Clipping Diário

21 | Janeiro | 2025

SIDERURGIA

Diário do Aço - MG   21/01/2025

A Usiminas entrou com um pedido de dissídio coletivo junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) como alternativa para o fechamento do Acordo Coletivo 2024-2025 em Ipatinga. A informação foi divulgada pela empresa na tarde desta segunda-feira (20).

No dia 13/1, foi promovida uma reunião intermediada pelo próprio MPT, na sede do órgão em Coronel Fabriciano. No entanto, nem assim os lados chegaram em um acordo que agradasse ambas as partes. A Usiminas afirma que sua última contraproposta nem sequer foi levada pelo sindicato à apreciação pelos trabalhadores.

“A medida se deu após seguidas recusas em mesa pelos representantes do Sindipa das propostas realizadas pela empresa durante as tentativas de negociação, se negando a realizar a assembleia para votação dos empregados”, justifica a siderúrgica.

Conforme a Usiminas, a proposta contempla reajuste de 5,17% nos salários, que representa ganho real frente à inflação do período, 20% de reajuste no valor do vale-alimentação e uma carga extra de R$ 600,00 no mesmo vale. “Os valores estão equiparados ou acima do que foi negociado pelas demais companhias da indústria do aço no Brasil, mesmo diante dos desafios na indústria e a necessidade de se manter competitiva frente à crescente importação de produtos chineses que entram subsidiados no Brasil”, afirma a empresa.

No entanto, o sindicato exige um ganho real de 7%, portanto, acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) calculado em 4,6%,.

“O que nós temos da pauta de reivindicação é o 7% de ganho real. Isso foi aprovado na pauta de reivindicação, mas nós estamos exigindo que a empresa aumente esse reajuste para trazer para a Assembleia novamente”, afirmou Geraldo Magela, presidente do Sindipa.

“Diante deste cenário, em respeito aos colaboradores, a Usiminas estendeu a data-base do acordo para 31 de janeiro. A companhia segue aberta à negociação e aguarda os próximos passos a serem definidos pela justiça para conclusão deste processo”, finaliza a empresa.

Valor - SP   21/01/2025

Primeiros meses de gestão de Trump e juros altos no Brasil são pontos importantes no cenário montado pela empresa

Werneck, presidente, diz que a Gerdau está preparada para qualquer cenário — Foto: Julio Bittencourt/Valor

A Gerdau traçou um plano conservador para 2025 para atravessar os primeiros meses do governo de Donald Trump e a conjuntura de juros altos no Brasil. Em entrevista ao Valor, Gustavo Werneck, presidente do grupo, diz que a companhia está preparada para navegar em qualquer cenário, mesmo o mais complexo.

“A Gerdau acredita que, no governo Trump, a indústria de forma geral, incluindo [a siderúrgica], tem condições de ir bem no médio prazo. Mas a gente não espera no curtíssimo prazo que as medidas que o Trump vai adotar vão impactar significativamente o nosso setor”, afirma.

Segundo Werneck, os negócios da Gerdau no mercado americano tiveram uma melhora desde a primeira gestão de Trump. Os Estados Unidos representam cerca de 40% do faturamento do grupo siderúrgico.

Em território americano, a Gerdau tem fábrica de aços longo (usados pela indústria de infraestrutura), além do vergalhão. “Tudo o que produzimos lá é consumido pelo mercado americano. Incrivelmente, nos últimos anos, o nosso resultado nos Estados Unidos tem sido acima do resultado do Brasil. Vamos ver os impactos dos primeiros meses da gestão Trump para entender como será o segundo semestre.”

No Brasil, a importação de aço continua sendo o principal problema para a indústria nacional, sobretudo o chinês, mesmo com a imposição das tarifas, na avaliação de Werneck.

Os Estados Unidos representam cerca de 40% do faturamento do grupo siderúrgico

O setor siderúrgico, segundo o executivo, continua mantendo diálogos com o governo brasileiro para conter a importação, que continua firme. “O governo foi muito aberto ao setor. Então, nosso debate neste momento é mais sobre o que mais deveria ser feito para reduzir a penetração de aço importado.”

Ele explica que, historicamente, os importados representavam um patamar de 10% do total no país - agora está em 25%. A expectativa é discutir medidas adicionais.

O cenário de dólar alto é benigno para a Gerdau, explica o executivo. Por outro lado, o câmbio e os patamares atuais de juros acendem um alerta sobre a economia. Ele pondera que o setor da construção civil está indo bem, mas há uma preocupação com as perspectivas para financiamento imobiliário daqui para frente. “Será que vai continuar a partir do segundo semestre gerando a demanda? O mesmo ocorre com o setor automotivo.”

A Gerdau deve manter o cronograma de investimentos tanto no Brasil quanto no exterior. Werneck não dá detalhes sobre o montante, mas diz que a Gerdau investe cerca de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões por ano. A empresa, segundo ele, sempre manteve uma relação de confiança no país e deve seguir com plano de crescimento.

A exceção, neste momento, será no México, onde a companhia já tem forte presença, mas planejava investir em uma nova fábrica - valor estimado em US$ 600 milhões. O grupo deve esperar os próximos meses para entender como será a relação comercial entre o país e os Estados Unidos para bater o martelo sobre o novo aporte.

Nos Estados Unidos, a expectativa é seguir com investimentos na planta do grupo no Texas.

A Gerdau não tem planos, por ora, de fechamento de novas capacidades no Brasil. No ano passado, o grupo paralisou a operação da usina de Barão de Cocais, em Minas Gerais. A expectativa é de inauguração importante de um novo laminador, em Ouro Branco, no mesmo Estado. “Esse é um investimento importante para a gente, mesmo tendo uma importação predatória nesse momento no Brasil de bobina quente”, afirmou o presidente.

Presente em 7 países (antes 13), a Gerdau não pretende sair geograficamente de mais nenhum local onde está instalada.

Com baixo endividamento, a companhia deve concluir neste ano o programa de recompra de ações e vai avaliar, nos próximos meses, se vai estender o programa.

Werneck reforça que o fato de ter baixa alavancagem (a relação dívida Ebitda é de 0,32 vez) é importante e saudável neste cenário de juros altos no país. “O que a gente vai continuar analisando, ao longo do tempo, são possibilidades de aquisições e consolidação nos países onde a gente está.”

Para o executivo, o grupo tem feito o dever de casa. “Então, vai ser um ano que a gente vai focar muito para dentro, na busca de mais eficiência”, diz

Petro Notícias - SP   21/01/2025

O setor mínero-metalúrgico atravessa um período de transformações significativas, impulsionado por avanços tecnológicos, a busca por sustentabilidade e a adaptação a um cenário econômico em constante mudança. As perspectivas para 2025 apontam tanto desafios globais quanto grandes oportunidades, com o Brasil assumindo um papel de destaque nesse cenário. A Inteligência Artificial (IA) é uma delas e tem revolucionado os setores de siderurgia e mineração, trazendo avanços significativos em automação, eficiência e segurança. De acordo com projeção da ABI Research, os investimentos globais em tecnologias digitais na indústria de mineração devem alcançar US$ 9,3 bilhões até 2030. No setor de mineração, a IA tem contribuído para a exploração e a extração de recursos de maneira mais sustentável e segura, por meio da utilização de veículos autônomos, sensores e algoritmos de machine learning. Já na siderurgia, a IA tem sido utilizada para otimizar processos de produção, prever falhas em equipamentos e melhorar a qualidade dos produtos finais.

Tecnologias como internet das coisas (IoT) e robótica também estão redefinindo processos produtivos, trazendo mais eficiência, qualidade e redução de custos. Essas inovações não apenas otimizam a produção, mas também oferecem respostas rápidas às necessidades do mercado global. Com o crescimento do setor mineral no Brasil, que demonstra grande potencial e competitividade, a demanda por profissionais qualificados também aumenta. Nesse cenário, os cursos técnicos têm se consolidado como uma alternativa eficaz para atender à necessidade de mão de obra especializada. Essas formações priorizam a prática e possibilitam uma entrada rápida no mercado de trabalho. Entre as opções mais procuradas estão técnico em mineração, técnico em metalurgia, técnico em geologia e técnico em segurança do trabalho.

Em paralelo, o setor mineral e o metalúrgico apresentam números expressivos de geração de emprego. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), em 2022, o setor mineral criou 205 mil postos de trabalho, número que foi superado em 2023, ultrapassando 210 mil. Já o setor metalúrgico, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), empregava mais de 1 milhão de pessoas em 2023. Além disso, novas tecnologias, como operações remotas e inteligência artificial generativa, estão promovendo avanços significativos na inclusão de grupos antes sub-representados no mercado.

