Clipping Diário

19 | Fevereiro | 2025

SIDERURGIA

Valor - SP   19/02/2025

Em comunicado sobre resultados, companhia destaca que o mercado brasileiro de aço enfraqueceu no 4º tri, principalmente devido à sazonalidade de final de ano.

A siderúrgica Ternium teve lucro de US$ 333 milhões no quarto trimestre, representando uma queda de aproximadamente 40% ante ao lucro de US$ 554 milhões reportado um ano antes. As vendas da siderúrgica ítalo-argentina chegaram a US$ 3,87 bilhões entre outubro e dezembro, redução de 21% na comparação anual.

Confira os resultados e indicadores da Usiminas e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360

Em comunicado, a companhia afirmou ter registrado uma reversão de provisão de US$ 404 milhões referente a litígios em andamento relacionados à aquisição de uma participação na Usiminas, em 2012. Excluindo essa reversão de provisão, a Ternium teve prejuízo líquido ajustado de US$ 71 milhões.

Para o ano completo de 2024, o lucro líquido da Ternium totalizou US$ 174 milhões. Durante o ano, a empresa registrou uma provisão líquida de US$ 410 milhões para o litígio mencionado. Excluindo essa provisão, o lucro líquido ajustado para 2024 foi de US$ 584 milhões.

A companhia ainda destacou que o mercado brasileiro de aço enfraqueceu no quarto trimestre, principalmente devido à sazonalidade de final de ano. “Para o ano completo de 2024, a Usiminas capitalizou com sucesso o aumento da demanda local por produtos de aço, apesar de enfrentar importações substanciais de aço no Brasil, com o auxílio de um desempenho operacional aprimorado”, comentou.

Com a Ternium consolidando completamente os resultados da Usiminas a partir de julho de 2023, os embarques de aço reportados para 2024 apresentaram um aumento significativo em comparação com os de 2023. No total, a Ternium embarcou 3,76 milhões de toneladas de aço no quarto trimestre, número 7% menor na comparação anual. Em mineração, movimentou 1,72 milhão de tonelada de minério de ferro, queda de 12% em um ano.

A Ternium comenta que o mercado de aço mexicano enfrentou uma desaceleração no quarto trimestre de 2024, também devido à sazonalidade de final de ano e a um mercado comercial enfraquecido. Essa fraqueza foi parcialmente influenciada por incertezas decorrentes da mudança na administração governamental tanto no México quanto nos Estados Unidos, além da intensificação da retórica dos EUA sobre medidas comerciais.

IstoÉ Dinheiro - SP   19/02/2025

As vendas aos EUA de produtos de aço e ferro semiacabados, que serão atingidas se entrar em vigor a tarifa de 25% anunciada por Donald Trump, aumentaram 25,6% em janeiro, conforme o relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta terça-feira, 18, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

“O cenário é de incertezas no comércio mundial, com as medidas do governo Trump: o anúncio de imposição de uma tarifa de 25% incidente sobre produtos do México e do Canadá, depois suspensa por um mês; a imposição de 10% de tarifas de importações incidentes sobre produtos chineses, em vez dos 60% ameaçados; o anúncio de um aumento de 25% sobre as importações americanas de aço e alumínio de todas as origens, a vigorar a partir de 12 de março”, enumerou a FGV na nota do Icomex.

O saldo da balança comercial de janeiro de 2025 foi de US$ 2,2 bilhões, inferior em US$ 4 bilhões a igual período do ano anterior, conforme o Icomex. Na mesma base de comparação, as exportações recuaram 5,7% e as importações subiram 12,2%, em valor. O volume exportado caiu 4,9% e o importado cresceu 14,6%. Os preços exportados recuaram 4,9% e os importados, 2%.

A queda nas exportações em janeiro foi liderada pelas commodities, com recuo no volume (1,5%) e preços (9,5%). As não commodities registraram aumento no volume (1,2%) e preços (5,4%). A retração está associada ao desempenho da agropecuária e da extrativa.

A agropecuária registrou recuo de 16% em termos de volume e de 0,7% nos preços nas vendas externas. O principal produto exportado foi o café não torrado, com aumento na quantidade (em toneladas) em 9,5% e nos preços de 63,8%. O milho recuou 26,3%, o algodão aumentou em 66,1%, e a soja despencou 64,4%. Todas as variações se referem à quantidade, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, entre os meses de janeiro de 2024 e 2025.

Na extrativa, o volume aumentou 5,4% e os preços recuaram em 18,1% nas exportações. A quantidade em toneladas do petróleo bruto aumentou em 9,3% e do minério de ferro em 5,9%, mas os preços desses dois produtos recuaram em 16,1% e 26,3%, respectivamente.

Em relação às importações, o aumento em valor é explicado pelo desempenho da agropecuária (21,3%), seguido da indústria de transformação (13,4%). Nos dois, houve aumento no volume importado, 21,9% na agropecuária e 15,3% na transformação. O recuo em valor da extrativa está associado à queda nos preços (10,6%).

Os dois principais produtos importados da agropecuária, que representam 42,1% do total das compras externas do setor, registraram aumento na quantidade em toneladas: trigo (16,8%) e cacau (159,2%), neste último com aumento de preços de 94,9%.

Na extrativa, os dois principais produtos registraram queda de preços – petróleo bruto (5,7%) e carvão (21,8%) -, mas a quantidade aumentou em 8,4% para o petróleo e ficou estável para o carvão. Os dois produtos explicam 78,5% das importações do setor.

Na pauta de importações, cinco produtos explicam 22% do total importado. Todos registraram aumento na quantidade: óleo combustível (10,7%); adubos (9,05%); máquinas e motores não elétricos (39,3%); partes e peças para veículos (26,3%) e válvulas (28,9%)

A desagregação por categoria de uso na indústria de transformação mostra que o aumento das importações em volume foi liderado pelos bens de capital (22,7%), bens semiduráveis (21,4%) e bens intermediários (16,8%). As outras categorias registraram queda. Na agropecuária, aumentaram as importações de bens de capital (13,8%) e de bens intermediários (14,6%).

Balança por país

A análise da balança comercial por mercado de destino mostra um déficit com a China de US$ 582 milhões, o que pode ser explicado, em parte, pelo efeito sazonal da soja, cujo embarque não começou ainda. A variação das vendas de soja entre os meses de janeiro de 2024/2025 foi uma queda de 68%. O petróleo, principal produto, recuou 38,0%, enquanto o minério de ferro diminuiu 27%. Entre os principais produtos, a celulose registrou variação positiva (+53%).

Ainda de acordo com o boletim, a balança comercial com os EUA registrou, em janeiro, déficit de US$ 230 milhões, com queda no volume exportado. O petróleo, que explica 16% das exportações para esse país, registrou recuo de 31%. Já as vendas de café subiram 35,5%.

Na União Europeia, o déficit foi de US$ 93,2 milhões, com aumento em valor (28,4%) e volume das exportações (29,4%). São destaques as variações em valor do petróleo (28% das exportações, com variação de 61,7%), café (participação de 16% e variação de 92,1%) e a celulose (participação de 5,8% e variação de 60,2%).

Outro destaque é o caso da Argentina, com superávit de US$ 326 milhões, impulsionado por um aumento das exportações de 57,9%, em valor, liderado pelo aumento no volume de 72%. As vendas de automóveis (173%, em valor) e partes e peças de automóveis (25,5%), que somaram 20,2% das exportações para esse país, ajudam a explicar esse resultado. A valorização do peso argentino em relação à moeda brasileira influencia também.

No caso das importações brasileiras, observa-se que aumentam em valor para todos os mercados. A maior variação é registrada na China, em termos de valor (19,6%) e volume (25,4%).

O boletim enfatizou que o cenário no comércio é de incertezas. “Por enquanto, o efeito mais visível é o grau de incerteza que o governo Trump trouxe para a governança do comércio mundial. A China avisou que vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Brasil, idem. A crítica de que não vai resolver nada, pois a OMC está paralisada, não impede que os países chamem a atenção para a importância das regras. A defesa de uma coalizão entre União Europeia, América Latina e Ásia tem sido defendida como forma de isolar os EUA.”

BOL - SP   19/02/2025

A invasão do "poluidor" aço chinês no mercado brasileiro vem contendo a produção nacional do metal, mais correta ecologicamente, e ainda diminui a reciclagem do material no Brasil, que além de retirar o lixo do meio ambiente, polui seis vezes menos do que a produção do aço com matéria-prima virgem.

O que aconteceu

Apesar do aumento na produção nacional de aço em 2024, a reciclagem de sucata ferrosa caiu. O Inesfa (Instituto Nacional da Reciclagem) estima redução de 10% em relação aos 12,5 milhões de toneladas de aço reciclados em 2023, cerca de 22% da produção nacional do metal.

No ano passado, o Brasil fabricou 33,7 milhões de toneladas de aço, 5,3% mais que em 2023. Esse crescimento poderia ter sido maior se não fosse a importação do material vindo da China: foram 3,3 milhões de toneladas em 2024, crescimento de 15% em relação a 2023, segundo o Instituto Aço Brasil.

O aço chinês é despejado em diversos países do mundo porque é subsidiado pelo governo. Maior fabricante mundial do metal, a China despacha sua produção para diversas partes do mundo a preços até 19% mais baixos do que o custo de produção, o que é conhecido como dumping. Só para a América Latina foram 10 milhões de toneladas em 2023, contra 85 mil há 20 anos. Para frear a entrada indireta de aço chinês em seu mercado, o governo dos Estados Unidos sobretaxou recentemente todos os exportadores de aço.
Aço no Brasil polui menos

A fabricação de aço no Brasil é mais "limpa" que na China. Enquanto a tonelada de aço chinês à base de carvão mineral emite 2,4 toneladas de gases de efeito estufa, a produção brasileira emite 1,7 tonelada de CO2, em média. Isso ocorre porque as siderúrgicas nacionais integram o uso de carvão mineral ao carvão vegetal, originado de florestas plantadas, que ajudam a reduzir emissões de carbono.

Essa produção, no entanto, é mais cara, aumentando o preço do aço brasileiro. "O aço da China gera muito mais CO2 e ainda vem com incentivos do governo, uma competição desleal", explica Clineu Alvarenga, presidente da Inesfa. "Eles compram o minério de ferro da Vale, produzem o aço na China e vendem para o Brasil mais barato que o nosso."

