Clipping Diário

10 | Outubro | 2024

SIDERURGIA

Valor - SP   10/10/2024

Demanda pela produção ainda não chega à metade da capacidade produtiva existente, segundo entidade que representa o setor

Os fabricantes de produtos para construção feitos de aço conseguiram elevar seu faturamento no país no ano passado, mas a demanda pela produção ainda não chega à metade da capacidade produtiva existente.

O Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), entidade que tem como gestor o Instituto Aço Brasil, que representa a indústria siderúrgica, divulgou três pesquisas sobre segmentos que atuam com tipos diferentes de estruturas do material. Apesar de terem sido divulgados agora, os estudos se referem ao resultado obtido em 2023, na comparação com o ano anterior.

O segmento de fabricantes de estruturas de aço, que contêm estruturas metálicas, torres de energia para transmissão e para energia eólica, estruturas para parques de energia solar e de defensas metálicas, teve aumento de 6,2% no faturamento, para R$ 17,2 bilhões.

A produção cresceu 2,4% em um ano, para 1 milhão de toneladas. A capacidade produtiva, no entanto, é de 2,3 milhões de toneladas, o que significa que a taxa de utilização ficou em 46%, estável sobre 2022.

Os fabricantes de telhas de aço e “steel deck” (lajes de aço e concreto) também tiveram alta no faturamento, de 2,5%, para R$ 8,2 bilhões. Foram produzidas 502,9 mil toneladas dos materiais, a maior parte em telhas, leve alta de 1,1%. Já a capacidade produtiva é de 1,2 milhão de toneladas, mais do que o dobro.

Os fabricantes de perfis galvanizados, o que inclui o sistema construtivo “light steel frame e drywall” (chapas feitas de aço e gesso), apresentaram a maior alta no faturamento, por partirem de uma base menor. O crescimento foi de 18,7%, para R$ 1,6 bilhão. Foram fabricadas 107,6 mil toneladas de perfis, alta de 12%. O volume fabricado equivale a 39% da capacidade produtiva.

Importação preocupa, mas há otimismo

Perguntados sobre os maiores desafios e dificuldades externas aos negócios, tanto os fabricantes de telhas de aço e steel deck quanto os de perfis galvanizados tiveram o tema “concorrência com o material importado e/ou não qualificado” como o mais citado, com 50% e 39% de prevalência, respectivamente. Em ambos, no entanto, a porcentagem caiu de 2022 para 2023.

A entrada de produtos importados no país, principalmente chineses, foi critica pelo presidente do Aço Brasil, Marco Pollo Mello, durante reunião do grupo Coalizão Indústria, no último mês. “A indústria está sob ataque”, disse, destacando que há uma política de Estado da China para escoar sua capacidade ociosa de produção ao Brasil, o que inclui fazer exportações com margens negativas.

A tributação aparece como outro problema muito citado, vindo logo atrás, com 48% de participação para os fabricantes de telhas e steel deck. Foi ainda o item mais citado pelos fabricantes de estruturas de aço, com 54% de prevalência.

Em 2022, esse setor tinha elegido o custo de matéria-prima como o maior entrave, apontado por 68,3% da amostra, mas o preço do aço arrefeceu no período.

Nos três segmentos, mesmo com as dificuldades, a visão para 2024 é positiva. Entre os fabricantes de estruturas de aço, 78% preveem crescimento, algo também esperado por 76% dos produtores de telhas de aço e steel deck e 82% dos fabricantes de perfis galvanizados.

Valor Investe - SP   10/10/2024

Banco estabelece potencial de alta de mais de 60% para o papel

O Morgan Stanley elevou a recomendação da ação da Usiminas de neutra para compra e cortou o preço-alvo de R$ 11 para R$ 9,70. Ainda assim, o alvo do banco americano estabelece um potencial de alta de 61,2% para o papel sobre o fechamento de ontem.

O relatório provocou movimentações no mercado e chamou atenção para a companhia, que vinha "esquecida" diante das concorrentes mesmo com a melhora de cenário para as siderúrgicas.

As ações da Usiminas subiram 4,5% e encerraram o pregão a R$ 6,31. Na máxima do dia, o papel foi negociado a R$ 6,49. O ativo teve a maior valorização do Ibovespa hoje.

Os analistas Carlos De Alba, Eugênia Cavalheiro e Henrique Braga, do Morgan Stanley, escrevem que as ações da Usiminas estão excessivamente descontadas após acumular queda de 43% no ano, mesmo considerando as incertezas no cenário do aço.

Eles notam que os papéis estão com performance pior do que pares no mercado por conta de uma série de resultados ruins ao longo desse ano, com a empresa retomando operações no alto forno em Ipatinga (MG) e ainda não vendo materialização de eficiências de custo.

O banco acredita que a chegada da Ternium como acionista controlador ajudará a Usiminas a ter melhor produtividade, mas é um projeto com foco no longo prazo e que deve começar a gerar resultados nos números de quarto trimestre.

