O Estado de S.Paulo - SP 08/01/2025
A ArcelorMittal da África do Sul anunciou o encerramento de seus negócios de produtos de aço longo, o que afetará cerca de 3,5 mil empregos. A medida foi anunciada depois que as condições econômicas fracas, os altos custos e as importações de aço da China pesaram sobre a empresa.
A unidade sul-africana da ArcelorMittal disse que a produção de aço deve cessar no final de janeiro e que seus processos de produção restantes serão encerrados no primeiro trimestre do ano.
“O persistente excesso de capacidade nos mercados globais e locais e os preços internacionais do aço insustentavelmente baixos exacerbaram ainda mais as dificuldades estruturais do negócio”, acrescentou a empresa.
A receita da ArcelorMittal da África do Sul para 2024 deve cair mais de 5% em comparação com 2023, e a empresa prevê uma queda significativa nos lucros.
Uma jornada da Indonésia ao Brasil
O grupo ArcelorMittal, que tem várias usinas de aço no Brasil, pertence à família de origem indiana Mittal. É o segundo maior produtor global e líder no Ocidente. Lakshmi Mittal, apesar de indiano, iniciou seu império siderúrgico com uma pequena fábrica na Indonésia. De lá, avançou para Europa e Estados Unidos.
No Brasil, fez vários investimentos e aquisições desde 2006 — quando, globalmente, a Mittal Steel incorporou a franco-belga Arcelor. A mais recente aquisição do grupo no País foi a da Siderúrgica de Pecém, no Ceará, que pertencia à Vale e a dois sócios asiáticos, por R$ 11 bilhões, em 2022.
Em novembro de 2024, a ArcelorMittal inaugurou nova linha de produção de aço em Santa Catarina, com investimento de R$ 2 bilhões.
A família Mittal também controla a Aperam, de aços inox e especiais, que tem uma operação separada no Brasil. Juntas, as duas empresas produziram 14,2 milhões de toneladas no ano passado, respondendo por 42% da produção nacional.
O Estado de S.Paulo - SP 08/01/2025
Companhias siderúrgicas no País têm um grande desafio à frente em executar os programas de descarbonização. Para quem faz aço utilizando carvão mineral como energético em altos-fornos a jornada será mais complicada, pois os desembolsos de recursos financeiros serão vultosos. Mudanças tecnológicas serão cruciais para reduzir as emissões de carbono e atingir a neutralidade em 2050, chegando ao “aço verde”, ou de baixo carbono. Estimam-se investimentos de R$ 180 bilhões, informou o Instituto Aço Brasil.
O parque fabril de aço brasileiro, formado por 16 usinas integradas e 15 que operam aciarias elétricas (mini-mills), tem emissão média de 1,7 tonelada de dióxido de carbono (CO2) por tonelada de aço bruto produzida. A rota integrada a carvão metalúrgico representou 73,3% do total fabricado em 2023, a que utiliza carvão vegetal, 11,9%, e a que utiliza sucata (aciaria elétrica), 14,8%.
A Gerdau, que tem operações em vários países das Américas, a maior parte no Brasil e nos EUA, faz mais de 70% do aço com sucata. É o maior reciclador do País. Ao incluir a fatia feita com minério e carvão mineral na usina de Ouro Branco (MG), tem geração média de 860 quilos de CO2 por tonelada de aço. A meta é chegar a 2031 com 820 quilos de CO2.
Cenira Nunes, gerente-geral de meio ambiente da companhia, explica que o processo com sucata contribui muito na intensidade média global de emissão de CO2, mas, infelizmente, não há sucata disponível para atender as necessidades do País. Na rota integrada, o foco, por ora, é a substituição de parte do carvão mineral por combustíveis alternativos. Por exemplo, biocoque de carvão vegetal. Desde 2022 o material é lançado nos altos-fornos e já mostrou redução de 90 mil toneladas de carbono em 2023.
A empresa tem 250 mil hectares de florestas plantadas para produzir carvão vegetal. Outras biomassas também estão em testes. Os ganhos nas emissões de carbono poderão ser de 20% a 30% no médio e longo prazo. “Até 2030, o foco é em ganhos de processo industrial, eficiência energética e e substituição de matérias-primas e insumos, com muito investimento em energia renovável”, informa a executiva.
Nos EUA, na usina de aços especiais Monroe, no segundo semestre de 2023 desenvolveu um projeto de US$ 10 milhões, voltado para hidrogênio verde e conduzido por uma universidade local com apoio da fabricante de gases industriais Linde. Objetivo é entender esse novo combustível, como ele funciona.
A busca pelas melhores tecnologias disponíveis, as disruptivas, virá numa fase posterior — substituição de alto-forno por redução direta, uso de gás natural e o hidrogénio verde, afirma Nunes. Para a Gerdau, diz, a rota da redução direta, que gera 1,4 tonelada de CO2, é a aposta de transição na descarbonização.
Não há ‘bala de prata’ na descarbonização
Produtora de aço e cimento, duas fontes industriais altamente geradoras de CO2 em seus processos produtivos, a CSN tem investimento previsto da ordem de R$ 5 bilhões até 2030 na siderurgia. O valor inclui gastos na modernização da usina de Volta Redonda, para se obter maior eficiência operacional nos altos-fornos e na aciaria, bem como energética.
Helena Brennand Guerra, diretora de sustentabilidade, meio ambiente e segurança da CSN, diz que o pacote de ações cobre um período até 2035, nas chamadas Fase Blue e Fase Olive.
Para baixar as emissões de CO2, de 1,93 tonelada de CO2 — média de 2,3 toneladas dos altos-fornos com os 600 quilos na aciaria elétrica em Volta Redonda. Vai buscar de tudo: mais adição de sucata, carvão vegetal no lugar de metalúrgico, uso de gás natural, de HBI (minério briquetado a quente, com 90% de ferro), briquetes de ferro de minério da CSN Mineração. “Apenas na usina de Volta Redonda são 12 projetos”, afirma.
A meta definida é de corte de 10% nas emissões em 2030 e 20% em 2035. “Já somos uma produtora de ‘aço verde’ na Alemanha, na SWT, que opera com sucata e energia renovável”, diz a executiva. A produção é de 800 mil toneladas por ano de perfis, com geração de 200 quilos de CO2 por tonelada.
Guerra ressalta que, no mundo, há muitas tecnologias em desenvolvimento para fazer aço verde. “Mas não podemos dizer que há uma que seja a bala de prata”, afirma.
O hidrogênio verde é o grande avanço tecnológico esperado para a próxima década, quando deverá estar disponível em grande escala comercial e a custo competitivo. A própria CSN desenvolve em Araucária (PR), por meio da CSN Inova, um projeto para produção do insumo, utilizando energia renovável. Acabou de firmar um parceria com a Petrobras.
Segundo a executiva, o Brasil já poderia estar com emissão bem inferior à dos níveis atuais, se contasse com gás natural ao preço praticado, por exemplo, na Argentina, de US$ 4 a US$ 5 por 1 milhão de BTU (British Thermal Unit, usado para medir o consumo de gás natural). Assegura que a redução das emissões de CO2 seria da ordem de 20% a 30%.
Futuro é o H2V, mas e alto-forno vai sobreviver
Guilherme Corrêa de Abreu, gerente Gral de Sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil, maior produtora de aço do País, afirma que as tecnologias disruptivas ainda necessitam ser amadurecidas e consolidadas e elas só serão vistas em grande escala depois de 2030. “Até lá, no Brasil e em muitos países, todos vão maximizar as tecnologias conhecidas, muitas já em implementação”.
Hoje, nessa corrida, o principal alvo é a redução do uso de carvão metalúrgico, o vilão das emissões. Há várias inciativas parecidas nas empresas que operam com altos-fornos: maior uso de sucata, injeção de carvão vegetal no alto-forno, gás de coquerias, injeção de gás natural, minério briquetado, que tem maior teor de ferro do que o tradicional, além de biomassas. “Temos várias iniciativas, algumas com limitações, devido à oferta de sucata no mercado”, diz.
Abreu diz vislumbrar dois pilares na descarbonização. O primeiro, que deverá se consolidar, é a rota de produção com hidrogênio verde em instalações de redução direta (DRI), daí gerando o ferro-esponja, que se transformará em aço em uma aciaria elétrica. Serão os novos novos complexos siderúrgicos do futuro.
No segundo pilar, ele não vê o fim dos altos-fornos até 2050. Vão continuar, em menor número, mas com diferença dos atuais. Diz que eles vão operar com biomassas, gás natural, hidrogênio verde e também HBI como matéria-prima. “Serão mais eficientes, com baixíssima geração de carbono. Muitas das instalações com até 100 metros de altura serão substituídas ao fim da vida útil.
Na Espanha, a ArcelorMittal lançou o projeto Sestao, para produzir aço com zero emissão de carbono. Com investimento de 1 bilhão de euros e subsídio do governo espanhol, o projeto consistirá de uma planta de DRI com hidrogênio verde em Gijón, nas Astúrias, que vai fazer 2,3 milhões de toneladas de ferro-esponja ao ano.
