Diário do Comércio - MG 18/02/2025
Os preços do aço praticados pelo setor no Brasil tendem a ser impactados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações norte-americanas, de acordo com analistas consultados pelo Diário do Comércio. Eles ressaltam, contudo, que ainda é cedo para estimar os efeitos, visto que a taxação poderá ser reduzida para alguns países.
Partindo do pressuposto que Donald Trump não flexibilize a alíquota de 25% sobre as importações de aço, possivelmente haverá um excesso de oferta no curto prazo e, consequentemente, uma queda nos preços no mercado doméstico – e também internacional –, conforme o sócio-diretor da Belo Investment Research, Paulino Oliveira.
“É importante relativizar o peso da economia norte-americana em termos de mercado global de aço, pois eles não são os principais consumidores”, pondera.
“Acredito que terá algum ajuste importante no curto prazo, mas os drivers de longo prazo continuarão sendo a China e a Índia”, complementa, enfatizando que a participação desses países no consumo aparente de aço global é bem maior do que a dos Estados Unidos, que respondeu por somente 5,1% do indicador em 2023 (dados da World Steel).
Usiminas diz que impactos diretos de ‘tarifaço’ dos EUA serão pequenos, mas teme impactos indiretos
Para o especialista da Valor Investimentos, Pedro Sangaletti, considerando que a taxa seja mantida como está, o Brasil terá que adotar estratégias para diversificar suas exportações e até mesmo para fortalecer o mercado interno de aço. Na avaliação dele, se isso não acontecer, poderá haver um cenário de alta nos preços praticados no País, porque as siderúrgicas terão que repassar as perdas de margens com a imposição das tarifas.
Preços do aço subiram em janeiro no País
Segundo Sangaletti, em meio a um cenário de volatilidade, os preços do aço na China caíram em janeiro, embora a queda não tenha sido expressiva. Na Europa, de acordo com ele, os preços se mantiveram estáveis. Já no Brasil, conforme o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), os reajustes das siderúrgicas variaram de 5% a 8%.
O analista independente Pedro Galdi pontua que se a tarifa imposta pelos Estados Unidos não for alterada, a siderurgia brasileira tende a ser pressionada e será mais difícil para as empresas que reajustaram para cima os preços no mês passado aumentem novamente, visto que o aço de outros países se tornaria mais competitivo em relação ao do Brasil.
Na avaliação dele, como a tendência é que a inflação suba, as siderúrgicas vão tentar, pelo menos, repassar a alta inflacionária, algo que já é habitual.
Galdi não acredita que possa haver uma redução de preços por conta da taxação norte-americana. Ele ressalta que se as empresas aguentaram as importações aumentarem substancialmente nos últimos tempos, tomando o espaço delas no mercado interno, sem diminuir os valores, elas estão confortáveis e não deverão fazer isso agora.
“Tudo pode mudar se conseguir uma taxa menor. Os Estados Unidos continuarão viáveis e isso leva a abrir mão de tentar algum reajuste de preço”, diz. “Mas o aço vai continuar chegando barato e as importações podem seguir crescendo”, salienta.
Money Times - SP 18/02/2025
A Gerdau (GGBR4) deve reportar uma receita líquida de R$ 16,3 bilhões no quarto trimestre de 2024 (4T24) na quarta-feira (19), de acordo com a Genial Investimentos. O número representa um avanço de 10,8% no comparativo anual.
Segundo os analistas, o resultado é reflexo dos recentes ajustes operacionais e da queda trimestral nos embarques consolidados. Em termos regionais, o segmento “ON Brasil” deve ser o destaque positivo, com embarques estimados em 1.278Kt, avanço de 0,7% em um ano, impulsionado pela demanda doméstica resiliente em setores como construção civil e infraestrutura, bem como pelo direcionamento estratégico para exportações em um ambiente cambial favorável.
Por outro lado, o segmento “ON América do Norte” deve apresentar dificuldade, com embarques projetados em 914Kt Genial Est, avanço de 3,3% no comparativo anual, impactados pela sazonalidade, manutenção de usinas e descontos agressivos, especialmente em contratos de fim de ano.
O Ebitda ajustado consolidado é projetado em R$ 2,1 bilhões, queda de 29,3% no trimestre e de 0,1% em um ano, evidenciando margens mais comprimidas em decorrência da baixa capacidade de diluição de custos na ON América do Norte, e dos desafios comerciais com relação a preço na ON Brasil.
“O lucro líquido, por sua vez, é estimado em R$ 704 milhões, crescimento de 19,7% ante o 4T23, sinalizando uma forte desaceleração trimestral (parcialmente típica para 4Ts), mas uma recuperação anual impulsionada pelos ganhos de eficiência no Brasil e pelos sólidos ajustes operacionais”, explicam Igor Guedes, Luca Vello, Isabelle Casaca e Iago Souza.
GGBR4: Projeções para o 1T25 e tarifas de Trump
Para o 1T25, a Genial espera a estabilização dos preços e volumes em algumas regiões, com uma recuperação gradual das margens ao longo de 2025.
Medidas anunciadas recentemente sobre taxação de 25% para aço bruto exportado para os EUA pela administração Trump pode ajudar a recuperação na ON América do Norte, além do efeito adicional de R$ 1 bilhão no Ebitda em 2025 pelo programa de corte de custos na ON Brasil.
“Como as exportações da Gerdau do Brasil para os EUA são imateriais, mediante a operação da ON América do Norte, em geral o impacto para a companhia é positivo. Entendemos que isso poderá levar a uma recomposição das margens locais via maior poder de precificação e eventual elevação da capacidade produtiva, uma vez que o setor de aço nos EUA segue enfraquecido, operando com 70-75% de sua capacidade instalada”.
Com isso, ao fazer um exercício para entender os efeitos tarifários, a Genial indica que a elevação de 5% no preço realizado de vendas da Gerdau nos EUA pode resultar em uma aceleração de +12% no Ebitda da ON América do Norte.
“Por outro lado, um efeito que acreditamos que ainda não está no radar da maioria dos investidores é que as cotas de importação e as barreiras comerciais dos EUA podem ampliar a oferta de aço no Brasil, seja das usinas domésticas de médio de porte ou de grande porte não listas (ArcelorMittal do Brasil, por exemplo), que redirecionavam aço para lá, seja de usinas de outros países, como China”, completam.
Para os analistas, esse cenário pode levar a continuidade da guerra de preços no Brasil, comprometendo a estabilização observada no 4T24, com aços planos sendo os mais afetados.
Globo Online - RJ 18/02/2025
Economistas avaliam que os riscos de que a economia americana cresça menos, diante de perspectivas de mais inflação e juros mais altos nos Estados Unidos, deverão modular as ações do presidente Donald Trump em relação à imposição de tarifas sobre outros países. A avaliação é dos economistas-chefes Ana Paula Vescovi, do Santander, e Fernando Honorato, do Bradesco, durante participação em seminário da Amcham, câmara de comércio americana, realizado em São Paulo, nesta segunda-feira.
Para Ana Paula, uma economia americana forte vai garantir o apoio a Trump dos grupos que o elegeram. Ela diz que as primeiras medidas, como tarifaço e deportação de imigrantes, trazem pressão inflacionária. Então, diz a economista-chefe do Santander, a agenda do novo presidente será modulada para não prejudicar esses crescimento econômico.
— A autocontenção de Trump virá na medida em que o crescimento da economia pode ser afetado, já que isso pode trazer margem de apoio menor ao governo — disse Ana Paula.
Ela lembra que essa fragmentação do comércio mundial, que a agenda de Trump vai impor, impacta o Brasil e os consumidores. A economista lembrou o valor imenso da economia globalizada e integrada nas cadeias de produção para o consumidor, que tem acesso a diferentes produtos a preços menores.
— Fragmentar essa economia traz produtividade menor com riscos inflacionários — afirmou.
Impacto de até US$ 10 bi para o Brasil
Honorato, do Bradesco, avalia que Trump tem se mostrado mais protecionista do que negociador, neste segundo mandato, embora o Brasil não seja o alvo do presidente americano por duas razões: não tem saldo comercial relevante com os EUA e é pouco importante para o Produto Interno Bruto (PIB) americano.
— O foco é a China e o Canadá, e menos o Brasil — disse o economista do Bradesco, lembrando entretanto que o Brasil é um país que tarifa demais os produtos e um dos mais fechados do mundo.
Ele continuou:
— O risco está no bilateral. Por isso, pode haver mais impacto para setores específicos do que no macro — disse ele, que calcula que as tarifas de 25% sobre o aço terão impacto entre US$ 7 bilhões e US$ 10 bilhões na balança comercial, o que não é significativo.
Ana Paula Vescovi observa que a deportação em massa é um fator que impacta o mercado de trabalho americano e coloca desafios para o Federal Reserve, o banco central americano, reduzir juros. Ela lembra que as expectativas de inflação nos EUA já subiram desde o ano passado.
Negociar com Trump será mais difícil
Christopher Garman, diretor para as Américas da consultoria Eurasia, calcula que, neste ano, Trump deve deportar entre 500 a 700 mil imigrantes e, em 2026, esse número pode chegar a 1 milhão de pessoas. Ele avalia que Trump acredita que o tarifaço é um meio de fazer política industrial e trazer empregos para a economia americana.
— Para o Brasil, será uma negociação mais difícil do que no primeiro mandato. Negociar redução de tarifas sobre o aço vai ser mais complicado. O Brasil terá que mostrar a importância do aço brasileiro para a economia americana — afirmou.
Na avaliação do diretor da Eurasia, Donald Trump está mais confiante em si mesmo e a prova disso é que anuncia planos sem muito planejamento com sua própria equipe. Um exemplo foram as tarifas de 25% anunciadas para produtos de México e Canadá, que foram suspensas em seguida.
— No fundo, foram suspensas porque não estavam bem alinhadas — afirmou.
Ele aponta como "calcanhar de Aquiles" do governo Trump o grau de uso dessas tarifas, que podem trazer inflação e mais custos para a economia americana.
— A deportação e as tarifas podem trazer inflação para os Estados Unidos e queda do PIB — diz o diretor da Eurasia.
O Estado de S.Paulo - SP 18/02/2025
Pela 18ª semana consecutiva, o relatório Focus traz uma nova alta da mediana para o IPCA de 2025: de 5,58% para 5,60% - 1,10 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, era de 5,08%. Já as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) caíram, de 2,03% para 2,01%. Dólar e Selic continuam no mesmo patamar da semana passada.
Em relação à inflação, as projeções para o IPCA de 2026 subiram pela oitava semana seguida, de 4,30% para 4,35%. Um mês antes, estava em 4,10%. A mediana do Focus para 2027 passou de 3,90% para 4,00%, de 3,90% há quatro semanas.
A partir deste ano, a meta começa a ser apurada de forma contínua, com base na inflação acumulada em 12 meses. O centro continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o Banco Central perdeu o alvo.
Na última ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) assumiu que o cenário para a inflação de curto prazo está adverso, com destaque para a alta dos preços de alimentos, influenciados pela estiagem e o ciclo do boi e com tendência de propagação. Os bens industrializados, por sua vez, são pressionados pelo movimento do câmbio. “Em se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em doze meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos”, diz o BC.
O Copom aumentou a taxa Selic em 1 ponto porcentual, de 12,25% para 13,25%, na reunião de janeiro, e afirmou que a sua decisão é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.” O colegiado voltou a sinalizar que vai elevar os juros em mais 1 ponto, a 14,25%, no encontro de março.
O horizonte relevante do Banco Central é o terceiro trimestre de 2026, quando o Copom espera uma inflação de 4,0%, considerando o cenário de referência. A projeção para o IPCA de 2025 é de 5,2%. O balanço de riscos do comitê está assimétrico para cima.
PIB
A mediana do relatório Focus para o crescimento do PIB brasileiro em 2025 passou de 2,03% para 2,01%. Um mês antes, estava em 2,04%. A estimativa intermediária para 2026 seguiu em 1,70%. Um mês atrás, era de 1,77%.
O Banco Central espera que a economia brasileira cresça 3,50% em 2024 e 2,10% este ano, conforme o mais recente Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Selic
A mediana para a Selic no fim de 2025 permaneceu estável pela sexta semana consecutiva, em 15,0%. Em janeiro, o Copom aumentou os juros de 12,25% para 13,25%. O colegiado reiterou a sinalização de mais uma alta de 1 ponto porcentual, a 14,25%, na sua próxima reunião, de março.
A mediana para os juros no fim de 2026 permaneceu em 12,50%. Um mês antes, era de 12,25%. A estimativa intermediária para o fim de 2027 permaneceu em 10,50%, ante 10,25% quatro semanas antes. A mediana para a Selic no fim de 2028 se manteve em 10,0% pela oitava semana consecutiva.
Na ata da reunião de janeiro, o Copom afirmou que a elevação dos juros é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.” O colegiado espera inflação de 5,2% em 2025 e de 4,0% no terceiro trimestre de 2026, o horizonte relevante da política monetária.
Dólar
As medianas do relatório Focus para a cotação do dólar no fim de 2025 e 2026 permaneceram em R$ 6,00, pela sexta e quinta semanas consecutivas, respectivamente. A projeção para o fim de 2027 passou de R$ 5,93 para R$ 5,90, enquanto a estimativa intermediária para o fim de 2028 também caiu de R$ 5,99 para R$ 5,90.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
IstoÉ Dinheiro - SP 18/02/2025
A economia brasileira cresceu 3,5% em 2024, de acordo com estimativa da Fundação Getulio Vargas (FGV). O dado foi divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Monitor do PIB, estudo que traz a prévia do comportamento do PIB, conjunto de todos os bens e serviços produzidos no país.
Em dezembro, a expansão foi de 0,3% em relação a novembro. Já o quarto trimestre teve alta de 0,4% ante o terceiro trimestre, apontando desaceleração, já que no segundo e no terceiro trimestre as expansões tinham sido maiores (1,4% e 0,8%, respectivamente).
