CNN Brasil - SP 28/01/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (27) que planeja impor tarifas sobre chips de computador, produtos farmacêuticos e aço importados, em um esforço para fazer com que eles sejam produzidos dentro do território norte-americano.
O anúncio vem na esteira da agenda protecionista prometida por Trump ao longo de sua campanha de retorno à Casa Branca.
Durante discurso ao Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, o presidente dos EUA afirmou que irá promover o maior corte de impostos da história do país a fim de atrair produtores, e que quem não quisesse produzir em solo norte-americano teria de pagar por isso.
“Minha mensagem para todos os negócios do mundo é bem simples: venha produzir na América e vamos dar as menores taxas de qualquer nação da Terra. Mas se a decisão de vocês for de não produzir na América, simplesmente terão de pagar uma tarifa que deve direcionar até trilhões de dólares para o nosso Tesouro, fortalecer nossa economia e reduzir nosso déficit”, afirmou o republicano na ocasião.
Falando em seu clube de golfe em Doral para legisladores republicanos, Trump disse que também imporia tarifas sobre alumínio e cobre – metais necessários para produzir equipamentos militares dos EUA. “Temos que trazer a produção de volta ao nosso país”, disse.
O Estado de S.Paulo - SP 28/01/2025
A projeção do relatório Focus para o IPCA de 2025 subiu pela 15ª semana consecutiva e, desta vez, saltou de 5,08% para 5,50% - exatamente 1 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, era de 4,96%. A partir deste ano, a meta começa a ser apurada de forma contínua, com base na inflação acumulada em 12 meses. O centro continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o Banco Central perdeu o alvo.
A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2026 subiu pela quinta semana seguida, de 4,10% para 4,22%. Um mês antes, estava em 4,01%. A estimativa intermediária para a inflação de 2027 permaneceu em 3,90%, contra 3,83% de quatro semanas atrás. A projeção para o IPCA de 2028 passou de 3,58% para 3,73%, ante 3,50% um mês antes.
O Comitê de Política Monetária (Copom) considera o segundo trimestre de 2026 como horizonte relevante da política monetária. O colegiado espera um IPCA de 4,0% nos quatro trimestres fechados nesse período, no cenário com a taxa Selic do Focus (de 6 de dezembro) e dólar começando em R$ 5,95 e evoluindo conforme a paridade do poder de compra (PPC). Também no cenário de referência, o Banco Central espera que o IPCA termine 2025 em 4,50% e desacelere a 3,60% em 2026.
A mediana do relatório Focus para a inflação de preços administrados em 2025 aumentou de 4,52% para 4,83%. Um mês antes, estava em 4,40%. A projeção para 2026 passou de 4,10% para 4,19%. Quatro semanas antes, estava em 4,00%. O Banco Central espera que a inflação de preços administrados seja de 4,5% este ano e desacelere a 4,1% em 2026, conforme os números divulgados no mais recente Relatório Trimestral de Inflação (RTI), de dezembro.
As medianas do relatório Focus indicam que o IPCA deve somar 1,96% no primeiro trimestre de 2025. Se confirmada, seria a maior taxa trimestral desde o mesmo período de 2023, quando a inflação acumulada de janeiro a março foi de 2,09%. A estimativa intermediária do Focus para o IPCA de janeiro passou de zero para alta de 0,12%.
Na última sexta-feira, 24, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 subiu 0,11% em janeiro, acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de queda de 0,01%. A projeção para fevereiro no Focus passou de 1,35% para 1,38%. A mediana para o IPCA de março foi de 0,43% para 0,46%.
No caso do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a projeção elevou de 2,04% para 2,06% neste ano. Um mês antes, estava em 2,01%. A estimativa para 2026 caiu de 1,77% para 1,72%. Um mês atrás, era de 1,80%. Após 78 semanas de estabilidade, a mediana para o crescimento do PIB de 2027 passou de 2,0% para 1,96%. O Banco Central espera que a economia brasileira cresça 3,50% em 2024 e 2,10% este ano.
A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 ficou estável em 15,0%. Um mês atrás, estava em 14,75%. Na sua última reunião, de dezembro, o Copom aumentou a taxa básica para 12,25% ao ano e sinalizou mais duas elevações de 1 ponto porcentual cada, que levariam os juros a 14,25% em março.
O Copom volta a se reunir na terça-feira, 28, e quarta-feira, 29, para definir a taxa Selic. De 51 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast, 50 esperam que o comitê eleve a taxa Selic para 13,25%. A mediana para os juros no fim de 2026 aumentou de 12,25% para 12,50%. Um mês antes, era de 12,00%.
O RTI de dezembro do Banco Central reforçou o cenário de deterioração da inflação e firmou a percepção do mercado de que será preciso uma taxa de juros acima de 13,75% - estimativa adotada como pico do juro básico no cenário de referência do RTI – para a convergência da inflação à meta de 3%.
Globo Online - RJ 28/01/2025
Começa hoje a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que é composto por diretores do Banco Central (BC), sob a liderança formal de Gabriel Galípolo, novo presidente da instituição.
O resultado sai amanhã, e a expectativa é que o BC cumpra o indicado em dezembro e eleve a taxa básica Selic do patamar atual, de 12,25%, para 13,25% ao ano. A escalada deve seguir em março, para 14,25% ao ano.
“Acompanhando a atividade, os mercados de crédito e, principalmente, de capitais têm surpreendido ao longo do ano, com crescimento de volume acima do que era esperado, apesar de taxas de juros elevadas. Ressalta-se que, apesar da resiliência da atividade, um ambiente de alta de juros, com nível de inadimplência e comprometimento de renda elevados, requer cautela e diligência adicionais na concessão de crédito”, disse o BC, na última ata do Copom.
A meta de inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, ou seja, para que seja considerada cumprida, não deve passar de 4,5% ao ano. No ano passado, o IPCA foi de 4,83%.
Em 2024, mesmo com a alta dos juros, o saldo de operações de crédito no sistema financeiro nacional cresceu 10,9%, após um aumento de 8,1% em 2023, segundo dados do Banco Central (BC). O resultado ficou levemente acima da projeção do BC (10,6%) e mostra que o aumento da taxa básica de juros não foi suficiente para travar o avanço dos empréstimos no ano passado.
O cenário evidencia o tamanho do desafio que o novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, terá no comando do Comitê de Política Monetária (Copom) para esfriar a economia e cumprir a meta de inflação, após o estouro em 2024.
Mercado vê inflação a 5,5% e juros a 15% no fim de 2025
A expectativa de analistas de mercado é de aumento em um ponto percentual, para 13,25% ao ano, mas chegando a 15% em dezembro. Também preveem o indicador oficial de inflação em 2025 alcançando os 5,5%. É o que apontam agentes de mercado na pesquisa Focus, do BC, divulgada ontem.
O número para a inflação do ano é um ponto percentual acima do teto definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%. A previsão para o índice de inflação estourando o teto da meta ocorre mesmo diante de uma expectativa de Selic restritiva.
A expectativa para a inflação em 2026 também foi revisada , agora em 4,22% (ante 4,10% na semana passada). Para o PIB, os investidores agora estimam o crescimento em 2,06% (ante 2,04%) na semana passada. A expectativa para o câmbio se manteve estável, a R$ 6, tanto para 2025 quanto para 2026.
Já para o ano que vem, o mercado vê a taxa de juro chegando ao fim de 2026 em 12,5% (ante 12,25% na semana passada), e o PIB a 1,72% (a previsão anterior era de crescimento de 1,77%).
Sem dar pistas
Para 2027, o mercado ainda vê o juro em dois dígitos, em mediana de 10,38% ao ano, ante previsão de uma Selic a 10,75%. Há expectativa para o IPCA acima do centro da meta, em 3,9%.
Em relatório divulgado ontem, o Itaú avalia que o Copom pode adotar uma postura mais cautelosa, evitando indicar a magnitude dos movimentos futuros, como mostrou o blog da coluna de Míriam Leitão.