“Vemos um risco-retorno atrativo após a queda substancial das ações”, comentam os analistas, destacando que os custos podem ser reduzidos em até 25% já neste ano, o que deve gerar um aumento no posicionamento do mercado na ação.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   10/10/2024

O economista Heron do Carmo, professor sênior da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, está preocupado com a inflação e não descarta a possibilidade de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre este ano acima de 5%, que ultrapassaria o teto da meta do governo para o ano (4,5%).

Em setembro, o IPCA, o termômetro da inflação oficial do País, voltou a subir e fechou o mês com alta de 0,44%. A inflação acumulada em 12 meses já é de 4,42%. É um resultado muito próximo do teto da meta, que é de 4,5%.

“Acho que nós vamos começar o ano em uma situação pior em termos de inflação”, alerta Heron, um dos maiores especialistas do País sobre o tema. Ele lembra que existe uma superindexação dos preços na economia brasileira ao salário mínimo e que o Produto Interno Bruto (PIB) está crescendo também. Esses fatores podem pressionar ainda mais a inflação.

Mas a maior questão em relação à inflação, na opinião do economista, é o desajuste fiscal. “O governo está arrecadando como nunca e está gastando como nunca e o caminho disso, pela história econômica do Brasil e pela história econômica mundial, é inflação”, afirma. A inflação é um imposto que fecha a conta, completa. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Como é o sr. está vendo o desempenho da inflação neste momento?

Devido a uma série de fatores, como por exemplo a questão climática, além do fato de que a inflação no final do ano passado ter sido muito baixa para o padrão – tivemos um único mês com uma inflação um pouco mais elevada, que foi em dezembro do ano passado, superando 0,5% –, tudo indica que nós teremos um resultado de superação do teto da meta este ano.
Vai passar 4,5%?

Vai passar 4,5%. Provavelmente, já no próximo mês tem condição de passar de 4,5%.

Qual é a sua projeção?

A minha projeção depende de uma série de fatores. Principalmente em dezembro, podem ter alguns fatores que aliviem um pouco relativamente em relação ao ano passado. Mas acho que o mais provável é que a inflação fique na faixa de 4,7%, 4,8%, podendo até chegar a 5% este ano.

Por quê?

Porque tem uma pressão de preço de alimentos. Alguns alimentos apresentaram uma queda de preço por causa do inverno. O inverno com sol favoreceu a produção de hortifrutigranjeiros e esses (produtos) provavelmente deixarão de ter o efeito de aliviar a inflação a partir de agora. Há produtos também que normalmente complicam no final do ano, como o caso do feijão. Tem a questão da energia elétrica que talvez continue com a bandeira 2, vermelha. Então, a minha expectativa é de que nós tenhamos uma inflação significativamente acima do teto da meta. O que poderia aliviar é essa questão do combustível, o petróleo andou com preço menor. Mas agora, com essa tensão no Oriente Médio, até isso pode piorar. E há a questão também da taxa de câmbio. Houve uma valorização do real, e isso poderia ajudar. Como o governo tem uma certa interferência indireta no preço do combustível, isso pode até ser utilizado no final do ano para tentar melhorar um pouquinho a foto. Mas o mais provável é que nós tenhamos uma inflação entre o teto e 5%. E não está descartada a possibilidade de passar do 5%.
Isso preocupa?

Isso preocupa porque o Brasil é uma economia indexada. Há uma superindexação do salário mínimo, o PIB (Produto Interno Bruto) também vai crescer. Isso vai ser um problema difícil para o próximo ano. Algumas mudanças que foram feitas na questão fiscal principalmente aumentaram a instabilidade. Acho que nós vamos começar o ano em uma situação pior em termos de inflação. Eu lembraria a você uma declaração do Márcio Holland (professor na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas e secretário de Política Econômica no Ministério da Fazenda entre 2011 e 2014), que foi do governo da presidente Dilma (Rousseff), falando que ele passou por isso. O que eu entendi dessa declaração é que, de certa forma, ele está alertando para a situação fiscal.

O governo está arrecadando como nunca e está gastando como nunca.

Como assim?

O governo está arrecadando como nunca e está gastando como nunca. O caminho disso, pela história econômica do Brasil e pela história econômica mundial, é inflação. Isso desemboca em inflação. A inflação é um imposto que fecha a conta. A minha preocupação com isso é que a inflação é talvez a variável econômica de maior impacto político, porque a inflação afeta todo mundo. O desemprego é importante, mas afeta uma parcela do eleitorado, a inflação não, é geral. Então, isso pode se constituir num complicador, num fator de perturbação política, se nada for feito para resolver o problema de base, que é essa questão de evitar um aumento mais significativo da relação dívida/PIB.

Quanto o sr. está projetando de inflação para o ano que vem?

Projetar para o ano que vem é muito difícil. Se nós terminarmos com uma inflação este ano acima do teto da meta, mesmo que o Banco Central aumente a taxa de juros, eu acho que será muita coisa para a política monetária resolver sozinha.
O que o governo precisaria fazer para resolver essa questão?

Precisaria tentar reduzir o déficit (público).
Como?

