Clipping Diário

24 | Fevereiro | 2025

SIDERURGIA

Exame - SP   24/02/2025

A indústria siderúrgica existente no Brasil sofre com a enxurrada de aço importado da China, que tem um custo mais barato que o nacional, e pode ser ainda mais afetada com uma possível queda nas exportações de aço e alumínio devido às tarifas recentemente anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Longe de ser um player estratégico no setor, o país pode, contudo, inverter esse cenário e dar as cartas como líder na produção de aço de baixo carbono a preços competitivos.

É o que aponta o Net Zero Industrial Policy Lab, laboratório da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, que acaba de conduzir um estudo sobre a Nova Indústria Brasil (NIB) – a política industrial lançada em janeiro de 2024 pelo governo federal para retomar o protagonismo da produção de manufatura nacional.

A retomada da indústria?

De acordo com o relatório, o Brasil tem vantagens competitivas para desenvolver uma potente "indústria verde" até 2050 por causa de sua posição privilegiada em sete áreas: minerais estratégicos, baterias, veículos elétricos híbridos com biocombustíveis, combustíveis sustentáveis para aviação (SAF), produção de equipamentos para energia eólica, fertilizantes e aço com baixo carbono.

Mas, para isso, o Brasil precisa investir em políticas de descarbonização e no fortalecimento de setores estratégicos, como destacam à EXAME os pesquisadores Adriana Mandacaru Guerra e Renato H. de Gaspi, membros do grupo de trabalho do laboratório da Johns Hopkins focado no Brasil.

"A descarbonização é um imperativo e está se tornando um imperativo econômico também. O Brasil se destaca porque pode receber muito powershoring", diz Gaspi em referência ao fenômeno no qual indústrias podem se realocar para aproveitar uma rede energética limpa e barata.

"Se a produção com menos carbono é um imperativo econômico, uma das principais formas de cortar o carbono é através da matriz energética. A matriz energética do Brasil é muito propícia para esse tipo de coisa. O país ainda tem biocapacidade, que é muito importante para produção dos biocombustíveis, e uma base de manufatura. Todo mundo sabe que o Brasil se desindustrializou muito nos últimos anos, mas ele não parte do zero. O Brasil tem esse papel de possível potência de primeira linha nessa nova geopolítica energética", afirma o especialista em política industrial.

Geopolítica energética

Na chamada geopolítica energética, a indústria nacional divide a corrida pela liderança com China, Estados Unidos e Rússia, segundo o estudo. Tim Sahay, codiretor do Net Zero, explica o termo como uma espécie de nova ordem, em que haverá os países exportadores de commodities e os que vão colher os lucros de uma manufatura avançada.

Essa nova geopolítica energética também favorece a reindustrialização do Brasil, como explica Guerra, diferentemente do contexto das décadas de 1980 e 1990, que impulsionou a desindustrialização e a dependência de commodities.

No ano passado, um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou que superpotências como EUA e China adotaram abertamente políticas industriais com foco principalmente na transição energética. Mesmo países emergentes como México e Índia também estão investindo nisso.

Líderes industriais gastam até quase cinco vezes mais do que a Nova Indústria Brasil por ano

Além disso, no Brasil, também pesa a favor o momento geopolítico, com a liderança de blocos como BRICs e G20 e país sede da COP30, a Conferência do Clima da ONU, neste ano.

"Os primeiros dois mandatos do presidente Lula e o primeiro mandato da [ex-presidente] Dilma [Rousseff] tinham projetos de políticas industriais que foram implementadas com relativo sucesso. Mas grande parte das limitações desses projetos de política industrial vinham de um contexto geopolítico que era menos propício para o desenvolvimento de política industrial. Enquanto agora, dada a questão da transição de matriz energética e da descarbonização como uma política global, as políticas industriais são mais debatidas no cenário global", afirma a pesquisadora do Net Zero.

O estudo aponta a Nova Indústria Brasil como uma política industrial mais correta e promissora do que as três políticas desenvolvidas sobre os governos anteriores do PT – entre 2016 e 2022, o Brasil não teve políticas industriais centralizadas.

Os pesquisadores, por outro lado, também identificaram três fraquezas na NIB: ampla demais para fornecer o foco necessário; risco de pulverização dos R$ 468,38 bilhões a serem alocados em muitas prioridades e falta de clareza sobre os mecanismos de colaboração entre governo, empresas, sindicatos, sociedade civil e especialistas independentes.

Potencial do Brasil na indústria e no aço verde

Para isso, o estudo chama atenção para uma espécie de "microtargeting", o que significa priorizar as Missões 3 e 5 da NIB que, segundo o documento, podem libertar o potencial de liderança do Brasil em indústria verde durante as próximas duas décadas.

"Não estamos propondo que o governo abandone setores, mas que o foco principal [da política industrial] seja a descarbonização, porque o Brasil pode ser líder. Vamos ser claro, tem setores tradicionais, como fertilizantes e aço, que estão nessa agenda [da NIB] e que são setores que o Brasil precisa e tem dificuldade", diz Gaspi.

"A indústria de aço tem muita concorrência de fora e importamos 85% dos fertilizantes, sendo que somos o quarto maior consumidor. Enquanto incentivamos e melhoramos esses setores, precisamos também descarbonizar, porque o Brasil pode não ser líder do aço normal, mas consegue ser líder do aço verde e do fertilizante verde. Não é sobre a balança de setores, mas a maneira da intervenção tem que ser pensada nesse novo contexto", complementa.

Atualmente, 74% da produção brasileira de aço depende de alto-fornos, um processo intensivo em carbono.

O estudo do laboratório americano indica que o Brasil tem o potencial para se tornar um líder na produção de aço verde por meio das duas principais rotas de descarbonização do setor siderúrgico: os fornos elétricos a arco (EAF) e o ferro de redução direta (DRI) com hidrogênio.

O setor de aço também é considerado crítico para o hidrogênio brasileiro, tido por especialistas como o principal insumo capaz de substituir o uso de combustíveis fósseis em setores que consomem muita energia. O Brasil, porém, ainda não possui plantas DRI em operação e precisa de investimentos para desenvolver expertise em redução direta a carvão e para o estabelecimento de um parque industrial de eletrolizadores.

Os pesquisadores detalham que a atual política industrial brasileira reconhece a importância estratégica do setor siderúrgico e o tratam como um possível projeto emblemático, mas ainda não incluiu políticas específicas para o aço de baixo carbono. Até agora, o foco tem sido na proteção dos produtores domésticos, com o aumento das tarifas de importação para 25% em 11 categorias de produtos siderúrgicos.

"A medida ajuda a estimular investimentos em um setor que sofre de excesso de capacidade ociosa, mas intervenções mais direcionadas são possíveis e necessárias para descarbonizar o setor e aproveitar o potencial do Brasil na produção de aço de baixo carbono", diz um trecho do relatório.

Corrida pela liderança — geopolítica energética permanente

Outro ponto de cuidado é a falta de um mecanismo claro de coordenação e colaboração entre os diferentes órgãos do governo federal, com empresas, sindicatos, sociedade civil e especialistas. O estudo cita que há uma "dependência excessiva de financiamento", que mostra "que as políticas atuais não estão dedicando atenção suficiente aos problemas de coordenação".

"Porque além da criação, das condições de possibilidades dos recursos naturais e das bases de manufatura, é preciso também a criação de capital humano para sustentar a industrialização", afirma Guerra.

Um exemplo de iniciativa positiva, apontam, é a recente chamada pública da Finep e do BNDES para projetos de minerais críticos que, segundo segundo os pesquisadores, agrega valor a componentes intermediários como ânodos que podem alavancar os pontos fortes existentes do Brasil em processamento artificial de grafite e silício para a cadeia produtiva de bateria.

Sobre possíveis reveses globais na transição energética após a volta de Donald Trump à presidência e a saída dos EUA de diversas agendas verdes, os pesquisadores do Net Zero avaliam que, mesmo com apoio do país aos combustíveis fósseis, a chamada geopolítica energética seguirá em curso. Da mesma forma que com a descrença da Rússia em relação às energias renováveis.

"[Vladimir] Putin está passando por um momento de uma pequena desaceleração em relação à transição energética na Rússia. E isso é visto por nós no laboratório como um 'tiro no pé', tanto na Rússia quanto nos Estados Unidos com o Trump", diz Guerra.

Contudo, ainda segue no páreo a China, a maior parceria comercial do Brasil. Em 2024, o saldo da balança comercial bilateral foi favorável ao Brasil , mas essa relação tem um custo para a indústria nacional, apontam os especialistas.

"Porque a relação setorial entre Brasil e China é bastante desigual. Nós somos exportadores de commodities para a China e importamos produtos manufaturados dela. Mas se o Brasil quer se reindustrializar também precisa ter mecanismos diplomáticos. Então não dá para completamente evitar a tarifa, o Brasil vai ter que fazer proteções guiadas", diz Gaspi. "Se o Brasil ficar somente como exportador de commodities, ele perderá mais uma transição. E o Brasil teve oportunidades na sua história e essa é mais uma".

Valor - SP   24/02/2025

Crise no mercado de aço e desembolsos para expansão pressionam alavancagem financeira do grupo

Maior negócio da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), o aço deixou de ser o principal fiador do grupo do empresário Benjamin Steinbruch. Diante do momento adverso para o setor globalmente e dos elevados investimentos em modernização de usinas, o braço de siderurgia do grupo tem consumido caixa, enquanto o de minério de ferro, sob a CSN Mineração, se tornou a principal fonte de liquidez imediata.

Ao fim do terceiro trimestre, dos cerca de R$ 19,3 bilhões que o grupo tinha em caixa, R$ 14,5 bilhões estavam na mineradora. Enquanto o aço gerou 14% do resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) consolidado entre janeiro e setembro de 2024, último dado disponível, o minério respondeu por 56%.

A CSN Mineração (CMIN) tem sido usada para fazer frente a outros compromissos do grupo. Em janeiro, firmou com a controladora (que abriga o negócio de siderurgia) um contrato de cessão de recebíveis de exportação, com valor estimado de US$ 1 bilhão para 2025. Os recursos serão usados na amortização de contratos de pré-pagamento de exportação, adiantamento sobre contratos de câmbio ou “contratos similares da CSN”.

Conforme comunicado, o contrato prevê uma “governança” entre as respectivas áreas financeiras, “para garantir que apenas o excesso de lastro que não seria utilizado pela CMIN seja cedido à CSN”.

Em relatório do fim de janeiro, o analista Alexis Panton, do BNP Paribas, escreveu que a CSN parece estar enfrentando “uma situação cada vez mais complicada de liquidez” fora da mineração. “Não fomos surpreendidos pela operação, dadas as obrigações de curto prazo e o fluxo de caixa negativo extremamente elevado da CSN fora da CMIN”, apontou.

Ao fim de setembro, continua o analista, a controladora tinha obrigações de curto prazo de cerca de US$ 3 bilhões, entre dívida, leasing, contas a pagar, financiamentos a fornecedores e pré-pagamentos, também sem considerar a CSN Mineração.

A fraqueza da siderurgia, sobretudo a partir do segundo semestre de 2022 - quando as condições de competição no mercado global se tornaram mais difíceis com a sobreoferta de aço chinês barato -, e os desembolsos elevados da CSN para diversificar seus negócios pressionaram o endividamento.

A meta era encerrar 2024 com alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda de 2,5 vezes. No fim do ano passado, contudo, a CSN reviu o alvo e agora busca chegar a 3 vezes ao fim de 2025. Em setembro, esse índice estava em 3,34 vezes. Com mais caixa que dívidas, a CMIN tinha alavancagem negativa.

Há cerca de dez dias, a Moody’s cortou a nota de crédito da CSN, de “Ba3” para “Ba2”, elevando a perspectiva de negativa para estável, por causa das preocupações em torno da trajetória de alavancagem do grupo nos próximos 12 meses - para o período, as perspectivas para aço e minério não são positivas.

“Já tínhamos mudado a perspectiva da nota para negativo em setembro, mas a nossa premissa era que a alavancagem ia se manter, mas a CSN divulgou algumas notícias nos últimos meses que provocaram essa reavaliação”, disse Carolina Chimenti, analista sênior da Moody’s, ao Valor.

Nos últimos anos, o grupo empenhou alguns bilhões de reais na aquisição de ativos. Em cimento, comprou a Cimentos Elizabeth e a LafargeHolcim no Brasil. Em energia, levou a CEEE Geração e, em logística, a operação mais recente foi a proposta de R$ 742,5 milhões por 70% da dona da Tora Transportes.

Estamos tranquilos quanto à tendencia de redução da alavancagem”

— Marco Rabello

Os dispêndios, combinados à piora dos resultados na siderurgia, levaram os analistas a adotar postura mais cautelosa em relação aos papéis da CSN e há receio em relação a compromissos de alavancagem assumidos em contratos de dívidas.

Numa extrapolação, sem considerar o Ebitda gerado pela mineradora, o analista do BNP Paribas chega a índices que romperiam cláusulas de dívidas acertadas com credores. Mas esse cálculo do banco, na avaliação de uma fonte próxima à empresa, é inapropriado, porque considera as dívidas holding (também para investimento em todas as controladas) e exclui o negócio de mineração do Ebitda que foi usado para estimar esses índices.

Chimenti, da Moody’s, destaca a aquisição da controladora da Tora Transportes, além do plano de investimentos divulgado pelo grupo no fim do ano passado, como fatores que influenciaram na redução da nota de crédito. A agência acredita que a alavancagem da CSN se manterá entre 4,5 e 5 vezes no próximo ano.

“A CSN tem ‘covenants’ de vencimento antecipado de dívida, o menor deles em 4,5 vezes [1,1 vez acima da alavancagem em setembro]. Estamos tranquilos em relação à tendencia de redução da alavancagem da companhia”, disse ao Valor o diretor financeiro e de relações com investidores do grupo, Marco Rabello.

Conforme o executivo, a meta anunciada no fim do ano passado é ficar abaixo de três vezes ao fim de 2025. Mas, no médio e longo prazos, o plano é buscar uma alavancagem “bem menor”.

“Uma das grandes vantagens da CSN é o portfólio de ativos que está menos valorizado do que poderia e que abre espaço para realizar ações de liquidez estratégicas futuras. Exemplo disso é o veículo de Infraestrutura e Logística, que comentamos em nosso CSN Day”, acrescentou.

Assim como os planos já anunciados para a CEEE (de buscar um sócio minoritário) e realizados na CMIN (abrir capital e trazer um sócio minoritário), a CSN tem ainda 100% de dois negócios, Cimentos e CSN Infra, que poderiam trilhar o mesmo caminho, incluindo uma potencial oferta pública de ações.

Além disso, ante a forte posição de caixa consolidado, que ainda não considerava os R$ 4,4 bilhões da venda da fatia de 10,7% da mineradora para a Itochu Corporation no fim do ano passado, o grupo poderia usar parte desses recursos para trocar dívidas mais caras e alongar seu endividamento no decorrer de 2025.