Isto porque a política monetária mais restritiva tende a impactar a economia com mais força a partir do segundo trimestre deste ano. O texto lembra que desde a reunião do Copom de dezembro tem havido piora nas projeções da pesquisa Focus:
“Em meio a elevado grau de incerteza, avaliamos que a reação mais provável da autoridade monetária seja não indicar a magnitude dos movimentos para reuniões além da próxima”.
IstoÉ Dinheiro - SP 28/01/2025
A balança comercial brasileira registrou déficit comercial de US$ 36 milhões na quarta semana de janeiro. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira, 27, o valor foi alcançado com exportações de US$ US$ 4,771 bilhões e importações de US$ 4,807 bilhões. No mês, o superávit acumulado é de US$ 2,427 bilhões.
Até a quarta semana de janeiro, a média diária das exportações registrou baixa de 1,2% em relação à média diária do mesmo mês de 2024. O resultado se deu devido a queda de US$ 18,15 milhões (-9,5%) em Agropecuária; recuo de US$ 38,06 milhões (-10,2%) em Indústria Extrativa e crescimento de US$ 40,1 milhões (6,2%) em produtos da Indústria de Transformação.
Já as importações tiveram crescimento de 13,3% na mesma comparação, com alta de US$ 6,79 milhões (29,2%) em Agropecuária; queda de US$ 1,51 milhões (-2,8%) em Indústria Extrativa e avanço de US$ 116,92 milhões (13,8%) em produtos da Indústria de Transformação.
Money Times - SP 28/01/2025
A Vale (VALE3) divulga nesta terça-feira (28) o relatório de produção e vendas do quarto trimestre de 2024, período mercado por excesso de oferta do minério de ferro nos portos da China e pela estratégia da companhia brasileira de foco em qualidade, não em volume.
Para analistas do mercado financeiro, o relatório de produção do 4T24 da Vale deve refletir uma leve contração na produção de minério de ferro, com embarques estáveis em relação ao trimestre anterior, mas inferiores na comparação anual.
Os preços devem mostrar uma leve recuperação, impulsionados pela nova estratégia da empresa que visa a melhora dos prêmios de qualidade, disseram os analistas da Genial Investimentos, em relatório. Apesar dos desafios de mercado, a empresa continua buscando otimizar seus custos e operações, descaram.
‘Leve contração’
A corretora estima que a produção de finos de minério de ferro será de 85,8 milhões de toneladas (Mt), o que representa uma leve contração tanto na comparação com o trimestre anterior quanto com o mesmo período de 2023
Os embarques de finos de minério de ferro devem atingir 69,7 Mt, mostrando estabilidade em relação ao trimestre anterior, mas uma queda de 10,6% na comparação anual, segundo a Genial.
A corretora também estima que o preço realizado desses finos chegue a US$ 92,0 por tonelada, mostrando uma leve recuperação em relação ao trimestre anterior, embora ainda represente uma queda significativa na comparação anual.
A corretora diz que os custos continuarão a cair, com o custo C1 por tonelada, excluindo terceiros, estimado em US$ 19,6 por tonelada. Isso representa uma redução tanto em relação ao trimestre anterior quanto ao ano anterior.
A redução nos custos reflete os ganhos de eficiência operacional e a diluição de custos fixos alcançados pela empresa, disse.
Outros metais
A Genial projeta que a produção de pelotas permanecerá estável em 10,1 Mt, mas os preços enfrentarão pressão devido a defasagens contratuais e a um menor prêmio de qualidade.
O preço do níquel continua em queda, com projeção de US$ 16.764/t, embora a produção e as vendas do metal aumentem.
No caso do cobre, a produção deve aumentar para 99 Kt, enquanto o preço realizado deve sofrer redução, projetado em US$ 8.816/t.
VALE3 segue ‘compra’
A Genial Investimentos reiterou a recomendação de compra para as ações da Vale, com um preço-alvo de R$ 65,60 para os papéis na B3 e US$11,10 para os ADRs, com potencial de valorização de 23,7%.
A Vale, disseram os analistas, é negociada com um desconto de 40% em relação aos pares globais, enquanto os múltiplos permanecem atrativos, como EV/Ebitda 25E de 3x e Dividend Yield 25E de 9%.
A corretora disse acreditar que o mercado subestima o potencial de valorização da ação, apesar da volatilidade esperada no preço do minério de ferro (US$90-110/t) e desafios como excesso de oferta na China e o acordo de Mariana.
Globo Online - RJ 28/01/2025
A indústria da mineração continua sendo encarada como gerador infinito de dinheiro para compensar formas discutíveis de gestão do dinheiro público. A pressão por arrecadação não encontra semelhança nos esforços para cortar gastos na máquina estatal ou otimizar a administração, tanto no que se refere aos variados orçamentos quanto às políticas públicas, em que pesem os esforços do ministro Fernando Haddad.
O comportamento arrecadatório se revela novamente no veto ao dispositivo que desonera as exportações do Imposto Seletivo (IS) no âmbito da reforma tributária. Restabelecer a desafortunada medida de cravar uma alíquota de IS sobre as exportações de minério de ferro é um erro estratégico, político, econômico e constitucional. O Brasil exporta 325 milhões de toneladas por ano, o que exige esforço e investimentos das empresas. Nem sempre a cotação internacional é favorável, e os principais concorrentes, caso das mineradoras da Austrália, não passam por esse ataque fiscal. A carga tributária no Brasil sobre o minério de ferro é uma das maiores.
A decisão do Executivo ainda gerará efeitos adversos, em termos de captação de investimentos, de novos projetos, na geração de empregos. Uma vez que o Imposto Seletivo se destina a desestimular o consumo de produtos finais, o minério não segue essa denominação. É insumo, um bem de utilidade pública. Isso o afasta da justificativa de incidência do IS. Sua produção deve ser estimulada, e não desincentivada como está posto. Mas, no Brasil, a compreensão é divergente, já que poderá ser a única nação a tributar o minério com o IS.
A reforma tributária passou por profundo e longo debate na Câmara e no Senado. Ambas as Casas se mostraram abertas às argumentações da indústria da mineração, em especial, segundo a qual a nova tributação se refletirá até na capacidade de produzir mais minerais críticos para a transição energética — usados em novas tecnologias de placas solares, baterias e demais itens para energia limpa. Esse debate tem ocorrido desde 2023.
Mais uma vez, o Congresso Nacional assumirá o protagonismo, com oportunidade para reconstruir o respeito à Constituição e evitar a judicialização dessa questão. A expectativa é que um acordo entre as lideranças no Parlamento resulte na derrubada do veto e recomponha a isenção do Imposto Seletivo às exportações de minérios. Do contrário, o recado está óbvio: o Brasil apoia a exportação de tributos, violando princípios básicos do Direito Tributário, e seguirá mudando as regras do jogo à conveniência de sua necessidade arrecadatória.
A mineração defende a reforma tributária, reconhece e sempre apoiou o esforço do Executivo e do Congresso na mudança do sistema de impostos. No entanto se posiciona contra qualquer medida que implique mero aumento de carga tributária em detrimento da competitividade do produto nacional e da saúde das empresas que atuam no Brasil. Não há hipótese de pensarmos ou agirmos diferente.
Valor - SP 28/01/2025
Australiana BHP vem monitorando de perto o progresso da Anglo American e avalia que a cotação da mineradora ficou cara demais para justificar nova oferta no curto prazo, segundo fontes
Mineradora Anglo American — Foto: Divulgação
O interesse da BHP em apresentar uma nova oferta pela Anglo American esfriou, segundo fontes próximas à empresa, uma vez que a valorização das ações da mineradora rival tornaria a transação muito cara para a empresa australiana. Na esteira da oferta de aquisição por 39 bilhões de libras esterlinas (US$ 49,6 bilhões) feita pela BHP, que acabaria sendo malsucedida, a Anglo American lançou plano radical de reestruturação em 2024 que previa a venda das operações de carvão, platina e diamantes e foi bem recebido pelos investidores.