No acumulado de 2024, houve crescimento em todos os componentes da economia, exceto a agropecuária (queda de 2,5%), que foi a locomotiva de 2023.
“A indústria, os serviços e o consumo das famílias apresentaram resultados ainda melhores em 2024 dos que os já elevados crescimentos registrados em 2023. Pode-se afirmar que em 2024, em termos de atividade econômica, o Brasil teve um ótimo resultado”, avalia a coordenadora da pesquisa, a economista Juliana Trece.
Com este resultado, o Brasil soma quatro anos seguidos de crescimento da economia. A última queda foi de 3,3% em 2020. Em 2023, o PIB teve expansão de 3,2%.
Setores
O consumo das famílias apresentou alta de 5,2% no ano passado. A chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que reflete o nível de investimento, como compras de máquinas e equipamentos, cresceu 7,6%. As exportações apresentaram alta de 3,7%.
As importações, que atuam como redutor do PIB, uma vez que bens e serviços importados deixam de ser produzidos no Brasil sendo fornecidos por outros países cresceram 14,3%.
Em valores, o PIB brasileiro atingiu R$ 11,655 trilhões, o maior da série histórica. O PIB per capita de 2024 – divisão do total da economia pelo número de habitantes – foi de R$ 56.796, também o maior da série histórica.
A produtividade da economia foi de R$ 100.699 em 2024, 0,3% abaixo do observado em 2023 e 3,3% menor que o de 2013, o ponto mais alto já atingido.
A taxa de investimentos da economia foi estimada em 17,2%, acima do registrado em 2023 (16,4%).
Para 2025
Apesar de 2024 com “ótimo resultado”, a economista Juliana Trece aponta que o ano de 2025 apresenta desafios internos e externos para a economia brasileira.
“Pelo lado interno, os juros elevados, com efeitos negativos na atividade econômica, atingem principalmente os investimentos. Já no ambiente externo, novas imposições de tarifas podem comprometer o nível das exportações.”
Desde setembro do ano passado, o Brasil enfrenta trajetória de alta da taxa básica de juros, a Selic, instrumento do Banco Central para controlar a inflação.
Quanto maior os juros, maior o potencial de frear a inflação, porém com o efeito colateral de desestimular investimentos e crescimento da economia, o que afeta diretamente a criação de empregos.Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano.
Por causa do comportamento da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) já prevê mais um aumento de um ponto percentual em março. No acumulado de 12 meses até janeiro, a inflação oficial soma 4,56%, acima da meta do governo. Em dezembro, o acumulado era de 4,83%.
O outro desafio citado pela economista é a guerra tarifária comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A maior economia do mundo decidiu que aplicará taxas para produtos estrangeiros que entram nos Estados Unidos, como aço e alumínio. O etanol brasileiro também tem sido ameaçado de sobretaxas.
Resultado oficial
O Monitor do PIB, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, é um dos estudos que servem como prévia do comportamento real da economia brasileira. Outro levantamento é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), também divulgado nesta segunda-feira.
De acordo com o Banco Central, a economia fechou 2024 com expansão de 3,8%.
O resultado oficial do PIB é apresentado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado de 2024 será conhecido em 7 de março.
IstoÉ Dinheiro - SP 18/02/2025
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) da Filadélfia, Patrick Harker, afirmou que está otimista de que a taxa básica de juros pode cair no longo prazo e que a inflação continuará em um caminho descendente, em discurso preparado para uma conferência da Universidade de Bahamas, nesta segunda-feira. No entanto, apesar das previsões positivas, o dirigente acredita que ainda existem “muitas incertezas” no cenário.
“Continuaremos dependentes de dados, buscando as condições subjacentes e tomando decisões com base em nossa melhor avaliação das perspectivas e riscos”, disse ele, ao citar que a política monetária está restritiva, embora menos do que o registrado há cerca de cinco meses.
Para Harker, o atual posicionamento do Fed levará a inflação para a meta de 2% nos próximos dois anos, se as condições evoluírem conforme espero. “A inflação ainda está elevada e a missão ainda não foi cumprida”, ressalta.
Na avaliação dele, o mercado de trabalho retornou “amplamente” ao equilíbrio, a taxa de desemprego continua baixa e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) americano continua em ritmo similar a 2024, “provando que a economia americana é mais resiliente do que mostravam certas previsões”.
Monitor Digital - RJ 18/02/2025
O superávit de conta corrente da China atingiu US$ 422 bilhões em 2024, segundo dados da Administração Estatal de Divisas na sexta-feira.
O superávit da conta corrente em relação ao produto interno bruto ficou em 2,2% no ano passado, permanecendo dentro de uma faixa razoável, disse Li Bin, vice-chefe da pasta.
Do total, o superávit no comércio de bens chegou a US$ 767,9 bilhões durante o período, um aumento de 29% em relação ao ano anterior, disse Li, observando que a estrutura dos produtos de comércio exterior da China continuou a ser aprimorada e modernizada no ano passado.
Em termos de comércio de serviços, o país viu um déficit de US$228,8 bilhões durante o período, um aumento de 10% ano a ano.
Li disse que as empresas chinesas aceleraram seu layout de cadeia industrial global no ano passado e alcançaram um aumento líquido de US$ 130,2 bilhões em investimento direto de capital no exterior, juntamente com investimentos crescentes em ações e títulos estrangeiros.
Enquanto isso, o capital estrangeiro para investimento direto de capital na China viu um influxo de US$ 90,8 bilhões. Algumas empresas com investimento estrangeiro optaram por aumentar o financiamento local devido a fatores como altos custos de financiamento em mercados estrangeiros e a conveniência do mercado de financiamento interno, acrescentou Li.
À medida que a China continua a promover o desenvolvimento de alta qualidade e o desenvolvimento integrado de inovação tecnológica e inovação industrial, o ímpeto para uma recuperação econômica estável será ainda mais consolidado, e espera-se que a balança de pagamentos internacional da China mantenha um equilíbrio básico, de acordo com Li.
Agência Brasil - DF 18/02/2025
O atual nível de inflação do Brasil está relativamente dentro da normalidade para o Plano Real, disse nesta segunda-feira (17) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em conferência do Fundo Monetário Internacional (FMI) na Arábia Saudita, o ministro avaliou que o Brasil deixou para trás o período em que a inflação estava em torno de dois dígitos.
“O Brasil tem feito um trabalho, tentando encontrar um caminho de equilíbrio e sustentabilidade, mesmo em fase de um ajuste importante. O Brasil deixou uma inflação de dois dígitos há três anos. Hoje, temos uma inflação em torno de 4% a 5%, que é uma inflação relativamente normal para o Brasil desde o Plano Real, há 26 anos”, declarou o ministro no painel “Um caminho para a resiliência dos mercados emergentes”.
Apesar de estar em um dígito, a inflação estourou o teto da meta em 2024 e deve fazer o mesmo neste ano, de acordo com o mercado financeiro. Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central (BC) com instituições financeiras, a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar 2025 em 5,6%, mais de um ponto percentual acima do teto da meta, de 4,5%.
No ano passado, o IPCA ficou em 4,83%, também acima do teto de 4,5%. Com base na legislação, o BC enviou uma carta em que justificou o estouro da meta com base na alta do dólar, problemas climáticos e aquecimento da economia.
Pelo sistema de metas contínuas de inflação, a cada seis meses, o BC terá de enviar uma carta caso a inflação em 12 meses supere a meta de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
No encontro do FMI, que ocorre na cidade saudita de Al-Ula, Haddad reafirmou as justificativas da carta do BC. O ministro atribuiu o repique inflacionário à alta do dólar em todo o planeta no segundo semestre do ano passado, período marcado pelas eleições presidenciais norte-americanas.
“Por volta de 12 a 30 anos, a inflação se manteve abaixo dos 5%, o que acontece neste momento. Com o fortalecimento do dólar pelo mundo, acabou fazendo com que nós tivéssemos um repique inflacionário no segundo semestre do ano passado; por isso, o Banco Central teve de intervir [com altas de juros] para garantir que a inflação fosse controlada”, justificou Haddad.
Câmbio
Com a valorização do real nas últimas semanas, afirmou o ministro, os preços devem se estabilizar. “O aumento das taxas será no curto prazo. O dólar voltou a um nível adequado e caiu 10% nos últimos 60 dias. Eu acho que isso vai fazer com que a inflação se estabilize”, destacou.
Atualmente em 13,25% ao ano, a Taxa Selic deverá subir para 14,25% na reunião de março do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, como informou a própria instituição financeira no início do mês.
G20
Haddad destacou a reforma tributária sobre o consumo, regulamentada no fim do ano passado e que deverá gerar crescimento econômico nos próximos anos. Segundo o ministro, o Brasil trabalha para ter equilíbrio e sustentabilidade, mesmo em meio a um ajuste fiscal importante e com fortes incertezas externas.
O ministro relembrou a presidência do Brasil no G20 (grupo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana). Segundo Haddad, o Brasil deixou um legado de busca pela reglobalização sustentável, capaz de conciliar interesses de mercado, combate às desigualdades e transição para fontes de energia limpas.
Mediadora do debate, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, defendeu a capacidade de as economias se adaptarem a choques globais, que aumentaram nos últimos anos com incidentes como a pandemia de Covid-19 e a intensificação das mudanças climáticas. Segundo ela, as economias emergentes devem pautar-se na “resiliência”, antecipando-se e absorvendo parte dos efeitos da geopolítica e das crises externas.
Globo Online - RJ 18/02/2025
A inflação vai ser um problema para as famílias e o governo ao longo de todo o ano e talvez o Banco Central tenha que escrever duas cartas se explicando. Fevereiro terá um número bem ruim. Estas são as más notícias. As boas são que há indicações de queda de preços de alimentos no atacado e no varejo, principalmente em óleos, suínos e leite. Do ponto de vista político, a inflação será explorada fortemente pela oposição, mas um olhar pelos dados dos últimos anos mostra que a alta de preços de alimentos foi muito mais pesada no governo passado.
O economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, tem dito que o pior passou em alimentos. Esse gráfico foi elaborado pela MB Agro e mostra a história recente da inflação de alimentos. Chegou a 21% no começo da pandemia, e em todo o governo Bolsonaro esteve bem alta. Em 2023, houve uma queda forte, com deflação de alguns preços, como carne. Em 2024, voltou a subir e agora as curvas começam a ceder. Perguntei a José Roberto o que acrescentar diante desse gráfico:
— No IPA atacado em janeiro, o preço agrícola foi para o negativo. E eu olhei a Fipe de primeiro de fevereiro — como é um índice quadrissemanal, o dado é mensal — e óleos caíram 0,70% de antecipação da safra de soja. Leite caiu 1,70%, produtos in natura 1,04%, suínos 3,62%, porque a boa safra de grãos barateia a ração. Não é só no produtor, não é só no atacado, mas também no varejo, como mostram nos dados da Fipe, há queda apreciável de alguns produtos. Obviamente isso não vai afetar café, nem laranja. Os produtos in natura são sazonais. Mas até a carne bovina caiu meio ponto.
Esse alívio é bem-vindo, mas a projeção dos próximos meses não é boa. Não é a disparada que houve em outros momentos, quando chegou a dois dígitos, mas ficará acima de 5%. O Focus mostra que a projeção do mercado subiu pela 18ª semana e está em 5,60%, dos atuais 4,56%. O economista Luiz Roberto Cunha, da PUC, disse que mesmo nos melhores cenários, a inflação ficará até o fim do ano acima do teto da meta. E o mês de fevereiro vai assustar.
— Em fevereiro, a inflação deve ficar em 1,37%, porque em janeiro houve o bônus de Itaipu que derrubou o índice. O IPCA ficaria em 0,71% em janeiro, mas com o bônus reduzindo o preço da energia, foi para 0,16%. Houve redução na conta de janeiro, mas agora o preço volta ao normal, um impacto de 15%. Isto levará o índice em 12 meses para 5,12%. A previsão do Focus para março é 0,48%, e como em março do ano passado ficou 0,16%, a anual vai para 5,46%. Luiz Roberto Cunha estava ontem diante de uma planilha de números tentando fazer todas as projeções. Acha que em abril o índice nos 12 meses chegará a 5,59%.
— Se a partir daí a média mensal for de 0,35%, atinge 5,45% no final do ano. Se for 0,25%, dá 4,61%. Como a nova fórmula da meta de inflação obriga o Banco Central a escrever carta se explicando quando houver seis meses de inflação acima do teto, é possível que Gabriel Galípolo tenha que escrever uma carta em junho e outra em dezembro.
A coleta de alimentos já está dando números melhores, confirma Cunha. Além disso, o câmbio em queda terá efeito. Se os preços do petróleo diminuírem será uma ajuda. Mas o problema continuará pressionando. O ministro Fernando Haddad disse que a inflação (entre 4% e 5%) está no normal do Plano Real, que acabou com a hiperinflação. Mas o fato é que está acima da meta que o próprio governo estabeleceu.
Infomoney - SP 18/02/2025
O IBC-Br, indicador de atividade calculado pelo BC e que é considerado uma espécie de prévia do PIB, mostrou em dezembro um já esperado quadro de desaquecimento da economia, mas num ano particularmente forte para o PIB. Os economistas acreditam que esse arrefecimento ajuda nas decisões de política monetária do Banco Central, mas continuam com um pé atrás na hora de revisar suas estimativas para a taxa Selic final do atual ciclo de alta, hoje em cerca de 15%.
Segundo o BC, o IBC-Br teve queda de 0,73% em dezembro, segundo dados dessazonalizados, uma retração mais forte do que o consenso de mercado, que era de -0,4%. Mas o crescimento em 2024 ficou em fortes 3,8%.
Rafael Perez, economista da Suno, comenta que o desempenho do IBC-Br em dezembro foi influenciado por uma queda generalizada nos diversos setores da economia, com destaque para o recuo no setor de serviços (-0,5%), no varejo (-0,1%) e na indústria (-0,3%).
