Clipping Diário

06 | Novembro | 2024

SIDERURGIA

CNN Brasil - SP   06/11/2024

A Gerdau apurou uma queda de 10% no lucro líquido ajustado do terceiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 1,43 bilhão, apesar de crescimento nos volumes de produção e vendas de aço no consolidado.

Ainda assim, o resultado veio acima do lucro esperado por analistas de R$ 1,36 bilhão para a Gerdau, conforme média das estimativas compiladas pela LSEG.

A produção de aço bruto da siderúrgica subiu 6,3% nos meses de julho a setembro no comparativo anual, para 2,98 milhões de toneladas, enquanto o volume de vendas do material avançou 2,7% na mesma base, para 2,83 milhões de toneladas, segundo balanço da empresa divulgado nesta terça-feira (5).

A Gerdau disse em relatório que a sobreoferta de aço na China continua sendo a principal preocupação no mercado global de aço, o que, combinado à queda significativa de demanda no país, resulta em exportações excessivamente altas e preços globais mais fracos comparado aos níveis históricos.

“No Brasil, apesar da confiança crescente na indústria do aço e do aumento do consumo aparente… a elevada taxa de penetração de importados continua impactando o crescimento da demanda para os produtores locais de aço”, mesmo com a implementação recente do sistema de cotas, disse a Gerdau.

A empresa apurou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 3,02 bilhões de reais no terceiro trimestre, recuo de 10% ano a ano, contra estimativas de analistas de R$ 2,83 bilhões. A margem Ebitda ajustada fechou setembro em 17,4%, de 19,6% um ano antes.

A Gerdau somou uma receita líquida de R$ 17,4 bilhões no terceiro trimestre, ligeiro crescimento de 1,8% em relação ao mesmo período em 2023, com um fluxo de caixa livre de R$ 2,97 bilhões, beneficiado pelo recebimento do depósito judicial de R$ 1,8 bilhão do processo sobre a exclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e Cofins.

“Os resultados obtidos durante o terceiro trimestre de 2024 já refletem os movimentos de readequação de nossas operações no Brasil em busca de maior competitividade e maior eficiência operacional, bem como uma forte disciplina na gestão de custos em todas as nossas unidades de negócio”, afirmou o diretor financeiro da Gerdau, Rafael Japur, em relatório de resultados.

A Gerdau revisou no mês passado suas projeções de investimentos e geração de resultado operacional (Ebitda) para os próximos anos, tomando com base projetos já concluídos, inclusão de novos empreendimentos e readequação de planos florestais diante de paralisação de usinas no Brasil.

A empresa realiza teleconferência com analistas sobre o resultado trimestral na próxima quarta-feira (6), às 12h (horário de Brasília).

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   06/11/2024

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne entre esta terça-feira, 5, e a quarta-feira, 6, para definir a nova taxa de juros básica (Selic) do País. É praticamente unânime a expectativa de um aumento de 0,5 ponto porcentual, para 11,25%, conforme pesquisa do Projeções Broadcast. Mas, em meio ao aumento das desconfianças em relação ao risco fiscal, que fez, por exemplo, o dólar disparar nas últimas semanas, há muitas dúvidas em relação aos próximos passos. Analistas têm falado em juros cada vez mais altos para que o BC consiga trazer a inflação para a meta.

Enquanto o mercado espera por um pacote de cortes de gastos - prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para depois das eleições municipais, mas ainda não entregue -, o temor fiscal levou a uma piora nas variáveis observadas pelo Copom desde a última reunião, em 18 de setembro. O dólar saltou de R$ 5,60 para R$ 5,70, segundo o arredondamento usado pelo Comitê, e fechou a última sexta-feira, 1.º, em R$ 5,8694, o segundo maior nível da história.

No relatório Focus, do BC, que compila as expectativas do mercado financeiro, a mediana para a taxa Selic no fim do ciclo de alta passou de 11,5% em 13 de setembro para 12,5% no último boletim, divulgado nesta segunda-feira, 4. Mesmo assim, a projeção para a inflação acumulada em quatro trimestres até o segundo trimestre de 2026, que agora se tornará o horizonte relevante da política monetária - ou seja, o período à frente que o Copom observa para avaliar se a inflação estará dentro da meta -, subiu de 3,81% para 3,86%. O centro da meta de inflação é 3%.

“A grande questão nesta reunião é entender até onde o BC vai”, diz o ex-diretor de Política Monetária do BC e chairman da Jive Investments, Luiz Fernando Figueiredo. “Antes, se imaginava que ele iria até 12% ou 12,5%. Mas, com esse cenário de desemprego muito baixo, crescimento forte e dólar alto, parece que talvez a gente tenha de ir para 13% ou 13,5%. Ele (BC) provavelmente vai deixar claro, no comunicado, que vai ter de ir mais longe do que se pensava inicialmente.”

A explicação para esse ciclo mais longo, segundo Figueiredo, é a política fiscal expansionista e a incerteza sobre o quanto o crescimento dos gastos públicos vai desacelerar. Nas últimas semanas, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outros membros do Copom deixaram claro em aparições públicas que o ceticismo do mercado quanto ao futuro das contas públicas tem adicionado prêmios nas expectativas e nos preços de ativos, e que será necessário um “choque fiscal positivo” para reverter esse movimento.

“A política monetária não consegue compensar todo o prêmio fiscal, que vem de tudo que tem acontecido, mas também de sinais que o governo dá, de que não está tão comprometido assim. O BC só reage. O BC não é protagonista, ele é passageiro”, diz Figueiredo.

O estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sergio Goldenstein, espera que o BC aumente o tom dos seus comentários sobre a política fiscal no comunicado desta quarta-feira. Ele explica que, desde que o Copom começou a aumentar a Selic, o movimento tem sido o oposto do que se espera em um ciclo de aperto: inclinação da curva de juros futuros, desvalorização do real e aumento das inflações implícitas (a expectativa de inflação futura embutida nos juros dos títulos vendidos no mercado). Sem o auxílio da política fiscal, a política monetária fica impotente para reverter essa situação.

Independente do tom, Goldenstein espera que o Copom mantenha a postura baseada nos indicadores, sem sinalizar um orçamento total de aperto monetário - ou seja, qual será o tamanho exato do ciclo de altas. Enquanto as incertezas sobre o desfecho das eleições americanas e o pacote fiscal do governo continuarem, o melhor, segundo ele, é que o BC acelere o ritmo de aperto para 0,5 ponto porcentual, de forma a evitar uma correção negativa dos mercados, mas evite sinalizações excessivas sobre o futuro.

“Se vier um pacote (de corte de gastos) muito bom, ao longo do tempo isso levaria a um ciclo muito menor do que o precificado pela curva (de juros futuros)”, diz o analista, lembrando que os juros futuros indicam hoje um aumento da Selic a um nível entre 13,75% e 14% no fim do ciclo de alta. A Warren espera uma taxa de 12,5% no fim do ciclo, contando com uma desaceleração da economia e redução dos prêmios de risco ao longo do ano que vem.

O economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, diz que toda a evolução do cenário nos últimos 45 dias aponta para aceleração do ritmo de aperto monetário a 0,5 ponto nesta quarta-feira. Ele espera um ciclo total de 2 pontos porcentuais de alta, que levaria a Selic a 12,5%. Mas também defende que o BC evite sinalizar um orçamento, em meio às incertezas no cenário.

Ele diz que a mudança no tom usado pelos membros do Copom nas últimas aparições públicas já sinaliza algum endurecimento nas mensagens do colegiado sobre a política fiscal. O destaque que foi dado pelo diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, para a dificuldade de medir os impactos da política fiscal na demanda e a ênfase na dinâmica da dívida já sugerem uma preocupação maior com o futuro das contas públicas.

“O desafio do próximo Copom talvez não seja só aumentar os juros, talvez seja identificar o tamanho do orçamento em um ambiente tão incerto, com eleição nos Estados Unidos e a questão fiscal. Eu diria que o ambiente de incerteza está aumentando, que o BC vai ter de tomar uma decisão nesse ambiente. E o que ele vai fazer é subir taxa e deixar em aberto a estratégia”, afirma.

Monitor Digital - RJ   06/11/2024

A China tem aprimorado a intensidade da política fiscal proativa até agora este ano, utilizando uma combinação de ferramentas econômicas, incluindo títulos do tesouro especial ultralongos e reduções de impostos e taxas para promover sua recuperação sustentada.

O país tem alavancado o efeito multiplicador dos gastos do governo para apoiar o desenvolvimento em áreas-chave.

Cerca de700 bilhões de yuans (98,31 bilhões de dólares americanos) no orçamento do governo central foram destinados aos investimentos este ano, com foco no apoio à inovação científica e tecnológica, novas infraestruturas e redução de carbono e melhoria dos meios de subsistência das pessoas, de acordo com o Ministério das Finanças (MOF, sigla em inglês).

Os títulos de propósito especial para governos locais a serem emitidos este ano estão em um recorde de 3,9 trilhões de yuans. Nos três primeiros trimestres, o MOF disse que 3,6 trilhões de yuans em títulos foram emitidos para apoiar mais de 30 mil projetos.

Cerca de 700 bilhões de yuans de fundos arrecadados por meio dos títulos especiais do tesouro ultralongos foram alocados para apoiar a implementação das principais estratégias nacionais e aumentar a capacidade de segurança em áreas-chave.

Para promover o crescimento constante do consumo, a China modificou uma atualização de equipamentos em larga escala e um programa de troca de bens de consumo em março deste ano e intensificou o apoio de política em julho com uma injeção de fundo de 300 bilhões de yuans por meio de títulos especiais do Tesouro ultralongos.

Desde o seu lançamento, o programa de troca de resultados de automóveis e equipamentos tem alcançado resultados positivos. Deve ajudar a estimular ainda mais os gastos do consumidor e consolidar a recuperação econômica no andamento do país, de acordo com o Ministério do Comércio (MOC, em inglês).

Até 24 de outubro, o MOC havia recebido 1,57 milhão de pedidos de incentivos de sucateamento e 1,26 milhão de pedidos de subsídios de substituição de automóveis.

A política de troca vem revitalizando a demanda do consumidor, impulsionando o desenvolvimento de novas forças produtivas de qualidade, promovendo a transformação verde de indústrias relevantes e injetando um forte impulso na consolidação da trajetória econômica ascendente, disse Li Gang, funcionário do MOC.

A China também tem otimizado as políticas preferenciais de impostos e taxas para aumentar a vitalidade das entidades de mercado.

Nos primeiros oito meses do ano, os cortes de impostos e taxas e os descontos fiscais em apoio à inovação científica e tecnológica e ao desenvolvimento da indústria manufatureira ultrapassaram 1,8 trilhão de yuans, de acordo com o MOF.

O ministro das Finanças, Lan Fo’an, disse em uma coletiva de imprensa no mês passado que a China apresentará um pacote de medidas de política fiscal incrementais direcionadas em breve para transferências para a economia.

O pacote inclui o aumento do teto da dívida em uma escala relativamente grande de uma só vez para substituir as dívidas ocultas existentes dos governos locais e ajudar a neutralizar seus riscos de dívida.

Chamando-a de “a medida de alívio da dívida mais forte introduzida nos últimos anos”, Lan disse que a medida é “sem dúvida uma chuva de política oportuna”.

“Isso reduzirá muito a pressão sobre os governos locais para dissolver dívidas, liberar mais recursos para o desenvolvimento econômico e aumentar a confiança das entidades empresariais”, disse o ministro.

CNN Brasil - SP   06/11/2024

A maior entrada de novos pedidos desde meados de 2022 impulsionou o setor de serviços em outubro, apesar do aumento das pressões de custos, mostrou nesta terça-feira (05) a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI).

O PMI de serviços do Brasil da S&P Global avançou a 56,2 em outubro, de 55,8 em setembro, atingindo o nível mais elevado desde julho. A marca de 50 separa crescimento de contração.

Em meio ao apetite dos clientes, os fornecedores de serviços ampliaram a produção em outubro, com as vendas aumentando no ritmo mais forte em quase dois anos e meio.

Os dados da pesquisa mostraram que os setores de Transporte e Informação e Comunicação tiveram os melhores desempenhos em outubro, já que tanto os novos negócios quanto a produção ficaram acima dos níveis vistos nas outras três categorias monitoradas.

Apesar do cenário favorável, as contratações nas empresas de serviços foram pausadas no mês, encerrando uma sequência de um ano de aumento no emprego no setor. Enquanto algumas empresas indicaram que a força da demanda sustentou os esforços de contratação, outras sugeriram que considerações sobre custos prejudicaram esse movimento.