A australiana BHP vem monitorando de perto o progresso da Anglo American, cujas ações são negociadas em Londres, e avalia que a cotação da mineradora ficou cara demais para justificar uma nova oferta no curto prazo, segundo três fontes a par da situação.
As ações da Anglo American acumulam alta de 40% nos últimos 12 meses, enquanto os papéis da BHP perderam 17% do valor no mesmo período, afetados pela queda nas cotações do minério de ferro e pelo enfraquecimento do mercado imobiliário da China.
“Diante disso, se a BHP estava oferecendo o que considerava um valor justo, é difícil ver por que pagariam mais agora”, disse George Cheveley, gestor de fundos da administradora de investimentos Ninety One.
O plano de reestruturação da Anglo American criaria uma empresa menor em termos de vendas, mas com focos mais concentrados, já que 54% de sua receita viria do cobre e o restante do minério de ferro.
A Anglo American já conseguiu US$ 4,9 bilhões com a venda de seus ativos de carvão na Austrália em 2024 e está prestes a assinar um acordo sobre suas minas de níquel no Brasil, com um anúncio esperado nas próximas semanas. O desmembramento de sua unidade de platina na África do Sul é esperado ainda em 2025, enquanto a abertura de capital da unidade de diamantes De Beers pode ficar para 2026, segundo a empresa.
Os papéis da Anglo American estão sendo negociados cerca de 3% acima do valor da última oferta da BHP, que foi feita em maio de 2024 e seria paga integralmente em ações, segundo cálculos de Ben Davis, analista do banco RBC.
Se houver uma nova oferta, ela seria mais provável após o desmembramento da unidade de platina da Anglo American, segundo Davis. “Será uma empresa diferente após essas mudanças da reestruturação”, disse. “Sinto que já há um ágio pela oferta no preço das ações hoje.”
Uma dos principais fatores que motivou a oferta inicial da BHP pela Anglo American foi o interesse nos ativos de cobre da rival — em particular sua participação nas minas Collahuasi, no Chile, e Quellaveco, no Peru.
A BHP destacou estar empenhada em investir em seus ativos de cobre existentes. O plano, entretanto, é caro: a empresa revelou em 2024 que precisará gastar até US$ 10 bilhões para aumentar a produção na mina de cobre Escondida, no Chile.
Recentemente, a companhia concluiu a compra de operações de cobre ainda em desenvolvimento na Argentina, o Filo del Sol, por US$ 3 bilhões, em parceria com a Lundin Mining. “Não existe nenhuma transação que seja ‘obrigatória’ para a BHP”, disse o executivo-chefe da empresa, Mike Henry, ao “Financial Times”, em dezembro.
Ele acrescentou que a empresa só tenta promover aquisições quando se trata da commodity certa, dos ativos com a vida operacional certa e quando há valor adicional a ser destravado com uma compra pela BHP. “Esses são critérios bem rigorosos. Não há tantas oportunidades que atendam a todos esses requisitos”, disse Henry.
Sob o comando da diretora de desenvolvimento Catherine Raw, que se juntou à BHP em abril de 2024, a mineradora reestruturou recentemente sua equipe de fusões e aquisições para consolidar e dar um enfoque mundial a certas funções que antes eram divididas por regiões.
De acordo com as normas em Londres sobre aquisições, a BHP pode renovar sua oferta pela Anglo American, se assim desejar, após o fim de um período de seis meses de espera, que expirou no fim de novembro.
(Colaborou Susannah Savage)
Valor - SP 28/01/2025
O declínio continuou este ano, fazendo com que a mineradora sediada no Rio de Janeiro perdesse sua posição como a terceira maior empresa da bolsa
A economia chinesa mais fraca e os preços de minério de ferro em baixa derrubaram as ações da Vale e deixaram os investidores cautelosos com as incertezas que assolam um dos maiores fornecedores mundiais do ingrediente siderúrgico.
A crise persistente no setor imobiliário da China e seus impactos no minério de ferro — que responde por cerca de 80% da receita da Vale — fizeram os investidores cortar as alocações na empresa brasileira no ano passado. Isso levou as ações da Vale ao seu nível mais baixo desde 2020, eliminando mais de R$ 100 bilhões em valor de mercado em 2024.
O declínio continuou este ano, fazendo com que a mineradora sediada no Rio de Janeiro perdesse sua posição como a terceira maior empresa da bolsa.
“Acho que tem um pouco de medo de você comprar Vale, mas aí a China dá uma piorada e você perde dinheiro”, disse Florian Bartunek, sócio-fundador e CIO (diretor de investimentos) da Constellation Asset Management. “Então as pessoas estão um pouco com pé atrás.”
A crise da Vale continua mesmo depois da resolução de muitos problemas que azedaram o sentimento dos investidores, incluindo uma sucessão confusa que, no final, viu o diretor financeiro Gustavo Pimenta assumir o cargo de presidente. A Vale também chegou a um acordo pelo desastre na barragem da Samarco em 2015 e renegociou um aerto com o governo para acesso ferroviário às suas principais minas no ano passado.
“Infelizmente, agora que a empresa consertou as coisas, todos estão preocupados com a China novamente”, disse Josh Rubin, gestor na Thornburg Investment Management.
Cerca de metade da receita da Vale vem da China. A empresa embarcou 185,5 milhões de toneladas métricas de minério de ferro para o país asiático em 2023, quase 60% da produção anual da Vale.
A desaceleração da economia chinesa prejudicou o mercado imobiliário e a construção, reduzindo a demanda por minério de ferro justamente quando as grandes mineradoras estão aumentando a oferta global. O preço do ingrediente siderúrgico caiu mais de 25% no ano passado, fechando dezembro em cerca de US$ 100 a tonelada métrica.
A esse preço, os dividendos e recompras de ações da Vale podem cair pela metade para US$ 2,1 bilhões este ano e o fluxo de caixa operacional encolheria para o menor nível desde 2016, de acordo com a Bloomberg Intelligence.
Os preços do minério de ferro se recuperaram um pouco em janeiro com as expectativas de mais estímulos de Pequim, mas a China está mudando seu foco para um crescimento e consumo mais verdes e de alta tecnologia — diminuindo a importância do aço para sua economia.
“O cenário de geração de caixa da Vale é um pouco pior do que os pares”, disse Humberto Meireles, sócio e integrante da equipe de gestão de ações da Vinland Capital, acrescentando que há incertezas “sobre o quão efetivo vai ser o governo chinês em reativar a demanda doméstica”.
As ações da Vale em Nova York foram negociadas a cerca de 4,6 vezes os lucros estimados, em comparação com uma proporção de 11 vezes para o BHP Group e 9,1 vezes para a Rio Tinto. Ambas as empresas têm um portfólio mais diversificado, com a perspectiva de enfraquecimento da demanda por minério de ferro levando-as a investir fortemente em cobre e lítio.
A Vale está mudando a estratégia sob seu novo CEO, vendendo diferentes tipos de minério de ferro para atrair mais clientes e desenvolvendo projetos em países como a Arábia Saudita para diversificar. A produtora de metais também busca aumentar a produção de cobre e níquel no Canadá, Brasil e Indonésia.
A empresa perdeu na última quinta-feira sua posição como a terceira maior empresa de capital aberto da bolsa em valor de mercado para a Weg, fabricante global de equipamentos elétricos e industriais. As ações da Weg saltaram 72% nos últimos 12 meses, enquanto as ações da Vale caíram 24%.
A Vale não quis comentar.
Os investidores não estão sinalizando confiança na recuperação das ações da Vale no curto prazo. Os papéis estenderam o declínio do ano passado, caindo 2,3% desde o início de janeiro. No início do mês, o conglomerado Cosan, do bilionário Rubens Ometto, se desfez de uma participação de 4,1% na Vale com prejuízo — o valor de seu investimento caiu 34% desde que a empresa comprou as ações em 2022.