Gostaríamos de ver essa alavancagem mais equalizada entre as subsidiárias”

— Carolina Chimenti

Na avaliação da Moody’s, a posição de caixa da CSN é elevado e o perfil de amortização de dívida mais longo aliviam a situação do grupo. “A empresa não tem esse histórico de fazer mudanças estruturais na dívida, mas no atual rating, não nos incomoda.”

Chimenti chama atenção para o fato de boa parte da liquidez estar concentrada na CSN Mineração. “Gostaríamos de ver essa alavancagem mais equalizada entre as subsidiárias”, comentou. Do ponto de vista de risco, seria melhor a holding não depender tanto dos dividendos da CSN Mineração”.

Outras empresas do setor de siderurgia, como Gerdau e Usiminas, fizeram reestruturações mais profundas em suas dívidas desde a última crise do setor, entre 2015 e 2016, enquanto a CSN reduziu alavancagem por meio de crescimento operacional, lembrou Chimenti. “Hoje, a CSN tem o rating mais baixo entre as três.”

Para a Moody’s, a nova perspectiva estável da nota “Ba2” indica a expectativa de que a CSN manterá trajetória de redução da alavancagem para abaixo de 3 vezes e posição de caixa em torno de R$ 15 bilhões. “Tais metas aumentam a visibilidade da habilidade da companhia de manter métricas de crédito robustas”, apontou a agência.

As outras duas principais agências de classificação de risco, Fitch Ratings e S&P Global Ratings, têm nota de crédito global “BB” para a CSN, o que é equivalente à classificação “Ba2” da Moody’s. A primeira tem perspectiva estável, enquanto a S&P alterou a sua de estável para negativa em agosto passado.

Os analistas de bancos que acompanham as ações de CSN e CSM Mineração também estão cautelosos com as empresas. Consulta feita pelo Valor mostra que nove grandes instituições têm cobertura das ações de CSN, enquanto outras 12 fazem cobertura de CSN Mineração. Todos os bancos que cobrem CSN também cobrem CSN Mineração, no entanto, três - BTG Pactual, Jefferies e Morgan Stanley - só cobrem os papéis da unidade de mineração.

Das nove instituições que cobrem CSN, sete têm recomendação neutra e duas de venda, com preço-alvo médio das ações em R$ 11,90, potencial de alta de 35% sobre o fechamento de quinta-feira (20). No caso da CSN Mineração, há uma recomendação de compra, sete neutras e quatro de venda, com preço-alvo médio em R$ 5,60, potencial de alta de 4,5%.

O J.P. Morgan, último banco a fazer modificações em suas estimativas para as companhias, destaca que os resultados da CSN devem continuar a ser pressionados por preços de aço mais baixos em meio ao intenso volume de importação de produtos vindos da China. Os analistas Rodolfo Angele e Thatiane Martins Candini escreveram, em relatório, que as ações da CSN Mineração estão com “múltiplos esticados”, ou seja, elas estariam sobrevalorizadas em relação aos indicadores financeiros da empresa. O banco recomenda a venda do papel porque acredita haver “nomes mais atraentes” no setor na América Latina, como a Vale.

Rabello, da CSN, lembra que a companhia já sinalizou para uma potencial melhora do desempenho da siderurgia após os investimentos recentes em Volta Redonda (RJ). “Como já dissemos anteriormente, a melhora de cenário operacional e comercial em minério, cimento e aço, que vai se beneficiar dos investimentos executados em Volta Redonda, vai ajudar na desalavancagem”, afirmou, sem fornecer informações adicionais sobre potencial venda de ativos do grupo ou reestruturação de passivos.

A CSN também conta com o potencial recebimento de R$ 3,1 bilhões da rival Ternium, relativos à entrada da companhia ítalo-argentina no capital da Usiminas, para reforçar a posição de liquidez. Dona de 12,9% da siderúrgica mineira, a CSN defende que houve troca de controle quando a Ternium comprou a fatia inicial de 27,7% do capital votante da siderúrgica mineira - que pertencia a Votorantim e Camargo Corrêa e à Caixa dos Empregados da Usiminas - e, há mais de dez anos, busca uma indenização na Justiça.

Até meados do ano passado, a Ternium vinha vencendo todas as rodadas da disputa. Em junho, porém, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) alterou o rumo do processo ao decidir pelo pagamento da indenização à CSN. Em dezembro, a 3ª Turma do STJ manteve a decisão, mas reduziu de R$ 5 bilhões para R$ 3,1 bilhões o valor previsto.

O grupo ítalo-argentino avisou que recorreria, e tudo indica que o processo chegará ao Supremo Tribunal Federal (STF), numa batalha que poderá levar ainda mais tempo. Junto com os resultados do terceiro trimestre, a Ternium informou que reverteu US$ 404 milhões da provisão referente ao litígio, dada a decisão da 3ª Turma do STJ.

Globo Online - RJ   24/02/2025

As tarifas sobre alumínio e aço impostas presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, são motivadas principalmente pela preocupação de que a China está inundando o mercado global e prejudicando a indústria americana, de acordo com uma ex-assessora de comércio da Casa Branca.

Neste mês, Trump assinou uma ordem impondo tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, independentemente de sua origem. Ele justificou a medida como necessária para fortalecer a produção nos EUA e gerar empregos. Essa decisão “reflete a preocupação de que as ações dos EUA até agora não foram suficientes para conter o excesso de capacidade nesses setores”, disse Kate Kalutkiewicz, que foi diretora sênior de política de comércio internacional no Conselho Econômico Nacional durante o primeiro mandato de Trump, à emissora canadense CBC.

— Elas (as tarifas) estão quase inteiramente relacionadas à China e às políticas e práticas não mercadológicas da China, que permitiram esse excesso global de oferta — acrescentou ela. As tarifas sobre metais devem entrar em vigor em 12 de março.

O governo Trump também aumentou a pressão sobre o México para que imponha suas próprias tarifas sobre importações da China, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg News. O Canadá já havia adotado tarifas de 25% sobre uma ampla gama de produtos de aço e alumínio chineses em outubro, também citando preocupações com o excesso de capacidade.

Kalutkiewicz, que agora lidera a área de comércio da consultoria McLarty Associates, adotou um tom mais otimista sobre o futuro da aliança comercial entre EUA, México e Canadá, que foi renegociada durante o primeiro mandato de Trump e transformada em lei em 2020.

— A relação econômica norte-americana é uma das mais, se não a mais, importante do mundo", disse ela — falou.

Segundo Kalutkiewicz, o objetivo de Trump ao impor “máxima pressão” sobre o Canadá e o México é garantir que os EUA obtenham as melhores condições no acordo comercial.

— Acredito que teremos uma discussão dinâmica sobre o futuro dessa relação. Mas me sinto bastante otimista em relação à sua natureza duradoura — disse.

Portal Fator Brasil - RJ   24/02/2025

Desempenho no ano passado reflete evolução das iniciativas de redução de custos e melhoria de competitividade por meio da otimização dos ativos da Companhia no Brasil, cujo mercado segue impactado pela entrada excessiva de aço importado.

A Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, concluiu o exercício de 2024 com Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de R$ 10,8 bilhões, com margem Ebitda ajustada de 16,2%. O lucro líquido ajustado da Companhia totalizou R$ 4,3 bilhões no ano passado, enquanto a receita líquida somou R$ 67 bilhões e as vendas físicas de aço alcançaram 11 milhões de toneladas.

No quarto trimestre de 2024, a Empresa registrou Ebitda ajustado de R$ 2,4 bilhões, com margem Ebitda de 14,2%. O lucro líquido ajustado da Gerdau somou R$ 666 milhões entre outubro e dezembro do ano passado, enquanto a receita líquida da companhia alcançou R$ 16,8 bilhões, com as vendas físicas de aço totalizando 2,7 milhões de toneladas.

— Ao longo de 2024, evoluímos na melhoria de competitividade das nossas operações por meio de iniciativas estratégicas de redução de custos, principalmente envolvendo nossos ativos no Brasil. O mercado brasileiro segue sendo impactado pela entrada excessiva de aços longos e planos importados, uma vez que o atual sistema de cotas com tarifa tem sido ineficaz na defesa comercial do aço nacional— afirma Gustavo Werneck, CEO da Gerdau. —Em meio a um cenário macroeconômico global incerto, seguimos nos concentrando no crescimento e na competitividade de ativos com maior potencial de geração de valor no longo prazo para nossos clientes e demais stakeholders, como a unidade de Ouro Branco (MG), que terá uma nova capacidade de bobinas a quente adicionada neste primeiro trimestre de 2025 —completa.

Investimentos em Capex alcançam R$ 6,2 bilhões em 2024 — Ao longo de 2024, a Gerdau investiu R$ 6,2 bilhões, sendo 46% em manutenção e 54% em projetos de expansão e atualização tecnológica. Do total investido no ano passado, R$ 1,02 bilhão foi destinado para a expansão de ativos florestais, atualização e aprimoramento de controles ambientais, incrementos tecnológicos que resultam em eficiência energética e redução de emissões de gases de efeito estufa.

Para 2025, o novo plano de investimentos da Companhia está estimado no valor de R$ 6,0 bilhões, contemplando projetos Capex voltados à manutenção, expansão e atualização tecnológica de suas operações.

—Em 2024, seguimos a execução de nossa estratégia de crescimento sustentável e, ao mesmo tempo, mantivemos nossa solidez financeira. Acreditamos que ambos são imprescindíveis para gerarmos valor consistentemente para nossos acionistas e demais stakeholders —diz Rafael Japur, CFO da Gerdau. —Para 2025, seguiremos atentos aos cenários futuros, com uma rigorosa disciplina em alocação de capital—.

Retorno aos Acionistas —A Gerdau S.A. e a Metalúrgica Gerdau S.A. pagarão dividendos nos dias 14 e 17 de março, respectivamente. Na Gerdau S.A., será pago o valor de R$ 0,10 por ação (equivalente a R$ 203 milhões) e na Metalúrgica Gerdau S.A. será pago o valor de R$ 0,05 por ação (equivalente a R$ 50 milhões), em ambos os casos sobre a posição de ações detidas em 05 de março de 2025. No acumulado de 2024, estão sendo destinados, por meio de dividendos, R$1,7 bilhão (R$ 0,80 por ação) para os acionistas da Gerdau S.A. e R$ 461 milhões (R$ 0,45 por ação) para os acionistas da Metalúrgica Gerdau S.A..

Adicionalmente, no quarto trimestre de 2024, ambas as Companhias concluíram o programa de recompra de ações de 2024. Na Gerdau S.A. foram recompradas 69,8 milhões de ações ordinárias e preferenciais, representando aproximadamente 3,4% das ações outstanding, enquanto na Metalúrgica Gerdau S.A. foram recompradas 33 milhões de ações preferenciais, representando 3,3% das ações outstanding. Em 2024, considerando os proventos distribuídos e as recompras realizadas, a Gerdau S.A. distribuiu R$ 2,9 bilhões e a Metalúrgica Gerdau S.A. R$ 765 milhões, representando um payout de 65,9% e 52,1%, respectivamente.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   24/02/2025

Economistas do mercado discutiram o aumento da incerteza doméstica e externa em duas reuniões com diretores do Banco Central na manhã desta sexta-feira, 21. A visão majoritária nos encontros foi de que o cenário agora parece menos adverso do que em dezembro. Mas as dúvidas aumentaram desde o fim do ano passado.

Os analistas divergiram sobre os impactos da adoção de tarifas sobre importações e das medidas de combate à imigração do presidente Donald Trump sobre a economia americana. A visão majoritária é de que, combinados, esses fatores são inflacionários e devem levar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) a manter os juros mais altos. O resultado seria um dólar mais forte globalmente.

Em contrapartida, uma ala de economistas ponderou que o combate à imigração pode ter impacto negativo relevante no Produto Interno Bruto (PIB) americano. A economia do país cresceria menos do que nos últimos anos, quando houve surpresas repetidas no ritmo da atividade. Isso poderia ajudar a controlar a inflação e, eventualmente, controlar a cotação da moeda americana.

No front doméstico, os economistas deram destaque ao ritmo esperado de desaceleração da atividade. A avaliação é de que o PIB já deve ter arrefecido desde o quarto trimestre de 2024, mas não houve consenso sobre como esse processo se dará ao longo deste ano. Por um lado, o aperto monetário afeta a economia. Por outro, alguns fatores podem mitigar esse impacto.

Alguns analistas disseram já ver evidências de uma inflexão no ciclo de crédito, que deve ser a principal responsável pelo arrefecimento da economia este ano. Mas os economistas ponderaram que medidas como o novo consignado privado podem estimular o crédito e agir na direção contrária da taxa Selic, impulsionando a demanda agregada.

Outras medidas fiscais e parafiscais - a exemplo de um eventual aumento dos gastos públicos e da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil - também foram citados como fatores que podem limitar a desaceleração da economia. Na avaliação dos economistas, mesmo com a taxa de juros mais alta, a inflação não deve convergir ao centro da meta no horizonte relevante do BC.

O impacto dessas medidas também se torna mais imprevisível diante da forma como o mercado antecipou a discussão sobre as eleições de 2026, segundo alguns analistas. Desta forma, é difícil calcular o impacto que iniciativas como essas podem ter nas expectativas e preços de ativos.

Pela autoridade monetária, participaram dos encontros desta sexta-feira os diretores de Política Econômica, Diogo Guillen, e de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos, Paulo Picchetti. As reuniões ocorreram na sede do BC em São Paulo, na Avenida Paulista.

IstoÉ Dinheiro - SP   24/02/2025

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou nesta sexta-feira que a autarquia espera um arrefecimento da atividade, mas que o patamar da taxa de juros só será reduzido quando houver a convicção de que isso está afetando o nível dos preços.

“Não vai ser a atividade que vai fazer com que a gente diminua o nível de juros, vai ser a percepção e a convicção de que está afetando o nível de inflação… Nossa meta é a inflação”, disse em live do Bradesco BBI.

O diretor afirmou que a autarquia tem plena convicção sobre a potência da política monetária para baixar a inflação. Para ele, no entanto, a avaliação de parte dos agentes de mercado de que ventos contrários podem mitigar o efeito dos juros dificulta o trabalho do BC.

Sem dar detalhes, ele acrescentou que eventos extraordinários fomentaram o crescimento econômico do país para além do esperado, o que acabou indo contra o efeito da política monetária.

O BC vem promovendo um intenso ciclo de aperto monetário, levando os juros básicos a 13,25% ao ano e prometendo mais uma alta de 1 ponto percentual em março na tentativa de levar a inflação à meta de 3% no médio prazo, em meio a uma persistente desancoragem das expectativas de mercado.

“A gente entende que os próximos meses vão ser desafiadores, a inflação de 12 meses vai piorar antes de melhorar”, avaliou, prevendo que não deve haver uma inflexão do índice de preços nos próximos meses.

Para o diretor, esse cenário para a inflação corrente não ajuda no processo de melhora das expectativas de mercado, que são levadas em conta pelo BC nas decisões da política de juros.

Após avaliar que a política monetária está contracionista e “tem que estar lá porque esse é o melhor posicionamento”, ele disse o BC ainda não está falando sobre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio, para a qual a diretoria deixou em aberto o que fará com a Selic.