Importar o aço chinês também "desincentiva a produção nacional, mais limpa". "O metal da China não consegue entrar na Europa com a mesma facilidade por causa disso", diz Alvarenga. "O Brasil sofre pressão para importar porque a China é o nosso maior parceiro comercial."

Reciclar aço polui ainda menos: 0,6 tonelada de CO2 são emitidos por tonelada do aço produzido inteiramente com sucata. O problema é que, ao reduzir a produção nacional, a quantidade de resíduos também cai. "Produzir aço gera 30% de sucata", estima Alvarenga.

Por isso é muito importante incentivar a indústria local: sobram mais resíduos para fabricar um aço novo poluindo menos.
Clineu Alvarenta, do Inesfa

O Brasil conta com 5,5 mil empresas reciclando sucata. Cerca de 5 milhões de pessoas trabalham no setor. Alvarenga espera que o ramo ganhe competitividade se for aprovado um projeto de lei que tramita no Senado (1.800/2021) que isenta recicladores e cooperativas de catadores do pagamento de PIS e Cofins.

O que vamos falar na COP30 [Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas, que acontece em novembro no Pará]? Que o Brasil aceita a entrada de aço poluidor e taxa a reciclagem?
Clineu Alvarenta, do Inesfa

A solução é taxar tudo o que gera poluição, diz o professor da FGV Bernardo Guimarães. "É taxar carvão, petróleo e todo tipo de emissão de carbono", diz o professor de macroeconomia e finanças internacionais.

O obstáculo para isso tem nome e sobrenome: Donald Trump. "A emissão é global. Não dá para o Brasil taxar as emissões e a China não fazer nada. Os países precisam sentar na mesa de negociação", diz. "Mas, infelizmente, um dos maiores estragos do presidente americano é que ele está escanteando os organismos internacionais de negociação, como a Organização Mundial do Comércio. Sem os Estados Unidos, não tem o que discutir."

ECONOMIA

Exame - SP   19/02/2025

A China alertou que as tarifas impostas pelos Estados Unidos com a chegada do governo de Donald Trump ameaçam causar uma recessão global. Delegação chinesa falou sobre o tema nesta terça-feira, 18, durante a primeira reunião anual de representantes de todos os países que integram a Organização Mundial do Comércio (OMC), onde a guerra tarifária dominou as discussões.

De acordo com os chineses, essas tarifas violam os regulamentos da entidade, "aumentam a incerteza econômica, interrompem os fluxos comerciais e podem causar inflação e distorções de mercado".

A delegação dos EUA respondeu com outras acusações de que a China opera um sistema econômico que não é de mercado e que frequentemente viola as regras da OMC, acusando Pequim de falta de transparência. Além disso, criticou a própria OMC por ser incapaz de lidar com as políticas de distorção de mercado da China, como subsídios ilegítimos, o que, segundo argumentou, "reduz a eficácia da organização".

A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, pediu aos membros que usem o diálogo e as próprias estruturas da organização para buscar consenso no complexo contexto atual.

Tarifas

No primeiro mês do governo Trump, os EUA impuseram tarifas pesadas sobre as importações de México, Canadá e China (embora as tarifas canadenses e mexicanas tenham sido suspensas por um mês após negociações), bem como tarifas sobre aço e alumínio.

Washington também anunciou que aplicará tarifas equivalentes aos impostos e tarifas que outros países impõem aos produtos dos EUA.

Monitor Digital - RJ   19/02/2025

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) lançou, nessa segunda-feira (17) o Perfil de Comércio e Investimentos China 2025, estudo que detalha a relação econômica e as oportunidades de negócios entre os dois países. O levantamento aponta que a China manteve sua posição como principal investidor asiático no Brasil, com um estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED) de US$ 45,3 bilhões em 2023, um crescimento de 22,1% em relação a 2022.Com o resultado, a China se posiciona como 9º maior investidor no Brasil, conforme dados oficiais do Banco Central do Brasil.

Segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), esse número pode ser ainda maior, na ordem estimada de US$ 73 bilhões, o que tornaria a China o quinto maior investidor no Brasil em termos de estoque total, atrás apenas de Estados Unidos, Países Baixos, França e Espanha, respectivamente. Desde 2021, o volume de investimentos chineses no país vem registrando recordes anuais. Entre 2014 e 2024, foram anunciados 137 projetos de investimento greenfield com capital chinês no Brasil, totalizando US$ 10,6 bilhões. Os investimentos se concentram nos setores de energia, infraestrutura e indústria automotiva.

A China foi o principal destino das exportações brasileiras em 2024, respondendo por 28% do valor total exportado e por 41,4% do superávit comercial do Brasil. O Brasil se consolidou como o maior fornecedor de soja, carne bovina, celulose, açúcar e carnes de aves para o mercado chinês. No entanto, as exportações seguem concentradas em commodities, com soja (33,4%), petróleo bruto (21,2%) e minério de ferro (21,1%) representando 75,6% do total exportado. O estudo sublinha a necessidade de diversificação e aumento do valor agregado das exportações para a China.

A ApexBrasil identificou 400 oportunidades para ampliar as exportações brasileiras no país asiático, incluindo produtos como aço, cobre, trigo, café, máquinas, equipamentos e medicamentos. Outro estudo da Agência também aponta potencial em cidades chinesas de nível 2, menos exploradas por exportadores brasileiros.

Setor automotivo

Em 2024, a China foi a maior fornecedora do Brasil, representando 24,2% das importações totais de bens, quatro vezes a participação registrada em 2004. Entre os produtos mais importados estão veículos elétricos e híbridos, equipamentos de telecomunicações e máquinas industriais.

As tensões comerciais nos mercados da Europa e dos EUA têm suscitado a busca por diversificação na estratégia de expansão global das montadoras chinesas, que têm buscado internacionalizar sua produção.

A partir de 2025, montadoras chinesas BYD e GWM iniciarão a fabricação de veículos elétricos e híbridos no Brasil, em Camaçari (BA) e Iracemápolis (SP), respectivamente, com incentivo do Programa Mover, o que tende a reduzir as importações brasileiras desses produtos. Quer saber mais sobre oportunidades, tendências de comércio, questões de acesso a mercado? O Perfil de Comércio e Investimentos China 2025 está disponível para consulta gratuita no site da ApexBrasil.

Globo Online - RJ   19/02/2025

Ainda sem uma estratégia montada para buscar um acordo com os Estados Unidos que possa evitar que as exportações brasileiras sejam prejudicadas por tarifas de importação elevadas pelo presidente Donald Trump, o governo Lula discute com representantes das indústrias nacionais caminhos para uma negociação.

Paralelamente, empresários do Brasil conversam com seus clientes americanos para tentar convencê-los a fazer pressão sobre a Casa Branca. O argumento é de que seus produtos ficarão mais caros com as sobretaxas.

Segundo interlocutores do governo e do setor privado, as conversas entre empresários brasileiros e americanos ocorrem nos mais variados setores.

Desde que assumiu a Casa Branca, no mês passado, Trump vem tomando medidas para proteger as indústrias locais dos importados. Já aplicou uma tarifa de 25% sobre aço e alumínio oriundos de todos os países fornecedores e avisou que vai aumentar alíquotas de produtos tributados em percentuais maiores do que os adotados pelos EUA. Um exemplo é o etanol.

Para evitar prejuízos às exportações nacionais, o governo tentará convencer os EUA que o Brasil não é uma ameaça. O principal argumento é que as duas economias são complementares.

Pontes

O governo também espera que Jamieson Greer, indicado para ser o representante comercial dos EUA, seja logo aprovado pelo Senado. A partir daí, o desafio é construir pontes com a equipe de Trump.

Na última sexta-feira, o senador Steve Dainer, do Partido Republicano, foi recebido, em encontros separados, pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e pela secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura Rocha.

As reuniões foram consideradas positivas e trataram, principalmente, de cooperação entre Brasil e EUA. Dainer é visto como uma possível ponte entre os governos dos dois países.

IstoÉ Dinheiro - SP   19/02/2025

O economista-chefe do Itaú, maior banco privado do país, defendeu nesta terça-feira, 18, o retorno do teto de gastos por quem quer que vença as eleições presidenciais do ano que vem para que as taxas de juros voltem a ser “civilizadas”.

Os comentários de Mário Mesquita, feitos em evento do Itaú, se somam a apelos mais vocais de economistas proeminentes por disciplina fiscal, mesmo com a recuperação dos ativos brasileiros neste início do ano após a forte alta do dólar e disparada dos juros futuros no fim de 2024, em meio à decepção com o pacote de contenção de gastos apresentado pelo governo.

“O único regime que permitiu ao Banco Central buscar meta de inflação com taxas de juros nominais e reais mais baixas, mais parecidas com o que você tem nos outros países, foi o teto de gastos”, afirmou Mesquita, em referência à regra que vigorou de 2017 a 2023, limitando o crescimento das despesas públicas à variação da inflação.

“Achar que a gente vai ter taxa de juros nominal e real civilizada, em linha com o que você observa em outros países, com a política fiscal que o Brasil tem é meio autoengano”, acrescentou o ex-diretor do banco central.

Na semana passada, o ex-presidente do banco central Arminio Fraga afirmou que o país apresenta sintomas muito graves de um “paciente na UTI”, com juros futuros “na lua”, destacando que somente a política fiscal pode ajudar o BC no seu mandato de domar a inflação.

A moeda brasileira teve alta de mais de 8% no ano até agora, recuperando-se de uma queda que superou 20% em 2024, enquanto os juros futuros começaram a ceder após fortes altas vistas em dezembro.

Ainda assim, muitos economistas continuam preocupados com a resistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um ajuste fiscal mais rigoroso, num cenário em que a crescente dívida pública fica muito mais cara à medida que o BC eleva agressivamente as taxas de juros para controlar a inflação, impulsionada por uma economia aquecida e uma taxa de câmbio ainda enfraquecida.

O teto de gastos constitucional, aprovado há quase uma década, foi inicialmente visto como um pilar fiscal importante, junto com outras reformas significativas que fizeram juros futuros de cinco anos rondarem o patamar de 6%, em comparação com cerca de 14% atualmente.