Em termos de inflação, a depreciação cambial e as secas levaram a um forte aumento nos gastos das empresas, pressionando os preços de produtos como químicos, componentes eletrônicos, alimentos, combustíveis, metais, papel e plástico.

Embora as empresas tenham continuado a repassar os custos aos clientes, a taxa de inflação dos preços cobrados não mudou em relação a setembro.

As expectativas de que a demanda continuará favorável no ano à frente ajudaram as expectativas de produção, com mais da metade dos pesquisados prevendo crescimento, enquanto apenas 1% disse esperar queda.

Com a expansão também da indústria em outubro, o PMI Composto do Brasil mostrou aceleração do ritmo do setor privado ao subir para 55,9 no mês, de 55,2 em setembro.

“O setor privado do Brasil iniciou o quarto trimestre em tom positivo, com o crescimento dos novos negócios atingindo o nível mais alto desde meados de 2022 devido a uma expansão notável nos serviços”, disse a diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, Pollyanna De Lima.

“Essa alta contribuiu para um aumento significativo na produção agregada, mas as empresas mostraram um pouco de moderação em relação às contratações e expectativas futuras.”

O Estado de S.Paulo - SP   06/11/2024

O tempo não foi nada generoso para o Copom entre a reunião passada e a desta semana: a percepção de risco fiscal no Brasil piorou acentuadamente; a incerteza sobre o desfecho da eleição presidencial americana se exacerbou; a inflação corrente surpreendeu para cima em meio a um mercado de trabalho aquecido; as expectativas inflacionárias se distanciaram mais da meta perseguida pelo Banco Central; e o dólar pulou de R$ 5,60 para a faixa de R$ 5,80. Sem falar que a curva de juros indica uma taxa Selic acima de 13% no fim do ciclo de aperto monetário.

Resultado: a esmagadora maioria de analistas aposta que, ao fim da reunião desta quarta-feira, 6, o Copom irá acelerar o ritmo de alta de juros de 0,25 ponto para 0,50 ponto porcentual, levando a Selic para 11,25%. Mas o ponto de atenção diz respeito ao que o Copom irá sinalizar no seu comunicado para a reunião de dezembro. O óbvio seria dizer que o compromisso com a meta de inflação exigiria manter um ritmo de aperto de 0,50 ponto.

Mas o “timing” desta reunião também joga contra o Copom. Ao longo do ano, as decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos aconteceram no mesmo dia – a chamada “superquarta”. Porém, em razão da eleição presidencial americana, o anúncio da decisão do Federal Reserve (Fed) passou para quinta-feira, 7, em vez desta quarta-feira, 6. Ou seja, além do risco de o resultado da eleição nos EUA só ficar sacramentado após a sua reunião, o Copom também não saberá de antemão o que o Fed irá decidir em relação aos juros americanos. A isso, se soma outra incerteza crucial: se o mercado irá considerar o pacote de corte de gastos do governo Lula como crível e suficiente para resgatar a confiança no arcabouço fiscal.

Diante de tantas incertezas, o mais provável é o Copom deixar em aberto, no comunicado, o seu próximo passo, inclusive a possibilidade de ser obrigado a acelerar, outra vez, o ritmo de alta de juros para 0,75 ponto em, pelo menos, duas reuniões. Isso porque, caso Donald Trump vença a eleição presidencial, o dólar ficará mais valorizado globalmente, depreciando ainda mais o real brasileiro. E se o pacote para cortar despesas do governo não convencer o mercado, a pressão sobre o câmbio e os juros aumentará.

Além disso, se a precificação da curva de juros estiver correta, de que a Selic precisará mesmo subir acima de 13%, é recomendável o Copom chegar lá mais depressa – com altas de 0,75 ponto – para seguir no controle das expectativas. Mas o Copom poderá não ter todas as respostas hoje. Talvez, só quando divulgar a sua ata, na próxima semana.

Globo Online - RJ   06/11/2024

O Banco Central deve pisar no acelerador e aumentar o ritmo de alta de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), cuja decisão será anunciada nesta quarta-feira. Esta é a primeira reunião após a aprovação de Gabriel Galípolo para comandar a instituição em 2025.

Com preocupações fiscais e o dólar nas alturas, a expectativa é de que Copom eleve a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano, de acordo com as expectativas do mercado. A decisão deve unir os nove diretores, inclusive Galípolo e o atual presidente, Roberto Campos Neto.

Em setembro, o comitê retomou o ciclo de alta com um aumento de 0,25 pp. De lá para cá, o cenário é de inflação mais acentuada, com a alta do dólar, e há mais ceticismo com o ajuste fiscal. No último encontro do Copom, o câmbio considerado foi de R$ 5,60, mas a moeda americana fechou em quase R$ 5,87 na sexta-feira passada, o segundo maior valor nominal da história.

A fraqueza do real é resultado de aspectos externos e locais. No âmbito internacional, pesam as dúvidas sobre o resultado das eleições americanas. Aqui, sem novidades sobre um pacote de medidas para conter a expansão dos gastos públicas, aumentaram os temores em relação à sustentabilidade do arcabouço fiscal e da dívida.

Além disso, dados no Brasil reforçaram um cenário de economia sobreaquecida, o que tende a elevar os preços. As expectativas de inflação se distanciaram ainda mais da meta de 3,0%. Para 2024, o mercado financeiro passou a prever estouro do limite superior da meta, de 4,5%. Para 2025, subiu de 3,95% para 4,0%. Já para o final de 2026, a mediana é de 3,60%.

Economia aquecida

Na Tendências Consultoria, a expectativa é de aumento da Selic a 11,25% nesta semana, seguido de mais duas altas de 0,50 ponto percentual e uma de 0,25 pp, encerrando o ciclo de aperto monetário em 12,50%.

— Com essa piora adicional de ambiente na margem e a renovação dos números fortes do mercado de trabalho, o Copom precisa dar uma resposta mais firme. Ou seja, acelerar o ritmo de aperto é o que deve ser feito agora — explica o sócio da consultoria Silvio Campos Neto.

Para o economista, além do mercado de trabalho, o Copom deve destacar a deterioração dos ativos brasileiros, principalmente do câmbio.

— Lá fora, o mês de outubro foi mais negativo, com os temores de um Fed mais cauteloso e o "Trump trade". No mínimo, o BC deve alertar para estas maiores incertezas externas, que voltaram a pesar. O câmbio pressionado com economia aquecida e expectativas desancoradas é sempre mais perigoso para a inflação.

Nesse contexto, Silvio Campos Neto avalia que o comitê deve dar algum sinal de que é mais provável seguir no ritmo de 0,50 pp nos encontros seguintes, mas evitando um maior comprometimento.

A Terra Investimentos também espera que Selic atinja 11,25% nesta quarta, mas passou a prever um aumento para 13,00% até o fim do ciclo diante da economia sobreaquecida, do "persistente" descolamento das expectativas de inflação e "da falta de visibilidade em relação à política fiscal".

A instituição também pontua que a nova composição do Copom anda precisa ser testada. Na prática, nesta reunião, o BC terá dois presidentes aprovados, embora só um empossado — algo inédito.

Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Galípolo recebeu o aval do Senado para comandar a autoridade monetária, mas só vai assumir o cargo após o fim do mandato de Campos Neto, em 31 de dezembro. Em janeiro, também devem chegar ao BC três novos diretores, e as indicações de Lula ao órgão serão maioria.

Para o economista-chefe da Terra Investimentos, João Mauricio Rosal, a conjuntura atual indica uma unanimidade da decisão sobre a Selic, o que trará pouca informação sobre a nova diretoria.

— Minha preocupação maior é quando esses novos passarem a ter maioria, no inicio do próxima ano --— disse, sobre possível interferência de Lula.

O economista da Tendências afirma que todos os membros do Copom devem estar igualmente preocupados com o cenário atual:

— A responsabilidade é de todos e até aqui o Galípolo demonstra estar ciente disso. Mas claro que incertezas sobre o comportamento do BC ao longo do tempo ainda persistem.

Globo Online - RJ   06/11/2024

O CEO do banco Itaú, Milton Maluhy, afirmou que uma possível vitória do candidato republicano, Donald Trump, nos EUA, tende a fortalecer o dólar e enfraquecer moedas de países emergentes, incluindo o real, o que significa mais pressãosobre a inflação e no ciclo de alta de juros no Brasil. Maluhy falou durante a apresentação dos resultados do banco, que teve lucro de R$ 10,7 bilhões no terceiro trimestre, alta de 18,1% na comparação anual.

— O cenário parece empatado, mas se Trump ganhar e implementar sua política de protecionismo da economia americana, isso significa dólar mais forte e real mais desvalorizado. Isso gera mais pressão na inflação e também no ciclo de alta de juros por aqui. O mercado tem dificuldade ainda de encontrar uma precificação mais clara. O cenário parece empatado — explicou ele, afirmando que esse cenário será incorporado pelos modelos do banco na visão de tomada de risco de crédito e de mercado.

Maluhy afirmou que a volatilidade que afeta o mercado brasileiro, especialmente no câmbio e na Bolsa, não é resultado de um evento exclusivo, mas de um conjunto de fatores. Entre eles, a eleição americana, questões geopolíticas, notícias sobre os estímulos econômicos na China (se isso chega ao consumo) e o cenário doméstico.

— As eleições na maior economia do mundo podem ter impacto diferente para países emergentes, incluindo o Brasil. Se Trump ganha, o efeito é um. Se Kamala Harris vence, o impacto é outro. Se for Kamala, a perspectiva é melhor para câmbio e Bolsa — explicou.

O presidente do Itaú citou ainda como fator de expectativa o cancelamento da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa para tratar dos cortes de gastos. Ele lembrou que metas fiscais foram estabelecidas para 2025 e existe a expectativa de que elas sejam cumpridas conforme o previsto no arcabouço fiscal. Ele disse que existe especulação em relação ao tamanho do ajuste que será anunciado pelo governo.

— A depender do resultado do pacote, o mercado de câmbio e a Bolsa reagem. Vemos que o governo está dedicado e preocupado, ampliando a discussão para que todos tenham visibilidade do apetite e do esforço para os cortes. Existe a intenção de que o fiscal entre no trilho para cumprir o arcabouço e que tenhamos no médio e longo prazo a estabilidade da dívida — afirmou.

A estabilidade da dívida pública, afirmou Maluhy, é boa não só para o crescimento do país, mas também para que se tenha a inflação cada vez mais controlada, já que ela corroi a renda da população, reduzindo o poder de compra das pessoas, inclusive as beneficiadas pelos programas de assistência do governo. Além disso, esse cenário permite que os juros fiquem em patamares mais baixos, o que é bom para os bancos.

— Juro alto não é o que a gente busca. Com juro baixo, a gente consegue crescer a carteira de crédito com qualidade, reduzir a inadimplência e estimular o crescimento da economia — disse.

Lucro acima do esperado

O Itaú teve lucro de R$ 10,7 bilhões no terceiro trimestre, alta de 19,4% em relação ao mesmo período do ano passado e 6% acima do trimestre anterior. O Retorno Sobre o Patrimônio (ROE), indicador que mede a capacidade de uma empresa de gerar valor com seus próprios recursos, chegou a 22,7%. O mercado esperava lucro de R$ 10,3 bilhões.

Os ganhos do Itaú vieram do aumento da margem financeira com clientes, impulsionado pelo crescimento da carteira de crédito. Também aumentou a receita com serviços e seguros. A carteira de crédito total cresceu 9,9% frente ao terceiro trimestre de 2023, atingindo R$ 1,27 trilhão em setembro de 2024. A carteira de pessoas físicas aumentou 5,1% em 12 meses. O banco revisou sua expectativa de crédito para este ano de 6,5% a 9,5% para 9,5% a 12,5% por conta do efeito cambial.

O presidente do Itaú disse que o banco já implementou um modelo de gestão ativo no portfolio de crédito e que, mesmo com a piora no cenário de juros no Brasil, as safras de empréstimos têm se mantido com qualidade. A alta dos juros não muda o apetite do banco para crédito, disse.

— Implantamos uma gestão de portfólio ativa, e os modelos levam em consideração a perspectiva do cenário econômico, juro, inflação, comprometimento da renda das pessoas, que é atualizado todos os dias. Então, vejo como positiva nossa capacidade de crescimento no crédito. Temos condições de reagir rápido às mudanças de cenário — explicou.

