na faixa de 4%. Além disso, os imigrantes consomem muito nos EUA, o que também poderia gerar uma crise se milhões de pessoas subitamente desaparecessem do país.
Mesmo assim, o novo presidente deixou claro que pretende avançar com a medida e nomeou para o governo várias pessoas que defendem linha dura contra estrangeiros, como Tom Homan, que integrou sua primeira gestão e será um “czar das fronteiras”, como disse Trump, com a missão de apertar a segurança e organizar deportações.
Ao formar sua equipe de governo, Trump se concentrou em escolher aliados fiéis, que deixaram clara a lealdade em momentos difíceis. Ele indicou Pam Bondi como procuradora-geral, que integrou sua equipe de advogados durante o primeiro processo de impeachment, em 2019, do qual foi absolvido pelo Senado.
Para chefiar o FBI, nomeou Kash Patel, que já afirmou que Trump deveria usar instituições de governo para perseguir opositores e a imprensa. “Vamos atrás das pessoas na mídia que mentiram e ajudaram Joe Biden a roubar as eleições presidenciais”, disse ele, em um podcast, antes de ser nomeado.
As indicações ainda precisam ser confirmadas pelo Congresso, sob controle republicano nas duas Casas, mas por margens estreitas, uma situação similar à de seu primeiro mandato. Isso o impede de aprovar medidas radicais, como a de liberar um terceiro mandato. A lei americana permite apenas dois mandatos por pessoa. “A novidade em 2028 é que não teremos Trump na disputa. Teremos a próxima corrida presidencial começando em janeiro, porque as forças do Partido Republicano vão se unir para ver quem liderará o próximo ciclo presidencial”, diz Mauricio Moura, professor na Universidade George Washington.
Moura lembra que segundos mandatos costumam ser mais difíceis e de menos resultados do que os primeiros. Foi assim com o republicano George W. Bush, reeleito em 2004, mas que não conseguiu fazer o sucessor, e o democrata Barack Obama, reeleito em 2012 e que viu sua candidata perder em 2016, justamente para Trump. Mesmo Churchill enfrentou um segundo mandato problemático, que deixou poucas lembranças. Trump tentará, mais uma vez, fazer algo inédito na história.
Portal Fator Brasil - RJ 20/12/2024
O desempenho exportador para a China, entretanto, piorou em relação ao resultado entre 2022 e 2023. A variação entre os acumulados do ano de 2022 e 2023 do volume exportado para o país foi de +29,3% e, na comparação de 2024 202.3. Os Estados Unidos, a variação do valor exportado em 2024, passou para +9,3%. Em termos de volume, foi positiva nas duas bases de comparação, mas o percentual aumentou de +6,4% para +10,7%. Exceto a China, todos os mercados analisados registraram queda nas importações em 2023 e aumento em 2024, mas com um percentual de variação sempre inferior ao da China. Nos Estados Unidos, a variação foi de +3,9% contra uma queda de -21,1%, em 2023. A balança comercial brasileira deve fechar 2024 com superávit entre US$ 74 e US$ 78 bilhões.
A China permanece na liderança como principal mercado das exportações e importações brasileiras. O superávit com o país foi de US$ 31 bilhões, o que representa 44,3% do saldo acumulado da balança comercial até novembro de 2024. No entanto, a participação da China nas exportações cai de 30,7% para 28,6% e aumenta de 21,9% para 24,1% nas importações, na comparação entre o acumulado do ano até novembro de 2023 e 2024. Estados Unidos e União Europeia ganham participação nas exportações e perdem nas importações. Mesmo num cenário de recessão de nosso vizinho, o comércio com a Argentina cresceu em termos de volume tanto para as exportações quanto para as importações, liderado pelo setor automotivo, de acordo com dados divulgados no dia 17 de dezembro (terça-feira) pelo Indicador de Comércio Exterior (Icomex), da FGV IBRE..
Superávit 2024 deve variar entre US$ 74 e US$ 78 bilhões — O saldo total da balança comercial até novembro de 2024 foi de US$ 69,9 bilhões, inferior em US$ 19,4 bilhões em igual período do ano anterior. A corrente de comércio, porém, foi maior, impulsionada principalmente pelo aumento das importações. No acumulado até novembro de 2024 foi de US$ 554,7 bilhões, superior em US$ 22,8 bilhões a de 2023. Não se esperam fatos novos que possam alterar as principais conclusões e características da balança comercial de 2024. As projeções para o superávit variam entre US$ 74 e US$ 78 bilhões.
A variação em valor dos valores exportados entre o acumulado de novembro de 2022/2023 e do acumulado no mesmo período entre 2023 e 2024 foram muito próximas, +0,5% e +0,4%, respectivamente. A queda no superávit de 2024 em relação ao de 2023 é explicada, portanto, pelo aumento na variação do valor importado, +9,5%, enquanto a variação de janeiro a novembro, (2022/2023) foi negativa, -12,1%.
A variação nos preços e volume dos fluxos de comércio entre 2023 e 2024. No ano até novembro, o volume exportado aumentou +4,2% e o das importações, +16,5%. A queda de preços nas importações (-5,9%) foi maior que o das exportações (-3,5%). Os resultados na comparação entre os meses de novembro mostram comportamento similar, aumento no volume importado (+14,5%) superior ao das exportações (+5,1%), mas a queda nos preços das exportações (-4,3%) foi maior do que nas importações (-3,9%).
No mês de novembro, o aumento das exportações foi liderado pelas não commodities (+14,2%), em comparação com a variação das commodities (+1,1%). Na comparação do acumulado do ano, no entanto, a liderança é das commodities (+6,4%), enquanto houve recuo nas vendas das não commodities (-0,7%). Os preços aumentam para as não commodities e caem para as commodities, nas duas bases de comparação.
Indústria extrativa e transformação — A análise por setor de atividade mostra que a indústria extrativa liderou a variação no volume exportado (+10,5%), seguida da transformação (+3,8%), enquanto a agropecuária registrou recuou de -0,1%, na comparação do acumulado do ano entre 2023 e 2024. Os preços caem para a extrativa e a agropecuária, mas nesse último caso a queda foi de -12,7%. Com esses resultados, o valor exportado da agropecuária recuou em -10,2% e a participação do setor nas exportações totais passou de 23,8% para 20,6%, entre 2023 e 2024. A participação da indústria extrativa, com crescimento em valor de +6,5%, passou de 23% para 24,3% e da transformação passou de 53% para 55%.