Ainda assim, alguns veem uma oportunidade de compra: o analista do J.P. Morgan Chase Rodolfo Angele reiterou uma visão positiva para a Vale em nota de 17 de janeiro, observando que a empresa está gerando fluxo de caixa livre sólido e está bem posicionada para um real mais fraco.
“Essa grande desconexão é uma oportunidade para os investidores”, escreveu.
© 2025 Bloomberg L.P.
CNN Brasil - SP 28/01/2025
Os preços futuros do minério de ferro subiram nesta segunda-feira (27) na bolsa de Dalian e caminhavam para fechar o mês com ganho, auxiliados pela demanda resiliente na China.
Momento positivo para commoditie acontece enquanto comentários recentes do presidente dos EUA, Donald Trump, aliviaram preocupações sobre uma escalada nas tensões comerciais entre EUA e China.
O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 1,06%, a 810,5 iuanes ( US$ 111,54) a tonelada.
O contrato registra ganho de 4,31% até agora neste mês.
Os mercados financeiros da China estarão fechados de 28 de janeiro a 4 de fevereiro devido a um feriado. As negociações serão retomadas em 5 de fevereiro, quarta-feira.
O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura subia 0,16%, a 105,1 dólares a tonelada.
“Os preços do minério de ferro na China aumentaram ligeiramente… impulsionados principalmente pela contínua recuperação da demanda de minério pelas siderúrgicas de alto-forno”, disse a consultoria chinesa Mysteel uma nota.
Em janeiro, a produção média diária de aço bruto das principais empresas siderúrgicas registrou aumento mensal de 0,3%, disse a consultoria chinesa Lange Steel, citando estatísticas da Associação de Ferro e Aço da China.
Trump descreveu seu telefonema com o presidente chinês Xi Jinping na quinta-feira como “amigável” e disse que preferiria não impor tarifas contra a China, embora reconheça que as tarifas são um “poder tremendo”.
Ainda assim, dados industriais fracos na segunda maior economia do mundo, apesar de uma série de medidas de estímulo, reduziram os ganhos de preço do principal ingrediente da fabricação de aço.
A atividade industrial da China sofreu uma contração inesperada em janeiro, a mais fraca desde agosto.
O sentimento também foi pressionado pelas preocupações persistentes com as tarifas dos EUA, o que levou as ações chinesas a terem negociações fracas.
IstoÉ Dinheiro - SP 28/01/2025
A Tesla e a BMW, gigantes montadoras dos Estados Unidos e Alemanha, entraram com ações no Tribunal Geral da União Europeia (UE) e se juntam a BYD, Geely e SAIC – fabricantes de automóveis da China – que se opõem ao bloco por conta de tarifas em veículos elétricos. Anteriormente, a UE impôs tarifas de até 45% sobre os carros elétricos chineses, mas os modelos da Tesla fabricados no país foram atingidos com uma taxa adicional de 7,8%, enquanto os alemães receberam acréscimo de 20,7%.
Um porta-voz da BMW disse que a empresa se opõe às tarifas de importação e afirmou que elas não fortalecem a competitividade dos grupos automobilísticos europeus. “Pelo contrário, as tarifas compensatórias prejudicam o modelo de negócios das empresas globalmente ativas, limitam o fornecimento de carros elétricos para os clientes europeus e, portanto, podem até desacelerar a descarbonização no setor de transporte,” disse.
O porta-voz da Comissão Europeia, Olof Gill, pontuou que a UE permanece totalmente aberta a encontrar uma solução, mas que precisa abordar “o claro exemplo de concorrência desleal identificado”.
O Estado de S.Paulo - SP 28/01/2025
Montadoras mais antigas com fábricas no Brasil vão entrar, nos próximos dias, com pedido de averiguação de prática de dumping contra empresas chinesas que estão comercializando veículos importados no País. O principal alvo são os automóveis, mas serão incluídas também marcas que vendem caminhões, ônibus e máquinas agrícolas e rodoviárias.
O processo deve ser enviado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa 25 montadoras do setor. Embora envolva vários segmentos, os principais alvos são a BYD e a GWM.
As duas chinesas que vão inaugurar fábricas no País neste ano venderam, respectivamente, 76,8 mil e 29,2 mil elétricos e híbridos em 2024. Os dois volumes representam 60% de todos os eletrificados que vieram de fora e 22,7% de todos os veículos importados no período.
A GWM informa ver a ação com tranquilidade, pois age seguindo as regras internacionais e a legislação brasileira para comércio exterior. Em nota, a BYD negou qualquer prática de dumping na venda de veículos no Brasil e destacou que está construindo em Camaçari, na Bahia, o maior complexo industrial da companhia fora da China. “Estamos comprometidos com o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira que, por décadas, foi deixado em segundo plano pelas montadoras tradicionais que agora tentam de todas as formas utilizar artimanhas para esconder a falta de competitividade.”
O presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos, diz que o direito a averiguar eventual dumping está previsto na Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele ressalta que não vê qualquer “distorção nas relações entre Brasil e China, que são grandes parceiros comerciais, mas, caso o pedido envolva os veículos eletrificados, vamos contribuir com o processo.”
A Anfavea foi procurada, mas não quis comentar o tema. A entidade tem reclamado com frequência do aumento das importações de veículos da China. Sua participação entre os países que mais exportam para o Brasil dobrou — era 12% em 2023 e foi a 26% no ano passado. O presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, tem dito que o excesso de importações coloca em risco a produção local, “que gera empregos, tributos e desenvolvimento local de novas tecnologias”.
Europa é modelo
O dumping é caracterizado quando uma empresa recebe subsídios governamentais para exportar seus produtos abaixo do custo de produção. Também quando a empresa arca com o prejuízo das vendas a preços baixos para ganhar mercado. Um importante escritório especializado no tema trabalha, há alguns meses, na busca de dados para basear a petição.
O relatório deve seguir critérios semelhantes aos usados pela União Europeia que iniciou, em setembro de 2023, uma investigação sobre alegações de dumping entre fabricantes chineses de veículos elétricos. Em outubro passado, a UE impôs tarifas de até 35% sobre a importação desses veículos, que se soma aos 10% que já eram cobrados.
No caso brasileiro, o Estadão apurou que o movimento para o processo antidumping ficou mais forte após a importação de um lote de quase 100 mil veículos chineses às vésperas de uma nova alta na alíquota do Imposto de Importação (II), em julho passado. Pátios de portos ficaram lotados de carros.
Segundo a Anfavea, ainda há cerca de 50 mil deles estocados em áreas portuárias. A maior parte é da BYD, mas também há modelos da GWM e de montadoras já instaladas. Conforme um pessoa do setor automotivo que acompanha a questão e pede para não ser identificada, esses automóveis estão sendo vendidos a preços muito abaixo dos praticados na China e em outros mercados.
Movimento similar de antecipação de importações pode se repetir nos próximos meses, pois em julho haverá nova alta do Imposto de Importação, que hoje está em 18%. Veículos eletrificados tiveram isenção do imposto por nove anos. A partir de janeiro de 2024 voltou a ser cobrado gradualmente e em julho de 2026 retomará a alíquota cheia de 35%, mas a Anfavea tem pedido ao governo para antecipar o cronograma.
Licitações na mira
Outro alvo da Anfavea são os processos de licitação de maquinário para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A entidade diz que grande parte das compras está sendo feita de empresas que têm pouca etapa fabril no País, o que é chamado de “maquiagem”, ou de grupos que abrem um escritório, vencem as licitações, desaparecem e deixam de prestar serviços de manutenção e de venda de peças.
Dados preliminares de um estudo que deve ser concluído em abril para ser levado ao governo apontam que, de 2.132 máquinas adquiridas em 29 licitações averiguadas, 32% são de empresas de fora do País que “têm uma saleta como sedel” ou que empregam menos de 20 pessoas só para realizarem pequenos serviços, como instalação de logotipos.