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) lançou o projeto “Estudos Multidisciplinares de Redução de Impactos da Mineração e de Circularidade na Indústria Mineral do Brasil“, que busca reaproveitar e recuperar recursos presentes nos resíduos mineiros. Na mesma direção, a Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC), instituída recentemente, reforça a importância do reuso de recursos naturais e da redução de rejeitos. Essas ações prometem transformar resíduos da mineração em ativos valiosos, promovendo uma produção mais sustentável e competitiva.

Valor - SP   21/01/2025

Com a mini reforma, o alto forno 2 teve sua vida útil alongada em oito anos, sem necessidade de custo ou investimento adicional além das projeções já divulgadas pela CSN anteriormente

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou nesta segunda-feira (20) que realizou uma parada programada de manutenção no alto-forno 2 localizado na Usina Presidente Vargas, localizada em Volta Redonda (RJ).

A empresa diz que a parada já havia sido antecipada aos acionistas no seu evento realizado em dezembro e foi feita ontem com o objetivo de modernização e prolongamento da vida útil do ativo.

Com a mini reforma, o alto forno 2 teve sua vida útil alongada em oito anos, sem necessidade de custo ou investimento adicional além das projeções já divulgadas pela CSN anteriormente.

A parada faz parte do programa de manutenção e foi devidamente planejada de forma a não gerar impacto aos resultados do segmento de siderurgia e seus clientes, completa a CSN.

Investing - SP   21/01/2025

A audiência para uma ação judicial que a Nippon Steel (TYO:5401) e a U.S. Steel (NYSE:X) moveram contra o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está marcada para fevereiro e março, informou a agência de notícias Kyodo nesta segunda-feira, sem citar fontes.

Em 6 de janeiro, as duas siderúrgicas entraram com a ação contra a ordem de Biden que bloqueou a planejada compra de 14,9 bilhões de dólares da U.S. Steel pela Nippon Steel alegando questões de segurança nacional.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   21/01/2025

As projeções do mercado financeiro para o IPCA de 2025 subiu pela 14ª semana seguida, de 5,0% para 5,08% - mais de 0,5 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, era de 4,84%, segundo o relatório Focus.

A partir deste ano, a meta começa a ser apurada de forma contínua, com base na inflação acumulada em 12 meses. O centro continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o Banco Central perdeu o alvo.

A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2026 subiu pela quarta semana seguida, de 4,05% para 4,10%. Um mês antes, estava em 4,0%.

Selic

De acordo com o relatório, a mediana para a Selic no fim de 2025 ficou estável em 15%. Um mês atrás, estava em 14,75%. Na sua última reunião, de dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa básica para 12,25% ao ano e sinalizou mais duas elevações de 1 ponto porcentual cada, que levariam os juros a 14,25% em março.

A mediana para os juros no fim de 2026 aumentou de 12,0% para 12,25%. Um mês antes, era de 11,0%. A estimativa intermediária para o fim de 2027 ficou estável em 10,25%, ante 10,0% quatro semanas antes. A mediana para a Selic no fim de 2028 se manteve em 10,0% pela quarta semana consecutiva.

O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro do Banco Central reforçou o cenário de deterioração da inflação e firmou a percepção do mercado de que será preciso uma taxa de juros rodando acima de 13,75% - estimativa adotada como pico do juro básico no cenário de referência do RTI - para a convergência da inflação à meta de 3%.
PIB

A mediana do relatório Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 aumentou de 2,02% para 2,04%. Um mês antes, estava em 2,02%. A estimativa intermediária para 2026 caiu de 1,80% para 1,77%. Um mês atrás, era de 1,90%.

A mediana para o crescimento do PIB de 2027 se manteve em 2,0%, como já está há 78 semanas. A estimativa intermediária para 2028 continuou indicando alta de 2,0% para a atividade econômica, estável há 45 semanas. O Banco Central espera que a economia brasileira cresça 3,50% em 2024 e 2,10% este ano, conforme o mais recente Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

IstoÉ Dinheiro - SP   21/01/2025

A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,356 bilhão na terceira semana de janeiro. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira, 20, o valor foi alcançado com exportações de US$ US$ 6,446 bilhões e importações de US$ 5,09 bilhões. No mês, o superávit acumulado é de US$ 2,553 bilhões.

Até a terceira semana de janeiro, a média diária das exportações registrou alta de 7,8% em relação à média diária do mesmo mês de 2024.

O resultado se deu devido a queda de US$ 6,06 milhões (-3,2%) em Agropecuária, crescimento de US$ 37,24 milhões (10%) em Indústria Extrativa e avanço de US$ 61,31 milhões (9,5%) em produtos da Indústria de Transformação.

Já as importações tiveram crescimento de 17,5% na mesma comparação, com aumento de US$ 9,17 milhões (39,4%) em Agropecuária, alta de US$ 15,51 milhões (28,2%) em Indústria Extrativa e avanço de US$ 137,08 milhões (16,2%) em produtos da Indústria de Transformação.

O Estado de S.Paulo - SP   21/01/2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu início nesta segunda-feira, 20, a um governo que coloca o Brasil diante de desafios de dimensão tanto política quanto econômica maiores do que os do primeiro mandato do republicano. Um estudo internacional feito pelo departamento de análises do Citi aponta o Brasil como a segunda economia da América Latina mais vulnerável às políticas aguardadas no governo Trump.

Mais vulnerável do que o Brasil, aparece apenas o México num índice calculado pelo Citi que leva em conta, entre outras dimensões, a orientação ideológica do governo de cada país e as relações comerciais com a China.

Se oito anos atrás Trump tinha como interlocutor no Brasil o então presidente Michel Temer, e depois Jair Bolsonaro, desta vez a interação vai se dar com um governo de esquerda, que apoiou abertamente a campanha democrata na eleição vencida pelo republicano.

O relatório observa que o novo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, tem sido crítico aos governos de esquerda na América Latina, o que pode indicar um ambiente político desafiador para o Brasil sob a administração Trump. Países com governos de esquerda e com baixa popularidade são considerados mais vulneráveis se Trump empreender uma gestão mais ativa e ideológica.

Além disso, as economias com maior presença da China, seja via comércio ou investimento, podem ser vistas como mais alinhadas aos interesses econômicos de Pequim, e menos com os de Washington. Assim, no índice de exposição a Trump criado pelo Citi, o Brasil supera países como Argentina — governada por Javier Milei, um aliado do novo presidente —, Colômbia e Chile.

Nos últimos anos, o Brasil também aprofundou a sua parceria bilateral com a China, passando a ter uma maior parcela das exportações destinadas ao gigante asiático, com quem os EUA travam uma disputa por hegemonia global.

Mas as diferenças entre os países e os obstáculos não são de natureza apenas política. Trump volta ao poder com agendas fiscal, imigratória e comercial vistas como inflacionárias, o que, em termos práticos, significa menos liquidez e maior pressão sobre os juros de mercados emergentes num momento em que a Selic sobe, pelas previsões de mercado, em direção aos 15% e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vai se descolando da meta perseguida pelo Banco Central (BC).
Especialistas veem oportunidades

Especialistas em relações internacionais ouvidos pelo Estadão/Broadcast ponderam que é possível enxergar oportunidades a produtos brasileiros se o Brasil conseguir passar ileso pelo bangue-bangue na arena comercial entre Estados Unidos e seus parceiros. Ou seja, ocupar espaços deixados por produtos que terão barreiras para entrar nos EUA, assim como aproveitar as prováveis retaliações. Foi o que aconteceu no primeiro mandato de Trump, quando a China substituiu soja e proteínas que comprava de fornecedores americanos.

Nessa perspectiva positiva, jogam a favor do Brasil na competição internacional as vantagens logísticas, longe dos entraves de rotas afetadas por conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, e a disponibilidade de recursos naturais quando o mundo faz a transição energética.

Há também, entre economistas e especialistas em relações internacionais, um entendimento de que o Brasil não deve ser foco das tarifas de Trump, uma vez que o País rende aos EUA o sétimo maior superávit comercial. Ou seja, os EUA exportam mais do que importam produtos brasileiros, de modo que, em tese, seria de interesse dos americanos manter um fluxo comercial aberto com o Brasil.

O problema é que Trump já deu sinais de que sua artilharia não vai se voltar apenas à China. A agenda de proteção comercial também ameaça com barreiras os vizinhos México e Canadá, assim como a Europa. Trump também já ameaçou aplicar tarifas de 100% contra o Brics, caso o bloco de economias emergentes do qual o Brasil faz parte insista na criação de uma nova moeda para substituir o dólar.