Ele lembra que, em 2024 diversos fatores impulsionaram a atividade econômica, com destaque para a taxa de desemprego em mínimas históricas, aumento dos salários, melhores condições de acesso para o crédito e uma forte elevação dos benefícios sociais. Mas que, no último trimestre, já sinalizou para um esgotamento dos vetores que impulsionaram a atividade, diante de uma política fiscal e monetária mais restritivas.
Ele vê o PIB do primeiro trimestre de 2025 ainda com crescimento expressivo, impulsionado pela safra recorde de grãos, principalmente de soja, que concentra quase 60% de sua produção entre janeiro e março.
“No entanto, esse efeito positivo será temporário, e os setores mais cíclicos da economia, devem perder força ao longo do ano, à medida que a inflação elevada, o aperto das condições financeiras e a menor expansão fiscal limitam o ritmo da atividade. Por isso, para 2025, projetamos uma desaceleração do crescimento do PIB para 1,9%”, projeta.
A XP, por sua vez, comenta em relatório que a chamada proxy do PIB do Banco Central , de 3,8% em 2024, ficou bem acima das projeções iniciais, mas que sinais recentes sugerem uma atividade em enfraquecimento. “O indicador ficou estável no 4º trimestre em comparação com o 3º trimestre, encerrando uma sequência de quatro ganhos consecutivos na comparação trimestral”, diz o texto.
Além disso, na comparação dos meses de dezembro de 2023 com 2024, houve alta de 2,4%, bem abaixo das projeções da própria XP (0,32%) e do consenso de mercado (3,4%).
Segundo a XP, o efeito estatístico de carregamento para o IBC-Br do 1º trimestre de 2025 é de -0,4% em relação ao trimestre anterior (e de +0,3% para 2025). A estima estimativa preliminar para o indicador em janeiro é de 0,3% em relação ao mês anterior, e de 1% em relação ao ano anterior.
“Esperamos que o PIB aumente 2,0% em 2025, após uma expansão de 3,5% em 2024. A atividade interna provavelmente desacelerará ao longo do ano, em linha com a inflação mais alta, crescimento mais lento na renda disponível das famílias, condições financeiras mais apertadas e impulso fiscal reduzido. De acordo com nossas estimativas, a taxa média de crescimento em relação ao trimestre anterior diminuirá de 0,9% em 2024 para 0,2% em 2025.”
Selic a 13,25% é dada como certa, mas mercado quer saber onde os juros vão parar
Na opinião de Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, ainda é cedo para falar de efeito do aperto monetário na economia. Para influenciar o cenário do BC, essa queda terá que permanecer nos próximos dados, acredita. “Projetamos 100 bps de alta em março e fim de ciclo em maio com 75 bps, trazendo a Selic para 15%.”
Segundo Matheus Pizzani, da CM Capital, embora inferior à expectativa do mercado, o desempenho ruim na base mensal não foi necessariamente uma surpresa, após os indicadores setoriais do período calculados pelo IBGE, que já davam sinais de que seria um mês negativo em termos de atividade econômica, especialmente no caso do setor de serviços, que sofreu queda generalizada em todos os componentes que são base para o cálculo da PMS. Indústria e comércio também apresentaram resultados ruins ao longo do período.
Para o economistas, se do ponto de vista da atividade o ano de 2024 terminou com um ponto de interrogação acerca do quão intensa deve ser a desaceleração a ser enfrentada pelo país no atual ano, os resultados negativos na margem podem trazer alguma sinalização positiva para a política econômica.
“A queda do volume de vendas de bens e serviços prestados no último mês do ano pode marcar um processo de descompressão do hiato do produto [a diferença entre o PIB potencial e o efetivo], cujo desempenho recente foi uma das bases para a retomada do ciclo de alta de juros por parte do Banco Central”, destaca.
Pizzani diz que a expectativa agora recai sobre o quão extenso será este ciclo negativo do lado da oferta da economia, e se haverá uma piora efetiva nos indicadores que podem de fato impactar de alguma forma as decisões do Copom, sendo eles o setor de serviços e o mercado de trabalho. “Neste sentido, será ainda mais importante seguir acompanhando os resultados do IBC-Br, com atenção especial à possível composição de seus resultados”, afirma.
Ele explica que, caso a retomada do crescimento do indicador seja possibilitada por setores que tem pouca ou nenhuma relação com os ciclos econômicos — como no caso da indústria extrativa — a interpretação sobre o fechamento ou abertura do hiato do produto deverá ser completamente distinta daquela feita ao longo do ano passado, quando segmentos do comércio e serviços, que são efetivamente impactos pela dinâmica da política monetária, puxaram a alta do indicador.
Na análise do Banco Pine, o resultado de dezembro veio em linha com os indicadores de atividade da indústria, comércio e serviços, que têm desacelerado na margem. “Nossa estimativa preliminar é de crescimento entre 2,0% e 2,5% para o PIB em 2025, com desaceleração dos componentes cíclicos da atividade dado o aperto das condições financeiras e impulso fiscal negativo.”
Agência Brasil - DF 18/02/2025
Uma proposta de nova legislação sobre a demarcação de terras indígenas, pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), abre caminho para que seja autorizada a mineração em terras demarcadas.
O texto, que é discutido ao longo desta segunda-feira (17), em audiência no Supremo, resulta de longo processo de conciliação iniciado em agosto do ano passado, com a participação de lideranças indígenas, representantes dos Três Poderes e da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Mendes é relator de cinco ações sobre a tese do marco temporal, segundo a qual as terras indígenas (TIs) somente poderiam ser demarcadas em áreas efetivamente ocupadas no momento da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988.
O gabinete de Mendes apresentou, na noite da última sexta-feira (14), a minuta de um projeto de lei para substituir a atual Lei 14.701/2023, que legalizou a tese do marco temporal e é questionada no Supremo pelas lideranças indígenas.
A proposta acatou sete sugestões feitas durante o processo de conciliação. Pelo texto, o direito dos indígenas sobre suas terras tradicionais “independe da existência de marco temporal” ou de conflito sobre a posse da terra existente no momento da promulgação da Constituição.
Sobre a exploração econômica das TIs, o projeto dedica três seções inteiras para regulamentar a lavra de recursos minerais em terras indígenas que, pela proposta, deve ser realizada “no interesse nacional” e por prazo determinado. Seria necessária autorização pelo Congresso. A comunidade afetada ficaria com 50% do valor da Contribuição Financeira pela Exploração Mineral.
O texto regulamenta ainda o “extrativismo mineral” pelas próprias comunidades tradicionais, que poderia ser autorizado por até cinco anos pelo Congresso Nacional.
Pouco consenso
De acordo com Mendes, trata-se de um texto que pretende ser consenso entre as partes envolvidas, sobretudo entre ruralistas e indígenas. Ele deu prazo até dia 24 de fevereiro, próxima segunda-feira, para encerrar os trabalhos da conciliação, que são coordenados por seu juiz auxiliar Diego Viegas Veras.
Na audiência desta segunda (17), contudo, pouco consenso foi demonstrado entre os presentes. Representantes dos indígenas e de outras entidades, incluindo da PGR, se disseram surpreendidos pela inclusão da exploração mineral como uma possiblidade após a demarcação das terras indígenas.
“Talvez fosse necessária uma apresentação daquilo que foi entendido aqui como consenso”, observou a procuradora Eliana Torelli, representante da PGR. “Essa questão de mineração é algo que precisa de debate bastante aprofundado, inclusive em questões técnicas, que escapam completamente à seara jurídica”, disse.
O deputado Pedro Lupion (PP-PR) também acusou a minuta de não contemplar uma solução consensual. O parlamentar reclamou que o texto em nada resolve o impasse em torno do marco temporal em si, ao mesmo tempo em que toca em questões adjacentes, que não estão na lei já aprovada pelo Congresso, como a exploração econômica das terras indígenas.
“Nossa preocupação é o direito de propriedade, é o direito dessa área, de pessoas que ocupam há mais de 100 anos essas áreas, pessoas que contribuem para o país e que passam por um momento de insegurança completa”, afirmou Lupion. “Me causou muita estranheza simplesmente deixar en passant [de passagem] a questão do marco temporal”.
Por parte da União, os representantes do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) afirmaram não poder opinar sobre o texto por não terem tido tempo de debatê-lo com as próprias lideranças indígenas.
“Temos que lembrar que os povos indígenas de todas as regiões do país podem ser afetados por uma proposta que saia daqui desta reunião”, frisou Matheus Oliveira, representante da Funai. Ele afirmou que o órgão “não pode se posicionar por algo que não pôde discutir com os povos indígenas”.
A Advocacia-Geral da União (AGU), por sua vez, fez um pedido para que o prazo de discussão da proposta seja ampliado.
Entenda
A tese do marco temporal é questionada há décadas no Supremo que, em setembro de 2023, após diversas sessões de julgamento, decidiu pela inconstitucionalidade do marco temporal para a demarcação das terras indígenas.
Pouco depois, contudo, o Congresso aprovou uma nova lei para validar a tese do marco temporal. A nova legislação chegou a ser vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deu como justificativa a própria decisão do Supremo, mas os vetos foram derrubados em dezembro.
A nova lei se tornou alvo de diversas contestações no Supremo, que foi provocado a reabrir os debates mesmo depois de já ter julgado em definitivo a questão, o que gerou um impasse com o Legislativo.
Relator do tema, Gilmar Mendes decidiu então abrir um processo de conciliação, no qual defendeu um “novo olhar” sobre a questão. A principal entidade representativa dos indígenas, a Associação dos Povos Indígenas Brasileiros (Apib), decidiu se retirar dos debates, alegando não haver garantias de proteção às comunidades tradicionais.
IstoÉ Dinheiro - SP 18/02/2025
A mineradora anglo-australiana BHP registrou lucro líquido atribuível de US$ 4,42 bilhões no primeiro semestre fiscal de 2025, período equivalente aos seis meses encerrados em dezembro de 2024. O desempenho correspondeu a um salto de 376% ante os US$ 927 milhões obtidos nos seis meses até dezembro de 2023.
O faturamento da gigante de mineração, contudo, diminuiu para US$ 25,2 bilhões, uma queda de 8% ante os US$ 27,2 bilhões do período anterior, em um desempenho que refletiu o menor preço realizado do minério de ferro e do carvão siderúrgico, informou a companhia em balanço divulgado nesta segunda-feira.
Com margens líderes do setor e o fluxo de caixa robusto, o conselho determinou um dividendo provisório de US$ 0,50 por ação – um total de US$ 2,5 bilhões, afirmou a empresa. O pagamento do dividendo está previsto para ocorrer em 27 de março de 2025.
No semestre fiscal de 2025, os preços das principais commodities da BHP tiveram desempenhos mistos, com o cobre subindo marginalmente e as matérias-primas relacionadas ao aço apresentando tendência de queda ao longo do período.
A BHP informou que a demanda por seus produtos continua forte, apesar das incertezas econômicas e comerciais globais, com sinais precoces de recuperação na China, desempenho econômico resiliente nos EUA e forte crescimento na Índia.
Valor - SP 18/02/2025
Recuo nas vendas de minério e no preço médio realizado devem fazer com que as principais linhas do balanço mostrem queda em relação a igual período do ano anterior
A Vale deve apresentar resultados mais tímidos no quarto trimestre. O recuo nas vendas de minério de ferro e no preço médio realizado pela empresa devem fazer com que as principais linhas do balanço da mineradora mostrem quedas em relação a igual período do ano anterior, preveem analistas. A Vale divulga o resultado financeiro na quarta-feira (19), depois do fechamento dos mercados.
Com base na média das estimativas de cinco bancos, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Vale deve cair 38,25% no quarto trimestre, em relação a igual período de 2023, para US$ 3,9 bilhões. O lucro líquido da mineradora deve registrar queda de 18,4% no último trimestre de 2024, na mesma base de comparação, para US$ 1,9 bilhão. Já a receita líquida deve somar US$ 10,04 bilhões, com redução de 23%.
Foram consideradas estimativas dos seguintes bancos e corretoras: Itaú BBA, Santander, BTG Pactual, Citi e Ativa Investimentos. A maior expectativa de Ebitda é da Ativa, com US$ 4,07 bilhões. As menores são do Itaú BBA e do Santander, com US$ 3,8 bilhões. No lucro líquido, a maior estimativa é da Ativa Investimentos, de US$ 2,4 bilhões, e a menor, do BTG Pactual, de US$ 1,6 bilhão. As maiores expectativas de receita são do BTG Pactual e da Ativa Investimentos, de US$ 10,2 bilhões. A menor é do Itaú BBA, com US$ 9,8 bilhões.
Conforme o relatório de produção do quarto trimestre de 2024, divulgado pela Vale em 28 de janeiro, a companhia registrou produção de minério de ferro de 85,27 milhões de toneladas, queda de 4,6% frente a igual período do ano anterior. A produção de pelotas caiu 6,9% na mesma comparação, para 9,167 milhões de toneladas.
As vendas de minério de ferro da companhia no quarto trimestre somaram 69,9 milhões de toneladas, queda de 10,2% frente a igual período do ano anterior. As vendas de pelotas caíram 2,1% na mesma comparação, para 10,1 milhões de toneladas.
O preço médio realizado pela Vale nas vendas de finos de minério de ferro no trimestre ficou em US$ 93 por tonelada, queda de 21,4% frente a igual período do ano anterior. Nas pelotas, o preço médio no mesmo período foi de US$ 143 por tonelada, queda de 12,5% na comparação com o quarto trimestre de 2023.
Para Ilan Arbetman, analista da Ativa, o quarto trimestre de 2024 foi atípico em relação a iguais períodos de anos anteriores. “Normalmente, o quarto trimestre tem antecipação do consumo por conta do ano novo chinês, que é em fevereiro. Enquanto no terceiro trimestre há mais produção e menos vendas, para formação de estoque, o quarto trimestre no geral é de mais vendas e menor produção.”