Perguntado sobre a postura que o BC pode adotar em uma eventual atuação do governo para fortalecer a atividade e se contrapor ao aperto monetário, David disse que “subir os juros com algo que talvez aconteça não parece a política mais adequada” quando os juros já estão em patamar restritivo.

Ele ponderou que o BC acompanha o cenário, avalia se o aperto monetário é suficiente ou não e vai ajustar os juros se for necessário.

IstoÉ Dinheiro - SP   24/02/2025

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Nilton David, disse nesta sexta, 21, que a avaliação da autoridade monetária é a de que os próximos meses serão desafiadores para a inflação, e que o indicador tende a piorar antes de melhorar. Ele participou de uma live organizada pelo Bradesco BBI.

“A gente entende que os próximos meses vão ser desafiadores. A inflação vai piorar aos 12 meses antes de melhorar. Existe defasagem na política monetária. A gente tem uma boa convicção de que a gente estava contracionista (estratégia que consiste em desacelerar a economia por meio de elevação dos juros) antes da última alta, e que a gente está mais contracionista agora”, disse. Ele defendeu que haverá convergência do indicador, que chegará ao intervalo da meta dentro do horizonte relevante, que é o terceiro trimestre de 2026.

Em dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou os juros em 1 ponto porcentual, de 11,25% para 12,25%, e indicou mais duas altas da mesma magnitude. Em janeiro deste ano, o colegiado cumpriu a promessa ao elevar a taxa para 13,25% e reforçar que antevê outra elevação de mesmo nível em março, mas sem oferecer sinalização para maio. “Não é um forward guidance (indicação dos próximos passos da autoridade monetária) adicional”, disse Nilton. “A reunião de maio é a reunião de maio, não tem nada (decidido), não se fala nisso ainda.”

Ex-chefe de operações da tesouraria do Bradesco, Nilton David – que foi indicado ao cargo no BC pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no fim do ano passado – disse que a autoridade monetária espera arrefecimento da atividade econômica, mas que não é isso que levará a uma parada no ciclo de alta nos juros, já que a meta é a inflação. “O esperado é que a atividade arrefeça”, garantiu, e complementou. “Não vai ser a (baixa) atividade que vai fazer com que a gente diminua o nível de juros. Vai ser a percepção e a convicção que está afetando o nível de inflação, o processo desinflacionário. Nossa meta é a inflação, obviamente que a atividade tende a ser um dos canais de transmissão.”

O diretor defendeu que o BC precisa ter um grande conjunto de dados que mostre o esfriamento da atividade e que segue avaliando com lupa cada uma das possibilidades, inclusive o mercado de trabalho.

Ainda que a inflação esteja dentro do intervalo, pode estar acima do centro, ao redor de 4%. A meta a ser atingida é de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais (4,5%) e para menos (1,5%). “Acho que o grande desafio vai ser a gente ver essa inflexão da inflação, que não vai acontecer nos próximos meses. Não é o esperado. A incerteza é grande”, disse.

Nilton David garantiu que o BC leva as expectativas a respeito da inflação muito a sério, tanto que foram colocadas na ata e no comunicado do Copom para justificar a decisão de elevação dos juros. Isso daria o tom da importância dada pelo BC a esse ponto.

Alta ‘preventiva’

O diretor acrescentou que uma eventual elevação “preventiva” da taxa Selic, com base em riscos no cenário, parece inadequada. Segundo ele, a política monetária já está apertada, o que demanda paciência para esperar seus efeitos.

“Não é sem custo ficar com a política monetária apertada, longe disso”, disse. “Subir os juros preemptivamente por algo que talvez aconteça não parece a política mais adequada quando já se está com juros restritivos.”

Nilton destacou, no entanto, que o BC está observando todos os fatores e não vai hesitar em continuar elevando a taxa Selic. “Acho que não tem nenhuma dúvida que o Banco Central vai ajustar os juros se for necessário.”

‘Vento de proa’

“Vou deixar bem claro: a política monetária funciona. Ponto. Então, se o vento de proa vai ser forte o suficiente para diminuir a força com que eu empurro, é outra história. Se vai haver outras coisas que vão fomentar crescimento nesse ínterim, é uma outra discussão. Então, se esse grupo aqui (presente na live) está meio que São Tomé, que tem de ver para crer, isso vai ser um processo mais demorado. O que não facilita muito a atividade do Banco Central, obviamente, mas é o que é. A gente trabalha com os dados de entrada e responde dessa forma.”

O Estado de S.Paulo - SP   24/02/2025

Em discurso no aniversário e 45 anos do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar projeções de crescimento do mercado e afirmou que o PIB deve crescer 3,8% em 2024 conforme projeções do Banco Central.

“Em 2023, enquanto o mercado previa um ‘pibzinho’ de 0,8%, nos tivemos um PIB quatro vezes maior, de 3,2%. Em 2024, o crescimento da economia deve ser ainda maior, possivelmente de 3,8% segundo o Banco Central. Esse dinamismo é resultado de diversos fatores”, disse.

Lula lembrou que, ao sair do governo em 2010, deixou uma economia que crescera 7,5% naquele ano e que o último crescimento de 3% antes do seu terceiro governo haviam sido sob Dilma Rousseff.

Ele atribuiu os bons números da economia ao trabalho do governo, mas especialmente do ministro da economia, Fernando Haddad, a quem atribuiu o déficit fiscal de 0,09% do PIB.

O presidente citou retomada de investimentos em infraestrutura e da atividade produtiva, a expansão do mercado de trabalho, e politicas sociais e de inclusão. Neste ponto, o presidente da República prometeu voltar à “fome zero” no País até 2026.

Futuro do PT

“Nós, o PT, ainda estamos aqui”, disse Lula em referência ao filme de Walter Sales. E para continuar a mudar o Brasil, o PT precisa mudar sem mudar a sua essência”, afirmou.

Para Lula, o partido precisa estar conectado com o futuro e rebater notícias falsas com a maior velocidade possível.

IstoÉ Dinheiro - SP   24/02/2025

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, trocou reclamações com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, nesta sexta-feira, dizendo a Pequim para fazer mais para conter o tráfico de fentanil e reequilibrar sua economia, enquanto ouvia as preocupações de He sobre as novas tarifas do presidente Donald Trump, disseram os dois governos.

As autoridades econômicas das duas maiores economias do mundo concordaram em manter a comunicação daqui para frente, disse o Tesouro em uma leitura sobre a chamada de vídeo.

“O secretário Bessent expressou sérias preocupações sobre os esforços de combate ao narcotráfico da (China), desequilíbrios econômicos e políticas injustas, e enfatizou o compromisso do governo em buscar políticas comerciais e econômicas que protejam a economia norte-americana, o trabalhador norte-americano e nossa segurança nacional”, disse o Tesouro.

Anteriormente, a mídia estatal chinesa informou que He expressou preocupações a Bessent sobre as tarifas e restrições comerciais dos EUA sobre a China durante a ligação.

Os dois lados tiveram uma troca de opiniões “aprofundada” sobre questões importantes nas relações econômicas entre a China e os EUA, e ambos concordaram em manter a comunicação sobre questões de interesse mútuo, de acordo com uma leitura divulgada pela mídia estatal chinesa.

He, o principal negociador comercial entre a China e os EUA do lado chinês, e Bessent reconheceram a importância das relações econômicas e comerciais bilaterais, acrescentou a nota.

A China e os EUA estão tentando administrar seu relacionamento, já que as duas maiores economias do mundo estão à beira de uma nova guerra comercial.

O presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas de 10% sobre todos os produtos chineses no início de fevereiro, citando o fracasso da China em conter o tráfico de fentanil.

Pequim retaliou impondo tarifas direcionadas de até 15% sobre algumas importações dos EUA, incluindo energia e equipamentos agrícolas, e colocou várias empresas, incluindo o Google, em alerta para possíveis sanções.

Trump também planeja outras tarifas recíprocas para todos os países que taxam as importações dos EUA, uma medida que provavelmente aumentará ainda mais as tensões comerciais globais. Durante sua campanha eleitoral, Trump ameaçou impor tarifas de 60% sobre todas as importações chinesas.

Trump disse nesta semana esperar que o presidente chinês Xi Jinping visite os EUA, sem dar um cronograma para sua viagem.

Bessent disse na quinta-feira que diria a seu colega chinês que a China precisava reequilibrar sua economia e depender mais do consumo interno para o crescimento e menos do investimento e das exportações.

“Eles estão suprimindo o consumidor em favor da comunidade empresarial”, disse Bessent à Bloomberg Television.

IstoÉ Dinheiro - SP   24/02/2025

Um governo com Orçamento equilibrado é condição para o desenvolvimento sustentável do país, inclusive para levar a inflação e os juros para baixo, disse nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Em entrevista ao ICL Notícias, Haddad ainda afirmou que, com a queda recente do dólar e uma safra melhor, o governo acredita que os preços no país vão se estabilizar em um “patamar mais adequado”.

“Nós temos um compromisso com a questão fiscal, fizemos o ajuste ano passado. O Orçamento pode ser aprovado com equilíbrio nas contas, é o que garante a sustentabilidade da economia brasileira no médio e longo prazo, um crescimento com inflação baixa, que é a nossa obsessão”, afirmou.

O Banco Central vem promovendo um intenso ciclo de alta nos juros básicos, atualmente em 13,25% ao ano, para domar a inflação, enquanto agentes de mercado mantêm expectativas para os preços à frente desancoradas, apontando a questão fiscal com um fator de preocupação.

Para o ministro, “faz parte do jogo” usar a taxa de juro e fazer o trabalho fiscal para controlar a inflação.

Em meio a alerta do BC sobre um possível superaquecimento da economia, que pressiona a inflação, Haddad afirmou que a ampliação do crédito consignado para trabalhadores privados planejada pelo governo poderá alavancar o Produto Interno Bruto (PIB).

IMPOSTO DE RENDA

O ministro disse que o desafio do governo na reforma do Imposto de Renda, ainda não proposta, não será isentar o tributo para quem ganha até R$5 mil, mas compensar essa renúncia de arrecadação cobrando de quem atualmente não paga.

O governo já sinalizou que o aumento da faixa de isenção do IR será compensado pela implementação de um imposto mínimo de até 10% que incidirá sobre a fatia mais rica da população.

Na entrevista, o ministro também disse acreditar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegará “muito competitivo” às eleições de 2026, reafirmando que não tem pretensão de concorrer a nenhum cargo.

Após a veiculação de notícias de que ministros do governo teriam levado a Lula críticas ao Ministério da Fazenda em um momento que o titular da pasta fazia viagem a trabalho ao exterior, Haddad afirmou que não seria razoável imaginar um colega aproveitando de sua ausência para fazer críticas.

“Eu não quero crer que, na minha ausência, alguém tenha feito crítica a mim numa reunião com o presidente Lula”, disse.

CNN Brasil - SP   24/02/2025

O presidente Donald Trump assinou um memorando na sexta-feira (21) que orienta o Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos a restringir investimentos chineses em áreas estratégicas, segundo uma autoridade da Casa Branca.

O memorando de segurança nacional visa promover o investimento estrangeiro e, ao mesmo tempo, proteger os interesses de segurança nacional dos EUA de ameaças representadas por adversários estrangeiros como a China, disse a autoridade.

A ordem diz que a China está “explorando nosso capital e engenhosidade para financiar e modernizar suas operações militares, de inteligência e de segurança, representando ameaças diretas à segurança dos Estados Unidos”.

Segundo a diretiva, os Estados Unidos estabelecerão novas regras “para coibir a exploração de seu capital, tecnologia e conhecimento por adversários estrangeiros, como a China, para garantir que somente os investimentos que atendem aos interesses americanos sejam permitidos”, disse a autoridade.

A autoridade também disse que o governo Trump considerará restrições novas ou ampliadas ao investimento externo dos EUA na China em tecnologias sensíveis, incluindo semicondutores, inteligência artificial, quântica, biotecnologia, aeroespacial e muito mais.

Os Estados Unidos devem parar de “politizar” e “transformar em armas” questões econômicas, disse o Ministério do Comércio chinês em um comunicado no sábado, acrescentando que a China monitoraria de perto a situação e tomaria as medidas necessárias para defender seus direitos e interesses legítimos.

As medidas ameaçam aumentar as tensões econômicas com a China depois que o presidente aumentou as tarifas sobre as importações chinesas como uma de suas primeiras ações no cargo.

O CFIUS, que analisa o investimento estrangeiro nos Estados Unidos em busca de riscos à segurança nacional, já supervisionou uma queda acentuada no investimento chinês nos Estados Unidos.

De acordo com o Rhodium Group, o investimento anual chinês caiu de US$ 46 bilhões em 2016 para menos de US$ 5 bilhões em 2022.

A ordem observou que entidades e indivíduos estrangeiros detêm cerca de 43 milhões de acres de terras agrícolas nos EUA, o que representa quase 2% de todas as terras dos Estados Unidos, disse a autoridade.

A China possui mais de 350.000 acres de terras agrícolas em 27 estados, disse a autoridade.

Grupos agrícolas e legisladores expressaram preocupações nos últimos anos de que as compras de terras por investidores e países estrangeiros estão elevando os preços das terras agrícolas e ameaçando a segurança nacional.

O funcionário da Casa Branca também observou que hackers chineses têm repetidamente atacado entidades dos EUA, incluindo recentemente a violação do escritório CFIUS do Departamento do Tesouro, a entidade responsável por analisar investimentos estrangeiros em busca de riscos à segurança nacional.

O regime de saída poderia expandir uma ordem executiva , revelada em 2023 pelo governo Biden, para começar a proibir alguns investimentos dos EUA em certas tecnologias sensíveis na China e exigir a notificação governamental de outros investimentos.

MINERAÇÃO

IstoÉ Dinheiro - SP   24/02/2025

Os preços futuros do minério de ferro subiram nesta sexta-feira, atingindo os níveis mais altos em mais de quatro meses, e caminhavam para um ganho em base semanal conforme os sinais de recuperação no consumo de aço melhoraram as perspectivas de demanda na China, onde as esperanças de mais estímulos econômicos voltaram a crescer.

O contrato de maio de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 1,51%, a 838,5 iuanes (US$115,75) a tonelada, depois de ter alcançado o maior valor desde 8 de outubro de 2024, a 844 iuanes a tonelada, no início da sessão.

O minério de ferro de referência de março na Bolsa de Cingapura subiu 0,06%, para US$108,75 a tonelada, depois de também ter subido mais cedo ao patamar mais alto desde 8 de outubro de 2024, a US$109,3.

Em base semanal, ambos os índices de referência registraram aumentos em torno de 3%.

O consumo de aço downstream mostrou sinais de recuperação, com os volumes de transações de produtos de aço para construção saltando 44% na semana, para 112.600 toneladas na quinta-feira, mostraram dados da consultoria Mysteel, o que forneceu apoio aos preços do minério.

“As expectativas de crescimento da demanda de vergalhões se fortaleceram em meio à próxima temporada de pico de construção (em março), com o clima ficando quente”, disseram analistas da Cofco Futures em uma nota.

O sentimento também foi impulsionado pelo banco central da China, que prometeu na quinta-feira proporcionar forte apoio financeiro para o desenvolvimento saudável da economia privada e o crescimento das empresas privadas.