A unidade de Sestao, a 250 km, será suprida com material de Gijón e fará 1,6 milhão de toneladas, em forno elétrico. Deve entrar em operação no final de 2025. A empresa diz que será primeiro nesse modelo em larga escala do mundo.
Também terão um papel relevante, na avaliação de Abreu, os CCUS, sigla de Carbon Capture, Utilization and Storage (ou Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono). Essa tecnologia visa reduzir a emissão de CO2 na atmosfera, capturando-o e o reutilizando em novos materiais.
O carbono é armazenado em formações geológicas, como poços de petróleo já exauridos. O CCUS, conforme entidades internacionais, são fundamentais para zerar as emissões líquidas de carbono até 2050. “De 40% a 50% das emissões serão neutralizadas com CCUS”, informa o executivo.
“Para descabonizar a indústria do aço, globalmente, estimam-se investimentos de US$ 6 trilhões”, informa Abreu. Desse valor, um terço deve ser aplicado no processo produtivo e cerca e US$ 4 trilhões em instalações adjacentes, como plantas de hidrogênio verde, centrais de CCUS, entre outras.
Vale investe para oferecer ‘matéria-prima verde’
Na corrida da descarbonização no setor de aço, fornecedores da principal matéria-prima, o minério de ferro, estão formando parcerias com seus clientes. A Vale, segunda maior produtora mundial e exportadora da commodity, vem investindo em vários projetos para ampliar oferta de minério de alto teor, que ajude na redução das emissões de carbono, conforme informações passadas por sua assessoria de imprensa. A empresa não concedeu entrevista.
Em 2023, a companhia inaugurou a primeira planta de briquete de minério de ferro do mundo no seu complexo de pelotização em Vitória. Segundo a Vale, é um produto aglomerado, com tecnologia própria, que pode reduzir em até 10% as emissões de carbono na produção de aço pela rota de alto-forno.
No futuro, quando o hidrogênio verde estiver disponível, o briquete servirá de insumo para a produção de aço de zero emissão de carbono pela rota de redução direta, que utiliza fornos elétricos, informou a empresa.
Nos últimos anos, a empresa firmou mais de 50 acordos de parcerias estratégicas e tem anunciado projetos conjuntos, visando ao que chama de “soluções de descarbonização”. No início de dezembro de 2024, concluiu tratativas com Departamento de Energia (DOE) dos EUA e dará início à fase 1 do projeto de desenvolvimento de uma planta de briquetes, em escala industrial, em Louisiana.
A concessão feita à afiliada Vale USA LLC faz parte de acordo cooperativo no Programa de Demonstrações Industriais), do DOE, parte do financiamento vinculado à BIL (Lei de Infraestrutura Bipartidária) e ao IRA (Lei de Redução da Inflação).
O aporte é de até US$ 282,9 milhões durante o período do projeto, até 2031, que prevê a produzir 1,5 milhão de toneladas de briquete de minério de ferro pela rota de redução direta (DRI).
Outros acordos foram assinados em outubro com a chinesa Jinnan Steel (planta de concentração em Omã) e, em novembro, com a alemã Rogesa (para fornecer pelotas). Em setembro, com a Midrex, dos EUA (briquetes para unidades de DRI), e no ano passado, memorando de entendimento com a H2 Green Steel.
A companhia lançou o modelo de Mega Hubs, complexos industriais para produzir HBI (hot-briquetted iron), um produto intermediário entre o minério de ferro e o aço. Os primeiros na Arábia Saudita, Emirados Árabes e Omã. Nesses complexos, a qualidade do minério é ampliada para fazer o briquete, insumo do HBI.
A geração de CO2, com o HBI, reduz de 50% a 70% comparado ao tradicional ferro-gusa em alto-forno. No início usará gás natural como combustível e, no futuro, hidrogênio verde.
Carvão vegetal e sucata, o diferencial da Aperam
A Aperam, maior fabricante de aço inoxidável da América Latina, além de aços elétricos, é referência na pegada de carbono, com a melhor média na fabricação dos dois produtos, afirma o presidente da empresa, Frederico Ayres. A companhia tem usina em Timóteo, no Vale do Aço mineiro. “Geramos 280 quilos de CO2 por tonelada de aço produzida, enquanto nossos concorrentes têm media de 930 quilos.”
O diferencial da Aperam é uso de carvão vegetal de florestas próprias (mais da metade da produção de aço) e de sucata de aço inox. “Desde 2011, todo o nosso ferro-gusa obtido nos altos-fornos é com carvão vegetal certificado. Isso nos dá vantagens de custo, que é fundamental no negócio, e em sustentabilidade”.
Hoje, a Aperam foca em melhorias de processos, substituição de combustíveis fósseis, (uso de gás natural no lugar de gás de alto-forno), minério de ferro mais enriquecido e projetos de remoção de carbono nas florestas. A energia é de origem renovável (eólica, solar e hidrelétrica). “No Brasil, somos carbono neutro ao somar os escopos 1 (operações produtivas), 2 (uso de energia) e as remoções de CO2 com armazenamento de CO2 no solo das florestas”.
AVB tem selo de baixo carbono da World Steel
Localizada em Açailândia, no Maranhão, a minimill brasileira Aço Verde do Brasil (AVB), que começou a operar em 2015, recebeu da World Steel Association (WSA) o selo de primeira siderúrgica carbono neutro do mundo cinco anos atrás. Fabricante de aços longos (vergalhões e fio-máquina), a empresa passou por auditoria do processo produtivo e das emissões de CO2 da consultoria francesa SGS.
Em dois anos chegou a ter emissão negativa, mas em 2023, com ajustes de critérios da WSA, após se desfazer de participação de 50% na Cimento Açaí, empresa do grupo para a qual destinava a escória dos seus dois altos-fornos, o número mudou. A geração de CO2 contabilizada foi de 229 quilos por tonelada de aço fabricada, considerando escopos 1 e 2. Mesmo assim, considerada siderúrgica de baixo carbono.
“Com a montagem de uma unidade de briquetes de resíduos do processo industrial que estamos investindo R$ 80 milhões mais outras ações internas, poderemos reduzir a emissão para menos de 200 quilos de CO2”, afirma Sandro Marques Raposo, diretor de Sustentabilidade e Novos Negócios da AVB. O briquete é usado no alto-forno como matéria-prima. A meta é zerar resíduos na siderúrgica a partir de 2025.
A AVB, que fica às margens da Estrada de Ferro Carajás, da Vale, por onde recebe minério de fero, tem dois altos-fornos que fazem por ano 660 mil toneladas de ferro-gusa. São supridos com minério e biocarbono (carvão vegetal) de florestas próprias.
A siderúrgica tem capacidade de produzir 720 mil toneladas por ano de produtos laminados. No processo produtivo, aproveita todos os gases dos altos-fornos e da aciaria e gera energia em uma termoelétrica de 11 MW, que atende 30% das necessidades da empresa.
O Estado de S.Paulo - SP 08/01/2025
O IBGE divulga na sexta-feira a variação do IPCA em dezembro e também a do ano inteiro de 2024, mas, olhando as expectativas de analistas para a trajetória dos índices de preços ao consumidor em 2025 e 2026, cresce a dúvida se a inflação já mudou de patamar – em razão da política econômica escolhida pelo presidente Lula – ou se a alta nas projeções do mercado é apenas um soluço.
A desvalorização do câmbio, o mercado de trabalho ainda apertado e o sentimento de desarranjo fiscal estão empurrando cada vez mais as projeções de inflação para bem acima da meta de 3% perseguida pelo Banco Central, cujo choque de juros não surtiu efeito em conter as expectativas do mercado. O Copom sinalizou que a taxa Selic será elevada para 14,25% até março, mas o consenso das apostas entre analistas é de que os juros subam até 15% no ano, pelo menos.
Para o IPCA de dezembro, o consenso das estimativas é de uma alta de 0,58%, o que levaria o índice fechado de 2024 para 4,89%. Para 2025, a mediana aponta para inflação de 4,99%. Mas essas projeções vêm piorando a cada semana, acompanhando, em parte, a subida do dólar em relação ao real brasileiro. E, mesmo assim, o viés é de alta para essas estimativas do IPCA, com analistas argumentando que o grosso do repasse cambial aos preços na economia ainda está por vir. Há até os mais pessimistas que estão prevendo uma inflação de 6,5% em 2025.
O piso da inflação passou para 4%? Poderão empresários, prestadores de serviços e outros agentes da economia começar a fazer reajustes preventivos nos seus preços se não acreditarem mais que a inflação volte para a meta de 3% no médio prazo? Na prévia do IPCA de dezembro, o núcleo da inflação de serviços registrou alta de 8,5% na taxa anualizada da média móvel trimestral. Por essa mesma medida, a média dos núcleos da inflação acelerou para 5,4%, taxa mais alta desde maio de 2023. É um ritmo que assusta, mostrando que a dinâmica dos preços pode piorar muito no futuro próximo.
