Exame - SP 07/01/2025
A siderúrgica japonesa Nippon Steel apresentou, nesta segunda-feira, uma ação judicial em parceria com a US Steel para anular a decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de bloquear a aquisição da siderúrgica americana.
Segundo comunicado da Nippon Steel, a ação foi protocolada no Tribunal de Apelações dos EUA para o Circuito do Distrito de Columbia. O processo contesta a “violação da garantia constitucional do devido processo e dos requisitos processuais legais, bem como a influência política ilegal”.
A medida foi movida em conjunto com a US Steel após ambas divulgarem uma declaração conjunta criticando a decisão de Biden e classificando o procedimento como ilegal.
Razões para contestação
As empresas argumentaram que o bloqueio não está alinhado com as normas do Comitê de Investimentos Estrangeiros dos Estados Unidos (CFIUS). Este órgão não alcançou um consenso e transferiu a palavra final ao presidente.
No mesmo documento, as empresas classificam os argumentos de Biden, que defende que sua decisão protege a “segurança nacional”, como infundados. As siderúrgicas sugerem que o bloqueio atende a interesses políticos e destacam que tomarão “todas as medidas apropriadas” para proteger seus direitos, incluindo a judicialização do caso.
Impactos na siderurgia global
A decisão de Biden marca uma postura mais protecionista, distante da política de abertura para investimentos que prevaleceu nos EUA por décadas. Esse movimento ganhou força em 2017, com a presidência de Donald Trump, que também havia prometido bloquear a fusão caso retornasse ao poder em 20 de janeiro.
A operação, avaliada em cerca de US$ 14 bilhões, tinha o objetivo de unir a quarta maior siderúrgica do mundo, a Nippon Steel, com a US Steel, a 24ª em volume de produção. A fusão criaria um colosso capaz de competir com gigantes como a ArcelorMittal e as líderes chinesas, encabeçadas pela Baowu Steel.
Diário do Comércio - MG 07/01/2025
Mesmo com o ano ainda marcado pela pressão dos produtos de aço importados, principalmente da China, e apesar das medidas adotadas por parte do governo federal, a ArcelorMittal chega ao fim de 2024 com motivos para celebrar. A começar pela consolidação como a maior produtora de aço no País e na América Latina e pelo maior plano de investimentos do setor, de cerca de R$ 25 bilhões até 2028.
O presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM, Jefferson De Paula, falou ao Diário do Comércio sobre os feitos do exercício e também sobre as perspectivas e planos para 2025.
Como foi o desempenho da ArcelorMittal em 2024? Quais as principais conquistas e os principais desafios?
Depois de um dos anos mais desafiadores para a indústria do aço no Brasil, em 2023, em razão do aumento recorde do volume de aço importado, neste ano conseguimos muitos resultados positivos e importantes avanços para a ArcelorMittal no Brasil. Nossa empresa se consolidou como a maior produtora de aço no País e na América Latina, com o primeiro ano da integração da compra da unidade do Pecém (CE) e seguimos com o maior plano de investimentos do setor de produção de aço no Brasil, de cerca de R$ 25 bilhões até 2028. Trabalhamos fortemente na redução dos custos fixos, na economicidade dos contratos de compra de insumos e matérias-primas e no desenvolvimento de produtos e soluções de alto valor agregado. Mantivemos nosso foco no desenvolvimento de talentos, na sustentabilidade do negócio e no aumento da produtividade e competitividade das plantas. Avançamos ainda com a implementação de iniciativas para aumentar, cada vez mais, a diversificação de nossa matriz energética. E, para coroar, neste ano, a empresa foi escolhida Empresa do Ano pelo prêmio Época Negócios 360º, parceria da revista com a Fundação Dom Cabral, líder em inovação aberta no Brasil, pelo Ranking TOP 100 Open Corpse a produtora de aço mais inovadora pelo Ranking Valor Inovação. Entre os desafios, continuamos lidando com a pressão dos produtos de aço importados, principalmente da China. As medidas adotadas pelo governo de impor cotas a estes produtos não surtiu o efeito esperado. Além disso, temos o desafio de ampliar o consumo aparente de aço no Brasil, há anos estagnado em cerca de 100kg/habitante/ano, o que representa metade da média mundial.
Qual a capacidade produtiva hoje do Grupo ArcelorMittalno mundo e no Brasil?
As plantas brasileiras têm capacidade de produção anual de 15,5 milhões de toneladas de aço bruto e de 5,1 milhões de toneladas de minério de ferro e atendem às indústrias automobilística, de eletrodomésticos, construção civil, óleo e gás, máquinas e equipamentos, dentre outras. Já o Grupo ArcelorMittal atingiu no ano passado uma produção de 59,1 milhões de toneladas de aço bruto.
Como está a utilização da capacidade produtiva das operações brasileiras?
Atualmente, a ArcelorMittal Brasil trabalha com 80% da capacidade produtiva desuas plantas industriais.
Quais foram os avanços no programa de investimentos de R$ 25 bilhões da ArcelorMittal no Brasil?
Em 2024, fortalecemos ainda mais a nossa presença no Brasil, com a entrega de grandes projetos e estabelecimentos de novas parcerias que tornarão a companhia ainda mais eficiente, moderna, inovadora e competitiva.Em novembro, inauguramos a expansão da Unidade Vega, em Santa Catarina, um dos projetos mais significativos do conjunto de investimentos que a ArcelorMittal está realizando no Brasil.A usina catarinense recebeu aportes de R$ 2 bilhões e aumentou a sua capacidade instalada para 2,2 milhões de toneladas por ano. O projeto também ampliou o portfólio de produtos no segmento de aços planos revestidos e laminados a frio, de alto valor agregado. Além disso, a planta industrial passa a ser a primeira unidade fora da Europa a produzir o Magnelis®, uma solução em aço exclusiva da ArcelorMittal, que oferece diferenciais como a alta resistência à corrosão voltados a atender demandas específicas em segmentos como a construção de projetos de energia solar. No campo da sustentabilidade ambiental, o destaque foi a ampliação dos investimentos em energia renovável, que passaram de R$ 4,2 bilhões para R$ 5,8 bilhões, a partir de duas novas joint-ventures firmadas neste ano com a Casa dos Ventos e a Atlas Renewable Energy em projetos de energia solar.As duas plantas, somadas, possuem capacidade de geração de 113 MW médios/ano, o que representará 14% do consumo atual de energia elétrica das unidades da ArcelorMittal no Brasil. Uma das iniciativas será a construção do Parque Luiz Carlos, de energia solar, em Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais. O aporte será de R$ 895 milhões. Sua produção prevista é de 69 MW médios/ano e potência instalada de 269 MW.
Quais os destaques em Minas Gerais?
Estão em andamento os projetos de expansão da unidade de Sabará e da Mina de Serra Azul, com previsão de entregas em 2025.A unidade centenária da operação brasileira ganhou aportes de R$144 milhões para aumentar a capacidade de produção de trefilados em 35%. Já a planta minerária, localizada no município de Itatiaiuçu, vai instalar uma nova planta de produção de pellet feed, um produto nobre, extremamente fino e com alto teor de ferro, que será transformado em pelotas pela ArcelorMittal do México. Com investimentos de R$ 2,7 bilhões, a produção saltará de 1,6 milhão de toneladas ao ano para 4,5 milhões de toneladas de minério de ferro. Em Monlevade, instalamos um novo laminador, que atingiu, em julho, a marca de 1 milhão de toneladas produzidas desde o início da sua operação, em 2022. O equipamento duplicou a capacidade de produção de laminados da unidade e está em linha com a estratégia da empresa de ampliar a fabricação de produtos de alto valor agregado.
Como estão os esforços da companhia para contribuir com a descarbonização da cadeia do aço?
Acreditamos que uma economia global de baixo carbono e a mitigação dos impactos das mudanças climáticas são fundamentais para um futuro sustentável. Por isso, globalmente o Grupo ArcelorMittal foi pioneiro no setor no estabelecimento da meta global de ser carbono neutro até 2050, com uma meta intermediária de redução de 25% até 2030.A prioridade será dada aos processos industriais, onde poderão ser maximizadas tecnologias existentes no curto e médio prazo, enquanto as tecnologias de ruptura sejam consolidadas para implementação em longo prazo. Entre as iniciativas que estão sendo implementadas pelas unidades da ArcelorMittal no Brasil para atingimento da meta intermediária (2030) estão: o aumento do uso de sucata como matéria-prima, utilização de gás natural; otimização do uso de biomassa renovável (carvão vegetal) nas unidades e melhoria da eficiência energética dos processos. Para 2050, a ArcelorMittal conta com o desenvolvimento de tecnologias disruptivas, como, por exemplo, o hidrogênio verde. Importante destacar que, como parte da jornada de descarbonização, a ArcelorMittal Brasil lançou o vergalhão XCarb, o primeiro produto da empresa – produzido na América Latina – com utilização de 100% de material reciclado e 100% de energia renovável na sua produção, garantindo a redução de emissões de CO2 (da ordem de 60%), em relação aos vergalhões tradicionais da empresa. Outro ponto fundamental na jornada de descarbonização é a transição energética. Nesse sentido, estabelecemos a meta de alcançar 100% de energia elétrica renovável certificada até 2030. As unidades da ArcelorMittal no Brasil já são reconhecidamente eficientes em termos energéticos. A Política Energética da ArcelorMittal preconiza o uso eficiente e a conservação da energia como forma de demonstrar sua responsabilidade social e ambiental. As nossas unidades atuam com sistemas de recuperação de calor e/ou reaproveitamento dos gases provenientes dos processos produtivos. As nossas plantas de Tubarão (ES) e Pecém (CE), por exemplo, são autossuficientes em energia elétrica. A integração da Unidade do Pecém também abre perspectivas futuras promissoras. A usina está localizada no Ceará, em uma região onde o desenvolvimento de energias renováveis e hidrogênio verde está sendo pioneiramente realizado no País, o que gera potencial para uma produção de aço de baixo carbono altamente competitiva no futuro.
Considerando os demais pilares do ESG, quais os principais avanços da empresa nos últimos anos?
A ArcelorMittal está comprometida com a agenda ESG e possuía um conjunto de ações e metas referentes a esses três pilares (meio ambiente, social e governança) antes mesmo de a sigla ganhar força no mercado. O que mudou é que começamos a trabalhar todos eles de maneira ainda mais transversal e conectada ao negócio, com o estabelecimento de indicadores e metas claros.Na sustentabilidade, sabemos que o aço, infinitamente reciclável, será fundamental na transição para uma economia de baixo carbono. Da mesma forma, a gestão ambiental da nossa empresa mantém índices significativos de geração própria de energia, recirculação de água, aproveitamento de coprodutos e reciclabilidade. Fomos a primeira produtora de aço no Brasil a ter unidades certificadas pelo ResponsibleSteel, a principal certificação global ESG para a produção de aço sustentável.Paralelamente, por meio da Fundação ArcelorMittal, consolidamos ações importantes em responsabilidade social. O núcleo de investimento e transformação social da empresa completou 36 anos de história em novembro e, durante todo esse período, levou oportunidades a mais de 11 milhões de pessoas em educação, cultura e esporte. Estamos entre as maiores investidoras da cultura e do esporte em Minas Gerais, por meio das Leis de Incentivo. E em 2023, pela primeira vez, a nossa Fundação alcançou os 25 estados e o Distrito Federal.E, em relação à governança corporativa, o grupo é globalmente pautado pelas melhores práticas em Governança Corporativa, Integridade e Ética, sempre em conformidade com as legislações e os mais rigorosos padrões internacionais sobre o tema. Aqui no Brasil, de forma transparente e íntegra, procuramos fortalecer relações e estimular comportamentos pautados por valores éticos e morais, dentro e fora da Companhia.