O melhor desempenho da transformação está associado às commodities que fazem parte do setor e explicam 49,5% das suas exportações. A variação em volume das commodities da transformação foi de +9,4% e das não commodities, uma queda de -1,3%.
Na comparação interanual do mês de novembro, o comportamento do volume se repete: recuo na agropecuária (-26,4%); aumento na extrativa (+21,9%); e, na transformação (+9,5%).
A variação das importações por setor de atividade. Em todos os três setores, a variação do volume é positiva na comparação interanual do acumulado do ano até novembro. Chama atenção a da agropecuária, +33,1%, mas lembra-se que esse setor explica apenas 2,1% das importações totais da economia. Na comparação entre os meses de novembro, todas as variações são também positivas e novamente lideradas pela agropecuária. Os 5 principais produtos importados em novembro somam 82,6% das importações totais da agro. Registraram variação positiva em toneladas: trigo (+33%); frutas e nozes (+24,3%); milho (+42,7%) e látex (+28%).
Indústria de transformação — É a indústria de transformação, com participação de 91,1%, que explica as variações dos fluxos importados. A análise por categoria de uso das importações da indústria de transformação mostra a liderança na variação por volume dos bens duráveis de consumo (+53,4%), seguido dos bens semiduráveis (+27,7%), capital (+23,8%), intermediários (+14,5%) e não duráveis (+10,0%).
O aumento dos bens duráveis foi explicado ao longo de 2024 pelo crescimento das importações oriundas da China de carros elétricos. O pico foi em junho, quando foi registrada uma variação de +320% em relação a junho de 2023.
É preciso, porém, discriminar as participações das categorias de uso para avaliar a contribuição de cada uma no aumento das importações. A participação de cada categoria e a contribuição para o aumento das importações entre os acumulados do ano de 2023 e 2024 até novembro.
A maior participação é dos bens intermediários (65,4%), que registraram contribuição de 34,0% para o aumento das importações entre os acumulados do ano até novembro. Em seguida, os bens de capital, com participação menor em 52 pontos percentuais do que a dos bens intermediários, mas com uma contribuição de 31,3%, próxima a dos bens intermediários. Os bens duráveis de consumo, embora com participação de 4,9%, ficaram em terceiro lugar em termos de contribuição para o aumento das importações, 16,5%.
A variação das compras de bens intermediários e de bens de capital pela agropecuária e a transformação. Variações positivas nas importações de máquinas e equipamentos para a transformação e recuo para a agropecuária sinalizam investimentos na primeira e expectativas não favoráveis e/ou estoque de capital considerado satisfatório. Ressalta-se que na comparação entre o acumulado do ano de 2023 e 2022, a variação para a agro, +31,9%, era superior a da transformação,+2,3%. Para os bens intermediários, as variações são positivas para os dois setores, próximas em novembro, mas no acumulado do ano, a variação da transformação foi de +15,0% e da agro, 7,7%. Mais um sinal de um desempenho menos favorável da agro em relação à transformação.
China — A China permanece na liderança como principal mercado das exportações e importações brasileiras. O superávit com o país foi de US$ 31 bilhões, o que representa 44,3% do saldo acumulado da balança comercial até novembro de 2024. O desempenho exportador para a China, entretanto, piorou em relação ao resultado entre 2022 e 2023. A variação entre os acumulados do ano de 2022 e 2023 do volume exportado para o país foi de +29,3% e, na comparação de 2024 com 2023, o percentual foi de +1,2%, O valor exportado entre 2022/2023 havia sido de +14,7% e no presente ano foi registrada uma queda de -6,4%. No caso das importações, a China liderou o aumento das importações, em 2024, +38,1%, enquanto em 2023, seguindo a tendência de retração nas importações, o aumento havia sido de +0,1%.
EUA — Para os Estados Unidos, a situação entre 2023 e 2024 se inverteu. Em 2023, na comparação com 2022, a variação do valor exportado foi negativa (-1,8%) e em 2024, passou para +9,3%. Em termos de volume, foi positiva nas duas bases de comparação, mas o percentual aumentou de +6,4% para +10,7%. Exceto a China, todos os mercados analisados registraram queda nas importações em 2023 e aumento em 2024, mas com um percentual de variação sempre inferior ao da China. Nos Estados Unidos, a variação foi de +3,9% contra uma queda de -21,1%, em 2023.
Argentina — Na Argentina, a queda do crescimento do país se refletiu esse ano com a retração no volume exportado de -20,1% e, em valor de -21,4%. As importações aumentaram em volume +11,8%, sendo 40% explicadas por veículos de passageiros e para transporte de mercadorias.
União Europeia — Para a União Europeia, a variação no volume exportado ficou positiva em 2024, +5,7%, e o volume importado cresceu +0,9%. Em termos de valor, as variações dos fluxos comerciais que haviam sido negativas, ficaram positivas, exportações (+6,5%) e importações (+5,1%). Com esses resultados o superávit até novembro no valor de US$ 1,5 bilhões já havia superado o registrado no ano de 2023, US$ 876 milhões.
A queda no valor exportado para a China e aumento para os outros principais mercados reduziu a participação do país nas exportações brasileiras de 31,0% para 29,1%, entre os acumulados do ano até novembro de 2023 e 2024. Em contrapartida, ganharam participação a União Europeia, de 13,6% para 14,4%, e os Estados Unidos, de 10,8% para 11,7%. No caso da Argentina, o percentual caiu de 5,1% para 4,0%. Nas importações, a China avançou de 22,2% para 24,5%, enquanto Estados Unidos e União Europeia perdem, mas diferenças são de um ponto percentual para a União Europeia (18,0% em 2024) e de 0,4 pontos para os Estados Unidos (15,4%, em 2024). No caso da Argentina não mudou, 5,1%.
As variações na comparação mensal e no acumulado do ano até novembro para os principais mercados. No caso das exportações chama a atenção o recuo de -21,9% no volume exportado para a China e o aumento de +41,7% para a Argentina, na comparação mensal do mês de novembro. Nas importações mensais, as principais variações positivas estão com a China (+33,4%) e a Argentina (+20,0%). A dinâmica do comércio com a Argentina está associada ao setor automotivo.