A inadimplência caiu para 2,6%, de 2,7% no segundo trimestre e 3% na compração anual. O banco informou que no segmento de atacado houve impacto positivo de R$ 500 milhões por conta de um cliente específico do segmento de grandes empresas. O banco não revela o nome desse cliente, mas no mercado se fala da Americanas.

Os analistas do banco Goldman Sachs avaliaram positivamente os resultados do Itaú, com tendência positiva nos empréstimos e retomada da carteira de cartões de crédito. Eles destacaram que o banco aumentou sua expectativa para o crescimento da carteira de crédito este ano.

"A qualidade dos ativos melhorou em todos os segmentos. Acreditamos que o trimestre reafirmou a capacidade do Itaú de cumprir suas expectativas com rentabilidade bem acima dos seus pares do setor privado", escreveram os analistas do Goldman Sachs em relatório aos clientes.

Globo Online - RJ   06/11/2024

O ex-presidente dos EUA Donald Trump venceu a disputa contra a democrata Kamala Harris, e retornará à Casa Branca após quatro anos de uma campanha baseada nas críticas ao governo de Joe Biden, na nostalgia dos quatro anos do governo do republicano e, principalmente, em questionamentos ao mesmo processo eleitoral que o levou ao poder duas vezes. Como um dos mais célebres sobreviventes políticos dos EUA, Trump escapou de condenações ligadas à insurreição por ele conclamada em janeiro de 2021, e soube transfomar o Partido Republicano à sua imagem, agora cada vez mais ligada ao extremismo.

O Trump que venceu a disputa contra Kamala Harris a está a anos-luz do Trump empresário que cultivou uma imagem de empreendedor de sucesso, frequentador do jet-set e promotor de lutas de boxe. A formação de um império imobiliário, ao mesmo tempo em que sua cidade natal, Nova York, experimentava um renascimento após os caóticos anos 1970, estampou seu nome nas ruas, e seu rosto se fez conhecido mundo afora, seja como apresentador de um reality show no qual cunhou o bordão “você está demitido!”, seja em uma ponta em “Esqueceram de mim 2”, filmado em um de seus hotéis.

‘Drenar o pântano’

Ao lado dos negócios, Trump sempre teve os olhos no meio político: nos anos 1980, chegou a cogitar uma candidatura à Casa Branca, com ideias que incluíam desde o corte do déficit fiscal a políticas de desarmamento nuclear com a União Soviética. Nos anos 2000, montou comitês exploratórios para verificar a viabilidade de uma entrada na corrida, quando nutriu laços com figuras de todos os lados do espectro político: em 2008, endossou Hillary Clinton nas primárias democratas contra Barack Obama — na eleição geral, apoiou John McCain. Anos depois, os três seriam alvo de comentários pouco republicanos.

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Sua ascensão definitiva veio na década passada. Em 2011, em um discurso na CPAC, mais importante reunião conservadora dos EUA, apresentou propostas que pautaram seu discurso político nos anos seguintes, com foco na economia, políticas de controle do aborto e menos regras para a venda de armas de fogo. Em sua fala, declarou que “nosso país será grande novamente”, uma frase que se tornaria lema não apenas de sua vitoriosa campanha de 2016, mas também de todo um movimento moldado à sua imagem, o Maga.

Trump soube captar um sentimento global de insatisfação com o meio político tradicional. Ao prometer “drenar o pântano” em Washington, punha em xeque seus próprios companheiros de partido, que não foram poupados nas intensas primárias de 2016. O senador Marco Rubio, rival na disputa pela vaga como candidato republicano, era chamado de “Pequeno Marco”, enquanto Ted Cruz, outro postulante, foi xingado de mentiroso em mais de uma ocasião. A verborragia e a popularização das mentiras eleitorais, as famosas “fake news”, viraram marcas pessoais em uma campanha que surpreendeu analistas políticos, veteranos de Washington e até o próprio Trump: na celebração da vitória, na madrugada de 9 de novembro, o presidente eleito parecia catatônico, incrédulo com o que tinha acontecido.

Uma vez empossado, Trump governou em modo permanente de campanha, mesmo sem cumprir muitas de suas promessas. O famoso muro na fronteira com o México jamais foi concluído, apesar de ser sempre citado em seus discursos. De azarão nas primárias de 2016, começou a tomar as rédeas do Partido Republicano, deixando às margens lideranças tradicionais e trazendo para o ambiente de tomada de decisões elementos radicais, inclusive conspiracionistas que o apoiaram nas urnas.

Trump serviu como um catalisador da divisão política, que normalizou pensamentos e atos outrora relegados às margens do espectro político. Em 2017, após uma marcha de neonazistas em Charlottesville, na Virgínia, quando uma mulher foi morta, disse que “havia pessoas boas dos dois lados”. Após a eclosão da pandemia de Covid-19, abusou da xenofobia ao chamar a doença que matou mais de um milhão de americanos de “vírus chinês”, e propagou tratamentos não recomendados por especialistas: em abril de 2020, ele indicou injeções de desinfetante contra o coronavírus, e o país viu um aumento de casos de intoxicação por produtos de limpeza.

Na reta final da campanha pela reeleição, disputada contra Joe Biden, defendeu a repressão aos protestos contra o racismo sistêmico nos EUA, iniciados após a morte de George Floyd, em maio de 2020. Segundo integrantes de seu governo, o então presidente perguntou se os soldados podiam “atirar nos manifestantes”, e pediu abertamente para que as forças de segurança “quebrassem crânios” e “espancassem” quem estivesse nas ruas.

Era um prelúdio para os últimos atos de seu primeiro mandato.

Em novembro de 2020, Trump perdeu para Biden, mas se recusou a aceitar os resultados, tentando uma série de manobras — ilegais — para permanecer na Casa Branca. Na última cartada, contou com o apoio de seus eleitores mais radicais, incluindo milícias de extrema direita e, tal como um pretenso messias moderno, guiou-os para o Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021, quando o Senado confirmaria a vitória do atual presidente.

Apoiadores do então presidente Donald Trump invadiram a sede do Congresso americano em 6 de janeiro de 2021

A invasão que se seguiu foi classificada dentro e fora dos EUA como uma tentativa de golpe de Estado, que deixou sete mortos e resultou em mais de mil processos e penas de até 20 anos de prisão. Trump, como o sobrevivente político que já havia demonstrado ser, usou o momento para se impulsionar como o líder de uma direita cada vez mais extrema, que agora comandava o Partido Republicano ou o Partido de Trump.

Em quatro anos de campanha, o republicano radicalizou o discurso e trouxe para o seu lado elementos ainda mais extremistas, incluindo simpatizantes do nazismo — a teoria QAnon, famosa no final da década passada, soava quase como uma história de ninar diante de suas falas comparando imigrantes a animais, contendo elementos de misoginia impublicáveis e em defesa da retirada de direitos conquistados a duras penas, como ao aborto legal e a técnicas de inseminação in vitro.

‘Inimigo interno’

No mês passado, ele reuniu milhares de apoiadores no Madison Square Garden, em Nova York, para seus argumentos de encerramento de campanha, um evento comparado por democratas a uma reunião nazista realizada em 1939 na arena que ficava no mesmo local. Na fala, Trump disse que os EUA são um “país ocupado”, que ele precisava ser eleito para “combater o inimigo interno” e para derrotar “a violenta máquina da esquerda radical que comanda o Partido Democrata”. Dias depois, afirmou que Liz Cheney, ex-deputada republicana e uma algoz de primeira linha, deveria ser fuzilada.

Mas nem mesmo o discurso “com inclinação ao fascismo”, como definiu seu ex-secretário de Defesa Mark Esper, afastou seus eleitores. Os resultados comprovaram um voto com o bolso, com a lembrança da baixa inflação dos tempos do governo Trump, a favor de maiores controles à imigração, e que ignorou os questionamentos ao sistema e incitações à violência. Para muitos republicanos, conforme mostraram pesquisas divulgadas semanas antes da votação, o real risco à democracia era Joe Biden (e, por consequência, Kamala). Um cenário que remetia a uma fala do próprio ex-presidente em janeiro de 2016, quando sua chegada à Casa Branca não era levada tão a sério.

— Eu poderia ficar no meio da Quinta Avenida e atirar em alguém, e não perderia nenhum eleitor — afirmou o então pré-candidato em um discurso em Iowa.

MINERAÇÃO

Monitor Digital - RJ   06/11/2024

Exatamente nove anos após o rompimento da barragem da Samarco, um novo modelo de processo reparatório, que envolve a criação de diferentes fundos, gera nos atingidos a expectativa de que medidas necessárias comecem a sair do papel. A mudança decorre do novo acordo, anunciado há duas semanas. Sua assinatura encerra uma longa negociação que durou cerca de três anos entre a União, os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, a Samarco e suas acionistas Vale e BHP Billiton, além de instituições de Justiça como o Ministério Público e a Defensoria Pública.

O rompimento da barragem, que integrava um complexo de mineração na zona rural de Mariana, liberou cerca de 39 milhões de m³ de rejeitos, que escoou pela bacia do Rio Doce, gerando impactos às populações de dezenas de municípios até a foz no Espírito Santo; 19 pessoas morreram e uma sobrevivente que estava grávida sofreu um aborto.

Nesta terça-feira, uma marcha na cidade de Mariana, convocada pelos atingidos e por diferentes entidades, vai lembrar os nove anos da tragédia e cobrar por justiça. A concentração, às 14h30, será no Centro de Convenções Alphonsus de Guimarães. Mais cedo, o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) realizará uma plenária para debater o novo acordo. A Cáritas, entidade escolhida pelos atingidos da cidade de Mariana como assessoria técnica, também divulgou atividades adicionais para marcar a data: uma exposição fotográfica e um ato em memória dos mortos na tragédia, além da marcha pelas ruas da cidade.

A avaliação do MAB é de que o acordo traz avanços, mas ainda é insuficiente para garantir a reparação integral, pois os valores estariam aquém do necessário, sobretudo aqueles destinados às indenizações individuais. O principal ponto positivo destacado pela entidade é justamente a criação de fundos de ação coletiva sob gestão do Estado. Há a expectativa de que a nova governança do processo possa gerar resultados positivos.

“É um marco para o movimento que, desde o início, defende a reparação pública, livre do controle privado”, classificou o MAB em nota divulgada após o anúncio do acordo. A entidade afirma que irá pressionar para que os fundos sejam aplicados integralmente em benefício dos atingidos e mantém a critica à ausência de participação popular ao longo da construção do acordo. As mesas de negociação não contaram com a participação de representantes dos atingidos.

As tratativas buscavam repactuar o processo reparatório e encontrar soluções para problemas que não foram resolvidos com o acordo anterior, firmado em 2016 e denominado Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC). A Fundação Renova, que havia sido criada para administrar todas as medidas reparatórias, se tornou ao longo do tempo alvo de milhares de processos judiciais questionando sua atuação em temas variados como indenizações individuais, reconstrução de comunidades destruídas e recuperação ambiental.

“O termo de repactuação permite resolver as ações civis públicas e outros processos judiciais relacionados aos impactos socioambientais e socioeconômicos decorrentes do rompimento”, anunciou a Samarco, em nota, após a assinatura do acordo.

Toda a governança do processo reparatório foi alterada. Ficou estabelecida a extinção da Fundação Renova. O novo acordo definiu que a Samarco deverá assegurar R$ 100 bilhões em dinheiro novo, com desembolsos parcelados ao longo de 20 anos. Além disso, deverá levar adiante algumas ações com custo estimado em R$ 32 bilhões. Sem a Fundação Renova, a gestão das medidas se dará de forma descentralizada. O novo acordo especifica quais ações ficam sob responsabilidade de cada um dos envolvidos na reparação: União, estados, municípios, instituições de Justiça e mineradoras.

Do total de recursos, R$ 29,75 bilhões envolvem medidas e projetos sob gestão da União, incluindo por exemplo transferência de renda, fomento à educação, ciência e inovação, ações ambientais e reparação da atividade pesqueira. Esse montante deverá ser repassado pela Samarco ao Fundo Rio Doce, que será instituído e administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), seguindo diretrizes de um comitê gestor disciplinado em decreto presidencial. Especificamente para as ações ambientais, o Fundo Rio Doce adotará a designação de Fundo Ambiental Rio Doce.