Leite caracteriza o processo como uma “invasão de máquinas importadas nas compras públicas do País” e defende mudanças na lei de licitações. Segundo ele, o PAC tem mais de R$ 1 trilhão em recursos públicos até 2026 com o pretexto de desenvolver o País, “mas as importações descontroladas começam a destruir empregos no País”.
No ano passado foram importadas em todo mercado brasileiro 26,4 mil máquinas agrícolas e rodoviárias, o triplo do número de 2020. Desse total, 55,7% vieram da China e 26,4% da Índia. Além de tirar mercado do produto nacional, as importações crescem também nos países para onde o Brasil exporta. “Temos produtos de qualidade – 42% de nossas exportações seguem para os Estados Unidos –, mas estamos perdendo competitividade.”
Valor - SP 28/01/2025
Governo deve anunciar fonte de compensação e demais informações referentes à ampliação do programa em fevereiro
O instrumento de depreciação superacelerada da indústria terá disponíveis R$ 2,2 bilhões neste ano e R$ 2,2 bilhões no ano que vem, afirmou nesta segunda-feira (27) o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin.
“Temos boas notícias da depreciação acelerada: R$ 2,2 bilhões neste ano e R$ 2,2 bilhões no ano que vem para a troca de máquinas, equipamentos, toda a área de bens de capital”, afirmou Alckmin em entrevista coletiva após evento em São Miguel dos Campos (Alagoas).
Lançada no ano passado pelo Mdic, a depreciação superacelerada é um incentivo fiscal que permite a indústrias deduzir em até dois anos, da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), investimentos realizados em máquinas e equipamentos. A medida tem impacto apenas no fluxo das contas das empresas e do governo federal, sem alteração no estoque de impostos a ser recolhido, já que toda a quantia é em algum momento recuperada pela União.
Conforme publicado pelo Valor em dezembro, o Mdic vinha trabalhando para aumentar o montante de recursos do programa para este ano, inicialmente previsto em R$ 1,7 bilhão. O aumento dependia, no entanto, de o governo federal encontrar uma forma de compensar em termos fiscais o benefício, a fim de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Uma possibilidade de compensação era a implantação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Verde, que faz parte do Mobilidade Verde e Inovação (Mover) e cujo decreto ainda não foi publicado. A tendência é que o Mdic anuncie a fonte de compensação e demais informações referentes à ampliação do programa em fevereiro.
IstoÉ Dinheiro - SP 28/01/2025
O patamar elevado da taxa de juros foi o principal problema enfrentado pela indústria da construção no quarto trimestre de 2024, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Às vésperas da primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sob o comando oficial de Gabriel Galípolo, a Sondagem da Indústria da Construção divulgada nesta segunda-feira, 27, mostra que a alta dos juros foi destacada por 34,1% dos empresários do setor, ante 25,4% no 3º trimestre.
De acordo com a pesquisa, 26,8% dos empresários apontaram que a falta ou alto custo de trabalhador qualificado foi um dos principais problemas encarados pela indústria da construção no fim do ano passado, com 26,8%. Já a elevada carga tributária fechou o ano como o terceiro maior problema, citado por 26,6% dos entrevistados.
O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, reforçou que a indústria da construção é sensível à política monetária contracionista, o que explica o resultado da pesquisa. “A taxa de juros é bastante importante para o setor da construção. Ela condiciona tanto o lançamento de unidades quanto a própria demanda, já que as pessoas, normalmente, precisam financiar a compra de seus imóveis e empreendimentos. Por isso, a elevação da Selic traz sempre grande preocupação para o setor”, disse em nota à imprensa.
Acesso ao crédito
A pesquisa mostra ainda que o índice de acesso ao crédito da indústria da construção fechou o quarto trimestre em 37,7 pontos, depois de recuar 2,6 pontos em relação ao terceiro trimestre. Os empresários do setor apontam que a dificuldade para obter empréstimos e financiamentos cresceu no último trimestre do ano passado, logo após a retomada do ciclo de alta da Selic.
O índice de satisfação com o lucro operacional também registrou queda e atingiu 44,8 pontos no quarto trimestre, ante 45,4 pontos do terceiro trimestre. Já o índice de evolução do preço médio de insumos e matérias-primas subiu 2,7 pontos frente ao terceiro trimestre, ficando em 64 pontos.
Apesar deste cenário, os empresários se dizem menos insatisfeitos com a situação financeira das empresas. Após avançar 1,3 ponto em relação ao terceiro trimestre, o índice que mede a satisfação dos empresários ficou em 49 pontos no quarto trimestre.
Confiança
De acordo com a CNI, em janeiro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Construção caiu 1,4 ponto e ficou abaixo da linha divisória de 50 pontos – que separa justamente o sentimento de confiança da falta de confiança. É a primeira vez que isso ocorre desde janeiro de 2023.
“Esse resultado reflete a piora das avaliações dos empresários sobre as condições atuais da economia brasileira e sobre as expectativas para a economia brasileira e para a empresa”, aponta a CNI. Os dois componentes do ICEI recuaram em janeiro: enquanto o índice de Condições Atuais diminuiu 1,2 ponto, para 44,9 pontos, o índice de Expectativas teve queda de 1,6 ponto, atingindo 51,9 pontos.
O índice que mede o nível de atividade da indústria da construção fechou 2024 em 45,4 pontos, afastando-se ainda mais da linha divisória de 50 pontos, o que revela que a atividade recuou mais intensamente do que em novembro.
Segundo a CNI, o índice do número de empregados do setor recuou de 47,8 pontos, em novembro, para 45,7 pontos, em dezembro. “Isso significa que a queda na quantidade de trabalhadores no último mês do ano foi mais forte que a queda observada em novembro. Assim como a atividade, o emprego caiu entre as empresas de todos os portes”, explica a entidade.
Já a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) se manteve em 67% em dezembro, ante o mês anterior. O indicador está 5 pontos porcentuais acima da média histórica para o último mês do ano, que é de 62%.
Expectativas
Em janeiro deste ano, o índice de expectativa de nível de atividade se manteve em 53,8 pontos, o que mostra que as projeções dos empresários para 2025 continuam positivas, segundo a CNI. Já o índice de expectativa de compras de insumos e matérias-primas passou de 51,4 pontos para 53,7 pontos.
O indicador que mede a expectativa de número de empregados teve alta de 0,6 ponto em janeiro, ante o mês anterior, e marca 53,1 pontos. Já o índice de expectativa de novos empreendimentos e serviços caiu 1 ponto em janeiro, na comparação com dezembro. Ao se aproximar da linha divisória de 50 pontos, o índice aponta que há menor perspectiva de novos empreendimentos e serviços para 2025.
Intenção de investir
A pesquisa mostra ainda que o índice de intenção de investimento da indústria da construção ficou em 45,1 pontos em janeiro, 0,8 ponto abaixo do registrado em dezembro. Apesar disso, o indicador permanece 7,2 pontos acima da média histórica.
Nesta edição, a CNI consultou 315 empresas, sendo 118 de pequeno porte; 130 de médio porte; e 67 de grande porte, entre os dias 7 e 17 de janeiro de 2025.
Veja - SP 28/01/2025
O Plano Nacional de Ferrovias, que começou a ser divulgado este mês pelo ministro dos Transportes Renan Filho (MDB), está provocando uma disputa entre os estados de Tocantins e Goiás devido à possível mudança no traçado original da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), de Figueirópolis no Tocantins para Mara Rosa em Goiás como ponto de interligação com uma outra ferrovia, a Norte-Sul.
O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), se mostrou preocupado com a possível mudança, o que o levou a solicitar uma audiência com o Ministro Renan Filho e a bancada federal do estado. “O Tocantins não pode ser preterido como se fosse menos relevante. Os investimentos locais para atender esse eixo de ligação já estão sendo feitos há mais de década. A iniciativa privada e o governo do Estado já investiram na região. Essa seria uma mudança abrupta no planejamento federal que alteraria toda a matriz de crescimento do Tocantins.”, afirmou o governador tocantinense.