Na evolução dos termos de troca — Observa-se que a partir de maio, os termos de troca melhoram, com uma variação de +5,7%, entre maio e novembro. Esse resultado é explicado pela queda nos preços, -4,9%, nesse mesmo intervalo de tempo, pois os preços exportados ficaram relativamente estáveis, +0,3%.
O Estado de S.Paulo - SP 20/12/2024
O Banco Central projeta um cenário complicado à frente no que se refere ao combate à alta de preços. As projeções de inflação do banco subiram em todo o horizonte levado em consideração na definição da política monetária, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, 19.
O Comitê de Política Monetária (Copom) já havia informado, no comunicado da semana passada, a elevação das suas estimativas para o IPCA de 2024 e 2025, para 4,9% e 4,5%, respectivamente.
Considerando o acumulado de 12 meses, o BC espera que o IPCA atinja 5% no primeiro trimestre de 2025, 5% no segundo, 5,1% no terceiro e 4,5% no quarto. Todas as projeções subiram frente ao RTI anterior, quando eram de 4%, 3,8%, 3,5% e 3,7%, respectivamente.
Para 2026, o BC projeta IPCA de 4,2% no primeiro trimestre, 4,0% no segundo, 3,8% no terceiro e 3,6% no quarto. Antes, as projeções eram, nesta ordem, de 3,5%, 3,5%, 3,4% e 3,3%. A projeção para o primeiro trimestre de 2027 subiu de 3,2% para 3,4%, distanciando-se do centro da meta, de 3%.
“O aumento da projeção de inflação no horizonte relevante resultou principalmente da atividade econômica mais forte que o esperado, que levou a uma elevação no hiato do produto (o quanto a economia cresce acima da capacidade) estimado, da depreciação cambial e do aumento das expectativas de inflação”, informou o BC.
“As recentes surpresas inflacionárias e a revisão das projeções de curto prazo também contribuíram, no caso via inércia, assim como a elevação da taxa de juros neutra considerada”, diz o relatório. “Esses fatores mais do que compensaram os efeitos da subida da taxa de juros real, que, entretanto, contribuíram para evitar um aumento mais acentuado nas projeções.”
Pacote fiscal
O Banco Central também afirma, no RTI de dezembro, que o pacote fiscal apresentado pelo governo parece não ter gerado impacto positivo sobre a percepção de analistas do mercado acerca das contas públicas. O Questionário Pré-Copom (QPC) mostrou que os economistas esperam impacto menor do que o estimado pelo governo com as medidas.
“Em parte, essa reação está associada à avaliação de que as medidas fiscais são insuficientes”, disse o BC. “Além disso, a projeção mediana de resultado primário (do QPC) não incorpora nenhum impacto das medidas, o que pode estar associado à visão de que o espaço aberto pelo corte de despesas obrigatórias será preenchido por despesas discricionárias.”
O BC avalia que a meta fiscal de 2024 - de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB para mais ou para menos - tende a ser cumprida dentro do limite inferior. Mesmo assim, “o quadro fiscal demanda atenção”, segundo a autarquia. Há incertezas sobre o cumprimento das metas fiscais nos próximos anos e para a trajetória da dívida pública.
Globo Online - RJ 20/12/2024
O Banco Central elevou a projeção de crescimento da economia brasileira em 2024 no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira. A estimativa passou de alta de 3,2% para 3,5%. Para 2025, a previsão passou de 2,0% para 2,1%. As projeções anteriores foram realizadas em setembro.
Desde então, foi divulgado o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, cuja elevação de 0,9% renovou as avaliações sobre a força da atividade econômica.
O próprio BC, na ata do Copom, disse que o PIB evidencia maior dinamismo da economia do que o esperado, o que levou a uma reavaliação do hiato do produto para um terreno mais positivo. Ou seja, a autoridade monetária estima que a economia opera acima de sua capacidade produtiva, está sobreaquecida.
"No entanto, para a atividade futura, há elementos que sugerem uma desaceleração, tal como o maior aperto das condições financeiras. De todo modo, o Comitê ressalta que a economia tem surpreendido e apresentado notável resiliência", avaliou o BC, na ata.
No RTI, o BC reforçou que espera arrefecimento da economia no ano que vem, apesar das projeções mais altas.
"Está mantida a perspectiva de desaceleração da economia no próximo ano", disse no RTI.
2025
O BC alerta que há riscos de origem interna e externa para a projeção de PIB de 2025. Em relação aos ventos do exterior, disse que a a economia global pode ter expansão menor no ano que vem em relação a 2024 devido a fatores geopolíticos.
Internamente, o BC destaca que o aperto recente nas condições financeiras, fruto da forte deterioração do mercado nos últimos dias, pode ter um impacto contracionista mais intenso do que o considerado. Mas isso pode ser compensado em parte pelo efeito das reformas estruturais dos últimos anos.
"De outro lado, parte do elevado crescimento nos últimos anos pode estar relacionada a reformas estruturais, o que introduz a possibilidade de novas surpresas positivas, dadas as incertezas em torno da taxa de crescimento potencial."
Infomoney - SP 20/12/2024
O Produto Interno Bruto dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 3,1% no terceiro trimestre de 2024, informou o Departamento de Comércio em sua última leitura do PIB nesta quinta-feira (19), acima das projeções do mercado. Economistas consultados pela Reuters previam avanço de 2,8%.
No segundo trimestre, o PIB dos EUA teve expansão anualizada de 3,0%.
Os dados vêm após o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) anunciar novo corte na taxa de juros americana, mas deixar as portas abertas para novas altas no futuro diante do receio de pressões inflacionárias.
O relatório desta quinta-feira representou a terceira e última revisão do Departamento de Comércio sobre o PIB do terceiro trimestre. A estimativa inicial para o crescimento do período de outubro a dezembro será divulgada em 30 de janeiro.
Inflação
O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu ao ritmo anualizado 1,5% no terceiro trimestre. A leitura final confirma a estimativas anteriores, de avanço de 1,5% no período, em desaceleração após avançar 2,5% no segundo trimestre.