O acordo prevê também a criação do Fundo Popular da Bacia do Rio Doce, que terá R$ 5 bilhões. Esses recursos serão destinados a projetos de interesse das comunidades atingidas. A gestão caberá ao Conselho Federal de Participação Social na Bacia do Rio Doce, presidido pela Secretaria-Geral da Presidência da República e composto de forma paritária: 50% de representantes da sociedade civil e 50% de representantes governamentais. Também deverá haver paridade de gênero e serão definidos percentuais mínimos para assegurar a presença de pretos e pardos, bem como de indígenas e quilombolas. O conselho deverá aprovar projetos envolvendo temas como economia popular e solidária, segurança alimentar e nutricional, educação popular, tecnologias sociais e ambientais, promoção do esporte e lazer, cultura e mídias comunitárias, e defesa da terra e território.

Foi definida ainda a criação de um fundo patrimonial com capital de R$ 8,4 bilhões para fortalecimento e melhoria das condições de saúde dos municípios atingidos. Nesse caso, a gestão financeira ficará a cargo de uma instituição financeira oficial a ser selecionada pela União. Outros recursos serão destinados ao financiamento e capital de giro para micro, pequenas e médias empresas localizadas nas áreas atingidas, por meio da criação do Fundo Compete Rio Doce, do Fundo Desenvolve Rio Doce e do Fundo Diversifica Mariana, via Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e Banco de Desenvolvimento do Espirito Santo (Bandes).

Além disso, R$ 1,5 bilhão integrará o Fundo de Reestruturação da Aquicultura e Pesca (Frap) e outros R$ 450 milhões o Fundo de Desenvolvimento da Pesca e Aquicultura do Espírito Santo (ES-Funpesca). Conforme define o acordo, a instituição de fundos públicos ou privados para a gestão de recursos deverá obedecer a alguns critérios envolvendo mecanismos de transparência, de prestação de contas e de auditoria, entre outros.

Há ainda previsão de repasses para fundos que já existem. Por exemplo, tanto em Minas Gerais quanto no Espírito Santo, o Fundo Estadual de Assistência Social (Feas) receberá incremento de R$ 32 milhões referente ao desenvolvimento de algumas medidas definidas.

Mesmo com o novo acordo firmado no Brasil para reparar os danos, a ação movida pelos atingidos nos tribunais da Inglaterra segue seu cronograma. O processo, que tramita desde 2018, entrou na terceira semana da etapa de julgamento do mérito. Entidades representativas dos atingidos afirmam que as cifras fixadas pelo novo acordo para as indenizações individuais são baixas. A expectativa é de se obter valores maiores na Justiça inglesa.

Com base no novo acordo, todas as ações que haviam sido movidas pela União, pelos governos estaduais e pelas instituições de Justiça como o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) deverão ser arquivadas. O mesmo, porém, não ocorre com as ações ajuizadas pelas vítimas. Como os atingidos não são signatários, o novo acordo não pode privá-los do direito de buscar reparação judicial.

A cláusula 1, inclusive, reitera “a possibilidade de prosseguimento ou ajuizamento de medidas judiciais individuais”. Mesmo assim, é possível que o novo acordo afete a tramitação do processo no Reino Unido. A extensão dos seus impactos, no entanto, ainda é incerta.

Uma das medidas estabelecidas pelo novo acordo é a criação do Programa Indenizatório Definitivo (PID). Trata-se de uma iniciativa voltada para tentar resolver os impasses envolvendo as indenizações aos atingidos. Entre as cláusulas referentes ao PID, há uma que fixa que o recebimento de valores no âmbito do programa acarretará a quitação de danos individuais morais e materiais decorrentes da tragédia. Ou seja, o atingido deverá concordar que foi integralmente indenizado. Dessa forma, caso ele esteja incluído no processo que tramita no Reino Unido, o juízo inglês poderia ser eventualmente provocado por um pedido da BHP Billiton pela exclusão do respectivo atingido.

Embora a quitação não inclua “danos futuros, supervenientes ou desconhecidos”, o MAB e outras entidades representativas dos atingidos criticam a exigência e sustentam que ainda não é possível dizer com exatidão a extensão e a duração dos prejuízos. Lembram, por exemplo, que o novo acordo estendeu a proibição da pesca na região da foz do Rio Doce por mais dois anos, mantendo a permissão apenas quando o intuito for a pesquisa científica. Dessa forma, não seria possível dizer até onde vão os danos aos pescadores.

O novo acordo foi assinado no dia 25 de outubro pelas mineradoras, pelo governo federal, pelos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo e por diferentes instituições de Justiça, como o MPF e a Defensoria Pública da União (DPU). Para o escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa os atingidos no processo que tramita no Reino Unido, as negociações no Brasil evoluíram diante da pressão da opinião pública e do avanço do julgamento no tribunal estrangeiro. Seria uma demonstração da relevância da movimentação dos atingidos fora do país.

“Os tribunais ingleses foram claros ao determinar que o julgamento na Inglaterra pode prosseguir independentemente dos eventos no Brasil, apesar das repetidas tentativas da BHP de negar aos nossos reclamantes essa via para a Justiça. Nossos clientes não foram incluídos nas negociações e buscam reparações integrais por uma série de danos morais e materiais que não estão contemplados no acordo no Brasil”, acrescenta a nota divulgada pelo escritório. Os advogados do Pogust Goodhead não acreditam que haverá qualquer tipo de duplicidade de indenizações.

Entre os reclamantes na ação que tramita no Reino Unido, no entanto, estão alguns municípios atingidos expressamente citados no novo acordo. Foram definidos valores que eles receberão para iniciativas envolvendo temas variados, como fomento à agropecuária, melhoria de sistema viário, gestão de cultura e turismo, educação, saneamento e saúde.

A forma como os recursos devem ser divididos foi definida com base em proposta formulada pelo Consórcio Público de Defesa e Revitalização do Rio Doce (Coridoce), composto exatamente por municípios atingidos. Mas há uma cláusula do acordo que coloca expressamente a desistência de ações ajuizadas no exterior como pré-requisito para obter os repasses. Até o momento, os municípios não se manifestaram sobre o caminho que irão tomar.

Ao todo, cerca de 700 mil atingidos representados pelo escritório Pogust Goodhead cobram indenização na Justiça inglesa por danos morais e materiais. São listadas perdas de propriedades e de renda, aumento de despesas, impactos psicológicos, impactos decorrentes de deslocamento e falta de acesso à água e energia elétrica, entre outros prejuízos. No caso de indígenas e quilombolas que também figuram na ação, são mencionados os efeitos para as práticas culturais e os impactos decorrentes da relação com o meio ambiente. Há ainda reivindicações dos municípios, além de empresas e instituições religiosas.

Na atual etapa do processo inglês, que deve durar até março do próximo ano, os juízes vão determinar se há ou não responsabilidade da anglo-australiana BHP Billiton. Nesta semana, o tribunal dará sequência a interrogatórios de executivos da mineradora. A defesa dos atingidos estima que eles podem obter, ao todo, cerca de R$ 230 bilhões em indenizações na Justiça inglesa. Há um acordo entre as duas acionistas da Samarco – BHP Billiton e Vale – para que, em caso de condenação, cada uma arque com 50% dos valores fixados. O processo ainda deve se arrastar. Mesmo que a responsabilidade da minerador anglo-australiana seja reconhecida, o cronograma do tribunal inglês indica que a análise dos pedidos de indenização individual poderá ocorrer apenas no fim de 2026.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   06/11/2024

Valor anunciado de investimento estrangeiro direto para este ano é de US$ 14,2 bilhões

O setor automotivo brasileiro vai fechar 2024 como um dos destaques dos investimentos estrangeiros diretos (IED) no país. O valor anunciado para este ano foi de US$ 14,2 bilhões, montante impulsionado pelas mudanças climáticas e a necessidade de substituição de combustíveis fósseis.

A grande vantagem do país na corrida pela descarbonização do setor automotivo é sua matriz energética. “O Brasil tem uma matriz energética predominantemente limpa, a mais limpa do G20. Isso traz condições favoráveis para aquelas empresas que querem reduzir a sua pegada de carbono”, diz Helena Brandão, gerente de investimentos da ApexBrasil.

Não é à toa que duas das maiores montadoras de carros elétricos do mundo anunciaram investimentos em projetos greenfield no país. Juntas, as chinesas BYD e GWM pretendem injetar mais de R$ 15 bilhões na economia brasileira. As duas montadoras entraram no país na última década, estimuladas pelo fim da alíquota de importação para carros elétricos e movidos a hidrogênio.

“Certamente, [o fim da alíquota] foi fundamental para que houvesse competitividade para lançar os carros aqui e para abrir mercado, para iniciar a implementação da rede de concessionários e tudo que foi feito até o momento”, diz Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD.

A crescente demanda por veículos elétricos e a necessidade de mitigar os impactos das mudanças climáticas iniciaram uma revolução em uma das indústrias mais poluentes do planeta. Na Europa, os carros elétricos já representam 25% do total de veículos vendidos, enquanto nos EUA essa participação é de 11%, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA).

De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), até setembro de 2024, foram comercializados 122.548 veículos eletrificados no Brasil, incluindo modelos elétricos e híbridos - alta de 113% em relação ao mesmo período de 2023.

A política de isenção de impostos para a importação de carros elétricos foi introduzida em 2015, no governo Dilma Roussef. O objetivo era atrair montadoras e estimular o mercado de veículos eletrificados. As tarifas voltaram a ser reintroduzidas em 2023 e devem alcançar 35% em 2026, retomando o patamar inicial.

“Esse cenário de isenção e a reintrodução gradual das tarifas mostraram que o mercado era viável para a BYD, viabilizando a construção de nossa fábrica no Brasil”, afirma Baldy.

O Brasil é pioneiro no promoção de energias limpas para o setor automotivo há quase 50 anos, quando o Proálcool foi lançado, em 1975. No ano passado, o governo anunciou o programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que terá mais de R$ 19 bilhões em incentivos a empresas que invistam em descarbonização de veículos, inovação tecnológica e competitividade global. O programa tem despertado interesse também em setores da industria automotiva distantes dos carros de passeio ou de transportes públicos.

“Existe uma necessidade muito grande de investimento em máquinas agrícolas para a agricultura familiar, para o pequeno agricultor. E já existem empresas chinesas que estão em conversas avançadas para investir em fábricas de máquinas agrícolas de pequeno porte”, diz Uallace Moreira Lima, secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Para além da linha de montagem, os investidores estrangeiros estão de olho em todas as etapas da cadeia produtiva. O último anúncio veio na semana passada, durante o 7º Fórum Brasil de Investimentos. A sueca Anodox pretende investir R$ 100 milhões na construção de uma fábrica de baterias de imersão a líquido e sistemas de armazenamento, essenciais em carros elétricos e híbridos.

“A gente costuma usar a expressão ‘da mina à roda’. Porque o setor tem conexão com a indústria de petróleo e gás, do combustível, e com a indústria de mineração”, explica Brandão.

Segundo a gerente de investimentos da ApexBrasil, fundos e empresas do Canadá, Austrália e Coreia do Sul estão interessados em investir em tecnologias para o desenvolvimento de transformação mineral em terras-raras. Além disso, Brandão diz que o Brasil tem a vantagem de ter uma “solução de meio termo”, que é o veículo híbrido. “Há uma mudança de hábito e isso cria espaço para renovar a nossa frota e reduzir a pegada de carbono”, acrescenta.

Valor - SP   06/11/2024

O que sustenta estimativa é a atual operação das plantas em dois turnos, incluindo aos sábados, e a classificação do nível de alocação da produção como “saudável”

Achim Puchert, presidente da Mercedes-Benz do Brasil & CEO América Latina — Foto: Divulgação Mercedes-Benz

A Mercedes-Benz do Brasil avalia de maneira positiva a demanda local por caminhões e ônibus e afirma que o mercado brasileiro poderá crescer nos próximos anos. Em entrevista coletiva, o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e diretor executivo para a América Latina, Achim Puchert, projeta alta de 15% nas vendas do mercado nacional de veículos pesados até o fim deste ano.

O que sustenta esta estimativa é a atual operação das plantas em dois turnos, incluindo aos sábados, e a classificação do nível de alocação da produção como “saudável”.

“Acreditamos que os próximos anos serão um terreno fértil para o negócio de veículos comerciais. Sabemos que o país já tem um papel significativo no setor agrícola, por exemplo. Também acreditamos que o mercado será muito interessante em termos de novas tecnologias e combustíveis sustentáveis”, disse.