Tem algumas medidas que ele poderia fazer, que é, por exemplo, tentar mudar aquela regra do salário mínimo, de aumento de acordo com o (crescimento do) PIB. Tem a questão também que houve uma mudança nas vinculações no início do governo Lula, ou seja, aquela questão de vincular Educação e Saúde com relação à receita. Isso tudo acaba reduzindo o espaço para fazer um acerto fiscal. Eu diria que a coisa está complicada.
A política monetária é insuficiente para resolver o problema?

É muito esforço para a política monetária sozinha. O governo tem de reduzir o déficit. Isso é mais fácil hoje, porque a economia está crescendo. Se a economia está crescendo, você pode reduzir o déficit mais facilmente do que com a economia em recessão. E essa história a gente sabe onde acaba. Deságua em mais inflação. Mais inflação leva a uma necessidade de aperto na economia, como aconteceu, por exemplo, em 2015. Daí, vamos ter o pior dos mundos: durante algum momento, inflação com uma economia mais fraca, evoluindo no ritmo menos intenso do que está agora.

O governo não está enxergando isso?

Tenho a convicção de que parte do governo esteja enxergando isso. Essa é uma preocupação real. Acho que é importante reforçar isso para alertar que a coisa não está perdida. Se começar a encaminhar essa situação fiscal para a direção requerida, eu acho que se pode ainda voltar ao bom caminho.
Então, o Banco Central fez bem de subir os juros?

O Banco Central fez bem de subir os juros. E o próprio presidente do Banco Central (Roberto Campo Neto) já declarou, pelo menos deixou ali implícito, que o Banco Central continuará a subir juros.
O senhor acha que os juros vão continuar subindo o ano que vem?

Acho que, se esse cenário prevalecer, porque o futuro a Deus pertence, vai ter de continuar subindo juros.
Mas os efeitos da seca nos preços dos alimentos e da energia elétrica não podem ser controlados pelos juros.

Se for feito o ajuste, isso até beneficiará a inflação do ano que vem, porque não haverá os efeitos (da seca). Mas o problema é que a inflação vem preocupando desde o início do ano. Não é uma questão só do clima, da seca. Se não tivesse a seca, nós teríamos, por exemplo, talvez um resultado melhor. Mas é que a tendência vinha sendo de alta da inflação em 12 meses, mesmo antes da seca e das enchentes no Sul.
O sr. falou do câmbio. Com a melhora da nota de crédito do Brasil, pode ser que entrem mais recursos no País e isso dê uma aliviada na inflação por meio da taxa de câmbio?

Isso eu acho que é relativo, porque foi uma das agências (que melhoraram a nota, a Moody’s) e nem é a mais importante. O que pode melhorar a situação é a postura do governo, uma atenção maior à situação fiscal.

O Estado de S.Paulo - SP   10/10/2024

Quase todos os participantes da mais recente reunião do Federal Reserve (Fed), em que o banco central americano cortou o juro nos EUA em 0,50 ponto porcentual, a primeira queda em 4 anos, indicaram que estão mais confiantes de que a inflação americana está se movendo “de forma sustentável” em direção à meta de 2%. É o que mostra a ata do encontro, publicada nesta quarta-feira, 9.

De acordo com o documento, vários dirigentes consideraram que os riscos de alta para as perspectivas de inflação diminuíram. Entretanto, há o entendimento de que o nível de preços continua alto e também há incertezas quanto a outras questões.

Os participantes da reunião citaram diversos fatores que provavelmente exerceriam pressão descendente sobre a inflação. Dentre eles, estão uma desaceleração no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real — em parte por conta da postura restritiva do BC americano —; expectativas de inflação bem ancoradas; aumento da produtividade; e queda nos preços de commodities. “Os participantes enfatizaram que estavam fortemente comprometidos em retornar a inflação ao objetivo de 2%”, descreve o documento.

Foi observado que os aumentos salariais provavelmente não seriam uma fonte de pressões inflacionárias gerais no futuro próximo.
Expansão robusta, mas economia incerta

Na reunião, os membros do Fed concordaram que a atividade econômica continuou a se expandir em ritmo sólido, apoiada pelo aumento da produtividade, porém ainda viam a perspectiva econômica como “incerta”.

O crescimento da atividade econômica foi destacado por “gastos de consumo resilientes”. Alguns participantes mencionaram que o aumento da renda familiar foi o responsável por impulsionar o consumo, enquanto outros destacaram que foram os sinais de desaceleração nas despesas ou de tensões nos orçamentos familiares.

Parte dos integrantes da reunião sugeriu que as tensões financeiras enfrentadas por famílias de baixa e média rendas implicariam um crescimento mais lento do consumo nos próximos meses. No entanto, segundo eles, fontes ligadas ao comércio dizem estar “otimistas sobre as perspectivas econômicas”.