O deputado federal e ex-governador Carlos Gaguim (UB) também protestou contra a possível mudança no traçado e disse que isso representaria um aumento de 2 bilhões de reais nos custos da rodovia.
A previsão do Ministério dos Transportes é que o plano seja apresentado ao presidente Lula nas próximas semanas, o que explica a pressa dos tocantinenses em garantir que o estado seja contemplado com a ferrovia que vai ligar a Norte-Sul ao Porto de Ilhéus, na Bahia, com mais de 1 500km de extensão. A estimativa é que o plano, que envolve outras rodovias pelo país, chegue a 100 bilhões de reais em investimentos.
Petro Notícias - SP 28/01/2025
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) está levantando uma questão em relação aos navios encomendados pela Transpetro, em 2010, no antigo Programa de Modernização da Frota (Promef 2), “época de ouro”, auge da Operação Lava Jato. A FUP diz que eles correm o risco de não serem concluídos e entregues, embora estivessem com mais de 80% das obras terminadas quando de sua paralisação em 2014, com a operação Lava Jato. É o caso dos petroleiros Irmã Dulce e Zélia Gattai, que estão parados no Estaleiro Eisa, na Ilha do Governador (RJ). São navios Panamax de até 73 mil toneladas de petróleo bruto (TPB), que estão ameaçados de serem cortados em pedaços e virarem sucata, caso a Petrobrás não emita em tempo hábil carta confirmando “demanda firme”, autorizando a Transpetro a finalizar as embarcações. A FUP diz que “os navios podem ser importantes ferramentas para o transporte de petróleo Brasil afora, compondo a frota da Transpetro.” A direção da federação, que na época da Lava Jato não se manifestou contra os desvios de milhões nos contratos da Petrobrás, agora parece querer ser o Xerife da cidade. Pediu até uma audiência para tratar do assunto, com representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Transpetro e EISA, que só foi marcada para o dia 11 do mês que vem.
O BNDES é gestor do Fundo da Marinha Mercante (FMM), agente de financiamento das embarcações. O estaleiro EISA está em recuperação judicial e conta com as encomendas para enfrentar o problema. A FUP diz que o estaleiro reabriu a sua escola de solda e começou a contratar 80 de um total de 200 soldadores para treinamento e reforço da equipe de mão de obra para a conclusão das obras dos dois navios. “Se o documento da Petrobrás não chegar em breve, os navios começam a ser cortados em março próximo, conforme procedimentos previstos no processo de recuperação judicial, que estipulam prazos para o estaleiro efetuar pagamentos a credores,” diz um comunicado da Federação. A direção da FUP quer uma resposta dos gerentes executivos da diretoria de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobrás, e diz que “precisamos para finalizar a construção de pelo menos um dos dois navios, o Zélia Gattai, e usar o Irmã Dulce como navio cisterna, tanque pulmão no Norte do Brasil”.
IstoÉ Dinheiro - SP 28/01/2025
A Petrobras informou nesta segunda-feira que sua produção total de óleo e gás natural alcançou 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) em 2024, conforme comunicado ao mercado, onde destaca que atingiu todas as metas de produção estabelecidas em seu plano estratégico 2024-2028.
A estatal acrescentou que a produção comercial de óleo e gás natural alcançou 2,4 milhões de boed no período, enquanto a produção de óleo foi de 2,2 milhões de barris por dia (bpd).
A companhia também disse que estabeleceu novos recordes anuais de produção total própria e operada no pré-sal, com 2,2 milhões de boed e 3,2 milhões de boed, respectivamente. O volume de produção no pré-sal representa 81% da produção total da companhia.
Valor - SP 28/01/2025
Petrobras ainda aguarda aprovação de licença do Ibama para perfurar na Foz do Amazonas, a 175 quilômetros da costa do Amapá
Suely Araújo, ex-presidente do Ibama: Brasil deveria liderar pelo exemplo e assegurar a coerência nas ações internas — Foto: Rogerio Vieira/Valor
No momento em que os Estados Unidos, sob Donald Trump, abandonam iniciativas de proteção ambiental e podem ampliar a produção e exploração de petróleo, o Brasil tenta se posicionar como alternativa para investimentos em energias renováveis, mas sem abandonar os hidrocarbonetos. A principal aposta brasileira na área de petróleo continua a ser a exploração da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, pela Petrobras, tema sensível que opõe as alas ambiental e de energia no governo Luiz Inácio Lula da Silva desde 2023.
Depois de idas e vindas no ano passado, com dezenas de trocas de documentos e solicitações entre a estatal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 2025 começa sem uma definição sobre o tema. A Petrobras ainda tenta reverter a negativa do Ibama ao pedido de licença ambiental para começar as atividades exploratórias na Foz do Amazonas.
O começo deste ano tem sido marcado pelo enfraquecimento da agenda climática global. Em sinal de apoio aos planos de Trump, instituições do setor financeiro como Citigroup, Bank of America, Wells Fargo, Goldman Sachs, Morgan Stanley e BlackRock anunciaram a saída de alianças climáticas comprometidas com o Acordo de Paris e a descarbonização, como mostrou o Valor na semana passada. Ao tomar posse, Trump confirmou as promessas de campanha e anunciou a saída do Acordo de Paris, além de implementar decretos que enfraquecem regras ambientais sobre a atividade petrolífera.
Enquanto o mundo se realoca na nova dinâmica com Trump, o Brasil busca o equilíbrio entre energia fóssil e a proteção ambiental, no ano em que é anfitrião da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP30), em Belém (PA), em novembro.
Desde a primeira negativa, em maio de 2023, o Ibama continuou declinando dos pedidos da petroleira para a Foz do Amazonas. Ainda que a Petrobras tenha iniciado os trabalhos na bacia Potiguar, também parte da Margem, e avançado na descoberta de gás na Colômbia, considerada Margem Equatorial colombiana, as discussões sobre a Foz não avançaram.
A Amazônia também precisa pegar a ponte para o desenvolvimento”
— André Cutrim
Fontes afirmam que o governo Lula cria uma agenda conflituosa ao tentar aprovar a exploração de petróleo e gás natural na região amazônica no mesmo ano que sedia a COP30. A proximidade geográfica da região da atividade petroleira, a 175 quilômetros da costa do Amapá, é um dos fatores que pesam na avaliação.
Depois de mais uma negativa do Ibama em outubro de 2024, a Petrobras enviou uma nova resposta ao órgão ambiental em novembro, com detalhes do plano de proteção à fauna para atender eventuais acidentes com animais da região. Segundo a companhia, o plano de proteção à fauna é robusto e sem precedentes no histórico do licenciamento brasileiro. No documento ao Ibama, a Petrobras pede autorização para realizar uma avaliação pré-operacional (APO).
A APO é um teste em que a empresa realiza simulação de vazamento de óleo na região e demonstra a capacidade de resolução do problema, com equipes e embarcações. A avaliação é a última etapa para obter a licença ambiental.
Depois do documento da Petrobras de novembro, consta no sistema do Ibama um ofício do presidente do órgão ambiental, Rodrigo Agostinho, de dezembro, em que solicita análise técnica sobre os pedidos da companhia.
A atualização mais recente do processo é de 21 de janeiro, quando a Petrobras diz que obteve licenças da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amapá para implementar a unidade de proteção aos animais em Oiapoque (AP). As obras estão em andamento desde dezembro, segundo a Petrobras no documento.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, disse diversas vezes que o processo é técnico. “A área técnica tem seu tempo para fazer a análise”, afirmou, em setembro.
Para Suely Araújo, ex-presidente do Ibama e coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, a busca por ampliar a produção de petróleo contraria a transição energética. “O Brasil tem a oportunidade de se apresentar como o país do futuro, um líder climático mundial. Erra ao apostar no petróleo, isso é escolher o passado”, diz a especialista. Ela reforça a importância do debate neste cenário sensível para a relevância das negociações internacionais sobre o clima. “O Brasil deveria liderar pelo exemplo e assegurar a coerência nas ações internas na área de energia, tomando uma opção clara pela descarbonização.”