No entanto, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro introduziu uma série de exceções à regra, minando a confiança dos investidores e gerando dúvidas sobre sua sustentabilidade.

Em 2023, Lula substituiu o teto constitucional por um modelo mais flexível, permitindo um crescimento real dos gastos de até 2,5%, associado à definição de metas de resultado primário para as contas públicas.

MINERAÇÃO

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   19/02/2025

A Cummins Inc. anunciou a aquisição de ativos da First Mode, líder em soluções híbridas de retrofit para operações de mineração e ferrovias. A aquisição inclui linhas de produtos híbridos para mineração e ferrovias, além do portfólio completo de propriedade intelectual (IP), que abrange soluções de propulsão a hidrogênio e baterias.

Essa tecnologia representa o primeiro sistema híbrido de retrofit comercialmente disponível para equipamentos de mineração, reduzindo significativamente o custo total de propriedade (TCO) e avançando a descarbonização nas operações.

Além disso, a Cummins está adquirindo o portfólio comercial da First Mode, bem como suas equipes de produção e técnicos na Austrália, Estados Unidos e Chile. A First Mode continuará atendendo os clientes em suas necessidades durante a transição, com o envio de produtos no primeiro trimestre.

A First Mode operará dentro do segmento industrial de Sistemas de Energia (Power Systems) da Cummins.

“Este é um passo importante em nosso objetivo de liderar nossos clientes de Sistemas de Energia na transição energética”, disse Jenny Bush, Presidente de Sistemas de Energia da Cummins. “Com a tecnologia de retrofit híbrido da First Mode, estamos acelerando nossa capacidade de fornecer soluções de descarbonização que atendem à necessidade dos mineradores de reduzir custos operacionais hoje.”

“O compromisso da Cummins em estabelecer parcerias com fabricantes de equipamentos originais (OEMs) e mineradores garante que essas tecnologias sejam desenvolvidas e testadas em ambientes reais”, acrescentou Bush. “Com kits de retrofit híbridos, upgrades modulares de componentes e soluções escaláveis, estamos trazendo aos mineradores a flexibilidade e a confiança necessárias para descarbonizar operações enquanto se adaptam a tecnologias e infraestruturas em evolução.”

Veja - SP   19/02/2025

Manifesto aponta inclusão da autorização de mineração em Terras Indígenas do anteprojeto; grupo também se queixa de tempo exíguo para analisar minuta
Por Laísa Dall'Agnol Atualizado em 18 fev 2025, 19h26 - Publicado em 18 fev 2025, 19h24

Entidades de defesa dos direitos dos povos indígenas se manifestaram, nesta terça-feira, 18, contra a minuta de um anteprojeto de Lei Complementar proposto pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da discussão acerca do marco temporal.

A crítica principal do manifesto, assinado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e mais de sessenta outras entidades, se deve ao que o movimento tem classificado como um “jabuti” no texto do ministro, ou seja, um tema inserido na proposta que é alheio ao assunto principal. Trata-se da autorização da mineração em Terras Indígenas, as chamadas TIs.

O documento foi apresentado por Gilmar Mendes na última sexta-feira, 14, e se deu no contexto dos debates que ocorrem há mais de um ano no STF sobre a tese do marco temporal. Na segunda, 17, foi realizada uma das últimas sessões da mesa de conciliação instaurada no Supremo para debater o tema. A audiência começou na parte da manhã e durou até a noite, por falta de consenso, e até troca de acusações entre parlamentares indígenas (Leia ao final). A próxima sessão está marcada para a próxima segunda-feira, 24.

Os principais pontos de divergência, além da mineração em terras indígenas, se deram em torno de eventuais indenizações e a própria tese do marco temporal.

Segundo o manifesto assinado pelas entidades, a liberação da mineração em TIs é fruto de “manobras do Centrão” — o Progressistas, por exemplo, entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade requerendo que o Supremo criasse dispositivos relativos à pesquisa e à lavra mineral — e do “lobby do setor mineral”. Um dos supostos conflitos de interesse citados pelo grupo é o fato de que algumas das propostas incorporadas à minuta de Gilmar Mendes foram feitas por um advogado que representa o PP na mesa de conciliação e que também atua para uma mineradora.

As entidades também se queixam do curto espaço de tempo para analisar o texto proposto por Mendes. “Gilmar Mendes encampou de tal forma o discurso a favor da mineração em TIs que, em uma proposta que deveria ser sobre a ‘Tese do Marco Temporal’, aproximadamente um terço dos artigos estão vinculados à regulamentação da mineração”, dizem.

“O texto foi apresentado em uma sexta-feira para ter sua discussão iniciada às 9h da segunda-feira seguinte. Além de não criar condições para um diálogo com as entidades de representação dos Povos Indígenas (…), o cronograma imposto restringiu significativamente o tempo para que elas pudessem analisar o documento”, afirmam.

A minuta e o marco temporal

Em 2023,o Supremo considerou inconstitucional o marco temporal, tese que determina que povos indígenas só têm direito a terras que ocupavam na promulgação da Constituição, em 1988. Dias depois, o Senado aprovou uma lei contrária, reconhecendo e criando o marco temporal. O projeto chegou a ser vetado pelo presidente Lula, mas o veto foi derrubado pelo Congresso.

A partir de então, foram apresentadas diferentes ações diretas de inconstitucionalidade contra a nova lei. Gilmar Mendes decidiu suspender os processos judiciais em abril de 2024 — quando foi criada a câmara de conciliação, que conta com a participação de parlamentares e representantes da sociedade civil.

De acordo com as entidades de direitos indígenas, apesar de a minuta apresentada por Mendes na última semana refutar a tese do marco temporal — que já era o posicionamento da Corte –, o texto faz “uma série de concessões ao agronegócio e ao setor mineral”, o que, afirmam, “poderão inviabilizar a demarcação de novas TIs no futuro”.

Um dos exemplos citados é o artigo 6º da minuta, que afirma que se a demarcação for “contrária ao interesse público”, ela poderá ser rejeitada pelo ministro de Justiça e Segurança Pública, sendo também prevista a possibilidade da transferência dos indígenas para outras áreas.

Já no artigo 21, o documento decide que a “exploração de recursos minerais estratégicos” constituiria atividade de “interesse público”. “Considerando que a Resolução 02/2021 do Comitê Interministerial de Análise de Projetos de Minerais Estratégicos estabelece critérios muito amplos para definir o que são minerais estratégicos, incluindo qualquer minério que seja exportado, como ferro, ouro ou bauxita, a norma abre a possibilidade que o fato de existirem pedidos de pesquisa mineral em determinada área seja estabelecido como de ‘interesse público’ e assim, sirva como argumento para impedir a demarcação, mesmo após os estudos e laudos técnicos elaborados pela Funai”, diz o manifesto.

Direito de fala

Durante a audiência de conciliação para debater uma proposta de texto elaborada pelo ministro Gilmar Mendes, lideranças indígenas discutiram pelo direito ao “lugar de fala” na discussão sobre o Marco Temporal.

O desentendimento começou quando a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) foi impedida de sentar-se à mesa da sessão, mesmo tendo participado de reuniões realizadas anteriormente pelo colegiado. A justificativa dos auxiliares do STF foi a de que Xakriabá figura como suplente na Câmara. A deputada, no entanto, afirmou que, mesmo sendo suplente, solicitou a titularidade por ter comparecido a 12 das 16 reuniões.

A deputada Silvia Waiãpi, por outro lado, participou pela primeira vez da reunião, em substituição ao deputado Lúcio Mosquini (MDB-RO), que representava a Câmara na comissão. A troca foi solicitada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), na última semana.

Apesar de ter sido barrada da mesa, Xakriabá pode fazer uso da palavra. Ela classificou a manobra como “colonial, patriarcal, violenta e anti-civilizatória”.

“A senhora é a única pessoa que vota publicamente a favor do Marco Temporal”, disse, dirigindo-se a Waiãpi. “Essa é uma estratégia, porque poderiam colocar qualquer um, mas não. O Congresso Nacional quis usar a senhora como figura simbólica de ser uma mulher indígena para contrapor o voto de violência (…) Estamos em pleno século 21, e uma mulher indígena vai votar contra o direito do seu próprio povo (…) Isso é uma velha arma colonial de estatégia”, afirmou.

A declaração foi rebatida pela colega parlamentar, que afirmou que não estava sendo “usada” por lideranças políticas. “Este lugar aqui não é, como a senhora disse, usado. Eu não estou sendo usada, até porque, assim como a senhora, eu estudei. Assim como a senhora, eu também tenho lugar de fala. Assim como a senhora, também tenho uma formação e intelecto o suficiente para não ser usada”, disse Silvia Waiãpi.

Valor Investe - SP   19/02/2025

Expectativas para os dados financeiros acompanham informações já antecipadas pela companhia em seu relatório de produção, divulgado no final de janeiro

Os resultados trimestrais de companhias que divulgam dados operacionais antecipadamente trazem mais previsibilidade para os dados financeiros divulgados posteriormente. É o caso da mineradora Vale (VALE3), que divulga hoje, após o encerramento do pregão, seu balanço referente ao último trimestre do ano passado.

Os dados operacionais da mineradora, divulgados no final de janeiro, agradaram os analistas e investidores porque, basicamente, não trouxeram surpresas negativas. As quedas apresentadas já eram amplamente esperadas.

Para Alexandre Pletes, chefe de renda variável da Faz Capital, os resultados financeiros do quarto trimestre do ano passado também devem seguir nessa linha.

Ele acredita que os números não trarão grandes surpresas, refletindo a fraqueza da economia chinesa. “A prévia de produção e vendas veio dentro do esperado, mas haverá uma forte queda das margens em relação ao ano anterior devido à desvalorização do minério de ferro, que foi negociado a US$ 93 por tonelada no quarto trimestre, bem abaixo do patamar do final de 2023”, explica.

Pletes destaca que a mineradora tem buscado melhorar a qualidade da extração para obter uma diferença maior entre custo e venda, mas isso não compensa a queda do valor do minério, seu principal produto, no mercado internacional. “Como a demanda chinesa ainda está fraca, a empresa deve apresentar recuo na receita e nas vendas”, pontua.

“A gente espera que venha tudo ‘neutro’, que já é melhor do que os números caírem mais do que se tem observado”, afirma Pletes, acrescentando que, no curto prazo, os recibos de ações (ADRs), negociados na bolsa de Nova York, podem oscilar entre US$ 11,50 e US$ 12, “mas sem grandes catalisadores para uma forte alta, como ocorreu no passado”.