O Copom pode até adotar uma postura dura, levando os juros às alturas, mas, se o presidente Lula teimar em não fazer um ajuste crível nas contas do governo, a piora na percepção do risco fiscal poderá sabotar a política monetária. A credibilidade do arcabouço fiscal segue em xeque. Não à toa, quase ninguém acredita que o dólar cairá abaixo de R$ 6 em 2025. Com mecanismos de indexação na economia brasileira, o risco de a inflação mudar de patamar não é irrelevante. E ainda rezando para não haver um choque de preços por evento climático ou geopolítico.
O Estado de S.Paulo - SP 08/01/2025
“Real, moeda forte”. De todos os slogans criados para o lançamento da nova moeda no Plano Real, nenhum me marcou tanto como esse. Nunca esqueci da frase que, obviamente, voltou à minha cabeça com força nesses dias em que vimos nossa “moeda forte” se desintegrar perante o dólar. O fundo do poço parecia nunca chegar e nele despencava nossa moeda, perdendo valor como não se vira desde que o Plano, criado há 30 anos e implementado em três etapas durante o governo do então presidente Itamar Franco (1930-2011) derrubou uma inflação de 40% ao mês ou três mil por cento ano ano. Em 1º de julho de 1994 nasceu o Real, a sexta moeda brasileira, e sem estar contaminada pela hiperinflação.
O presidente, que fora contra o plano e àqueles que o elaboraram sob o comando do então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, e que sempre defendia o congelamento de preços, exultou. E viu ali, ano de eleições presidenciais, uma chance de ouro de fazer seu sucessor. A campanha eleitoral, até aquele momento, era dominada por Luiz Inácio Lula da Silva. O petista, que vira no confuso governo de Itamar a chance de chegar ao Palácio do Planalto, num primeiro momento não deu muita importância.
O passar dos dias, porém, mostrou o quanto o PT estava equivocado e o tamanho do erro que cometera ao votar contra a Medida Provisória 542 que criava a nova moeda. Itamar lançou o tucano FHC à presidência da República. Lula, que até então, estava na frente nas pesquisas começou a perder terreno. E não havia estratégia que lhe devolvesse a liderança. Enquanto o petista patinava, as pessoas se aglomeravam ao redor de Fernando Henrique, brandindo as notas de R$ 1,00 e pedindo que o candidato as autografasse. O sociólogo venceu no primeiro turno.
O fim dessa história todos nós conhecemos, inclusive a reeleição de FHC e os equívocos cometidos na condução da economia em seu governo que, dessa vez, em 2002, deram a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva.
“Real, moeda forte”, pensei novamente enquanto nossa moeda saía da casa dos R$ 5,00 e entrava na dos R$ 6,00. E não parava por aí, R$ 6,10, R$ 6,20, R$ 6,30... Segundo a consultoria Elos Ayta, o desempenho do real foi o terceiro pior, em termos nominais, desde 2010. Foi a sétima moeda que mais se desvalorizou no mundo. A queda registrada em 2024 só perde para a desvalorização de 31,98% vista em 2015, quando a então presidente Dilma Rousseff enfrentou a crise política e econômica que culminou com seu impeachment e para a queda de 22,44% verificada em 2020, no auge da pandemia de covid-19.
Em leilões de câmbio sucessivos durante oito dias distintos na última semana de 2024, o Banco Central vendeu um montante de U$ 33,3 bilhões. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, visivelmente abatido, tentava convencer o mercado que o governo está entregando o ajuste fiscal, que os juros altos vão conter a inflação e que mesmo o cenário internacional não justificam o dólar nas alturas. Se der certo, Lula ganha pontos para disputar a reeleição em 2026 ou tentar fazer um sucessor. Se der errado, o Real que bateu o petista em 1994 pode voltar a fazê-lo. Daquela vez por que deu certo. Desta vez por que a moeda se desfez e a economia deu muito errado.
Infomoney - SP 08/01/2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta terça-feira (7) que sua relação de confiança e proximidade com o economista Gabriel Galípolo, novo presidente do Banco Central (BC) e ex-secretário-executivo da pasta, não representará qualquer tipo de interferência do governo federal na condução da política monetária pela autarquia.
As declarações do chefe da equipe econômica foram dadas durante entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews.
“O meu papel ali é resolver tecnicamente o problema. É o que eu tentava fazer com Roberto Campos [ex-presidente do BC] e como farei com Gabriel Galípolo”, afirmou Haddad.
“Isso não significa dizer que nós vamos concordar sempre sobre o diagnóstico e o que fazer, mas cada um está no seu papel”, completou o ministro da Fazenda.
“Eu posso chegar um dia para o Gabriel: será que vocês estão tomando a decisão correta? Mas a decisão [sobre a taxa básica de juros] é dele e do colegiado do Copom [Comitê de Política Monetária do BC]. Eu posso subsidiá-lo com informações, como ele consulta gente do mercado, ele consulta gente do governo, ele consulta gente do setor produtivo”, prosseguiu Haddad.
“O Banco Central não consulta só os bancos. Ele tem um apanhado de informações. Ele dialoga com a sociedade. Só que, na hora da decisão, tem um colegiado de nove pessoas que se reúnem, fecham as portas e tomam uma decisão autônoma. Isso não vai mudar com o Gabriel, e eu tenho a absoluta confiança de que ele sabe qual a missão do Banco Central.”
Na entrevista, o ministro da Fazenda reiterou o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o governo não fará qualquer pressão sobre a autoridade monetária.
“Eu vi e ouvi as conversas que precederam o convite do presidente ao Galípolo e o presidente deixou absolutamente claro que, independentemente de lei, ele ia tratar o Banco Central com a mesma deferência, com o mesmo respeito com que ele tratou o [Henrique] Meirelles [presidente do BC nos dois primeiros mandatos de Lula]”, concluiu.
Antes de chegar à presidência do BC, Gabriel Galípolo integrou a equipe econômica do governo Lula, como secretário-executivo do Ministério da Fazenda – o número 2 de Haddad na pasta. Galípolo foi indicado por Lula, primeiro, à diretoria de Política Monetária do BC e, mais tarde, ao comando da autoridade monetária.
O Estado de S.Paulo - SP 08/01/2025
A consolidação do patamar cambial de 6 por 1 na relação entre o real e o dólar americano, que ganha contornos de senso comum no mercado neste início de 2025, é uma grave ameaça para a economia brasileira. Entre os países do G-20 – que reúne as maiores economias globais –, o Brasil foi o que assistiu à maior desvalorização de sua moeda ao longo de 2024 e permanece ameaçado pela pressão cambial, que pode levar o dólar a R$ 6,50 ou até mesmo a incríveis R$ 7, como revelaram analistas econômicos em recente reportagem do Estadão.
Obrigado a suspender as férias de janeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, retornou a Brasília e, depois de reunião de uma hora e meia com o presidente Lula da Silva, falou a jornalistas negando – para alívio geral – qualquer possibilidade de mudança no regime de câmbio flutuante que vigora no País desde 1999. E preferiu colocar panos quentes na escalada do dólar: “Tem um processo de acomodação natural, e nós tivemos um estresse no final do ano passado no mundo todo. Tivemos aqui um estresse também, no Brasil”.
Esqueceu-se o ministro de citar que a tensão cambial que se espalhou pelo mundo foi mais forte por aqui porque, juntamente com as incertezas que atingiram todos – como o recrudescimento das guerras e a mudança política nos Estados Unidos –, o governo Lula da Silva tratou de ampliar o risco marchando em direção contrária à estabilização econômica. Atitude dolosa que produziu o terceiro maior fluxo cambial negativo dos últimos 25 anos.
Voaram para longe US$ 15,9 bilhões que estavam no País. Em 1999, ano da mudança para o atual regime cambial, a saída chegou a US$ 16,182 bilhões. A partir de 2000, porém, somente em 2019 e 2020 a fuga de capitais superou a do ano passado. Em 2020, a pandemia de covid foi o principal motivo; no ano anterior, o primeiro da gestão Jair Bolsonaro, as causas principais foram internas: crise nas relações entre governo e Congresso, baixo crescimento, juros baixos e indefinição da agenda econômica levaram a uma debandada de US$ 44,7 bilhões.
No fim de 2019, em sua página oficial, o Partido dos Trabalhadores classificou como “um verdadeiro desastre” a “queima das reservas” em mais US$ 10 bilhões na tentativa de conter a alta do dólar, que chegou a R$ 4,25 em novembro e encerrou o ano cotado a R$ 4,01. A título de comparação, somente em dezembro passado, para conter a disparada do dólar, o BC fez a maior injeção de recursos em um único mês desde o início do regime de câmbio flutuante. Foram US$ 21,5 bilhões, cerca de 6% das reservas, que encerraram 2024 em US$ 329,7 bilhões, US$ 25,3 bilhões a menos que no ano anterior.