As medidas do governo para conter a invasão de aço importado foram aquém das expectativas. Na sua avaliação, o que deve ser feito?
Foi um primeiro passo para frear a importação predatória. Avançamos em uma agenda conjunta com o governo federal para limitar a entrada de aço importado com preços comprovadamente fora da lógica concorrencial. Mas as medidas tomadas de cotas e sobretaxas não demonstraram a efetividade esperada, e a importação continuou crescendo significativamente. Até novembro deste ano, as importações cresceram 24,4%, depois de ter aumentado 50% no ano anterior. Por meio do Instituto Aço Brasil, estamos acompanhando de perto e esperamos que o governo possa agir diante dessa situação. Proteger a indústria de base nacional contra a concorrência predatória nos coloca em linha com o que a maior parte dos países do mundo vem fazendo e é coerente com a necessidade de reindustrialização do País.
Qual cenário vislumbra para o próximo ano na conjuntura internacional e nacional?
No cenário mundial, a continuidade da guerra da Ucrânia e a intensificação de conflitos no Oriente Médio se transformaram em risco para o comércio mundial e para as cadeias de suprimentos globais. A China, já sabemos, teve uma expansão da ordem de 5%, demonstrando uma recuperação mais lenta do que o esperado, e o País intensificou suas exportações. Além disso, o novo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaça sobretaxar produtos chineses para o mercado americano. Há o temor de que essa medida aumente ainda mais a invasão de vários itens fabricados na China no mercado brasileiro, inclusive o aço. Nesse processo, precisamos olhar com mais rigor para nosso mercado interno, dinamizar nosso crescimento e estabelecer proteções efetivas contra práticas desleais no comércio global.No mercado doméstico, estamos acompanhando as recentes medidas adotadas pelo governo para o ajuste fiscal e nos preocupa a perspectiva de aumento das taxas de juros no próximo ano. Da mesma forma há preocupação com a tendência de crescimento das importações de aço.Como o aço está diretamente associado ao crescimento do PIB, o País precisa crescer para o setor crescer, e há muitas oportunidades para o aumento do consumo interno. O Brasil tem uma enorme carência de infraestrutura e há grande expectativa com o andamento de projetos baseados nas concessões públicas, no Programa de Aceleração do Crescimento, voltado para a infraestrutura e que prevê uma série de investimentos em rodovias, saneamento, portos e ferrovias, além do Minha Casa, Minha Vida, destinado à construção de moradias. Mesmo diante do cenário desafiador interno e externo, mantemos nosso otimismo e estamos preparados para enfrentar os obstáculos, pois somos uma empresa eficiente, competitiva e resiliente. Para o Grupo ArcelorMittal, o negócio Brasil é estratégico. Somos a maior produtora de aço no Brasil, temos a maior rede de distribuição e o melhor portifólio. Seguiremos no próximo ano investindo no desenvolvimento do nosso time e dos nossos líderes, fortalecendo a nossa empresa e contribuição para o desenvolvimento do País.
Diário do Comércio - MG 07/01/2025
A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) se comprometeu a apresentar uma proposta de reajuste salarial aos seus funcionários até esta quinta-feira (9), em reunião com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Siderúrgicas, Metalúrgicas e Mecânicas de Ipatinga e Região (Sindipa), nesta segunda-feira (6), no Vale do Aço.
A siderúrgica agendou outra reunião com o sindicato para quinta-feira, às 9h, mas sinalizou a possibilidade de apresentar uma proposta antes, revelou o presidente do Sindipa, Geraldo Magela. Em assembleia, os funcionários da empresa, da Usiroll e Usigal aprovaram a implementação do estado de greve e ameaçam paralisar atividades. “Vamos aguardar quinta-feira. Se não tiver proposta, nós já vamos trabalhar para poder fazer paralisação”, declarou.
A proposta inicial da Usiminas, rejeitada pelo Sindipa, era de um reajuste salarial equivalente à variação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) nos últimos 12 meses até outubro, de 4,6%, com um de aumento real de 0,57%, mais um acréscimo de 10% no vale-alimentação (VA). Os trabalhadores da siderúrgica pleiteiam um aumento real de 7% nos salários e dobrar o valor do VA recebido atualmente, de R$ 500.
Além dos reajustes – principais exigências dos operários da Usiminas -, o Sindipa elaborou um documento com 64 reivindicações de melhores condições de trabalho e outros benefícios.
Usiminas deve fechar 2024 com investimento de R$ 1,1 bilhão e aumentar preços do aço em 2025
Na reunião dessa segunda-feira, Geraldo Magela afirmou que a siderúrgica sugeriu algumas mudanças na oferta inicial, na tentativa de elaborar uma proposta conjunta com o sindicato, mas recuou frente às objeções do Sindipa.
“A nossa reivindicação é que ela (Usiminas) melhore, nós não passamos valores para a empresa, porque ela vai passar os valores e são os trabalhadores – em assembleia – que vão definir”, disse. “Mas 0,57% de aumento e apenas mais R$ 50,00 no VA não passam. Ela tem que aumentar o VA e o reajuste salarial para daí ter assembleia”, completou.
Em nota, a Usiminas afirmou que a “implementação do estado de greve pelos trabalhadores faz parte do processo democrático de negociação”. A siderúrgica ressaltou que a operação industrial segue normalmente e espera avançar nas tratativas com o Sindipa para o fechamento do Acordo Coletivo, na próxima quinta-feira.
Vale lembrar que, há cerca de um ano, a siderúrgica desativou o alto-forno 1 e demitiu mais de 100 pessoas na planta de Ipatinga, em virtude da concorrência com a importação de aço da China. Na época, a empresa não descartou o risco de desligar o alto-forno 2 e demitir novos funcionários.
A empresa projetou encerrar 2024 com investimento de R$ 1,1 bilhão e investir em torno de R$ 1,7 bilhão em 2025, entre projetos como reforma da Coqueria 2, nova planta de PCI (Sistema de Injeção de Carvão Pulverizado) do alto-forno 3 e um novo gasômetro.
Exame - SP 07/01/2025
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, bloqueou a proposta de aquisição da U.S. Steel pela japonesa Nippon Steel, uma negociação avaliada em US$ 14,9 bilhões (R$ 91,8 bilhões). A decisão foi oficializada após uma análise de segurança nacional e encerra um processo de um ano marcado por disputas políticas e corporativas.
Biden afirmou que a compra colocaria uma importante produtora de aço sob controle estrangeiro, representando riscos para cadeias de suprimento críticas.
A Nippon Steel, maior siderúrgica do Japão, e a U.S. Steel, histórica empresa americana, classificaram a decisão como "ilegal" e anunciaram planos para contestá-la judicialmente.
Contexto da decisão
A proposta previa a criação da terceira maior siderúrgica do mundo, com capacidade para competir com gigantes globais, como as empresas chinesas. De acordo com a Bloomberg, Nippon Steel havia aceitado concessões significativas para atender às exigências do Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS), incluindo a mudança de sua sede para Pittsburgh. Apesar disso, o painel não chegou a um consenso, o que levou a questão ao presidente.
"Trata-se de proteger nossos interesses estratégicos," declarou Biden. O presidente eleito Donald Trump, que assumirá o cargo em janeiro, apoiou a decisão, assim como sindicatos como o United Steelworkers, que se opuseram ao acordo alegando riscos ao emprego doméstico.
Impacto para Nippon Steel e U.S. Steel
A Nippon Steel, que planejava ampliar sua capacidade de produção de aço bruto em 30% com a aquisição, agora precisa reavaliar sua estratégia global. De acordo com a Reuters, a empresa enfrenta um mercado japonês em declínio e busca diversificar sua atuação para enfrentar a concorrência chinesa. A tentativa frustrada custará à Nippon Steel uma multa de rescisão de US$ 565 milhões (R$ 3,48 bilhões).
A U.S. Steel, por sua vez, passa por dificuldades financeiras, registrando queda nos lucros por nove trimestres consecutivos. Sem a injeção de capital da Nippon Steel, a empresa enfrenta incertezas quanto ao futuro de suas operações e empregos. Outras possíveis compradoras, como Cleveland-Cliffs e Nucor, podem surgir, mas qualquer negociação dependerá do suporte do governo.
Repercussões políticas e diplomáticas
A decisão gerou críticas no Japão, maior investidor estrangeiro nos EUA, com analistas alertando para possíveis tensões nas relações bilaterais. O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, expressou preocupação com o impacto sobre investimentos futuros.
"Precisamos de explicações claras para evitar que dúvidas prejudiquem nossa parceria estratégica," disse Ishiba. A medida também levantou questões sobre o impacto do protecionismo econômico nas relações internacionais. Especialistas apontam que o bloqueio pode enfraquecer os esforços conjuntos de EUA e Japão para conter a influência econômica da China.
Cenário para o futuro
Com a aproximação da posse de Trump, o cenário permanece incerto. Apesar de sua oposição à compra, membros republicanos criticaram a decisão de Biden, destacando os prejuízos à atratividade dos EUA para investimentos.
A Nippon Steel, enquanto isso, já mira mercados como a Índia, que planeja dobrar sua capacidade anual de produção de aço bruto para 300 milhões de toneladas até 2030. A siderúrgica japonesa já possui uma joint venture no país, a ArcelorMittal Nippon Steel India, o que pode facilitar sua expansão.
Reflexos econômicos e estratégicos
A decisão de bloquear a aquisição marca um ponto de inflexão na política econômica e industrial dos EUA. O protecionismo reforçado nos últimos anos representa tanto uma tentativa de proteger empregos quanto uma barreira para investimentos estratégicos de aliados.
Para a Nippon Steel e a U.S. Steel, a necessidade de adaptação rápida será crucial. Enquanto isso, analistas destacam que as relações bilaterais EUA-Japão enfrentarão novos desafios, especialmente em um contexto global de crescente competição com a China.
Valor - SP 07/01/2025
Eiji Hashimoto, CEO da Nippon Steel — Foto: Reprodução: Nikkei Asia
O executivo-chefe (CEO) da Nippon Steel, Eiji Hashimoto, disse na terça-feira que a empresa continuará a lutar por uma aquisição bem-sucedida da U.S. Steel enquanto prepara ações judiciais contra o governo dos Estados Unidos, a empresa siderúrgica rival Cleveland-Cliffs, seu CEO e o presidente do sindicato United Steelworkers (USW).