Um receio é de que, diferentemente do primeiro mandato, Trump não tenha agora uma equipe no Departamento de Comércio capaz de conter suas ações mais agressivas. Isso pode acontecer num contexto em que a China lida com um excesso de capacidade em sua indústria, na esteira da crise imobiliária no gigante asiático.

Como a guerra comercial pode impactar o Brasil

Um acirramento na guerra comercial pode, então, impactar o Brasil em duas frentes. De um lado, especialistas apontam a um cenário de “perde-perde”, onde o aumento das tarifas e a retaliação entre países levam a uma queda no comércio internacional, aumento da inflação e redução do crescimento global. De outro, a China desova ainda mais seus produtos em mercados onde encontra um consumo em expansão ou com menos barreiras.

Em síntese, o Brasil, assim como o resto do mundo, tem mais a perder do que a ganhar, dado o desvio das exportações de produtos barrados nos EUA e o efeito depressivo sobre o comércio internacional do tarifaço de Trump.

A história mostra que as consequências não foram boas quando os EUA levantaram barreiras comerciais para todos os lados. Na década de 1930, o aumento significativo de tarifas com a lei tarifária Smoot-Hawley Tariff Act tinha como objetivo proteger os produtores americanos da concorrência estrangeira. Sua consequência, no entanto, foi um acentuado declínio do comércio internacional, contribuindo para agravar a crise econômica global, na esteira da Grande Depressão.

Ainda que a China seja o maior destino das exportações brasileiras, é com os EUA que o Brasil tem uma pauta comercial mais diversificada e de maior densidade tecnológica. Além de petróleo, o Brasil vende para o país aeronaves, motores, produtos siderúrgicos, aparelhos de telecomunicação, medicamentos e equipamentos médicos. O número de empresas brasileiras que exportam aos EUA é mais de três vezes maior do que o de fornecedores que vendem, em sua maioria commodities, para a China.

Se Trump subir tarifas contra produtos brasileiros, ou se aberturas preferenciais forem motivo de negociações no novo governo, o desvio do comércio a outros mercados será mais desafiador em um mundo com mais barreiras comerciais.

CNN Brasil - SP   21/01/2025

A China deixou as taxas de empréstimo de referência inalteradas pelo terceiro mês consecutivo, conforme esperado, já que o enfraquecimento do iuan tem limitado os esforços de afrouxamento monetário de Pequim.

Na fixação mensal desta segunda-feira (20), a taxa primária de empréstimo de um ano (LPR) foi mantida em 3,1%, enquanto a LPR de cinco anos ficou em 3,6%.

A maioria dos empréstimos novos e pendentes na China é baseada na LPR de um ano, enquanto a taxa de cinco anos influencia o preço das hipotecas.

Em outubro de 2024, os credores chineses reduziram os referenciais de empréstimos em margens maiores do que as esperadas para reanimar a atividade econômica.

A economia da China atingiu as ambições do governo de crescimento de 5% no ano passado, reduzindo efetivamente a urgência de um estímulo monetário iminente em um momento em que o iuan está enfrentando uma nova pressão de depreciação.

A margem cada vez menor da taxa de juros dos bancos também limita o escopo da flexibilização monetária.

IstoÉ Dinheiro - SP   21/01/2025

A mediana das projeções do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de 2025 ficou estável pela terceira semana, em 4,87%. Um mês antes, estava em 4,90%.

A projeção para 2026 aumentou de 4,23% para 4,26%, contra 4,03% há quatro semanas. O IGP-M subiu 6,54% em 2024.

Os índices gerais de preços, da Fundação Getulio Vargas (FGV), medem um agregado da inflação para três grupos: produtores (atacado, com impacto do câmbio e da variação e commodities), com peso de 60%; consumidores, com peso de 30%; e construção, com peso de 10%.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   21/01/2025

Os contratos futuros do minério de ferro subiram na bolsa de Dalian pela oitava sessão consecutiva, já que a potencial redução das tensões entre China e Estados Unidos impulsionou o sentimento do mercado, embora as preocupações com a lentidão do setor imobiliário chinês tenham limitado o aumento.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 0,13%, a 800,5 iuanes (109,40 dólares) a tonelada.

O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura caiu 0,15%, para 103,7 dólares a tonelada.

A economia da China encerrou 2024 com um crescimento anual de 5%, auxiliada por uma série de medidas de estímulo, cumprindo as metas do governo e superando as previsões do mercado.

Enquanto isso, agentes de mercado aguardam a posse presidencial de Donald Trump e clareza sobre a direção das políticas do novo governo.

Trump retorna à Casa Branca e lança nova era de turbulências

Posse de Trump completa retorno triunfante para um político que sobreviveu a dois julgamentos de impeachment, uma condenação por crime e duas tentativas de assassinato

As ações da China e de Hong Kong saltaram na segunda-feira, já que uma conversa por telefone entre o presidente chinês Xi Jinping e Trump aliviou parte das tensões e elevou o sentimento.

Ainda assim, a produção acumulada de aço caiu em 2024, à medida que a fraqueza do mercado imobiliário continuou a pesar sobre a demanda de aço, disseram analistas do ING.

A Country Garden, que já foi a maior incorporadora imobiliária da China em vendas, espera chegar a um acordo com credores no próximo mês.

A incorporadora não cumpriu com as obrigações de pagamento da dívida de 11 bilhões de dólares em títulos offshore no final de 2023, aprofundando uma crise de dívida no setor imobiliário.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   21/01/2025

Em meio a debate entre carros a gasolina, etanol, híbridos, “plug-in” ou puramente elétricos, marca alemã decide oferecer todos

Para Escobedo, presidente da BMW, cliente faz a escolha de acordo com sua necessidade: “Não vamos impor tecnologias” — Foto: Gabriel Reis/Valor

As apostas em torno das opções tecnológicas para os carros se moverem são, hoje, o principal debate no meio automotivo. Qual é a mais indicada? Combustíveis fósseis, biocombustíveis, veículos híbridos ou puramente elétricos? A BMW do Brasil optou por uma gama que inclui todos os tipos de energia. Oferece carros a gasolina, etanol (desenvolvido no Brasil), puramente elétricos, híbridos “plug-in” e neste trimestre lançará novo híbrido leve. A ideia é deixar o cliente escolher. “Não vamos impor tecnologias", diz Maru Escobedo, presidente da montadora no Brasil.

Prestes a completar 25 anos de operações no Brasil, a BMW terminou 2024 com o primeiro modelo híbrido “plug-in” produzido no Brasil, o X5. E inicia 2025 com o plano de importar, ainda neste trimestre, um novo híbrido leve, o BMW X3 M50.

A infinidade de denominações e de modelos é a arma que a marca alemã usa para deixar para o consumidor decidir que tipo de carro vai usar, de acordo com suas necessidades. A ideia é que a preferência de tipo de energia e de mobilidade seja uma escolha individual, assim como tem sido até hoje a opção por um carro de cinco ou sete lugares; utilitário, hatch ou sedã.

Com a alta do dólar foi bom termos aumentado a produção local”

— Maru Escobedo

O plano tem dado resultado. Em 2024, a BMW liderou as vendas no segmento premium no Brasil pelo sexto ano consecutivo. O país foi o maior mercado regional da marca, com 16,2 mil unidades vendidas, avanço de 7,2% em relação ao ano anterior e participação no segmento de luxo de 40,4%, a maior entre todos os mercados globais do grupo.

Segundo Escobedo, o Brasil, onde a montadora anunciou plano de investir R$ 1,1 bilhão entre 2025 e 2028, foi um dos poucos mercados em que a marca cresceu. Como efeito, sobretudo, da concorrência chinesa, as vendas globais - 2,45 milhões de veículos - caíram 2,2% em 2024.

Escobedo também considera acertada a decisão de manter a produção no Brasil. Enquanto há quatro anos a Mercedes-Benz decidiu fechar a fábrica de carros no país, em 2024 a unidade da concorrente BMW, em Araquari (SC), completou dez anos com expansão de 10% na capacidade de produção.

“Foi bom termos aumentado a produção”, diz Escobedo. A fábrica, responsável por 70% dos veículos da marca vendidos no país, tem ajudado a empresa, diz, a lidar melhor com a desvalorização do real.

Araquari é a única fábrica da BMW, entre as 30 no mundo, que produz modelos com motores a gasolina, híbridos “plug-in” e “flex” (que aceita etanol).