O executivo pondera que juros mais baixos “melhoram o clima de investimentos” e acrescenta a necessidade de investimento em infraestrutura para veículos elétricos e cooperação entre o governo, o setor público e o setor financeiro para a descarbonização da frota. Ele cita exigências legislativas e requisitos normativos para alinhar o desenvolvimento de tecnologias.

Puchert crê no potencial de crescimento do transporte on-road e de veículos extra-pesados no Brasil. A companhia prevê aumentar sua participação de mercado com os modelos Actros Evolution, em paralelo com os serviços prestados aos consumidores.

A avaliação sobre o mercado latino-americano está mais fragmentada. A companhia se diz otimista com a Argentina por conta da reestruturação econômica em andamento, enquanto há um olhar favorável para a região como um todo.

Eleições nos EUA

“É sempre bom estar atento a qualquer surpresa. E talvez tenhamos algumas pelo caminho. Vamos observar, por exemplo, como as eleições nos EUA podem impactar o ambiente global de negócios e o cenário de financiamento. Precisamos estar preparados para isso", disse.

"Do nosso ponto de vista, estamos em um nível bastante bom e vemos uma perspectiva positiva para este ano. Não vemos nenhum desenvolvimento extremamente crítico na América Latina. Na verdade, é o oposto: estamos vendo a região, em comparação com outras no mundo, em uma posição bastante favorável no momento”, completou.

Puchert não revelou o volume de investimentos previstos para o país, mas afirmou que o plano do ciclo até 2030 está em debate e será pautado no desenvolvimento de tecnologias dos motores a combustão, desde diesel até biocombustíveis; tecnologias de emissões zero de poluentes e qualificação de mão de obra.

Otimismo com Brasil e América Latina

A logística da América Latina se apresenta como um desafio para a fabricante alemã. A capacidade de transporte, disposição de portos e aeroportos impactam o processamento da produção.

Apesar do contratempo, a companhia está otimista com o Brasil e a América Latina. A Mercedes-Benz aposta em negociações de grandes volumes, com entrega para o ano de 2025, e vendas ao varejo com disponibilidade de modelos ainda para este ano. A montadora conta com veículos a combustão e elétricos, entre eles os eActros e eCanter.

Auto Industria - SP   06/11/2024

O transportador segue com apetite por caminhões. Ao menos assim reflete os volumes de emplacamentos consolidados pela Fenabrave. No mês passado, as vendas somaram 11.901 unidades, altas de 6,1% em relação a setembro (11.218) e de 30,3% sobre o mesmo mês do ano passado, quando os licenciamentos foram de 9.130 caminhões.

“A construção civil, a mineração, o agronegócio e as obras de infraestrutura estão favorecendo as vendas. Para o crédito, os compradores estão contando com a ajuda dos bancos das montadoras e das cooperativas”, observa em nota Andreta Jr., presidente da federação que representa o setor de distribuição de veículos.

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   06/11/2024

A DAF Caminhões marca presença na 24ª edição da Fenatran, maior evento de transporte rodoviário da América Latina, que ocorre em São Paulo Expo (SP) de 4 a 8 de novembro.

Durante a feira, a empresa anuncia a entrada em três novos segmentos com a apresentação de modelos da linha CF direcionados à mineração, construção e setor florestal.

Na edição de 2024 da Fenatran, a companhia está lançando a Linha DAF Vocacional, que consiste na ampliação da família CF para segmentos fora-de-estrada: CF Mineração com configurações 6x4 e 8x4 e Motor PACCAR MX-13; o CF Construção com configuração 6x4 e Motor PACCAR PX-7; e o CF Florestal com configuração 6x4 e Motor PACCAR MX-13. A fabricante apresenta também a nova linha CF Trator Rodoviário com configurações 4x2 e 6x2, que chegará ao mercado em 2025 com o novo motor PACCAR PX-9.

“Estamos finalizando 2024 com bons resultados, expansão da rede de concessionárias e lançamentos importantes para fortalecer ainda mais nossa presença no Brasil. Temos planos de crescimento em todas as áreas da companhia, como ampliação da fábrica, melhoria dos serviços de pós-vendas e da rede de concessionárias, e a 24ª edição da Fenatran será um palco importante para mostrar que a DAF está cada vez mais sólida no país", exalta Luis Gambim, Diretor Comercial da DAF Caminhões. D

esde sua chegada ao Brasil, em 2013, a empresa tem crescido continuamente, alcançando uma posição entre as cinco maiores fabricantes do país em 2024.

Neste ano, o estande da DAF na Fenatran apresenta novidades ao público. Com a exposição de sete modelos da companhia, sendo dois lançamentos da Nova Linha DAF Vocacional (CF Construção e o CF Mineração), uma unidade do CF Trator Rodoviário 4x2 com Motor Paccar PX-9, três modelos da linha XF e um driveline de um XF Elétrico da nova geração da companhia apresentada na Europa. O modelo tem potência de 350kW, autonomia de até 500km e baterias de 525kWh. O caminhão tem uma capacidade técnica de até 50 toneladas. A PACCAR Parts também tem uma sala exclusiva para apresentação do seu portfólio de produtos e serviços, além de uma loja DAF Collection.

A empresa exibe ainda o DAF XF Special Edition Fenatran 2024, uma versão exclusiva e personalizada do modelo XF 530 6x2, com suspensão pneumática e limitada para o evento. O caminhão conta com plotagem exclusiva, spoiler dianteiro, defletores de ar, saia lateral e rodas de alumínio personalizadas, com detalhes em "chrome delete" e paralamas pintados.

No interior, o foco é no conforto do motorista, com acabamentos em black piano, bancos de couro com design exclusivo, revestimentos em capitonê, cafeteira, porta-bagagens multifuncional, teto com iluminação estilo céu estrelado, central multimídia com Apple CarPlay e televisão.

Aberturas e expansão de concessionárias - A DAF também está anunciando no evento o foco para os próximos anos: ampliar e fortalecer a rede de concessionárias e o serviço de pós-vendas da marca.

Para isso, a companhia já trabalha na capacitação de profissionais e expansão do número de concessionárias no Brasil - com a chegada dos novos modelos ao portfólio, é necessário ter uma rede de concessionárias ainda mais robusta, com presença em todo o Brasil e profissionais capacitados para atender à crescente demanda.

A empresa tem planos de alcançar 75 pontos de atendimento ainda em 2024. “À medida que a frota de caminhões da fabricante cresce, a Rede DAF expande sua capacidade de operação para oferecer atendimento especializado para os consumidores em todo o Brasil. A expectativa da companhia é ter mil boxes de atendimento até o fim deste ano. Vamos ampliar o suporte de treinamento com mais uma unidade da DAF Academy, em parceria com o Senai de Jacareí (SP) e capacitar cada vez mais técnicos para nossa rede de concessionárias e serviços”, afirma Gambim.

SEGS.com.br - SP   06/11/2024

A Ford Pro apresenta na Fenatran novidades em produtos e serviços pós-venda que dão sequência à expansão das suas operações de veículos comerciais na América do Sul, oferecendo soluções cada vez mais completas e máxima produtividade para o cliente. Além da Nova Linha Transit e da exibição da Nova Ranger Cabine Simples, a marca lança o Serviço Móvel, que leva a oficina até o local do cliente. O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, participou da abertura da feira e visitou o estande.

A mostra da Ford Pro inclui também veículos especiais: uma Transit Vidrada com 19 lugares, uma E-Transit executiva de 15 lugares, uma Transit Chassi modificada para os bombeiros e uma Ranger Cabine Dupla preparada para mineração. Outro exemplo da versatilidade da linha é uma E-Transit modificada como coffee truck, desenvolvida para oferecer experiências Nespresso no estande. A marca promove ainda test-drive da Transit Furgão, da E-Transit e da Ranger XL para os convidados na área externa do São Paulo Expo.

A Ford iniciou as operações da sua Divisão de Veículos Comerciais da América do Sul em 2021. Hoje, ela já responde por 22% das vendas da marca na região, com seis novos produtos que somaram 19.000 unidades em 2023, um crescimento de 42% comparado a 2021. No Brasil, as vendas cresceram cerca de 15% este ano até setembro, com 4.500 unidades.

“Estes resultados nos deixam muito otimistas para continuar a investir em todas as áreas do negócio, tanto na linha de produtos como nas fábricas, depósitos de peças, rede de concessionárias, treinamento, conectividade e serviços para construir um relacionamento cada vez mais sólido com os clientes e oferecer máxima rentabilidade para o seu negócio”, diz Guillermo Lastra, diretor de Veículos Comerciais da Ford América do Sul.

A Ford Pro também aproveita a Fenatran para mostrar sua infraestrutura de pós-vendas, com os diferenciais de entrega técnica, treinamento especializado e conectividade integrada de fábrica para reduzir o custo operacional do cliente. O plano de assinatura Ford Go Frotas, hoje responsável por 10% das vendas, é mais um exemplo das soluções oferecidas pela marca, para a montagem de frotas sem desembolso de capital.

Nova Transit

A Nova Transit chega ao Brasil no primeiro semestre de 2025, com importantes aprimoramentos tecnológicos, mais versões e equipamentos de série. Ela traz um novo painel de instrumentos, mais tecnológico, ergonômico e fácil de operar, e outros recursos que aumentam a produtividade da operação.

A Transit atual, com tração traseira, tecnologias avançadas de assistência ao motorista e custo operacional 25% menor que a principal concorrente, já é considerada a mais moderna do segmento. Ela conta com as versões furgão, chassi, vidrada e é a única com a opção de transmissão automática. A linha se completa com a E-Transit, líder do segmento de furgões elétricos com até 5 t e acima de 6 m3 de capacidade de carga.

Ranger Cabine Simples

A Nova Ranger Cabine Simples é apresentada pela Ford Pro como teste da receptividade dos clientes. O modelo, já oferecido em outros mercados, poderá ampliar o leque de opções da linha, hoje formada pelas versões XL e XLS com cabine dupla para uso comercial.

Além de mais capacidade de carga – 1.250 kg e 1.876 litros –, a Nova Ranger Cabine Simples se caracteriza pela grande versatilidade de transformações, incluindo a derivação chassi-cabine. Além disso, conta com os conhecidos atributos de desempenho, robustez, qualidade e economia da picape que redefiniu o padrão da categoria.

Ela é equipada com tração 4x4 com diferencial traseiro blocante, suspensão com amortecedores externos à longarina, sistema de freios redimensionado, dinâmica veicular incomparável, recursos avançados de assistência ao motorista, excelentes ângulos de entrada e saída e a maior capacidade de imersão da categoria, de 800 mm.

Serviço Móvel

Outra grande novidade da Ford Pro é o Serviço Móvel, uma Transit equipada como oficina móvel que vai até o local do cliente para realizar a manutenção do seu veículo ou frota, sem ele ter de se deslocar até uma concessionária. Entre outros serviços, ela é preparada para fazer: troca de óleo, filtros, fluidos, lâmpadas e limpadores de para-brisa, serviços em freios e baterias, campanhas de serviço e recalls, rodízio de pneus, escaneamento e diagnóstico, atualização de software e instalação de acessórios.

A Ford é a primeira montadora no Brasil a oferecer esse serviço para os seus clientes no segmento de veículos comerciais leves. Ele poderá ser solicitado a partir do primeiro trimestre de 2025, por meio do aplicativo FordPass, do site Agenda Ford ou das concessionárias para atendimento a até 30 km de distância das revendas. Para distâncias maiores, o contato deve ser feito diretamente com a concessionária.

“O Serviço Móvel Ford pode atender vários veículos no mesmo dia e é mais uma solução que melhora a produtividade do cliente, de forma conveniente, ágil e profissional para otimizar o seu tempo e evitar interrupções na operação dos veículos”, explica Matias Guimil, gerente de Estratégia de Veículos Comerciais da Ford América do Sul. “Além disso, traz a segurança da manutenção feita por técnicos qualificados e com peças genuínas.”

Exame - SP   06/11/2024

A DeepRoute.ai, uma startup de tecnologia de direção autônoma baseada em Shenzhen, China, anunciou nesta segunda-feira, 30, que arrecadou US$ 100 milhões em uma nova rodada de investimentos liderada por uma montadora chinesa não identificada.

O financiamento visa expandir a implementação de seu sistema avançado de direção assistida, que já opera em cerca de 20 mil veículos nas ruas chinesas e que deve alcançar 200 mil unidades até o fim de 2025.