No entanto, a média diária de produção de metais quentes, um indicador da demanda de minério de ferro, caiu pela segunda semana consecutiva em 0,2% em relação à semana anterior, para 2,28 milhões de toneladas em 20 de fevereiro, mostrou uma pesquisa da Mysteel, limitando os ganhos de preços.

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   24/02/2025

O papel de Elon Musk como czar de redução de custos do presidente Donald Trump e sua imersão na política de direita parecem estar desviando sua atenção da Tesla em um momento perigoso para a empresa de carros elétricos.

As vendas de carros da Tesla caíram 1% no ano passado, apesar de o mercado global de veículos elétricos ter crescido 25%. Musk ainda não abordou esse desempenho fraco e não ofereceu nenhum plano concreto para reanimar as vendas. Ele também não forneceu detalhes sobre um veículo mais barato que a Tesla diz que começará a produzir este ano. No passado, Musk passava meses ou anos promovendo veículos antes que eles aparecessem nos showrooms.

E ele tem passado grande parte de seu tempo, desde a eleição, em Washington e na casa de Trump na Flórida – longe de Austin, Texas, onde a Tesla tem sua sede corporativa e uma fábrica, ou na área da Baía de São Francisco, onde tem uma fábrica e escritórios de engenharia.

Mais ou menos na última década a Tesla passou de uma startup em dificuldades a uma empresa que revolucionou o setor automobilístico global. A empresa vendeu milhões de carros elétricos e gerou lucros enormes, forçando os fabricantes de automóveis estabelecidos a investir bilhões de dólares para recuperar o atraso. O sucesso da Tesla se refletiu no aumento do preço de suas ações, o que ajudou a tornar Musk a pessoa mais rica do mundo.

Mas, agora, ele parece ter perdido o interesse no negócio de desenvolvimento, produção e venda de carros, dizem investidores e analistas. E isso pode ter sérias consequências para sua empresa e para o setor automotivo, que emprega milhões de pessoas em todo o mundo.

Mesmo antes de entrar para o governo Trump como chefe do Departamento de Eficiência Governamental, o fato de Musk administrar várias empresas levou investidores e especialistas em governança corporativa a se perguntarem se ele não estaria muito ocupado. Além da Tesla, Musk controla e dirige a SpaceX, cujos foguetes transportam astronautas e satélites para a Nasa e outros; X, o site de mídia social; e a xAI, que está desenvolvendo inteligência artificial. E ele quer colonizar Marte.

“Não temos um CEO que esteja totalmente focado em garantir que a Tesla continue a ser líder no espaço de carros elétricos”, disse Brad Lander, que supervisiona os fundos de pensão dos funcionários da cidade de Nova York - donos de ações da Tesla no valor de US$ 1,25 bilhão.

Lander disse querer que Musk permanecesse no conselho da Tesla e deixasse suas funções de CEO para alguém que fizesse o trabalho em tempo integral. “Não é pedir muito”, disse. “Esse é apenas o modelo básico de governança dos acionistas nos Estados Unidos.”

Musk e a Tesla não responderam aos pedidos de comentários.

No passado, ele e o conselho da Tesla defenderam a administração nos moldes atuais e rejeitaram a ideia de que o empresário estava sobrecarregado. Eles apontaram o aumento do preço das ações da empresa e os lucros robustos como prova de que a Tesla não sofreu por causa dos outros compromissos de Musk.
Efeitos da atividade política

O apoio de Musk a líderes de direita em seu país e na Alemanha, Grã-Bretanha, França e outros países parece ter afastado um número significativo de clientes.

Há sinais de que as atividades políticas de Musk e sua presença reduzida na Tesla também estão provocando insatisfação dentro da empresa.

O descontentamento ficou evidente durante uma reunião incomum realizada no mês passado nos escritórios da empresa em Palo Alto, Califórnia, onde vários funcionários expressaram suas frustrações.

Um executivo sênior que falou na reunião disse aos funcionários que ele também estava desanimado com o comportamento “inconstante” de Musk e com a saída de alguns executivos sênior que tinham sido uma influência moderadora. As postagens polarizadoras do CEO nas mídias sociais e seu trabalho no governo Trump estavam afastando os clientes, levando alguns funcionários a deixar a empresa e dificultando o recrutamento de novos talentos para a Tesla, disse o executivo, de acordo com uma gravação de áudio da reunião analisada pelo The New York Times.

O executivo pediu aos funcionários que se concentrassem em seu trabalho e ignorassem os comentários de Musk no X e em outros fóruns. “Eu simplesmente ignoro e penso no que estamos fazendo, se é algo empolgante para mim e se está causando impacto”, disse. “Esse é o melhor conselho que posso dar sobre como lidar com isso.”

A gravação foi relatada pela primeira vez pelo The Washington Post.

Há sinais de que pelo menos alguns investidores também estão tendo dúvidas. O preço das ações da Tesla caiu 25% desde meados de dezembro, embora ainda esteja em alta de cerca de 40% desde a eleição. O índice de ações S&P 500 subiu cerca de 6% desde a eleição.

Mas muitos investidores ainda têm fé em Musk. É por isso que Wall Street trata a Tesla como sendo três vezes mais valiosa do que a Toyota, a maior montadora do mundo.

Os investidores otimistas acreditam que a empresa desenvolverá carros que podem dirigir sozinhos na maioria das condições. A ARK Invest, uma empresa de investimentos que há muito tempo está otimista em relação aos empreendimentos de Musk, estima que a Tesla poderia controlar metade de um mercado estimado em US$ 10 trilhões para serviços de carona autônoma.

“Vejo um caminho para que a Tesla seja, de longe, a empresa mais valiosa do mundo”, disse Musk em janeiro. O crescimento, acrescentou ele, seria “esmagadoramente devido a veículos autônomos e robôs humanoides autônomos”.

O que Musk parece surpreendentemente despreocupado é com o maior negócio da Tesla atualmente: a venda de carros.

Durante uma teleconferência no mês passado para discutir os resultados do quarto trimestre da Tesla, um analista financeiro pediu que ele explicasse seus planos de vender mais carros para aproveitar a vantagem competitiva da Tesla na tecnologia que permite que os carros, em alguns casos, dirijam, acelerem e diminuam a velocidade por conta própria. Musk disse não ter entendido a pergunta e afirmou que a empresa já tinha milhões de carros nas ruas.

A empresa perdeu participação de mercado para a BYD na China; para a BMW e a Volkswagen na Europa; e para a Hyundai e a General Motors nos Estados Unidos. Alguns motoristas da Tesla, incluindo a musicista Sheryl Crow, estão tão chateados com as atividades políticas de Musk que estão vendendo seus carros ou dizendo que não comprarão outro.

Em janeiro, as vendas da Tesla caíram 59% na Alemanha, 63% na França e 12% na Grã-Bretanha depois que Musk endossou políticos de direita e fez declarações inflamadas nas mídias sociais. As vendas da Tesla caíram 12% no ano passado na Califórnia, que responde por quase um terço dos carros elétricos vendidos nos Estados Unidos.

“O ódio é real”, escreveu Ross Gerber, CEO da Gerber Kawasaki Wealth and Investment Management, em uma publicação no X, juntamente com uma foto de um Cybertruck que alguém havia vandalizado com uma obscenidade.

Mas a repercussão política não é o único problema da empresa.

A Tesla continua dependendo de dois veículos, o Model 3 e o Model Y, para 95% de suas vendas. A BYD tem mais de uma dúzia de modelos elétricos, alguns custando muito menos de US$ 20 mil. O Model 3 custa a partir de US$ 42 mil nos Estados Unidos, antes de levar em conta um crédito fiscal federal de US$ 7,5 mil.

Especialistas em automóveis afirmam que a Tesla precisa urgentemente de um carro mais barato para reanimar as vendas. Mas, no ano passado, Musk adiou indefinidamente os planos de construir um carro de baixo custo em Monterrey, México, que custaria US$ 25 mil.

A empresa prometeu começar a produzir um novo modelo em suas fábricas existentes até o final de junho, mas não exibiu um protótipo ou forneceu detalhes. Os analistas esperam que ele seja baseado no Model 3 e custe muito mais do que US$ 25 mil.

“Seria de se esperar que eles estivessem dobrando a aposta e tentando capitalizar a vantagem que têm sobre os outros participantes”, disse Michael Lenox, professor de negócios da Universidade da Virgínia. “Isso levanta a questão”, acrescentou: “Será que houve falta de atenção?”

IstoÉ Dinheiro - SP   24/02/2025

A autoridade de concorrência da Itália disse nesta sexta-feira que estava investigando BYD , Stellantis , Tesla e Volkswagen por supostamente enganar os consumidores sobre o desempenho de seus veículos elétricos.

As investigações por possíveis práticas comerciais desleais envolvem informações “sobre autonomia de direção de veículos elétricos, degradação da capacidade da bateria e limitações nas garantias padrão da bateria, potencialmente violando o Código do Consumidor”, disse o órgão regulador em um comunicado.

De acordo com a legislação italiana, violações das regras de direitos do consumidor podem levar as empresas a pagar multas que variam de 5 mil a 10 milhões de euros.

A Stellantis disse em um comunicado que estava cooperando totalmente com a autoridade e forneceu as respostas, informações e documentação necessárias.

“A Stellantis… está convencida de que forneceu respostas adequadas, precisas e completas às perguntas feitas pelas autoridades”, afirmou.

“A Stellantis coloca as necessidades e a satisfação de seus clientes no centro de todas as suas atividades e acredita que a investigação em andamento confirmará isso.”

A BYD e a Volkswagen se recusaram a comentar as investigações. A Tesla não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

De acordo com a autoridade, os sites das montadoras oferecem “informações genéricas e às vezes contraditórias” sobre a autonomia dos carros elétricos, sem esclarecer quais fatores podem impactar a autonomia máxima anunciada e em que medida.

O alcance dos veículos elétricos pode ser significativamente reduzido por condições externas, como clima frio ou uso de ar condicionado em temperaturas altas, bem como pelo tipo de rotas percorridas.

O regulador também alegou que os sites não forneciam aos consumidores informações claras e completas sobre a degradação da capacidade da bateria resultante do uso normal do veículo e sobre os termos ou limitações da garantia da bateria.

Como é habitual nesses casos, a autoridade disse que realizou inspeções na quinta-feira na sede italiana das quatro montadoras, com o auxílio da Guardia di Finanza, a polícia italiana de crimes financeiros.

IstoÉ Dinheiro - SP   24/02/2025

Um grupo japonês elaborou planos para que a Tesla aporte investimentos na Nissan após o fracasso das negociações de fusão da montadora japonesa com a Honda, informou o Financial Times nesta sexta-feira.

Uma outra reportagem do jornal japonês Nikkei afirma que a empresa de tecnologia taiwanesa Foxconn propôs uma parceria com a Honda com a finalidade de criar uma estrutura com quatro companhias, que também incluiria a Nissan e a Mitsubishi Motors.

O grupo japonês por trás dos planos de investimento da Tesla na Nissan espera que a empresa liderada por Elon Musk se torne uma investidora estratégica, e acredita que a companhia norte-americana estaria interessada em adquirir as fábricas da Nissan nos Estados Unidos, de acordo com o Financial Times.

A proposta é liderada pelo ex-membro do conselho da Tesla Hiromichi Mizuno, com o apoio do ex-premiê Yoshihide Suga e de seu ex-assessor Hiroto Izumi, disse o jornal, citando fontes anônimas.

O gabinete de Suga disse que não está ciente de um plano para incentivar a Tesla a investir na Nissan. Suga deixou o cargo de primeiro-ministro em 2021, mas continua na Câmara dos Deputados do Japão, representando um distrito eleitoral da prefeitura de Kanagawa, sede da Nissan.

Em postagem no X, Mizuno disse que não tinha “absolutamente nenhum envolvimento” no plano citado no artigo do Financial Times. Ele afirmou duvidar que a Tesla tenha interesse nas fábricas da Nissan, dado o design único das fábricas da montadora dos EUA.

A Nissan se recusou a comentar a reportagem e a Tesla não respondeu a pedidos de comentários. A Reuters não conseguiu contato imediato com Izumi.

Matt Britzman, analista sênior de ações da Hargreaves Lansdown, disse que não há vantagem para a Tesla em investir na infraestrutura de uma montadora antiga.

“A arma secreta da Tesla é a maneira inovadora como suas fábricas foram projetadas e otimizadas para seus carros”, disse Britzman, acrescentando que a empresa tem ampla capacidade em suas fábricas existentes.

As ações da Nissan fecharam em alta de 9,6% após a reportagem do Financial Times. A montadora e a Honda encerraram, na semana passada, negociações para criar uma empresa automobilística de US$60 bilhões. A Nissan disse que pretende buscar novas parcerias.

De acordo com o Financial Times, alguns membros da diretoria da Nissan sugeriram a Tesla e a Apple como investidores estratégicos ideais. A Apple não respondeu a um pedido de comentário.

Fontes disseram à Reuters anteriormente que a Nissan está aberta a parcerias e que a Foxconn, maior fabricante de produtos eletrônicos do mundo, é vista como uma candidata.

Nesta sexta-feira, o Nikkei informou que, por meio de uma parceria com a Honda, a Foxconn pretende formar uma ampla rede de cooperação para competir com a Tesla e fabricantes chineses de veículos elétricos.

A Honda se recusou a comentar a reportagem do Nikkei. Representantes da Foxconn não responderam imediatamente a um pedido de comentário.

O Estado de S.Paulo - SP   24/02/2025

A Woven City, localizada perto do Monte Fuji, é onde a montadora japonesa Toyota planeja testar a vida cotidiana com robôs, inteligência artificial e transporte autônomo de emissão zero.

Daisuke Toyoda, executivo responsável pelo projeto e membro da família fundadora da Toyota, enfatizou que a iniciativa não se trata de uma “cidade inteligente”. “Estamos criando um campo de testes para mobilidade, então isso é um pouco diferente. Não somos uma incorporadora imobiliária”, disse ele no sábado, durante uma visita às instalações, onde a primeira fase da construção foi concluída. A Associated Press foi o primeiro veículo de mídia estrangeiro a obter uma prévia da Woven City, um projeto avaliado em US$ 10 bilhões.

A primeira fase cobre uma área de 47.000 metros quadrados. Quando finalizada, a cidade terá 294.000 metros quadrados. Construída no terreno de uma antiga fábrica da Toyota Motor Corp., a Woven City foi projetada para ser um espaço onde pesquisadores e startups possam se reunir para compartilhar ideias, segundo Toyoda.

Planos ambiciosos para cidades futuristas já fracassaram ou ficaram inacabados, incluindo um projeto da Alphabet, empresa-mãe do Google, em Toronto; a cidade de Neon, na Arábia Saudita; um projeto perto de São Francisco, liderado por um ex-operador do Goldman Sachs; e Masdar City, próxima ao aeroporto de Abu Dhabi.