Na visão do analista, essa dinâmica foi diferente em 2024 por causa da economia chinesa. “O setor imobiliário na China continua fraco, com níveis fortes de produção de aço, mas com consumo aparente fraco. A Vale precisou ampliar esforços para ter produtos de maior qualidade e reverter o prêmio negativo do minério do terceiro trimestre”, afirma Arbetman.
A Vale tem declarado que quer priorizar produtos de maior qualidade, com menor concentração de sílica. Para Arbetman, essa decisão compensou os resultados no quarto trimestre. “Compensou um pouco, com preços mais altos. Mas o grande vilão do período foram os embarques menores.”
Para o BTG Pactual, a maior qualidade dos produtos é positiva, mas ainda é necessário que a companhia solucione a lacuna entre produção e embarques. “A Vale está tomando uma decisão sensata para proteger as realizações de preços do minério de ferro e o mix de produtos, mas acreditamos que o mercado precisará de mais clareza sobre a estratégia futura para entender a extensão da lacuna entre embarques e produção no futuro.”
Conforme o Goldman Sachs, os próximos riscos de baixa para a Vale são preços mais baixos de minério de ferro, devido a uma potencial desaceleração macroeconômica mais forte do que o esperado na China; o real mais valorizado em relação ao dólar, que pode impactar negativamente a lucratividade da Vale; e melhoria mais lenta do que o esperado na dinâmica de oferta e demanda de metais básicos (cobre e níquel) para manter os preços mais baixos por mais tempo. Quaisquer outras ações judiciais relacionadas à Samarco também podem potencialmente aumentar as provisões da empresa, na visão do banco.
A divulgação na quarta-feira vai trazer também os dados consolidados de 2024. O Itaú BBA espera um Ebitda de US$ 15,6 bilhões, o que representa recuo de 12,8% ante o registrado em 2023, de US$ 17,9 bilhões. Para o Citi, o Ebitda deve ser de US$ 15,1 bilhões, queda de 15,6%.
A receita da Vale em 2024 também deve cair, conforme as estimativas dos bancos, em relação aos US$ 41,8 bilhões de 2023. O Itaú BBA estima receita de US$ 38,3 bilhões, queda de 8,4%. O Citi calcula US$ 38,03 bilhões, 9% abaixo em relação ao ano anterior.
No lucro de 2024, os bancos esperam aumento ante os US$ 7,9 bilhões do ano anterior. O Itaú BBA calcula avanço de 5,06%, para US$ 8,3 bilhões. O Citi projeta crescimento de 11,4%, para US$ 8,8 bilhões.
Valor - SP 18/02/2025
Com acesso à fábrica e à rede comercial da Renault, montadora chinesa acelera entrada no país
A francesa Renault anunciou ontem acordo com a chinesa Geely para produzir e comercializar veículos “de baixas emissões”, ou seja, eletrificados, no Brasil. A parceria, que dá aos chineses acesso à fábrica, em São José dos Pinhais (PR), e a toda a rede de revendas da Renault, não apenas acelera a entrada da Geely no país como representa um avanço significativo da onda chinesa no mercado brasileiro de veículos.
O acordo não foi comentado pela direção da Renault no Brasil. Segundo porta-voz, a companhia vai aguardar a aprovação dos órgãos regulatórios para se pronunciar.
Em comunicado, o CEO do grupo Renault, Luca de Meo, lembrou as joint ventures que as duas empresas já possuem na Coreia do Sul e também na Horse, empresa criada recentemente, e com subsidiária no Brasil, para a produção de motores a combustão e híbridos. Para de Meo, a aliança, “permitirá a consolidação da presença industrial do grupo no Paraná e fortalecerá ainda mais a posição da Renault neste mercado-chave”.
Não podemos nos contentar em estar confortáveis num lugar; precisamos sair para o mundo”
— Daniel Li
“Não podemos nos contentar apenas em estar confortáveis em um lugar, precisamos sair para o mundo”, disse Daniel Li, CEO da Geely Holding Group. Eric Li, chairman e fundador da empresa, destacou que, ao trabalharem juntas, as duas empresas “se beneficiam de sinergias compartilhadas e eficiências aprimoradas”.
A expansão da parceria entre as duas montadoras beneficia ambos os lados. Ao aproveitar estruturas industrial e comercial já existentes, a Geely ganha rapidamente o impulso que precisa para avançar no mercado brasileiro. A Renault, que saiu de uma cambaleante aliança global com a Nissan, ganha um parceiro forte para aproveitar melhor a capacidade produtiva no Paraná e também acelerar o desenvolvimento de veículos eletrificados (híbridos e elétricos).
A Renault é a segunda montadora instalada no Brasil a anunciar aliança com os chineses. Há poucos dias, a Stellantis revelou que começará a vender no mercado brasileiro, ainda neste semestre, carros da Leapmotor, uma startup chinesa com a qual firmou parceria no ano passado.
Na ocasião, o presidente da Stellantis na América Latina, Emanuele Cappellano, disse que a estreia da parceria se dará por meio de importação. Mas que há planos de produzir a marca chinesa no país.
A Geely, empresa fundada em 1986 e que começou a produzir automóveis em 1997, já é uma velha conhecida das marcas de carros ocidentais. Desde 2010, o grupo é dono da Volvo, marca sueca de carros de luxo que pertenceu à Ford por pouco tempo.
O ponto que mais chama a atenção nessa aquisição é que os chineses mantiveram a essência da marca sueca, não apenas no design e requinte como também na questão da segurança, um atributo histórico da empresa europeia que inventou o cinto de segurança.
Mas a Volvo não é a única marca tradicional de carros que a Geely tomou conta. Em 2019, a montadora chinesa e a Mercedes-Benz fecharam acordo para produzir carros da marca de subcompactos Smart na China para serem vendidos globalmente.
Com 3,33 milhões de carros vendidos em 2024 e sediada Hangzhou, a Geely é também dona de marcas chinesas como Zeekr, que começa a entrar no mercado brasileiro, da Lotus e recentemente adquiriu participação na Aston Martin, icônica marca inglesa de carros de luxo esportivos.
A estreia de mais uma marca chinesa no mercado brasileiro, desta vez sustentada pela parceria com uma montadora instalada no país há 26 anos, é mais um significativo passo da onda chinesa no mercado brasileiro. E, ainda, um fator que enfraquece o pleito da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que tem insistido junto ao governo federal sobre a necessidade de antecipar o aumento do Imposto de Importação de carros elétricos para a alíquota máxima, de 35%, previsto para daqui mais de um ano.
Carro chinês virou sinônimo de eletrificação, já que vem da China a maior parte dos modelos elétricos vendidos no Brasil. Em 2024, o país registrou novo recorde de vendas de híbridos e elétricos, com 177,3 mil unidades, 89% acima de 2023.
As alíquotas do tributo têm sido elevadas gradativamente. Mas a Anfavea tem constantemente apontado o impacto que isso representa na venda de veículos no país e alertado que Estados Unidos e países da Europa já elevaram as tarifas de importação de veículos chineses depois de processos de investigações anti-dumping.
Em 2024, de cada dois carros importados fora do Mercosul, um veio da China. As importações de veículos do país asiático cresceram 229% em um ano e a participação chinesa, no segmento de importados, passou de 10% para 26%.
Mas os chineses também querem produzir no Brasil. GWM e BYD estão em fase final de preparação de fábricas, em São Paulo e na Bahia, respectivamente, e a GWM já negocia com fornecedores para nacionalizar a produção.
Outras estão a caminho. No fim de 2024, a GAC revelou planos de também produzir no país e até já firmou parcerias com universidades brasileiras para o desenvolvimento de veículos híbridos movidos a etanol.
Diante desse quadro, montadoras ocidentais, em geral mais atrasadas em relação ao desenvolvimento dos veículos eletrificados, começam a demonstrar interesse por aliar-se aos chineses.
Valor - SP 18/02/2025
Foram lançadas 383,5 mil unidades, que somam R$ 233 bi em valor, alta de 20,7%, maior volume desde o primeiro trimestre de 2017, o início da série histórica do Secovi-SP
O número de residências lançadas no país subiu 18,6% em 2024 e as vendas avançaram 20,9%, de acordo com dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), divulgados nesta segunda-feira (17). Os dados abrangem empresas de 221 cidades do país.
Foram lançadas 383,5 mil unidades, que somam R$ 233 bilhões em valor, alta de 20,7% em um ano. Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário) e membro da Cbic, ressaltou que esse volume é o maior desde o primeiro trimestre de 2017, o início da série histórica da entidade. As vendas atingiram 440,5 mil unidades, com valor de R$ 229 bilhões, aumento de 22,6%.
A oferta final, que representa os imóveis novos disponíveis para compra, caiu 7,8% em um ano e terminou 2024 em 291,9 mil unidades. Essa queda também é visível no indicador de meses necessários para o escoamento da oferta, que caiu de 11,5 meses, no fim de 2023, para 8,7 meses em dezembro de 2024.
O desempenho do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) ajudou a trazer esses números para cima. Foram lançadas 187,4 mil unidades pelo programa, alta de 44,2%, e vendidas 168,8 mil, aumento de 43,3%. Ao fim de 2024, o tempo para escoamento da oferta de imóveis do MCMV havia recuado de 9,4 meses para 7,2 meses.
Conjuntura afeta mais classe média e alta
Em coletiva de imprensa para divulgar esses dados, o presidente da Cbic, Renato Correia, afirmou que, em 2025, “o mercado imobiliário continuará forte, apesar dos desafios”. São eles o ciclo de alta dos juros, que encarece o financiamento ao cliente final e ao construtor; a inflação; a preocupação com custos de mão de obra e a previsão de crescimento menor, neste ano, do setor de construção civil e da economia como um todo.
Os imóveis para classe média e alta devem ser mais afetados pela conjuntura macroeconômica, já que o MCMV tem taxas fixas de juros e um orçamento separado, com recursos do FGTS, para financiar os compradores. Segundo a entidade, pode haver “menor volume de lançamentos e menor velocidade de vendas” nos imóveis de médio e alto padrão.
Consignado e saque-aniversário
Outra preocupação da entidade é com a nova versão do crédito consignado privado, que o governo disse querer lançar neste ano, que poderia ter o saldo do FGTS do trabalhador como garantia. As associações do setor imobiliário criticam o uso do fundo para atividades além de infraestrutura e habitação e pedem, há anos, o fim do saque-aniversário do FGTS, modalidade de retirada periódica de recursos do fundo.
A criação do novo consignado já foi vista como uma alternativa que poderia viabilizar o fim do saque-aniversário, mas há o temor de que as duas modalidades co-existam, como defendem entidades do setor bancário, o que poderia acelerar a retirada de dinheiro do FGTS, atrapalhando seu uso como fonte de recursos para o MCMV e para o trabalhador dar a entrada no imóvel.
“Vamos acabar ficando com as duas opções para os trabalhadores”, afirmou Petrucci. “Eu espero estar errado nessa avaliação”.
Exame - SP 18/02/2025
O Grupo SteelCorp avança na industrialização da construção civil com a inauguração de duas novas fábricas. A primeira, em Cajamar (SP), ocupa uma área de 16 mil metros quadrados e triplica a capacidade produtiva da empresa na região. A segunda, em Aparecida de Goiânia (GO), tem 13 mil metros quadrados e foca na produção de casas populares em larga escala. Com essas unidades, a empresa pretende faturar 1 bilhão de reais em 2025.
A construção industrializada é o centro da estratégia. Em vez de erguer paredes tijolo por tijolo no canteiro de obras, a SteelCorp fabrica módulos prontos, que chegam ao terreno quase finalizados. Esse método reduz custos, acelera entregas e gera menos desperdício. O modelo se tornou atrativo para construtoras, governos e incorporadoras que buscam maior eficiência e previsibilidade.
"A escalabilidade e a velocidade desse sistema representam uma mudança de paradigma no setor", afirma Justus. "Nós não estamos inventando nada novo. O mundo já está industrializando a construção civil. O Brasil ainda está atrasado, mas isso vai mudar."
Do zero à liderança no setor
A SteelCorp nasceu em 2023, mas sua história começa anos antes pelas mãos de Roberto Justus, um dos nomes mais conhecidos da publicidade brasileira.
Justus fundou a agência de publicidade Newcomm, que mais tarde se tornou o Grupo Newcomm, dono de marcas como Y&R (Young & Rubicam Brasil), Wunderman e Grey Brasil. Liderou o mercado por 15 anos e vendeu a empresa para o grupo multinacional WPP. Na TV, apresentou o reality show O Aprendiz, além de programas como Roberto Justus + e Power Couple Brasil. Mais recentemente, diversificou seus negócios, investindo em setores como construção civil, educação e assessoria de investimentos.
Justus viu na industrialização da construção civil uma oportunidade de negócios. O setor no Brasil ainda opera com métodos tradicionais, com prazos longos e custos imprevisíveis. A possibilidade de aplicar processos industriais para resolver esses gargalos chamou sua atenção.
Daniel Gispert, sócio de Justus e executivo com experiência no setor, já estudava o modelo de construção modular. Ele identificou que, apesar da demanda, o Brasil não possuía capacidade produtiva suficiente para atender grandes projetos com essa tecnologia.
"O setor continuava dependente de métodos antigos. Era preciso trazer escala para a industrialização da construção", afirma Gispert.
O primeiro passo foi a aquisição da TecnoFrame, fábrica especializada em estruturas de aço para construção. A partir dela, a SteelCorp estruturou um ecossistema completo, capaz de projetar, fabricar e entregar construções modulares em larga escala.
"Eu sempre trabalhei com negócios baseados em talento e inovação", diz Justus. "Na publicidade, minha empresa foi líder de mercado porque investimos em qualidade. Agora, na construção, estamos aplicando o mesmo princípio. Trouxemos os melhores especialistas para dentro da SteelCorp e estruturamos um modelo de negócios com crescimento rápido e sustentável."