Ele avalia, no entanto, que uma recuperação da economia chinesa no segundo semestre pode impulsionar a empresa.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, pondera que, apesar da queda nas vendas, apontada nos dados operacionais divulgados, houve alguma “surpresa positiva em preços, por conta da qualidade, mas nada fora do normal”.

Para ele, não há grandes expectativas quanto ao resultado da Vale no quarto trimestre, já que o cenário global não está favorável para o minério de ferro, citando principalmente os problemas nos setores de construção civil e de infraestrutura na China, além do crédito e dos altos estoques de minério. “Esses fatores trouxeram um quarto trimestre atípico para pior”, afirma Arbetman.

Após a divulgação do relatório de produção, a equipe de analistas do Itaú BBA manteve sua projeção de queda de 43% para o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda, na sigla em inglês) da Vale no quarto trimestre, na comparação com o mesmo período de 2023. A estimativa é de cerca de US$ 4 bilhões.

O Itaú BBA destaca que a queda anual nas vendas foi principalmente devido à otimização do portfólio, com produtos de maior qualidade sendo direcionados para a China, o que resultou no aumento do preço praticado.

A Genial Investimentos projeta uma queda na receita líquida consolidada da Vale de 21%, na comparação com o quarto trimestre de 2023, para US$ 10,3 bilhões. O lucro líquido deve recuar 15%, para US$ 2 bilhões, na mesma base de comparação.

Para a Genial, há um cenário macroeconômico difícil, principalmente considerando as incertezas em relação à atividade econômica chinesa e os impactos da guerra comercial que poderá ocorrer com as medidas de Donald Trump. No entanto, os papéis da Vale estão sendo negociados com um desconto muito maior do que seus pares globais.

“As ações da companhia estão penalizadas por uma narrativa excessivamente negativa em torno da economia chinesa e seus desdobramentos”, apontam os analistas da Genial, em relatório.

Para uma revisão dos preços das ações pelos investidores, o BTG Pactual aponta que, apesar de a Vale tomar “uma decisão sensata para proteger os preços praticados do minério de ferro e o mix de produtos, o mercado precisará de mais clareza sobre a estratégia futura para entender a extensão da lacuna entre embarques e produção”.

A ação da Vale tem o maior peso dentre os ativos que compõem o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, a B3. O terreno trilhado pelos papéis da empresa - positivo ou negativo - quase sempre influencia significativamente o desempenho diário do índice.

As estimativas levantadas pelo Valor Data para o lucro por ação da mineradora, apurado com cinco casas, variam em um intervalo entre R$ 8,38 a R$ 14,24, com mediana de R$ 10,75, para o final do exercício de 2024. Nos 12 meses encerrados no terceiro trimestre no ano passado, o lucro por ação foi de R$ 10,64.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   19/02/2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diz que quer impor tarifas mais altas sobre carros importados, a uma taxa de pelo menos 25%, para incentivar as montadoras a transferir a produção para solo americano.

Trump disse que provavelmente anunciará uma decisão sobre essas tarifas em 2 de abril.

"Fui contatado por algumas das maiores empresas do mundo e, por causa do que estamos fazendo economicamente, e por meio de tarifas, impostos e incentivos, elas querem voltar para os Estados Unidos", disse o presidente a repórteres em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida, na terça-feira.

"Decisões importantes estão sendo tomadas por empresas em todo o mundo", disse ele, alegando que companhias de semicondutores e automóveis anunciariam uma mudança para os Estados Unidos em breve.

"Fábricas de automóveis estão sendo canceladas em outros locais agora porque querem construí-las aqui", alegou ele, acrescentando que impostos, tarifas e incentivos estão encorajando tais decisões.

O presidente disse que haverá um grande fluxo de empresas nos próximos dois anos, mas também que muita atividade ocorrerá nas próximas semanas.

Na semana passada, o indicado a secretário de Comércio, Howard Lutnick, disse que Trump está pronto para avançar com as novas tarifas após o Departamento de Comércio, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos e o Departamento do Tesouro enviarem uma série de relatórios sobre a reformulação das políticas comerciais dos Estados Unidos ao presidente em 1º de abril.

Questionado se havia decidido sobre a taxa de tarifa de automóveis, Trump disse: "Provavelmente direi isso em 2 de abril, mas será em torno de 25%. Será 25% ou mais, e aumentará substancialmente ao longo de um ano", disse Trump.

Globo Online - RJ   19/02/2025

A Renault e a chinesa Geely Holding anunciaram um acordo para produção e venda de veículos elétricos e de baixa emissão no Brasil. A Geely investirá na Renault para se tornar acionista minoritária, permitindo que os chineses usem a infraestrutura local de produção, vendas e serviços da marca francesa no país.

O negócio ainda está sujeito a aprovações das autoridades regulatórias. O valor do investimento não foi divulgado.

A Geely Holding vendeu mais de 3,33 milhões de veículos no mundo em 2024. O grupo emprega mais de 140 mil pessoas e é dono das marcas Geely Auto, Lynk & Co, Zeekr, Geometry, Volvo Cars, Polestar, Lotus, Radar, London Electric Vehicle Company e Farizon Auto.

A Renault está em mais de 130 países, e tem quatro marcas: Renault, Dacia, Alpine e Mobilize. No ano passado, vendeu 2,2 milhões de veículos e tem 105 mil colaboradores.

As duas fábricas da Renault em São José dos Pinhais, Paraná, deverão ser usadas para produzir novos veículos para as duas marcas, incluindo os modelos já produzidos atualmente pela montadora francesa, como o Kwid, Stepway, Kardian, Duster, Duster Oroch e Master.

Inagurada em 1998, a unidade tem 2,5 milhões de metros quadrados e capacidade para fabricar até 380 mil veículos e 400 mil motores por ano. Foi inagurada em 1998.

Fabricante chinês de dispositivos eletrônicos tem ambição de se tornar campeão mundial do setor

A Renault vai se tornar a distribuidora do portfólio de vendas de veículos da Geely no Brasil, que se beneficiará da infraestrutura e da expertise comercial da montadora francesa. O comunicado não informa quando os veículos da Gelly começarão a ser produzidos no Paraná.

Parceria estratégica

Luca de Meo, CEO do Renault Group, disse que o acordo amplia a parceria já existente entre as duas montadoras:

— A Renault Group e a Geely já têm um histórico de parcerias. Lançamos uma joint venture na Coreia do Sul e a Horse, líder mundial de tecnologias de grupos motopropulsores. É uma relação de trabalho eficaz, com confiança. São grandes diferenciais que queremos potencializar nesta nova cooperação no Brasil. Ela permitirá a consolidação de nossa presença industrial no estado do Paraná e fortalecerá ainda mais a posição da marca Renault neste mercado-chave.

Eric Li, chairman do Geely Holding Group, diz que a cooperação com a Renault é parte de um compromisso de trabalhar com parceiros globais:

— A relação da Geely com a Renault está evoluindo, desde a Coreia do Sul até os motores globais, e agora no Brasil. Ao trabalharmos juntos nos beneficiamos de sinergias e eficiências aprimoradas, para criar ainda mais valor para os nossos consumidores em todo o mundo.

Ninguém tem a receita do bolo

Para Milad Kalume Neto, especialista em mercado automotivo, será preciso acompanhar a associação para entender como ela se concretizará. Ele lembra que os veículos elétricos têm menos peças, mas é preciso ter uma linha de produção exclusiva para eles, já que não se pode montá-los na mesma linha dos carros a combustão.

— Ninguém tem a receita do bolo ainda, mas neste contexto imagino que a otimização de recursos com outras empresas seja algo inteligente — avalia o especialista.

América Latina na mira

Muitas montadoras têm freado o investimento em veículos 100% elétricos por causa da baixa demanda. Com preço elevado e falta de infraestrutura de carregamento, a aposta tem sido nos híbridos.

Para Antônio Jorge Martins, da FGV, com elevada competição no mercado chinês e guerra de preços, muitas veem a internacionalização como única forma de sobreviver.

— As chinesas, que tem atuação limitada nos EUA, acabam buscando países da América Latina — diz.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Valor - SP   19/02/2025

Indústria embarca mais tecnologia nos aparelhos “split”, para economizar energia, e certificado de eficiência será atualizado em 2026

Inteligência artificial (IA), automação e avanços em eficiência energética são novidades nos aparelhos de ar-condicionado que chegam às lojas do país para atrair o consumidor afetado pelo clima extremo. Já no varejo, o parcelamento é a forma de driblar o reajuste de preços aplicado pela indústria no fim do ano, em decorrência da alta do dólar e dos preços de insumos como cobre, alumínio e plástico.

O clima mais quente colaborou com um aumento de 38,4% em unidades vendidas de aparelhos de ar-condicionado no modelo “split” em 2024, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).

Ao todo, 17 fabricantes produziram 5,88 milhões de aparelhos de ar-condicionado em 2024. Para este ano, a expectativa é de um avanço de 8% a 10% em unidades produzidas. Esse resultado, entretanto, não considera o início da operação de três companhias que estão interessadas em entrar neste segmento no Brasil.

O presidente da Eletros, Jorge Nascimento, considera a estimativa para 2025 otimista, mas cautelosa. O motivo para a ponderação é o cenário econômico do país, com juros altos e inflação persistente. Ele acrescenta que o mercado tem espaço para crescer, uma vez que somente 20% das residências têm aparelhos de ar-condicionado no Brasil. “Além disso, as indústrias estão com 15% de capacidade ociosa.”

Aparelhos de ar-condicionado “split” possuem uma unidade evaporadora, que joga o ar refrigerado ou quente na área interna, e uma unidade condensadora externa, responsável pelas trocas de calor. Quando compra o aparelho, o consumidor deve contratar uma instalação especializada, o que eleva o custo do negócio.

Além desse gasto inicial, o consumo de energia é a principal preocupação do consumidor que avalia a compra de um ar-condicionado. Nesse ponto, tanto fabricantes como o governo atuam para elevar o patamar de eficiência da indústria. O atual Selo Procel, certificado de eficiência energética do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) será atualizado em 2026, priorizando aparelhos mais eficientes.