A construção da Woven City começou em 2021. Todos os edifícios são interligados por passagens subterrâneas, onde veículos autônomos circularão para recolher lixo e realizar entregas. Ainda não há moradores na cidade. Os primeiros residentes serão apenas 100 pessoas, chamados de “tecelões” – funcionários da Toyota e de empresas parceiras, como a fabricante de macarrão instantâneo Nissin e a produtora de ar-condicionados Daikin. A empresa de café UCC servia bebidas quentes a partir de um ônibus autônomo estacionado em uma praça cercada por complexos de apartamentos ainda vazios.

O nome da cidade homenageia as origens da Toyota como fabricante de teares automáticos (”woven” pode ser traduzido como “tecido”). Sakichi Toyoda, bisavô de Daisuke Toyoda, desenvolveu a tecnologia para facilitar o trabalho de sua mãe, que utilizava um tear manual.

Houve pouca menção a veículos elétricos no projeto, um segmento no qual a Toyota tem ficado atrás da concorrência. Enquanto Tesla e BYD se destacaram no mercado de EVs, a Toyota tem apostado no hidrogênio, que será a fonte de energia da Woven City.

Os executivos da Toyota reconhecem que não esperam lucrar com a Woven City, pelo menos não nos próximos anos. O analista automotivo Keisuke Konishi, do Quick Corporate Valuation Research Center, acredita que a Toyota quer desenvolver veículos robóticos para competir com o Waymo, da Google — mesmo que isso signifique construir um complexo inteiro. “A Toyota tem dinheiro para fazer tudo isso”, afirmou ele./AP

CONSTRUÇÃO CIVIL

IstoÉ Dinheiro - SP   24/02/2025

A intenção de empresários da indústria da construção em investir caiu em fevereiro. É o que aponta a Sondagem Indústria da Construção, divulgada nesta sexta-feira, 21, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O indicador que mede essa intenção teve uma queda de 3,1 pontos, embora ainda continue acima da média histórica, de 37,9 pontos, sugerindo que a intenção de investimento é maior que o usual.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) da indústria da construção também recuou, em 0,3 ponto em fevereiro, para 49,3 pontos.

Segundo a CNI, é o segundo mês consecutivo em que o indicador fica abaixo da linha divisória de 50 pontos, “o que mostra que os empresários do setor seguem pessimistas”, já que valores acima da linha de 50 pontos indicam otimismo.

Além disso, o nível de atividade da Indústria da construção também registrou pior desempenho em janeiro de 2025, tanto na comparação com dezembro quanto na comparação com janeiro do ano passado. O índice de atividade da construção ficou em 43,7 pontos no mês passado. Em dezembro de 2024, havia ficado em 45,4 pontos e, em janeiro de 2024, também em 45,4 pontos.

A Utilização da Capacidade Operacional (UCO) do setor ficou um ponto porcentual menor em janeiro de 2025 na comparação com o mesmo mês de 2024. A UCO foi de 67% em janeiro, representando uma desaceleração de um ponto porcentual frente à UCO registrada em janeiro do ano passado, de 68%.

“A avaliação da Indústria da construção é que as condições atuais da economia brasileira e das empresas são negativas, na comparação com os seis meses anteriores. Além disso, não há expectativa de melhora das condições da economia brasileira nos próximos seis meses, apesar de haver expectativa de melhora do desempenho das próprias construtoras nesse horizonte de tempo”, diz a pesquisa.

Já o índice do número de empregados da construção ficou em 45,6 pontos em janeiro, praticamente inalterado na comparação com dezembro de 2024, quando havia ficado em 45,7 pontos. “O índice mostra melhor desempenho na comparação com janeiro de 2024, quando registrou 44,9 pontos”, assinala a CNI.

Apesar dessa piora geral, em fevereiro os índices de expectativas da construção para o nível de atividade nos próximos seis meses não mudaram, enquanto a expectativa para o número de empregados e número de novos empreendimentos e serviços tiveram leve avanço (+0,5 ponto e +0,6 ponto, respectivamente).

O índice acerca da compra de insumos e matérias-primas nos próximos seis meses caiu (-1,2 ponto). “Ressalta-se que todas essas expectativas se mantiveram em patamar superior a 50 pontos, o que indica otimismo. Assim, a indústria da construção segue com expectativa de crescimento para todas essas variáveis nos próximos seis meses”, afirma a CNI.

Valor - SP   24/02/2025

Levantamento mostra que área ajudou a puxar número recorde de pedidos de recuperação judicial no país em 2024

Douglas Bassi, sócio da Virtus, diz que houve quebra de expectativas no setor — Foto: Fernando Martinho/Valor

Uma das áreas que ajudaram a puxar a fila recorde de pedidos de recuperação judicial (RJ) no ano passado, o setor imobiliário negocia vencimentos de até R$ 44 bilhões, segundo levantamento feito pela consultoria especializada em reestruturações corporativas Virtus, a pedido do Valor. Desse volume, até R$ 13,5 bilhões são vencimentos de curto prazo, ou seja, em 12 meses, e precisam de uma solução imediata.

Além do valor da dívida global, o estudo evidencia a discrepância entre empresas listadas, que no geral são maiores e com mais acesso à crédito, e fechadas. Os dados mostram que o problema está concentrado nas fechadas e de menor porte, onde estão até R$ 42 bilhões das dívidas em negociação ou em potencial reestruturação. Na prática, as listadas estão em situação financeira menos apertada e, por isso, têm conseguido se ajustar ao momento de mercado, preservando caixa e mantendo o foco em projetos mais estratégicos.

Um reflexo mais drástico já aparece nos pedidos de RJ. Dados do Monitor RGF apontam que o setor imobiliário liderou essa demanda no ano. Em 2024, foram 314 pedidos vindos de empresas de incorporação de empreendimentos imobiliários. No período, conforme estudo feito ao Valor, o crescimento do número de empresas do setor em recuperação foi de 17%.

Como as construtoras têm, abaixo de seu guarda-chuva, Sociedades de Propósitos Específicos (SPEs) para cada empreendimento, quando a holding entra em RJ, as SPEs vão junto, explica Rodrigo Gallegos, sócio da RGF.

A Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) também destaca as SPEs, mas como fator de segurança. O modelo “assegura que eventuais dificuldades financeiras [da empresa] não comprometam a conclusão das obras nem prejudiquem os consumidores”, diz em nota.

No entanto, as RJs no setor, que já cresceram no ano passado, tendem a seguir em curva ascendente, visto que há expectativa de baixa na economia no segundo semestre. Gallegos lembra que, devido ao ciclo longo de maturação dos projetos, muitas obras que estão na rua são fruto do momento de juros baixos e grande demanda gerado na pandemia.

Douglas Bassi, sócio da Virtus, afirma que muitas empresas do setor imobiliário, com pesadas dívidas, empurraram processos de reestruturação nos últimos anos, mas agora enfrentam novo ciclo de alta de juros. “Há empresas que se arrastaram e que agora precisam de uma solução”, afirmou. O executivo frisa que isso decorre de um contexto em que expectativas não se concretizaram, não só pelo aspecto dos juros, mas também porque em muitos segmentos os preços dos imóveis não se valorizaram como o previsto.

Sócio do escritório Pinheiro Neto na área de reestruturação, Giuliano Colombo diz que as maiores empresas estão ainda em posição mais confortável. Por terem caixa, podem adotar postura mais cautelosa frente aos investimentos e focar em construções em áreas mais demandadas. Já as menores, com incorporações no início e que ainda precisam de capital - cada vez mais caro - para seguirem com as obras, estão com dificuldades. “Cada empresa do setor está vivendo um momento específico.”

Há ainda fatores regionais. Principal mercado para o setor imobiliário no país, a cidade de São Paulo está com superoferta de apartamentos, na visão de Beto Horst, sócio da incorporadora e loteadora Lote5, o que tem prejudicado o preço e a velocidade de vendas das empresas que atuam acima do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que é subsidiado.

“O entusiasmo pós-pandemia fez com que o mercado financeiro disponibilizasse muitos recursos para incorporadoras, e muita empresa jovem, pouco experiente, recebeu”, afirmou. De acordo com ele, a expectativa era de juros decrescentes, o que impulsionou o investimento em mais projetos, que se esperava que fossem vendidos a preços maiores e de forma mais rápida do que a realidade.

Sua empresa está bem, mas decidiu suspender novos lançamentos na capital, ser agressiva nas vendas para liquidar o estoque e focar em loteamentos no interior.

O CEO de uma incorporadora de médio porte, que pediu anonimato, diz que só recorre a dinheiro emprestado no mercado de capitais quem não conseguiu financiamento com grandes bancos, que estão mais restritivos. Dessa forma, logo de partida o projeto já é classificado como “possível abacaxi”. “Se o mercado financeiro for precificar o risco, fica mais caro ainda, vira uma bola de neve”, disse.

Ele diz conhecer empresas menores que estão sofrendo para quitar o dinheiro que obtiveram para construir. “Não conseguem [pagar] ou até perdem a empresa”, afirmou. Seu negócio, no entanto, ainda estaria conseguindo captar com bancos, embora já tenha estabelecido laços com fundos e instituições privadas. “O mercado de capitais vai ser o grande agente financiador do setor imobiliário, como já acontece no agro”, disse. Mas, para que esse empréstimo seja sustentável para a cadeia, primeiro a taxa de juros precisa cair.

Cristian Lara, sócio da gestora Strategi, diz que a concentração de problemas nas incorporadoras menores tem também relação com a maior dificuldade de captação de recursos, o que faz elas trabalharem ainda mais alavancadas, característica que já é intrínseca ao setor. “O grande ponto é que o setor de incorporação e imobiliário tem um dos níveis de alavancagem mais agressivos do mercado”.

Segundo Lara, as incorporadoras precisam balancear o ritmo de venda, para impedir o descasamento de preço com eventual aumento de custos. Fazer isso é mais difícil para as empresas menores.

Em um cenário macroeconômico com inflação e juros altos, a equação se torna ainda mais difícil, visto que a figura do distrato aparece com mais frequência. Com isso, na gestora, têm surgido cada vez mais casos de obras em que o dinheiro do incorporador acabou. A depender da viabilidade do projeto, se busca uma solução financeira e a obra é repassada a um outra empresa, para ser finalizada.

Segundo a Abrainc, os pedidos de recuperação judicial “são casos pontuais e não configuram risco sistêmico para o mercado imobiliário”.

FERROVIÁRIO

IstoÉ Dinheiro - SP   24/02/2025

Inicialmente previsto para 2026, o leilão do Trem Intercidades (TIC) Eixo Oeste – que vai ligar a capital paulista ao município de Sorocaba – deve ocorrer no quarto trimestre deste ano, informa o secretário de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, ao Broadcast Político. Com a mudança, o governo de São Paulo agora tem 11 leilões previstos em 2025, estimando cerca de R$ 72,64 bilhões em investimento total.

“Se conseguirmos fazer os leilões do lote Alto Tietê (linhas 11, 12 e 13 da Companhia de Trens Metropolitanos, a CPTM) e lote ABC Guarulhos (linhas 10 e 14 da CPTM) sem percalços, conseguimos manter essa data”, disse Benini. “É o pipeline de projetos. O Alto Tietê já está com leilão marcado. O ABC Guarulhos já está em audiência pública. Então, está tudo encaminhado para fazermos as audiências do TIC no 2º trimestre.”

Com estudos sendo realizados pela International Finance Corporation, do Banco Mundial, a concessão seguirá o padrão de 30 anos, com investimento estimado em R$ 10 bilhões. Falta apenas fechar as datas ao final do ano, segundo a secretaria.

Antes, outras dez licitações de concorrência internacional devem ocorrer. Na maioria, o critério de julgamento será o maior desconto na contraprestação fixa e no aporte do Estado. Já a variável será baseada na disponibilidade de estrutura e serviços pela concessionária.

CPTM: Lote Alto Tietê – R$ 12,5 bilhões

O leilão está previsto para 28 de março. O modelo estipula o custeio de gastos administrativos, mão de obra, limpeza, manutenção e energia elétrica. O projeto prevê a construção de oito novas estações (três na Linha 11-Coral e cinco na Linha 13-Jade), reconstrução de quatro e a ampliação de cinco. Municípios como Guarulhos, Suzano e Mogi das Cruzes serão contemplados. Para usuários, as tarifas seguirão o valor determinado pelo governo, atualmente fixadas em R$ 5,20.

Rodovias: Lote Paranapanema – R$ 4,7 bilhões

A arrematação deve ocorrer em julho, prevendo construção de duplicações, passarelas, acostamentos, marginais, pontos de ônibus e dispositivos em desnível e nível. Já a receita tarifária deve ser de R$ 11,7 bilhões, com R$ 14,77 para pista simples e R$ 20,68 para pista dupla, com base nos valores de 2024.

Balsas – R$ 1,2 bilhão

Trata-se da concessão patrocinada de 14 balsas, sendo oito operadas pelo Departamento Hidroviário – incluindo Santos-Guarujá, Bertioga-Guarujá e São Sebastião-Ilha Bela, três da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), que atende a Região Metropolitana de São Paulo e três na região do Vale do Paraíba.

Com leilão previsto ainda para o segundo trimestre, o projeto prevê 48 novas embarcações. O lucro se dará em relação à tarifa cobrada dos usuários e à contraprestação pecuniária ao parceiro privado.

143 unidades de ensino – R$ 1,7 bilhão

O governo selecionou as escolas públicas com melhor desempenho acadêmico e infraestrutura – correspondendo a 2,55% da rede estadual – para a iniciativa privada assumir a gestão da manutenção, limpeza, alimentação, segurança, materiais escolares, equipamentos, entre outros. Segundo o governo, diretores e professores não serão poderão ser desligados. A hasta também deve ocorrer no segundo trimestre de 2025.

Centro Administrativo Campos Elíseos – R$ 4,7 bilhões

Após o pregão, que deve ocorrer no terceiro trimestre deste ano, a concessionária também será responsável por negociar as desapropriações de imóveis residenciais e comerciais da região. Com as obras, pretende-se revitalizar o centro e o parque Princesa Isabel.

Túnel Imerso Santos-Guarujá – R$5,96 bilhões

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se reuniram fora da agenda na última quarta-feira, 12, para definir os últimos detalhes do edital que deve ser lançado no próximo dia 27. O aporte público será dividido meio a meio. A futura empresa será responsável pela construção, operação e manutenção e o leilão deve acontecer no terceiro trimestre.

Rodovias: Rota Mogiana – R$ 4 bilhões

O contrato da ViaOeste (Lote 12) terminou em fevereiro de 2024. Por isso prevê-se uma nova concessão dos 321 km, ligando o Aeroporto Internacional de Viracopos à região de Vinhedo, por meio de pregão no terceiro trimestre.

Rodovias: Circuito das Águas – R$ 6,7 bilhões

Com o fim da concessão da Renovias (Lote 11) em agosto de 2024 das rodovias que conectam a cidade de Campinas à divisa com Minas Gerais, haverá novo arrematamento também no terceiro trimestre.

Estrada de Ferro Campos do Jordão – R$ 380 milhões

Ainda em fase de estudo pelo Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), os 47 km de linha férrea, o parque Reino das Águas Claras (38 mil m²) e o museu de Memória Ferroviária serão leiloados ao final do terceiro trimestre.