O plano de aquisição da siderúrgica japonesa "não é apenas a questão mais importante para nossa estratégia de gestão, mas também extremamente benéfico para o Japão e os Estados Unidos", disse Hashimoto em uma entrevista coletiva em Tóquio. "Não vamos desistir. Não há razão ou necessidade para desistir. Essa é a posição acordada da Nippon Steel e da U.S. Steel."
Refletindo sobre os 12 meses desde que a Nippon Steel anunciou pela primeira vez seu plano de comprar a U.S. Steel por US$ 15 bilhões, o presidente disse: "Não há pontos para se arrepender. Fizemos tudo o que podíamos." Ele acrescentou que o resultado teria sido diferente se a revisão do acordo por Washington "tivesse sido feita corretamente, de acordo com suas leis."
As empresas começaram uma batalha legal na segunda-feira processando o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e outros altos funcionários do governo por exercerem "influência política ilegal" sobre a proposta de aquisição da empresa japonesa de sua contraparte americana.
Eles estão pedindo ao tribunal que anule a ordem de Biden emitida na sexta-feira bloqueando a aquisição e instrua o Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (Cfius) a conduzir uma nova revisão do acordo. A ordem de Biden exige que as empresas abandonem a transação "no máximo 30 dias após a data desta ordem, a menos que tal data seja estendida" pelo Cfius.
A Nippon Steel e a U.S. Steel estão procurando conduzir a aquisição com base em sua proposta original e não estão considerando alternativas por enquanto, de acordo com Hashimoto.
Os últimos desenvolvimentos ocorrem apenas duas semanas antes da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Trump novamente expressou oposição ao acordo na segunda-feira em sua conta de mídia social Truth, dizendo que suas políticas tarifárias tornariam a U.S. Steel "uma empresa muito mais lucrativa e valiosa".
Hashimoto disse que a Nippon Steel "explicará com precisão" que sua proposta de comprar a U.S. Steel está alinhada com o desejo de Trump de fortalecer a manufatura dos Estados Unidos e criar prosperidade para os trabalhadores.
IstoÉ Dinheiro - SP 07/01/2025
O mercado financeiro mantém as expectativas de alta tanto para a inflação como para a cotação do dólar em 2025. No caso da inflação, essa expectativa de alta se mantém há 12 semanas, culminando, agora, com uma projeção de que, ao final do ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – esteja em 4,99%.
Há uma semana, a expectativa do mercado era de que a inflação fechasse 2025 em 4,96%; e há quatro semanas era de que fechasse em 4,59%. Para os anos subsequentes, o mercado trabalha com expectativas inflacionárias de 4,03% em 2026; e de 3,90 em 2027. Os números constam do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Banco Central (BC).
A estimativa para 2025 é mais pessimista que as previsões oficiais. O governo federal estima um IPCA de 3,1% este ano, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 aprovada no Congresso Nacional.
Como ainda não foi divulgado o índice oficial da inflação de 2024, o mercado continua a fazer projeções para o ano encerrado. Neste caso, a expectativa para o índice inflacionário caminhou em sentido oposto, reduzindo dos 4,90% projetados há uma semana para 4,89%, segundo o boletim divulgado hoje. O teto para a meta inflacionária estipulada para 2024 é 4,50%.
Selic
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 12,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A alta recente do dólar e as incertezas em torno da inflação e da economia global fizeram o BC aumentar o ritmo de alta dos juros na última reunião do ano, dia 11 de dezembro.
A expectativa, portanto, é que a Selic apresente alta já no início de 2025. Diante desse cenário, o mercado financeiro aumentou a projeção dessa taxa básica para o fim deste ano, passando dos 14,75% projetados há uma semana, para os 15% projetados neste boletim mais recente. Há quatro semanas, esta projeção estava em 13,50%.
Para os anos subsequentes, o mercado trabalha com uma projeção de 12% em 2026; e de 10% em 2027.
Dólar e PIB
O mercado projeta que, ao final de 2025, o dólar esteja sendo comercializado a R$ 6, mantendo a tendência de alta que vem sendo observada há 10 semanas. Na semana passada, a cotação esperada para o final deste ano era de R$ 5,96; e há quatro semanas era de que a cotação da moeda norte-americana fecharia o ano em R$ 5,77.
Para 2026 e 2027, as expectativas se mantêm estáveis, em R$ 5,90 e R$ 5,80, respectivamente.
Já as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB – a soma dos bens e serviços produzidos no país) de 2025 aumentaram de 2,01% para 2,02%. Há quatro semanas, o mercado projetava crescimento de 2% para o PIB de 2025. Para os PIBs de 2026 e 2027, o mercado projeta crescimentos de 1% e 2%, respectivamente.
IstoÉ Dinheiro - SP 07/01/2025
Diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Lisa Cook afirmou nesta segunda-feira, 6, que, vê “relativo equilíbrio, nos riscos ao cumprimento do duplo mandato do banco central – de estabilidade de preços e máximo emprego. “Provavelmente será apropriado mover a taxa de juros para uma posição mais neutra”, afirmou ao participar de evento na University of Michigan Law School, pontuando que, desde setembro, o mercado de trabalho tem sido um pouco mais resiliente e a inflação mais rígida do que ela esperava. “Portanto, acho que podemos nos dar ao luxo de prosseguir com mais cautela com novos cortes”, acrescentou.
Cook reforçou que a política monetária não tem um curso predefinido e que a magnitude e o momento das futuras mudanças dependerão dos dados econômicos, da perspectiva e do equilíbrio de riscos.
Segundo ela, no geral, a economia dos EUA começa 2025 em “boa forma”, após um forte crescimento em 2024. Ela pontuou que a inflação caiu “consideravelmente”, embora permaneça acima da meta de 2% do banco central, e que o mercado de trabalho está sólido, com a taxa de desemprego baixa.
Para Cook, ainda há trabalho a ser feito para garantir que a inflação retorne à meta.
“Também monitorarei cuidadosamente os riscos e vulnerabilidades da estabilidade financeira e trabalharei com meus colegas do Fed e outras agências para reduzir a probabilidade de que problemas de estabilidade financeira atrapalhem a economia”, destacou a diretora.
Cook disse que não espera que o rápido crescimento na oferta de mão de obra persista nos próximos anos, mas vê vários motivos para esperar que o aumento da produtividade permaneça forte, incluindo a alta taxa de investimento em inteligência artificial e outras novas tecnologias.
Infomoney - SP 07/01/2025
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda apontou em relatório que o crescimento econômico de 2024, com dados disponíveis até o terceiro trimestre, não foi impulsionado pelos gastos públicos, destacando que o quadro fiscal no período foi contracionista.
A pasta afirmou que o governo fez opção pela consolidação fiscal no ano passado, “embora até se justificasse uma política fiscal expansionista quanto ao ciclo econômico”.
Em relatório que analisa o resultado fiscal estrutural do governo, que expurga fatores não recorrentes, a SPE afirmou que após uma política expansionista em 2023 dados preliminares mostram que 2024 foi contracionista na execução das contas públicas.
A SPE promove entrevista coletiva na manhã de terça-feira (7) para detalhar os resultados do documento.
De acordo com a secretaria, o resultado fiscal estrutural prévio para o governo central em 2024 indica orientação de consolidação fiscal estrutural, com melhora das condições de solvência.
Pelos cálculos da pasta até o terceiro trimestre, houve melhora no resultado estrutural do governo central em 2024 de 0,84 ponto percentual do PIB potencial frente ao acumulado do ano em 2023, recuperando 71% da deterioração estrutural observada no ano anterior.
“Embora até se justificasse uma política fiscal expansionista quanto ao ciclo econômico, dado o fechamento de 2023 com hiato do PIB negativo, a opção discricionária de política fiscal foi pró-consolidação estrutural em 2024, o que é importante para a recuperação do resultado fiscal estrutural após a PEC da transição”, disse.
“Ainda, o crescimento econômico que tem sido observado em 2024 deve-se a outros fatores que não o impulso fiscal, já que o impulso foi contracionista.”
IstoÉ Dinheiro - SP 07/01/2025
O diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, Herlon Brandão, disse nesta segunda-feira, 6, que as exportações para a China caíram 40,2% em dezembro do ano passado. No geral, o valor exportado ao país asiático caiu 9,3% em 2024, devido à queda de preços, segundo o técnico do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Em dezembro, as exportações somaram US$ 24,9 bilhões e as importações alcançaram US$ 20,1 bilhões.
Os dados foram divulgados nesta segunda. Ao detalhar o resultado em entrevista coletiva à imprensa, Herlon Brandão afirmou que o volume de exportações de café cresceu 30,8% e levou ao avanço de 0,7% no conjunto das vendas de produtos agrícolas em 2024.
Já as exportações de carne bovina cresceram 22,8% e celulose registrou avanço de 33,7% em 2024.
O diretor de Estatísticas do MDIC explica que, com a alta do PIB – com expectativa de 3,5% para 2024 -, o Brasil tende a aumentar a demanda de bens importados.
Infomoney - SP 07/01/2025
A mediana do relatório Focus para o déficit em conta corrente do Brasil em 2024 continuou em US$ 51,90 bilhões. Um mês antes, era de US$ 50,50 bilhões. A estimativa intermediária para 2025 se manteve em US$ 50,0 bilhões, contra US$ 49,30 bilhões quatro semanas antes. A projeção para 2026 indica déficit de US$ 50,0 bilhões.
Os números do Focus mostram que o déficit em conta corrente deve continuar sendo financiado com folga pela entrada líquida de Investimento Direto no País (IDP).
A mediana para 2024 se manteve em US$ 70,0 bilhões, contra US$ 71,05 bilhões um mês antes. Para 2025, seguiu em US$ 70,0 bilhões, ante US$ 70,80 bilhões quatro semanas antes. Em 2026, o mercado espera IDP de US$ 74,90 bilhões.
A mediana para o superávit comercial deste ano passou de US$ 74,15 bilhões para US$ 73,75 bilhões, contra US$ 74,15 bilhões um mês atrás. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgará os dados da balança comercial de 2024 nesta segunda-feira.
Para o ano que vem, a estimativa intermediária passou de US$ 74,29 bilhões para US$ 74,20 bilhões. Um mês antes, estava em US$ 75,70 bilhões. Em 2026, a mediana indica superávit comercial de US$ 77,95 bilhões.
CNN Brasil - SP 07/01/2025
Uma série de economistas, incluindo assessores de presidentes anteriores dos Estados Unidos, uniram-se em torno da opinião de que os planos do presidente eleito Donald Trump de ampliar tarifas, cortar impostos e reduzir a imigração podem não ser tão inflacionários quanto as análises iniciais sugerem.
Ao mesmo tempo, segundo esses economistas, qualquer esforço de Trump para exercer controle sobre o Federal Reserve representaria um risco real de reacender as pressões dos preços, cuja irritação ajudou a elegê-lo.
Faltando duas semanas para a posse de Trump, a incerteza sobre o que seu segundo mandato na Casa Branca significará para a economia dos EUA foi o foco central da discussão no fim de semana na conferência da Associação Econômica Americana em San Francisco, um dos principais encontros anuais de economistas.