Japonesas Toyota e NTT se unem para desenvolver direção autônoma que prevê acidentesAlém do motor: na Mercedes, o mais potente (e luxuoso) pode ser a IAStartup chinesa de veículos autônomos, WeRide levanta US$ 120 mi em IPO nos EUA

A nova injeção de capital permitirá que a DeepRoute.ai se posicione melhor em meio a uma forte concorrência entre montadoras que buscam integrar recursos de direção autônoma avançada como diferencial para o mercado chinês, o maior do mundo em volume de vendas.

Essa movimentação acontece em um contexto de crescente competição, especialmente após o anúncio de Elon Musk de que a Full Self-Driving (FSD), sistema de direção autônoma da Tesla, será introduzido na China em breve.

Para alcançar seus objetivos, a DeepRoute.ai prevê o lançamento de mais de dez modelos de veículos equipados com seu sistema até 2025. O primeiro modelo foi lançado em agosto, e outros dois modelos, incluindo um sob a marca smart — uma colaboração entre Geely e Mercedes-Benz — serão entregues aos consumidores ainda neste ano.

Expansão e diferenciais de mercado

A DeepRoute.ai projeta um modelo de receita baseado em licenciamento de sua tecnologia para cada carro equipado. Essa abordagem não apenas gera fluxo de caixa, mas também alimenta a coleta de dados essenciais para o aprimoramento contínuo da inteligência artificial, visando adaptar o sistema a cenários de tráfego mais complexos, característicos das cidades chinesas.

“A China possui uma configuração de tráfego mais complicada, com pedestres transitando em rodovias e milhões de scooters em entregas constantes”, explicou Zhou.

Diferentemente de seus concorrentes, a DeepRoute.ai optou por desenvolver sua tecnologia sem recorrer a mapas de alta definição, que são comuns na maioria das tecnologias de direção autônoma. Esse fator contribui para a redução de custos e, segundo Zhou, pode possibilitar a fabricação de veículos inteligentes com preços a partir de 150 mil yuans (cerca de US$ 21 mil).

Com investidores como o conglomerado chinês Alibaba já entre seus apoiadores, a DeepRoute.ai também mantém perspectivas de crescimento internacional, considerando mercados na Europa, Sudeste Asiático e Oriente Médio para o horizonte de 2027-2028.

Globo Online - RJ   06/11/2024

Em Baerum, um subúrbio residencial de Oslo, há um carro elétrico estacionado em quase metade das casas, prova de que a Noruega avança em seu objetivo de ser o primeiro país a eletrificar seu parque automotivo.

Bård Gundersen, morador do município com uma das maiores proporções de veículos elétricos (43%), explica que fez essa escolha em 2016 e agora já está em seu segundo carro com esse tipo de motor.

— Era evidente — afirma o empresário, ao volante de um reluzente BMW iX. — Era muito mais barato comprar um carro como este do que um tradicional, quase metade do preço, pois eu queria um SUV.

Apesar de ser um importante produtor de hidrocarbonetos, a partir do próximo ano, a Noruega permitirá apenas a venda de modelos novos “zero emissões”. É um dos objetivos mais ambiciosos do mundo. A União Europeia, da qual o país escandinavo não faz parte, só proibirá a venda de veículos novos poluentes a partir de 2035.

Veja uma galeria de automóveis elétricos das marcas mais conhecidas

Impulsionados especialmente pela Tesla, os veículos totalmente elétricos representaram 96,4% das matrículas em setembro, contra 17,3% na União Europeia. A cifra representa um grande salto desde 2012, quando sua participação de mercado era de apenas 2,8%, em parte devido a uma política proativa e um tanto aleatória no seu início.

Em um país que nunca teve um fabricante nacional de automóveis, as autoridades isentaram de impostos os carros elétricos no início do século com a esperança de abrir espaço para uma marca local. A aposta, no entanto, não funcionou: o grupo norueguês Pivco (depois transformado em Think), por um tempo pertencente ao gigante americano Ford, faliu em 2011.

Mas as isenções fiscais foram mantidas e, embora reduzidas nos últimos anos, permitiram que os veículos elétricos competissem com os de combustão, fortemente taxados.

— Usamos o bastão para os carros de combustão fóssil e a cenoura para os elétricos — resume Cecilie Knibe Kroglund, secretária de Estado no Ministério dos Transportes. —É possível que outros países precisem usar outro tipo de incentivo em função dos costumes, da geografia e da maneira como funcionam os transportes públicos. Mas, no que nos diz respeito, nossos estímulos funcionaram muito bem — acrescentou.

Vantagens

Além deste regime fiscal, os carros elétricos beneficiaram-se de outros privilégios, como gratuidade em pedágios e estacionamento público.

A origem dessas vantagens vem de uma campanha de desobediência civil nos anos 1990, liderada por um ativista ambiental, Frederic Hauge, e pelo cantor do grupo A-ha, Morten Harket, intérprete da famosa música "Take on Me".

A bordo de um Fiat Panda eletrificado, os dois homens, que queriam promover esse modo de transporte, recusaram-se obstinadamente a pagar os pedágios e as taxas de estacionamento, acumulando uma montanha de multas que também se recusaram a pagar.

As autoridades confiscaram o carro, mas, anos depois, concederam essa gratuidade aos veículos elétricos, que eram muito raros na época.

— Não senti que estava assumindo o papel de um rebelde, de verdade — explicou Harket à BBC. — Mas simplesmente era necessário.

Outra medida significativa surgiu em 2005, quando o governo permitiu que esses veículos usassem as faixas reservadas para o transporte público. Esses incentivos foram atenuados ao longo do tempo, mas os carros elétricos já se tornaram a norma no país.

Em dez anos, sua tecnologia melhorou consideravelmente, a oferta se diversificou e uma enorme rede de estações de serviço elétrico foi criada.

Em setembro, o número de veículos elétricos nas estradas norueguesas superou pela primeira vez os modelos a gasolina e já está próximo dos a diesel.

Em Oslo, desde o dia 1º deste mês, todos os táxis devem ser "zero emissões".

Modelo exportável?

Essa mudança tem um impacto nas políticas comerciais dos fabricantes. A Volkswagen, por exemplo, entregou seu último carro a combustão em julho, um modelo Golf.

— Desde 1º de janeiro, eliminamos todos os veículos de combustão fóssil da nossa linha — explica Kim Clemetsen, chefe de marketing de uma concessionária que importa carros dessa marca. —Vendemos apenas veículos elétricos — acrescenta.

Algumas marcas, como a Toyota, resistem e planejam manter a oferta de modelos térmicos e híbridos até 2025.

O ministro das Finanças, Trygve Slagsvold Vedum, fervoroso defensor dos interesses rurais, causou polêmica ao afirmar que não seria "de modo algum um problema" se fossem vendidos "alguns" veículos de combustão no próximo ano.

Mas, de qualquer forma, o país nórdico estará muito perto de alcançar sua meta de 100% "zero emissões".

E isso considerando que a Noruega "não tinha condições especiais para conseguir", aponta Christina Bu, secretária-geral da associação nacional de veículos elétricos.

— É um país grande, com grandes distâncias e temperaturas invernais muito baixas, o que afeta a autonomia dos carros — assegura. —Portanto, não há razão para que nós possamos conseguir e outros países não.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

O Estado de S.Paulo - SP   06/11/2024

Com expansão de 7,5% em nove meses, a fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos, liderou o crescimento industrial neste ano, até setembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço da indústria está sendo puxado, portanto, pelo fortalecimento da capacidade produtiva - um sinal positivo para as projeções da economia nos próximos anos. Os ganhos também refletem a melhora das condições de consumo, com ampliação do emprego e da massa de rendimentos, e são em parte explicáveis pelo avanço das exportações.

A produção da indústria geral superou por 3,1%, entre janeiro e setembro, o volume de um ano antes, acumulando aumento de 2,8% em 12 meses. Em setembro, o total fabricado superou por 1,1% o de agosto e por 3,4% o de um ano antes. O segmento de bens de consumo teve crescimento mensal de 0,3%, foi 3,6% maior que o de setembro de 2023, expandiu-se 4% no ano e aumentou 3,4% em 12 meses. O fortalecimento da atividade fabril também torna mais equilibrado o cenário da produção, marcado no último decênio pelo maior dinamismo da agropecuária.

Com o avanço recente, a produção da indústria chegou a um nível 3,1% mais alto que o de fevereiro de 2020, pouco antes da pandemia, mas ainda ficou, em termos trimestrais, 14,1% abaixo do pico da série histórica, em maio de 2011, no começo do mandato da presidente Dilma Rousseff. Mas o desempenho do setor industrial foi oscilante e medíocre na maior parte do período a partir desse pico.

Em sete dos 12 anos contados entre 2012 e 2023, a indústria geral teve desempenho negativo. O segmento de bens de capital também teve sete anos de resultados negativos, mas com perdas muito maiores que as da série média da indústria. Em cinco desses períodos o recuo da produção superou 9%. Em 2015 a queda chegou a 25,3%. Em 2023, a 11,7%. Esse desempenho reflete a fraqueza geral da economia brasileira e aponta uma estagnação do potencial produtivo.

Essa estagnação é mostrada também pelos fracos indicadores de investimento em meios físicos de produção - máquinas, equipamentos e construções públicas e privadas. Entre janeiro de 2000 e julho de 2024, o valor investido mensalmente equivaleu em média a 17,9% do Produto Interno Bruto (PIB). A média de janeiro de 2015 a julho deste ano correspondeu a 16,4%, segundo o Monitor do PIB elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). No segundo trimestre de 2024, a taxa de investimento estimada pelo IBGE ficou em 16,8%.

Não há como esperar uma aceleração do crescimento econômico, nos próximos anos, com investimento tão baixo em capacidade produtiva. Na maior parte deste século o total investido pelos setores público e privado raramente superou 18% do PIB, ficando bem abaixo dos valores aplicados em outras economias emergentes. Esses valores têm com frequência ultrapassado 20% do valor produzido internamente nesses países.

Pelas estimativas do mercado, registradas na pesquisa Focus, o PIB do Brasil deve crescer 3,10% neste ano e cerca de 2%, em média, nos anos seguintes. Esses números são parecidos com aqueles indicados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Para escapar dessa mediocridade, o Brasil terá de investir mais em meios físicos de produção, além de cuidar mais da formação de capital humano, para a indústria e para os demais setores de atividade.

CONSTRUÇÃO CIVIL

O Estado de S.Paulo - SP   06/11/2024

Bancos na China estão executando um número crescente de apartamentos depois que os proprietários não conseguiram pagar suas hipotecas, à medida que o colapso do mercado imobiliário ameaça o sistema financeiro.

A lista de casas apreendidas e listadas para leilão saltou 43% no ano passado, de acordo com dados oficiais. Inúmeros bancos chineses divulgaram aumentos nos inadimplências hipotecárias durante o primeiro semestre deste ano. A espiral descendente nos preços dos apartamentos desde então acelerou.

O sistema legal está lutando para acompanhar os despejos. Em algumas cidades, como Qingdao, apartamentos que são alvos de execução judicial estão sendo vendidos em leilão antes que os ocupantes tenham se mudado. Os compradores devem persuadi-los a sair, disseram especialistas em finanças e execução hipotecária.

O aumento nos despejos e execuções hipotecárias, embora ainda modesto pelos padrões americanos, aumenta as pressões sobre os bancos da China. Eles enfrentam outras perdas relacionadas ao colapso do setor imobiliário, incluindo empréstimos para governos locais, empresas imobiliárias inadimplentes e compradores de apartamentos inacabados que os desenvolvedores nunca entregaram.

Para piorar a situação, os financiadores corporativos na China há muito tempo apresentam patrimônios imobiliários como garantia. Os gerentes de banco estão descobrindo que a garantia vale muito menos do que quando os empréstimos foram concedidos.

O governo chinês está instando os bancos a emprestar mais para os desenvolvedores imobiliários e outros mutuários como parte de suas medidas de estímulo econômico desde o final de setembro. Mas os próprios credores enfrentam dificuldades.

“Os bancos há muito tempo são os melhores aliados e instrumentos dos formuladores de políticas chinesas, mas em breve podem se tornar seu maior problema”, disse Alicia García-Herrero, economista-chefe para a Ásia na Natixis, uma instituição financeira francesa.

O sistema bancário chinês, majoritariamente estatal, tem muito dinheiro, ganhando mais de US$ 600 bilhões por ano em lucros antes de reservar fundos para cobrir perdas com empréstimos não pagos. Isso significa que os bancos podem lentamente amortizar suas perdas contra os lucros.

“Eles vão reconhecer gradualmente as perdas ao longo dos anos”, disse Yan May, um analista bancário da China no banco UBS.