CPTM: Lote ABC Guarulhos – 19 bilhões

Estão previstos R$ 6 bilhões na reforma da Linha 10-Turquesa e R$ 14 bilhões na construção da futura Linha 14-Ônix, da CPTM. Seu leilão deve ocorrer no quarto trimestre.

Exame - SP   24/02/2025

A ViaMobilidade anunciou nesta sexta-feira, 21, um novo aporte de R$ 1,03 bilhão em investimentos para as Linhas 8 e 9 em 2025 para reduzir o tempo de viagem e reformar estações. A informação foi anunciada com exclusividade à EXAME pelo diretor das linhas, André Costa. A reportagem visitou o centro de operações da empresa.

"A ideia é que esse investimento represente uma consolidação das melhorias que já estamos fazendo há três anos nas linhas", afirma o diretor. O aporte faz parte do plano da plataforma, que prevê um total de R$ 1,57 bilhão em investimentos no setor em 2025.

Entre as prioridades está a implementação do Sistema Europeu de Controle de Trens (ETCS), tecnologia de sinalização que permitirá a redução dos intervalos entre composições no futuro.

A empresa já reservou R$ 77 milhões para esta melhoria, mas negocia com o governo a inclusão desse instrumento no contrato de concessão -- as novas concessões já preveem a implementação do ETCS.

"O atual sistema não permite alcançar a máxima eficiência operacional na redução dos intervalos entre trens. Hoje, tenho uma limitação técnica, mas que queremos evoluir para reduzir o tempo", diz.

Segundo Costa, com o sistema novo, o tempo médio de intervalo entre os trens cairá de quatro minutos e meio para três minutos nos horários de pico.

O plano prevê ainda a revitalização e a reforma de 15 estações e a instalação de mais 2 mil câmeras de segurança, totalizando 4 mil até o fim de 2025. Entre as principais obras, está a modernização da estação Lapa, com entrega prevista para março.

“Sabemos que reformas geram incômodos temporários, mas são essenciais para melhorar a experiência dos passageiros”, diz Costa.

O diretor revelou ainda que a ViaMobilidade também tem monitorado os impactos climáticos na operação dos trens. Segundo Costa, a chuva extrema que atingiu São Paulo recentemente causou uma paralisação de 50 minutos entre Lapa e Barra Funda, enquanto a linha 7-Rubi e a linha 1-Azul do Metrô tiveram impacto na operação por mais de um dia.

Para o executivo, esse dado é resultado do investimento em sistemas de drenagem e adotou um monitoramento climático avançado em parceria com a empresa Climatempo.

Costa afirma que o aumento de investimentos, que já chegam a R$ 4,1 bilhões, resultou no crescimento da satisfação dos passageiros. A última pesquisa realizada pela empresa mostrou um aumento de 12 pontos percentuais, representando um avanço proporcional de 30%[/grifar] em relação ao levantamento anterior.

“Isso mostra que os investimentos e estratégias de operação estão trazendo resultados positivos”, avalia Costa.

Segundo o diretor, a linha 9 já opera com 100% de trens novos, enquanto a linha 8 tem cerca de metade da frota renovada, e já realizou a troca de mais de 60 km de trilhos.

Busca de respostas rápidas para as falhas

Para reduzir o impacto de falhas, a concessionária investiu em treinamento e simulações de emergências, como ciberataques e eventos climáticos extremos.

“Hoje, sabemos exatamente o que fazer para restabelecer o serviço no menor tempo possível”, afirma Costa.

Após um número alto de falhas em 2022, que chegou a mais de 50 na linha Diamante e 70 na Esmeralda, quase o dobro que as das linhas da CPTM, segundo levantamento da TV Globo, as ocorrências caíram em 2023, em meio a uma ação cível do Ministério Público e 50 multas do governo do estado, que chegaram a R$ 20 milhões.

Segundo executivo, um dos avanços tecnológicos adotados que reduziu os problemas é um sistema de monitoramento da rede aérea, que usa inteligência artificial para identificar possíveis falhas antes que se tornem problemas operacionais. Além disso, a empresa adquiriu 50 novos veículos auxiliares, incluindo um carro de ultrassom para detectar irregularidades nos trilhos.

“Quando assumimos, havia 66 pontos de interferência na via permanente. Hoje, todos foram resolvidos, permitindo viagens mais rápidas e eficientes”, disse o executivo.

Sobre a superlotação nos trens, especialmente nos horários de pico, Costa afirma que o transporte público naturalmente terá alta densidade, mas que um fator que pressiona a linha 9 é a conexão direta com as linhas 4-Amarela e 5-Lilás do metrô, que despejam milhares de passageiros na operação.

“Um trem de metrô transporta cerca de 1.700 pessoas a cada dois minutos, enquanto um trem da linha 9 leva 2.100 passageiros a cada quatro minutos e meio. A matemática não fecha”, afirma.

As soluções, segundo o executivo, passam pela otimização da circulação dos trens, com ajustes nos tempos de intervalo e mudanças na estratégia de embarque e desembarque. Além disso, ele vê que com a inauguração de novas linhas e a expansão das já existentes os passageiros terão mais opções.

“Hoje, nosso sistema ferroviário está subdimensionado para a população de São Paulo. Precisamos de mais investimentos, como os projetos de expansão das linhas 11, 12, 13 e a futura linha 20”, afirma.

Ele também destacou a importância de modelos internacionais, como os pedágios urbanos de Londres e Nova York, que destinam arrecadação ao transporte público.

“O mundo todo já percebeu que investir em trilhos é a melhor solução para deslocamentos eficientes em áreas metropolitanas densas”, diz.

Com a chegada de 50 mil novos passageiros, ViaMobilidade promete ampliar frota de trens

Com a inauguração da estação Varginha prevista para maio, a estimativa é que 50 mil novos passageiros passem a utilizar a linha 9 diariamente. Para absorver essa demanda, a ViaMobilidade prevê a inclusão de até três novos trens na operação. Hoje, a empresa tem 55 trens, com 45 em operação diariamente.

“O desafio será manter a eficiência, pois aumentar o número de trens nem sempre significa reduzir o tempo de espera. Precisamos analisar a operação para garantir fluidez e evitar gargalos”, afirma Costa.

A empresa desenvolve um estudo de ciência comportamental, inspirado em modelos de Singapura e Colômbia, para incentivar maior engajamento dos usuários com o sistema.

“Queremos trabalhar com a população para melhorar a experiência e criar espaços sociais dentro das estações”, diz.

NAVAL

Monitor Digital - RJ   24/02/2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará nesta segunda-feira (24), no Estaleiro Rio Grande, de evento para assinatura de contrato do Programa de Ampliação da Frota da Petrobras e Transpetro em Rio Grande (RS). Serão adquiridos quatro navios da classe Handy, com valor de US$ 69,5 milhões por embarcação. Os navios serão usados no transporte de derivados de petróleo na costa brasileira., a partir das 10h30.

Nesta sexta-feira, o presidente participou, junto com o ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, da assinatura do contrato do novo terminal ITG02, formalizando a concessão bilionária no Porto de Itaguaí. Durante a cerimônia, o ministro anunciou a utilização dos recursos de 2024 e 2025 do Fundo da Marinha Mercante (FMM), destinados ao financiamento e desenvolvimento da indústria de construção naval.

Os contratos já firmados com o fundo totalizam R$ 5,49 bilhões, o maior valor desde 2012. Esses recursos serão destinados a 15 novos contratos que abrangem 565 obras para navegação interior, apoio marítimo, apoio portuário e cabotagem, além da reparação naval brasileira.

Considerado um marco para o setor portuário no Estado do Rio de Janeiro, o novo terminal do Porto de Itaguaí receberá investimentos de R$ 3,58 bilhões para ampliar a infraestrutura portuária e garantir o escoamento da produção de minério.

Dedicado à exportação de minério de ferro, o terminal conta com área de 249 mil m² e terá capacidade para movimentar 21,4 milhões de toneladas por ano, consolidando o Porto como um dos principais pólos de exportação do país, o que deve impulsionar a produção portuária em um terço. As obras serão feitas pela Cedro Participações, que arrendou o terminal em leilão realizado na sede da B3, em dezembro.

O ministro celebrou os investimentos de quase R$ 3,6 bilhões no Porto de Itaguaí, o maior feito nos últimos anos no setor e afirmou que o valor será triplicado.

“Esse é o maior leilão portuário do Brasil. Ao longo dos anos, esse investimento chegará a quase 10 bilhões, que serão revertidos em mais empregos e desenvolvimento para a região. Isso é o governo do presidente Lula trabalhando pelo Brasil”, disse Silvio Costa Filho. E destacou que, nos quatro anos do governo, serão mais de 60 leilões no setor, “o que significa mais de R$ 20 bilhões de investimentos portuários”, comemorou.

Ainda em seu discurso, Costa Filho falou sobre a retomada de investimentos na indústria da navegação brasileira, com o anúncio feito pelo Governo Federal de mais de R$ 40 bilhões de investimentos na indústria naval, “o que significa desenvolvimento, geração de oportunidades e globalização da navegação brasileira no mercado internacional”, disse e anunciou o compromisso do Governo Federal em sanar a dívida com os trabalhadores portuários: “O país precisou de quase 10 anos para acertar uma dívida com os trabalhadores portuários, porque os governos anteriores não repassavam os recursos para o fundo que administra os recursos dos trabalhadores, a Portus (fundo de previdência complementar dos funcionários de autoridades portuárias). Mas na próxima quinta-feira (27), vamos assinar um acordo que vai beneficiar 8 mil trabalhadores portuários no Brasil, o equivalente a R$ 5 bilhões de direitos para esses trabalhadores”, garantiu o ministro.

Já o presidente iniciou a sua fala elogiando o trabalho do ministro Silvio Costa Filho, “ele é alguém que trabalha para fazer acontecer” e agradeceu o trabalho de Costa Filho à frente do Ministério de Portos e Aeroportos. “Eu fico muito orgulhoso de ter escolhido um ministro de qualidade para trabalhar no meu governo”.

Lula continuou o seu discurso afirmando que o seu governo voltou para reconstruir o Brasil, para trazer mais desenvolvimento para o país. “Hoje é um dia de alegria por comemorar os investimentos no porto de Itaguaí, por estarmos próximo ao estaleiro da Marinha, o mais moderno do mundo, que está produzindo submarinos. Vamos trabalhar para esse país crescer, para aumentar salários e garantir direitos aos trabalhadores e para melhorar a vida do povo brasileiro”.

De acordo com a Portos Rio, autoridade portuária do estado, o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) da obra aponta que cerca de 2.800 empregos diretos e indiretos serão gerados durante a construção do terminal, e mais 2.000 empregos durante a operação do terminal.

IstoÉ Dinheiro - SP   24/02/2025

O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse que, para além dos R$ 3,58 bilhões previstos na concessão do terminal do meio do Porto de Itaguaí (ITG 02), os investimentos na estrutura vão chegar a R$ 10 bilhões nos “próximos anos”.

O terminal portuário teve concessão arrematada pela Cedro Participações S.A., em dezembro, com pagamento de outorga simbólico de R$ 1 milhão, para além da previsão de investimento bilionário a ser executado entre 2027 e 2029.

Costa Filho discursou nesta sexta-feira, 21, ao lado do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de assinatura do contrato de concessão, em Itaguaí, no Rio de Janeiro.

O ministro reforçou que o resultado deste leilão foi o maior da história desse tipo de licitação e mencionou o potencial de geração de emprego.

“Na fase da obra, serão gerados 2,2 mil empregos diretos, fora os indiretos. E, quando a obra estiver pronta, serão mais de 2 mil empregos para o povo da região”, disse Costa Filho.

Ele destacou o desempenho do governo Lula, que planeja mais de 60 leilões ao fim dos quatro anos de mandato, com mais de R$ 20 bilhões em investimentos previstos. Nos dez anos desde a lei dos portos, disse, foram realizados 42 processos do tipo, com garantia de apenas R$ 6 bilhões em investimentos.

Terminal ITG 02

O terminal concedido em Itaguaí tem 250 mil metros quadrados de área e capacidade para movimentar 20 milhões de toneladas por ano, que serão dominadas por cargas de minério de ferro trazidos do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. O potencial de incremento na atividade do Porto de Itaguaí é de um terço.

Presente na cerimônia, o presidente do Conselho de Administração da Cedro, Lucas Kallas, lembrou que, além das obras no porto fluminense, a empresa vai construir um ramal ferroviário de 26 quilômetros em Serra Azul (MG) para facilitar o escoamento de até 25 milhões de toneladas de minério de ferro, boa parte para exportação via Itaguaí.

Navegação

Silvio Costa Filho disse, ainda, que o governo vai induzir mais de R$ 40 bilhões em investimentos na indústria naval do País.

“Isso é desenvolvimento, geração de oportunidades e globalização cada vez maior da navegação do Brasil”, afirmou o ministro.

Fundo

Na cerimônia, o governo federal também anunciou a utilização de recursos do Fundo da Marinha Mercante referentes aos exercícios de 2024 e 2025.

Ao todo, os contratos firmados totalizam R$ 5,49 bilhões.

A Tribuna - SP   24/02/2025

Sob a expectativa de ser o maior leilão da história portuária brasileira, o Ministério de Portos e Aeroportos e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) retomaram o projeto de concessão do Terminal de Contêineres Santos 10 (Tecon Santos 10).

Para concretizar a licitação do megaterminal, a Antaq abriu nesta quinta-feira (20) consulta pública para o aprimoramento dos documentos técnicos e jurídicos relativos à realização de certame licitatório para o arrendamento. O prazo de contribuições vai até o dia 24 de março de 2025. Haverá uma audiência pública presencial, ainda sem data definida.

O empreendimento será na área do STS10, no Cais do Saboó, e enfrentou muitas idas e vindas e informações contraditórias por parte das autoridades ao longo dos últimos anos.

“Ele foi reestruturado recentemente e está desenhado para ser o maior terminal do Porto de Santos, consolidando-se como um empreendimento essencial para atender à demanda de movimentação e armazenagem de contêineres e carga geral no complexo portuário”, diz a Antaq.

Os investimentos previstos para o terminal totalizam R$ 5,6 bilhões, ao longo de 25 anos, abrangendo tanto intervenções na área arrendada quanto em áreas comuns do porto organizado, incluindo dragagens da área de manobra e dos berços de atracação do novo terminal. Esses recursos podem viabilizar um crescimento de 50% na capacidade do Porto, de 6 milhões para 9 milhões de TEU (unidade de medida equivalente a um contêiner padrão de 20 pés) por ano.

Área
O terminal, que ocupará uma área de 601 mil metros quadrados (m2) na Margem Direita do Porto de Santos, deverá ter capacidade para operar, por ano, 3 milhões de TEU.

“Ao lado de outras medidas que estão sendo adotadas, como a concessão do canal de acesso ao porto e a construção do túnel subaquático ligando Santos a Guarujá, o Tecon Santos 10 cria as condições para Santos se tornar um hub port para a América Latina”, afirma a agência, detalhando que o megaterminal seria capaz de receber grandes volumes de carga que poderiam ser despachadas em seguida para portos menores espalhados pelo continente.

Contribuições
As minutas jurídicas e documentos técnicos relativos à consulta pública estão disponíveis na página da Antaq.As contribuições escritas devem ser feitas exclusivamente pelo formulário eletrônico disponível no site.