Araújo diz que a Foz do Amazonas é uma área importante do ponto de vista ecológico pelas correntes marítimas, que, na visão dela, devem dificultar a operação no local. “Os técnicos do Ibama têm apontado problemas sérios no processo de licenciamento do poço 59 [FZA-M-59, no Amapá]”, afirma. “Não deveria haver licença ambiental no grito, por imposição política”, defende.
Na quinta-feira (23), a diretora de exploração e produção da Petrobras, Sylvia Anjos, disse que espera que a licença seja aprovada até o fim do primeiro trimestre.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse, em 12 de janeiro, que acredita que a licença seja aprovada em 2025. “Não tem motivo para atrasar o início do processo de pesquisa [por petróleo] na Margem Equatorial para atender à visão de que isso [a atividade petrolífera na região] traria danos à COP.”
O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, disse ao jornal “O Globo” na quinta (23) que o ideal é chegar à conferência com o tema da Foz do Amazonas encaminhado. “Acho que não seria bom ter esse debate no meio da COP.”
Procurada, a Petrobras diz que apresentou uma proposta robusta ao Ibama e que conta sempre com o mais alto compromisso técnico dos times envolvidos no projeto de perfuração do poço FZA-M-59 no Amapá Águas Profundas.
André Cutrim, do núcleo de meio ambiente da Universidade Federal do Pará (UFPA), diz que a dificuldade em se avançar no tema é por haver desafios técnicos, políticos, ambientais e sociais. “A região possui riqueza potencial de petróleo e gás que pode impulsionar a economia local. Por outro lado, há uma série de preocupações ambientais e tensões políticas ligadas ao licenciamento ambiental.”
Na visão do especialista, é necessário que haja uma convergência entre obrigações do Ibama e interesses estratégicos do governo. “As agências reguladoras como o Ibama devem avaliar estudos de impacto ambiental das empresas interessadas para assegurar que normas e padrões sejam cumpridos. Mas o governo federal também precisa de uma estratégia definitiva para conciliar o potencial econômico com os compromissos climáticos que virão com a COP30.”
Cutrim afirma que é possível haver atividade petrolífera na região da Foz do Amazonas sem que degrade o ambiente. “Entendo que a exploração de petróleo e gás não precisa ser um jogo de soma zero entre progresso econômico e preservação ambiental. A realidade da Amazônia também precisa pegar a ponte para o desenvolvimento. Se houver medidas rigorosas de protocolo de emergências junto com um aparato jurídico que seja rigoroso, será possível avançar com o projeto de forma segura.”
Dos US$ 7,9 bilhões previstos em investimentos em exploração de petróleo e gás pela Petrobras entre 2025-2029, US$ 3 bilhões serão destinados à Margem Equatorial, que inclui outras bacias.
A companhia tem atividades na Bacia Potiguar, parte da Margem, e na Colômbia, que também é considerada Margem Equatorial. Em 5 de dezembro de 2024, a Petrobras informou a descoberta de um grande volume de gás em um dos campos em que atua com a estatal Ecopetrol, na Colômbia. Segundo a empresa brasileira, os volumes podem aumentar as reservas colombianas de gás em 200%. O produto será para consumo interno em um primeiro momento, conforme a estatal.
Em 2023, a Petrobras levou um navio sonda para a região da Foz com a expectativa de que faria a APO em pouco tempo. Depois da negativa do Ibama, a companhia retirou a embarcação da região e a deslocou para outras atividades nas bacias do Sudeste. Conforme Sylvia Anjos disse ao jornal “O Globo” em dezembro, essa sonda custava US$ 1 milhão por dia. Uma vez que obtenha a licença ambiental, a sonda precisa passar por limpeza do casco, que leva cerca de dois meses, antes de ser levada para a Foz.
TN Petróleo - RJ 28/01/2025
Uma nova tecnologia está transformando a forma de estudar os processos de extração de petróleo no Brasil. Utilizando dispositivos microfluídicos e impressão 3D, pesquisadores estão criando simulações em laboratório que reproduzem, em escala reduzida, as complexas condições dos reservatórios de petróleo. O projeto, financiado pela Petrobras, é realizado no âmbito do Centro de Estudos de Energia e Petróleo (CEPETRO) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob a coordenação técnica do Instituto de Química (IQ/Unicamp) e da startup Polaris, sediada no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, com o apoio da Inova Unicamp.
A grande inovação está na miniaturização dos testes, permitindo simular em laboratório, de forma rápida e representativa, os processos de interação e partição de ácidos orgânicos em sistemas multifásicos de água, óleo, rocha e CO2. Enquanto os métodos convencionais de simulação de reservatórios exigem grandes volumes de óleo, água e amostras de rocha, a nova tecnologia permite realizar esses testes com volumes centenas de vezes menores. "Nosso objetivo é entender como a presença de CO2 e a composição química dos reservatórios influenciam a distribuição dos ácidos orgânicos, além de investigar o impacto desses processos na produtividade dos poços", afirma Leandro Wang Hantao (foto), coordenador da pesquisa.
Vantagens econômicas
Com a tecnologia de dispositivos microfluídicos desenvolvida pela Polaris, os custos operacionais para simular a interação entre fluidos e rochas em condições de reservatório são reduzidos significativamente. Ao contrário dos testes convencionais, que exigem grandes volumes de amostras, a microfluídica permite o uso de quantidades mínimas de fluidos.
Além disso, a tecnologia demanda menos energia para manter as condições experimentais, tornando o processo mais eficiente, econômico e sustentável. A abordagem inovadora utiliza dispositivos que operam com microlitros de amostras e podem ser produzidos rapidamente a partir de resinas específicas desenvolvidas pela startup. "Nossa abordagem permite reduzir significativamente o consumo de reagentes e materiais, além de minimizar a geração de resíduos durante os experimentos," explica Reverson Fernandes Quero, CEO da Polaris. "Isso resulta em uma economia expressiva, permitindo que os estudos sejam realizados com mais agilidade e menor impacto ambiental."
Reprodução precisa
Um dos grandes diferenciais do projeto é a capacidade de reproduzir com precisão as características físicas e químicas das rochas dos reservatórios de petróleo. Os dispositivos impressos em 3D pela Polaris são capazes de simular propriedades como porosidade e permeabilidade encontradas em formações geológicas reais. "Conseguimos criar dispositivos que mimetizam as características de rochas específicas, como a composição mineralógica presente em reservatórios, permitindo que os testes em laboratório sejam o mais próximos possível das condições reais dos reservatórios", explica Quero.
Essa capacidade de simulação detalhada não só contribui para uma melhor compreensão dos processos de extração de petróleo, mas também oferece uma alternativa ágil para testar diferentes condições de injeção de CO2 e água. "Antes de levar qualquer intervenção para o campo, podemos testar em laboratório como mudanças na composição de fluidos, como a água de reinjeção, impactam a exploração de petróleo", complementa Hantao.
Tecnologia pioneira
A tecnologia que está sendo desenvolvida no projeto é a primeira do gênero no Brasil e se destaca globalmente pela criação de resinas personalizadas para simular reservatórios em microescala.
"As resinas e chips disponíveis comercialmente não conseguem atender às especificidades dos nossos projetos, que envolvem condições severas de pressão, temperatura e exposição a solventes durante os experimentos. Diante disso, vimos a oportunidade de desenvolver materiais personalizados, capazes de suportar esses desafios e garantir a precisão necessária em nossos testes", explica Quero. "Desenvolvemos dispositivos microfluídicos feitos com resinas especiais, que não apenas suportam essas condições, mas que são personalizados para cada aplicação, algo único no mundo."