“O ar-condicionado ficou muito taxado pelo consumo de energia nos modelos ‘on/off’ mais antigos de desligamento e religamento do motor, em relação aos modelos novos com motor ‘inverter’ ”, diz o diretor da divisão de ar-condicionado da Samsung Brasil, Thiago Dias. “Com a troca de etiqueta, a classificação de modelos ‘on/off’ passa de AAA [que gasta menos energia] para D [que gasta mais energia]”, ilustra o executivo. Nos modelos mais recentes da fabricante sul-coreana, o cliente pode acompanhar o valor, em reais, do consumo do ar-condicionado, segundo a tarifa da concessionária de energia em sua região.

Sensores inteligentes e aprendizado de máquina são recursos da indústria para atrair novos consumidores.

A LG lança, ainda em fevereiro, uma linha de aparelhos com recursos de IA, que identifica pessoas no ambiente. “O recurso de detecção humana capta a temperatura do ambiente de acordo com a quantidade de pessoas”, diz o gerente de produtos na LG do Brasil, Leonardo Fogaça.

Em dezembro, a linha ‘wind free’ da Samsung, que propõe climatizar o ambiente sem vento, ganhou recursos de IA para “aprender” as preferências de temperatura do consumidor até quando ele dorme. “O ar-condicionado conectado ao relógio inteligente ou ao anel [da Samsung] identifica se você está desconfortável com o frio ou calor e ajusta a temperatura”, explica Dias.

Dados de 41 milhões de aparelhos em uso no mundo, combinados a sensores nas condensadoras, compõe a aplicação de IA voltada à eficiência energética dos novos produtos da Midea Carrier. “A IA consegue estimar a carga térmica externa, evitando picos de desperdício de energia”, diz o gerente de Marketing de Produto da Midea Carrier, Gustavo Martins. Em 2024, a joint venture responsável pelas empresas Carrier, Midea, Springer e Toshiba no segmento de ar-condicionado no país elevou em mais de 40% a receita com vendas ante 2023. “A demanda mais do que dobrou em cidades onde tradicionalmente não havia muita demanda por ar-condicionado como Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte”, diz Martins.

Equipamentos com sensor de presença, eficiência energética compatível com os critérios de 2026 e orientação do consumidor sobre a escolha dos aparelhos são apostas da japonesa Fujitsu General para elevar vendas. “Conectividade e praticidade são itens que vieram para ficar, mas assim como ocorreu com refrigeradores, precisamos ensinar o consumidor a comprar ar-condicionado”, observa o diretor técnico da Fujitsu General do Brasil, Raimundo Ribeiro. Em setembro, a empresa lançou um e-commerce com uma calculadora de consumo e dicas para o cliente acompanhar a instalação.

A demanda mais do que dobrou em Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte”

— Gustavo Martins

Com aparelhos mais eficientes e conectados, fabricantes consultados pelo Valor parecem mais otimistas com as projeções para 2025 do que a média da indústria consultada pela Eletros. Fogaça, da LG, projeta alta de 20% na capacidade produtiva e nas vendas neste ano. O gerente executivo de vendas da Gree, Carlos Murano, estima um crescimento de 15% no faturamento e de 17% no volume de unidades vendidas, “mantendo um ritmo de expansão sustentável”. Segundo o executivo, a fabricante chinesa ampliará investimentos em pesquisa e desenvolvimento e o canal de distribuição no país este ano.

A procura aquecida tem beneficiado diretamente o varejo, ainda que a alta da taxa de juros tenha pesado no bolso do consumidor que costuma fazer compra parcelada.

“Tem prevalecido a necessidade imediata gerada pelo calor”, afirma o diretor de marketplace do Mercado Livre, Diego Araújo dos Santos, sobre o aumento das vendas mesmo em meio a um contexto contracionista. A varejista registrou um salto de 48% nas buscas por ar-condicionado nos primeiros 15 dias de fevereiro, ante o mesmo período de 2024.

A Casas Bahia triplicou as vendas de aparelhos em janeiro em relação a dezembro do ano passado, com destaque para a venda física. “O brasileiro tem ido à loja física para não precisar esperar pela entrega do produto”, afirma o vice-presidente de operações da varejista, Fréderic Paul Bernard Gauthier.

Por sua vez, o Carrefour viu a categoria de ventilação dobrar de tamanho dentro da varejista. “O segmento está puxando o nosso crescimento”, afirma o diretor de dados e insights do Grupo Carrefour Brasil, Arthur Silveira.

As varejistas consultadas pelo Valor dizem que o cliente tem encontrado variedade de modelos e de fabricantes, em um quadro bem diferente de dois anos atrás quando houve desabastecimento de ar-condicionado no país. “O que pode acontecer é falta pontual de um produto ou de outro, mas a venda é concretizada com equipamento similar”, diz Gauthier.

Na Fast Shop, as vendas cresceram 87% entre janeiro e fevereiro em relação aos últimos meses de 2024. Em relação a igual período de 2024, o salto foi de 25%. O resultado foi puxado não apenas pela demanda, mas também pela retomada da venda direta, que tinha sido abandonada pela varejista nos últimos anos para concentrar a comercialização em “marketplaces”.

FERROVIÁRIO

Valor - SP   19/02/2025

O projeto, apresentado no fim dos anos 1960, mas nunca levado adiante, voltou a ser debatido com a possibilidade de Rio e Niterói sediarem os Jogos Pan-Americanos em 2031

O secretário estadual de transportes e mobilidade urbana, Washington Reis (MDB), afirmou hoje que o Estado pretende licitar até o fim do ano a linha 3 do metrô, que envolve um trem submerso para ligar a capital fluminense aos municípios de São Gonçalo e Niterói, na região metropolitana do Rio. O projeto, apresentado no fim dos anos 1960, mas nunca levado adiante, voltou a ser debatido com a possibilidade de Rio e Niterói sediarem os Jogos Pan-Americanos em 2031.

O secretário estadual disse que o governo está em processo de contratação de uma modelagem para a linha intermunicipal e para a expansão da linha 2, com a criação de uma estação na Praça XV, no centro da cidade.

“O Estado está contratando a modelagem tanto da Estácio-Praça XV como a expansão linha 3, mergulhando por debaixo da Baía para Niterói e São Gonçalo. Até o fim do ano vamos estar prontos para licitar”, afirmou durante o evento “Caminhos do Rio - O futuro sobre trilhos”, realizado pelos jornais “O Globo” e “Extra” com patrocínio da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos.

Reis estimou em mais de R$ 20 bilhões o custo para construção da linha 3 e projetou em 6 a 7 anos a conclusão das obras. Questionado sobre as condições econômico-financeiras para tocar o projeto, o secretário afirmou que o “dinheiro está no networking político” e aproveitou para criticar o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), do governo federal.

“Essa renegociação de dívidas é a maior covardia do mundo. Com a derrubada aos vetos do Propag, o Rio de Janeiro Janeiro tem capacidade de investimentos. A gente tem vida própria, tem saúde e capacidade financeira desatando essa covardia”, disse.

Segundo o secretário, as obras da estação Praça XV serão iniciadas “em seguida” à licitação, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e custo total estimado em R$ 6 bilhões.

“Até o fim do ano nós vamos licitar [a Praça XV]. A ideia é iniciar [as obras] em seguida, com o BNDES financiando”, afirmou Reis.

Novos trens e críticas à Supervia

O secretário também adiantou que uma comitiva do governo do Estado irá à China em abril para comprar 30 trens novos para operação na capital fluminense e região metropolitana.

Ele ainda afirmou que a saída da Supervia da operação dos trens urbanos é “ponto-chave” para mobilidade sobre trilhos no Estado. O acordo que permite a transição do serviço de trens para um novo operador foi assinado entre a concessionária e o governo do Estado no fim do ano passado.

“Estamos retirando essa maldita Supervia que veio para cá e destruiu o sistema de trens. Se tivesse vontade política e gestão eficiente, teríamos metrô de superfície integrado ao metrô do Rio”, criticou Reis.

Valor - SP   19/02/2025

Desafio é reduzir tarifas e atrair usuários para o sistema ferroviário, que é mal explorado e subutilizado, apesar dos 350 quilômetros de linhas do município

Apesar de se estender por mais de 350 quilômetros distribuídos entre a operação de trens, metrô e VLT, a malha ferroviária do Rio para o transporte de passageiros ainda é mal explorada e subutilizada. A avaliação é de autoridades, especialistas e representantes de empresas que participaram nesta terça-feira (18) do evento “Caminhos do Rio - O futuro sobre trilhos”, realizado pelos jornais “O Globo’ e “Extra”, no auditório da Editora Globo, na Cidade Nova, no Rio.

A falta de subsídios para o transporte ferroviário de passageiros é um dos principais problemas apontados pelos especialistas. O argumento é que, sem o apoio financeiro, as passagens ficam mais caras, o que torna o modal menos atrativo. Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, diz que sem subsídio não há transporte público em nenhum lugar do mundo. “Quem estrutura uma rede é o dinheiro público. O setor privado só entra em projeto bom, que vai dar resultado. O setor público tem que dar o start”, afirma Quintella.

O diretor da FGV destacou que a falta de integração entre os modais contribui para a fuga de usuários do sistema público para aplicativos de transporte individual. “O [transporte por] aplicativo está indevidamente fazendo o papel do transporte público. Além dele ter capilaridade, é mais barato”, disse.

Transporte de trilho dará grande passo para descarbonização”

— Edmar de Almeida

Para representantes do Metrô Rio e do VLT Carioca, não deveria haver concorrência, mas uma integração para que os modais sejam complementares. Guilherme Ramalho, presidente do Metrô Rio, defendeu que a mobilidade urbana precisa ser vista como um projeto de parceria pública e privada. “Isso pode ser viabilizado se a gente tiver um planejamento integrado claro entre governo do Estado e prefeitura, uma agência reguladora forte, uma previsibilidade de demanda e uma priorização clara dos governos e do transporte coletivo”, disse.

O presidente do conselho administrativo da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Joubert Flores, atribuiu a má organização do sistema à falta de uma autoridade metropolitana para coordenar ações de transportes entre a capital fluminense e demais municípios do Estado. “Tem toda dificuldade de criar a autoridade? Tem. Mas a gente tem uma situação pior porque não adota uma coisa que é prática reconhecida e já adotada em outros lugares”, disse. Ele também mencionou que, ao contrário do que ocorre em países da Europa, o sistema ferroviário brasileiro não tem aportes do governo federal nem subsídios.