Na linha dos chamados eletrificados, “plug-in” é o tipo de híbrido que, além do motor a combustão permite carregamento em tomada. A combinação oferece uma boa experiência de condução elétrica ao mesmo tempo em que o motorista não precisa se preocupar em recarregar a bateria numa viagem, por exemplo, porque o motor a combustão entra em ação quando a bateria descarrega.

Já o híbrido leve (“mild hybrid” na denominação global) não oferece a experiência da condução elétrica. O sistema elétrico serve só para reduzir consumo de combustível e emissões. Mas não funciona como tração do carro.

A Stellantis já começou a produzir híbridos leves no Brasil - os modelos Fiat Pulse e Fastback. De olho numa faixa de preços mais baixa do que o híbrido convencional, outras grandes montadoras têm planos semelhantes.

Na BMW, a linha de híbridos leves inclui o X7 e o X3, que ainda será lançado, ambos importados. Segundo Escobedo, a subsidiária ainda não tem planos de produção desse tipo de modelo no país.

Em 2024, a BMW completou a entrega de 80 mil carregadores de carros elétricos para os clientes da América Latina. “O carregamento na residência ou local de trabalho tem sido a forma mais usada e resolve as necessidades para a maioria dos motoristas em áreas urbanas e suburbanas”, diz Escobedo.

Segundo pesquisa da empresa, apenas 1% dos clientes que compraram um carro da marca o utilizam em viagens acima de 400 quilômetros, o que permite o uso do 100% elétrico sem preocupações.

Já a MINI, que pertence ao grupo, não foi tão bem em 2024. As vendas totalizaram 1,5 mil unidades, queda de 2,2% em relação a 2023. Segundo Escobedo, foi um ano de mudanças para a MINI, que neste trimestre lançará um modelo inédito - o Aceman, um elétrico que ficará entre os modelos Cooper e o Countryman.

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   21/01/2025

A venda de caminhões e ônibus elétricos no Brasil encerrou 2024 com crescimento importante. Em caminhões o avanço foi de 46,34%.

Ou seja, entre janeiro e dezembro do ano passado foram emplacadas 480 unidades ante os 328 veículos comerciais vendidos em igual período em 2023.
Para a Fenabrave, que representa os concessionários do país, a alta está ligada ao aquecimento das vendas por meio de comércio eletrônico.

Além disso, está havendo aumento da oferta de produtos, sobretudo da China. "Isso ajudou a aumentar as vendas”, diz o presidente da Fenabrave, Arcelio Junior.

Todavia, em relação ao produto, a marca de caminhões que mais emplacou no ano passado foi a Volkswagen Caminhões com a linha e-Delivery. Com a tecnologia, a marca é representada pelos modelos de 11 t e 14 t.

Assim, juntos, ambos encerraram 2024 com 236 unidades emplacadas. Isso garantiu à Volkswagen Caminhões a participação 49,17% nas vendas totais de caminhões elétricos no país.

A venda de caminhões a gás, conforme relatório da Anfavea, também apresentou importante crescimento de 48%. Dessa forma, entre janeiro a dezembro do ano passado foram emplacados 291 caminhões com a tecnologia. Enquanto que em 2023 foram 149 unidades vendidas.

Mas em volume, a venda dos veículos a gás ainda é menor. Por ora, apenas duas marcas oferecem o motor a gás. Ou seja, Scania e Iveco.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   21/01/2025

Expectativas continuamente altas para o segmento de padrão econômico pesam; geração de caixa é celebrada

A Cyrela conseguiu, mais uma vez, ser o destaque na divulgação dos resultados operacionais das incorporadoras imobiliárias listadas em bolsa. A empresa terminou o quarto trimestre com R$ 4,9 bilhões em lançamentos, alta de 184% em um ano, e R$ 3,5 bilhões em vendas líquidas, crescimento de 93% no mesmo intervalo e valor considerado “excepcional” pelos analistas da XP.

Segundo o time de análise de real estate do Itaú BBA, a empresa conseguiu “surpreender as expectativas do mercado, que já eram altas”.

André Mazini, diretor de equity research e analista de real estate do Citi, destaca a velocidade de venda no trimestre, que foi de 57%, patamar que só não superou o desempenho do terceiro trimestre, de 62%. Mesmo com 66% dos projetos no trimestre lançados no alto padrão, que tem velocidade mais lenta de venda, a companhia conseguiu vender mais da metade do que colocou no mercado no período.

Para Mazini, o diferencial da companhia sobre os seus pares de alta e média renda tem sido o acerto na escolha dos novos projetos. O segmento de alto padrão está disputado, já que os juros altos no financiamento imobiliário reduzem o poder de compra da classe média. Para conseguir algo realmente exclusivo e que chame a atenção dos compradores endinheirados, a localização é chave. “É hiperlocal, a esquina da direita pode ser melhor do que a da esquerda”, afirma.

Nesse caso, a incorporadora tem sido beneficiada pela parceria com a J. Safra Properties. Dois dos lançamentos do quarto trimestre são frutos dela. A J. Safra entra com o terreno e recebe cerca de 20% do VGV. “São terrenos muito bem localizados, de ‘player’ que até pouco tempo atrás não os vendia”, afirma Mazini.

A Cyrela fechou outra parceria na última semana, com o CPP Investments (Canada Pension Plan Investment Board), para investirem, conjuntamente, R$ 1,7 bilhão em imóveis de alto padrão, como noticiado pelo Valor. Os projetos devem gerar VGV de R$ 6 bilhões.

Incorporadoras que querem lançar na alta renda, mas não têm o mesmo porte e as mesmas relações, sofrem mais para conseguir os terrenos mais cobiçados e os projetos mais desejados.

No setor de média e alta renda, a Even teve resultados considerados “fracos” pelos analistas do Santander e “levemente negativos” segundo a equipe do Itaú BBA, por causa do volume de vendas menor do que o esperado.

Já a Moura Dubeux, que atua no Nordeste, foi celebrada pelos analistas, com resultados considerados fortes, que provocaram queda do estoque. A empresa atingiu R$ 460 milhões em lançamentos no quarto trimestre, alta anual de 2,6%, e vendas líquidas de R$ 520,7 milhões, crescimento de 31%.

A EZTec, que divulgou sua prévia após o fechamento do mercado na sexta-feira (17), elevou as vendas em 90%, na comparação anual, para R$ 390 milhões. Os lançamentos, no entanto, caíram 13%, para R$ 262 milhões. O trimestre marcou a volta da participação mais direta da incorporadora em lançamentos do padrão econômico, em projeto com a Conx.

Minha Casa, Minha Vida

No segmento econômico, que atende o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), houve algumas decepções. “O problema de superar continuamente as expectativas dos investidores é que bons resultados às vezes parecem menos empolgantes”, escreveu em relatório Daniel Gasparete, do Itaú BBA, sobre a Cury, cujas vendas subiram 38,5% e os lançamentos 24%, na comparação anual.

Os resultados da Plano&Plano também foram recebidos com sentimentos “mistos”, já que se esperavam vendas, e velocidade de vendas, maiores.

Para Mazini, a Cury teve o melhor resultado do segmento. Ele destaca a geração de caixa no trimestre, de R$ 150,4 milhões, obtida sem venda de carteira de recebíveis, como algo positivo — e raro entre seus pares.

Recebíveis são os valores que os clientes financiam diretamente com a incorporadora, para pagar a entrada do imóvel. As empresas empacotam essas promessas de pagamento e as revendem. Por serem clientes de renda mais baixa, porém, as garantias são menores, e as vendas ocorrem com descontos. “É mais fácil gerar caixa vendendo recebível, mas, eventualmente, bate no lucro”, explica Mazini.

A MRV teve seu primeiro trimestre com geração de caixa em todas as subsidiárias, conforme o diretor-financeiro, Ricardo Paixão, afirmou ao Valor. Os investidores ansiavam por uma recuperação mais ampla da geração de caixa da empresa e a receberam de forma positiva.

Contribuiu para o resultado uma diminuição das operações da Resia, subsidiária americana da MRV. Além de queda na produção de apartamentos, a empresa tem vendido projetos prontos e terrenos. “Apesar da operação ser interessante, o que dificultou são os juros americanos, que subiram muito”, afirma Mazini.

Embora os juros do país estejam em queda, a taxa do financiamento imobiliário segue crescendo, ressalta o analista do Citi, porque é mais influenciada pela curva de dez anos — no Brasil, o movimento é similar. “O mercado está vendo equilíbrio de dólar forte e inflação alta”, diz, devido ao início do mandato de Donald Trump, na segunda-feira (20).