Se, por um lado, a cotação recorde do dólar pode servir para turbinar o valor das exportações, por outro, causa enorme estrago ao encarecer uma infinidade de insumos, máquinas e equipamentos. O custo mais elevado da produção faz também o câmbio ser repassado internamente. O IGP-M, índice de inflação calculado pela Fundação Getulio Vargas, registrou alta de 6,54% no ano, com contribuição decisiva dos preços no atacado.
Embora Lula da Silva tenha exigido da Petrobras o “abrasileiramento” da política de preços, é inevitável que em algum momento o impacto do dólar chegue à gasolina e ao diesel, e então, num país onde a carga é transportada prioritariamente por rodovias, a inflação tende a se espalhar com mais força. E ainda que a Petrobras exporte 30% de sua produção, a verdade é que a conta não fecha para uma empresa que tem também a dívida bilionária atrelada ao dólar.
O governo deveria tirar os óculos de lentes distorcidas do lulopetismo para enxergar a realidade que se impõe enquanto ainda há tempo de reverter projeções que indicam câmbio pressionado e inflação acima da meta em 2025, 2026 e 2027. Neste momento, somente o anúncio de medidas fiscais tão ambiciosas quanto urgentes seria capaz de restaurar a credibilidade do governo, severamente abalada desde o tímido pacote de corte de gastos, que, sem o apoio firme do presidente, acabou por ser ainda mais esvaziado pelo Congresso.
O Estado de S.Paulo - SP 08/01/2025
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que adora gastos e defendeu a extensão do teto da dívida americana, ao mesmo tempo que afirmou que não quer um calote.
“Tudo o que quero é que não haja um default (calote)”, disse, acrescentando que ninguém sabe o que aconteceria se os EUA não pagassem as suas contas. “Eu só quero ver uma extensão.”
Os comentários foram feitos durante a sessão de perguntas e respostas durante sua entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, 7, em Mar-a-Lago, na Flórida.
Na coletiva, o presidente eleito também Trump, afirmou também que pretende construir instalações de eletricidade maiores do que as da China, após citar a escassez de infraestrutura para atender à demanda americana.
Tarifas sobre o México e o Canadá
Trump voltou a falar sobre a imposição de “tarifas significativas” sobre o México e o Canadá. Em relação ao Canadá, o presidente americano citou a dependência militar do Canadá em relação aos EUA e disse que o país terá de pagar por isso.
Na coletiva, Trump afirmou ainda que o Golfo do México será renomeado para Golfo da América.
Trump reclamou novamente do tratamento injusto e das altas cobranças do Canal do Panamá, como fez nas últimas semanas. O Canal do Panamá aumentou as suas taxas à medida que a seca extrema reduziu o número de navios que podem atravessá-lo.
Trump citou que o canal é dominado pela China e que sua equipe está discutindo formas de abordagens da questão. O presidente eleito, contudo, descartou o uso de forças militares para assumir o canal.
Investimentos em data centers
Trump anunciou investimentos de milhares de dólares em data centers por investidores de Dubai.
“Pessoas inteligentes estão investindo nos EUA”, disse Trump.
IstoÉ Dinheiro - SP 08/01/2025
A mineradora Vale informou ter assinado um memorando de entendimento (MOU) com a empresa sueca GreenIron para uma colaboração em iniciativas de descarbonização da cadeia de suprimentos de mineração e metais no Brasil e na Suécia. Segundo o comunicado, as companhias desenvolverão um estudo de viabilidade sobre a instalação de uma unidade de redução direta no Brasil, que seria operada pela empresa sueca.
O memorando também prevê que a mineradora brasileira forneça aglomerados de minério de ferro para as operações comerciais da GreenIron em Sandviken, na Suécia.
“O estudo de viabilidade para uma unidade no Brasil incluirá a seleção de um local adequado para o projeto, juntamente com a avaliação das opções de energia renovável e fornecimento de recursos. O estudo avaliará a viabilidade de usar hidrogênio verde e outras inovações para reduzir o impacto ambiental de operações futuras”, informou a Vale, em nota distribuída à imprensa.
A sueca GreenIron H2 AB possui tecnologia patenteada de eficiência energética para a redução de óxidos metálicos a metais puros, baseada em hidrogênio e tendo como único produto residual a água, processo que seria adequado para a extração de metais de minérios, resíduos e rejeitos, informou a Vale.
“A Vale e a GreenIron têm trabalhado nos últimos dois anos em testes para o uso de pelotas de minério de ferro produzidas pela Vale nas instalações da GreenIron na Suécia. De acordo com o MoU, os testes futuros também incluirão briquetes de minério de ferro, um produto inovador desenvolvido pela Vale que emite menos CO2 em sua produção do que as pelotas”, diz o comunicado.
A tecnologia, com custo menor e compatível com o uso de hidrogênio verde, seria flexível em matéria-prima e capacidade adaptada aos clientes, diz a mineradora. As operações comerciais em Sandviken “estão sendo comissionadas, com o aumento de escala previsto ao longo do ano”, informou.
Infomoney - SP 08/01/2025
Os preços futuros do minério de ferro atingiram mínimas de sete semanas nesta terça-feira, pressionados pelo aumento dos estoques do ingrediente de fabricação de aço e pela decepção com a falta de mais estímulos monetários na China, principal mercado consumidor de minério.
O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 1,38%, a 750 iuanes (102,38 dólares) a tonelada. No início da sessão, o contrato chegou a cair para o nível mais fraco desde 19 de novembro, a 745,5 iuanes.
O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura subia 0,06%, a 96,65 dólares a tonelada. No início do dia, atingiu seu nível mais baixo desde 18 de novembro.
“Os mercados de minério de ferro foram atingidos por um aumento, semana após semana, nas chegadas de cargas na China, o que provavelmente ampliará os estoques portuários já crescentes”, disse Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities.
Um excedente prolongado de oferta no mercado local manterá os preços do minério de ferro importado pela China sob pressão este ano, disse a consultoria chinesa Mysteel em nota.
As mineradoras globais de minério continuarão a aumentar a produção, enquanto a demanda pela matéria-prima entre as usinas chinesas provavelmente diminuirá ainda mais, disse a Mysteel.
Enquanto isso, traders otimistas que estavam precificando um corte na taxa de juros no final do ano na China agora perceberam que o banco central pode não agir sobre as taxas até março, disse Widnell.
O Banco Popular da China disse na sexta-feira que fortaleceria os ajustes da política monetária e reduziria os índices de reservas obrigatórias e as taxas de juros dos bancos em “um momento apropriado”.
Valor - SP 08/01/2025
Até agora, a onda do país asiático limitou-se à importação. Mas em 2025 será o teste da competitividade dessas marcas na produção
Durante recente visita ao Brasil, o presidente da divisão internacional da GWM, Parker Shi, explicou por que as marcas de carros chinesas estão tão interessadas no mercado brasileiro: “Você não quer colocar seu dinheiro no jardim inimigo; então, esqueça os Estados Unidos. Para ele, a disposição do governo brasileiro em “receber investimento chinês” é um atrativo. “E nós, da GWM, estamos de braços abertos”.
O resultado das vendas em 2024 no Brasil dá a dimensão do que Shi quer dizer. No ano passado, de cada dois carros importados fora do Mercosul um veio da China. As importações de veículos do país asiático cresceram 229% em um ano e a participação chinesa, no segmento de importados, passou de 10% para 26%.
No ano passado, o governo dos EUA, segundo maior mercado global, elevou o Imposto de Importação de veículos produzidos na China de 25% para 100%. Como o executivo da GWM comenta, em seu plano de internacionalização, as montadoras chinesas se voltam para os mercados de países cujos governos mantêm boas relações com a China.
No ano passado, o perfil do mercado brasileiro de veículos mudou não apenas pela entrada agressiva das marcas chinesas, mas, principalmente, pelo interesse que o consumidor brasileiro demonstrou por elas, deixando de lado antigos preconceitos.
Carro chinês virou sinônimo de eletrificação, já que vem da China a maior parte dos modelos elétricos vendidos no Brasil. Em 2024, o país registrou novo recorde de vendas de híbridos e elétricos, com 177,3 mil unidades, 89% acima de 2023.
A inspeção veicular é um tema importante e ponto nevrálgico”
— Marcos Aguiar
Se 2024 foi o ano da marcante presença das montadoras chinesas no mercado brasileiro, 2025 marcará a estreia dessas empresas na indústria brasileira, alterando o perfil da manufatura do setor no país. Alguns duvidam que os chineses conseguirão manter o mesmo fôlego e nível de competitividade quando começarem a produzir no país.
Mas, para o especialista Jorge Antônio Martins, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), eles vão continuar, sim, competitivos, porque querem ganhar mercado. Para Martins, o mais relevante nessa discussão é entender como os chineses chegaram aonde estão. A especialização na eletromobilidade, destaca, é o segredo do sucesso.