O professor do Instituto de Energia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Edmar de Almeida chamou atenção para a contribuição que a política de incentivo ao transporte público, sobretudo ferroviário, pode dar à transição energética. “A ambição de transição energética tem que estar conectada com a política de transporte público. A gente precisa construir uma ideia forte de que através do transporte de trilho daremos um grande passo para a descarbonização”, afirmou.

O presidente da agência reguladora do Estado, a Agetransp, Adolpho Konder, disse que é necessário realizar uma revisão de contratos antigos das concessões de transporte público para criação de novos modelos que permitam um equilíbrio tarifário. Ele também apontou a sobreposição de linhas como um problema para o desenvolvimento do sistema fluminense. “O transporte de ônibus da cidade do Rio de Janeiro faz inúmeras sobreposições ao transporte do metrô. Existe transposição do BRT veorsus trem. Precisamos ter esse planejamento”, afirmou.

O secretário estadual de Transportes e Mobilidade Urbana, Washington Reis (MDB), afirmou que o Estado tem aumentado o subsídio para os transportes “constantemente”. Segundo o secretário, a prioridade do governo neste momento é retirar de circulação linhas de ônibus que não alimentam o sistema. “Nosso foco é integração total”, afirmou. Reis disse ainda que o governo vai licitar, até o fim do ano, a linha 3 do metrô, que envolve um trem submerso para ligar a capital fluminense aos municípios de São Gonçalo e Niterói, na região metropolitana do Rio, e a expansão da linha 2 para a Praça XV, no centro do Rio.

NAVAL

IstoÉ Dinheiro - SP   19/02/2025

Os Estados Unidos estão preocupados com a expansão econômica da China nas Américas, em particular seus investimentos nos portos, mas isso representa uma ameaça à sua segurança nacional? Como se contrapor?

O subcomitê da Segurança Marítima e de Transportes da Câmara de Representantes convidou, este mês, vários especialistas, para esclarecer este ponto.

– Portos nas Américas –

As empresas chinesas investiram em terminais portuários em sete países das Américas, incluindo cinco em portos dos Estados Unidos, afirmou Isaac Kardon, pesquisador de estudos sobre a China do Fundo Carnegie para a Paz Internacional em Washington.

Duas empresas estatais, Costco e China Merchants, junto ao conglomerado privado com sede em Hong Kong CK Hutchinson Holdins, são os principais parceiros chineses em cada um desses investimentos, acrescentou.

Em comparação com outras regiões, elas têm uma presença “relativamente modesta nas Américas, com investimentos em 15 portos em um total de 95”, disse Kardon.

Segundo ele, nos Estados Unidos, as empresas chinesas possuem participações minoritárias, geralmente em conjunto com companhias americanas.

As empresas chinesas ou subsidiárias realizaram investimentos “particularmente estratégicos no Panamá, Peru e Brasil”, disse.

Concretamente no , no Paraná, no peruano de Chancay e em dois dois cinco do canal do Panamá.

– O canal do Panamá –

O canal do Panamá foi construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914. Ele foi entregue ao Panamá em dezembro de 1999 em virtude de tratados bilaterais.

A Hutchinson Ports PPC (também conhecida como Panama Ports Company SA) gerencia o porto de Cristóbal, no lado Atlântico do canal, e o de Balboa, no lado Pacífico, desde 1997.

Os Estados Unidos consideram esses portos uma ameaça à sua segurança.

Matthew Kroenig, vice-presidente e diretor do Centro Scowcroft de Estratégia e Segurança do Atlantic Council em Washington, acredita que “a China poderia tentar dificultar o comércio através do canal”.

Além disso, segundo ele, a China envia por meio da via interoceânica substâncias com as quais é fabricado o fentanil, um opioide sintético, e opera com “tecnologia de vigilância” que é usada “para coletar informação”.

Kardon aconselha que os Estados Unidos ajam estreitamente com o Panamá para, por exemplo, “atrair capital privado com o objetivo de assumir qualquer concessão rescindida e expandir e modernizar as instalações existentes”.

Por enquanto, o país latino-americano aguarda os resultados de uma “auditoria integral” sobre a Panama Ports.

– Ameaça para a segurança? –

Kardon vê duas áreas de preocupação: o uso dessas infraestruturas para acumular “poder” na região e exposição a “vulnerabilidades físicas e digitais” (equipamentos fabricados na China, software integrado nos sistemas…).

No âmbito militar, a presença naval chinesa na América “é relativamente modesta” e a correlação de forças “favorece esmagadoramente os Estados Unidos”, acrescenta, porque Pequim se centra no “Pacífico ocidental” com o objetivo de tomar o controle de Taiwan no futuro.

Para Kroenig, “a China representa a maior ameaça contemporânea para a segurança nacional dos Estados Unidos” no caso de uma crise ou guerra.

“É um desafio integral com dimensões econômicas, tecnológicas, diplomáticas, ideológicas e militares”, apontou.

Os países da América Latina e do Caribe costumam se sentir “atraídos pelos investimentos em infraestrutura da China, mas eles têm um preço”, porque através deles “consolida o acesso a recursos, capta as elites, ganha influência sobre os governos, muda as políticas nacionais a seu favor e mina as normas democráticas, a transparência e os padrões ambientais”, explica Kroenig.

– Como se contrapor a isso? –

A China investe em infraestrutura portuária devido a suas “vantagens econômicas e geopolíticas”, assegurou Cary Davis, presidente e diretor-geral da Associação Americana de Autoridades Portuárias (AAPA).

Segundo ele, os Estados Unidos têm que “aumentar os investimentos diretos” nos portos nacionais e “nos países aliados”.

Para Kardon é essencial implementar medidas de cibersegurança estritas e obrigatórias.

Kroening recomenda a Washington fomentar que os países da região deixem de colaborar com a China “em áreas de preocupação”, mas avalia que poderiam seguir fazendo isso em outras “não sensíveis, como a agricultura”.

Ele pede que sejam oferecidas “alternativas aos investimentos chineses”, incentivando o setor privado.

Ryan C. Berg, diretor do Programa das Américas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, aconselha Washington a mudar de estratégia.

“É muito mais fácil jogar no ataque do que simplesmente jogar na defesa”, diz.

Ele dá como exemplo o porto peruano de Chancay: é preferível envolver “o setor privado americano (…) do que tentar fazer com que os peruanos se desfaçam desse novo megaporto”.

IstoÉ Dinheiro - SP   19/02/2025

Os portos brasileiros bateram recorde de movimentação de cargas em 2024, com um total de 1,32 bilhão de toneladas. Os números foram apresentados pelo governo federal em evento na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Apesar de números mistos entre as diferentes categorias de terminais e cargas, o saldo final ficou 1,18% acima do volume verificado em 2023.

Os portos públicos registraram 474,38 milhões de toneladas, aumento de 5,13% em comparação com o ano anterior.

Dentre esses, o Porto de Santos, em São Paulo, destacou-se com a maior movimentação, alcançando 138,69 milhões de toneladas, crescimento de 2,05%. O Porto de Salvador, na Bahia, apresentou o maior crescimento porcentual, com acréscimo de 41,18% na comparação com 2023, totalizando 6,60 milhões de toneladas.

“O crescimento nos portos públicos mostra o trabalho que tem sido feito pelas autoridades portuárias”, disse o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

Ele prometeu empenho do governo para manter as condições de avanço do setor. “Criar cada vez mais segurança jurídica para quem quer empreender”, afirmou.

Costa Filho disse que, ao lado de Antaq e do Tribunal de Contas da União (TCU), busca acelerar a carteira de concessões e arrendamentos. Os terminais autorizados experimentaram leve retração, movimentando 845,98 milhões de toneladas, redução de 0,91% em relação ao período anterior.

No segmento, o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão, foi o destaque positivo, com 175,78 milhões de toneladas movimentadas, acréscimo de 5,68%.

Quanto ao tipo de navegação, o transporte de longo curso contabilizou 948,17 milhões de toneladas, crescimento de 2,29%. A cabotagem, que é a navegação entre os portos brasileiros, viu um acréscimo de 0,92%, totalizando 293,56 milhões de toneladas. A navegação interior, em cursos d’água internos como por rios, teve redução de 9,58%, movimentando 75,93 milhões de toneladas.

Em relação ao tipo de carga, o transporte de granel sólido teve queda de 0,25%, com 788,50 milhões de toneladas, enquanto o de granel líquido diminuiu 3,78%, somando 313,10 milhões de toneladas. Já a carga conteinerizada, experimentou um acréscimo de 20%, alcançando 153,33 milhões de toneladas.

Dentre as cargas em destaque, o trigo liderou com um aumento de 39,51%, totalizando 9,03 milhões de toneladas. O gás de petróleo apresentou crescimento de 35,31%, com 5,29 milhões de toneladas movimentadas. Os combustíveis, óleos e produtos minerais registraram um aumento de 23,63%, somando 4,06 milhões de toneladas.

PETROLÍFERO

Valor - SP   19/02/2025

Ao defender a exploração de petróleo na Margem Equatorial, ministro de Minas e Energia disse que "não conhecer nossas potencialidades é uma insanidade", e negou que Ibama está sendo "atropelado"

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta terça-feira (18) que o Brasil não deve se “envergonhar” de ser um país produtor de petróleo, ao defender a exploração de petróleo na Margem Equatorial. No Brasil, essa nova fronteira de exploração está localizada na faixa litorânea que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte.

Para o ministro, manter a produção de petróleo ainda é estratégica para gerar renda e riqueza para o país. Ele ressaltou que o combustível fóssil ainda é considerado uma fonte energética global. “Quanto à Margem Equatorial, não conhecer nossas potencialidades é uma insanidade”, comentou, em entrevista a jornalistas após o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Silveira defendeu que o Brasil pode exercer um papel importante no cenário internacional tendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como líder influente. Ele disse que o presidente brasileiro pode se contrapor às “loucuras que se sobrepõem à racionalidade”. Ressaltou que “é hora de buscar equilíbrio” frente ao radicalismo assumido por outros países.