Direcional e Tenda também tiveram resultados positivos no quarto trimestre, com geração de caixa.

Leonardo Mesquita, vice-presidente comercial da Cury, reforçou ao Valor que a estratégia da incorporadora é ter um ritmo forte de lançamentos nos primeiros meses do ano. Segundo ele, até o dia 15, a empresa já havia lançado R$ 1,5 bilhão em VGV, mais do que em todo o trimestre passado.

Grandes Construções - SP   21/01/2025

O setor da construção civil sempre foi um pilar fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Para 2025, as perspectivas positivas para este mercado estão intrinsecamente ligadas às tendências de inovação tecnológica, sustentabilidade e às transformações socioeconômicas do país.

Neste cenário, a mais importante feira do setor de construção civil e arquitetura da América Latina, a Feicon - que abre o calendário do setor no país e oferece oportunidades para todo o mercado fechar os melhores negócios -, será realizada entre os dias 8 e 11 de abril de 2025, em São Paulo, trazendo novidades, dados relevantes e conhecimento para toda a cadeia.

Para o economista Jaime Vasconcellos, do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção, Maquinismos, Ferragens, Tintas, Louças e Vidros da Grande São Paulo (Sincomavi), é esperado que o setor se mantenha em ascensão em 2025, mesmo com os juros mais elevados que acabam inspirando mais cautela.

"Com uma demanda aquecida, intrinsecamente ligada ao mercado de trabalho resiliente e que deve ser base inclusive do próprio desempenho positivo da economia brasileira ano que vem, espera-se que continuemos em uma trajetória de crescimento da construção no país, seja em desempenho de novos negócios, seja consequentemente em empregabilidade. A evolução poderá até não ser tão significativa, mas não deixará de ser percebida", afirma.

Boas oportunidades - Para Luiz Henrique Ferreira, CEO & Fundador da Inovatech Engenharia, o mercado da construção terá um ano de 2025 com boas oportunidades.

"Isso devido ao desemprego em mínimas históricas, o que em tese aumenta o apetite por imóveis, mas por outro lado, é bastante desafiador pela elevada taxa de juros e inflação persistente", diz.

"No cenário específico do nosso setor, as oportunidades irão girar em torno do aumento de produtividade, industrialização e digitalização, uma vez que a escassez de mão de obra é irreversível", completa.

Para ele, a Feicon é o grande ponto de encontro para conhecer novos produtos e ideias para construir um Brasil mais eficiente e com construções de maior qualidade para as pessoas.

Recuperação no faturamento - O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Rodrigo Navarro, destaca que o ano de 2024 apresentou uma recuperação no faturamento da indústria de materiais de construção (aprox. 4,5% segundo projeções da FGV).

"Para 2025 queremos manter esse crescimento de forma sustentável para os próximos anos. Muitos fatores devem contribuir para isso. A resiliência da indústria, com investimentos em inovação e digitalização; programas de Governo como o Minha Casa Minha Vida, obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Nova Indústria Brasil (em especial a Missão 3), marco do saneamento e retomada de obras paradas; a continuidade do crescimento do setor imobiliário; e a recuperação do varejo", lista.

Segundo ele, as oportunidades e desafios são muitos, e durante a Feicon será possível discutir o que vem pela frente e trabalhar para mais um ano de sucesso, contribuindo de forma efetiva para o crescimento do país por meio da atração de investimentos, geração de empregos e renda.

Ano de desafios - Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), comenta que 2024 foi um ano positivo para a indústria da construção e, apesar dos muitos desafios, a expectativa é fechar com 3,5% de expansão no PIB do setor. "O mercado imobiliário teve um papel essencial nesse desempenho, impulsionado por ações das empresas e uma conjuntura favorável", afirma.

Para ele, 2025 será mais um ano com desafios. Por isso, a realização de grandes eventos, como a Feicon, será essencial para demonstrar a importância do setor da construção para a economia e a qualidade de vida da população. "A Feicon será uma oportunidade relevante de mostrar o que acontece de novidade na nossa indústria", destaca.

Mudança positiva no varejo - De acordo com a coordenadora do Instituto de Pesquisas da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Katia Ratnieks, o varejo de material de construção vive um novo patamar desde os anos de 2019 e 2020, quando o crescimento nominal do faturamento foi de 16,8% e 27,7%, respectivamente. Nos anos seguintes, a variação foi de 2,4% positiva e 2,8% negativa.

Valor - SP   21/01/2025

Foram 96.191 novas unidades no Minha Casa, Minha Vida, cujo valor lançado subiu 34,4% no mesmo intervalo, para R$ 22,8 bilhões

A quantidade de unidades lançadas no Minha Casa, Minha Vida (MCMV) subiu 33% no acumulado de janeiro a outubro, em relação aos dez primeiros meses de 2023, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliária (Abrainc) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), com dados de 20 afiliadas da entidade. Foram 96.191 novas unidades, cujo valor lançado subiu 34,4% no mesmo intervalo, para R$ 22,8 bilhões.

No setor de médio e alto padrão, também houve aumento de unidades lançadas, mas em patamar menor, de 13,6%, para 22.894 unidades. O valor lançado subiu 21,2%, para R$ 18 bilhões.

A soma dos setores do MCMV e de médio e alto padrão resultou em alta de 26,5% na quantidade de unidades lançadas e de 22,4% no valor lançado de janeiro a outubro.

As vendas tiveram evolução similar. No MCMV, o volume vendido subiu 26,1%, para 114.141 unidades, enquanto o valor geral de venda (VGV) avançou 22,5%, para R$ 25,3 bilhões.

Enquanto isso, 36.730 unidades foram vendidas no médio e alto padrão, o que representa uma alta mais leve, de 3,8%. O VGV, porém, cresceu 23,7% no período, para R$ 21,8 bilhões.

No geral, houve alta de 21,5% na quantidade de unidades comercializadas e de 24,2% no VGV no país. O dado até outubro é o mais recente disponibilizado pela Abrainc.

Distratos e taxa de juros

Houve distratos em 11,4% das vendas no médio e alto padrão, avanço de 0,5 ponto percentual em um ano. É um patamar considerado baixo pela entidade, que classifica o desempenho do setor, até outubro, como positivo.

“Apesar de desafios como a alta da Selic, que restringe o acesso ao crédito e eleva os custos financeiros de empresas e consumidores, o setor imobiliário demonstrou resiliência e capacidade de adaptação em 2024”, afirmou o presidente da Abrainc, Luiz França, em nota.

De acordo com ele, o setor tem condições para “seguir crescendo acima do PIB em 2025”, mas, para isso, precisa de juros em “patamares saudáveis”.

FERROVIÁRIO

Globo Online - RJ   21/01/2025

O BNDES aprovou um financiamento de R$ 500 milhões para a concessionária da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela empresa de logística VLI Multimodal. O banco de fomento ficará com a metade de uma emissão de títulos de dívida incentivados (debêntures de infraestrutura) de R$ 1 bilhão, restrita para grandes investidores. A operação financeira, coordenada pelo BTG Pactual, o BNDES e o banco ABC Brasil, foi concluída em dezembro.

Os recursos vão para a conclusão de o plano de investimentos de R$ 3,9 bilhões da FCA, que vai até o término da concessão, em agosto de 2026 – a VLI Multimodal negocia com a União uma renovação antecipada do contrato.

A malha da FCA é uma das maiores do país, com 7,2 mil quilômetros, embora parte dos trilhos esteja inoperante. A VLI propôs a renovação da concessão, no contexto dos processos abertos no governo Jair Bolsonaro, que acordaram a extensão de contratos com algumas concessionárias, em troca de novos investimentos. A VLI estima que a renovação viabilizaria um plano de mais R$ 30 bilhões em aportes.

Plano de investimentos

Enquanto o acordo com o governo federal não sai – há resistências no Ministério dos Transportes, como revelou o jornal Valor na semana passada –, a concessionária segue com o plano de investimentos atual, que tinha 14,7% de execução em setembro, conforme o comunicado de conclusão da oferta de R$ 1 bilhão em debêntures incentivadas.

Segundo o BNDES, os recursos serão destinados para “ampliar e modernizar sete pátios dentro da malha da FCA, trocar trilhos e dormentes da via (para aumentar a velocidade média e a segurança), recuperar e instalar novos guarda-corpos em pontes e passagens de pedestres”.

Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, os investimentos são importantes para melhorar a infraestrutura do país. “O custo logístico no Brasil é estimado em cerca de 11% do PIB e, com o apoio do BNDES, e sob as diretrizes do governo do presidente Lula, vamos melhorar a logística integrada e multimodal, que desempenha um papel estratégico na cadeia de suprimentos”, diz Mercadante, em nota.