Será permitido anexar imagens digitais, tais como mapas, plantas e fotos pelo e-mail anexo_audiencia022025@antaq.gov.br mediante identificação do contribuinte. O envio do anexo via e-mail não dispensa o envio da contribuição por escrito no formulário eletrônico.

Money Times - SP   24/02/2025

A Transpetro pretende lançar no meio do ano uma nova licitação para contratar quatro embarcações que atenderão a logística da Petrobras (PETR4) e espera incluir a contratação de outros nove navios de cabotagem no plano de negócios da petroleira de 2026 a 2030, disse o presidente da subsidiária de transporte da estatal, Sérgio Bacci.

A expectativa é que o edital para essa concorrência para nove navios de cabotagem possa já ser lançado no começo de 2026.

“Nessa licitação do meio do ano, vamos lançar a concorrência para contratar navios do tipo MR1, são navios de 25 mil toneladas para fazer cabotagem para Petrobras”, disse Bacci, após participar de evento das comemorações dos 45 anos do PT, no Rio de Janeiro.

“Os outros nove para o ano que vem ainda estamos discutindo com a Petrobras para incluir no plano estratégico de 2026-2030. Mas a nossa ideia será lançar o edital em janeiro de 2026 para contratar navios de transporte de petróleo na costa brasileira”, adicionou.

Com as iniciativas, a Transpetro e a Petrobras buscam revitalizar a indústria naval brasileira, a pedido do presidente Luiz Inácio da Silva, que conta com petroleira estatal para reforçar a economia e a geração de empregos.

Na próxima segunda-feira, no estaleiro gaúcho de Rio Grande, a Transpetro vai realizar um evento, com a presença de Lula, para assinatura de contrato para contratação de quatro navios da classe Handy, com valor de US$69,5 milhões por embarcação.

Os navios da classe Handy serão usados no transporte de derivados de petróleo na costa brasileira.

No início desta semana, a Transpetro lançou uma concorrência internacional para contratar oito navios gaseiros, visando triplicar a capacidade de transporte de GLP e derivados e permitir o transporte de amônia.

Segundo Bacci, as novas licitações de embarcações terão uma cota de 40% de conteúdo nacional.

“A gente está pondo 40%, achamos que esse é um número factível. Quanto mais conteúdo, melhor. Mas trabalhamos com esse mínimo de 40%”, frisou o executivo.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, tem dito em eventos do setor que os fornecedores devem se preparar porque a petroleira está “pisando no acelerador”.

Valor - SP   24/02/2025

Cingapura está trabalhando para transformar seu porto oeste, em Tuas, em um "porto do futuro", consolidando outros portos na cidade-estado em um grande hub totalmente automatizado, incorporando tecnologia de inteligência artificial.

Durante uma recente visita de carro, quase não havia pessoas à vista, mesmo no meio de um dia útil. No entanto, era possível ver veículos amarelos autônomos passando.

Esses veículos guiados automatizados (AGVs), capazes de viajar a até 25 quilômetros por hora, são operados remotamente. Seus sistemas de identificação por radiofrequência (RFID, na sigla em inglês) se comunicam com transponders subterrâneos para rastrear suas localizações.

Os veículos podem operar por seis a oito horas após serem carregados por apenas 20 minutos nas estações dentro do porto, de acordo com a PSA International, operadora de Tuas Port, apoiada pelo governo. Essas estações de carregamento também são totalmente automatizadas, permitindo que o porto funcione 24 horas por dia.

A PSA "oferecerá nova capacidade e recursos que fortalecem a posição de Cingapura como um nó crítico no comércio global e como um hub marítimo internacional de escolha", disse Nelson Quek, CEO regional da PSA para o Sudeste Asiático, em um comunicado à imprensa.

Embora a automação esteja sendo implementada em portos ao redor do mundo, o Porto de Tuas está se configurando para ser o maior projeto desse tipo globalmente, uma vez que Cingapura termine de consolidar as operações de outros portos lá.

Apesar de seu tamanho pequeno, Cingapura se desenvolveu como um hub comercial desde o século 19, aproveitando sua posição como uma porta de entrada entre o Oriente e o Ocidente. A cidade-estado é um centro importante de transbordo, transferindo cargas de embarcações menores de países vizinhos para navios maiores com destino à Europa ou aos Estados Unidos.

Expansão e desafios

Cingapura é a segunda maior cidade portuária do mundo em volume de carga. O porto registrou um recorde de 41,12 milhões de unidades equivalentes a 20 pés (TEUs) em 2024, um aumento de 5% em relação ao ano anterior, segundo a Autoridade Marítima e Portuária (MPA).

Embora esteja atrás de Xangai, que alcançou 50 milhões de TEUs, espera-se que a expansão de Tuas aumente a capacidade de Cingapura para 65 milhões de TEUs quando o porto for concluído na década de 2040.

A escala não é o único objetivo do projeto. Ele também visa lidar com as mudanças drásticas no ambiente ao redor dos portos nos últimos anos, como questões ambientais e de segurança e mudanças tecnológicas. Os desafios incluem como operar um dos maiores portos do mundo com uma equipe mínima e como se defender de sofisticados ciberataques.

Em um centro de controle próximo ao porto, trabalhadores monitoram e operam veículos e guindastes a partir de filas de telas - entre os poucos empregos em Tuas que ainda são feitos por humanos. A MPA planeja implementar um "Sistema de Gerenciamento de Tráfego de Navios da Próxima Geração" usando inteligência artificial (IA) e satélites para monitorar as condições de tráfego em tempo real.

O governo anunciou, em 1º de outubro, a estratégia Smart Nation 2.0, a primeira nova estratégia digital nacional desde 2014. A revelação incluiu uma demonstração de dados de satélite mostrando onde os navios estavam no porto, coloridos por tipo. Espera-se que a IA ajude a posicionar os navios, prevenir congestionamentos e tornar seus movimentos mais eficientes.

Cingapura também visa alcançar emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050. Equipamentos eletrificados, como AGVs, ajudam a reduzir cerca de metade das emissões de carbono em comparação com motores a diesel convencionais, de acordo com o Ministério dos Transportes.

A PSA também está colaborando ativamente com startups. Em janeiro, a empresa reformulou sua divisão de capital de risco, que trabalhará para comercializar propriedade intelectual por meio de colaborações com instituições de pesquisa.

"Tuas será o porto do futuro", disse o então primeiro-ministro Lee Hsien Loong em 2022, na cerimônia de inauguração da primeira parte concluída do porto. É importante para Cingapura, com poucos recursos naturais, manter-se como um hub financeiro e comercial.

Portos do Sudeste Asiático estão ganhando atenção devido às tensões no Oriente Médio e à mudança da manufatura da China. Malásia, Tailândia e Indonésia estão focando na expansão de portos e no fortalecimento do transporte terrestre.

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   24/02/2025

Depois de uma largada acelerada das petroleiras na direção das energias renováveis, algumas das principais empresas do setor começam a reavaliar seus planos, movidas pelo peso, no próprio bolso, do alto custo das novas tecnologias, e agora podendo ser contagiadas pelo discurso “drill, baby, drill” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mesmo mantendo o discurso de compromisso com a descarbonização, os grandes projetos de energias renováveis dessas empresas entraram em compasso de espera no Brasil.

Empresas como BP, Shell e Equinor já deram os sinais de recuo, suspendendo ou pausando projetos. Até mesmo a brasileira Petrobras pisou no freio das eólicas offshore, estrelas da gestão anterior, mas que com Magda Chambriard no comando da estatal perdeu espaço para a produção de etanol, caminho escolhido pela executiva para substituir, no futuro, a gasolina.

Para especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, o discurso de Trump deve contagiar ainda mais o setor de petróleo, e o momento atual é de reflexão. Os projetos de energia renovável dão menos retorno para as petroleiras do que o petróleo, combustível que ainda vai reger a economia por muitos anos, principalmente em países menos ricos, como o Brasil. A tendência, avaliam, é buscar alternativas mais coladas com a atividade, como a captura de carbono.

O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro Nivalde de Castro, avalia que alternativas como o hidrogênio verde no Brasil não deve ficar na mão de petroleiras, como se supunha, porque é um combustível concorrente. “Quem vai investir em hidrogênio não vai ser a petrolífera, porque isso é contra ela. Vai ser a Braskem, vai ser a JBS, vão ser as cimenteiras, as siderúrgicas, essas é que vão investir”, avalia.

A Shell confirmou ao Estadão/Broadcast que o projeto de hidrogênio verde no Porto do Açu, uma iniciativa de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da companhia, foi pausado. “É importante diferenciar o que são projetos locais de P&D do negócio global de hidrogênio, que segue investindo segundo a estratégia Global da Shell, incluindo a construção de uma grande planta de hidrogênio na Holanda”, disse a companhia, que segue no Brasil com investimentos em P&D, incluindo uma planta piloto na USP, onde está sendo avaliada a viabilidade técnica e comercial de converter etanol em hidrogênio, para descarbonizar setores da indústria.

A Equinor também reafirmou a intenção de atingir a neutralidade em carbono até 2050, mas que precisa se adaptar às realidades do mercado. “Nesse contexto, a companhia atualizou a sua estratégia global de negócios. No Brasil, é necessário ressaltar que, com os recentes avanços em renováveis, já somos uma companhia de energia diversificada”, afirmou a empresa.

Para a diretora de Petróleo e Gás, Energias e Naval da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Karine Fragoso, o momento é de reflexão, com as empresas buscando o reequilíbrio econômico diante da mudança de cenário.

“Acredito que é um reequilíbrio mesmo, em função das variáveis que vão mudando ao longo do tempo. Os projetos não foram abandonados e eu posso te dizer que hoje mesmo, eu acabei de vir de uma petroleira que me disse que o projeto não foi abandonado, mas para colocar um projeto desse de pé, precisa fazer estudo, são vários conceitos, vários desenhos que a gente vai estudando, vai afunilando até chegar num conceito que faz sentido”, explica.

Já o professor do Instituto de Economia da PUC-Rio, Edmar Almeida, avalia que existem questões conjunturais e estruturais para o recuo dos investimentos das petroleiras em energias renováveis. “Do ponto de vista conjuntural, você tem o contexto, principalmente no Brasil, e também em outros países, de que a rentabilidade dos projetos começa a diminuir. Por quê? Porque as melhores oportunidades de projetos já foram feitos, principalmente na Europa”, explica.

Almeida afirma que está havendo “um freio de arrumação”, depois que os acionistas dessas petroleiras viram que não estavam ganhando com a energia renovável tanto quanto ganham com petróleo. Para ele, os projetos não devem ser totalmente abandonados, mas a pressão dos controladores deve pesar daqui para frente, principalmente depois da eleição de Trump.

“Com essa pressão dos stake-holders (acionistas), pode ser que isso faça sentido para elas fazerem esse freio de arrumação, buscar uma estratégia mais lucrativa. Na verdade, é só um freio de arrumação, e as coisas devem caminhar mais lentamente, mas caminhar mesmo assim, dependendo, claro, da rentabilidade", afirma.

Valor - SP   24/02/2025

Do total a ser investido no período, 89,3% serão destinados para as bacias de Campos e Santos, as maiores produtoras do país, o que equivale a R$ 542,748 bilhões.

Os investimentos na produção de petróleo e gás, nos próximos cinco anos, devem ultrapassar a marca de R$ 600 bilhões, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Os números vêm à tona no momento em que se discute a exploração de novas reservas de petróleo no Brasil, diante da perspectiva de declínio do pré-sal entre o fim desta década e o início da próxima.

Segundo os dados do “Painel Dinâmico de Previsão de Atividade, Investimento e Produção” da agência, os investimentos estimados na produção em 17 bacias, entre 2025 e 2029, para extração de hidrocarbonetos totalizam R$ 607, 811 bilhões.

Do total a ser investido no período, 89,3% serão destinados para as bacias de Campos e Santos, as maiores produtoras do país, o que equivale a R$ 542,748 bilhões.

A bacia de Campos terá aporte de R$ 195,762 bilhões nos próximos cinco anos, o que corresponde a 32,21% do total projetado para o período, estima a ANP. Para a Bacia de Santos, os dados apontam para montantes que somam R$ 346,985 bilhões, ou 57,09% do total.

Quando se considera o ambiente de produção, os investimentos em campos terrestres totalizarão R$ 20,042 bilhões — 3,30% dos R$ 607,811 bilhões previstos para o período 2025-2029. O restante – R$ 587,692 bilhões, ou 96,70% – será aportado em áreas marítimas.

Para o período, a estimativa é de uma produção de 4,28 milhões de barris de petróleo por dia (barris/dia) e 221 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia) de gás natural.

Projeções para 2025

Para 2025, as projeções indicam que as petroleiras devem investir R$ 139,493 bilhões na extração de petróleo e gás, de acordo com os dados da ANP. Desse total, as bacias de Campos e Santos também devem corresponder à grande maioria do montante: 95,85% do total a ser aportado este ano será destinado para as duas bacias produtoras, ou R$ 133,710 bilhões.

A Bacia de Campos deve receber investimentos de R$ 48,067 bilhões este ano (34,46% do total), enquanto a de Santos terá aportes que totalizam R$ 85,644 bilhões (61,40%).

Infomoney - SP   24/02/2025

O petróleo operou em queda desde o início do dia e fechou a sexta-feira, 21, com sinal negativo ampliado pela piora no sentimento de risco, após relatos de que um novo coronavírus com potencial pandêmico foi descoberto na China, segundo veículos da mídia local. Investidores também digerem dados dos EUA e comentários do presidente dos EUA, Donald Trump sobre a Ucrânia e taxações.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para abril fechou em queda de 2,87% (US$ 2,08), a US$ 70,40 o barril, enquanto o Brent para mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 2,68% (US$ 2,05), a US$ 74,43 o barril.

A perspectiva para os preços da commodity não é boa. A tendência de aumento da oferta mundial em 2025, especialmente com a retomada gradual do padrão das exportações da Rússia no segundo trimestre, e o menor ritmo da demanda global graças às tarifas adotadas pelos EUA, podem levar o preço do barril do Brent a cair ao longo de 2025.
As estimativas rondam US$ 70 no quarto trimestre, segundo especialistas internacionais. Ao fazer esta avaliação eles consideram que não ocorrerão mudanças drásticas nos conflitos na Ucrânia e em Gaza neste ano.

Por outro lado, o governo dos EUA está aumentando a pressão sobre o Iraque para permitir que as exportações de petróleo curdo sejam retomadas ou, do contrário, o país do Oriente Médio enfrentará sanções assim como o Irã, disseram oito fontes à Reuters.

Em entrevista à Fox News Radio, o presidente Donald Trump disse que não considera importante que o presidente Volodymyr Zelensky participe das reuniões de negociações pela paz na Ucrânia.

O líder norte-americano disse que acredita ser capaz de convencer o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a encerrar a guerra na Ucrânia e que há disposição para negociar por parte dos russos.