Mercado de trabalho

Os dirigentes também apontaram que as condições de mercado de trabalho permaneceram sólidas, apesar de a taxa de desemprego ter aumentado notavelmente. Além disso, vários participantes observaram que, com a oferta e a demanda no mercado de trabalho praticamente em equilíbrio, aumentos salariais provavelmente não seriam uma fonte de pressões inflacionárias gerais em um futuro próximo.

O documento refere-se à reunião realizada em 17 e 18 de setembro, portanto, antes da divulgação do payroll de setembro, que trouxe criação de vagas acima das expectativas.

Os dirigentes concordaram que os indicadores do mercado de trabalho mereciam monitoramento rigoroso, com alguns observando que, como as condições no mercado de trabalho desaceleraram, o risco cresceu de que continuidade da desaceleração poderia levar a uma deterioração mais séria.

As próximas avaliações do comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desdobramentos financeiros e internacionais.
Taxas de hipotecas

Os participantes da reunião de política monetária do Fed avaliaram que as taxas hipotecárias residenciais de 30 anos — uma das mais comuns nos Estados Unidos — e os rendimentos de títulos em hipotecas de agências (MBS, na sigla em inglês) caíram, mas continuaram elevadas. Eles mencionaramm que, no mercado de hipotecas residenciais, o acesso ao crédito foi pouco alterado, no geral, mas continuou a ser sensível aos atributos de risco de crédito.

Ainda de acordo com o documento, a qualidade do crédito continuou sólida para tomadores de empréstimos hipotecários residenciais e para empresas de grande e médio porte, mas se deteriorou em outros setores. Já em relação à qualidade de crédito das famílias, “as taxas de inadimplência na maioria das hipotecas residenciais permaneceram próximas aos mínimos pré-pandemia”, descreve a ata.

Globo Online - RJ   10/10/2024

O IPCA registrou alta de 0,44%, o que representou uma aceleração em relação a agosto, em que ficou próxima de zero, e também em relação a setembro do ano passado, quando foi de 0,26%. Com esse resultado, em 12 meses, a inflação acumula alta de 4,42%, ou seja, ficou muito perto do limite da meta que é de 4,5%. E esta é a preocupação do Banco Central.

O ministro Fernando Haddad acabou de passar um recado na entrada do Ministério da Fazenda, ele disse que o Banco Central tem que tomar cuidado, que não é preciso subir juros por uma coisa eventual, porque "juros não faz chover" e essa inflação, destacou , vem da seca e é temporária. Mas os juros, que já subiram em agosto, vão subir novamente próxima reunião de novembro. Na avaliação dos economistas Claudia Moreno, do C6 Bank, e Igor Cadilhac, do Pic Pay, deve haver um aumento na intensidade da alta de juros para 0,5 ponto percentual na Selic, em novembro. Os juros básicos da economia brasileira estão hoje em 10,75%. E isso deve acontecer porque a seca vai continuar afetando esses dois preços importantes: energia e alimentos.

A energia elétrica residencial, que teve queda de -2,77% em agosto, subiu 5,36% em setembro, com a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 1. Após dois meses de preços caindo, a alimentação no domicílio teve alta de 0,56%. Subiram os preços de café, carne, frutas, muito impactados pela seca.

E em outubro a pressão continua. A Aneel passou a tarifa de bandeira vermelha 1 para 2, o vai pressionar a inflação deste mês. Os alimentos, não todos é claro, mas continuarão subindo. Não há aumento generalizado de preços, mas outubro e novembro vão continuar pressionados e a taxa em 12 meses muito perto dos 4,5% que é o limite máximo tolerado pela meta.

O IPCA foi 0,44%, sendo que praticamente a metade do índice veio do aumento da energia elétrica. Em outubro, a energia deve voltar a ser a maior influência dentro do IPCA. A energia vai subir menos este mês, porque da bandeira tarifária 1 para 2, a diferença é de um aumento de em torno de 4%.

- Mas mesmo assim, são mais 0,20 ponto percentual no mínimo de influência no IPCA de outubro. Então a inflação desse mês já parte de 0,20 fora os aumentos que a gente ainda está monitorando em alimentação que estão em aceleração. A inflação do mês de outubro dever ser muito parecida com a do mês de setembro. Pode ser que se repita o número mudando só um pouco diminuindo um pouco o peso da energia aumentando o peso da alimentação. Mas esses dois vão ser os protagonistas da inflação foi no setembro e serão em outubro novamente - explica André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre.

Apesar da aceleração dos preços, não há previsão de estouro do limite da meta. O Bradesco projeta em seu relatório que a inflação feche 2024 em 4,4%, com os núcleos registrando uma variação de 4%. Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos, calcula o IPCA em 4,3%.

O Estado de S.Paulo - SP   10/10/2024

Quando Lin Yunyun começou a vender fraldas há dois anos no Pinduoduo, o site de comércio eletrônico de rápido crescimento da China, ela não estava preparada para a incansável reclamação sobre os preços.

O Pinduoduo, popular entre os consumidores chineses por seus descontos, enviava “lembretes” sempre que outros vendedores baixavam seus preços abaixo dos dela. Quando Lin reduzia seus preços, o site promovia temporariamente seus produtos - apenas para avisá-la, alguns dias depois, que eram necessárias mais reduções para o site continuar a atrair clientes para seus produtos.