Operações via títulos

O financiamento também reforça o crescimento das operações do BNDES via títulos de dívida. Esse modelo é diferente dos empréstimos. Nos empréstimos, o BNDES contrata um valor total e libera o crédito aos poucos, conforme o andamento dos investimentos – que pode levar anos.

Nos títulos de dívida, o banco entra como investidor nas ofertas que as empresas fazem ao mercado, e repassa os recursos de uma vez. As vantagens são a maior facilidade em revender esses papéis nos anos seguintes, liberando os recursos para novos financiamentos, e a possibilidade de desembolsar menos, quando outros investidores entram na oferta dos títulos.

O BNDES lançou mão desse instrumento em julho do ano passado, no financiamento de R$ 10,75 bilhões para a CCR Rio-SP. Do total, R$ 9,4 bilhões serão via títulos. O financiamento para a operadora da Via Dutra, entre Rio e São Paulo, e da Rio-Santos, entre a capital fluminense e o litoral paulista, foi o maior já concedido para um concessionária de rodovias.

Diário do Comércio - MG   21/01/2025

O Ministério dos Transportes promete revelar já no próximo mês todo o conteúdo do “pacote” de investimentos do setor ferroviário – o Plano Nacional de Ferrovias –, com investimentos que poderão somar R$ 100 bilhões, em regime de concessão para uma malha de, pelo menos, 4,7 mil quilômetros. No papel pelo menos não será pouca coisa, somando investimentos privados, recursos levantados com a repactuação de concessões envolvendo a mineradora Vale e as operadoras Rumo e MRS, totalizando R$ 21 bilhões, além de verbas públicas equivalentes a 20% de cada projeto.

Conforme já antecipado pelo Diário do Comércio, a ideia central é consolidar troncos ferroviários que cortariam o País nos sentidos horizontal e vertical, desdobrados em 5 grandes projetos. Partindo da Ferrovia Norte-Sul, o primeiro deles consolidaria a ligação entre Açailândia, no Maranhão, e Barcarena, no Pará. Na Ferrovia Transnordestina seria concluída a ligação entre Eliseu Martins, no Piauí, até Estreito, no Maranhão, malha de 600 quilômetros que seria interligada à Ferrovia Norte-Sul. No sentido horizontal está previsto traçado de 2,4 mil quilômetros, de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, até Mara Rosa, em Goiás, seguindo em direção a Barreiras e Ilhéus, na Bahia. Também está previsto o Anel Ferroviário do Sudeste, ligando Vitória, no Espírito Santo, a Itaboraí, no Rio de Janeiro, conectado à malha da Ferrovia Vitoria a Minas. O quinto projeto seria a ligação de pouco menos de mil quilômetros entre Sinop, no Mato Grosso, e Miritituba, no Pará.

Para além da integração plena do sistema ferroviário, o que se pretende é melhorar as condições de escoamento de cargas de grãos, soja principalmente, que poderiam ser embarcadas também em portos do Norte-Nordeste do País, o mesmo acontecendo com embarques de minerais. Poderá ser um avanço relevante, implicando em mais eficiência e ganhos de tempo e custo, mas o projeto tal como apresentado agora não basta para disfarçar uma visão limitada.

Parece faltar ambição, se não uma visão integrada de toda a infraestrutura de movimentação de cargas no País, que prossegue excessivamente dependente do transporte sobre rodas. Não parece fazer sentido, economicamente, que os investimentos agora programados tenham como objetivo único a movimentação de cargas de commodities agrícolas e minerais, sem que nada seja dito sobre a movimentação de cargas em geral, secas e contêineres, muito menos transporte de passageiros. Nesse sentido, o “pacote” por ser revelado parece ainda distante do ideal para um país com as características e necessidades do Brasil.

NAVAL

Portos e Navios - SP   21/01/2025

A Transpetro homologou, no último sábado (18), o resultado da licitação para a compra de quatro navios classe Handy, com capacidade entre 15 e 18 mil toneladas de porte bruto (TPB). O consórcio vencedor, formado pelos estaleiros Rio Grande (ERG), da Ecovix, e Mac Laren, em Niterói (RJ), apresentou uma proposta final de US$ 69,5 milhões por embarcação. A aquisição faz parte do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras (TP 25) e marca a última etapa antes da assinatura do contrato.

Os trabalhos devem começar no primeiro semestre de 2025, com duração prevista de três anos, gerando aproximadamente mil empregos. A homologação é vista como uma oportunidade para a retomada do polo naval no sul do estado, que já foi referência no setor, com destaque para o período de 2013 a 2014, quando o Porto do Rio Grande gerou cerca de 20 mil empregos.

A homologação foi anunciada em continuidade ao comunicado divulgado no último dia 23 de dezembro, quando a Transpetro informou sobre a conclusão da negociação com o consórcio formado pelos grupos Ecovix e Mac Laren como o vencedor da licitação para a construção de 4 navios classe Handy. A expectativa é que o contrato seja assinado até o final de janeiro.

Os trabalhos devem ser iniciados no primeiro trimestre de 2025, com duração estimada de três anos, gerando em torno de 1.000 empregos. A construção dos cascos ficará a cargo da Ecovix, no Estaleiro Rio Grande, com o comissionamento das embarcações sendo realizado no Estaleiro Mac Laren.

Portos e Navios - SP   21/01/2025

O ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, apresentou as principais ações da pasta previstas para os próximos dois anos, durante reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e destacou os projetos que resultarão em ampliação da capacidade econômica do país e geração de emprego e renda. O encontro ocorreu, nesta segunda-feira (20), na residência oficial da Granja do Torto, em Brasília (DF).

Na área de Portos, o MPor planeja leiloar 20 unidades portuárias em 2025, entre elas o Terminal de Contêineres (Tecon) Santos 10, cujo valor de investimentos deverá ser o maior da história do país: R$ 3,51 bilhões. Ainda em Santos, há previsão também para este ano do leilão para construção do túnel Santos/Guarujá, com investimentos de R$ 6 bilhões, compartilhado entre o governo federal e o governo do estado de São Paulo.

Além disso, está prevista a concessão do canal de acesso ao Porto de Paranaguá (R$ 1 bilhão). “São medidas que garantem mais eficiência na atividade portuária, o que tornará cada vez mais nossos produtos mais competitivos no mercado internacional”, disse o ministro, lembrando que pelos portos passam 95% do comércio internacional do país.

Na área de hidrovias, o ministro apresentou o projeto de concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, que deve ser leiloado até o final do ano, e destacou medidas para desburocratizar a cabotagem e a navegação interior. Costa Filho estacou ainda que, em 2024, o ministério concluiu a licitação para garantir dragagem permanente por cinco anos em trechos dos rios Amazonas e Solimões, áreas afetadas nos últimos anos por forte estiagem.

Na área de Aeroportos, Sílvio Costa Filho reforçou que o governo deve liberar recursos do Fundo Nacional da Aviação Comercial (FNAC) – cerca de R$ 4 bilhões – para financiar investimentos das companhias aéreas na compra e manutenção de aeronaves, o que deverá resultar em redução do custo operacional das empresas e das passagens aéreas.

Outro programa apresentado ao presidente Lula foi o AmpliAR (Programa de Investimentos Privados em Aeroportos Regionais), que prevê a gestão e operação de 50 aeroportos na Amazônia Legal e no Nordeste pelas concessionárias que já atuam no país. Serão investidos cerca de R$ 3,4 bilhões nesta etapa do programa, garantindo a operação aérea em aeroportos considerados estratégicos para o país.

“Como disse o presidente Lula, temos uma causa em comum, que é recuperar o país e promover o desenvolvimento econômico. Porque com isso a gente melhora a vida da população, cria emprego e renda. Nossa atuação no MPor tem este propósito: capacitar o país para este crescimento e possibilitar o desenvolvimento econômico e social”, afirmou o ministro.

PETROLÍFERO

Valor - SP   21/01/2025

Discurso do presidente americano reforçou promessas de campanha de priorizar fontes fósseis e contraria tendência global de descarbonização

Victor Arduin, da Hedgepoint: Decisões de Trump podem levar a um recuo das cotações do petróleo a médio prazo — Foto: Divulgação

O discurso de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta segunda-feira (20) reforçou as expectativas de que o novo governo americano vai priorizar a produção de hidrocarbonetos no lugar de fontes renováveis. Trump disse que vai declarar emergência energética nacional, o que deve levar o país a deixar em segundo plano a transição energética para uma economia de baixo carbono e dar maior atenção às fontes fósseis (petróleo e gás).