Já o núcleo do PCE, que desconsidera preços de alimentos e energia, aumentou 2,2% no período, também em linha com a estimativa inicial e representa uma desaceleração depois da alta de 2,8% no segundo trimestre.
O PCE é a medida de inflação preferida do Fed.
Valor - SP 20/12/2024
Capitalização da mineradora chegou a R$ 244,1 bilhões na sessão de hoje, pressionada pela queda de 1,08% dos preços do minério de ferro
O valor de mercado da Vale chegou a R$ 244,1 bilhões na sessão de hoje, impulsionado pela queda de 1,08% dos preços do minério de ferro na bolsa de Dalian e pelo recuo do dólar contra o real no pregão. Esse foi o menor valor de mercado já registrado pela companhia desde 15 de maio de 2020, quando atingiu R$ 240,2 bilhões.
Por volta das 15h10, as ações da mineradora lideravam as perdas do Ibovespa, com um recuo de 1,95%, R$ 53,74. No mesmo horário, o principal índice da bolsa brasileira subia 0,50%, aos 121.379 pontos.
Em relatório, a Tarraco Commodities Solution destacou que os preços do minério de ferro continuaram a se enfraquecer hoje, impactados pela baixa demanda no mercado siderúrgico da China e pelas incertezas macroeconômicas globais. Segundo a casa, boa parcela dos traders da commodity está com uma visão mais pessimista para a matéria-prima agora.
Infomoney - SP 20/12/2024
Os preços futuros do minério de ferro caíram nesta quinta-feira, atingindo o nível mais baixo em quase um mês, já que as preocupações com cenário de demanda da China, principal mercado consumidor de minério, e a perspectiva de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve no próximo ano pesaram sobre o sentimento.
O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China, encerrou as negociações do dia com queda de 1,08%, a 778,5 iuanes (106,66 dólares) a tonelada, depois de atingir o valor mais baixo desde 22 de novembro, a 767,5 iuanes, no início da sessão.
O minério de ferro de referência para janeiro na Bolsa de Cingapura recuou 0,43%, para 102,25 dólares a tonelada. O contrato atingiu mais cedo o nível mais baixo desde 25 de novembro, de 100,9 dólares.
“Há muito tempo prevíamos essa correção, já que a bolha impulsionada pelo sentimento em torno da Conferência Central de Trabalho Econômico da China acabaria estourando sem medidas concretas de estímulo delineadas até março de 2025”, disse Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities.
“Nesta semana, assistimos a uma tempestade perfeita de fundamentos de oferta e demanda mais frouxos, com a BHP retomando a produção de sua mina South Flank, na Austrália Ocidental, enquanto as usinas na China também estão reduzindo a produção.”
A BHP, uma das principais fornecedoras de minério de ferro do mundo, retomou as operações em duas minas na Austrália Ocidental após uma pausa devido a fortes chuvas, aliviando as preocupações com a oferta.
“Além disso, os temores sobre a saúde do setor imobiliário da China estão voltando à tona, já que os mercados financeiros questionam a liquidez e a solvência da China Vanke — a última joia (estatal) remanescente da coroa desse setor”, disse Widnell.
O comentário do Fed de que no próximo ano haverá menos cortes nas taxas também pressionou as commodities em geral, disseram os analistas.
Valor - SP 20/12/2024
Após confirmação do retorno após hiato de sete anos, o Salão do Automóvel 2025 começa a ganhar contornos. Pelo menos 14 marcas mostraram interesse em fazer parte do evento, que será realizado entre os dias 22 de novembro e 1º de dezembro de 2025, no Pavilhão do Anhembi, em Sâo Paulo. “Autoesporte” também apurou que, pela primeira vez, a exposição terá patrocinadores máster fora do setor.
Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, as 14 marcas interessadas fazem parte das companhias que compõem a entidade. Ele evitou, porém, citar nomes. Para completar, o executivo garantiu que começará a conversar ainda neste mês com montadoras de fora do órgão. As chinesas BYD e GWM, por exemplo, integram esse grupo.
“Autoesporte” também descobriu por outras fontes que a organização do Salão pretende oferecer estandes de 500 m² para marcas associadas à Anfavea ou que tenham fábricas instaladas no Brasil (o caso de BYD e GWM). Já as empresas que operam apenas por importação terão 300 m² para exposição dos veículos.
Leite também fez questão de destacar que algumas empresas já procuraram a organização a fim de ocupar uma das quatro vagas de patrocínio máster do Salão. Fontes acrescentaram que, entre as favoritas, estão instituições financeiras e grupos do segmento de telecomunicações. Bom frisar que companhias do setor não poderão preencher tais cotas.
O Salão tem outra promessa que, a depender dos envolvidos, deve se concretizar. A possibilidade de fechar negócios durante o evento é algo desejado tanto por montadoras, representadas pela Anfavea, quanto por concessionários, por meio da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
A parte comercial, segundo Márcio de Lima Leite, ainda não foi devidamente amarrada, mas as conversas entre as partes seguem a pleno vapor. “Estamos negociando com a Fenabrave, que é uma grande parceira. Por enquanto, ofereceremos experiências com os veículos aos participantes, para que tenham acesso aos modelos. O Anhembi permite isso”, salientou.
A organização conversa ainda com possíveis parceiros para oferecer espetáculos distintos. Uma delas é a Embraer. A ideia é que a companhia, por meio de sua subsidiária, a Eve Air Mobility, leve ao evento ações com carros voadores (eVTOLs). Esse tipo de parceria é vista de maneira estratégica. Garante à mostra elementos curiosos, sem comprometer o orçamento das montadoras.
A Anfavea espera que cerca de 1 milhão de pessoas visitem o Salão em 2025. A viabilização do evento é um “sonho” de Lima Leite, que, além de atual presidente da Anfavea, é vice-presidente sênior de relações institucionais e jurídico da Stellantis América do Sul. A vontade é compartilhada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Auto Industria - SP 20/12/2024
Maior crescimento do mercado brasileiro desde 2007, maior expansão em vendas entre os dez principais mercados globais, 100 mil novos empregos gerados em toda a cadeia automotiva, melhor semestre em vendas dos últimos 10 anos e maior ciclo de investimento da história: R$ 180 bilhões entre montadoras e autopeças.