Mas os bancos na China desempenham um papel crucial alimentando a receita no orçamento do governo nacional. Os credores pagam impostos de renda, impostos sobre transações e dividendos ao ministério das finanças equivalentes a cerca de 1% da economia da China. Grandes perdas atingiriam os lucros dos bancos e as receitas do governo.

Execuções hipotecárias são um assunto particularmente sensível na China, onde o governo mantém um controle rígido sobre a sociedade. Os reguladores pressionam os bancos para evitar tomar ações contra os proprietários de casas que possam desencadear protestos públicos.

Em um país com 90 milhões de apartamentos vazios após uma explosão de construção de décadas, no entanto, os despejos não parecem estar causando desabrigados. Muitas execuções hipotecárias envolvem segundas residências, frequentemente ocupadas por amigos e parentes do proprietário, e raramente envolvem as residências principais das famílias.

Quatro anos atrás, o país adotou proteções legais mais fortes para os proprietários de casas contra despejos. Na época, o mercado imobiliário da China estava em alta e os bancos iniciavam praticamente nenhuma execução hipotecária.

Essas novas regras agora estão dificultando para os bancos despejar alguns proprietários que ficaram inadimplentes. Os compradores de apartamentos em leilões de execução hipotecária muitas vezes devem comprar os apartamentos sem vê-los e depois trabalhar com oficiais do bairro para persuadir os ocupantes a sair, disse Martin Zhang, um assessor para compradores de propriedades sendo executadas.

Isso fez com que muitos compradores de casas ficassem cautelosos.

“A menos que não haja outras opções adequadas, eles geralmente não escolherão propriedades em execução”, disse Zhang, que é baseado em Qingdao, uma cidade portuária na província de Shandong.

Mas o suprimento de apartamentos indo a leilão continua aumentando. Muitos têm que ser leiloados duas vezes. Os bancos inicialmente tentam vendê-los com um desconto regulamentado pelo governo de 20% em relação ao valor avaliado atual. Se ninguém der lance, os bancos tentam novamente pela metade do preço.

No ano passado, o número de propriedades residenciais leiloadas após execuções hipotecárias na China — 389 mil casas — foi aproximadamente semelhante ao número de execuções hipotecárias nos Estados Unidos, que tem um quarto da população da China. Os Estados Unidos tiveram mais de 2,8 milhões de execuções hipotecárias em 2009 e novamente em 2010, o pior do colapso do mercado imobiliário durante a crise financeira global.

Na China, a questão que os bancos e o governo enfrentam é: quão pior o problema pode ficar?

Os preços dos imóveis caíram quase 30% do seu pico em 2021.

Além do aumento nas execuções hipotecárias, pelo menos sete milhões de apartamentos permanecem inacabados em toda a China. Analistas da UBS estimaram recentemente que 4 milhões desses apartamentos foram comprados por famílias chinesas que contraíram cerca de US$ 350 bilhões em hipotecas.

Isso equivale a quase 7% de todas as hipotecas nos balanços dos bancos da China. Os reguladores incentivaram-nos a não executar hipotecas em apartamentos inacabados.

Um fator que pode conter o problema das execuções hipotecárias ao longo dos próximos anos é que muitos proprietários de casas pré-pagaram parte de suas hipotecas ou fizeram grandes pagamentos iniciais. Mesmo após a grande queda nos preços dos apartamentos, muitas pessoas ainda possuem apartamentos que valem mais do que os saldos restantes em suas hipotecas.

Lin Chen, 32, pagou US$ 200 mil para comprar seu apartamento em Qingdao em 2017. Por sua estimativa, vale agora entre US$ 135 mil e US$ 150 mil. Mas ele deve apenas US$ 84 mil no apartamento porque pagou a hipoteca sempre que teve dinheiro extra.

Chen, um vendedor de produtos químicos, sente inveja de parentes mais velhos e vizinhos que compraram apartamentos há 20 anos e ainda estão vendo grandes ganhos. Ele disse que planeja manter seu apartamento e espera que o preço se recupere.

“Aqueles de nós nascidos nos anos 80 e 90, somos os azarados”, disse ele.

Pagar todas ou parte das hipotecas antes do vencimento muitas vezes faz sentido financeiro na China. As taxas de juros hipotecárias estavam próximas a 6% até cortes recentes de taxas.

Muitos chineses usaram dinheiro que emprestaram por meio de seus pequenos negócios a taxas baixas para pagar suas hipotecas habitacionais. Os reguladores têm pressionado os bancos a emprestar mais para pequenas empresas porque muitas estão falhando durante a desaceleração econômica.

Mas o uso de empréstimos de pequenas empresas para pagar hipotecas tem deixado banqueiros e reguladores nervosos porque os credores normalmente obtêm pouca garantia de mutuários empresariais.

Se uma propriedade executada é leiloada por menos do que o saldo devedor na hipoteca, o mutuário é pessoalmente responsável por pagar a diferença. Mas bancos e reguladores, temendo instabilidade social, têm sido cautelosos em exigir que os indivíduos paguem nesses casos, a menos que o mutuário tenha se envolvido em especulação ou fraude.

No Ocidente, muitos mutuários têm seguro hipotecário, que exige que um segurador pague a diferença ao banco quando um leilão de execução hipotecária fica aquém. Mas na China, menos de uma em cada 200 hipotecas é segurada. Isso pode deixar os bancos muito vulneráveis se os preços dos imóveis caírem ainda mais e as execuções hipotecárias dispararem, como muitos economistas preveem.

Mesmo com as medidas do governo, o mercado imobiliário em lugares como Qingdao, na costa da China, pode enfrentar anos de acertos de contas. Antes da recente queda, os preços dos apartamentos lá dobraram de 2016 a 2021, à medida que especuladores ofereciam por casas de férias. Um credor local, Qingdao Rural Commercial Bank, relatou saltos acentuados nas inadimplências hipotecárias.

Um proprietário de casa em Qingdao, Lei Wang, disse que se arrependeu de ter comprado um apartamento.

Wang, um vendedor de produtos químicos, disse que seu apartamento perdeu um quinto de seu valor desde que pagou cerca de US$ 300 mil por ele há apenas quatro anos.

“Eu achei que comprei o apartamento por um preço razoável, mas não esperava que o mercado imobiliário declinasse tanto”, disse ele. “Se eu não tivesse comprado um apartamento e os preços das casas estivessem assim, acho que teria sido melhor alugar.”

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

Globo Online - RJ   06/11/2024

O aquecimento do mercado imobiliário vem encarecendo os materiais de construção e elevando os salários dos trabalhadores do setor. O aumento de custos poderá ser repassado aos preços finais dos imóveis novos nos próximos meses, porque as construtoras estão com margens apertadas, dizem analistas e representantes do setor.

— Quem for adquirir a casa nova, vai encontrar preços crescentes nos próximos meses, na medida em que os custos estão pressionando as margens das construtoras. E o imóvel se valoriza já que as vendas estão aquecidas — disse o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia.

Os materiais de construção tiveram reajuste de 5,48% nos últimos 12 meses até setembro. Há um ano, o percentual era de 3,21%. Já o custo da mão de obra subiu 7,7% no mesmo período, enquanto a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), avançou 4,42% em 12 meses até setembro.

De acordo com um relatório do banco de investimentos Itaú BBA, o aumento gradual dos preços dos materiais de construção pode impactar principalmente as companhias que constroem para clientes de baixa renda, dentro do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) — que responde por quase 50% das vendas de imóveis novos.

Cotação de commodities

Um dos problemas, segundo os analistas do Itaú, é que os custos seguem crescendo mesmo após as construtoras fixarem seus preços de venda. Isso ocorre, em parte, porque boa parte dos preços dos materiais segue as cotações internacionais do minério de ferro, do alumínio e do aço.

Como as cotações são em dólar, o custo sobe sempre que a taxa de câmbio avança, explicou Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

A CBIC melhorou a projeção de crescimento da construção civil para 3,5% em 2024, frente aos 2,3% estimados no início do ano, o que puxa a demanda pelos insumos. A projeção de vendas de material de construção para 2024 saltou de uma alta de 3% para 4,5%, segundo levantamento da FGV feito para a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).

Na visão de Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, a construção imobiliária vem puxando as vendas, mas a retomada de obras públicas paralisadas, novos projetos de infraestrutura incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a reconstrução do Rio Grande Sul após as enchentes de maio também estão impactando positivamente o setor. Na contramão, no varejo, a recuperação está lenta, ponderou Navarro.

Conforme Adriano Andrade, diretor comercial da Docol, fabricante de metais sanitários, as vendas da empresa têm crescido cerca de três vezes mais do que a média do mercado. O executivo confirmou a tendência de aumento de preços: os produtos de metal já encareceram este ano e haverá mais reajustes no início de 2025.

A Tigre, fabricante de tubos e conexões, investe anualmente R$ 200 milhões para elevar a produção. As vendas são puxadas pelo setor imobiliário, mas também pelo avanço dos projetos de saneamento, informou a empresa.

Na América Latina, as vendas da Saint-Gobain — das marcas Quartzolit, Brasilit, Telhanorte e Placo — cresceram 3,7% no terceiro trimestre, com destaque para o Brasil. A multinacional francesa colocou em operação uma nova linha de produção de drywall da Placo, em Mogi das Cruzes (SP), no primeiro semestre.

Falta pessoal qualificado

No lado da mão de obra, a inflação deverá permanecer elevada, na casa de 7%, segundo o relatório do Itaú. Além do custo, empresários do setor se preocupam com a falta de pessoal qualificado.

— A falta de mão de obra, na sondagem com os empresários, é a principal questão neste contexto mais aquecido do setor. As empresas têm aumentado a remuneração para atrair mais pessoas — disse Ana Maria, do FGV Ibre.

Segundo David Fratel, coordenador do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos (GTRH) do Sinduscon/SP, os salários nos postos formais da construção civil estão em R$ 3.661 por mês, enquanto a indústria paga R$ 3.571 mensais.

Nas obras pagam por produtividade, o valor tem chegado a R$ 7,5 mil mensais. Um dos problemas é que o trabalhador do setor envelheceu, com uma média de idade de 41 anos atualmente, disse Fratel:

— O desafio é atrair o jovem trazendo inovação ao canteiro de obras, como uso de robotização, digitalização, além de oferecer cursos profissionalizantes qualificando pedreiros, carpinteiros, montadores de drywall.

PETROLÍFERO

Investing - SP   06/11/2024

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu a exploração de petróleo na Margem Equatorial, região conhecida como Foz do Amazonas. No evento CNN Talks, na 2ª feira (4.nov.2024), disse que a “questão do petróleo” não é de “oferta”, mas de “demanda global”.

A Petrobras (BVMF:PETR4) tem um projeto para perfuração de um poço a 2.880 metros de profundidade a cerca de 170 km da costa do Amapá. Em 29 de outubro, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) rejeitou o novo pedido da petroleira estatal para exploração de petróleo na Foz do Amazonas.

“A Petrobras é uma empresa que fornece combustível e petróleo para a segurança energética não só do Brasil, mas global”, disse Silveira.

O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, estava no evento. Ele declarou que o órgão “não é o responsável pela política energética do país” e que já emitiu, neste semestre, “50 licenças e autorizações” para a Petrobras.

Sobre a exploração da Foz do Amazonas, Agostinho afirmou que o Ibama analisa a proposta da Petrobras específica para o local. “Nós não queremos, e não é papel do Ibama, fazer o convencimento de ninguém; nem do governador, nem do governo, de que a transição [energética] é necessária”, declarou.

Com a rejeição do Ibama ao novo pedido, a estatal precisa enviar ao órgão novas informações para que possa ser decidido se o processo de exploração da Foz do Amazonas será ou não arquivado.

Ao Poder360, a Petrobras disse que está em processo de detalhamento dos questionamentos do Ibama e que está confiante na obtenção da licença. A estatal informou que segue trabalhando na construção da nova unidade de fauna no Oiapoque para dar mais sustentação à solicitação da licença ambiental.

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O QUE É A MARGEM EQUATORIAL

A Margem Equatorial é uma das últimas fronteiras petrolíferas não exploradas no Brasil. Compreende toda a faixa litorânea ao Norte do país. Tem esse nome por estar próxima da Linha do Equador. Começa na Guiana e se estende até o Rio Grande do Norte.