“A plataforma continua me lembrando de baixar os preços”, disse Lin, 28 anos, que mora em Zhangzhou, uma cidade no sudeste da China. “Se eu reduzir meu preço ainda mais, não ganharei dinheiro.”

Nenhuma empresa personifica o momento deflacionário da China como a Pinduoduo. Os compradores migram para o aplicativo por causa de seus descontos surpreendentes, resultado de sua pressão inabalável para baixar os preços. Como o segundo maior varejista online do país, ele é o destino de compras preferido daqueles que adotam os chamados gastos reduzidos - uma máxima alimentada pelas mídias sociais dos consumidores chineses que não economizam.

Atormentados por uma crise imobiliária sem fim à vista e por um mercado de trabalho vacilante, os consumidores chineses estão gastando menos e economizando mais. Os preços estão caindo e os lucros estão diminuindo. As empresas estão hesitantes em contratar mais funcionários ou investir no futuro, alimentando ainda mais preocupações com a economia.

Após uma série de meias-medidas que não conseguiram revigorar a economia, Pequim finalmente sinalizou que está pronta para tomar medidas mais agressivas, embora não esteja claro até onde está disposta a ir. No final do mês passado, o governo anunciou cortes nas taxas de juros e outras iniciativas para reavivar o mercado imobiliário, bem como medidas para apoiar os mercados de ações.

E, apesar das sugestões de gastos fiscais adicionais para colocar mais dinheiro nas mãos dos consumidores chineses, o governo não revelou nenhum plano específico. O Rhodium Group, uma empresa de pesquisa, disse em uma nota que os formuladores de políticas demonstraram mais disposição para agir sobre a economia, mas as pressões deflacionárias estavam entre as várias questões importantes que ainda não foram resolvidas.

O deflator do produto interno bruto da China, um indicador econômico que mede os preços de forma ampla em toda a economia, sofreu uma contração por cinco trimestres consecutivos, a mais longa queda em um quarto de século. Em última análise, isso significa que a economia pode não estar crescendo tão rápido quanto o principal valor do PIB - que Pequim pretende aumentar em cerca de 5% este ano - sugere.

O governo havia direcionado a maior parte do foco de sua política para o apoio à produção e ao investimento. Embora isso tenha mantido as fábricas chinesas em funcionamento, deixou o país e seus parceiros comerciais globais inundados de produtos em excesso. A abundância de oferta está ajudando a manter os preços baixos, e é aí que entra a Pinduoduo. Como uma parte cada vez maior dos gastos na China está sendo feita online, as reduções de preços no aplicativo e em outras plataformas de comércio eletrônico, que copiaram seu sucesso, contribuíram para uma deflação. Cerca de 60% dos consumidores do país compram por meio do comércio eletrônico, representando mais de um terço de todos os gastos no varejo, de acordo com o HSBC.

“A Pinduoduo é tanto a consequência quanto a causa da deflação”, disse Donald Low, professor de prática em políticas públicas da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong.

Fundada em 2015, a Pinduoduo cresceu mais rapidamente do que seus rivais mais estabelecidos, expandindo-se recentemente para o exterior com sua marca Temu. Em seu trimestre mais recente, a Pinduoduo disse que a receita havia aumentado 86%. No entanto, ela alertou que os lucros futuros podem ser afetados porque planejava investir pesadamente para dar suporte a comerciantes de “alta qualidade”.

Colin Huang, fundador da Pinduoduo e um dos homens mais ricos da China, disse que um dos principais valores da empresa não é vender produtos baratos, mas oferecer produtos que os clientes sintam que são mais baratos do que deveriam.

No início deste ano, Lin, vendedora em Zhangzhou, disse que a Pinduoduo a havia inscrito em um “sistema automatizado de rastreamento de preços” para permitir que a empresa baixasse o preço de suas fraldas sempre que detectasse produtos similares disponíveis por menos. Alguns meses após ter optado por sair do programa, ela descobriu que a configuração havia sido ativada novamente.

A Pinduoduo, que não respondeu às solicitações de comentários para este artigo, disse que esse recurso ajuda a melhorar a “eficiência operacional” dos comerciantes e, ao mesmo tempo, oferece aos clientes produtos com preços mais competitivos.

Os economistas têm estudado as consequências do comércio eletrônico sobre os preços há anos.

Em meados da década de 2010, os economistas começaram a citar algo chamado Efeito Amazon, pela influência exercida pelo varejista online dominante Amazon.com para reduzir os preços na Web e nas lojas físicas. Quase todos os varejistas, inclusive a Amazon, acompanham os preços uns dos outros e, em seguida, ajustam os seus próprios preços usando o chamado preço dinâmico, quando os preços mudam conforme as condições do mercado.

O pensamento convencional era que o Efeito Amazon ajudava a manter os preços baixos. Mas Alberto Cavallo, professor da Harvard Business School, argumentou em 2018 que o comércio eletrônico estava tornando os preços mais sensíveis a choques econômicos, como o aumento dos custos de energia. Ele observou que os preços poderiam aumentar drasticamente se os choques fossem inflacionários.