O quadro que abriu a apresentação do presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, na última coletiva de imprensa do ano, dia 12 de dezembro — intitulado “2024, um ano histórico a ser celebrado” — resume bem o bom momento vivido pelo setor automotivo brasileiro.
Um resumo que pode ser recheado com as apresentações feitas por diferentes montadoras em seus encontros de final de ano com a imprensa, todas elas com dados positivos sobre 2024 e mensagens de otimismo com relação a 2025.
Um ano em que muitas marcas comemoram não só aumento de vendas mas também lucros no Brasil, o que contrasta com operações em outros países, onde se fala em fechamento de fábricas e demissões (veja no final de texto os links para as principais matérias).
É o caso da Stellantis, cuja atuação na América do Sul será destaque na reunião do board neste final de ano (29 de dezembro), e da Volkswagen do Brasil, que fecha 2024 com lucro no País pelo quarto ano consecutivo. Também Ford e Honda comemoram os números deste ano, assim como Mercedes-Benz, Iveco e Volkswagen Caminhões e Ônibus, outra que também fecha no azul.
Só por parte das montadoras foram quase 10 mil contratações ao longo do ano, com o efetivo superando 108 mil trabalhadores. “Para cada emprego novo na montadora, são mais dez na cadeia automotiva, ou seja, 100 mil gerados no setor”, enfatizou Lima Leite.
As vendas internas registram crescimento de 15% este ano no Brasil, ante os 10,5% de expansão no Canadá e 9,4% no México. Nos demais grandes mercados mundiais — China, Índia, Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha – as altas estão abaixo de 4%, enquanto no Japão o número de emplacamentos recuou 7,2%.
Mover na base de tudo
Anunciado na virada de 2023 para 2024, o Mover Mobilidade Verde, novo regime automotivo criado pelo governo para o ciclo 2024-2028, dá a tão sonhada previsibilidade que o setor sempre pediu para convencer as matrizes e atrair investimentos para cá.
Como destacou o presidente do Sindipeças, Cláudio Sahad, ao participar da entrevista coletiva da Anfavea em dezembro, “paradoxalmente temos previsibilidade”.
Tanto ele como o presidente da Anfavea fizeram questão de elogiar o momento atual do mercado automotivo brasileiro, que tem tudo para seguir crescendo em 2025 tanto em vendas como em produção. As projeções indicam altas de, respectivamente, 5,6% e 6,8%, para 2,8 milhões e 2,75 milhões de veículos.
De negativo no ano, o péssimo primeiro semestre para as exportações e a enxurrada de carros chineses que entraram no País, com 70 mil ainda estocados esperando compradores. O setor tem balança comercial negativa em 2024 pela primeira vez em dez anos.
O positivo nesse contexto é a promessa de marcas chinesas de produzirem no Brasil a partir do ano que vem, em especial a BYD e a GWM, que terão operações em Camaçari, BA, e Iracemápolis, SP, respectivamente – enquanto a GAC anunciou US$ 1 bilhão até 2029, recursos que contemplam operação produtiva local de elétricos.
Com essas duas novas plantas, a Anfavea estima crescimento da produção em 2025 maior do que o das vendas internas, o inverso do que ocorreu em 2024. Será ano certamente marcado pelo aumento da participação dos modelos eletrificados nos licenciamentos, fruto da maior oferta de carros híbridos e elétricos montados ou produzidos aqui.
Auto Industria - SP 20/12/2024
Apesar de ainda ter uma participação relativamente baixa, na faixa de 7%, a demanda por carros eletrificados, incluindo híbridos e 100% elétricos, surpreendeu positivamente no Brasil, com predominância até o momento dos modelos importados.
Um quadro que já começou a mudar neste final de ano e que terá concorrência bastante acirrada em 2025, quando montadoras aqui instaladas terão produção local de híbridos e marcas chinesas iniciarão operações no País com oferta até mesmo de modelo 100% elétrico.
Pioneira mundial na oferta de um híbrido flex, com o Corolla em 2019 e na sequência o Corolla Cross, a Toyota só perdeu a hegemonia como fabricante brasileira de eletrificados há dois meses, exatamente em outubro, quando a Stellantis lançou os híbridos leves Pulse e Fastback, ambos da Fiat (veja links no final do texto).
Também nesta reta final de 2024, a BMW – que investe R$ 1,1 bilhão no Brasil – iniciou a produção na fábrica de Araquari, SC, do primeiro modelo híbrido plug-in em linha de montagem na América do Sul, o X5, com motor a combustão de 313 cv e motor elétrico de 197 cv.
A Stellantis não revela qual será sua próxima marca a ganhar a tecnologia Bio-Hybrid, fruto de um aporte de R$ 30 bilhões no País até o final da década, mas garante novidades na área de eletrificados em 2025.
Também a Volkswagen, cujo aporte foi ampliado de R$ 9 bilhões para R$ 16 bilhões até 2028, programa lançamento de híbridos flex, embora guarde segredo quanto aos modelos e datas de início de produção local.
Além disso, a própria Toyota promete para 2025 o SUV Yaris Cross híbrido flex, tendo anunciado a nacionalização do motor a combustão dos seus modelos híbridos e também a intenção de produzir baterias no Brasil.
Também a General Motors, que até recentemente garantia que os 100% elétricos seriam prioridades em sua estratégia mundial e local, anunciou este ano que o aporte de R$ 5,5 bilhões no estado de São Paulo contempla dois modelos híbridos flex.
Marcas chinesas
A bem-sucedida investida da Toyota, que elegeu a união da eletrificação com etanol como o melhor caminho brasileiro rumo à descarbonização, ganha adeptos não só entre as montadoras com operação local, como também junto a marcas que estão chegando ao País, caso das chinesas BYD e GWM.
A BYD promete inaugurar a fábrica de Camaçari, BA, em março, inicialmente para a montagem de kits SKD vindos da China do híbrido Song Pro e do elétrico a bateria Dolphin Mini ainda no primeiro semestre.
Mas já na segunda metade do ano vai produzir motores flex 1.5 plug-in no complexo industrial baiano, parte do processo de verticalização a ser adotada pela fabricante chinesa no Brasil.