Os fabricantes chineses, destaca o professor, conseguem reduzir custos de compras de autopeças como consequência da larga escala. E também porque as montadoras daquele país, em grande parte, também produzem muitos dos componentes. “Ao trazer subconjuntos de peças importados da China essas marcas vão continuar sendo competitivas”, destaca Martins.
Mas os planos chineses não se limitam apenas à montagem de veículos com peças importadas. Com início de produção em Iracemápolis (SP) marcado para maio, a direção da GWM tem se reunido com fabricantes de autopeças para discutir a compra de componentes feitos no Brasil. Segundo Parker Shi, a ideia é alcançar 60% de nacionalização até o fim de 2026. Esse índice credencia a GWM a exportar para o Mercosul.
Já a BYD, a mais agressiva entre as chinesas, ainda enfrenta os efeitos das denúncias que chegaram às autoridades trabalhistas no fim do ano sobre a situação de operários que trabalham na construção da fábrica em Camaçari (BA), contratados pela também chinesa Jinjiang. O Ministério Público do Trabalho disse ter encontrado 163 trabalhadores em condições “análogas à escravidão”, com jornadas excessivas, falta de colchões e banheiros e retenção de parte dos salários. A BYD anunciou que rescindiu contrato com a Jinjiang.
Apesar do saldo negativo deixado pelo episódio, a BYD mantém firme o plano de inaugurar a fábrica no primeiro quadrimestre. Em 2024, a marca foi a líder do mercado brasileiro de carros elétricos. Vendeu 76,7 mil veículos 100% elétricos e híbridos plug-in, um crescimento de 327,7% na comparação com 2023.
Martins lembra que em 2024 a BYD vendeu 4 milhões de veículos no mundo, o que representa em torno de 4% das vendas globais. Para o professor, a investida chinesa poderá provocar o desaparecimento de algumas empresas do setor no mundo - “e com reflexos no Brasil”. “Ao contrário das montadoras centenárias, as chinesas são empresas que já nasceram sob a ótica digital”, destaca.
Outras chinesas estão a caminho do Brasil. No fim de 2024, a GAC apresentou-se à imprensa e revelou os planos de também produzir no país. O maior diferencial da estreia dessa marca são as parcerias firmadas com universidades brasileiras para o desenvolvimento de veículos híbridos movidos a etanol.
“Essas empresas estão testando a aceitação de seus produtos. A partir disso, vão produzir. A questão não é só qualidade; é atender o gosto do consumidor”, destaca Martins.
Não são, no entanto, só os chineses que vão mudar o perfil da indústria automotiva em 2025. Neste mês, entra em vigor uma nova etapa da legislação do controle de emissões de veículos leves, o L8, do Proconve (Programa de Controle de Emissões Veiculares). A soma da concorrência chinesa com o aperto na lei de emissões obriga as montadoras veteranas a investir em novos veículos, híbridos principalmente. Este será, ainda, o primeiro ano do início do impacto dos volumosos investimentos anunciados pelas montadoras para a década e que somam mais de R$ 127 bilhões.
“A hibridização é a forma de atender às cada vez mais rígidas normas de emissões”, destaca Marcos Vinicius Aguiar, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), que defende o etanol como principal aliado no esforço brasileiro para reduzir os gases de efeito estufa no transporte. A AEA fornece ao governo as informações técnicas necessárias para a elaboração dessas leis.
Apesar de todo esse movimento voltado à descarbonização, não surgiu, ainda, nenhuma iniciativa governamental para criar leis rigorosas de inspeção veicular para tirar das ruas os carros e caminhões velhos e poluentes.
“A inspeção veicular é tema importante e ponto nevrálgico. Mas qualquer país sério usa esse instrumento como forma de renovar a frota”, destaca Aguiar. Para ele, a inspeção não garante apenas a retirada das ruas dos carros mais velhos, mas também a necessária manutenção dos mais novos.
Para o engenheiro, apesar de a inspeção ser uma incumbência dos municípios, a esfera federal pode se envolver na discussão. E, assim, tornar a inspeção dos veículos que rodam no país uma aliada no plano de descarbonização que, até agora, está limitada aos veículos novos.
Veja - SP 08/01/2025
Apesar da disparada nos preços de veículos novos, o mercado automotivo brasileiro registrou um importante crescimento em 2024 em relação a 2023. Foram 2,48 milhões de emplacamentos de automóveis e comerciais leves, 14,2% acima de 2023 (2,17 milhões), mas ainda 7,1% abaixo do volume pré-pandemia de 2019 (2,67 milhões), de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Pelo quarto ano consecutivo, a picape Fiat Strada é o carro mais vendido do Brasil. Foram 44,5 mil unidades vendidas. Dessa vez, a diferença para o Volkswagen Polo, segundo mais vendido, foi pequena, de apenas 4.507 veículos.
A predominância de hatches compactos é clara. Por conta do preço, representam uma boa parcela das vendas atuais. Volkswagen Polo, Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Fiat Argo completam o top 5. O subcompacto Fiat Mobi também aparece em nono lugar.
O T-Cross se consolidou como SUV mais vendido do Brasil com uma vantagem de quase 14 mil unidades sobre o segundo colocado, o Chevrolet Tracker. O Hyundai Creta e o Nissan Kicks também aparecem no ranking.
O sedã mais vendido do país, o Chevrolet Onix Plus, ficou de fora do Top 10 e aparece na 11ª colocação, mostrando que os três volumes estão perdendo fôlego. No ano passado, ele ocupava a quinta posição.
Confira a lista com os 10 carros mais vendidos do país em 2024:
1 – Fiat Strada – 144.694
2 – Volkswagen Polo – 140.187
3 – Chevrolet Onix – 97.508
4 – Hyundai HB20 – 97.083
5 – Fiat Argo – 91.146
6 – Volkswagen T-Cross – 83.997
7 – Chevrolet Tracker – 69.434
8 – Hyundai Creta – 69.122
9 – Fiat Mobi – 67.391
10 – Nissan Kicks – 60.467
A vez dos elétricos
O ano também marcou um enorme crescimento da fatia de veículos eletrificados. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), 177.538 veículos eletrificados foram emplacados em 2024, contra 93.927 automóveis em 2023 – alta de quase 90%. O híbrido Song Plus GS da BYD foi o mais vendido do ano, seguido pelo compacto Dolphin Mini, também da marca chinesa, e pelo Toyota Corolla Cross XRX.
Disputa entre fabricantes
Uma análise da consultoria especializada Bright Consulting mostra a mudança na participação das montadoras no mercado brasileiro:
A Fiat registrou uma redução de 0,8pp em sua participação de mercado, enquanto a Volkswagen obteve um avanço de 0,3pp. Apesar de uma retração, a General Motors manteve a terceira posição, com 12,7% de participação. A Hyundai superou a Toyota, alcançando a quarta colocação com 8,3%, enquanto a Toyota encerrou o ano com 8,2%.
A BYD consolidou sua presença, encerrando 2024 na décima posição do ranking, com 3,1% de participação, tendo atingido 4,1% em dezembro. A Chery apresentou um crescimento significativo, embora sem alterar sua posição no ranking geral.
Em contrapartida, Citroën e Peugeot registraram queda de desempenho, mesmo após o lançamento de novos modelos, como o Basalt e o novo E-2008.
Globo Online - RJ 08/01/2025
A elevação das taxas de juros do crédito imobiliário com recursos da poupança pela Caixa Econômica Federal trouxe inquietação para o mercado imobiliário e da construção civil. Desde o dia 2 de janeiro, a taxa cobrada subiu de um a dois pontos percentuais, a depender da modalidade.
O blog foi ouvir algumas construtoras e incorporadoras. A CEO da Riooito Incorporações, Mariliza Fontes Pereira, demonstrou preocupação com as mudanças. Ela destacou que as altas taxas de juros afastam potenciais compradores, sobretudo aqueles que dependem de financiamento.
- Quem pretende comprar um imóvel financiado fica com medo de entrar numa taxa de juros de dois dígitos. A prestação fica muito pesada, e a pessoa não consegue pagar. Nesse cenário, ainda é mais barato ficar no aluguel. Isso afeta toda a cadeia da construção civil, que é um setor produtivo essencial para o país.
Para Ricardo Affonseca, CEO da Aros Inc., a decisão impactará de forma desigual os segmentos do mercado: afetará pouco os imóveis de alto padrão e muito os de médio.
- A demanda do mercado imobiliário é inversamente proporcional à taxa de juros. Certamente haverá menos demanda para absorver as ofertas. Porém, o setor de altíssimo padrão será o menos afetado, pois é inelástico. Já a classe média será bem impactada, e os lançamentos vão diminuir muito. Existe, inclusive, o risco de famílias da classe média migrarem para o setor econômico, pressionando ainda mais o programa Minha Casa, Minha Vida.