Cavallo disse que a China pode estar passando por algo semelhante, mas na direção oposta. O choque econômico de uma economia em queda está aplicando uma pressão de preços para baixo, e o efeito está sendo acelerado pelas plataformas de comércio eletrônico.

O sucesso da Pinduoduo fez com que seus dois maiores rivais, Alibaba e JD.com, se juntassem à concorrência de preços baixos.

No ano passado, o site de compras Taobao, da Alibaba, iniciou uma campanha para avaliar os vendedores com base na comparação de seus preços com outras plataformas de comércio eletrônico, segundo a mídia chinesa. Os vendedores com preços melhores receberiam mais tráfego e exposição para seus produtos. A JD.com, antes conhecida por vender produtos eletrônicos de alta qualidade, também criou uma série de campanhas de preços baixos.

Por sua vez, os órgãos reguladores chineses estabeleceram uma nova regra em maio, impedindo que as plataformas online imponham “restrições não razoáveis” aos preços, às regras de transação e ao tráfego dos comerciantes.

Zhang Zhuo, um jornalista chinês, escreveu um post intitulado “Quanto melhor é o Pinduoduo, piores são os tempos”. No artigo, que foi removido do WeChat, o aplicativo de mensagens dominante na China, ela disse que o Pinduoduo condicionou os compradores a ignorar as marcas e procurar as opções mais baratas.

Os comerciantes online, escreveu Zhang, “têm apenas duas opções: baixar o preço ou sacrificar as vendas”.

Lulu Qi começou a vender acessórios de vestuário, toalhas, capas de celular e cabos de carregamento na Pinduoduo em 2018, mas ela disse que as exigências da plataforma se tornaram excessivas.

A Pinduoduo continuava se oferecendo para direcionar clientes em potencial para seus produtos se ela cumprisse os preços sugeridos pelo aplicativo. Mas ela não podia fazer isso porque eles estavam bem abaixo dos preços que ela havia pago para adquirir os produtos.

“É impossível fazer negócios a esse preço”, disse Qi, que mora em Shenzhen, uma cidade no sudeste da China.

Outras políticas da Pinduoduo também dificultam o lucro dos comerciantes, disse ela. Os compradores que não estão satisfeitos com um produto podem exigir um reembolso sem devolver o item. Isso acontece com Qi cerca de cinco vezes por dia, disse ela. Ainda assim, os comerciantes disseram que era difícil deixar a Pinduoduo porque os clientes eram fiéis.

Um comprador da Pinduoduo, Gao Ning, administrador de um escritório em Pequim, disse que, no início, desconfiava de usar a plataforma, mas descobriu que era uma maneira conveniente de comprar mantimentos. Agora, ele também compra papel higiênico, sacos de lixo, latas de lixo, sabão para louça e ração para gatos no site.

“A Pinduoduo ainda é um pouco mais barata”, disse ele. Ele descobriu que os mesmos itens eram mais baratos lá do que em outros sites, porque “todo mundo vai lá esperando uma boa relação custo-benefício”.

O Estado de S.Paulo - SP   10/10/2024

O Banco Mundial fez nova melhora nas projeções de crescimento do Brasil, mas reforçou o alerta quanto à situação fiscal. O organismo, com sede em Washington, espera que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça 2,8% este ano, acima da expectativa de alta de 2,0%, divulgada em junho último. No ano passado, o País cresceu 2,9%.

Para 2025, contudo, o Banco Mundial segue projetando uma desaceleração da economia do Brasil, para uma alta de 2,2%. No exercício seguinte, a expectativa é de um crescimento levemente maior, de 2,3%.

Apesar de melhorar as suas estimativas, o Banco Mundial reforçou o coro de alerta e organismos internacionais quanto ao risco fiscal em meio à pressão de maiores gastos com aposentadoria.

“O aumento nos gastos com previdência que o Brasil está vivenciando vai ser um problema e um impulsionador de estresse fiscal daqui para frente em toda a região”, avaliou o economista-chefe para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial, William Maloney, em conversa com jornalistas, nesta quarta-feira, 9. “Precisamos ser cuidadosos com isso”, reforçou.

Na sua visão, a recente melhora da classificação do Brasil por parte da Moody’s é uma boa notícia à medida que o aproxima do grau de investimento, o que permitirá menores custos de financiamento ao País, mas desde que seja mantido à frente. “Isso é bom, se o País puder mantê-lo”, ponderou Maloney.

No que tange ao crescimento, o ritmo de expansão do Brasil neste ano deve superar o esperado pelo Banco Mundial para a América Latina e o Caribe (ALC), cujas estimativas também foram revisadas, para cima neste ano, mas para baixo no próximo. O organismo espera que a região tenha avanço de 1,9% em 2024 e 2,6% em 2025, contra 1,8% e 2,7%, respectivamente.