O vice-presidente da empresa no Brasil, Alexandre Baldy, informa que o futuro motor nacional teve desenvolvimento conjunto das equipes chinesa e brasileira e que sua fabricação será acompanhada do início de outros processos produtivos na Bahia com vistas à localização de peças.
A GWM só inicia produção em Iracemápolis, SP, em meados de 2025, mas a empresa já procurou o Sindipeças para buscar fornecedores brasileiros visando gradativamente seu índice de localização. Além do híbrido Haval H6, dois outros modelos serão produzidos na fábrica do interior paulista a partir de 2026.
AutoIndústria reuniu alguns exemplos para falar da eletrificação em 2025, mas certamente as novidades irão além dos cases citados, visto que novas marcas chinesas prometem desembarcar por aqui e montadoras locais, como a Renault, também já annciaram investimento em híbridos flex, embora sem revelar datas de produção e vendas.
Além disso, certamente chegarão modelos eletrificados importados, com garantia de aumento expressivo da paticipação dos híbridos e elétricos no concorrido mercado brasileiro.
Exame - SP 20/12/2024
A cidade de São Paulo, que nos anos 1950 viu surgirem prédios modernistas aclamados no mundo todo, assiste agora à chegada de prédios com grifes. Há dois anos, a Daslu foi a leilão por 10 milhões de reais. No entanto, o arremate foi feito pela Mitre Realty, incorporadora no segmento de alto padrão que não trará de volta as lojas com grifes de luxo, mas um edifício residencial, o Daslu Residences São Paulo. Não é um caso isolado. O logo da medusa que estampa a Versace pode ser encontrado no edifício da coleção Versace Home, feito em parceria entre Cyrela e Lavvi, em Moema. Montadoras como Ferrari, Pininfarina e Lamborghini também assinam edifícios pelo país.
Para Anália Amorim, arquiteta e professora da Escola da Cidade e da FAU-USP, as marcas viram a oportunidade de transformar a casa em mais um objeto de grife. “A residência vira um objeto de exposição”, diz.
Assim como os valores de uma bolsa de uma loja comum e uma peça assinada variam, o preço dos imóveis aumenta dependendo da inscrição na porta. O metro quadrado em bairros como Jardins, Pinheiros e Itaim Bibi está entre 15.000 e 18.000 reais, segundo o índice FipeZap+. No entanto, nas mesmas regiões, o valor de apartamentos assinados por marcas de luxo pode ficar entre 50.000 e 80.000 reais o metro quadrado. A exclusividade tem seu preço.
Valor - SP 20/12/2024
É a quarta embarcação com contrato firmado pela OceanPact com a Petrobras este ano
A empresa de apoio logístico OceanPact fechou um contrato de quatro anos com a Petrobras para afretamento de um navio de apoio a operações de produção em plataformas de petróleo. A embarcação, denominada “Ilha do Mosqueiro”, é do tipo OTSV (Offshore Terminal Support Vessel), empregada na manutenção dos dutos que fazem a descarga do petróleo que é processado nos navios-plataforma (FPSO, na sigla em inglês).
Confira os resultados e indicadores de OceanPact, Petrobras e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360
É a quarta embarcação com contrato firmado pela OceanPact com a Petrobras este ano. Em abril, a empresa de apoio logístico anunciou novos contratos para o afretamento dos navios Fernando de Noronha, Jim O´Brien e Macaé, do tipo OSRV, utilizado no monitoramento e combate de derramamento de petróleo em alto-mar, no valor total de R$ 650 milhões.
Também havia anunciado outro contrato com a Petrobras, no valor de R$ 310 milhões, este para afretamento do navio Ilha de Santana, do tipo PSV, usado no transporte de suprimentos e em resposta a emergências.
Valor - SP 20/12/2024
Embarcações são as primeiras de um plano de aquisição de 25 para transporte de cabotagem e vão priorizar as demandas de transporte de produtos da Petrobras
O conselho diretor do Fundo de Marinha Mercante (FMM) aprovou o pedido de financiamento da Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, para a construção de quatro navios da classe “handy”, com capacidade de transportar entre 15 mil e 18 mil toneladas de porte bruto de derivados de petróleo, de acordo com o Ministério de Portos e Aeroportos.
A operação aguarda publicação no “Diário Oficial da União”. Os valores ainda não são públicos, mas segundo informações do site especializado “Brasil Energia”, o montante aprovado foi de US$ 278 milhões.
Os navios são os primeiros de um plano de aquisição de 25 novas embarcações para transporte de cabotagem, lançado pela estatal em julho, e vão priorizar as demandas de transporte de produtos da Petrobras.
Em novembro, a Transpetro abriu as propostas comerciais da licitação e ainda aguarda a conclusão de algumas etapas antes de homologar o resultado final. Mais de 20 empresas haviam manifestado interesse no edital para a construção dos navios. A única proposta apresentada foi pelo consórcio liderado pela Ecovix, por um valor total de US$ 1,818 bilhão (cerca de R$ 10,9 bilhões).
O primeiro dos quatro navios deve ser entregue no primeiro semestre de 2026, de acordo com o edital, sendo os demais entregues sucessivamente a cada seis meses, até meados de 2028.
CNN Brasil - SP 20/12/2024
A Petrobras iniciou operação da Unidade de abatimento de emissões atmosféricas (SNOX) da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, em passo que permitirá à refinaria aumentar o processamento atual em 27 mil barris por dia (bpd), a 115 mil bpd, informou a estatal em comunicado ao mercado nesta quinta-feira (19).
A nova unidade abre caminho para que haja o aumento do processamento de petróleo na refinaria, respeitando o limite de emissões atmosféricas definido pelo órgão ambiental local. Atualmente, a companhia opera com processamento de 88 mil bpd de petróleo.
A Petrobras destacou que a SNOX é a primeira unidade de abatimento de emissões do refino brasileiro e das Américas com a capacidade de transformar óxido de enxofre (SOx) e óxido de nitrogênio (NOx) em ácido sulfúrico, “adicionando assim um novo produto no portfólio a ser comercializado pela companhia”.
O ácido produzido, dentre outras utilidades, é um importante insumo para tratamento e geração de água potável, adicionou a Petrobras.