Bruno Fabbriani, CEO da B.Fabbriani, ressaltou que a decisão restritiva prejudica a evolução do mercado imobiliário. O movimento de queda da poupança e do FGTS, que são os principais vetores de funding à produção e ao financiamento imobiliário dos bancos tradicionais, já vem reduzindo de muitos anos para cá.
- O mercado de capitais é uma alternativa que vem sendo usada cada vez mais pelos incorporadores e pelos clientes, tanto para financiar a produção quanto para adquirir o imóvel. Os produtos financeiros ainda têm muito para melhorar e amadurecer, mas é um caminho sem volta para dar mais opções ao mercado imobiliário.
O Estado de S.Paulo - SP 08/01/2025
Em 2024, os preços dos imóveis no Brasil cresceram 7,7%, superando a inflação de 4,89% estimada pelo mercado para o ano. Os dados são do Índice FipeZap, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com base nos anúncios de classificados de imóveis residenciais prontos em um total de 56 cidades. A pesquisa apura os valores pedidos, não os valores dos negócios fechados.
Entre as cidades pesquisadas, as que apresentaram maior alta foram Curitiba (18%), Salvador (16,38%) e São Leopoldo-RS (15,74%). Apenas uma das cidades pesquisas apresentou retração os valores, Santa Maria, no Rio Grande do Sul, com queda de 1,50%.
Este aumento generalizado foi impulsionado por uma demanda aquecida, influenciada por fatores como a queda do desemprego, aumento da renda e incentivos de programas de habitação popular.
Parte do avanço dos preços em Curitiba se deve à forte valorização dos preços dos imóveis do bairro Batel, um dos mais nobres da cidade. Apesar de ocupar uma pequena área da capital do Paraná, ele abriga lojas, restaurantes e opções de lazer tais como galerias de arte e livrarias. Ele também tem uma alta densidade demográfica.
Segundo a sondagem do Índice FipeZap, os preços no bairro curitibano avançaram 50,9% nos últimos 12 meses, atingindo R$ 16.166 o metro quadrado. Para efeito de comparação, o preço do metro quadrado no Batel curitibano supera os R$ 16.163 dos Jardins, uma das áreas mais nobres da capital paulista, segundo a pesquisa do FipeZap. O bairro paulistano teve uma alta bem menor do que o curitibano, de 8,4% no período.
Veja, abaixo, o ranking das cidades brasileiras em que os preços dos imóveis mais subiram em 2024.
Revista Ferroviaria - RJ 08/01/2025
O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou que acertou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, o uso de outorgas resultantes de renegociações de contratos vigentes nas novas concessões ferroviárias que serão leiloadas até 2026.
Em entrevista ao Painel S.A., Renan Filho afirmou que ao menos seis grandes projetos devem ser concedidos até o fim do mandato do presidente Lula e que, pelo novo modelo, até 30% dos recursos serão públicos.
Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário TIC Trens: o sonho começa a virar realidade SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
“Não tem como viabilizar um projeto ferroviário totalmente livre de recursos públicos”, disse. “Estamos fechando o cronograma. Vou fechar tudo com o presidente Lula e creio que, em fevereiro, a gente anuncia.”
Segundo o ministro, projetos “greenfield” (que começam do zero), terão até 30% de capital público e, no leilão, ganhará a empresa que oferecer a menor participação estatal na obra.
“É diferente das rodovias em que o vencedor tem de oferecer a menor tarifa para o consumidor.”
Renan disse que devem entrar na lista projetos como o da Fico e da Fiol –agora rebatizadas de Ferrovia Leste-Oeste–; o anel ferroviário do sudeste (entre Espírito Santo e Rio de Janeiro) – que conectará o porto do Açú–; as malhas do Sul e Oeste e a Ferrogrão.
O ministro informou ainda que parte dos recursos pagos pela Vale pelo acordo fechado com o governo em torno da Estrada de Ferro Carajás será usada nessas obras.
“Dos R$ 11 bilhões em pagamento, R$ 6 bilhões serão em obras do anel ferroviário do sudeste.”
Revista Ferroviaria - RJ 08/01/2025
Os termos aditivos assinados entre a Vale e a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para a abertura de um processo de repactuação dos contratos de ferrovias da empresa preveem que os R$ 4 bilhões adiantados pela empresa ao governo sejam devolvidos caso não se chegue a um acordo na negociação que será feita na SecexConsenso do TCU (Tribunal de Contas da União) até 17 de dezembro.
Os termos foram publicados no site da agência após a assinatura dos contratos, realizada nos últimos dias de 2024, para que fosse possível fazer o pagamento desse adiantamento ainda no ano fiscal vigente. No aditivo da EFC (Estrada de Ferro dos Carajás), que é o contrato responsável pelo pagamento, e no da EFVM (Estrada de Ferro de Vitória a Minas), ambos disponibilizados no site da agência, não há detalhes sobre o que vai ser levado para acordo no TCU.
Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário TIC Trens: o sonho começa a virar realidade SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Ficou consignado que o que será discutido será um “Ajuste Regulatório” no contrato e que a Vale não reconhece o adiantamento como uma dívida. E, por parte do governo, também fica consignado que o valor não trata da chamada revisão da base de ativos do contrato. Essa revisão de base de ativos foi determinada pelo TCU quando da repactuação em 2020.
A ANTT está analisando quanto valeria cada item do contrato repactuado e quanto as concessionárias de ferrovias indicaram como valor na época da renovação. Se houver diferença entre os números, eles terão que ser compensados. O indicativo até o momento é que as concessionárias estão devendo ao governo.
Nos aditivos tanto da EFC como da EFVM foi feita uma mudança nos contratos atuais que tem a ver com o índice de saturação das ferrovias, um mecanismo que foi criado na renovação dos contratos para garantir que, quando uma ferrovia chegasse próxima do limite de capacidade (90%), ela deveria ser ampliada. Isso foi feito para evitar que as empresas neguem pedidos de transporte das empresas alegando não ter capacidade.
A regulamentação desse mecanismo é um dos pontos que o governo quer tratar na mudança regulatória que o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, anunciou em agosto do ano passado que seria feita no setor ferroviário. A intenção declarada do ministério é de ampliar a concorrência no setor.
Comunicados
Apesar de não haver ainda um acordo firmado entre o governo e a empresa, o Ministério dos Transportes divulgou no dia 30 uma nota após a assinatura dos termos aditivos para iniciar a repactuação no TCU em que informa que a injeção de recursos será superior a “R$ 17 bilhões na infraestrutura logística do Brasil”.
“Essa repactuação demonstra a solidez da parceria da atual gestão federal e o setor privado, que é crucial na ampliação dos investimentos na nossa logística”, destacou o ministro dos Transportes, Renan Filho, num post nas redes sociais no mesmo dia.
Já em seu comunicado à imprensa, a Vale informou que “Sob as bases gerais da repactuação, a Vale se compromete com um aporte global máximo de aproximadamente R$ 11 bilhões, a título da revisão de levantamento da base de ativos da EFC e EFVM, da otimização de obrigações contratuais e do replanejamento de investimentos. Os termos da transação resultam no aumento de R$ 1,7 bilhão em provisão referente a concessões ferroviárias.” A íntegra do comunicado está neste link.
Ciclo fechado
A abertura da renegociação com a Vale fecha um ciclo iniciado em 2023 no ministério que entendeu que as concessionárias “pagaram menos” que o valor das ferrovias em suas renovações efetuadas na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, sob a responsabilidade dos então ministros Tarcísio de Freitas (atual governador de São Paulo) e Marcelo Sampaio (atual diretor da Vale). O ministro Renan Filho falava em números superiores a R$ 30 bilhões a mais, como mostra reportagem da Agência iNFRA de agosto de 2023.
As concessionárias sempre indicaram que os acordos foram justos, mas aceitaram pagar valores a mais em troca de mudanças em seus contratos que dessem, principalmente, mais conforto para a execução das obras obrigatórias nos contratos que, se não forem feitas no prazo, podem levar à devolução da concessão sem indenização.
A Rumo já repactuou seu contrato, MRS já teve uma proposta enviada ao TCU e agora vai a da Vale. O ministério tem dito que, com os recursos das repactuações e outros da área de ferrovia (inclusive outorgas anuais e a revisão da base de ativos), vai iniciar um grande programa de PPPs ferroviárias, com aportes na construção de novos trechos. O ministro Renan Filho vinha anunciando números na casa dos R$ 20 bilhões nesse programa.
O ministério conta que, mesmo esse recurso de R$ 4 bilhões que foi adiantado pela Vale em 2024 e os cerca de R$ 650 milhões pagos pela Rumo, voltariam para compor esse fundo. Mas há muito ceticismo no setor em relação a esses recursos ficarem garantidos para essa finalidade a ponto de haver confiança das empresas entrarem nessas concessões.
Caminho para a VLI
Segundo apurou a Agência iNFRA, a repactuação da Vale abre caminho também para que seja fechada uma proposta para a renovação antecipada de outra ferrovia, a FCA (Ferrovia Centro-Atlântica). A VLI, concessionária do trecho, tem a Vale como sócia.