Como funciona a construção modular
A SteelCorp usa o sistema Light Steel Frame, uma tecnologia baseada em perfis de aço galvanizado. Diferente da alvenaria convencional, esse método permite fabricar paredes, lajes e telhados dentro da fábrica, em ambiente controlado. No canteiro de obras, as peças chegam prontas para montagem, como um quebra-cabeça.
"Se alguém me pedir para construir uma casa isolada, eu não faço", diz Justus. "Mas se forem 500 casas, aí sim. Nosso negócio é a escala."
Esse modelo elimina o desperdício de materiais comuns na construção tradicional. Em uma obra convencional, cerca de 30% dos insumos vão para o lixo. No sistema modular, esse índice cai para menos de 5%.
Outra vantagem está no tempo de obra. Casas populares podem ser entregues em menos da metade do prazo convencional. Em fábricas automatizadas, como as novas unidades da SteelCorp, a empresa pretende produzir até 10 casas por dia.
"Nós reduzimos o uso de aço por metro quadrado em dois terços desde que começamos", explica Justus. "Isso significa que conseguimos baixar custos e tornar nosso sistema competitivo para o mercado de casas populares."
A tecnologia também melhora o desempenho térmico e acústico das construções. "No Rio Grande do Sul, entregamos casas para o governo e o governador entrou em uma delas no meio do verão. Estava 34 graus lá fora e dentro da casa, sem ar-condicionado, a temperatura era de 22 a 24 graus. Esse isolamento térmico é uma grande vantagem em um país quente como o Brasil", destaca.
O crescimento acelerado da SteelCorp
O modelo industrializado atraiu o interesse do mercado. Em menos de dois anos, a SteelCorp passou de uma startup para uma das maiores empresas do setor. Em 2023, o faturamento foi de 23 milhões de reais. Em 2024, esse número saltou para 200 milhões de reais. Para 2025, a meta é alcançar 1 bilhão de reais, impulsionado pelas novas fábricas e pela entrada no mercado americano.
Nos Estados Unidos, a SteelCorp inaugurou uma fábrica na Flórida, com 25 mil metros quadrados. O primeiro contrato fechado prevê a entrega de 500 casas modulares em 2024 e 1.500 unidades em 2025. Nos próximos dois anos, a operação americana deve gerar 350 milhões de reais em novos negócios.
"Fomos convidados por um grande incorporador americano para levar nossa tecnologia para lá. O mais impressionante é que não existem fábricas de Light Steel Frame na Flórida. Vamos ser pioneiros nesse mercado", afirma Justus.
Além das fábricas, a SteelCorp criou a SteelBank, uma securitizadora que financia projetos de construção modular. O acesso a crédito sempre foi um dos maiores desafios do setor. O SteelBank pretende movimentar 1 bilhão de reais em operações financeiras ainda em 2024, oferecendo crédito para construtoras e incorporadoras que adotarem a tecnologia.
Outro pilar do crescimento está na capacitação de mão de obra. A SteelAcademy, lançada em 2024, pretende formar 4 mil profissionais no primeiro ano, ensinando engenheiros, arquitetos e operários a trabalhar com o sistema modular.
"Estamos formando do zero a nova geração de profissionais da construção. Sem mão de obra qualificada, o setor não avança", diz Justus.
A disputa pelo mercado
A SteelCorp enfrenta desafios para consolidar o modelo industrializado no Brasil. O setor da construção ainda é dominado por empresas que operam com métodos tradicionais, e a mudança de mentalidade leva tempo.
"O mercado ainda tem resistência, mas isso é normal. No início, as pessoas não acreditam, depois testam, e por fim adotam como padrão", afirma Justus.
Empresas como MRV e Tenda começaram a testar o sistema modular, mas ainda em escala reduzida. Concorrentes como Tech Verde, Alea e Brasil ao Cubo também disputam esse mercado, cada uma com sua abordagem.
"A construção modular não é moda. É um caminho sem volta. Quem entender isso antes vai dominar o setor", diz Justus.
O futuro da SteelCorp
Os planos da SteelCorp vão além das novas fábricas. A empresa já estuda novas unidades no Brasil e no exterior, além de expandir sua atuação para projetos de infraestrutura, como escolas, hospitais e prédios comerciais.
"A gente trabalha 24 horas por dia para entregar tudo no prazo. Abrimos porta, fechamos contrato e agora temos que entregar. Isso é o mais importante", diz Justus.
Outra frente de crescimento está na criação de condomínios modulares. O modelo permite construir bairros inteiros em poucos meses, reduzindo custos para incorporadoras e governos.
"A SteelCorp não quer ser apenas uma empresa de construção. Queremos ser a referência na industrialização do setor. Esse é o futuro da construção civil, e estamos no lugar certo, na hora certa", diz Justus.
SEGS.com.br - SP 18/02/2025
O governo federal anunciou quase R$ 140 bilhões para prover a construção de moradias e o financiamento. Goiás está entre os estados contemplados com novos projetos. Uma das novidades é o lançamento de nova etapa do Porto Araras, que vai atender famílias com renda a partir de R$ 2 mil
Desde que foi lançado, em 2009, o Programa Minha Casa Minha Vida já beneficiou mais de 8 milhões de famílias com a casa própria. Nos últimos dois anos, o Governo Federal investiu mais de R$ 18 bilhões para facilitar o acesso à moradia. A meta do governo é de que sejam contratadas 2 milhões de unidades habitacionais até o fim de 2026. O programa já superou em 25% a meta de contratação de unidades habitacionais em 2024. Já foram contratadas a construção de 1,2 milhão de moradias, informou o secretário Nacional de Habitação do ministério das Cidades, Augusto Rabelo, em anúncio feito em janeiro deste ano durante episódio do podcast Me Conta Brasil, disponível nas redes sociais e no canal de Youtube da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR).
Para este ano, Rabello adiantou que haverá um orçamento recorde de quase R$ 140 bilhões para subsidiar a construção de moradias e os financiamentos. E o programa também traz novidades como a prioridade de investir em melhor localização das habitações, garantindo proximidade ao comércio, equipamentos públicos como escolas e hospitais e acesso ao transporte público.
Em Goiás, a Caixa possui mais de 20 empreendimentos contratados pelo Novo Minha Casa, Minha Vida, totalizando mais de 4 mil novas unidades habitacionais a serem construídas no estado. E novos projetos já estão sendo contratados, dentro das expectativas de qualidade construtiva e boa localização para atender as famílias que ainda precisam da casa própria. Uma das novidades é a abertura da segunda etapa do Residencial Porto Araras, que está sendo construído no bairro Maria Dilce, próximo à avenida Perimetral Norte e a UniAlfa.
O empreendimento é uma realização da Vila Brasil Engenharia, empresa do Grupo Mauá, e vai atender, nesta segunda etapa, 360 famílias, em uma área construída de 20.629,47m². A primeira etapa, lançada em 2024 contou com 400 apartamentos. O empreendimento poderá ser financiado com as vantagens do programa Minha Casa Minha Vida por famílias com renda a partir de R$ 2 mil. Os futuros moradores serão beneficiados com vista para uma área de preservação permanente que fica no bairro Maria Dilce, com mais de 7.600 m².
Um dos grandes diferenciais do projeto, segundo o CEO da Vila Brasil Engenharia, Flavio Mendes Garcia, é a localização privilegiada, com infraestrutura completa, o que propicia uma melhoria na qualidade de vida da população. “O Porto Araras é mais do que um empreendimento, é a realização do sonho da casa própria para muitas famílias que batalham por um futuro melhor. Desde o início, pensamos em um projeto que trouxesse dignidade, conforto e segurança, com ótima localização e infraestrutura completa. Na segunda etapa, estamos criando novas oportunidades para que mais famílias conquistem seu espaço com qualidade e bem-estar. É muito gratificante fazer parte dessa transformação e ver tantas histórias sendo construídas aqui” , destaca o executivo.
Os apartamentos possuem 46,28m², com dois quartos, podendo incluir espaço garden. O projeto inclui área de lazer completa com salão de festas, piscina adulto e infantil, churrasqueira, quadra poliesportiva, bicicletário, varanda gourmet, brinquedoteca, pergolado, fitwall, pomar, pet place, pet care, sala de jogo, playground e quadra de areia. Além disso, o projeto oferece na área comum um minimercado, lavanderia, espaço coworking, academia, horta, car wash, entre outros benefícios.
Saiba mais
A Vila Brasil Engenharia tem uma história marcada por grandes projetos imobiliários realizados especialmente em Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro, com foco no segmento econômico e em produtos que se enquadram no Programa Minha Casa Minha Vida, desde 2016. Já são mais de 5000 unidades habitacionais lançadas e mais 14.000 unidades previstas para os próximos seis anos, que devem ser distribuídas em 38 novos projetos residenciais. A Vila Brasil é uma empresa do Grupo Mauá, holding com quase 30 anos de história, atuação em 18 Estados brasileiros e em diferentes segmentos econômicos, congregando seis empresas nas áreas de engenharia e edificações, energia, financeiro e tecnologia.
O Estado de S.Paulo - SP 18/02/2025
Mais seis empreendimentos da cidade de São Paulo foram avisados de que receberão sanção e multa por supostas irregularidades na destinação de prédios construídos com incentivos municipais para a habitação de baixa renda. O total de prédios com “despachos sancionatórios” chegou a 11 na sexta-feira, 14. Até o momento, os condomínios são majoritariamente de microapartamentos e em bairros de classe média da zona oeste. Em nota, parte das construtoras afirmou que seguiu a legislação municipal vigente à época (leia mais ao longo do texto).
Os novos casos envolvem edifícios construídos nos últimos anos em Pinheiros — incluindo na Avenida Brigadeiro Faria Lima —, na Lapa e na Vila Romana, na região oeste, e em São Lucas, na leste. As penalidades podem ser a “ponta do iceberg” de algumas centenas de empreendimentos em investigação pelo Ministério Público Estadual (MP-SP), que pediu na Justiça para suspender temporariamente a política de incentivo, sob alegação de “negligência” da Prefeitura.
Dias após a ação civil pública, a gestão Ricardo Nunes (MDB) divulgou as duas primeiras multas a construtoras, que totalizaram R$ 31 milhões. A Prefeitura diz coibir fraudes, destaca que instaurou 200 processos (referentes a 24,6 mil unidades) sobre possíveis irregularidades e reforçou regras para a destinação correta dos imóveis. Além disso, prevê contratar uma empresa de engenharia para uma auditoria, por cinco anos, no valor de R$ 43,7 milhões.
Os novos empreendimentos que receberam aviso de sanção são o Viva Benx Faria Lima (ligado ao Grupo Benx), o Vivaz Vila Romana (ligado ao Grupo Cyrela), o Today Pinheiros (do Grupo Canopus), o Metrocasa Lapa (da Metrocasa), o La Vista Lapa (da Rev³ Incorporadora e Floor) e o Monalisa Residencial (ligado à Presence Empreendimentos).
Os avisos de aplicação de “sanções de cancelamento a isenção ou redução do fator de interesse social, bem como a sua cobrança em dobro a título de multa” são assinados pelo secretário municipal de Habitação, Sidney Cruz. A maioria ainda tem prazo para recorrer, embora todos tenham sido notificados para prestar esclarecimentos ao longo do ano passado. Se não reverterem a situação, terão a multa calculada nos próximos dias.
Esses prédios receberam benefícios construtivos e fiscais para a construção de apartamentos voltados à população na faixa de três a seis salários mínimos. Na prática, contudo, as apurações apontaram indícios de venda e aluguel de parte das unidades para pessoas com maior renda ou em valores incompatíveis para a moradia popular. Uma parcela das empresas tem argumentado que compradores com maiores rendimentos se comprometeram a alugar as unidades à baixa renda.
Na investigação, além da documentada renda superior, foram identificadas situações variadas, como imóveis adquiridos por compradores únicos, mas registrados no nome de mais de uma pessoa. Há também casos de adquirentes que tinham mais de R$ 1 milhão em bens (um deles com mais de 20 imóveis), assim como outro em que a matrícula foi feita no nome de pessoa distinta da que comprovou a renda. Mais exemplos envolvem um homem que apresentou documentação de rendimentos de 20 anos atrás e, ainda, mais de uma unidade comprada pela mesma família.
Os demais empreendimentos que já receberam penalidades ou aviso de sanção envolvem Tecnisa, MF7, You,Inc e Consthruir. Procuradas, as empresas defenderam ter respeitado a legislação.
O pedido de liminar do MP é visto com preocupação no setor imobiliário. Avalia-se que, se a Justiça der a liminar, há potencial de impacto na dinâmica de aquisição de terrenos, na aprovação de novos empreendimentos para HIS e até na obtenção de “habite-se” para obras em conclusão.
Além disso, escritórios de advocacia especializados em mercado imobiliário têm defendido que há margem para judicialização por parte das autuadas, com possibilidade de cancelamento ou redução da multa. Na semana passada, as duas principais representantes do setor (Secovi-SP e Abrainc) entraram com pedido de “amicus curiae” na ação do MP-SP.
Na investigação, o MP-SP tem apurado empreendimentos em diversos bairros, incluindo áreas nobres como Vila Olímpia, Itaim Bibi e Moema. Defendeu que há “falta de controle” na disponibilização do benefício, com possível “enriquecimento ilícito” de construtoras.
Não há um número total de quantos imóveis receberam o incentivo para HIS e HMP na última década. Levantamento parcial da Prefeitura indica que, de agosto de 2019 a outubro de 2024, foram mais de 446,5 mil unidades beneficiadas. O montante total abrange 143,3 mil construídas e 303,1 mil licenciadas ou em fase de construção. Não se sabe, contudo, o quanto do total envolve possível desrespeito à finalidade prevista na lei.
No comunicado das primeiras multas, a gestão Nunes disse que as empresas “se beneficiaram de isenção de impostos para construir unidades habitacionais à população de baixa renda, mas desvirtuaram o processo comercializando moradias a pessoas que não se encaixavam na modelagem”. A Prefeitura é, entretanto, contrária à suspensão da política municipal defendida pelo MP-SP.