Sinergia entre macro e micro
Outro diferencial importante do projeto é a colaboração entre os pesquisadores. Além do professor Leandro Wang Hantao, que coordena a parte de análises químicas e cromatográficas, e da Polaris, que desenvolve os dispositivos microfluídicos, o projeto também conta com o professor Paulo de Tarso Vieira e Rosa, vice-coordenador do projeto (IQ/Unicamp) e especialista em tecnologias supercríticas, que realiza experimentos em escala macro.
Juntos, eles pretendem comparar os resultados dos dispositivos miniaturizados com os testes em amostras maiores, identificando como os fenômenos observados em escala micro podem ser aplicados para otimizar os processos em grande escala. "A sinergia entre as abordagens macro e micro nos permite explorar detalhes dos fenômenos de produção de petróleo que antes eram invisíveis aos métodos tradicionais", destaca Hantao.
Impactos e potencial de mercado
Com duração de dois anos, o projeto visa aprimorar a análise dos processos de interação e partição de ácidos orgânicos em sistemas multifásicos (água/óleo/rocha/CO2), estudando como variáveis como concentração de CO2, alcalinidade e temperatura afetam a produção de petróleo. Além de gerar avanços científicos, essa tecnologia tem potencial para otimizar operações de extração e diminuir custos operacionais, beneficiando diretamente a indústria de energia. "Estamos diante de uma tecnologia que pode revolucionar a forma como compreendemos os fenômenos que ocorrem nos estudos de petróleo, reduzindo custos e o impacto ambiental, enquanto traz ganhos significativos tanto para a pesquisa quanto para a aplicação prática no setor", concluem os pesquisadores.
Sobre o CEPETRO: O Centro de Estudos de Energia e Petróleo (CEPETRO) é um centro de pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com mais de 35 anos de história, focado em petróleo, gás, energias renováveis e transição energética. Instalado, atualmente,em cinco prédioscom mais de 5 mil metros quadrados de área, possuidez laboratórios próprios e conta com mais de 350 pesquisadores. Além de executar projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), o CEPETRO presta serviços técnicos e de consultoria, forma recursos humanos altamente qualificados e promove a disseminação do conhecimento. Seus projetos de P&D são financiados por empresas, fundações e agências governamentais de fomento à pesquisa. O CEPETRO é um dos maiores captadores de recursos via cláusula de PD&I da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Infomoney - SP 28/01/2025
Os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa próxima de 2% nesta segunda-feira, 27, em sua oitava queda consecutiva, pressionados por uma aversão a riscos no mercado. A sessão contou com uma liquidação de ações ligadas à tecnologia, temores por novas tarifas de Washington após as ameaças do presidente Donald Trump contra a Colômbia, além de indicadores industriais mais brandos que o esperado na China.
Investidores observaram ainda as perspectivas para a postura da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), com renovados sinais de uma manutenção da postura do grupo por agora.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março fechou em queda de 2,00% (US$ 1,49), a US$ 73,17 o barril, enquanto o Brent para abril, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 1,77% (US$ 1,37), a US$ 76,18 o barril.
Os preços do petróleo bruto subiram até 20% entre meados de dezembro e o meio de janeiro, mas vem em um ritmo de queda, e estendeu o recuo nesta sessão, também atingido por outro conjunto de números suaves do PMI da China, aponta Ipek Ozkardeskaya, analista sênior do Swissquote Bank.
Nesta segunda-feira, a Bloomberg publicou que os traders do mercado de petróleo esperam que a Opep+ mantenha a sua atual política de abastecimento numa reunião de revisão na próxima semana, resistindo à pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para abrir as torneiras e reduzir os preços do petróleo.
É pouco provável que a aliança liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia se desvie do seu atual roteiro, que prevê a continuação das restrições à oferta neste trimestre, antes de as reduzir gradualmente a partir de abril, de acordo com todos, exceto um, dos 15 traders e analistas consultados pela Bloomberg. Vários delegados da Opep+ disseram o mesmo em privado.
Enquanto isso, a Reuters divulgou que a refinaria de petróleo de Ryazan, na Rússia, interrompeu as operações após um ataque de drones da Ucrânia no fim da semana passada.
De acordo com fontes, o armazenamento do óleo foi incendiado e, dentre os equipamentos danificados, estavam uma estrutura de carga ferroviária e uma unidade de hidrotratamento usada para remover impurezas de produtos refinados.
Já a Bloomberg divulgou que a produção de petróleo no campo de Rumaila, no Iraque, foi reduzida em 300 mil barris por dia após um incêndio na estação DS5 na semana passada. Segundo Mohammed Al-Najjar, representante do Iraque na Opep, ainda não há prazo definido para a recuperação completa dos níveis anteriores, que eram de 1,2 milhão de barris por dia.
Infomoney - SP 28/01/2025
A Petrobras (PETR3; PETR4) informou nesta segunda-feira que sua produção total de óleo e gás natural alcançou 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) em 2024, conforme comunicado ao mercado, onde destaca que atingiu todas as metas de produção estabelecidas em seu plano estratégico 2024-2028.
A estatal acrescentou que a produção comercial de óleo e gás natural alcançou 2,4 milhões de boed no período, enquanto a produção de óleo foi de 2,2 milhões de barris por dia (bpd).
A companhia também disse que estabeleceu novos recordes anuais de produção total própria e operada no pré-sal, com 2,2 milhões de boed e 3,2 milhões de boed, respectivamente. O volume de produção no pré-sal representa 81% da produção total da companhia.
O Estado de S.Paulo - SP 28/01/2025
A safra recorde prevista para este ano tende a fazer o agronegócio ser em 2025, mais uma vez, o esteio da economia, como ocorreu em 2023. Na divulgação, neste mês, de seu terceiro prognóstico para o setor, o IBGE elevou para 322,6 milhões de toneladas a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, alta de mais de 10% em relação a 2024. Melhora providencial diante do início da desaceleração econômica que vem sendo anunciada por indicadores recentes da indústria, comércio e serviços.
Castigado por fatores climáticos em 2024, ano marcado pelos efeitos dos fenômenos El Niño e La Niña, o PIB do agro teve recuperação rápida. Recuou por dois trimestres consecutivos, mas no terceiro trimestre avançou 1,26%, de acordo com cálculo recém-divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A queda em relação a 2023 será menor do que a esperada.
A capacidade de reação do agro conduz, mais uma vez, à comparação com outros setores da economia que não apresentam dinamismo semelhante, apesar dos incentivos governamentais. São inúmeros os exemplos de programas de estímulo que não se traduzem em ganhos para a economia e que não passam de benesses, como as sucessivas operações de socorro aos setores automotivo e de aviação, entre outros tantos segmentos industriais.
É evidente que há robustos subsídios à agricultura e à pecuária – o Plano Safra 2024/25 recebeu R$ 475,56 bilhões em recursos para financiamentos –, mas o Brasil está entre os países que menos subsidiam sua produção, de acordo com monitoramento feito pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Com subsídios variando entre 1% e 2% em relação à receita bruta do produtor, está muito distante dos países da União Europeia, dos Estados Unidos e da China, cujos porcentuais variam entre 12% e 20%.
As empresas do agronegócio, porém, há muito adotam políticas que as mantêm na vanguarda tecnológica, uma mostra de como incentivos públicos devem ser revertidos em avanço econômico do País. Afinal, o objetivo principal de políticas subsidiadas não é – ou não deveria ser – distribuir recursos para socorrer este ou aquele segmento eventualmente em apuros, mas sim incentivar produção e produtividade, promover o desenvolvimento tecnológico e criar competitividade.
Não fosse o ranço explícito do lulopetismo ao agronegócio, o histórico do setor, que garante o bom desempenho da balança comercial e vem se firmando na liderança da comercialização de commodities no mundo, poderia servir de modelo para a elaboração de políticas públicas em outros segmentos. A agropecuária é a atividade com menor peso no cálculo do PIB e, no entanto, seu bom desempenho tem sustentado em grande parte o crescimento econômico. Se o governo Lula da Silva parasse de mirar em resultados imediatos e planejasse políticas de longo prazo com base nessa experiência, o País avançaria em inovação e competitividade.