"A crise de inflação foi causada por gastos excessivos e pela escalada dos preços da energia. Por isso, declaro hoje emergência energética nacional. Nós vamos perfurar, bebê, perfurar", disse Trump, em alusão à atividade de perfuração de campos de petróleo e gás, um dos principais lemas da campanha. Segundo o presidente, o plano é encher as reservas estratégicas dos Estados Unidos e exportar mais.

No mercado, ainda que a mensagem de Trump tenha sido clara no sentido de aumentar as exportações de petróleo dos EUA, há avaliações de que a medida não deve representar um aumento de concorrência para o Brasil, segundo disse Décio Oddone, que foi diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Na visão dele, o petróleo brasileiro é diferente do americano, e por isso haveria mercado consumidor para ambos.

Felipe Perez, analista da S&P, disse que a relação entre Brasil e Estados Unidos ainda depende das definições de tarifas de Trump. Mas outros elementos devem ser considerados na equação, diz, como a agenda brasileira de priorizar o conteúdo local na indústria de petróleo e a busca por aproximação entre países do Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul).

Os efeitos das medidas de Trump sobre as cotações internacionais do petróleo ainda são incertos. Ontem (20), o petróleo negociado nos Estados Unidos, o WTI, fechou em queda de 2,35%, a US$ 75,57. O Brent, negociado em Londres, caiu 0,59%, a US$ 79,10.

As medidas de Trump vão trazer um esfriamento dos projetos de energias renováveis”

— Décio Oddone

Analistas ouvidos pelo Valor dizem que ainda é cedo para prever a direção que as cotações do petróleo vão tomar. Victor Arduin, gerente em gestão de riscos para energia e câmbio da Hedgepoint, diz que as decisões de Trump podem não influenciar os preços a curto prazo, mas a médio prazo a tendência é que o aumento da oferta americana signifique um recuo das cotações. “Caso sejam implementadas medidas para reduzir a regulamentação, os Estados Unidos poderão ampliar a oferta de petróleo, que atualmente está em cerca de 13 milhões de barris por dia.”

Para Arduin, o cenário de emergência energética citado por Trump cria condições favoráveis para ampliar a produção americana. O efeito das medidas de Trump sobre os preços ainda deve depender também de decisões quanto a sanções sobre Irã e Rússia, além da relação com a Venezuela, disseram especialistas.

Caso se confirme a expectativa de recuo nos preços, a balança comercial brasileira pode sofrer, conforme o analista da Hedgepoint. O petróleo se tornou principal item na pauta de exportações brasileiras em 2024, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic). O produto registrou aumento de 5,23% nas vendas ao exterior em comparação a 2023, com US$ 44,8 bilhões exportados, representando 13,3% dos embarques totais do país.

“A balança comercial do Brasil, atualmente beneficiada pelo aumento dos preços e do volume de petróleo explorado no país, pode enfrentar desafios”, disse Arduin. Com a queda dos preços, será necessário aumentar significativamente a produção para manter a mesma contribuição do petróleo na balança comercial. “Isso pode ser difícil nos próximos anos caso o Brasil não invista na ampliação das reservas.”

O Brasil deve alcançar produção de 3,6 milhões de barris por dia de petróleo em 2025, segundo dados do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), aumento de cerca de 6% ante a média acumulada de 3,4 milhões de barris por dia em 2024.

Em momento em que países se reúnem em fóruns globais para debater medidas que reduzam efeitos do aquecimento global, as falas de Trump foram na direção oposta. Oddone, que hoje é presidente da Brava Energia, acredita que a decisão de Trump de abandonar medidas em prol de energias renováveis deve reduzir a velocidade da transição energética. “As medidas vão trazer um esfriamento dos planos de energias renováveis, especialmente onde há maior influência americana”, disse o executivo. Além de declarar a saída do Acordo de Paris, Trump deve reverter regulações ambientais que eram condições para atividades petroleiras.

A ala dedicada à implementação da política ambiental no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, liderada pela ministra Marina Silva (Meio Ambiente), esperava uma mensagem dura de Trump. Em nota, a ministra disse que o discurso de Trump começou a confirmar os prognósticos mais pessimistas sobre os tempos desafiadores que virão. “Seus primeiros anúncios vão na contramão da defesa da transição energética, do combate às mudanças climáticas e da valorização de fontes renováveis na produção de energia”, disse Marina na nota. Na visão da ministra, serão tempos “desafiadores” para o mundo. “Resta enfrentá-los com informação, compromisso com a vida e capacidade de negociação política.”

A avaliação do governo brasileiro é que parte das medidas anunciadas será dosada pela administração Trump para não gerar efeito negativo para a própria economia americana. O entorno da ministra Marina Silva tem mencionado que a própria confirmação da saída dos EUA do Acordo do Clima de Paris só poderá ser formalizada após um ano do pedido. Isso tende a limitar, por exemplo, a repercussão dessa medida sobre a próxima edição da Conferência do Clima, a COP30, que será realizada em novembro em Belém (PA).

Outra avaliação também da ala ambiental é que o Brasil não estará sozinho na defesa da agenda de combate às mudanças climáticas. A constatação de que políticas de transição energética são um “caminho sem volta” tende a ter o respaldo de boa parte da União Europeia e dos países emergentes.

Interlocutores do governo brasileiro consideram que Trump poderá enfrentar ainda resistência dos atores subnacionais. Os governadores dos Estados americanos, que apostaram todas as fichas no suprimento de energia renovável (eólica e solar), poderão se opor às iniciativas de valorização dos combustíveis fósseis.

As falas de Trump devem ecoar nos debates do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que começou nesta segunda (20). O Valor apurou que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, teria recebido orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apresentar o Brasil no evento como destino seguro de investimentos em energia renovável. A ideia é que o país se mostre como alternativa atrativa para os investidores interessados em aportar recursos em ativos “verdes”.

Entre as oportunidades que devem ser destacadas pelo ministro em Davos, está a produção de hidrogênio verde, biocombustíveis, energia elétrica solar e eólica. São apostas do governo para gerar crescimento econômico, emprego e renda no país. Silveira será o único representante do alto escalão do governo federal no fórum. Ele embarcou ontem e deve participar de painel com discussões sobre o mercado brasileiro nesta terça-feira (21). No evento, o ministro deverá ter encontros com executivos e delegações estrangeiras.

Valor - SP   21/01/2025

O contrato foi celebrado sob regime de empreitada por preços unitários, com valor total de R$ 298 milhões e prazo de execução de 36 meses

A companhia de infraestrutura Azevedo & Travassos anunciou na noite desta segunda-feira (20) que assinou, por meio de sua subsidiária integral Heftos Óleo e Gás Construções, um contrato com a Petrobras para a prestação de serviços de manutenção industrial integrada em plataformas produtoras de petróleo na Bacia de Campos.

O contrato foi celebrado sob regime de empreitada por preços unitários, com valor total de R$ 298 milhões e prazo de execução de 36 meses.

Segundo comunicado da Azevedo & Travassos, esse prazo poderá ser estendido por meio de aditivo contratual por até 24 meses.

Money Times - SP   21/01/2025

O presidente eleito Donald Trump assinará uma ordem executiva declarando emergência energética nacional, com o objetivo de aumentar a produção de petróleo e gás dos EUA e reduzir os custos aos consumidores, disse uma autoridade da futura Casa Branca nesta segunda-feira.

A declaração de emergência é apenas uma das muitas ações que Trump deve tomar nesta segunda-feira para impulsionar as indústrias de petróleo, gás e energia dos EUA e frear os esforços do governo anterior, do presidente Joe Biden, para acelerar a indústria de veículos elétricos.

Biden chegou à Casa Branca prometendo reduzir o uso de combustíveis fósseis nos EUA, mas a produção de petróleo e gás dos EUA atingiu níveis recordes sob sua gestão, enquanto as perfuradoras buscavam preços altos após as sanções impostas à Rússia depois da invasão à Ucrânia.

A autoridade não forneceu detalhes sobre a emergência nacional, mas Trump e seus aliados sinalizaram que usariam a autoridade para aprovar rapidamente novos projetos de petróleo, gás e eletricidade, algo que normalmente leva anos.

“O tema comum é realmente liberar energia norte-americana acessível e confiável”, disse o funcionário. “Como a energia permeia cada parte da nossa economia, ela também é essencial para restaurar nossa segurança nacional e exercer o domínio energético norte-americano em todo o mundo.”

Trump disse que os Estados Unidos estão em uma corrida armamentista de inteligência artificial contra a China e outros países, tornando as necessidades vorazes de poder da indústria uma prioridade nacional.