A Petrobras disse ainda que, no processo de eliminação do SOx, a unidade produz também energia na forma de vapor, que será utilizada nas instalações da refinaria reduzindo o consumo de gás para produção de energia, contribuindo para tornar a Rnest mais eficiente energeticamente.
Ampliação da Rnest
A Petrobras também reiterou que estão em andamento os preparativos para o início das obras de ampliação da primeira unidade de refino (trem 1) da Rnest, que proporcionará aumento de 15 mil bpd de capacidade, melhor escoamento de produtos leves e maior capacidade de processamento de petróleo do pré-sal.
“A expectativa é concluir as obras do Revamp do trem 1 no primeiro trimestre de 2025. A Petrobras também iniciará o processo de contratação para conclusão das obras do trem 2, que adicionará uma capacidade de 130 mil bpd à Rnest”, disse a companhia.
A Rnest é a refinaria que apresenta a maior taxa de conversão de petróleo cru em diesel (70%) do Brasil.
Com a conclusão de todas as obras, incluindo SNOX, trem 1 e trem 2, a refinaria passará a ter capacidade de processar 260 mil barris de petróleo por dia, com acréscimo na produção nacional de diesel S-10 na ordem de 13 milhões de litros por dia, reafirmou a Petrobras.
TN Petróleo - RJ 20/12/2024
A PetroReconcavo anuncia a assinatura de um acordo de parceria (Heads of Agreement - HoA) com a Brava Energia, estabelecendo as bases para a aquisição de 50% dos ativos de midstream de gás natural no estado do Rio Grande do Norte. Reconhecida por sua liderança na transformação do onshore brasileiro, a companhia reafirma seu compromisso em fortalecer a infraestrutura de óleo e gás do país, consolidando avanços que impulsionam a eficiência e a competitividade das empresas nacionais.
Os ativos contemplados na transação incluem as Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGN) II e III de Guamaré, com capacidade total de processamento de 3 milhões de metros cúbicos diários, além do gasoduto que conecta as instalações da PetroReconcavo ao Ativo Industrial de Guamaré e as esferas utilizadas para o armazenamento do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) produzido nas UPGNs. A partir da assinatura do acordo, as partes negociarão o documento de compra e venda dos ativos (SPA), bem como a estrutura que regulará a parceria.
O valor da transação é de US$ 65 milhões, e sua conclusão está condicionada à negociação e assinatura do SPA e seus anexos, além da conclusão das condições precedentes. A previsão é que a transação seja concluída em 2025. Nesse período, as empresas formarão um comitê operacional para gerenciar as operações conjuntas dos ativos.
A PetroReconcavo já é a maior contratante da infraestrutura de escoamento e processamento da Brava Energia no Rio Grande do Norte. “O acordo representa a intensificação da parceria entre as empresas, o que permite a máxima utilização e otimização dos ativos envolvidos, contribuindo para o aumento da eficiência do onshore. É um avanço significativo que potencializa nossa geração conjunta de valor, criando opcionalidades e fortalecendo nossa resiliência operacional”, afirma José Firmo (foto), CEO da PetroReconcavo.
No segmento do gás natural, a PetroReconcavo anunciou um investimento estimado de US$ 60 milhões (aproximadamente R$ 340 milhões) na construção de sua segunda planta de processamento de gás na Bahia, a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) de Miranga. Localizada no município de Pojuca, a unidade terá capacidade de processamento de até 1,5 milhão de m³/dia e atenderá os ativos da companhia na região que não estão interligados à UTG São Roque.
A nova planta é um marco na expansão das operações de midstream da companhia. Com a assinatura do HoA e os projetos na Bahia, a PetroReconcavo dá importantes passos no segmento de midstream, com a perspectiva de possuir capacidade de processamento para toda a sua produção de gás natural.
Valor - SP 20/12/2024
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) publicou na edição de hoje do “Diário Oficial da União” (DOU) as versões finais dos editais e das minutas dos contratos da oferta permanente de concessão, modalidade que de licitação de novas áreas de petróleo e gás natural.
Esse edital seria publicado em abril do ano passado, mas a ANP decidiu revisá-lo para adequar às regras de conteúdo local estabelecidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e promover um "pente-fino" nas áreas que têm verificado dificuldades para negociação, especialmente as com sensibilidades ambientais, como as localizadas próximas a reservas ou santuários ecológicos.
Segundo a agência, a publicação foi antecipada em relação à previsão inicial, em janeiro do ano que vem, o que pode permitir que as áreas exploratórias que serão colocadas em negociação estejam disponíveis mais rapidamente.
A previsão é que a sessão pública da oferta permanente de concessão seja realizada ainda no primeiro semestre de 2025. Estão em oferta 332 blocos exploratórios de nova fronteira, sendo 288 localizados no mar e 44 em terra, divididos em 11 bacias sedimentares, de acordo com a ANP.
"As empresas interessadas em um ou mais blocos disponíveis na Oferta Permanente de Concessão (OPC) podem enviar declaração de interesse para a ANP, com base no novo edital da OPC [oferta permanente de concessão]", informou a ANP em comunicado.
A declaração de interesse é um documento enviado pelas companhias que formaliza a intenção de disputar um bloco exploratório em leilão.
A agência salientou, porém, que parte dos blocos disponíveis no novo edital possuem manifestações conjuntas (uma espécie de declaração prévia de interesse), cujas validades expiram em junho de 2025. A ANP afirma que incentiva que as empresas que se manifestaram a favor de tais blocos enviem a declaração de interesse "com celeridade, não ultrapassando o final do mês de janeiro".
Como funciona a oferta permanente
A oferta permanente é uma modalidade segundo a qual as empresas não precisam esperar uma rodada tradicional de leilões, ficando permanentemente aptas para arrematar blocos de petróleo. Da mesma forma, o edital só é alterado para inclusão de novas áreas e exclusão de outras, que foram arrematadas por empresas.
No modelo tradicional, as empresas são habilitadas para cada leilão e os blocos incluídos em editais unicamente produzidos para cada certame. Os leilões públicos, nos quais as empresas apresentam ofertas pelas áreas pretendidas, continuam ocorrendo como habitualmente – são as sessões públicas de cada ciclo da oferta permanente.
Os ciclos são abertos a partir da declaração de interesse das empresas pelas áreas. Entre a declaração de interesse e os leilões, decorre um prazo de 120 dias.