Trump herdará uma economia que cresce a um ritmo acelerado de cerca de 3%, mesmo com a inflação tendo caído bastante em relação ao seu pico, e com a taxa de desemprego em um nível historicamente baixo de 4,2%.
Sua agenda econômica inclui tarifas rígidas, não apenas sobre a China mas também sobre o México, o Canadá e a União Europeia, o que poderia elevar os preços dos produtos importados.
Ele também pretende prorrogar cortes de impostos que estão expirando e, possivelmente, oferecer novas isenções fiscais que poderão estimular a demanda no momento em que o Fed pretende esfriá-la.
Uma repressão à imigração poderá prejudicar a principal fonte de crescimento da força de trabalho dos EUA, o que alguns temem que possa alimentar a inflação salarial.
No entanto, o ex-presidente do Fed, Ben Bernanke, disse na reunião: “As políticas de Trump, independentemente de seus méritos em termos de finanças públicas, provavelmente serão modestas em termos de efeito sobre a taxa de inflação”.
Já era esperado que a maioria dos cortes de impostos a expirar deve ser mantida, independentemente do candidato presidencial eleito, como apontam Bernanke e outros, e o apetite do Congresso por cortes adicionais em um cenário de aumento da dívida nacional pode ser limitado.
Bernanke, assessor do segundo governo Bush antes de liderar o Fed, disse que, embora as restrições à imigração possam aumentar os salários, elas também significam menos pessoas comprando bens e serviços, o que poderia diminuir as pressões dos preços.
E, embora o efeito das tarifas “seja muito difícil de prever, porque não sabemos se o presidente quer apenas aplicá-las temporariamente para fins de negociação ou se quer mantê-las permanentemente”, disse Bernanke, “salvo alguma situação muito incomum, incluindo talvez riscos políticos, não parece que isso vá realmente mudar radicalmente a trajetória da inflação”.
Alguns assessores de governos democratas anteriores compartilharam a visão otimista de Bernanke.
Christina Romer, professora de economia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e ex-assessora do governo Obama, fez uma análise semelhante: “Em termos de macroeconomia geral (…) você não verá uma mudança drástica ou coisas que sejam terrivelmente assustadoras.”
Ainda assim, disse ela, há riscos. Trump, por exemplo, poderia tentar interferir nas tentativas do chair do Fed, Jerome Powell, de controlar a inflação.
Jason Furman, professor de economia de Harvard que também assessorou o ex-presidente Barack Obama, expressou um pouco mais de preocupação, observando que, mesmo que Trump ganhe pouca influência sobre a política do Fed nos próximos quatro anos, ele pode abrir caminho para que um sucessor use nomeações partidárias ou outros meios para reduzir a independência do Fed.
E, embora tenha dito que concorda que as políticas de Trump terão um efeito “relativamente pequeno” sobre a inflação, ele ressaltou que até mesmo alguns décimos de ponto percentual além da atual taxa de inflação de 2,4% podem ser suficientes para suspender os cortes nos juros pelo Fed este ano e até mesmo provocar alguns aumentos no próximo ano se as pressões dos preços não diminuírem.
O Estado de S.Paulo - SP 07/01/2025
Sob o céu do Planalto Central, célebre por seu resplendor e limpidez, as maquinações do poder em Brasília avançam envoltas em grossas nuvens de fumaça. Congressistas manobram para manter na penumbra o contrabando de emendas parlamentares a sua clientela espalhada pelo País. Os ministros do STF multiplicam e perpetuam inquéritos elásticos e secretos. O governo atual recicla subterfúgios do anterior para impor sigilo a documentos e sonegar dados solicitados via Lei de Acesso à Informação.
Segundo levantamento da Transparência Internacional, um dos fetiches lulopetistas ressuscitados nesta gestão, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), está sendo operado igualmente nas sombras. Pelos critérios de disponibilização de informações do guia de Infraestrutura Aberta da própria Transparência Internacional, o PAC obteve 8,5 pontos de um total de 100. A organização também mensurou o programa pelos indicadores do Compêndio de Boas Práticas para Promoção de Transparência e Integridade em Infraestrutura, um padrão endossado pelo G-20. Só 10% foram satisfeitos.
O setor de infraestrutura é particularmente suscetível a riscos de malversação de recursos públicos, improbidade e corrupção. A esse respeito, os PACs não evocam boas lembranças. Não é só que fracassaram no seu intento de acelerar o crescimento – por sinal, os anabolizantes injetados via BNDES contribuíram para precipitar a recessão de 2016. A má governança tornou muitos projetos verdadeiros sumidouros de recursos públicos e terreno fértil para a corrupção.
Segundo levantamento do Tribunal de Contas da União do fim de 2023 – à época do lançamento do PAC 3 –, o PAC 1, do segundo mandato de Lula, só concluiu 9% das ações de infraestrutura previstas. O 2, lançado pela “mãe do PAC”, Dilma Rousseff, apenas 26%. De 21 mil obras financiadas com recursos da União, 8,6 mil estavam paralisadas; das 10 maiores, 8 nasceram com o PAC. Em 2021, o Tribunal apontou que “11 mil obras desapareceram dos bancos de dados”. O maior apagão estatístico foi nos dados do PAC.
Além do metrô de Caracas, outros elefantes brancos sob o guarda-chuva do PAC, como a Refinaria Abreu e Lima ou as Usinas de Belo Monte e Angra 3, se notabilizaram por projetos mal elaborados e mal executados, gastos ineficientes, paralisações e atrasos – fora os indícios de superfaturamento e corrupção.
Não surpreende que, segundo levantamento do Estadão/Broadcast em agosto, dos 11.656 projetos previstos no relançamento do PAC um ano antes, 5.666 ainda estivessem em “ação preparatória”. Mas, dada a opacidade que envolve o programa, talvez não seja uma notícia de todo ruim.
Pelos critérios da Transparência Internacional, o programa obteve nota zero na disponibilização de informações sobre as fases de planejamento preliminar, riscos socioambientais e fase interna de licitação; consultas prévias livres e informações à população atingida; e elementos específicos para concessões. Na disponibilização de dados e documentos sobre a fase externa de licitação, a nota foi de 6,25, e nos contratos das obras, 11,1.
As informações estão pulverizadas em diversos portais, muitos restritos a entes públicos, e mesmo naqueles que deveriam centralizar dados, como o PAC Seleções ou o Painel Obras, a sistematização é precária. Os critérios para seleção de projetos não foram publicados até hoje, inviabilizando a fiscalização do processo decisório. As informações sobre investimentos feitos por concessão e parcerias público-privadas também são obscuras.
O Brasil certamente precisa ampliar sua infraestrutura. Mas a precondição para garantir que os recursos sejam alocados com eficiência e integridade é garantir que os órgãos de controle e a sociedade civil possam monitorar sua execução.
Em agosto de 2023, Lula afirmou que o lançamento do PAC marcava o começo de seu governo. Se é assim, começou mal, e avança tropegamente envolto em sombras. Já que o governo insistiu em exumar o PAC, deveria cuidar de sepultar os riscos que suscitaram um nada edificante apelido: “Programa de Aceleração da Corrupção”.
Brasil Mineral - SP 07/01/2025
A Bemisa Água Azul Mineração, controlada da Bemisa, informa que ampliou de forma expressiva as reservas de ouro no projeto Água Azul. O Relatório de Recursos independente mais recente, elaborado com base na norma NI 43-101, confirmou recursos da ordem de 1,73 milhões de onças do metal, considerando um teor médio de 1,47 g/t no Complexo Água Azul como um todo. Isto significa que a reserva comporta a instalação de uma mina de médio porte para produção do metal cujo preço está em viés de alta, mantendo-se acima de US$ 2.600 a onça e com perspectivas de chegar a US$ 3.000/onça, segundo analistas.
O projeto está localizado no município de Água Azul do Norte, um pequeno município a cerca de 180 km a Sudoeste de Parauapebas, no estado do Pará, próximo ao distrito polimetálico de Carajás e abrange uma área de 6.500 hectares com mineralização aurífera. O Complexo Água Azul envolve quatro direitos minerários.
Com o objetivo de viabilizar a implementação e continuidade do projeto, a Bemisa informa que investiu em pesquisas geológicas e metalúrgicas ao longo de mais de seis anos. Esse esforço teve como objetivo assegurar a viabilidade técnica, econômica e socioambiental necessária para o início das operações.
“É importante pontuar que esta estimativa de recursos leva em consideração apenas as sondagens realizadas em seis dos doze alvos do projeto, indicando que há alto potencial geológico não explorado para expansão dos recursos minerais. Até o final de novembro de 2024, o programa de exploração realizou 64.500 metros de sondagem, distribuídos em 541 furos. Após conclusão de todo o trabalho de pesquisa, um Relatório de Reservas será elaborado no 1° trimestre de 2025”, afirma a empresa.
Um dos pontos favoráveis do projeto é que o minério de Água Azul “é de baixa sulfetação e praticamente isento de metais contaminantes, principalmente os ambientalmente indesejáveis, tais como arsênio e chumbo. Essas características permitem uma rota de beneficiamento com baixo consumo de cianeto e alta recuperação metalúrgica, além de uma operação de disposição de rejeitos segura, com baixo potencial de drenagem ácida. A planta piloto em operação possui capacidade para processar 150 mil toneladas de minério por ano”. Em meados de dezembro, a empresa realizou, com sucesso, a audiência pública visando obter o licenciamento para uma escala de produção de 200 mil t/ano.
A usina-piloto, que obtém uma taxa de recuperação de até 93%, opera com circuitos de britagem, moagem, concentração gravimétrica, CIL (Carbon In Leach), eletrodeposição e fundição. Os rejeitos do processo, após passar por Detox, para recuperação do cianeto, são filtrados numa bateria de filtros-prensa e encaminhados para a área de deposição de rejeitos e estéril.
“Com foco na segurança dos nossos colaboradores e no compromisso com a sustentabilidade, o processo de beneficiamento de Água Azul utiliza um sistema de filtragem e empilhamento a seco, dispensando a utilização de barragens de rejeitos", acrescenta a Bemisa.
A lavra em escala piloto é realizada a céu aberto, de forma seletiva, quase cirúrgica, a fim de reduzir a movimentação de estéril e a taxa de diluição. Além da maior eficiência, a operação tem custos mais baixos. Para maior eficiência da lavra, a equipe de operação realiza uma reunião diária no pit da mina, a fim de checar o que foi definido no plano de lavra mensal.
Apesar de Água Azul do Norte estar numa região de forte atividade mineral, devido a sua proximidade a municípios como Parauapebas, Canaã dos Carajás, Tucumã e Marabá, o projeto da Bemisa é o primeiro empreendimento mineiro instalado no município, que conta com uma população de aproximadamente 18 mil habitantes e um IDH de 0,564. Mesmo assim, a Bemisa procura priorizar a contratação de pessoal local, o que exige treinamento, para o que a empresa conta com a ajuda do Senai. De um total de 134 funcionários próprios, 74% são do local, contra 14% da região e 22% de outros estados. Isto significa que, apesar de ainda estar na fase piloto ou semi-industrial, o projeto da Bemisa já é visto com bons olhos pela população local.