Espera-se também que Trump assine outra ordem visando utilizar os recursos naturais do Alasca, revogando diversas iniciativas de veículos elétricos de Biden e protegendo aparelhos movidos a gás de reguladores federais e locais, que querem eliminá-los gradualmente de residências e empresas, disse a nova autoridade.

O Alasca tem sido uma área controversa do país quando se trata de energia e meio ambiente, com os republicanos há muito tempo vendo oportunidades para a produção de petróleo e gás no local, enquanto os democratas buscam preservar paisagens intocadas.

O funcionário disse que Trump tomaria “ações decisivas para liberar o potencial de recursos naturais do Alasca”, citando uma abundância de recursos como petróleo e gás, frutos do mar, madeira e minerais essenciais. Nenhum detalhe adicional foi fornecido, mas o funcionário disse que regulamentações anteriores dos departamentos do Interior e da Agricultura limitaram a produção do Alasca.

Muitas das ações já eram esperadas e cumprem as promessas de campanha feitas por Trump.

RODOVIÁRIO

Valor - SP   21/01/2025

Contrato prevê o aporte total de R$ 8,8 bilhões, sendo R$ 5 bilhões em investimentos e R$ 3,8 bilhões na operação e manutenção ao longo de 30 anos de concessão

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou nesta segunda-feira (20), no “Diário Oficial da União”, o edital de concessão de trecho das rodovias BR-040 e BR-495. O leilão de 219 quilômetros, que ligam as cidades entre as cidades de Juiz de Fora (MG) e o Rio de Janeiro (RJ), está marcado para o dia 30 de abril de 2025, na sede da B3 SA.

Os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental foram elaborados pela estatal Infra SA e aprovados pelo Ministério dos Transportes. O projeto inclui obrigações com obras de infraestrutura e prestação dos serviços de recuperação, manutenção, conservação, monitoramento, implantação de melhorias, manutenção do nível de serviço e ampliação de capacidade do sistema rodoviário.

Na avaliação da ANTT, os investimentos devem resolver problemas de fluidez na chegada ao Rio de Janeiro, abrangendo a região metropolitana. Uma das intervenções mais esperadas no trajeto é na Subida da Serra, que teve obras paralisadas no período em que a concessão era mantida pela Concer, do grupo Triunfo.

O edital foi aprovado pela diretoria da ANTT na sexta-feira (17), em reunião extraordinária.

Os investidores interessados deverão entregar os lances econômicos e as garantias financeiras no dia 25 de abril. Vencerá a disputa o empreendedor que apresentar maior desconto sobre a tarifa de pedágio prevista no edital. O deságio máximo permitido, sem a necessidade de um depósito adicional, é de 18%.

O contrato do trecho das rodovias BR-040/BR-495 prevê o aporte total de R$ 8,8 bilhões, sendo R$ 5 bilhões em investimentos e R$ 3,8 bilhões na operação e manutenção ao longo de 30 anos de concessão.

De acordo com a ANTT, o contrato exige duplicação de 13,1 quilômetros de estrada, 86,6 quilômetros de faixas adicionais, 11,7 quilômetros de ciclovias, três túneis, 14,6 quilômetros de vias marginais, 13 correções de traçado, 13 viadutos, 12 passarelas, 32 pontos de ônibus, uma área de escape; um ponto de parada e descanso para caminhoneiros, sete passagens de fauna e a solução para o trecho da Subida da Serra.

AGRÍCOLA

Valor - SP   21/01/2025

Safra 2024/25 pode alcançar 322,3 milhões de toneladas de grãos, com aumento de 8,2% em relação à colheita anterior e poderá se tornar a maior da história

A recuperação da safra de 2024/2025 é o principal trunfo do governo para contrabalançar a desaceleração da economia prevista para este ano. O esperado aumento da produção de grãos pode contagiar positivamente outros setores, como os serviços, transportes e insumos, e animar a balança comercial, em um ano particularmente incerto devido ao receio de aumento das pressões protecionistas no exterior.

No cenário mais otimista, a retomada da produção agrícola compensará o recuo da receita da pecuária e turbinará a economia à semelhança do que aconteceu em 2023, embora com menos intensidade. Naquele ano, segundo revisão feita em dezembro pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária saltou 16,3%, contribuindo decisivamente para a expansão total de 3,2%. O impacto só não foi maior porque a agropecuária contribui menos para o PIB do que os serviços e a indústria, que cresceram 2,8% e 1,7%, respectivamente.

A mais recente previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que a safra 2024/25 pode alcançar 322,3 milhões de toneladas de grãos, número ligeiramente menor do que o estimado em dezembro, mas que representará aumento de 8,2% em relação à colheita anterior e poderá se tornar a maior da história. A área plantada deverá crescer 1,8% e a produtividade média, aumentar 6,3%. Com chuvas regulares, as condições climáticas têm, até o momento, favorecido o desenvolvimento das lavouras nos principais Estados produtores, contribuindo para a expansão da produtividade em diversas culturas.

A soja, carro-chefe da agricultura brasileira, tem a produção estimada em 166,3 milhões de toneladas, com crescimento de 12,6%. O clima tem beneficiado o plantio, que ocorreu de forma concentrada a partir do fim de outubro na maior parte das regiões produtoras. Em dezembro, a semeadura da oleaginosa atingia 94,1% da área destinada. Outras culturas também apresentam perspectivas positivas. A produção de milho deverá crescer 3,3%, e a de arroz, 8,5%.

A se confirmarem os levantamentos, haverá uma reversão do quadro negativo da safra de grãos anterior, de 2023/2024, quando a produção diminuiu em cerca de 7%, para 298,41 milhões de toneladas. A soja sofreu queda de 7,23 milhões de toneladas, totalizando 147,38 milhões de toneladas, prejudicada pelo atraso no início das chuvas, baixas precipitações e altas temperaturas em regiões produtoras, além do excesso de chuvas no Rio Grande ande do Sul, que afetou severamente a produtividade.

Por conta desse desempenho negativo em 2024, as estimativas são de que o PIB da agropecuária tenha caído de 2% a 3% no ano passado, enquanto o PIB total pode ter crescido de 3% a 3,5%. No terceiro trimestre, enquanto o PIB total cresceu 0,9%, o da agropecuária caiu na mesma magnitude, com a perda de produtividade de culturas importantes para o período, como cana, milho e laranja. Intempéries e incêndios atingiram muitas lavouras. Esse desempenho neutralizou os bons resultados do algodão, trigo e café que registraram aumento da produção.

Com a retomada da safra, a ponto de já haver preocupação com a disponibilidade de armazenagem, o PIB da agropecuária pode recuperar em 2025 as perdas do ano passado e poderá registrar crescimento de até 5,5% de acordo com algumas previsões, ajudado também pela queda do real em relação ao dólar, que torna os produtos brasileiros mais competitivos na exportação.

Há dois pontos de interrogação nesse cenário róseo: o clima e a oferta de crédito. A ocorrência de extremos climáticos é sempre um fator imponderável. Embora as previsões sejam positivas até agora, produtores de soja do Sul estão preocupados com a falta de chuva e o calor (Valor, 15/01). Já o custo do crédito vai subir inevitavelmente, acompanhando a indicação de elevação da taxa de juro básica, a Selic, dada pelo Banco Central. O Copom elevou a Selic para 12,25% na última reunião de 2024 e parte do mercado financeiro estima que a taxa possa chegar a 15% neste ano. Os juros elevados encarecem os investimentos em insumos e equipamentos e o capital de giro.

A alta dos juros básicos também aumenta os custos de equalização do crédito rural oficial, dificultando o equilíbrio entre a oferta de recursos subsidiados e as taxas cobradas dos produtores. No Plano Safra 2024/25, a expectativa era de redução dos juros, mas o cenário se inverteu, com a elevação da Selic. Isso pressiona o orçamento destinado à equalização, já comprometido com operações de anos anteriores, e levanta dúvidas sobre a disponibilidade de recursos mais baratos.

Dados do segundo semestre de 2024 já mostraram uma redução dos desembolsos do crédito rural e a substituição de fontes subsidiadas por alternativas privadas, como as Cédulas de Produto Rural (CPRs). Mas as alternativas de mercado têm custos mais elevados e não são acessíveis a produtores de menor porte. Em cenário de restrição orçamentária não dá para contar com a expansão do Plano Safra.

Um efeito secundário da maior ajuda da agricultura é que ela pode amortecer os preços dos alimentos, a maior influência hoje nos índices de inflação.

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