Como são os empreendimentos que receberam novos avisos de sanção?
Os seis empreendimentos com os novos despachos sancionatórios somam cerca de 1,1 mil apartamentos com incentivos para a baixa renda. Os demais com aviso de sanção e multa somam 974 unidades. Por enquanto, as penalidades têm envolvido a categoria de habitação social HIS-2 (três a seis salários mínimos).
O Viva Benx Faria Lima tem entrada pela Faria Lima (nas proximidades do Instituto Tomie Ohtake) e pela Rua Fernão Dias. Oficialmente, está no nome da M. A. R. Sintra, empresa ligada ao Grupo Benx — também envolvido com um dos dois prédios multados (o Viva Benx Lapa, da M. A. R. Hamburgo) e outro com aviso de sanção (Viva Benx Pinheiros, da M. A. R. Evora).
Os responsáveis pelo empreendimento da Faria Lima afirmaram seguir “rigorosamente a legislação vigente no desenvolvimento das unidades habitacionais de interesse social, atendendo aos critérios e normas estabelecidas pela Prefeitura, permitindo a venda para pessoas enquadradas nos critérios do HIS/HMP (Habitação de Interesse Social/Habitação de Mercado Popular), bem como a venda para locação social”. Também destacaram ter “compromisso com o cumprimento da lei e com as necessidades habitacionais da população”.
Ao todo, o edifício recebeu incentivos para a obra de 251 unidades HIS-2. Na apuração, a Prefeitura menciona anúncios de terceiros com preços incompatíveis para a moradia popular, como de revenda a R$ 650 mil e aluguel por R$ 3,9 mil. Fala-se em unidades de 24 m² comercializadas a até R$ 27 mil por m², enquanto a média da região seria de R$ 13,4 mil m².
Já o Today Pinheiros é da Cardeal Arcoverde Empreendimento Imobiliário, ligada ao Grupo Canopus. É localizado na Avenida Cardeal Arcoverde, a cerca de 10 minutos a pé da Estação Faria Lima, da Linha 4-Amarela do Metrô.
Em nota, a Canopus afirmou que “sempre seguiu rigorosamente os parâmetros legais da política municipal de produção privada de unidades HIS e HMP, incluindo aqueles em vigor no lançamento do empreendimento”. “A empresa mantém total transparência e colaboração com a Prefeitura, contribuindo com os documentos e informações solicitados, que comprovam a correta destinação das unidades. Seguimos prestando todos os esclarecimentos necessários”, completou.
O edifício tem 15 andares, com 223 unidades, das quais 168 são HIS-2. No ano passado, a defesa do grupo invocou a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) para não enviar todos os documentos exigidos para a comprovação da destinação das unidades.
Além disso, na apuração, a Sehab menciona anúncios de revenda na internet, com valores de R$ 490 mil a R$ 560 mil. “Entendemos que (...) estão acima do esperado para a faixa de renda em questão”, apontou em parecer. “Cabia à empresa acautelar-se de modo que a destinação das unidades se desse em conformidade com a lei”, diz em outro trecho.
Também na zona oeste, a CBR 064 Empreendimentos Imobiliários (ligada ao Grupo Cyrela) recebeu aviso de sanção pelo Vivaz Vila Romana. O condomínio fica na Rua Faustolo, a cerca de 10 minutos a pé da Estação Lapa, da CPTM. Ao todo, tem 319 unidades de HIS-2.
Na apuração, a Sehab identificou ao menos 19 casos de compradores com indícios de irregularidades. Também menciona anúncios na internet de revenda de apartamentos do prédio por valores entre R$ 400 mil e R$ 550 mil, também considerados valores incompatíveis com o perfil de habitação social.
“Qualquer interpretação que permita destinar a famílias que não sejam de baixa renda contraria a finalidade da política habitacional prevista em lei e, por consequência, afronta os princípios da legalidade e do interesse público”, diz um trecho do parecer.
Procurada pelo Estadão, o Grupo Cyrela disse que o “projeto foi desenvolvido e comercializado em conformidade com as diretrizes da Prefeitura e a legislação vigente, atendendo a todos os critérios exigidos”. “A empresa esclarece que está dentro do prazo legal para a defesa, que será feita de forma a reafirmar a conformidade de todos os processos”, completou.
O Metrocasa Lapa tem 201 unidades de HIS-2, na Rua Guaicurus, quase em frente ao Poupatempo. Dentre os casos apurados, estão o de compradores que comprovaram renda somada de R$ 18,5 mil mensais. “Há sinais robustos de que as unidades não foram alienadas para o público-alvo previsto em lei, ou seja, pessoas de baixa renda”, diz trecho do parecer.
O Estadão procurou a construtora Metrocasa, mas não obteve retorno até o momento. À Prefeitura, a empresa havia alegado que todas as unidades foram destinadas para o atendimento de pessoas dentro da faixa de renda do HIS-2.
O La Vista Lapa rendeu sanção à AF Lapa Desenvolvimento Imobiliário, ligado à Rev³ Incorporadora e à Floor. Também fica na Rua Guaicurus, a cerca de uma quadra da Estação Lapa, com 188 unidades. Na apuração, a Sehab menciona anúncios de revenda em plataformas virtuais de unidades por até R$ 540 mil, valores que considera incompatíveis com a faixa de HIS-2.
Em nota, os responsáveis pelo empreendimento responderam que foi comercializado de forma regular, no programa Casa Verde Amarela, para famílias de renda compatível e com financiamento dentro das regras da Caixa. “A empresa respeita o direito da Prefeitura de investigar os empreendimentos, mas tem convicção de que, após o devido exame da defesa a ser apresentada, não haverá qualquer sanção a ser aplicada”, completou.
Por fim, o Monalisa Residencial é o único empreendimento da zona leste que recebeu despacho sancionatório até o momento. É ligado à Presence Empreendimentos, na Rua João Batista Fernandes, a cerca de 10 minutos a pé da Estação Vila Tolstói, do monotrilho.
É composto por três pavimentos, com nove apartamentos ao todo. Na apuração, foi apontado que “não foi comprovada a correta destinação de todas as unidades licenciadas como HIS-2, havendo indícios, ainda, de destinação em desacordo ao previsto pela legislação municipal sobre o tema”.
Ao Município, no ano passado, a empresa havia alegado que havia comercializado cinco das nove unidades até então, assim como teria apresentado documentos de financiamento, declaração e matrículas. O Estadão não conseguiu contato com a responsável pelo empreendimento.
Como tem ocorrido a apuração de casos suspeitos?
No Município, os casos multados começaram a ser apurados há cerca de um ano. A fiscalização tem a participação dos cartórios, que passaram recentemente a notificar a Prefeitura e o MP sobre suspeitas. Essa identificação envolve especialmente a renda declarada dos compradores.
Os procedimentos de investigação no âmbito municipal foram estabelecidos pela Prefeitura em decreto e portaria no ano passado, publicados após a revisão do Plano Diretor, de 2023. Antes da publicação da sanção, há a apuração preliminar, a notificação do empreendimento e a elaboração de relatório final conclusivo.
Nos processos, a Prefeitura tem alegado que as incorporadoras e construtoras autuadas tiveram “múltiplas oportunidades” de apresentar documentação comprobatória. “A empresa recebeu diversas vantagens (isenção tributária de ISS e isenção urbanística referente à outorga onerosa) para, em contrapartida, alienar as unidades para famílias de baixa renda. Sem que o público-alvo tenha sido atendido, não se justifica a subsistência das benesses legais, como corolário do princípio da proporcionalidade e razoabilidade”, diz a justificativa usada em diversos casos.
Os empreendimentos voltados a esse tipo de apartamento têm descontos e até isenção de outorga onerosa (principal taxa cobrada do mercado imobiliário, que pode chegar à casa de milhões de reais em bairros valorizados). Há ainda diversos incentivos construtivos atrativos para o setor — que favorecem, em especial, construções verticais.
“Essa privatização dos lucros e socialização dos prejuízos é resultado de uma política pública mal formulada e que pode estar gerando vultosos prejuízos ao erário, sendo também fruto, inexoravelmente, da falta de avaliação técnico financeira. Nesse contexto, questões como eficácia, economicidade e eficiência jamais foram verificadas pelo requerido”, diz o MP. “É certo que vem ocorrendo em larga medida”, também assinalou.
À Promotoria, alguns compradores relataram que não foram informados de que tinham adquirido uma HIS. Além disso, há indícios de pessoas físicas e jurídicas que adquiriram os imóveis cientes de ser uma habitação de interesse social e, mesmo assim, anunciaram a revenda ou aluguel por valores incompatíveis para essa faixa de renda.
Na ação judicial, é mencionada expressão do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (Labcidade) da USP: “fake HIS”. Os pesquisadores da Faculdade de Arquitetura de Urbanismo têm falado em “social housing washing”, com possível maquiagem que daria indevida aparência de produção de moradia popular a uma política que incentivou imóveis utilizados por outra parcela da população.
No ano passado, após solicitar notificação dos cartórios, a Promotoria recebeu, em menos de dois meses, mais de 560 casos de imóveis e empreendimentos suspeitos. “Unidades colocadas à venda pelo mercado imobiliário como HIS e HMP têm metragem (em geral) entre 24 e 30 m², não raras vezes por valor que ultrapassa R$ 20 mil por metro quadrado. Essa tipologia e preço evidenciam-se claramente, em princípio, como sendo incompatíveis com famílias que recebem de três a seis salários mínimos”, aponta o MP na ação.
No pedido de liminar, o Ministério Público aponta que a política de incentivo precisa ser suspensa temporariamente até o desenvolvimento de “sistema seguro e eficiente de fiscalização pública de adquirentes e locatários” e a definição de controle de preços de venda de unidades e locações. Fala-se até na possibilidade de que seja descontinuada.
“O desenho da política municipal destinou ao mercado a tarefa de controlar se indivíduos e famílias que adquirem as unidades de HIS estão ou não inseridos adequadamente nos critérios de renda estipulados pela legislação”, argumenta a Promotoria. “Condicionam (viabilizam) a construção a um custo de empreitada bastante inferior, trazendo maior rentabilidade ao incorporador, nem sempre alcançando, porém, o objetivo da norma, que é o de aumentar a oferta de moradias a preços condizentes aos destinatários do citado programa social.”
A petição é assinada por Marcus Vinicius Monteiro dos Santos, Camila Mansour Magalhães da Silveira, Roberto Luís de Oliveira Pimentel e Moacir Tonani Junior, promotores de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital.
IstoÉ Dinheiro - SP 18/02/2025
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta segunda-feira, 17, que a estatal vai contratar mais 44 embarcações, entre barcos de apoio e navios gaseiros, de maior porte, até 2026. “Vamos contratar mais 44 embarcações só até 2026 e serão muito mais até 2029. São barcos de apoio e navios gaseiros que contarão com financiamento da Marinha Mercante e depreciação acelerada, o que vai garantir um futuro para a indústria nacional”, disse.
Segundo a presidente da estatal, essas encomendas vão requerer investimentos de R$ 58 bilhões e serão capazes de gerar 60 mil novos postos de trabalho.
Ela destacou que o conteúdo local dessas encomendas deviser de 40%, mas pode chegar até 65%, a depender das condições de acesso ao Fundo de Marinha Mercante.
A executiva falou em evento no Terminal da Baía de Ilha Grande (Tebig), em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Além de uma feira do setor, a Petrobras vai lançar uma segunda licitação para incrementar a frota da subsidiária de transporte Transpetro e assinar protocolos de intenção com vistas ao reaproveitamento de plataformas.
Novo FPSO
Magda ainda citou a entrada em operação do novo navio plataforma (FPSO) Almirante Tamandaré, no mega-campo de Búzios. Maior FPSO em operação do País, o navio tem capacidade de produção de 225 mil barris por dia (bpd), sendo o primeiro de uma série de quatro que vão atuar no campo.
“Miseravelmente (na pior das hipóteses), Búzios vai produzir 1,5 milhão de barris por dia num futuro próximo”, disse Magda.
Portos e Navios - SP 18/02/2025
O Complexo Portuário de Vitória (ES) movimentou 8,4 milhões de toneladas em 2024, registrando um crescimento de 15% em relação ao ano anterior, superando a média nacional de 2%. Desde que assumiu a concessão em setembro de 2022, a Vports e suas empresas parceiras investiram R$ 580 milhões em infraestrutura, contribuindo para o avanço da competitividade e eficiência do porto.
A modernização do porto incluiu a revitalização do ramal ferroviário, reformas nos armazéns de Vitória, recuperação de silos horizontais e melhorias nos berços e sistemas de segurança. Esses investimentos permitirão que, até 2029, a movimentação do porto cresça 80%. Em 2024, a movimentação de contêineres aumentou 30%, totalizando 228 mil unidades. O café teve um crescimento recorde de 63%, enquanto a carga geral subiu 54%. O granito em bloco apresentou alta de 90% em relação a 2023 e 187% em relação a 2022, e a movimentação de veículos cresceu 109%.
Além do crescimento operacional, a Vports também investiu na recuperação do patrimônio histórico do porto, reformando armazéns que serão ocupados por um museu, unidade de ensino, centro de convivência e restaurante. A retomada das operações do Cais de Vitória resultou em um aumento de 88% nas movimentações em relação a 2023. Um novo contrato firmado em setembro ampliou o uso do Cais Comercial como alternativa para o segmento off-shore no estado. Com uma das menores filas de navios do Brasil, de apenas 1,4 dia, o porto está preparado para continuar expandindo sua capacidade e consolidar sua posição como um dos principais hubs logísticos do país.