Minério de ferro em Minas Gerais
Além do projeto Água Azul, a Bemisa possui operações de minério de ferro em Minas Gerais, em que o destaque é o complexo Baratinha, localizado no município de Antônio Dias. O complexo é composto por 21 direitos minerários, com um recurso potencial superior a 300 milhões de toneladas de minério de ferro e tem dois projetos operacionais, com capacidade de produção de 3,5 milhões de toneladas de minério de ferro, sendo o principal polo de mineração da região do Vale do Aço.
Iniciada em 2014, a Mina Baratinha destacou-se por adotar práticas sustentáveis, como o descomissionamento de sua barragem e a implementação do sistema de filtro prensa e empilhamento a seco de rejeitos.
Em 2024, a Bemisa iniciou as operações da Mina Mongais, com Guia de Utilização. Segundo a Bemisa, “Mongais é mais um exemplo de um projeto greenfield, pesquisado e desenvolvido pela empresa, evidenciando a eficiência e o compromisso com a inovação e sustentabilidade nas nossas operações”.
A operação da Mina de Baratinha é certificada segundo as principais normas ISO 9001 para Gestão de Qualidade, 14001 para a Gestão Ambiental, 45001 para a Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional.
Em novembro de 2024, a unidade ultrapassou a marca de 4.100 dias sem acidentes com afastamento do trabalho, isto é, desde o início de sua implantação, “reafirmando o nosso compromisso com a segurança como valor fundamental em todas as nossas operações, declara a empresa.
Atualmente, o Complexo emprega 1.100 colaboradores próprios e cerca de 340 profissionais terceirizados, sem levar em conta os empregos indiretos gerados e seus impactos positivos na economia local, contribuindo também para o desenvolvimento social na região.
Logística e Expansão de Mercado
Estrategicamente favorável, a localização do Complexo Baratinha facilita o fornecimento tanto para o mercado doméstico, especialmente o setor siderúrgico, quanto para o mercado de exportação. Para garantir o escoamento eficiente da produção, a Bemisa dispõe de dois terminais ferroviários situados a um raio de menos de 30 quilômetros do Complexo: o Terminal de Cargas Bemisa e o Terminal Bemisa João Correia, que juntos somam uma capacidade total para embarque ferroviário de mais de 4 milhões de toneladas anuais de minério de ferro.
Visando expandir sua presença no setor de mineração de ativos ferrosos, o Grupo Bemisa informa que está desenvolvendo dois novos projetos de minério de ferro no Leste Mineiro: Pedra Branca, localizado nos municípios de Itabira, João Monlevade e Bela Vista de Minas, licenciado e em implantação, com previsão de iniciar a produção de minério de ferro de alto teor em 2025 e com expectativa de atingir uma escala de 1,5 milhão de toneladas por ano em sua fase industrial; e o Projeto Piçarrão, em fase de exploração mineral, no município de Nova Era. “Ambos os projetos se alinham aos princípios de qualidade e sustentabilidade do Grupo, estando estrategicamente localizados próximo de terminais ferroviários e players siderúrgicos, o que garante maior eficiência logística, redução das emissões de CO2 no transporte rodoviário e competitividade nos custos operacionais”.
Impacto Positivo
Com mais de 300 projetos socioambientais, o Grupo Bemisa busca se destacar não apenas por sua atuação no setor mineral, mas também por sua postura responsável em relação ao meio ambiente e ao desenvolvimento social. Entre as ações de destaque, está a recuperação dos passivos ambientais da Mina Baratinha, operada na década de 1980, e pelo programa de plantio de mudas nativas como compensação ambiental pelos furos de sondagem realizados. Além disso, realiza anualmente o inventário de emissões de carbono e certifica o uso de energias renováveis em todas as suas operações por meio da aquisição de I RECs. O acompanhamento contínuo dos impactos ambientais de cada projeto garante a transparência e o cumprimento das metas de sustentabilidade, promovendo a melhoria contínua nas operações.
O programa de sustentabilidade BEM+ é uma iniciativa do Grupo Bemisa que traduz o seu compromisso com o programa ESG, através das práticas de sustentabilidade e responsabilidade social do mercado.
O Grupo Bemisa é signatário do Pacto Global da ONU, reafirmando sua dedicação aos dez princípios fundamentais nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. “A criação, estruturação e manutenção desses projetos refletem o compromisso do Grupo Bemisa com práticas empresariais éticas e a promoção de impacto positivo nas comunidades e no meio onde atua”, destaca a empresa.
Valor - SP 07/01/2025
Perspectivas para o minério de ferro em 2025 trazem pessimismo para as ações ligadas ao setor; bancos cortam preço-alvo da mineradora
O valor de mercado da Vale caiu abaixo dos US$ 40 bilhões pela primeira vez desde 2016 na sexta-feira (3), segundo o Citi. Nesta segunda-feira (6), as ações da mineradora voltaram a recuar e a empresa passou a valer US$ 36,8 bilhões, de acordo com dados do Valor Data. Dessa forma, a mineradora brasileira se distancia ainda mais dos principais concorrentes australianos: BHP Billiton, que ontem valia US$ 124,2 bilhões, e da Rio Tinto, com US$ 96,5 bilhões (ver quadro).
Ontem o Citi e o Jefferies informaram a decisão de cortar o preço-alvo para os recibos de ação da Vale negociados em Nova York (ADRs, na sigla em inglês). Na visão das duas instituições financeiras, as perspectivas para o minério de ferro em 2025 trazem pessimismo para as ações ligadas ao setor. Pesa sobre a commodity a expectativa de um menor crescimento da China neste ano.
O Citi cortou o preço-alvo da mineradora de US$ 15 para US$ 12. O Jefferies, por sua vez, reduziu a meta de US$ 14 para US$ 11, além de ter cortado também as expectativas para a CSN Mineração.
Ainda que os bancos tenham reduzido as projeções, os novos valores ainda representam aumento em relação à cotação atual. A ação da Vale encerrou a sessão de ontem em Nova York a US$ 8,62, queda de 0,12%. No Brasil, a ação caiu 1,28%, aos R$ 52,56. O minério de ferro recuou 2,21% na bolsa de Dalian, aos US$ 102,65 por tonelada.
Fonte do mercado financeiro disse que as estimativas dos bancos priorizam os dados da economia chinesa em detrimento dos fundamentos da própria Vale. A mineradora é vista há anos como um espelho do que acontece no mercado global de minério de ferro. Procurada, a Vale não quis comentar.
O Citi estima que o preço do minério de ferro fique em US$ 95 por tonelada em 2025. No fechamento de 2024, a commodity ficou em US$ 106,73 por tonelada. Na avaliação do banco, mesmo com a queda, haverá equilíbrio entre oferta e demanda: “Esse cenário se baseia na suposição de que a produção de aço bruto da China atingiu o pico e diminuirá gradualmente. O fornecimento do Brasil e da Austrália deve ser mais forte novamente em 2025, exigindo cortes em outros lugares.” Para o banco, a Vale pode reverter o pessimismo se acelerar a geração de caixa e a remuneração aos acionistas.
Segundo o relatório do Jefferies, os preços das principais commodities metálicas não devem se recuperar em 2025, considerando a pressão exercida por questões macroeconômicas mundiais. Um cenário de melhor demanda deve se concretizar somente entre 2026 e 2027, conforme o Jefferies, o que deve elevar os preços das commodities e impulsionar as ações.
Em novembro de 2024, o UBS reduziu o preço-alvo da Vale de US$ 14 para US$ 11,50. Apesar de reconhecer os avanços da companhia naquele ano, como o acordo de R$ 170 bilhões da tragédia de Mariana (MG) e a troca de presidente, o UBS afirma que há uma preocupação sobre os fundamentos do minério de ferro a médio prazo: “Em nossa opinião, as exportações de aço da China são vulneráveis a restrições globais e é improvável que sejam totalmente compensadas por estímulos [do governo].”
O UBS espera que o minério de ferro fique em torno dos US$ 100 por tonelada em 2025, com a possibilidade de cair para uma faixa entre US$ 80 e US$ 90. Em outro relatório, em dezembro, o UBS reforçou as preocupações sobre a cotação do minério, com destaque para a esperada guerra de tarifas contra os produtos chineses a partir da posse de Donald Trump nos Estados Unidos. O banco reconhece que o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, que assumiu em outubro, tem apresentado melhoras no desempenho operacional, mas afirma que o retorno entre 2025 e 2026 deve ser baixo pelo alto volume de compromissos assumidos.
Yuri Pereira, chefe da área de research de minério do Santander, vê o cenário para o ano com mais otimismo. O banco manteve a estimativa de US$ 15 para o ADR da Vale e projeta o minério de ferro a US$ 115 em 2025. Conforme o analista, a expectativa é de que não haja um aumento relevante da oferta neste ano, o que ajuda a manter os preços estáveis: “Não vemos um aumento relevante de oferta entre os principais ‘players’ do mundo que influencie nos preços”, disse Pereira ao Valor. Ele pondera: “Tudo depende do preço do minério e da estratégia de cada empresa. Pode ser que o preço suba e as empresas impulsionem a produção para aproveitar. Mas o mercado tem estado bem balanceado.”
Infomoney - SP 07/01/2025
Os contratos futuros do minério de ferro ampliaram as quedas nesta segunda-feira, atingindo o valor mais baixo em mais de um mês, com a desaceleração da produção de metais quentes na China, enquanto a fraqueza dos mercados acionários chineses aumentou a pressão sobre os preços.
O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com perda de 2,21%, a 751,5 iuanes (102,54 dólares) a tonelada, fechando no nível mais fraco desde 19 de novembro.
O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura caiu 1,74%, para 96,5 dólares a tonelada.
“Com o início do feriado do Ano Novo Chinês em apenas quatro semanas, a estocagem de minério de ferro antes do feriado dará algum suporte aos preços da matéria-prima neste mês”, disse a consultoria chinesa Mysteel.
“Mas os preços do minério enfrentarão pressão baixista, já que o declínio sazonal na produção de metal quente nas usinas levará a um lento reabastecimento de minério.”
A produção das siderúrgicas chinesas de alto-forno continuou a declinar de forma constante, impulsionada pelo aumento das paradas para manutenção, já que o Ano Novo Chinês está se aproximando, acrescentou a Mysteel.
Enquanto isso, a oferta global de minério de ferro esteve recentemente em nível alto, impulsionada pelos embarques das minas australianas, disse a consultoria chinesa Hexun Futures.
A duas semanas do início do segundo mandato de Trump na presidência dos EUA, as preocupações dos investidores com a capacidade de Pequim de reanimar a economia fizeram com que o iuan e os mercados de ações da China registrassem perdas na segunda-feira.
No mês passado, a atividade de serviços do país expandiu-se devido à demanda doméstica mais forte, mas os pedidos do exterior diminuíram em meio aos crescentes riscos comerciais para a economia.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 07/01/2025
Ao ver os números de seus caminhões pesados aumentarem, a Iveco traçou uma estratégia.