Os vencedores das sessões públicas passam a cumprir prazos de entrega de documentos exigidos no edital e de pagamento do bônus de assinatura, além da assinatura dos contratos, que podem ser de concessão ou de partilha.
A diferença na oferta permanente é que, se for de concessão, as áreas arrematadas são concedidas às empresas. O critério para vencer o leilão de uma área de petróleo sob o regime de concessão é a oferta do bônus de assinatura e o Programa Exploratório Mínimo (PEM).
Na oferta permanente de concessão, vence quem tiver a maior nota, calculada mediante atribuição de pontos e pesos aos critérios de bônus de assinatura e do PEM.
O bônus de assinatura é o valor em dinheiro ofertado pelo bloco. O PEM é um conjunto de atividades que o vencedor da área no leilão se compromete a executar durante a primeira fase do contrato, de exploração.
Já na oferta permanente da partilha, são negociadas áreas localizadas no pré-sal. O critério para vitória no leilão é de oferta à União do excedente em óleo.
Excedente em óleo é a parcela da produção de petróleo e/ou gás natural a ser repartida entre a União e a empresa vencedora, segundo critérios definidos no contrato e o percentual ofertado na rodada.
Infomoney - SP 20/12/2024
Os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa nesta quinta-feira, 19, com a commodity pressionada pelas sinalizações de uma política mais rígida do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em 2025, em um quadro de juros e inflação mais elevados. Um dos resultados é um dólar mais forte, o que pesa nas matérias-primas cotadas na moeda americana, como o caso do petróleo. Além disso, seguem sinais de uma demanda enfraquecida em meio a um ambiente de grande oferta.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro fechou em queda de 0,91% (US$ 0,64), a US$ 69,38 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 0,69% (US$ 0,51), a US$ 72,88 o barril.
Analista da Swissquote, Ipek Ozkardeskaya, aponta que a mudança agressiva do Fed amorteceu na quarta-feira uma recuperação precoce dos preços do petróleo. Em sua visão, a postura cautelosa do banco central americano, aliada a uma fraca perspectiva de demanda e ampla oferta, pesaram ainda mais no preços, e sua previsão é de negociações dentro de uma faixa entre US$ 67 e US$ 70 por barril.
Um dos maiores fatores pressionando a perspectiva para a demanda é a desaceleração da economia chinesa. Uma mostra disso foi que a Índia se tornou a principal fonte de crescimento no consumo global de petróleo em 2024, ultrapassando a China neste ano, de acordo com o relatório de Perspectivas de Energias no Curto Prazo (Steo, na sigla em inglês) do Departamento de Energia dos Estados Unidos.
O relatório apontou que ao longo de 2024 e 2025, a Índia responderá por 25% do crescimento total do consumo de petróleo globalmente. Impulsionado pela crescente demanda por combustíveis para transporte e de uso culinário doméstico, o consumo de combustíveis líquidos na Índia deve aumentar 220 mil barris por dia em 2024 e 330 mil barris por dia em 2025. “Esse crescimento é o maior de qualquer país em nossa previsão para cada um dos anos”, observou o relatório. Em relação à China, a expectativa é de um aumento do consumo de 90 mil b/d em 2024 e de 250 mil b/d em 2025.
No noticiário, os países do G-7 estão explorando maneiras de endurecer o limite de preço do petróleo russo, mirando na capacidade de Moscou em financiar sua guerra contra a Ucrânia, disseram fontes à Bloomberg.
Segundo elas, as opções em consideração variam desde substituir essencialmente o mecanismo com uma proibição total no manuseio do petróleo bruto russo até baixar o limite de preço dos atuais US$ 60 para cerca de US$ 40. As fontes advertiram que as discussões continuam em andamento e ainda não há um consenso sobre um próximo passo.
Globo Online - RJ 20/12/2024
A EPR levou nesta quinta-feira a concessão federal do Lote 6 de rodovias do Paraná, em uma disputa sem concorrentes e praticamente sem deságio. Realizado na modalidade menor tarifa, o Lote 6 saiu com um desconto mínimo na tarifa de 0,08%. O contrato prevê investimentos de R$ 12,7 bilhões ao longo de 30 anos, além de R$ 7,4 bilhões na manutenção da operação.
Este foi o sexto contrato de concessão arrematado pela EPR, empresa que surgiu há dois anos por meio de uma sociedade da construtora Equipav com a Perfin Investimentos. Foram vencidos três contratos estaduais com o governo de Minas Gerais e três concessões federais, totalizando R$ 36,7 bilhões em compromissos de investimento (capex).
A empresa foi também a maior vencedora da safra de nove concessões rodoviárias realizadas desde o início do atual governo: venceu, no ano passado, o Lote 2 do Paraná (Litoral Pioneiro), de 605 km de extensão e R$ 10,8 bilhões de investimentos, também como a única concorrente. E, em abril, venceu também o trecho de Belo Horizonte a Juiz de Fora na BR-040.
A sociedade EPR pode ser novata, mas a Equipav tem muita estrada. O grupo foi fundado em 1960 como construtora e atuou em concessões rodoviárias até 2010, em sociedade com o Grupo Bertin. Na época, o grupo tinha 20 empresas e negócios nas áreas de saneamento e agroindústria (açúcar e álcool). Desde 2010, uma divisão societária concentrou os negócios de saneamento e construção nas mãos das famílias Toledo e Vetorazzo, que ficaram com a marca Equipav, enquanto agroindústria e rodovias ficaram com Bertin e a família Tarallo.
Em saneamento, a Equipav é dona da Aegea, uma das maiores do setor.
15 leilões em 2025
O leilão do Lote 6 do Paraná foi o quinto e último realizado pelo Governo Federal em 2024 e o ministro Renan Filho (Transportes) quer triplicar esse volume para o ano que vem. O primeiro será um contrato binacional, na fronteira de Foz do Iguaçu com a Argentina, previsto para o dia 7 de janeiro. Em junho e julho estão previstos os Lotes 4 e 5 do Paraná.
O lote 6 reúne o sistema de rodovias federais BR-277 e BR-163 com a rodovia estadual PR-280. São 642 km de estradas, dos quais 462 km terão de ser duplicados.