Valor - SP 18/02/2025
Dados da Antaq mostram que 1,32 bilhão de toneladas foram transportadas, com destaque para cargas de contêineres
Eduardo Nery: “Praticamente todos os terminais de contêineres do Brasil tiveram crescimento” — Foto: Sergio Frances/MPA
Os portos brasileiros registraram recorde de movimentação em 2024. Ao todo, 1,32 bilhão de toneladas foram movimentadas, um aumento de 1,18% na comparação com o ano anterior, que já havia atingido o melhor resultado até então. Os dados são do balanço anual da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
“Os dados mostram crescimento estruturado, porque repetiram o bom desempenho do ano anterior. Houve uma ligeira queda no fluxo de granéis sólidos, mas os contêineres tiveram expansão bem representativa e foram os grandes responsáveis pelo novo recorde”, afirma Eduardo Nery, diretor-geral da agência, que encerra seu mandato no órgão nesta terça-feira (18).
No ano passado, as cargas de contêineres somaram 153,33 milhões de toneladas, um aumento de 20% na comparação anual.
Nery destaca que o avanço está ligado em parte à migração cada vez maior das commodities ao contêineres, como algodão, açúcar, café e proteína animal. Porém, ele destaca que o aumento de 2024 também teve contribuição de cargas ligadas à indústria. “Vimos a importação crescendo, com aumento em bens que são insumos para a indústria”, afirma.
Das cargas movimentadas em contêineres, o maior fluxo veio dos segmentos de plásticos, produtos químicos orgânicos e ferro e aço, segundo os dados.
Entre os portos públicos, o que teve a maior movimentação foi o de Santos, com total de 138,69 milhões de toneladas, volume 2,05% maior do que em 2023.
Em termos percentuais, o porto que teve maior crescimento foi o de Salvador, com avanço de 41,18% de fluxo, alcançando o total de 6,6 milhões de toneladas. A alta foi impulsionada pelos fertilizantes, que somaram 788,5 mil toneladas, expansão de 210,22%, e por contêineres, que avançaram 36,81%, alcançando 5,2 milhões de toneladas.
“Este avanço tem a ver com os gargalos nos terminais de contêineres em Santos e em Santa Catarina do ano passado. Praticamente todos os terminais de contêineres do país tiveram crescimento, aqueles que tinham capacidade ociosa tiveram um aumento maior”, diz Nery.
O único tipo de operação de navegação que teve queda em 2024 foi a fluvial no interior do país, que caiu 9,58%, para 75,93 milhões de toneladas, enquanto o longo curso e a cabotagem (pela costa) tiveram aumentos. Segundo o diretor-geral, o motivo foram as secas que impactaram as hidrovias do Paraguai e do Amazonas.
No caso do rio Paraguai, a situação foi a mais grave: a hidrovia movimentou 3,3 milhões de toneladas, 58,24% a menos do que no ano anterior. “Na região Norte, a seca também foi severa, até pior do que em 2023. Mas, no ano passado, houve menos problemas porque as empresas se prepararam, adiantaram pedidos, além da infraestrutura provisória que foi montada”, diz.
“Por isso as concessões de hidrovias são tão importantes: se houvesse investimentos em dragagem, não teríamos os mesmos impactos que tivemos”, afirma. Hoje, a Antaq tem aberta a consulta pública do que poderá ser a primeira concessão hidroviária, justamente no rio Paraguai.
Para 2025, a projeção do órgão regulador é um novo crescimento no volume de cargas, mesmo com o cenário macroeconômico desafiador. A Antaq prevê fluxo de 1,34 bilhão de toneladas neste ano e de 1,39 bilhão em 2026.
“A demanda deve continuar aquecida. O contêiner deve permanecer crescendo. A não ser que tenha algum fato novo de guerras comerciais, algum ‘efeito Trump’, a expectativa é que as commodities sigam crescendo”, afirma Nery.
Valor - SP 18/02/2025
Vice-presidente participou da cerimônia de lançamento de licitação, pela Transpetro, de oito navios gaseiros e de protocolo de intenções para revitalização de plataformas em fim de vida útil
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin, disse que a indústria naval é “soberania nacional, estratégica, é desenvolvimento”, como parte importante do parque industrial nacional.
Segundo ele, a indústria brasileira cresceu 3,7% em 2024, o que correspondeu ao dobro do crescimento do setor no mundo. E o faturamento aumentou 5,6% no ano passado, percentual recorde.
Alckmin participa de cerimônia de lançamento de licitação, pela Transpetro, de oito navios gaseiros e de protocolo de intenções para revitalização de plataformas em fim de vida útil.
O inicio do esforço de ressuscitar a indústria naval se deu em julho, quando a Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, anunciou a abertura da primeira licitação para compra de quatro navios-tanque, para transporte de combustíveis por meio de cabotagem. A aquisição de navios é vista como uma forma de evitar a oscilação de preços de frete para a Petrobras.
A Transpetro tem um plano de adquirir 25 navios, com custo estimado de US$ 2 bilhões a US$ 2,5 bilhões.
Geraldo Alckmin — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
IstoÉ Dinheiro - SP 18/02/2025
O presidente da Transpetro, Sergio Bacci, afirmou nesta segunda-feira, 17, que as encomendas da subsidiária de transporte da Petrobras já superam R$ 23 bilhões, gerando uma “demanda perene” e aquecendo a indústria naval brasileira. Em discurso na presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, Bacci defendeu a retomada dos investimentos na área e destacou tratar-se de uma promessa de mandato de Lula.
“Desde que Lula assumiu o 3º mandato, começamos a retomada da indústria naval. As encomendas da Transpetro superam R$ 23 bilhões, aquecendo a indústria naval. Vamos licitar 13 navios até o ano que vem, criando uma demanda perene, que é fundamental para a sustentação dessa indústria”, disse Bacci.
As afirmações foram feitas em evento no Terminal da Baía de Ilha Grande (Tebig), em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Além de uma feira do setor, a Petrobras vai lançar uma segunda licitação para incrementar a frota da Transpetro, além de assinar protocolos de intenção para o reaproveitamento de plataformas da Petrobras em fase de desmobilização.
Bacci defendeu que esse movimento de indução de crescimento da indústria, por meio de regulação e mecanismos de financiamento não é uma “jabuticaba”, ou seja, um movimento exclusivamente brasileiro. “Vários países têm política para a indústria naval”, disse, ao destacar, por exemplo, a reativação do Fundo de Marinha Mercante e a política de conteúdo local, com porcentual mínimo de 40%.
Ao citar o Fundo de Marinha Mercante, Bacci disse que, em 2024, foram 430 projetos orçados em R$ 30 bilhões.
Valor - SP 18/02/2025
Segundo Magda Chambriard, estatal vai assinar protocolo de intenções para revitalizar até 10 plataformas que estão em fim de vida útil e processo de desmobilização
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse, nesta segunda-feira (17), que a estatal não quer “jogar navios fora”, que os quer úteis e reaproveitados nos estaleiros nacionais. Segundo ela, na cerimônia de lançamento de licitação de navios gaseiros pela Transpetro, em Angra dos Reis (RJ), a empresa vai assinar protocolo de intenções para revitalizar até 10 plataformas que estão em fim de vida útil e processo de desmobilização.
Confira os resultados e indicadores da Petrobras e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360
Além disso, disse a executiva, o navio-plataforma (FPSO, na sigla em inglês) Almirante Tamandaré entrou em operação no fim de semana passado, com capacidade de processar 225 mil barris por dia de petróleo. “Um gigante, o primeiro de quatro FPSOs, que serão instaladas no Campo de Búzios”, afirmou ela.
Chambriard destacou que Búzios terá produção de 1,5 milhão de metros cúbicos (m³) por dia com essas plataformas. Além disso, a estatal tem planos de contratar 44 barcos de apoio à exploração e produção, garantindo encomendas para a indústria naval.
Segundo a executiva, a Petrobras vai liderar a transição energética justa.
Veja - SP 18/02/2025
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta segunda-feira que, se obtiver a licença ambiental do Ibama, a empresa empregará o “melhor aparato de resposta a emergência já visto no mundo” para a pesquisa do potencial de exploração de petróleo na área da Margem Equatorial a 175 quilômetros da costa do Amapá.
A economista deu a declaração durante discurso em uma cerimônia de “retomada” da indústria naval e offshore brasileira, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, da qual participam o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros como Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos.
O evento acontece no Terminal de Angra dos Reis, que também sedia uma feira de negócios do setor promovida pela Petrobras e pelo Ministério de Minas e Energia, com a participação de representantes e agentes da indústria.
Chambriard garantiu que Lula pode ficar “absolutamente tranquilo” quanto à operação da Petrobras na Margem Equatorial em caso de obtenção da licença, dizendo que a estatal conta com tecnologia de satélite da Nasa para identificar eventuais derrames de petróleo e com um equipamento chamado “Capping” para tapar poços onde haja vazamento.
Infomoney - SP 18/02/2025
A presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Magda Chambriard, voltou a dizer nesta segunda-feira, 17, que a estatal vai pisar no acelerador das encomendas à cadeia de óleo e gás, pedindo que se preparem para dar uma resposta adequada ao fornecimento. “(Fornecedores,) estejam preparados porque estamos pisando no acelerador, seja para fazer navios para exploração e produção de óleo e gás, seja para fazer refinarias e ampliar a capacidade de refino. Vamos pisar no acelerador e vocês são essenciais para o sucesso dessa nossa jornada”, disse Magda.
Ela voltou a dizer que, em gestões anteriores, a companhia investia somente 70% do que era previsto em seu plano de negócios, o que teria sido corrigido sob sua batuta. “Em agosto de 2024, já estávamos performando a 100% (do capex previsto). Quando comparamos com o que vínhamos performando antes com o que estamos fazendo agora, estamos botando 35% a mais de dinheiro no mercado. Isso é muita coisa e demanda um esforço muito grande da Petrobras e de fornecedores nacionais”, continuou.
Magda destacou o pagamento de R$ 257 bilhões em tributos ao longo de 2024 e afirmou que, até 2029, a Petrobras terá 10 novas plataformas de grande porte em operação, das quais sete já estão contratadas e três ainda serão.
Segundo Magda, esse aumento de demanda já se reflete nas encomendas de equipamentos “topside” fabricados no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Trata-se dos equipamentos responsáveis pela separação do óleo e gás da água associada.
“As encomendas aumentaram tanto que já estamos espraiando isso para outros estaleiros em volta. Mais três aqui no Rio e mais dois no Espírito Santo (além dos dois que já eram usados)”, revelou Magda.
Valor - SP 18/02/2025
Com o apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, há esperanças de retomada de um projeto de gás natural liquefeito (GNL) de US$ 44 bilhões, há muito adiado, que levaria o gás do extremo norte do Alasca (Estados Unidos) ao Japão, apesar dos altos custos e outros obstáculos que resistem.
O local proposto para a planta fica em uma área remota a cerca de 30 minutos de avião pequeno da maior cidade do Alasca, Anchorage. Em um dia recente, o tempo estava ensolarado, mas frio, com temperaturas bem abaixo de zero.
"Estamos a uma distância curta do Alasca para o Japão, sete a nove dias de navio", disse Frank Richards, presidente da Alaska Gasline Development Corp. (AGDC). O estado é muito mais próximo do Japão do que o sul dos Estados Unidos, Austrália e Oriente Médio, disse ele.
Perto do local há uma planta que forneceu GNL para o Japão por décadas, a partir de 1969. Foi um projeto histórico que serviu como catalisador para a Tokyo Gas mudar do carvão para o gás natural como matéria-prima para seu gás para residências. Mas as instalações envelheceram, e a produção do campo de gás próximo diminuiu, levando à suspensão das operações.
O novo projeto, apelidado de Alaska LNG, apresenta capacidade de produção anual de cerca de 20 milhões de toneladas — o equivalente a aproximadamente 30% da demanda anual japonesa. A ideia do projeto em si já existe há décadas, mas o custo tem sido um obstáculo ao desenvolvimento.
Como Richards destacou, a proximidade com o Japão é uma grande vantagem. A economia de custos de transporte em comparação com o Oriente Médio e o Golfo do México pode chegar a dois dígitos em termos percentuais.
E com os Estados Unidos como aliados, os riscos geopolíticos para o Japão são menores do que com a importação do Oriente Médio ou da Rússia. O GNL do Qatar deve passar pelo Estreito de Ormuz, um potencial ponto de estrangulamento em uma região turbulenta. Enquanto isso, a guerra na Ucrânia alimentou os esforços dos países ocidentais para obter menos GNL russo.
A infraestrutura de GNL do Alasca é subdesenvolvida. Um gasoduto de aproximadamente 1.300 quilômetros precisaria ser construído por cerca de US$ 11 bilhões para ligar os campos de gás do Alasca dentro do Círculo Polar Ártico à parte sul do estado.
A AGDC tem convocado empresas dos Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e China para investir e fazer acordos de compra de gás de longo prazo. Mas a maioria hesita diante dos enormes investimentos envolvidos.
Os ventos parecem ter mudado com o retorno de Trump ao poder. Após se reunir com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, em 7 de fevereiro, Trump disse em uma entrevista coletiva que uma joint venture Japão-Estados Unidos envolvendo petróleo e gás do Alasca estava em discussão.
Imediatamente após assumir o cargo em janeiro, ele emitiu uma ordem executiva para promover o desenvolvimento do GNL do Alasca.
"Acredito que fomos o único exemplo de ordem executiva nomeando especificamente um projeto de GNL", destacou Richards.
A clara posição americana contra o GNL russo também é um ponto favorável para o Alasca. "De uma perspectiva de segurança nacional, os Estados Unidos podem fornecer energia confiável para seus aliados como o Japão", disse o ex-senador do Alasca Mark Begich. "Pode ser um contrapeso contra o gás russo."
Questionados sobre suas opiniões sobre o projeto, poucos moradores se opuseram e a maioria tinha grandes esperanças quanto aos efeitos econômicos.
Peter Micciche, que trabalhava na planta que produzia GNL para a Tokyo Gas e agora é prefeito do Kenai Peninsula Borough, reclamou que o desenvolvimento de GNL do Alasca não progrediu na administração Biden.
"Perdemos muito", disse ele, chamando a área de "comunidade de petróleo e gás".