Em outras palavras, com as vendas de 4 mil S-Way no país desde o lançamento no início de 2023, a marca agora está oferecendo o caminhão a empresas com frotas de marcas mais tradicionais, como Scania e Volvo. Porém, a preços mais competitivos.
Por essa razão, a expectativa do presidente da Iveco para a América Latina, Marcio Querichelli, é crescer no mercado. Assim, espera para 2025 crescer entre 10% e 15%.
Vale lembrar que o mercado total de caminhões, conforme projeções da Anfavea, deve crescer em torno de 5%.
“Temos um produto robusto. Além disso, o S-Way já se mostra equivalente em média de consumo e em disponibilidade frente aos concorrentes mais tradicionais. Por essa razão, precisamos levar ao conhecimento de mais clientes essas entregas do S-Way”, diz Querichelli.
Do mesmo modo, a Iveco já confirma as vendas de 100 modelos do S-Way a gás no próximo ano. Ou seja, a marca já tem essas unidades encomendadas. Porém, o número pode ser maior.
Afinal, o Tector com a tecnologia a gás, acaba de chegar ao país. O modelo semipesado, lançado oficialmente na Fenatran deste ano, é produzido em Córdoba, Argentina.
Conforme Querichelli, essa pujança nas vendas vai ocorrer porque a infraestrutura de abastecimento de gás está crescendo no Brasil. Nesse sentido, já existem importantes corredores azuis disponíveis.
Por exemplo, já é possível abastecer caminhões a gás nas rotas entre São Paulo e Rio de Janeiro e retorno, bem como São Paulo a Curitiba.
Outra importante novidade que vai ajudar a impulsionar as vendas dos pesados a gás é a resolução do Contran nº 1.015. Recém aprovada, a regra permite elevar para 7 toneladas a capacidade do eixo dianteiro para veículos pesados a gás.
Do mesmo modo, a resolução vale para modelos elétricos a bateria e a hidrogênio. Estes veículos são geralmente penalizados em capacidade de carga por causa do peso dos cilindros ou baterias.
Todavia, a partir dessa maior capacidade nos caminhões, eles passam a ser mais competitivos frente ao diesel, que mantém com 6 t de capacidade no eixo dianteiro.
Auto Industria - SP 07/01/2025
O mercado brasileiro de veículos leves encerrou 2024 como começou: em alta! Com as mais de 243,3 mil unidades negociadas em dezembro, foram vendidos ao longo do ano 2,48 milhões de automóveis e comerciais leves, frota 14,2% maior do que a de 2,17 milhões de 2023.
Considerando ainda os licenciamentos de caminhões e ônibus, pouco mais 2,63 milhões de veículos chegaram às ruas no ano passado, acima até das projeções iniciais da Anfavea. A entidade que reúne as fabricantes projetara, no fim de de 2023, 2,45 milhões de veículos leves e pesados licenciados em 2024.
Já em meados do ano, porém, reviu os cálculos para 2,56 milhões, com automóveis e comerciais leves respondendo por 2,42 milhões de unidades, perto de 60 mil a menos do que o efetivado.
O desempenho de dezembro dos modelos leves, em particular, ficou abaixo das expectativas da Bright Consulting. “Possivelmente em decorrência da antecipação de vendas diretas para locadoras nos meses de outubro e novembro”, pondera a consultoria especializada no setor automotivo.
Ainda assim, as vendas diretas perderam participação ao longo de 2024. Responderam por 45% dos licenciamentos — ante 46,7% no ano anterior —, com os negócios do varejo respondendo pelos 55% restantes.
O segmento de veículos eletrificados ganhou ainda maior evidência nas vendas do ano passado. Entre as tecnologias híbridas e elétricas a bateria, foram negociados 174,7 mil veículos ou 7% das vendas totais. Trata-se de avanço de 87,5% sobre as 93,2 mil unidades negociadas no ano anterior e que representaram fatia de 4,3% .
As vendas de elétricos movidos exclusivamente a bateria, os VEBs, tiveram o maior avanço na mesma comparação. Triplicaram, passando de 18,1 mil em 2023 para 61,1 mil no ano passado e praticamente igualando as 62,4 mil unidades dos híbridos plug-in, tecnologia que passou a liderar o segmento.
Os chamados híbridos fechados e híbridos leves somaram 51,2 mil licenciamentos ante pouco mais de 42,2 mil de 2023, crescimento acima de 20% mas o menor entre as novas tecnologias.
Para 2025, entretanto, a expectativa é de que os híbridos leves devam assumir a ponta entre os veículos eletrificados com o lançamento de produtos nacionais e a consolidação das vendas dos modelos da Fiat, apresentados somente no fim do ano passado.
Valor - SP 07/01/2025
A fabricante vietnamita de veículos elétricos VinFast planeja mais que dobrar sua produção global este ano, mesmo enfrentando um ambiente de mercado incerto marcado pela desaceleração da demanda e intensa competição de preços.
A VinFast está construindo sua segunda fábrica vietnamita em um parque industrial localizado na província central de Ha Tinh. O local deve começar a operar em julho deste ano.
Em sua primeira fase, a nova fábrica terá capacidade para produzir 300 mil veículos elétricos por ano. A construção da nova fábrica criará uma base sólida, pois a VinFast entra em uma fase de "desenvolvimento explosivo", disse Nguyen Viet Quang, vice-presidente da Vingroup, controladora da VinFast, durante a inauguração da planta em dezembro.
A nova unidade ficará localizada perto de uma fábrica de baterias construída em conjunto por uma empresa do grupo Vingroup e a chinesa Gotion High-tech. Também nas proximidades há um porto que acomodará grandes transportadores de veículos para exportação.
A VinFast está iniciando novas fábricas na Indonésia e na Índia também. Incluindo a nova unidade em Ha Tinh, todas as três fábricas serão de montagem de componentes semiacabados.
As três fábricas adicionarão um total de 400 mil unidades à capacidade anual da VinFast, elevando a capacidade total para 700 mil veículos ao ano. A VinFast também tem planos de lançar uma fábrica nos Estados Unidos, capaz de produzir 150 mil unidades por ano em 2028.
No total, a VinFast atingirá uma capacidade de produção global de aproximadamente 1 milhão de veículos em cinco fábricas, de acordo com o plano.
O fundador do Vingroup e executivo-chefe (CEO) da VinFast, Pham Nhat Vuong, disse que fazer um veículo elétrico nacional é um projeto importante para o Vietnã, e não apenas uma questão de negócios. O governo forneceu à VinFast incentivos fiscais e outros apoios.
Embora a VinFast esteja aumentando sua capacidade de produção, a demanda por veículos elétricos está diminuindo globalmente.
As entregas da Tesla em 2024 caíram abaixo do volume do ano anterior pela primeira vez, com a montadora dos Estados Unidos supostamente arquivando planos de construir fábricas no Sudeste Asiático. A indústria também foi atingida pelas falências da fabricante de veículos elétricos dos Estados Unidos Fisker e da fabricante sueca de baterias Northvolt.
Enquanto isso, a BYD, a maior fabricante de veículos elétricos da China, anunciou cortes de preços em todo o mundo, resultando em grandes crescimentos nos volumes de vendas na Tailândia e na Indonésia.
Apesar desse cenário arriscado, a VinFast está avançando com seus planos de expansão. Um ponto positivo é o forte desempenho de seu veículo elétrico compacto VF3.
Graças ao seu interior simples e aos subsídios do governo, o VF3 pode ser adquirido por menos de US$ 10 mil ao optar pelo plano de assinatura de bateria, no qual o usuário paga separadamente pela bateria dependendo da distância percorrida. Em comparação, os veículos elétricos de fabricação chinesa custam em média cerca de US$ 30 mil.
A BYD vende veículos elétricos por até 69.800 yuans (US$ 9.500) no mercado chinês, com uma autonomia por carga a partir de 305 quilômetros. O VF3 só chega a 215 km por carga, mas a VinFast vê o VF3 como potencialmente se tornando o modelo principal para mercados emergentes, dependendo de futuras melhorias de desempenho e tarifas dos Estados Unidos cobradas contra a China.
A VinFast vendeu 67 mil unidades no Vietnã nos primeiros 11 meses de 2024. A meta é de 80 mil unidades para o ano todo de 2024, o que dobraria o volume do ano anterior e colocaria a participação de mercado da VinFast na liderança sobre a Toyota e Hyundai.
Em 2023, mais de 70% das vendas da VinFast poderiam ser rastreadas até a GSM, a operadora de táxis elétricos administrada pela Vuong. No terceiro trimestre de 2024, a proporção da GSM caiu para cerca de 20%, indicando que a marca está se espalhando entre os consumidores.
Outra empresa apoiada pela Vuong planeja instalar cerca de 100 mil estações de carregamento elétrico na Indonésia com um investimento de até US$ 1,2 bilhão.
O maior desafio da VinFast é atingir a lucratividade. A empresa registra perdas líquidas trimestrais superiores a 10 trilhões de dong (US$ 394 milhões). No final de setembro, os equivalentes de caixa da VinFast eram de 2 trilhões de dong, colocando a empresa em uma posição financeira precária.
Em outubro, a VinFast levantou 6 trilhões de dong no total emitindo duas tranches de títulos, ambas com taxas de cupom anuais de 13,5%. Os juros são cerca de duas vezes maiores que os cupons de 5% a 7% carregados por títulos emitidos por grandes bancos.
Em novembro, Vuong disse que injetaria 50 trilhões de dong na VinFast até o final de 2026. A Vingroup também anunciou 35 trilhões de dong em financiamento adicional. O porta-voz da Vingroup expressou confiança na posição financeira da VinFast e disse que o financiamento da Vingroup será o último da empresa controladora.
Grandes Construções - SP 07/01/2025
A aposta pelo Light Steel Frame está em alta no Brasil e no mundo. Dados da Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM) mostram um crescimento de 60% no uso da tecnologia no país nos últimos anos.
O método, que usa perfis de aço para as estruturas, encontra um mercado global que deve crescer a uma taxa anual composta entre 5% e 7% até 2027, impulsionado por investimentos em construção modular e métodos mais sustentáveis, segundo o Steel Framing Market Report de 2024.
O mercado considera o steel frame como o futuro da construção civil. Dados do Centro Brasileiro de Construção em Aço mostram que a produção de perfis galvanizados, incluindo Light Steel Frame cresceu 27,7% em 2023 em relação ao ano anterior, e a perspectiva para 2024 também é de alta, chegando a 7,2 %.
Dados reforçados ainda pelos números positivos que as empresas ligadas ao setor vêm registrando. Uma delas é o Grupo Innova Steel, pioneiro na utilização de Light Steel Frame no Brasil.
A empresa teve um crescimento de 117% de agosto de 2023 a ao mesmo período de 2024. As lojas Steel Home, parte do ecossistema da empresa e responsável pela comercialização de produtos ligados à construção a seco, registraram ainda uma grande expansão em número de unidades e faturamento este ano, fechando o ano com 9 lojas próprias e 12 franqueadas abertas e mais 9 contratos para abertura, ainda no primeiro semestre de 2025.