A negociação da renovação antecipada da FCA, no entanto, ainda depende de uma decisão sobre o que será feito com o trecho da ferrovia que liga a Bahia a Minas Gerais. O governo da Bahia, com apoio da Casa Civil, defende a revitalização desse trecho e a concessionária encaminhou proposta oficial para ficar com ele.
Mas o governo de Minas Gerais quer investimentos na melhoria e extensão de trechos da ferrovia no estado para ampliar as cargas que vão para os portos do Espírito Santo. Segundo uma fonte ligada ao processo, só há recursos imediatos na extensão do contrato para um desses investimentos. A tentativa é manter as duas obrigações dentro do contrato, mas alongando os prazos de investimentos.
Solução para a Bamin
A repactuação da FCA também impacta em outro negócio ferroviário que a Vale está envolvida, que é a tentativa de adquirir a Bamin para solucionar uma concessão fracassada do governo passado, a finalização da construção do trecho 1 da Fiol (Ferrovia Oeste-Leste), que vai de Ilhéus a Barreiras (BA).
A Bamin venceu em 2021 uma licitação para terminar de construir e operar a ferrovia até 2026, mas não tem a menor condição de entregar isso no prazo. Segundo fontes, praticamente nada foi executado até hoje. Ela tem também que fazer um TUP (Terminal de Uso Privado) na região de Ilhéus que ainda não começou.
A Vale tem interesse em adquirir esse ativo, o que é fundamental para que o governo possa fazer a maior licitação planejada de concessão de ferrovias na atual gestão, que são os trechos 2 e 3 da Fiol unidos com a Fico (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste), que está em construção, formando um grande corredor entre o leste e o oeste do país. Sem uma segurança de que o trecho 1 da Fiol, que dá acesso ao porto, será construído, é considerado muito difícil que haja algum interessado para o projeto Fico-Fiol.
Portos e Navios - SP 08/01/2025
A política portuária do Governo Federal, que prevê 37 novos arrendamentos e a concessão de canais em cinco grandes portos brasileiros até 2026, busca garantir capacidade para o aumento do comércio exterior, impulsionado pelo acordo Mercosul-União Europeia. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou que 95% do comércio internacional brasileiro depende dos portos, e a movimentação portuária cresceu 34% na última década, sendo 39% em portos públicos.
Segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o acordo Mercosul-União Europeia deve gerar um incremento de US$ 7 bilhões nas exportações brasileiras a curto prazo. Para atender essa demanda, o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) tem investido R$ 54,7 bilhões no setor dentro do Novo PAC, majoritariamente por meio de capital privado. Desde 2023, 13 leilões de unidades portuárias foram realizados, e outros 37 estão planejados até 2026, com foco na modernização e competitividade dos portos.
A concessão dos canais dos portos de Paranaguá, Santos, Itajaí, Rio Grande e Salvador está entre as estratégias para aumentar a eficiência portuária, reduzindo burocracias e permitindo dragagens permanentes para receber navios de grande porte. A gestão privada é vista como um caminho para agilizar operações e descentralizar o comércio exterior, com impactos positivos nas regiões Norte e Nordeste.
Em 2024, os portos movimentaram 967,5 milhões de toneladas, representando 97,2% do volume total de comércio exterior brasileiro, avaliado em US$ 492,5 bilhões. A balança comercial registrou um superávit de US$ 74,6 bilhões, o segundo maior da história, com exportações totalizando US$ 337 bilhões e importações crescendo 9%, alcançando US$ 262,5 bilhões. Destaque para o aumento de 25,6% nos bens de capital importados.
Portos e Navios - SP 08/01/2025
A construção de quatro embarcações RSVs pela Ocyan S.A., com investimento de R$ 2,7 bilhões financiados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM), promete modernizar a infraestrutura portuária na Bahia e gerar 1,1 mil empregos. As embarcações, voltadas para manuseio e montagem de equipamentos submarinos com veículos ROV, reforçam o papel estratégico do Porto de Salvador, que movimentou 5,5 milhões de toneladas de cargas entre janeiro e outubro de 2024, segundo a Antaq.
O Ministério de Portos e Aeroportos, administrador do FMM, aprovou outros 20 projetos para a indústria naval em diversos estados, totalizando mais de R$ 10 bilhões em investimentos e a geração de 8,8 mil empregos. Na Bahia, além das RSVs, a empresa Belov construirá uma balsa para navegação interior, com investimento de R$ 24,3 milhões e criação de 175 empregos.
O ministro Silvio Costa Filho destacou que o fortalecimento da indústria naval contribui para o desenvolvimento econômico, geração de empregos e impulsionamento de setores essenciais. Além disso, o setor é considerado estratégico na transição energética, com projetos de motores híbridos e embarcações movidas a combustíveis sustentáveis já aprovados pelo FMM, alinhados à agenda ambiental.
Com receita proveniente de contribuições sobre desembarques portuários, o FMM destinou mais de R$ 30 bilhões em 2024 e possui uma carteira de R$ 42 bilhões em projetos aprovados. Segundo Fernando Pimentel, coordenador-geral de Fomento do Ministério, o fundo reduz custos logísticos e promove a integração tecnológica, fortalecendo a indústria naval e sua conexão com cadeias globais de comércio.
Monitor Digital - RJ 08/01/2025
Na véspera do Natal do ano passado, a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, alertou em entrevista que o Brasil corre o risco de perder a autossuficiência em petróleo em menos de dez anos se não descobrir novas reservas em grandes volumes. Segundo ela, a produção do pré-sal, que responde por mais de 80% das reservas da estatal, começará a declinar a partir de 2029 ou 2030. A diretora defendeu autorização para exploração da Margem Equatorial, permissão que está empacada no Ministério do Meio Ambiente.
O declínio do pré-sal daqui a 5 anos decorre da exploração desmedida das reservas, voltada para exportação de óleo cru sem agregar valor. Nesta segunda-feira, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) divulgou o resultado da balança comercial de 2024. O petróleo bruto tomou o lugar da soja entre as maiores exportações brasileiras no ano passado. O valor exportado subiu 5,2%, com o volume embarcado aumentando 10,1%, e o preço médio caindo 4,4%. O valor chegou a US$ 44,8 bilhões (a China ficou com quase a metade: US$ 20 bilhões).
Dessa forma, jogamos fora a oportunidade de utilizar o petróleo descoberto no pré-sal para o desenvolvimento do Brasil. Segundo o engenheiro Fernando Siqueira, da Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobrás), o petróleo do pré-sal poderia acabar com todos os nossos problemas sociais, econômicos e financeiros.
Valor - SP 08/01/2025
A Phoenix Óleo e Gás, subsidiária da companhia que opera o campo, deve entregar ainda neste mês, à ANP, o plano de desenvolvimento do ativo
A Azevedo & Travassos disse, nesta terça-feira (7), que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou a declaração de comercialidade do Campo de Tanatau, localizado na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte.
A Phoenix Óleo e Gás, subsidiária da companhia que opera o campo, deve entregar ainda neste mês, à ANP, o plano de desenvolvimento do ativo e estima que a produção do campo deve ser de 250 barris por dia já em 2025.
O plano prevê ainda a utilização das instalações de produção do Campo de Concriz, o que reduz expressivamente a necessidade de investimentos além da perfuração de novos poços.
Infomoney - SP 08/01/2025
A Shell Brasil prevê tomar decisão final de investimentos sobre o projeto de Gato do Mato, na Bacia de Santos, entre março e abril, afirmou nesta terça-feira o presidente da companhia no país, Cristiano Pinto da Costa.
“Estou trabalhando em um cenário onde a gente vai tomar a decisão afirmativa”, disse Costa, em café da manhã com jornalistas em prédio da companhia no Rio de Janeiro.
A área é operada pela Shell, com 50% de participação e que tem como sócias Ecopetrol (30%) e TotalEnergies (20%).
Infomoney - SP 08/01/2025
Os preços do petróleo subiram nesta terça-feira, impulsionados por preocupações com possível oferta limitada da Rússia e do Irã, devido às sanções ocidentais, e por expectativa de maior demanda chinesa.
Os futuros do petróleo Brent fecharam a 77,05 dólares por barril, alta de 0,75 dólar, ou 0,98%. O petróleo West Texas Intermediate dos Estados Unidos (WTI) fechou a 74,25 dólares por barril, com alta de 0,69 dólar, 0,94%.
Os comerciantes estavam aguardando os planos de estímulo chineses para impulsionar o crescimento, já que os suprimentos estão apertados após os feriados de Natal e Ano Novo, disse o analista do mercado Forex Razan Hilal.
“Embora o mercado esteja atualmente dentro de uma faixa, ele está registrando ganhos devido à melhora nas expectativas de demanda alimentada pelo tráfego de férias e pelas promessas econômicas da China”, disse Hilal em uma nota matinal. “No entanto, a principal tendência continua sendo de baixa.”