"E estamos animados para ver os desenvolvimentos", disse ele. "Pense nas receitas e empregos que a instalação cria."
O Alasca depende de royalties do desenvolvimento de recursos para obter receita, e sua estrutura econômica e financeira não pode sobreviver sem petróleo e gás.
O governo estadual também está enfatizando a diferença do passado do projeto, quando o desenvolvimento não progrediu. Os campos de gás ao redor de Anchorage estão secando, com escassez de gás no horizonte. Se as tendências atuais continuarem, o estado pode ter que importar GNL.
Fazer isso seria embaraçoso quando uma riqueza de recursos inexplorados jaz no subsolo na parte norte do estado, alguns argumentam em apoio ao gasoduto.
Se o gasoduto — considerado o maior obstáculo do projeto — for construído por causa da escassez de gás em Anchorage, então o resto do projeto terá uma chance melhor de ser concluído. A AGDC pretende tomar a decisão final de investimento do gasoduto em 2026.
Uma questão urgente para o Japão agora é se deve ou não aderir ao projeto. Até agora, o Japão promoveu projetos de GNL no exterior combinando empréstimos governamentais com investimentos do setor privado e contratos de longo prazo. Um acordo pode ser possível para apoiar as ambições de GNL do Alasca, ganhar a simpatia de Trump e evitar tarifas.
Mas uma análise acurada dos números é essencial. "A estimativa do custo do gasoduto é muito baixa", disse o consultor de petróleo local Roger Marks. "Acho que custaria pelo menos US$ 15 bilhões." Esses custos acabarão sendo repassados para compradores como o Japão no preço do GNL.
Se as preocupações com os custos não puderem ser resolvidas, será difícil levantar fundos e continuar o desenvolvimento. E se Anchorage tentar resolver sua escassez de gás importando GNL, o plano do gasoduto pode ser descartado. Surgiu um plano para importar GNL usando os tanques e a instalação de descarga da antiga planta para enviar GNL para o Japão.
"Poucas pessoas são contra o projeto, mas também poucas pessoas acreditam que o projeto será construído", disse o jornalista local Larry Persily.
Infomoney - SP 18/02/2025
Os preços do petróleo subiram nesta segunda-feira após um ataque a uma estação de bombeamento de oleoduto no Mar Cáspio reduzir os fluxos a partir do Cazaquistão, enquanto os investidores monitoravam os desdobramentos de um possível acordo de cessar-fogo entre Moscou e Kiev, que poderia aliviar as sanções e aumentar os suprimentos globais.
O dólar, que oscilou perto de uma mínima de dois meses após dados de varejo dos EUA mais fracos do que o esperado para janeiro, também impulsionou os preços do petróleo, tornando o petróleo mais barato para compradores de fora dos EUA.
Os contratos futuros do petróleo Brent encerraram em US$75,22 por barril, subindo 48 centavos. O petróleo bruto dos EUA (WTI) subiu 65 centavos, para US$71,39 por barril, sem liquidação no horário normal devido ao feriado do Dia do Presidente dos EUA. O feriado levou a volumes de negociação relativamente reduzidos.
Os preços do petróleo receberam suporte depois que drones atingiram a estação de bombeamento do oleoduto Kropotkinskaya, na região de Krasnodar, no sul da Rússia, reduzindo os fluxos de petróleo do Cazaquistão para os mercados mundiais pelos produtores ocidentais, incluindo a Chevron e a Exxon Mobil, informou o Caspian Pipeline Consortium na segunda-feira.
O CPC, que é o operador da estação, classificou o ataque como um ato de terrorismo, sem especificar que a Ucrânia havia enviado os drones. No entanto, um funcionário do serviço de segurança da Ucrânia disse que Kiev havia atacado a estação e uma refinaria de petróleo próxima usando drones.
Os ataques ocorreram no momento em que o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, e a Rússia se preparam para as primeiras negociações na Arábia Saudita nos próximos dias.
Líderes europeus realizaram uma reunião de emergência em Paris na segunda-feira, após o anúncio de Trump de uma possível reunião iminente com o presidente russo Vladimir Putin, com o Reino Unido dizendo que estava preparado para enviar tropas de manutenção da paz para apoiar um possível acordo de paz na Ucrânia.
Infomoney - SP 18/02/2025
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, voltou a pedir publicamente pela emissão da licença ambiental que vai permitir à Petrobras (PETR3; PETR4) perfurar e procurar petróleo na chamada Margem Equatorial, no litoral nordeste e norte do país. “A Petrobras já entregou os estudos complementares ao Ibama e chegou a hora de essa chave virar”, disse Silveira em evento organizado pela Petrobras em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
E continuou: “Queremos pesquisar a Margem Equatorial de maneira ambientalmente sustentável. Temos que aproveitar mais essa fonte de riqueza nacional e gerar empregos em todo o país. Os resultados positivos de nossas reservas vão acelerar a transição energética no Brasil.”
Em seguida, ele afirmou que perfurar a Margem Equatorial é uma questão de “soberania nacional”.
Silveira também disse que a produção de óleo e gás em águas contíguas à Margem Equatorial brasileira está “mudando a realidade de países vizinhos”.
“O PIB da Guiana cresceu 50% no ano passado. O Brasil merece viver essa transformação. É uma arrecadação de mais de R$ 1 trilhão que precisa ser destinada à saúde e educação. Não podemos aceitar mais de R$ 350 bilhões em investimentos parados” reclamou o ministro.
Antes dele, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, já havia feito pressão pela licença do Ibama em discurso no mesmo evento.
Nas últimas semanas, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e membros do governo também têm sido mais vocais nesse sentido.
Indústria naval
Silveira também saudou os esforços do governo federal e da Petrobras em retomar a indústria naval.
“Essa indústria foi desmantelada pelo governo anterior. A Petrobras não renovava frota marítima há 10 anos”, disse Silveira ao elogiar as encomendas de momento da Petrobras e o lançamento de novo edital para incrementar a frota da subsidiária de transporte da Petrobras, a Transpetro. “Temos que defender as políticas públicas que voltaram para o Brasil”, disse, sobre o movimento da estatal que, segundo ele, dá tranquilidade por ter atualmente uma “diretoria harmoniosa”.
Silveira foi o pivô da última troca de comando na estatal, após conflitos sucessivos com o antecessor de Magda, Jean Paul Prates.
Exame - SP 18/02/2025
A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) registrou um recorde de investimentos em 2024, com R$ 20 bilhões aplicados em infraestrutura viária. Para os próximos cinco anos, a projeção é de R$ 30 bilhões anuais, totalizando R$ 150 bilhões no período, segundo Marco Aurélio Barcelos, presidente da instituição, ao podcast EXAME Infra.
"É muito factível que nos próximos cinco anos aportemos algo próximo a R$ 150 bilhões somente no setor de rodovia", afirma.
Se confirmada, a projeção representará um salto expressivo nos investimentos. Em comparação, as concessionárias associadas ao grupo — que inclui Arteris, CCR, EcoRodovias, EPR e Via Appia — aplicaram R$ 255 bilhões nos últimos 26 anos, desde 1998.
Segundo Barcelos, a tendência de alta é impulsionada pelo otimismo com novas concessões e pela necessidade de modernizar a infraestrutura viária do país, reduzindo gargalos logísticos e melhorando a segurança das estradas.
De acordo com um levantamento feito pela EXAME, com base em informações públicas e no Livro Azul da Infraestrutura, da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o país deve realizar um leilão a cada quatro dias ao longo deste ano.
Essa "onda de leilões" deve se estender, contudo, até 2027, avalia o presidente da ABCR com base na carteira federal. O Ministério dos Transportes projeta que, após 12 leilões em 2024, número também histórico, ocorram 17 certames de rodovias em 2025, com investimentos previstos de R$ 100 bilhões.
"Os investimentos desses leilões devem começar a sair em cinco, seis e sete anos. Podemos dizer que até o final de 2030, vamos viver um alvoroço de investimentos, demanda e mobilização", diz Barcelos sobre o pipeline.
Ano dos leilões é um 'problema bom'
Considerado um dos maiores nomes da infraestrutura rodoviária, o especialista também faz um análise do impacto da quantidade recorde de leilões para este ano.
Ele prevê abertura de vagas de emprego principalmente na área de engenharia e para cargos de alta liderança, em boa parte, diz Barcelos, porque o ecossistema que orbita os projetos de infraestrutura, – formado por prestadores de serviços, fornecedores e reguladores –, não está preparado para atender a toda demanda que será provocada.
"Precisamos monitorar 'a quantas anda' a capacidade de engenharia do Brasil porque, verdade seja dita, a lava jato dizimou a nossa engenharia e será preciso resgatar esse pessoal. E, de outro lado, para cargos sêniores, teremos uma demanda grande e não conseguimos formar esse pessoal em curto espaço de tempo. É preciso começar a se capacitar porque haverá demanda de executivos", diz, chamando atenção para um ambiente desafiador.
"É um problema bom, mas é um problema e ele demanda cautela para não termos um boom de investimento e não conseguirmos ninguém. Termos uma Ferrari, em temos de investimento, e não conseguir um piloto", diz.
Clímax do mercado de concessões
Apesar dos desafios, Barcelos também observa que esse "clímax do mercado de concessões" mostra que houve "amadurecimento" do setor desde a promulgação da Lei 9.074, que estabeleceu normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos e completa 30 anos no mês de julho.
"Reconhecemos disfuncionalidades e problemas, aprendemos lições e hoje temos contratos mais bem estruturados e que garantem sustentabilidade financeira, jurídica e operacional. Todo mundo consegue sair ganhando no longo prazo, porque o modelo de negócio para de pé e tem uma matriz de risco mais bem elaborada", afirma.
De acordo com dados da ABCR ao podcast EXAME Infra, o ano de 2024 foi fechado com mais de 30 mil quilômetros de rodovias concedidas. A previsão é que esse número dobre até 2030, chegando a 60 quilômetros.
As concessões, ainda segundo Barcelos, ganham confiança à medida que oferecem serviços melhores. Uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada em novembro do ao passado, apontou que para 63,1% as rodovias concedidas são ótimas ou boas. Enquanto nas públicas, essas avaliações somam 22,7% do total.
"A pesquisa avalia basicamente três aspectos: a geometria da via, o que significa curvatura, as ladeiras e ela analisa as condições do pavimento e sinalização. Podemos dizer de longe que, quanto a esses três aspectos, as rodovias concedidas, têm larga vantagem", diz Marco Aurélio Barcelos.
Globo Online - RJ 18/02/2025
O gargalo da conectividade tem levado fabricantes a lançar serviços e equipamentos para a conexão entre as modernas máquinas agrícolas. Só uma conexão constante, com transmissão em tempo real, permite ao produtor explorar ao máximo o que a tecnologia do maquinário pode fazer pela agropecuária.
— Nos últimos cinco anos demos um salto gigantesco. Mas para que o produtor possa acessar todos os recursos das nossas máquinas é preciso que ele esteja conectado, a fim de que a transmissão de dados ocorra em 100% do tempo — afirma Estela Dias, gerente de negócios para agricultura de precisão da John Deere, americana que é uma das maiores fabricantes de tratores e colhedoras do mundo.
A fabricante está começando a vender este ano no Brasil um serviço de conectividade via satélite que utiliza a rede Starlink, da SpaceX, para permitir ao produtor rural o aproveitamento integral das tecnologias agrícolas de precisão. A instalação por antena tem o custo de R$ 6.150, com três anos de licença incluída.
Segundo a John Deere, a marca tem 775 mil máquinas conectadas globalmente e a expectativa é que esse número alcance 1,5 milhão até 2026. Para atingir essa meta, a fabricante está começando neste ano a venda, no Brasil, de um serviço de conectividade via satélite que utiliza a rede Starlink, da SpaceX.
O objetivo é permitir que os agricultores que enfrentam desafios de conectividade rural aproveitem integralmente as tecnologias agrícolas de precisão, ganhando em produtividade, rentabilidade e sustentabilidade das operações.
— A internet via satélite promove um tempo muito rápido de comunicação, garantindo mais eficiência do plantio à colheita— ressalta Estela Dias.
Segundo ela, o modelo conectará máquinas novas e já existentes por meio do serviço de internet via satélite e terminais de satélite robustos. Os dados são enviados para uma plataforma que pode ser acessada remotamente — via app ou web — para monitoramento, análise e insights com o suporte da rede de concessionárias da marca.
O serviço tem feito parte do pacote de ofertas da empresa. A instalação por antena tem o custo de R$ 6.150, com três anos de licença incluída.
Jacto e Avant
Outra gigante das máquinas agrícolas, a brasileira Jacto, de Pompeia (SP), fez parceria com a Virtueyes IoT e vende estações móveis a energia solar e via satélite.
—Temos hoje três fazendas operando com o sistema e boa performance — conta Carlos Daniel Haushahn, presidente da Jacto, citando o exemplo de um produtor que tem 25 pulverizadores e que descobriu, com ajuda dos dados gerados, que as máquinas trabalhavam somente quatro horas por dia. — Se ele fizer com que trabalhem seis horas, pode ter menos máquinas.
Ele cita como exemplo um produtor que possui 25 pulverizadores e que descobriu, com ajuda dos dados gerados durante a operação, que as máquinas trabalhavam somente quatro horas por dia.
— Se ele fizer com que elas trabalhem seis horas, pode ter menos máquinas, inclusive— afirma.
Um projeto de instalação de antena com a rede de conectividade parte de R$ 180 mil, dependendo da quantidade de antenas necessárias, tamanho e declive da área.
A AVant, empresa de Cascavel (PR) que monitora lavouras com drones, desenvolveu um kit de roteador wi-fi portátil com chip acoplado. Felipe Nobre, sócio-fundador da empresa, diz que a logística de dados é um grande problema para o agro:
— Quando não há conexão é preciso sair da área levando o cartão SD, pegar estrada e se dirigir a um local para acessar os dados.