A porção brasileira é dividida em 5 bacias sedimentares, que juntas têm 42 blocos. São elas:

Foz do Amazonas, localizada nos Estados do Amapá e do Pará;Pará-Maranhão, localizada no Pará e no Maranhão;Barreirinhas, localizada no Maranhão;Ceará, localizada no Piauí e Ceará; ePotiguar, localizada no Rio Grande do Norte

A Petrobras tenta perfurar para pesquisas um poço na bacia da Foz do Amazonas, que, embora tenha esse nome, não é na foz do rio Amazonas. A área onde seria perfurado o poço de petróleo se encontra a 500 km de distância da foz e mais de 170 km da costa do Amapá.

POTENCIAL

Estudos internos da Petrobras indicam que o bloco que a estatal tenta licenciamento ambiental para exploração na Margem Equatorial tem potencial de ter 5,6 bilhões de barris de óleo.

Trata-se de um possível incremento de 37% nas reservas de petróleo brasileiras, atualmente em 14,8 bilhões de barris. Enquanto isso, a Guiana já descobriu na região o equivalente a 75% da reserva do Brasil.

As reservas da Margem Equatorial são a principal aposta da Petrobras para manter o nível de extração de petróleo a partir da década de 2030, quando a produção do pré-sal deve começar a cair. Assim, a nova fronteira daria segurança energética ao país durante a transição para a economia verde. Estudos globais indicam que o mundo seguirá dependendo do petróleo até 2050.

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Negada pelo Ibama, a licença ambiental inclui um teste pré-operacional para analisar a capacidade de resposta da Petrobras a um eventual vazamento. O pedido é para a perfuração de um poço que permitiria à Petrobras analisar o potencial das reservas de petróleo na região.

Exame - SP   06/11/2024

A Argentina inaugurou nesta segunda-feira a reversão do Gasoduto do Norte, que durante quase duas décadas permitiu a importação de gás natural da Bolívia e agora possibilitará o abastecimento do norte e do centro do país e a exportação para o Brasil do gás extraído da colossal formação de hidrocarbonetos não convencionais de Vaca Muerta.

A obra, que começou no ano passado e foi concluída dois meses antes do previsto, envolveu a extensão do gasoduto do norte em 62 quilômetros, a inversão da direção da injeção de gás em quatro usinas de compressão existentes e a construção de um gasoduto de 122 quilômetros na província de Córdoba, no centro da Argentina.

O projeto exigiu um investimento de US$ 710 milhões, dos quais US$ 540 milhões foram financiados com um empréstimo do CAF, o Banco de Desenvolvimento da América Latina.

A mudança na direção do fluxo nos gasodutos agora possibilita levar gás de Vaca Muerta, no sudoeste da Argentina, para as províncias de Córdoba, Tucumán, La Rioja, Catamarca, Santiago del Estero, Salta e Jujuy, para suprir a demanda de usinas termelétricas, indústrias e residências. Ela também possibilitará que a Argentina exporte gás natural para o Brasil, primeiro usando o Gasoduto do Norte e depois a rede de gasodutos da Bolívia para o Brasil.

“A Bolívia vem reduzindo sua capacidade de produção de gás. Portanto, podemos passar de importadores a exportadores, não apenas em relação à Bolívia, mas também quanto ao Brasil. Deixar de ser um país que consome e importa energia para ser um país que exporta energia é uma ótima notícia”, disse o governador de Córdoba, Martín Llaryora, ao inaugurar as obras de reversão junto com o chefe de gabinete do Governo, Guillermo Francos, e o ministro da Economia, Luis Caputo.

Após duas décadas de contratos de compra de gás com a Bolívia, a Argentina deixou de importar desse país no último mês, uma medida que se tornou possível devido ao aumento dos volumes de produção em Vaca Muerta, a segunda maior reserva de gás não convencional do mundo e a quarta maior reserva de petróleo do gênero.

A reversão do gasoduto gerará uma poupança para a Argentina de cerca de US$ 1 bilhão por ano em compras de gás natural da Bolívia.

“Hoje é um dia histórico para o país. A Argentina pagou US$ 20 bilhões nos últimos 20 anos pelo gás boliviano. Foi uma grande bobagem, sabendo que em Vaca Muerta temos reservas de gás argentino para 150 anos e muito mais barato do que o gás que vinha da Bolívia”, declarou Damián Mindlin, presidente da SACDE, a empresa de construção responsável pelo projeto em parceria com o conglomerado siderúrgico Techint.

Em agosto, o governo argentino assinou as primeiras autorizações para que as empresas petrolíferas comecem a exportar gás natural para o Brasil a partir de Vaca Muerta, cujo epicentro está na província argentina de Neuquén, no sudoeste, para a Bolívia e, de lá, usando os gasodutos desse país, para São Paulo e seu cinturão industrial e para o Rio Grande do Sul.

RODOVIÁRIO

Diário do Comércio - MG   06/11/2024

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), está com viagem confirmada para Brasília (DF), na próxima quinta-feira (7). Na pauta, questões de mobilidade e infraestrutura como a municipalização e andamento das obras do Anel Rodoviário e a deliberação do espaço onde funcionava o aeroporto do Carlos Prates.

Conforme anunciado em agosto do ano passado, o Executivo municipal ficaria responsável pelos projetos e execução das obras, que contemplariam a construção de oito viadutos e o alargamento dos já existentes, além de passarelas e alças viárias. A previsão para o início das intervenções anunciadas na época, era este ano. Sendo a licitação dos projetos executivos a acontecer em janeiro e o início de algumas obras ainda no primeiro semestre. Para estas intervenções foram anunciados investimentos estimados de R$ 1,5 bilhão no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Entretanto, de acordo com a assessoria do prefeito, em Brasília não há nenhuma reunião confirmada com nenhuma autoridade ainda, mas a ideia é dar andamento às soluções anunciadas tanto sobre o Anel Rodoviário quanto o destino do espaço que antes era ocupado pelo aeroporto Carlos Prates.

Ainda de acordo com a prefeitura, o governo municipal já dispõe de uma verba de R$ 62 milhões para iniciar as obras projetadas, mas depende de formalização de convênio com o governo federal para ceder a responsabilidade do trecho para a prefeitura, ou dar encaminhamento para uma gestão compartilhada.

Os processos de ambas as situações estavam parados em função das eleições municipais e esbarram nas questões burocráticas que envolvem o governo federal, conforme esclarece a prefeitura. Há uma semana, a gestão municipal formalizou oficialmente o pedido para assumir a responsabilidade pelo Anel Rodoviário que hoje está parcialmente sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Procurado pela reportagem, o Dnit informou em nota que “a formalização de Termo de Compromisso a ser celebrado entre a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e a autarquia está nas tratativas finais para elaboração do Termo Jurídico cabível para a transferência dos recursos federais, bem como a definição orçamentária para o empreendimento”.

O documento esclarece ainda que o Termo visa à elaboração de projeto executivo, supervisão e execução de obras de melhorias viárias e de mobilidade urbana nas interseções do Anel Rodoviário com a BR-040/MG e a Via Expressa (Avenida Juscelino Kubitschek) em trechos que estavam sob concessão da iniciativa privada.

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Ouça a Rádio de Minas:

De acordo com as informações, havia um contrato firmado pela Concessionária Via 040, junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e se fez necessário um trâmite para oficializar o Extrato de Termo de Arrolamento de Bens, documento que foi publicado no Diário Oficial da União (DOU), em agosto. A partir dessa data, teve início a elaboração do projeto executivo, supervisão e execução das referidas obras, que está em fase de ajustes.

Moradias populares também estarão na pauta

Já com relação à área de cerca de 100 mil metros quadrados (m²) no terreno onde funcionava o Aeroporto Carlos Prates, a prefeitura informou que o que dependia apenas dela está encaminhado. Conforme noticiado pelo Diário do Comércio há duas semanas, as obras do Parque Maria do Socorro Moreira, localizado na área do terreno do aeroporto, devem ser concluídas na segunda quinzena deste mês.

As obras de revitalização, que começaram em março, por serem uma parceria público-privada e não depender da burocracia do governo federal, seguiram em andamento, como planejado, conforme informou a assessoria da PBH. Ainda estão previstas as obras do Centro de Saúde e da Escola Municipal de Educação Infantil que estão com os projetos dentro do cronograma.

Entretanto, ainda é preciso dar andamento para as obras das unidades habitacionais previstas para o local. Esta sim, dependentes do governo federal. De acordo com a proposta inicial, o espaço daria lugar a um novo bairro com previsão de 4,5 mil imóveis.

AGRÍCOLA

Agrolink - RS   06/11/2024

A tendência desfavorável nos setores agrícola e industrial nos primeiros seis meses de 2024 resultou em uma queda nas vendas de tratores no mercado internacional, que registrou uma diminuição geral de 12% em comparação ao mesmo período de 2023. Não são esperadas reversões de tendência para o restante do ano. Esse declínio se deve a fatores cíclicos, e não à queda na demanda por tecnologias, uma vez que a agricultura está em constante desenvolvimento. Conciliar produtividade e sustentabilidade é o objetivo prioritário.

O setor de máquinas agrícolas é diretamente afetado pelas variáveis que influenciam as economias industrial e agrícola. Nos últimos anos, o desempenho do setor industrial foi impactado pelo alto custo de matérias-primas e suprimentos de energia – ligado a fatores geopolíticos e à guerra no Oriente Médio – enquanto as políticas monetárias restritivas para conter a inflação reduziram o acesso ao crédito e desaceleraram investimentos.

Ao mesmo tempo, a economia agrícola não teve melhoras significativas em termos de produção e rentabilidade. A safra agrícola 2024-25 deve se alinhar aos volumes de cereais do ano anterior (-0,05%), com aumentos de produção na Austrália (trigo), EUA (milho) e Índia (arroz), mas com um declínio geral na Europa (-7%) devido às condições climáticas desfavoráveis. Em 2024, a produção global de carne registrou um aumento modesto (+0,7%), impulsionado pela América do Sul e Oceania, que compensaram as quedas na China, América do Norte e Europa.

A situação que caracterizou o desempenho dos setores agrícola e industrial influenciou o mercado global de máquinas agrícolas. O aumento do custo dos meios mecânicos – cenário descrito pela FederUnacoma em Bolonha, durante a coletiva de imprensa de abertura da EIMA International – combinado com a dificuldade de acesso ao crédito e uma tendência desfavorável no setor primário, resultou em uma redução nos investimentos para a compra de novas tecnologias.

Dados da Agrievolution, organização que reúne associações de fabricantes dos principais países, indicam uma queda de 12% nas vendas globais de tratores nos primeiros seis meses do ano em comparação ao primeiro semestre de 2023. Todos os mercados de referência estão perdendo terreno. A Índia, que apresentava uma tendência de alta quase ininterrupta nos últimos anos, caiu 10%, assim como a China, enquanto os EUA caíram 12%. A Europa Ocidental também registrou queda, com os dois principais mercados nacionais, França (-8%) e Alemanha (-1%), em retração, embora em graus diferentes. Houve quedas significativas no Canadá (-16%), Japão (-28%), Rússia (-32%) e Turquia (-20%).

A segunda metade de 2024 não deve apresentar reversões significativas de tendência, de forma que, até o final do ano, espera-se um balanço global negativo, com um total de tratores vendidos mundialmente não ultrapassando 2 milhões de unidades. Esse seria o menor nível desde 2016, pois – como explicado na conferência – no período de 2017 a 2023 o número de tratores vendidos globalmente foi em média de 2,2 milhões de unidades, com picos de vendas em 2021 (2,5 milhões) e 2022 (2,4 milhões).

Contudo, a contração do mercado global registrada no ano passado e no primeiro semestre deste ano é atribuível mais a fatores cíclicos do que a um verdadeiro declínio na demanda global. “De uma perspectiva de médio e longo prazo, a necessidade de tecnologias agrícolas para o setor primário está destinada a crescer, impulsionada por uma agricultura em constante desenvolvimento – explicou a presidente da FederUnacoma, Mariateresa Maschio – e o aumento da população global, estimada em 10 bilhões de pessoas até 2050, exigirá um aumento de 50% na produção agrícola em relação aos níveis atuais”.

“O setor de máquinas agrícolas – enfatizou a presidente da FederUnacoma – enfrenta assim um desafio crucial, não apenas em termos de aumento da produtividade, mas também em termos de sustentabilidade”. “O setor de máquinas agrícolas deve produzir tecnologias que – concluiu Mariateresa Maschio – se adaptem aos mais diversos contextos ambientais e climáticos, e que apoiem a agricultura na solução de problemas relacionados à falta de recursos hídricos e à perda de fertilidade do solo”.

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