O ritmo de crescimento é o mais baixo em relação ao resto do mundo, evidenciando os gargalos estruturais persistentes, alerta o Banco Mundial. Na visão do organismo, a América Latina e o Caribe devem aproveitar o momento atual, com a expectativa de que a queda dos juros nos Estados Unidos proporcione algum alívio à região.

Dentre os pontos positivos, o Banco Mundial destaca o controle da inflação, resultado da gestão macroeconômica eficaz da região. O Brasil e o Peru estão no caminho para atingir suas metas de inflação em 2024, e espera-se que outras grandes economias sigam logo depois, segundo o organismo.

Para Maloney, os ventos globais são “mistos”. De um lado, os juros começam a cair, e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve baixar as taxas em mais 0,50 ponto porcentual neste ano, o que é positivo. Do outro, não se espera um grande crescimento das economias avançadas. No entanto, a queda nas taxas ocorre diante do controle dos preços nos países ricos, o que deve permitir um desempenho econômico melhor à frente. “Um curinga é o crescimento chinês”, avaliou.
Dívida versus investimento

Do lado negativo, o relatório do Banco Mundial chama a atenção para o aumento da relação dívida/PIB da região da América Latina e Caribe, que subiu para 62,8% em 2024, ante 59,1% em 2019. Os altos níveis de dívida e custos de serviço continuam a prejudicar a capacidade da região de criar espaço fiscal para gastos e investimentos públicos, alerta o organismo.

O relatório destaca que os investimentos públicos e privados na região permanecem baixos, e o conjunto de países não está conseguindo surfar na onda do nearshoring, que é o comércio entre vizinhos. Os níveis de investimento estrangeiro direto (IED) estão abaixo dos vistos 13 anos atrás, em termos reais, e os anúncios de novos aportes favorecem outras regiões, conforme o Banco Mundial.

Infomoney - SP   10/10/2024

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) ficou praticamente estável em outubro, em 53,2 pontos, ante os 53,3 pontos registrados em setembro. O dado foi divulgado nesta quarta-feira (9) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Apesar de ficar praticamente inalterado, destaca a CNI, o patamar em que a confiança do setor industrial se situa em outubro é positivo, porque está acima da linha divisória dos 50 pontos, que separa um nível de confiança positivo de um negativo.

O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, avaliou em nota a que o resultado pode ter relação com a alta da taxa de juros pelo Banco Central. “O índice vinha de duas altas consecutivas antes da estabilidade vista em outubro, que é o primeiro mês depois da elevação da taxa de juros”, disse.
“Como a avaliação dos empresários sobre as condições atuais e sobre as expectativas para a economia brasileira interrompe a trajetória de alta e estaciona em patamar negativo, é possível que isso esteja atrelado à alta da taxa Selic”, complementou Azevedo.

Com relação aos componentes do ICEI, o índice de condições atuais ficou em 48,8 pontos em outubro, ante 49 pontos registrados em setembro. “Ao permanecer abaixo da linha divisória dos 50 pontos, ele ainda demonstra percepção de piora das condições atuais por parte dos empresários da indústria”, destacou a CNI.

No mês, a avaliação dos industriais quanto ao momento das próprias empresas passou de 51,3 pontos para 51,1 pontos. Já a percepção sobre a economia passou de 44,4 pontos para 44,2 pontos.

Já o índice de expectativas ficou em 55,4 pontos em outubro, mesmo patamar do mês anterior.

A avaliação dos empresários da indústria para a economia nos próximos seis meses passou de 49,1 pontos para 49,2 pontos. A confiança com relação ao futuro próximo de seus próprios negócios ficou estável em 58,5 pontos.

A pesquisa foi feita entre os dias 1º e 7 de outubro, com 1.248 empresas, sendo 483 de pequeno porte, 462 de médio porte e 303 de grande porte.

O Estado de S.Paulo - SP   10/10/2024

No Brasil desde 2011, a empresa suíça SIG, fabricante de embalagens cartonadas e flexíveis para a indústria láctea e de sucos, nunca havia atingido 92% da capacidade de produção. No entanto, essa marca foi alcançada neste ano na fábrica de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (PR).

O ritmo de produção das embalagens que a empresa fabrica, normalmente, é mais fraco entre janeiro e junho. Neste ano, no entanto, o desempenho tem sido diferente. Desde o primeiro semestre, a produção da companhia cresce dois dígitos em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o diretor de Operações da América Latina, Fernando Kawata. A previsão é fechar 2024 mantendo esse ritmo de crescimento.

Para dar conta da forte demanda de seus clientes, prevista para continuar em 2025, a unidade de Campo Largo recebeu investimentos de € 12 milhões (R$ 72 milhões). Os recursos são voltados para ampliar em 14% a capacidade de produção da fábrica. Entre os clientes estão companhias de peso, como Nestlé, Quatá, Tirol e Britvi (dona da Maguary).