O Estado de S.Paulo - SP   24/02/2025

A Seacrest Petroleo entrou com um pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo, com dívidas que somam R$ 3,3 bilhões. O recurso se deu após um pedido liminar de bloqueio de bens feito pela Houlihan Lokey Assessoria Financeira, credora da companhia, no valor de cerca de R$ 3 milhões. Outro fator de pressão foram as discussões com a Petrobras, que derrubou na Justiça uma liminar que a impedia de cobrar uma fatura de US$ 70 milhões.

A companhia relata que a elevação dos custos operacionais, atrelada à queda do preço do petróleo, tanto no mercado nacional quanto internacional, reduziram drasticamente as margens de lucro da Seacrest.

“Em razão de decisões estratégicas equivocadas adotadas naquele momento, o efeito combinado da queda do preço do barril de petróleo, com o incremento de produção abaixo do esperado na campanha de perfuração executada, impactou diretamente na saúde financeira do Grupo Seacrest”, escreve a defesa da companhia no documento encaminhado ao TJ de São Paulo.

Outro fator relevante mencionado foi o recente aumento substancial das taxas de juros no Brasil, o que fez com que o endividamento crescesse para “patamares insustentáveis, dado o encarecimento exponencial do serviço da dívida e a dificuldade de acesso a novos créditos”.

A defesa explica ainda que, em meio ao cenário desfavorável, a empresa ainda tentou aumentar expressivamente sua produção de petróleo por intermédio de sua campanha de perfuração de novos poços, o que demandou novos financiamentos.

“Com o agravamento de sua situação financeira, o Grupo Seacrest passou a enfrentar problemas com fornecedores, atrasos em pagamentos e dificuldade em honrar compromissos contratuais. Foi diante desse cenário de alto endividamento e incapacidade de honrar com os compromissos assumidos, que houve a mudança de controle do Grupo Seacrest”, diz outro trecho do documento em referência à troca de comando da empresa.

A empresa busca ainda a suspensão das execuções de cobrança e vencimento antecipado de dívida pelo período de 180 dias.

A Seacrest foi fundada em 2019 como uma empresa independente de produção de petróleo e gás. O foco da operação é a recuperação de campos terrestres maduros. A companhia adquiriu ativos da Petrobras ao longo dos últimos anos. O grupo tem hoje 300 funcionários diretos.

A petroleira tem operações concentradas no Brasil e abriu capital na Noruega, em 2023, numa oferta de ações que levantou US$ 260 milhões. No terceiro trimestre do ano passado, a empresa registrou US$ 41 milhões (R$ 233,7 milhões) em receitas, com uma perda de US$ 35,8 milhões (R$ 204 milhões).

RODOVIÁRIO

Consultor Jurídico - SP   24/02/2025

Não é novidade que o investimento em infraestrutura representa um pilar essencial para o desenvolvimento socioeconômico de um país. Em termos práticos, estudos do Banco Mundial  (2022) [1] estimam que para cada dólar investido em infraestrutura há a geração de US$ 1,50 em atividade econômica subsequente, por meio, por exemplo, da geração de empregos e renda, do aumento da capacidade competitiva do país (a partir do incremento da quantidade e diversidade de matriz energética, da ampliação e diversificação dos modais de transportes), da diminuição de custos associados à produção e escoamento de mercadorias, entre outros aspectos.

Nessa toada, com vistas a incrementar o sistema viário nacional, em conjunto com investimentos da iniciativa privada, o governo federal, por intermédio do Ministério dos Transportes e da Secretaria Nacional de Transportes Rodoviários, anunciou, no final do mês de janeiro, a ousada meta de realizar 15 leilões de concessões rodoviárias para o ano de 2025, dentre novas concessões e disputas por contratos recém-repactuados, e outros 29 para o ano de 2026, totalizando o montante de 44 leilões no biênio 2025-2026.

O anúncio em questão vem na esteira de um cenário de crescimento dos investimentos no setor de infraestrutura no país, que chegou a seu maior patamar da série desde 2010, com um aumento real estimado em 15,3% na comparação com 2023 e de 33,7% em relação a 2010 [2].

Diante desse cenário promissor, e em face dos leilões anunciados pelo governo federal para os próximos dois anos, devem ser considerados uma série de desafios inerentes ao sucesso da implantação de projetos de infraestrutura rodoviária, os quais buscaremos delimitar a partir (1) da descrição das características que compreendem esses ativos de infraestrutura e (2) dos papéis atribuídos às partes que integram os polos da relação contratual voltada à implantação e manutenção destes ativos.

De maneira geral, é possível constatar que os ativos de infraestrutura rodoviária demandam altos investimentos na fase de implementação (Capex) — como, por exemplo, a duplicação de trechos, ampliação de capacidade, contratação de seguros, construção de praças de pedágio — enquanto os gastos operacionais (Opex) — serviços de manutenção, recapeamento de vias, folha salarial, entre outros – tendem a ser, em linhas gerais, inferiores. Isso resulta na necessidade de extenso período de retorno, possibilitado pelo delongado prazo contratual, e na necessidade de estruturar soluções financeiras para que a receita gerada pelo projeto consiga cobrir o pagamento da dívida contraída para sua implementação.

Em complemento, ainda como retrato dos projetos rodoviários em comento, pode-se destacar sua demanda relativamente inelástica (geralmente alterados quando da incidência de eventos extraordinários, casos de força maior e caso fortuito), seu baixo risco tecnológico, sua longa vida útil, e a estabilidade e previsibilidade de seu fluxo de caixa, fatores que permitem caracterizar tais investimentos como um ativo de renda fixa a longo prazo, uma vez que alcançados os indicadores de performance do projeto implantado, sua receita futura se mostra relativamente previsível.

Em conta destes fatores, o cenário monetário e a taxa básica de juros devem ser sopesados na tomada de decisão dos investidores, que tendem a assumir um serviço de dívida robusto e riscos consideráveis para a implantação dos projetos.
Lei das debêntures de infraestrutura

Um importante passo para o aumento da atratividade do capital privado para o financiamento de obras de infraestrutura no país foi a promulgação, no início de 2024, da lei que cria as debêntures de infraestrutura (Lei 14.801/2024), as quais, em suma, beneficiam as empresas emitentes, que buscam financiamento dos projetos, por meio da dedução de 30% dos juros pagos do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), o que, na prática, representa um benefício vultosos no fluxo de caixa a longo prazo.

Caberá, portanto, do lado do investidor privado, uma correta e racional estruturação financeira de seu capital, inclusive no que tange a estruturação da proposta apresentada ao poder público em licitação, para fazer frente aos compromissos assumidos a partir da outorga do ativo, especialmente para a fase de alavancagem do empreendimento, respeitando os objetivos e metas estabelecidos contratualmente, bem como para manejar e suportar os riscos assumidos, dos quais são comumente destacados em concessões rodoviárias, o quantitativo de tráfego, a variação nos custos de insumos, taxas de câmbio, financiamento, entre outros.

Atrelado aos aspectos econômico-financeiros da implementação dos projetos e o papel desempenhado pelo investidor privado, devem ser considerados, por outro lado, os desafios decorrentes das atribuições da autoridade pública para o sucesso da concessão rodoviária.

Tratando-se o setor rodoviário de um monopólio natural (ativo cuja exploração não comporta mais de um operador, em regime de concorrência, por motivos técnicos e financeiros), a necessária intervenção regulatória compreende outra gama de fatores essenciais ao sucesso do empreendimento.
Estabilidade contratual como ‘valor jurídico essencial’

Por “sucesso do empreendimento”, entende-se a justaposição da relação público-privada, por meio da satisfatória prestação do serviço público pari passu a uma adequada remuneração aos investidores pelos serviços prestados e pelos riscos incorridos.

Para que tal equilíbrio se mostre perene na relação contratual estabelecida entre poder público e agente privado, é essencial que o ente público apresente projetos sustentáveis, em termos econômico-financeiros e socioambientais, bem como que, por meio da regulação contratual, promova uma gestão equilibrada das diversas questões de natureza técnica, política, social e ambiental, que surgem ao longo da vida útil do projeto, minorando ou, ao menos, prevenindo os riscos inerentes à atividade regulada, promovendo, assim, uma maior estabilidade contratual.

Corolário do direito ao equilíbrio econômico-financeiro dos contratos (artigo 37, XXI da Constituição e artigo 103, § 5º da Lei 14.133/2021), a estabilidade contratual deve ser interpretada como “valor jurídico essencial” [3] (Perez, 2006) à prestação dos serviços concedidos, como elemento catalisador da persecução dos objetivos de cada uma das partes que integram a relação jurídica.
Identificação de riscos e a incompletude dos contratos

Nesse aspecto, em prol da estabilidade contratual, é necessário, ainda na fase interna da licitação, e, portanto, quando da elaboração de estudos técnicos e econômicos que a precedem, que a administração pública promova uma adequada identificação e descrição dos possíveis riscos associados ao contrato, acompanhada de sua divisão entre as partes, e dos mecanismos aptos a solucionar situações controvertidas.

Uma correta identificação dos riscos associados à prestação contratual deve prever uma matriz de riscos extensa e detalhada, em cotejo à pluralidade de eventos,  de natureza econômico-financeira, técnica, jurídica, política e ambiental afetos à execução do objeto, superando assim, a outrora empregada divisão dualista expressa por riscos “ordinários” — atribuídos à concessionária, uma vez que inerentes  à atividade empresarial — e “extraordinários” — atribuídos ao poder concedente, comportando os chamados riscos legais, econômicos e administrativos.

O emprego de uma teoria de riscos mais robusta (expressa por uma enunciação mais detalhada dos riscos associados à prestação contratual e suas respectivas atribuições) em detrimento da mera divisão dos riscos em “ordinários” e “extraordinários” em uma (ou algumas poucas) cláusula(s), garante maior segurança jurídica à concessão, na medida em que, quanto maiores as especificações e mais detalhados forem as áleas relacionados à atividade concedida, maior será a capacidade de precificação dos custos associados à execução do objeto, e menores serão os riscos decorrentes da contratação, promovendo, assim, uma maior estabilidade à concessão.

Outro ponto de evolução que milita em favor da estabilidade contratual é a compreensão acerca da premissa associada à incompletude dos contratos de concessão. Explica-se. Caracterizados como contratos de longa duração e objeto complexo, admite-se a impossibilidade de prever no âmbito contratual todas as circunstâncias do mundo material que podem vir a afetar a prestação contratual.

A caracterização dos contratos de concessão como contratos incompletos, portanto, respalda a possibilidade de repactuação de algumas condições originalmente ajustadas em contrato, viabilizando-o técnica e economicamente frente a novas situações, conquanto que a repactuação esteja previamente descrita em edital, e que seja aderente ao interesse público associado à contratação.
Compartilhamento de riscos

Respaldado por tal premissa, tem sido incluída na pauta do novo marco legal para lei de concessões e PPPs, projeto concebido como uma das prioridades na agenda econômica do governo federal para os últimos dois anos de mandato, a possibilidade de compartilhamento de riscos entre o setor público e privado em face de eventos extraordinários, não previstos inicialmente em contratos. Trata-se de medida que visa trazer maior segurança jurídica aos investimentos, propiciando um ambiente mais seguro à realização de investimentos e à perenidade dos contratos.

Por fim, cabe destacar a importância da consensualidade como um dos métodos assertivos de solução das disputas para o sucesso do empreendimento concedido.

Ressaltando novamente o caráter duradouro e complexo dos contratos de concessão rodoviários, a experiência mostra, invariavelmente, a presença de litígios ao longo da vigência contratual, os quais podem vir a representar significativos custos associados. Ato contínuo, diante da mencionada incompletude das previsões contratuais, mostra-se necessária uma constante adaptação da relação contratual, assumindo-se a possibilidade de haver sucessivas negociações e mudanças contratuais.

Para tanto, a disposição de cláusulas contratuais que assegurem um ambiente de cooperação, confiança mútua e boa-fé representam significativa distinção para a estabilidade da concessão.
Consensualismo

A Instrução Normativa TCU nº 91, de 22 de dezembro de 2022, que instituiu, no âmbito do Tribunal de Contas da União, procedimentos de solução consensual de controvérsias relevantes e prevenção de conflitos afetos a órgãos e entidades da Administração Pública Federal representa um importante marco para a solução de controvérsias em contratos de concessões rodoviárias, especialmente para conferir estabilidade a contratos estressados, seja com defasagens econômico-financeiras, seja como performance insatisfatória.

Destaca-se também, como exemplo de mecanismos contratuais aptos a promover um ambiente de cooperação e estabilidade contratual, o quanto empregado nos contratos dos novos lotes de concessões rodoviárias do Artesp, especialmente aqueles leiloados a partir do 2º semestre de 2024 (por exemplo, o Lote Nova Raposo e o Lote Rota Sorocabana).

Nesse caso, faz-se referência ao estabelecimento de mecanismos de solução de divergências que, dispostos em anexo próprio, preveem a necessária realização de tratativas negociais, por meio de notificação de insatisfação, anteriormente ao estabelecimento de outros meios de solução de controvérsias, como a instauração de mediação, de comitê de solução e resolução de divergências, arbitragem e, por fim, a via judicial, para demandas específicas que não estejam incluídas em cláusula de jurisdição arbitral.

Sob essas considerações, caso efetivamente levados a cabo, o sucesso dos novos segmentos rodoviários a serem concedidos pelo governo federal passam, invariavelmente, por uma correta estruturação econômico-financeira, por parte do parceiro privado, a fim de fazer frente aos compromissos assumidos para exploração do objeto concedido, levando em conta, para tanto, os cenários macroeconômicos fiscais e cambiais, a disponibilidade e o custo associado ao crédito e os riscos inerentes ao empreendimento.

O fomento da infraestrutura rodoviária no Brasil, passa ainda, em relação ao poder pública, por uma modelagem sustentável do projeto, que preveja por uma correta e abrangente elaboração da matriz de riscos associados ao projeto, em conjunto com efetiva implementação de instrumentos jurídicos e contratuais que tragam maior previsibilidade, estabilidade e segurança jurídica aos contratos de concessões rodoviárias.

AGRÍCOLA

O Estado de S.Paulo - SP   24/02/2025

O Centro-Oeste deverá caminhar na contramão do resto do País e ser a única região a apresentar uma aceleração econômica em 2025. O desempenho econômico regional deve ser impulsionado, sobretudo, pelo resultado agrícola. A safra de grãos 2024/2025 será recorde e pode alcançar 322,25 milhões de toneladas, o que significa um aumento de 8,1% na comparação com a de 2023/2024, prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A região, que já liderou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no País em anos anteriores, vê uma retomada após um período de desaceleração devido a fatores climáticos adversos. Em segundo lugar a região Norte, com evolução de 2,7%. Nordeste (2% de avanço), Sul (1,8%) e Sudeste (1,6%) completam o ranking.

O avanço da riqueza na região é confirmado por dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que mostram um crescimento expressivo no segmento private, o mais acelerado do Brasil. Na região, a média de crescimento do volume financeiro nos últimos três anos foi de 20,9%, segundo a Anbima. É o ritmo de alta mais acelerado do Brasil. No País, nesse período, o avanço foi de 9,3%. Acesse a reportagem completa e confira mais detalhes sobre o assunto e ainda um mapa interativo com o raio-X do crescimento econômico de cada um dos Estados do País.

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