Alguns participantes do mercado aparentemente começaram a precificar pequenos riscos de interrupção do fornecimento das exportações iranianas de petróleo para a China, disse o analista do UBS Giovanni Staunovo.
A preocupação com as sanções que restringem a oferta se traduziu no aumento da demanda por petróleo do Oriente Médio, o que se refletiu em um aumento nos preços do petróleo da Arábia Saudita para a Ásia em fevereiro, o primeiro aumento desse tipo em três meses.
Na segunda-feira, na China, o Shandong Port Group emitiu um aviso proibindo a entrada de embarcações petrolíferas sancionadas pelos EUA em sua rede de portos, segundo três operadores, o que pode restringir a entrada de embarcações na lista negra dos principais terminais de energia da costa leste da China.
O Shandong Port Group supervisiona grandes portos na costa leste da China, incluindo Qingdao, Rizhao e Yantai, que são os principais terminais de importação de petróleo sancionado.
Valor - SP 08/01/2025
Mais de sete grupos estudaram projeto, e fontes dizem que eram esperadas de 3 a 4 propostas
Os governos brasileiro e argentino deverão correr para fazer o leilão da ponte internacional São Borja-São Tomé até meados de fevereiro, para viabilizar uma transição com a atual concessionária, afirmou Viviane Esse, secretária nacional de transporte rodoviário. A licitação estava marcada para esta terça-feira (7), em Foz do Iguaçu, mas foi cancelada devido a uma medida cautelar do Tribunal de Contas da União (TCU).
“Hoje ainda, vamos protocolar os esclarecimentos no TCU”, disse. Ela afirma que há uma preocupação quanto ao prazo porque o contrato da operadora atual se encerra em agosto. “A Argentina está preocupada com a possibilidade de fechamento da fronteira”, afirmou.
Hoje, o trecho já é operado por uma concessionária, a Mercovia, formada pelas empresas Impregilo Internacional, Necon Argentina e Jose J. Chediack. O grupo administra a via desde sua construção, iniciada em 1996. O contrato anterior havia vencido em 2021, mas vinha sendo prorrogado.
“Tem uma limitação das renovações. Não tem como renovar mais. Tem que ter [o leilão]. E tem a necessidade de uma transição. A concessionária nova tem que operar conjuntamente com a antiga. E tem questões de delegação da fiscalização, tem toda uma burocracia, é uma relação binacional”, diz Esse.
Mais de sete grupos chegaram a estudar o projeto, segundo a secretária. As propostas, que seriam entregues nesta terça-feira, não chegaram a ser apresentadas. Fontes que acompanham o tema dizem que havia expectativa de três ou quatro participantes.
Um dos grupos que sinalizou que entraria na disputa é o atual concessionário, a Mercovia (formada pelas empresas Impregilo Internacional, Necon Argentina e Jose J. Chediack), mas também há outras companhias brasileiras interessadas.
Questionamento no TCU
A medida cautelar do TCU foi motivada por uma representação da operadora logística brasileira Ponta Negra Soluções Logísticas e Transportes, que teve seu pedido acatado pelo ministro Walton Alencar Rodrigues .
A companhia apontou críticas à inconsistência dos dados de tráfego apresentados pela comissão e à alteração dos critérios de qualificação técnica dos interessados em participar do leilão. Inicialmente, o edital exigia experiência em gestão de rodovias e, depois, passou também a permitir experiência em gestão de recintos alfandegados.
Em sua decisão, o ministro diz que "há dúvidas se os requisitos de habilitação definidos no edital seriam suficientes para garantir a contratação de empresa com experiência em ambas as parcelas do objeto da concessão – a gestão da rodovia e do recinto alfandegado –, uma vez que permitiu que os atestados de capacidade técnica fossem relativos apenas a um dos dois serviços, de forma alternativa".
Ele também justificou a cautelar, apontando que não houve reabertura do prazo para apresentação de propostas após a mudança do edital. O ministro também questiona uma possível falha nos dados de tráfego apresentados.
"A cautelar faz-se necessária para assegurar que as propostas não sejam abertas e os valores passem a ser de conhecimento dos demais licitantes antes que as respostas para os indícios de irregularidades sejam adequadamente apresentadas pela Comab e avaliadas pelo TCU", diz.
Segundo Esse, houve uma confusão em relação aos dados, e o questionamento não prospera. O investimento previsto no projeto é de US$ 31,5 milhões (equivalente a cerca de R$ 195 milhões, na cotação atual).
Trata-se de um trecho de 15 km, contando a ponte e os acessos rodoviários em cada país. Pelo trajeto, que cruza o rio Uruguai, passam cerca de 23% das operações comerciais entre Brasil e Argentina, e 30% do comércio com o Chile, segundo o governo brasileiro.
O concessionário também terá a obrigação de operar, pelos 25 anos do contrato, uma área alfandegada conjunta, em que as autoridades dos dois países deverão fazer a inspeção das cargas.
*A jornalista viajou a convite da B3
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 08/01/2025
A John Deere, empresa global de tecnologia que fornece software e equipamentos para os setores agrícola, de construção e florestal, traz para a CES (Consumer Electronics Show) 2025, em Las Vegas (EUA), que acontece entre os dias 7 e 10 de janeiro, sua nova geração de máquinas autônomas. As soluções apresentadas pela companhia utilizam inteligência artificial, visão computacional e sensores avançados, para trazer mais eficiência, sustentabilidade e produtividade aos setores de agricultura, de construção e de jardinagem.
“Ampliar o portfólio de tecnologias da John Deere para permitir que mais máquinas operem de forma segura e autônoma não beneficiará apenas nossos clientes, mas toda a cadeia responsável por fornecer alimentos, combustível, fibras, infraestrutura e jardinagem”, afirma Jahmy Hindman, vice-presidente de Tecnologia da John Deere. Esse é o 5º ano consecutivo que a empresa participa da feira, considerada o maior e mais importante evento de tecnologia do mundo.
Equipamentos - Entre as inovações destacam-se o trator autônomo 9RX, projetado para operações agrícolas de larga escala. Essa solução representa um avanço significativo no uso de tecnologia para lidar com os desafios de mão de obra e eficiência.
Com a introdução do kit de autonomia de segunda geração, que combina visão computacional avançada e inteligência artificial, o trator elimina a necessidade de um operador na cabine, permitindo que os agricultores se concentrem em outras tarefas. Equipado com 16 câmeras individuais dispostas em cápsulas para garantir uma visão de 360º do campo, o sistema oferece uma percepção precisa de profundidade em distâncias maiores, possibilita que o trator puxe mais equipamentos e ande mais rápido, proporcionando operações seguras e eficientes.
Em culturas especiais, como pomares, nas quais a pulverização com jato de ar é uma tarefa exaustiva e repetitiva, o trator estreito autônomo da John Deere surge como uma solução para aliviar a escassez de mão de obra especializada. O sistema de autonomia de segunda geração, permite uma navegação precisa mesmo sob densa cobertura de folhas.
O trator pode identificar obstáculos e ajustar sua rota automaticamente, além de
ser gerenciado remotamente para garantir precisão e eficiência. A máquina inicial será oferecida com motor diesel e em um segundo momento será disponibilizada a versão movida à bateria elétrica.
A área de Construção está representada na CES 2025 com a versão autônoma do caminhão basculante articulado 460 Versão P, que revoluciona as operações de transporte de materiais em pedreiras. O caminhão opera de forma autônoma, conectando as zonas de carga e descarga de forma contínua. Ele utiliza o mesmo kit de autonomia de segunda geração disponibilizado para os equipamentos agrícolas da John Deere, com câmeras que oferecem visão 360º e sensores avançados para detectar obstáculos e localizar-se no terreno.
O John Deere Operations Center permite definir rotas, monitorar missões e integrar máquinas autônomas e operadores humanos, otimizando os fluxos de trabalho e aumentando a eficiência nas pedreiras.
Focado nos serviços de jardinagem, o cortador comercial autônomo utiliza a mesma tecnologia de câmeras que outras máquinas da John Deere, mas em uma escala reduzida, uma vez que o equipamento ocupa uma área menor. Com duas câmeras na frente, esquerda, direita e traseira, é possível ter uma cobertura de 360º, sendo assim a equipe pode se concentrar em outros aspectos do trabalho.
Embora ainda não haja previsão para a introdução dessas soluções no Brasil, a possibilidade de adaptar os kits autônomos a máquinas existentes oferece um exemplo inspirador de como a modernização pode ser acessível para produtores ao redor do mundo.
“Com essa nova geração de soluções, a John Deere reafirma sua visão de liderar a transformação da produção agrícola e industrial, ajudando a moldar um futuro mais produtivo, rentável e sustentável para nossos clientes, entregando cada dia mais valor para eles”, acrescenta Cristiano Correia, vice-presidente de Sistemas de Produção para a América Latina.