O ministro negou que a exploração de petróleo na Margem Equatorial, envolvendo o bloco da Petrobras na Foz do Rio Amazonas, precise passar por deliberação CNPE, sinalização feita em recente posicionamento da ministra Marina Silva (Meio Ambiente). Segundo ele, para avançar com o projeto, basta que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) libere a pesquisa para identificar viabilidade econômica das reservas e indique à petroleira as medidas necessárias para tornar a atividade segura do ponto de vista ambiental.

Em relação à pressão exercida sobre Ibama, Silveira negou que o órgão ambiental está sendo "atropelado", forçado a licenciar o empreendimento. Porém, ressaltou que não aceita “radicalismo” na análise do processo. “É um absurdo sentar na mesa com Ibama e não dizer para a Petrobras o que falta”, reclamou.

O titular da pasta de Minas e Energia também chamou que “hipocrisia” a postura assumida por países europeus de apontar contradição na decisão do governo brasileiro de sediar o evento internacional de enfrentamento das mudanças climáticas (COP 30) e defender a exploração de petróleo. A crítica foi dirigida especialmente à França.

“Talvez eu me considere até mais ambientalista do que eles”, ironizou, ao ressaltar que o Brasil tem a legislação ambiental “mais rígida do mundo”.

IstoÉ Dinheiro - SP   19/02/2025

O Governo Federal passou a incluir quatro novos blocos do pré-sal – Hematita, Siderita, Limonita e Magnetita – em um leilão, estimando arrecadar mais de R$ 522 bilhões durante a vida útil dos projetos. Desses, R$ 923 milhões em bônus de assinatura, que podem ser arrecadados ainda em 2025, e previsão de R$ 511 bilhões em investimentos no período.

A inclusão dos blocos do pré-sal ocorre por meio de aprovação, nesta terça-feira, 18, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O órgão aprovou a inclusão na licitação em regime de partilha de produção, no sistema de Oferta Permanente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Os blocos agora inclusos no leilão estão localizados no polígono do pré-sal, especificamente na Bacia de Campos, contemplando os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Esses quatro se juntam a um volume de outros vinte e quatro blocos que já foram autorizados pelo CNPE.

Agora, há a possibilidade de que o próximo leilão, que deve ocorrer em meados de junho, seja o maior já realizado no regime de partilha de produção em quantidade de blocos disponíveis.

Novos blocos no leilão garantem segurança energética, diz ministro

A decisão de inclusão dos novos blocos, segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforça a estratégia de garantir segurança energética.

“A inclusão desses blocos do pré-sal no regime de partilha é um passo estratégico para assegurar a regularidade dos leilões de petróleo, garantindo investimentos robustos, geração de empregos e recursos expressivos para a União”, disse.

Valor - SP   19/02/2025

Ministério de Minas e Energia defende que a adesão à "carta" da Opep+, aprovada pelo CNPE, funcionará como a entrada em fórum de debate, de caráter consultivo, para manter interação com os países membros

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou nesta terça-feira (18) que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a adesão do Brasil a duas agências internacionais de energia e à "carta" da "Opep+", que é o grupo de países aliados ao cartel da Organização dos Países Produtores Exportadores de Petróleo (Opep). "O que fizemos hoje foi exatamente discutir a entrada no Brasil em três organismos internacionais que nós entendemos fundamentais para o futuro das energias no mundo", disse Silveira.

No caso das agências, trata-se da Agência Internacional de Energia (IEA) e da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) — esta última o governo anterior teria interrompido o processo de adesão por questões ideológicas.

O Ministério de Minas e Energia defende que a adesão à "carta" da Opep+ funcionará como a entrada em um fórum de debate, de caráter consultivo, para manter interação com os países membros. Na visão do ministro, a decisão do CNPE sobre a carta da Opep+ vai inserir o Brasil numa "plataforma internacional", que terá implicações diferentes do ingresso como membro no grupo dos países aliados do cartel dos maiores produtores de petróleo. Seria uma decisão não vinculante, conforme o próprio ministro explicou.

Na prática, o Brasil não será obrigado a se submeter às ordens de corte na produção de petróleo, por exemplo, tomadas pela Opep. "Isso gera alguma obrigação vinculante ao Brasil? Não, literalmente não. Foi lida e relida na reunião do CNPE que é apenas uma carta, um fórum de discussão de estratégias dos países produtores de petróleo", afirmou Silveira, em entrevista a jornalistas após a reunião do CNPE.

Ao insistir na explicação, o ministro disse: "Vamos corrigir Opep+. Sempre colocaram o nome de Opep e Opep+ em voga. O Brasil foi convidado [...] para que fizéssemos parte da carta de cooperação dos países produtores de petróleo".

Valor - SP   19/02/2025

Setor tem atraído novos participantes, mas ainda está concentrado em pouco grupos como Petrobras, Eneva e New Fortress Energy

O mercado de gás natural liquefeito (GNL) no Brasil passa por um momento de expansão, impulsionado pelo aumento da demanda e pela diversificação de fornecedores. Desde a aprovação do Novo Mercado de Gás (Lei do Gás, 2021), o setor está em processo de abertura, reduzindo a dependência da Petrobras, aumentando a oferta de gás importado e incentivando novos investimentos em infraestrutura e comercialização.

Ainda assim, permanece concentrado em poucos grupos, entre eles Petrobras, Eneva (BTG) e New Fortress Energy, além de investidores como Carlos Suarez (Termogás). Algumas empresas, como Cosan (Rubens Ometto) e J&F (Irmãos Batista), expandem a atuação para vários elos da cadeia, fortalecendo um modelo mais verticalizado.

A descarbonização pode ser uma aliada neste cenário. Setores industriais considerados difíceis de reduzir a emissão de gases por meio da eletrificação se beneficiariam ao adotar o GNL, mais “limpo” do que diesel, carvão e o GLP.

Demétrio Magalhães, CEO da Edge - empresa da Compass -, diz que a participação do GNL na matriz energética brasileira tem crescido gradualmente, atendendo distribuidoras e indústrias no chamado mercado livre de gás. Nesse segmento, os clientes negociam a compra conforme seu perfil de consumo, gerenciam seus portfólios de acordo com as oscilações do mercado e realizam transações no mercado de curto prazo, sem multas ou penalidades. Gerdau e CSN, entre outras, têm apostado nisso.

Magalhães diz que o Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP), operado pela Edge, recebeu oito navios de GNL em 2024 para atender diferentes demandas no Brasil e deslocar combustíveis mais poluentes. “Todo GNL que trouxemos foi para abastecer o mercado industrial (...). Desde o ano passado estamos entregando [gás] da Bolívia, do pré-sal, em breve teremos biometano e assinamos contratos na Argentina.”

O Brasil possui sete terminais de regaseificação ao longo da costa. A maioria opera com capacidade ociosa, impactada pela volatilidade do mercado e demanda ainda limitada. Um oitavo deve entrar em operação em 2026 no Porto de Suape (RJ), sob gestão da Oncorp, conhecida por operar termelétricas movidas a óleo diesel.

O diretor-presidente da empresa, João Guilherme Mattos, conta que a decisão de diversificar os negócios veio em 2019, apostando no potencial estratégico do porto para transformá-lo em um hub de gás. A usina Termopernambuco, da Neoenergia, é a primeira cliente do terminal via contrato com a Shell no fornecimento do gás. A aposta da Oncorp é no leilão de segurança energética (reserva de capacidade) de termelétricas e na demanda do setor industrial para ampliar a atividade do terminal.

“Para o leilão, temos vários projetos térmicos que vão disputar o certame atrelados ao terminal. Temos a demanda industrial das distribuidoras de gás, que a Shell está desenvolvendo. (...) São R$ 320 milhões de “capex” [despesas de capital] e R$ 2 bilhões em 15 anos de operação”, afirma o executivo.

A empresa está negociando um acordo com a transportadora TAG para levar o gás para outras regiões. Ovídio Quintana, diretor comercial e regulatório da TAG, acredita que o aumento da demanda industrial está associado à sensibilidade de preço e, para isso, é necessário garantir ambiente competitivo.

“O acesso a gasodutos é um impulsionador da competição, na medida em que viabiliza o encontro de agentes ofertantes e demandantes de gás natural. Para que este ambiente de ‘hub de trocas’ aconteça, é fundamental que as fontes de suprimento estejam todas conectadas à malha de transporte nacional”, diz. Segundo ele, a atuação da empresa no Nordeste levou, em 2022 e 2023, a redução de 20% no preço da molécula de gás natural, em comparação com o Sudeste: “Cerca de R$ 4 bilhões de economia em favor dos usuários.”

Hoje, o consumo de GNL no Brasil tem foco no atendimento às termelétricas. Dos 45 navios de GNL que atracaram no país em 2024, a maioria chegou a partir de setembro, período de maior despacho térmico. O desafio é expandir o uso do gás natural na indústria, cuja consumo está estagnado em 50 milhões de metros cúbicos por dia.

Além do mercado livre, iniciativas como a integração de novos fornecedores, novos terminais de regaseificação na costa brasileira e o uso do modal rodoviário para levar GNL a regiões sem infraestrutura de gasodutos podem estimular o consumo industrial. O movimento mais recente foi a entrada da gestora Perfin, que, no início de fevereiro, adquiriu 50% da VirtuGNL por R$ 450 milhões, via equity.

No mesmo dia, a Virtu assinou um aditivo ao contrato com a Eneva, comprando toda a capacidade das plantas de liquefação de gás natural do complexo Parnaíba, no Maranhão. O plano é abastecer a frota pesada de caminhões com o gás para levar o diesel da Vibra para a mineradora Vale.

O Brasil precisa de mais gás para crescer e atender essa crescente demanda de novas indústrias”

— Alejandro Catalano

A ideia é a criação de uma espécie de “corredor verde” - uma rede de postos para o abastecimento de GNL no transporte de cargas. A empresa já conta com contratos em operação, como o firmado com a Yara Brasil, para a distribuição de fertilizantes, por exemplo. Contudo, o diretor-executivo da companhia, José de Moura Jr., relata que os custos para iniciar esta operação ainda são elevados.

“A barreira de entrada é um desafio. Primeiro, os caminhões [movidos a GNL] ainda são mais caros que os a diesel. Segundo, a construção de um posto de abastecimento exige tecnologia específica e leva um ano para ser concluída. Terceiro, há a questão do acesso à molécula de gás. Não basta ter um navio disponível; muitos estão ancorados em alto-mar sem viabilidade econômica para o transporte. É essencial que o navio esteja próximo ao porto”, disse Moura.