“A construção civil é um segmento que precisa ser modernizado, especialmente no Brasil. Enquanto nos Estados Unidos a utilização de construções a seco somam mais de 500 mil casas por ano, por aqui seguimos limitados pela falta de conhecimento Precisamos desmistificar que a construção em Light Steel Frame é mais cara. O que as pessoas não sabem é que, com esse tipo de material, o valor não sofre alterações ao longo da obra, como é recorrente na construção tradicional”, afirma Caroline Siqueira, vice-presidente do Grupo.
Futuro sustentável - A aposta pelo light steel frame ganha força também por conta de seu perfil mais sustentável. Além de ser mais rápido, resistente e versátil, o método consome cinco litros de água por metro quadrado, enquanto uma construção de alvenaria consome 500 litros a cada m² .
"Estamos falando de uma redução de 90% no uso da água, na comparação com os métodos tradicionais. Com o light steel frame também reduzimos os resíduos das obras, evitando desperdício de material, de dinheiro e minimizando a contaminação”, completa Caroline.
Para atender à alta demanda, o Grupo Innova Steel também conta com uma indústria própria para a fabricação de materiais para construção a seco. A PlacLux possui hoje duas fábricas, em São Paulo e Bahia, que já produziram cerca de 7 milhões de m² de placas de Light Steel Frame.
Recentemente, a empresa fechou um acordo com a neozelandesa Framecad, reconhecida mundialmente por seu desenvolvimento de softwares e equipamentos para fabricação de perfis engenheirados. A parceria deve aumentar significativamente a capacidade de produção de modelos de aço e reforçar a posição do Grupo Innova Steel no mercado nacional. A companhia deve abrir ainda uma terceira unidade industrial nos próximos meses para ampliar a produção.
CNN Brasil - SP 07/01/2025
Os preços das residências aumentaram 7,73% em 2024 e registraram a maior variação desde 2013, segundo o Índice FipeZAP de Venda Residencial.
O avanço acumulado no ano é ainda superior aos 4,71% registrados pelo IPCA-15 em dezembro. O indicador é tido como a prévia da inflação. O dado oficial de 2024, apurado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), será divulgado na sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Paula Reis, economista do DataZAP, a variação acumulada no ano passado está relacionada com o desempenho da economia brasileira.
“A condição macroeconômica influenciou positivamente o mercado imobiliário ao contribuir para a expansão da concessão de crédito para os segmentos popular e médio padrão”, afirmou Reis.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 0,9% no terceiro trimestre do ano passado, segundo o IBGE, e surpreendeu positivamente as estimativas iniciais do mercado.
A taxa de desocupação no Brasil atingiu 6,1% no trimestre encerrado em novembro — os números mais recentes —, no menor patamar para o período desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), em 2012.
Os lugares que registraram os maiores aumentos no preço dos imóveis foram Curitiba (18%) e Salvador (16,38%).
No último mês do ano, os preços dos imóveis à venda subiram 0,66% e interromperam o recuo registrado em novembro, quando o índice caiu para 0,49%. Nacionalmente, aquele que pretendia comprar ou vender um imóvel residencial se deparou com um valor médio de R$ 9.366/m².
Para este ano que se inicia, a economista da DataZAP diz que a expectativa é de um mercado imobiliário mais desafiador, “em especial para o segmento de médio padrão, diante de um cenário de crescimento da taxa básica de juros, o que limita o acesso ao mercado de compra e venda”.
Reis ainda cita recursos mais caros para o financiamento, diante do esgotamento da poupança, como um dos obstáculos para esse ano.
Agência Brasil - DF 07/01/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ministros nesta segunda-feira (6) para receber um balanço das ações de reconstrução do Rio Grande do Sul em relação à recuperação de moradias destruídas durante as enchentes de abril e maio do ano passado.
Até o momento, o governo federal autorizou a construção de 11,5 mil unidades habitacionais em diversos municípios gaúchos, além da criação de modalidades especiais do Minha Casa, Minha Vida para emergências, como o Minha Casa, Minha Vida Calamidades Rural e a possibilidade de aquisição de imóveis prontos, com valor elevado para até R$ 200 mil.
Em entrevista ao programa A Voz do Brasil na semana passada, o ministro das Cidades, Jader Filho, ressaltou que o governo reforçou o orçamento com R$ 6,5 bilhões para obras de drenagem e recuperação de diques na região metropolitana, com o objetivo de prevenir novos desastres.
O governo federal ainda informou que vai instalar uma Casa de Governo no estado, estrutura que reúne órgãos federais para atuarem de maneira coordenada nas ações de reconstrução. A Casa de Governo vai acompanhar a execução de políticas públicas e andamento dos projetos federais em áreas como moradia, infraestrutura e apoio ao setor agrícola.
Participaram da reunião os ministros Rui Costa (Casa Civil), Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e o ministro das Cidades substituto, Hailton de Almeida. Também estiveram presentes no encontro a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, e o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira.
Revista Ferroviaria - RJ 07/01/2025
A pandemia, como todos sabem, afetou duramente o transporte urbano de passageiros. Outras atividades econômicas passaram pela pandemia com sofrimento, é verdade, mas com capacidade de ajustar a oferta de serviços e bens de acordo com a demanda fortemente reduzida daquele período. Por outro lado, o transporte urbano de passageiros não pode valer-se dessa faculdade. A oferta de serviços, salvo ajustes pontuais, manteve-se em níveis muito acima da demanda de passageiros, que caiu em média 75%, justamente para assegurar o funcionamento das cidades e de outras atividades consideradas essenciais.
Os sistemas de transporte, na imensa maioria das cidades, sobreviveram por conta dos aportes públicos para cobrir a insuficiência de recursos para o pagamento da produção dos serviços. A redução da arrecadação tarifária obrigou entrar em cena o subsídio público.
Algumas cidades que não puderam ou não quiseram subsidiar assistiram ao colapso dos operadores de transporte ou a uma degradação completa da saúde financeira, refletida diretamente na capacidade operacional em prosseguir a prestação dos serviços.
No Brasil, o caso mais emblemático é o sistema ferroviário de transporte de passageiros, operado por uma concessionária privada, a conhecida Supervia.
A malha ferroviária urbana do Rio de Janeiro atende 12 dos 22 municípios da segunda maior Região Metropolitana do Brasil e é herdeira das primeiras linhas férreas implantadas por aqui. Surgiu em 1852, quando o visionário Barão de Mauá lançou a pedra fundamental no Porto de Magé. Depois veio a Estrada de Ferro D. Pedro II (Central do Brasil, na República) até chegar à CBTU, na segunda metade do século XX. Atualmente opera 270 quilômetros de vias férreas, em cinco linhas e 104 estações.
Vítima do abandono das ferrovias brasileiras – um dos grandes crimes cometidos por nós contra o nosso próprio país – a malha ferroviária foi estadualizada e privatizada em 1998, quando a qualidade operacional era péssima e a demanda de usuário já tinha caído de impressionantes um milhão por dia para algo em torno de trezentos mil. Ao longo da concessão, a demanda foi lentamente crescendo, como resposta aos investimentos que foram sendo realizados.
A partir da privatização, um sopro de esperança chegou com investimentos públicos e privados. Novos trens com qualidade comparável aos melhores sistemas do mundo, melhorias na infraestrutura das vias, modernização da sinalização e do sistema de energia, levaram a demanda a voltar a crescer.
Contudo, em um passado recente, todos esses investimentos começaram a se perder. Ao que parece um abandono pelo Poder Concedente somada a uma disputa jurídica com a Concessionária e, talvez, uma falta de intimidade desta com a cultura e as peculiaridades locais, ameaçam, como nunca, a existência desse imenso patrimônio do povo brasileiro.
Nos últimos dois anos assistimos uma deterioração aguda das condições operacionais: as questões de segurança pública são tão graves que algumas estações sequer são controladas pela concessionária. Tiros nas composições em trânsito, furtos de ativos essenciais para a segurança operacional, domínio de trechos das vias por organizações criminosas, mostram o abandono pelo Poder Concedente da execução das suas mínimas tarefas. Recuperação judicial da concessionária, ameaça de falência e consequente perda da capacidade de seguir operando, também ocupam as manchetes dos matutinos cariocas. Essa mesma estrutura ferroviária, que já transportou mais de um milhão de passageiros por dia, hoje não chega a trezentos mil passageiros por dia.
Não tenho a menor condição e nem pretensão de apontar culpados, responsabilidades ou indicar a receita para a solução dessa crise. Mas não posso deixar de registrar, nesse espaço, a indignação e tristeza em assistir o colapso de uma fundamental infraestrutura de mobilidade. Penso que ainda há tempo para salvar, mais uma vez, a malha ferroviária do Rio de Janeiro.
É preciso vontade política, liderança, competência técnica e, fundamentalmente, compromisso com o patrimônio público. Uma força-tarefa deveria ser criada com a tarefa específica de recuperar a ferrovia. Recentemente, a Prefeitura do Rio, em período muito curto de tempo, recuperou integralmente o sistema de BRT, completamente degradado até o começo de 2020. Está provado, pois, que é possível.
Tal como Fênix, a ferrovia fluminense já renasceu das cinzas, em 1998. Oxalá encontre forças para novamente se revigorar, voltando a ser uma solução de mobilidade urbana sustentável, segura e eficiente para milhares de cidadãos brasileiros do Rio de Janeiro.
Exame - SP 07/01/2025
O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) chega à metade de seu mandato com a meta de dobrar o orçamento para iniciativas e projetos de infraestrutura para os próximos anos com recursos privados. Segundo Rafael Benini, secretário de Parcerias e Investimentos do Estado de São Paulo, a meta é somar mais de R$ 30 bilhões ao orçamento para iniciativas estruturantes.
"Estamos dobrando a capacidade do Estado de fazer esses investimentos em serviço público com essas Parceria Público-Privadas (PPPs) e concessões", diz o secretário durante o primeiro episódio do podcast EXAME INFRA. O programa é uma realização da EXAME, em parceria com a empresa Suporte, e tem como proposta debater as grandes transformações e os desafios da infraestrutura brasileira.
Hoje, o Programa de Parcerias e Investimentos do Estado conta com 24 projetos e cerca de R$ 470 bilhões em investimentos, sendo que pelo menos R$ 40 bilhões já foram executados, o que dá uma média de R$ 20 bilhões nos dois primeiros anos. Agora, a Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI) espera elevar esse valor para R$ 30 bilhões.
"Em cinco anos, vamos fazer R$ 180 bilhões, quase metade do que estamos contratando. Temos um ciclo de investimento muito grande. E, mesmo que o público esteja conseguindo investir, estamos conseguindo tirar [recursos também] do privado", afirma Benini.
Caso a meta seja alcançada, o valor elevará o orçamento destinado exclusivamente para a área que, neste ano de 2025, será de R$ 33,5 bilhões do total de R$ 372,45 bilhões aprovados pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
EXAME INFRA: Em ano com mais de 90 leilões, EXAME e Suporte lançam podcast de infraestrutura EXAME INFRA: Rodovias, habitação, escolas e CPTM: secretário de SP detalha planos de concessões para 2025
Investir em trens ‘é a solução que vemos’ para SP
Benini destaca entre os projetos os Trens Intercidades (TICs). Neste ano, o governo também pretende viabilizar o TIC Eixo Oeste, que ligará São Paulo e a Região Metropolitana ao município de Sorocaba; o TIC Eixo Leste, que ligará São José dos Campos à capital; e o TIC Santos.