Segundo ele, cada posto de GNL para caminhões, chamados de Central de Descarbonização Rodoviária (CDR), custa em média R$ 20 milhões. A previsão da Virtu é inaugurar os primeiros quatro CDRs até o começo de abril, e mais quatro até o fim do ano. O objetivo é chegar a 35 unidades até 2027.

Hoje, a Petrobras, a GNA e a Eneva têm acesso facilitado ao GNL por terem terminais conectados às suas térmicas. A Âmbar em breve também terá essa independência. A Fluxus, empresa do mesmo grupo, está ampliando sua presença nos mercados da Argentina e na Bolívia, na exploração do gás após aquisição de ativos da Pluspetrol.

“A Âmbar tem posição privilegiada, por acessar diretamente as principais bacias de gás do continente: Brasil, Argentina e Bolívia”, disse o CEO da empresa, Marcelo Zanatta. A aquisição da MGás permitiu a entrada no mercado de comercialização de gás e garantiu atuação nas duas pontas do negócio - tanto na compra quanto na venda do produto.

Do lado dos investimentos estrangeiros, a Pan American Energy (PAE), que opera no Brasil na geração de energia renovável, vê a indústria brasileira com grande potencial para diversificar seus negócios. O plano da petroleira argentina é dobrar a produção de gás natural no megacampo de Vaca Muerta, na Argentina, para atender o Brasil.

O diretor-geral da PAE no Brasil, Alejandro Catalano, ressalta que os investimentos visam criar maior integração regional na América do Sul para a transição energética: “Nós acreditamos que a energia tem que ser aproveitada regionalmente. Nesse sentido, o Brasil precisa de mais gás para crescer e atender essa crescente demanda de novas indústrias. Como recurso, temos a região de Vaca Muerta, que tem o suficiente para abastecer a Argentina e toda a região pelos próximos 20 anos.”

A respeito dos desafios, Catalano aponta para a falta de infraestrutura que conecte a Argentina com o Brasil. No primeiro momento, o transporte será feito através de gasodutos existentes na Bolívia.

Como alternativa, a PAE tem desenvolvido um navio para fazer o transporte do gás. A previsão é de que a embarcação fique pronta em 2027, mesmo ano em que a PAE pretende começar a comercialização de gás para o Brasil.

A oscilação dos preços internacionais de petróleo e gás gera preocupação em diversas frentes. A guerra na Ucrânia fez com que a Europa aumentasse a demanda por GNL, o que pode mudar com as negociações para o fim do conflito. A instabilidade no Oriente Médio, principalmente envolvendo o Irã e o trânsito de navios no Mar Vermelho, segue uma incógnita.

Além disso, mudanças na política energética dos EUA, com o retorno de Donald Trump, devem impactar as exportações americanas, o que pode iniciar uma potencial competição por espaço no mercado de GNL no longo prazo, como explica Rivaldo Moreira Neto, diretor de infraestrutura da A&M Infra.

“Os principais produtores e exportadores de GNL no mundo, os EUA e o Catar, estão praticamente dobrando capacidade de venda e exportação desse combustível (...) Olhando para 2030, eu tenho certeza que a oferta crescerá. Com Trump, você tende a ter aceleração maior desse movimento”, diz.

A produção estimulada deve aumentar o apetite dos EUA para exportar o excedente de seu mercado interno. Para o especialista, a sobreoferta pode significar acesso do Brasil a preços mais competitivos.

RODOVIÁRIO

IstoÉ Dinheiro - SP   19/02/2025

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê a aprovação de até R$ 30 bilhões para financiar concessões de rodovias em 2025. O valor superaria o recorde do banco para o setor que aconteceu no ano passado, quando foram aprovados R$ 23,5 bilhões. E continuar muito acima da média da série histórica, que é R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões por ano.

As estimativas para esse ano foram feitas pela diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco, Luciana Costa. Ela cita como principal motivo para esse aumento o mecanismo criado pelo Ministério dos Transportes para destravar os investimentos em estradas de rodagem.

“Havia muitas rodovias cujo prazo de concessão deveria ser estendido, tarifa reequilibrada e novos investimentos realizados”, diz Luciana. “Então, o ministro Renan Filho, ao invés de relicitar essas concessões, criou um instrumento em que essas concessões são otimizadas, com todos os players relevantes da mesa renegociando as novas condições da concessão. Com isso, o país consegue destravar entre R$ 100 bilhões e R$ 120 bilhões de investimentos”.

“O Brasil tem o maior volume de concessão rodoviária do mundo e um arcabouço regulatório seguro e eficaz, condições que atraem empresas e investidores locais e internacionais. Até o governo anterior, a média histórica de leilões era de 1,8 leilão por ano. No ano passado, foram feitos sete leilões e, em 2025, estão previstos 15 leilões, que devem mobilizar R$ 163 bilhões de investimentos, numa malha de quase 8,5 mil quilômetros”, afirma o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Marcos

O BNDES destaca dois “marcos relevantes” da atuação do banco no setor rodoviário em 2024. Um é o financiamento da Rodovia Presidente Dutra (Via Dutra), trecho da BR-116 que liga as duas maiores cidades do país, com uma modelagem inovadora. O outro, publicação de uma carta aos investidores, que detalhou antecipadamente as condições de financiamento à futura concessionária da BR-381, em Minas Gerais. O leilão do ano passado foi bem-sucedido, depois de três tentativas frustradas desde 2012.

A área de infraestrutura do BNDES repetiu a estratégia da carta aos investidores hoje (18), para apoiar a concessão da Rota Agro Norte, trecho da BR-364 em Rondônia que liga a capital Porto Velho à cidade de Vilhena.

O documento mostra as condições de apoio financeiro do banco: financiamento (direto ou indireto não automático), a subscrição de debêntures e a prestação de garantia fidejussória. São financiáveis os trabalhos iniciais, recuperação, ampliação e melhorias no sistema rodoviário do sistema rodoviário, construção de praças de pedágio e outras instalações operacionais e de apoio ao usuário, aquisição de sistemas e equipamentos e investimentos socioambientais, entre outros itens. Não são financiáveis os gastos com desapropriação e equipamentos importados com similar nacional ou não credenciados na Finame – Agência Especial de Financiamento Industrial, empresa pública brasileira, subsidiária do BNDES.

AGRÍCOLA

O Estado de S.Paulo - SP   19/02/2025

O agronegócio tem um impacto ainda maior na economia brasileira do que as estatísticas tradicionais indicam, especialmente quando se consideram as atividades “além da porteira” e os demais elos da cadeia produtiva, abrangendo a geração de riqueza, empregos e o comércio.

A participação do agronegócio na economia brasileira vai além da produção primária no campo. Quando se incluem atividades como o beneficiamento das safras, a fabricação de insumos (como fertilizantes), além do comércio e do transporte, o setor responde por 21% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse valor é mais que o triplo do PIB agro, medido pelas estatísticas oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é de 6%.

O dado consta de estudo inédito dos economistas do departamento econômico do banco Itaú, André Matcin e Pedro Renault. “Quando se fala em agronegócio, a primeira visão que se tem é da produção primária, da ‘porteira para dentro’”, diz Matcin.

A intenção do estudo foi dar exatamente uma visão mais ampla da atividade e a sua relevância. Isto é, desde a cadeia de insumos usados no agronegócio, a produção nas fazendas da agricultura e pecuária, a cadeia de beneficiamento, o comércio dos produtos e o transporte.

Muito se fala do potencial da cadeia ampliada do agronegócio na geração de riqueza, mas, na prática, não havia um número que retratasse o seu real tamanho. O economista observa que vários clientes do banco queriam saber as dimensões do agronegócio nesse conceito ampliado.
Como o estudo foi feito

Para chegar à fatia do agronegócio no PIB no conceito de cadeia ampliada, os economistas usaram dados da Tabela de Usos e Recursos (TRU) do IBGE, cuja última divulgação foi em 2021. Essa tabela permite olhar detalhadamente toda a cadeia de consumo do agronegócio além do campo.

“Não existe divergência entre a análise do IBGE e a nossa análise, que busca uma visão integrada da cadeia”, frisa Matcin. Ele ressalta que são visões diferentes de um mesmo tema.

O economista observa que o IBGE calcula o valor adicionado da geração direta de riqueza dividida entre agropecuária, indústria e serviços, pelo lado da oferta. Ocorre, no entanto, que há parte da produção ligada à categoria da indústria que tem relação com o agronegócio. Foram exatamente esses dados que o estudo procurou capturar.

Emprego e balança comercial

Outro ponto destacado pelo trabalho foi a geração direta de emprego pelo agronegócio. No conceito ampliado, o agronegócio responde por 17% da população ocupada, sendo que 7,9% da mão de obra está alocada na produção primária, 1,7% no beneficiamento e 7,4% no comércio e no transporte.

Chegou-se a conclusão de que o setor emprega diretamente um pouco mais de 17 milhões de trabalhadores, com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios (PNAD) do IBGE, cruzados com as informações da TRU.

Em relação às contas externas, não é de hoje que o agronegócio sustenta o saldo da balança comercial brasileira. O estudo aponta que o agronegócio respondeu por cerca de 31% da corrente de comércio brasileira em 2024.

Sob a ótica do saldo comercial, em 2024, o agronegócio foi superavitário em US$ 109 bilhões, enquanto a balança comercial do País como um todo teve um resultado positivo de cerca de US$ 75 bilhões. “O agronegócio é motor na geração de superávits nos últimos anos”, afirma o economista.

Ele rebate a crítica de que o setor não geraria tanta riqueza nas exportações comparado a outros segmentos, ressaltando que o beneficiamento dos itens agropecuários responde por uma parcela expressiva, superior ao valor da produção primária, do que é exportado.

Quanto à tendência, Matcin diz que o agro vai continuar sendo protagonista do crescimento da economia brasileira nos próximos anos, e isso deve ocorrer neste ano. As estimativas do departamento de agricultura dos Estados Unidos (USDA) e órgãos do governo brasileiro indicam uma safra bastante forte. “Isso vai trazer um benefício importante para economia em 2025”, prevê.

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