Segundo o secretário, os projetos têm mais de 10 anos e refazem rotas que já existiam no estado.
"São Paulo tem uma grande conurbação. Essa cruz ferroviária que é a região metropolitana de Campinas, Sorocaba, Vale do Paraíba e Baixada Santista não tem mais espaço para crescer as rodovias, é trânsito todo o dia. Então essa é a solução que vemos hoje para São Paulo", afirma.
Em balanço, Tarcísio diz que SP vai atrair R$ 1 trilhão e que desvios de PMs serão punidos
Em fevereiro de 2024, o Consórcio C2 Mobilidade, integrado pela Comporte Participações SA e pela CRRC Hong Kong, venceu o leilão realizado pelo governo para concessão do TIC Eixo Norte, que vai ligar a capital a Campinas. Ao menos R$ 8,05 bilhões de recursos públicos devem ser investidos. O objetivo é que o modal atinja 160 quilômetros por hora e percorra o trecho em 64 minutos.
PPP versus licitação
O projeto mais importante nesse portfólio de ações governamentais para estimular o investimento privado, na visão de Benini, foi a reforma da estrutura e das atribuições das agências reguladoras estaduais, responsáveis pela fiscalização dos serviços públicos transferidos para o setor privado.
"É desse processo que vêm os R$ 400 bilhões de investimentos que a gente até brinca: isso não é promessa, é contratado", disse.
Segundo o secretário, as mudanças deram mais autonomia administrativa, orçamentária e de planejamento às agências DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), Artesp (Agência de Transporte) e Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos).
Apesar de o pipeline de 2025 prever ainda mais PPPs e concessões, o secretário avalia que esse modelo de contratação não substitui totalmente as licitações, que ainda têm espaço e operam melhor dependendo do serviço contratado.
"Tomamos muito cuidado com isso. Não fazemos PPP porque a gente quer o governador batendo o martelo, não é isso. Fazemos porque tem uma eficiência administrativa a ser aproveitada pelo Estado e com compartilhamento do ganho do privado por ter esse contrato de mais longo prazo", garante Benini.
Atrair e fiscalizar
O secretário da SPI avalia ainda que a quantidade de projetos voltados às PPPs e concessões ajuda o Estado a criar confiança para que o setor privado invista. O objetivo é atrair cada vez mais grandes empresas internacionais para as obras de mobilidade em São Paulo.
O desafio, porém, é a garantia – mostrar para o mercado que o governo tem condições de fazer com que todas essas parcerias previstas saiam do papel. Assim como o de fiscalizar para que o serviço contratado seja entregue a quem está na ponta: a população.
"Precisamos ter uma agência forte, técnica, que fiscalize e esteja em campo, acompanhando e discutindo o contrato com o privado. Porque, afinal de contas, é um casamento em que precisamos estar juntos na dureza, na felicidade, construindo aquilo juntos. Não tem isso de 'o problema é seu, resolva'. O problema continua sendo meu, porque eu sou o responsável por aquele serviço público, e a mudança regulatória que estamos fazendo está trazendo pontos positivos", afirma Benini.
Petro Notícias - SP 07/01/2025
Novas movimentações exploratórias da Petrobrás com diferentes objetivos. A companhia começou nos últimos dias a perfurar dois poços em diferentes campos das Bacias de Campos e Santos, nas áreas de Marlim Sul e Aram, respectivamente. A informação consta no site da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Em Marlim Sul, a perfuração acontece em lâmina d’água de 1179 metros, por meio da sonda Deepwater Aquila (foto), da Transocean. A perfuração de novos poços no campo faz parte dos planos para Revitalização de Marlim. Em outubro do ano passado, conforme noticiamos, a empresa lançou o edital para a contratação do FPSO P-86, que será instalada em Marlim Sul e Marlim Leste.
Já em Aram, a perfuração do novo poço foi realizada em lâmina d’água de 1.179 metros, com a sonda West Auriga, da Seadrill. O bloco é uma das apostas da Petrobrás para explorar o potencial remanescente da camada do pré-sal, em particular na bacia de Santos. A Petrobrás já fez duas descobertas de óleo no bloco de Aram, sendo a primeira em 2021 e a segunda em 2023. Na última delas, disse que encontrou “um fluido de excelente qualidade, confirmando os baixos teores de contaminantes”.
TN Petróleo - RJ 07/01/2025
A ANP autorizou, mediante as Autorizações SIM-ANP nº 829, de 27/12/2024, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 28/12/2024, e SIM-ANP nº 833, 30/12/2024, publicada no DOU em 31/12/2024, a interconexão bidirecional entre o gasoduto Cabiúnas-Reduc III (GASDUC III), de propriedade da Nova Transportadora do Sudeste S.A (NTS), e o gasoduto Cabiúnas-Vitória (GASCAV), de propriedade da Transportadora Associada de Gás S.A. (TAG), no Município de Macaé, Estado do Rio de Janeiro. Essa conexão permitirá que o gás natural seja diretamente movimentado entre as instalações das transportadoras TAG e NTS, situadas nas regiões nordeste e sudeste do País, respectivamente.
A implantação desse projeto é um importante passo para o processo de fusão de áreas de mercado, uma vez que viabiliza a contratação independente por parte de carregadores de entrada e saída, com a possibilidade de movimentação direta entre transportadoras.
A interligação das instalações das transportadoras vem ao encontro do art. 10 do Decreto nº 10.712/2021, que regulamenta a Lei nº 14.134/21 (Nova Lei do Gás), e da Resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) n° 3, de 7 de abril de 2022, que conferem especial destaque ao processo de fusão de áreas, instituindo dispositivos para favorecer a integração entre transportadores. A possibilidade de junção de áreas de mercado no transporte, de forma a unir áreas atendidas por diferentes transportadores, permitirá movimentações de gás natural de forma integrada entre diversas transportadoras em uma mesma área de mercado.
A Nova Lei do Gás e o Decreto orientam o setor no sentido de possibilitar a um interessado contratar a entrada em um transportador (por exemplo, a NTS) e a saída em outro (por exemplo, a TAG), tornando o mercado de gás natural mais líquido e dinâmico.
Infomoney - SP 07/01/2025
Os preços do petróleo fecharam em queda após uma sessão volátil nesta segunda-feira, com algumas notícias econômicas baixistas dos Estados Unidos e da Alemanha compensando o apoio altista de um dólar americano mais fraco e as previsões de aumento da demanda por energia devido a uma tempestade de inverno.
Depois de subir por cinco dias consecutivos, os contratos futuros do Brent caíram 0,21 dólar, ou 0,3%, a 76,30 dólares por barril, enquanto o petróleo West Texas Intermediate (WTI) dos EUA caiu 0,40 dólar, ou 0,5%, a 73,56 dólares.
Apesar dessas quedas, ambos os índices de referência do petróleo permaneceram em território tecnicamente sobrecomprado pelo terceiro dia consecutivo.
Na sexta-feira, o Brent se estabeleceu em seu nível mais alto desde 14 de outubro e o WTI fechou em seu nível mais alto desde 11 de outubro, devido, em parte, às expectativas de mais estímulos fiscais para revitalizar a economia vacilante da China.
Com o aumento do interesse no comércio de energia nas últimas semanas, o interesse em aberto nos futuros do WTI na Bolsa de Nova York subiu para 1,933 milhão de contratos na sexta-feira, o maior desde junho de 2023.
“Os mercados de petróleo entraram em 2025 com fundamentos equilibrados de oferta e demanda, mas com os preços sendo sustentados por tensões geopolíticas duradouras”, disseram analistas da consultoria Eurasia Group em um relatório.
“À medida que o ano avança, os mercados de petróleo provavelmente continuarão a experimentar um baixo crescimento da demanda, que pode ser superado pela nova oferta, especialmente dos EUA e provavelmente também da Opep”, disse o Eurasia Group.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 07/01/2025
Os anos de 2024 e de 2023 foram de perdas para as empresas de máquinas – reflexo da queda dos preços das commodities agrícolas e das taxas de juros elevadas – depois do auge de 2022.
Naquele ano de euforia, as commodities nas alturas fizeram o faturamento com as vendas de máquinas alcançar o recorde de R$ 95 bilhões.
Ainda que os juros possam ser novo entrave, por ora, a indústria de máquinas avalia que 2025 será um ano de “normalização” das vendas, com a volta do faturamento ao patamar dos R$ 60 bilhões.
Neste ano, deve fechar em R$ 56 bilhões, segundo a Câmara Setorial de Máquinas Agrícolas da Associação Brasileia da Indústria de Máquinas (Abimaq).
Em 2023, a receita havia alcançado R$ 74 bilhões. A indústria pondera que, além do cenário desfavorável, a retração foi grande nos dois últimos anos porque a base de comparação era alta.
EUA – Afora o comportamento dos juros, a “normalização” em 2025 vai depender também de outros fatores, como os primeiros movimentos do futuro presidente dos EUA, Donald Trump. Na campanha eleitoral, ele prometeu taxar as importações, sobretudo da China, o que pode afetar fluxos comerciais, elevando os preços das commodities.
Analistas já fazem cálculos caso esse cenário se confirme. Segundo o consultor Carlos Cogo, os preços da soja e milho podem subir na bolsa de Chicago e aumentar a rentabilidade do produtor, e, por consequência, o apetite para investir.
Se isso se concretizar, as vendas de tratores devem crescer entre 4,5% e 9% no Brasil. Sem o “efeito Trump”, entre 2% e 4%.
As vendas de colheitadeiras podem crescer ainda mais, entre 10% e 20%, porque a base de comparação é ruim e pela expectativa de uma nova safra recorde em 2024/25.
“Depois da colheita de soja, é provável que também tenhamos uma safra enorme de milho, e os produtores precisarão de colheitadeiras mais potentes”, diz Cogo.
Entre janeiro e outubro, as vendas de tratores e colheitadeiras totalizaram 60.125 unidades (queda de 26,9%), sendo 53.245 para o mercado interno (-26,4%).
“Neste ano houve uma seca muito severa que diminuiu a rentabilidade do produtor desses dois principais produtos [milho e soja] do agronegócio nacional. Estamos contando que a próxima safra, colhida a partir de fevereiro, apresente uma produtividade e uma rentabilidade melhor para o produtor, que deve voltar às compras de equipamentos”, diz Pedro Estevão, presidente da Câmara da Abimaq.
Segundo ele, equipamentos para soja e milho representam entre 60% e 70% do faturamento do setor e, por isso, apesar dos preços recordes do café e cacau, por exemplo, o resultado de 2024 não foi bom.
Ainda que acredite em normalização, Estevão reconhece que “os juros podem atrapalhar os planos para 2025”. “Como acabaram os recursos do Moderfrota e do Pronaf [do Plano Safra], temos que lidar com taxas de 16% ao ano, que são muito proibitivas”, acrescenta.