Com a nova linha de produção, que começa a rodar no mês que vem, a capacidade da fábrica passa de 5 milhões de embalagens ao ano para 5,7 milhões de unidades. “Vamos ter um pouquinho de fôlego para continuar crescendo e não ficarmos tão apertados”, afirma Kawata. Nas suas contas, com essa expansão o uso da capacidade da fábrica cairá para 85%.

A SIG é um exemplo de um fenômeno que a indústria brasileira vem passando este ano. Com o aumento da demanda, boa parte das indústrias vem operando com a capacidade quase no máximo. Em setembro, o uso da capacidade da indústria como um todo, medido pela Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi de 83,4%. Esse é o mesmo nível atingindo em julho deste ano - houve um ligeiro recuo em agosto - e a maior marca desde maio de 2011 (83,6%).

A capacidade de produção de uma indústria nada mais é do que a quantidade de equipamentos, pessoas e outros recursos necessários para fabricar um determinado produto. Se a demanda for maior que a capacidade da empresa, os preços podem subir, por exemplo.

Isso fez acender o sinal de alerta e trouxe à tona a discussão sobre até que ponto a economia brasileira está preparada para crescer sem gerar pressões inflacionárias, o que, no jargão dos economistas, é chamado de “hiato do produto positivo”. Aliás, esse foi um dos argumentos apontados na ata do a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) para iniciar o ciclo de alta dos juros básicos da economia.

Na opinião de Stéfano Pacini, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV e responsável pela sondagem, o sinal de alerta do elevado nível de uso da capacidade das fábricas seria mais preocupante se o Banco Central não tivesse começado a subir juros para desarmar as expectativas de reajustes de preços. Na última reunião do Copom, a taxa básica de juros subiu de 10,50% para 10,75% ao ano. E a perspectiva é de alta.

Outro ponto de atenção que emergiu nos últimos meses foi nível de estoques. No mês passado, o estoque estava enxuto, na média da indústria. O indicador da FGV encerrou setembro em 97,1 pontos. Abaixo de 100 pontos, o índice aponta volume menor que o desejado e acima de 100 pontos mostra que há sobra de produtos nos depósitos das fábricas.

O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já chamou a atenção para essa questão, admitindo que o País pode ter dificuldade de continuar a crescer sem que a inflação suba. “Se não aumentar nossa capacidade instalada, vai chegar o momento que teremos dificuldade de crescer sem inflação”, disse, no início de setembro, após a divulgação do PIB do segundo trimestre. “Algumas indústrias ainda estão com muita margem para crescer a produção, mas isso não diz respeito à economia como um todo. Tem setores que já estão inspirando atenção, e os investimentos vão ter de acelerar para que não haja gargalo na oferta.”

Para Haddad, o aumento de investimentos é que vai fazer com que o crescimento não gere inflação. “O crescimento com investimento maior é garantia de equilíbrio entre oferta e demanda”, disse Haddad. O problema, porém, é que a taxa de investimentos no Brasil ainda é muito baixa - estava em 16,8% no segundo trimestre, enquanto analistas dizem que deveria ser acima de 20% para garantir um crescimento mais sustentável.

De 16 segmentos da indústria de transformação avaliados pela sondagem, seis estavam “bombando” em setembro. Isto é, o uso da capacidade das fábricas superava a média da indústria como um todo e a maioria deles estava com estoques enxutos. Nesse grupo estão os fabricantes de alimentos, vestuário, celulose e papelão, derivados de petróleo, metalurgia e têxtil.
O que tem provocado aumento do uso da capacidade

O ritmo acelerado de produção é um desafio enfrentado hoje não só pelas indústrias de embalagens como a SIG, mas por fabricantes de alimentos e artigos de vestuário, por exemplo. O que esses segmentos da indústria estão sentindo neste momento são os efeitos do aumento do emprego e da renda, segundo Pacini.

No trimestre encerrado em agosto, havia 102,517 milhões de pessoas trabalhando no País, um número recorde, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A massa de salários em circulação na economia alcançou um novo ápice: R$ 326,205 bilhões no trimestre encerrado em agosto, um avanço de 8,3%, descontada inflação, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Para analistas, esse aumento da renda tem muito a ver com a política do crescimento real do salário mínimo - acima da inflação. Além disso, a antecipação do pagamento de precatórios, no início do ano, também injetou mais dinheiro na economia, elevando o consumo.

Com mais dinheiro no bolso, o brasileiro passou a comprar neste ano uma quantidade maior de comida, bebida e roupa. Esses itens, por sua vez, necessitam de um volume maior de embalagens para chegar ao consumidor e também puxam a demanda de insumos intermediários usados na sua produção.

O aquecimento gradual do consumo de bens diretamente ligados ao aumento da renda, isto é, aqueles cuja compra não depende do crédito e da taxa de juros, bateu na indústria desde o final do terceiro trimestre do ano passado, observa Pacini.

Num primeiro momento, o crescimento da demanda foi atendido pela sobra de estoques que havia na indústria. “Mas, nos últimos meses, as fábricas estão ligando as máquinas e acelerando a produção”, diz o economista.
Comida em alta

Líder na produção de peixes enlatados, a multinacional espanhola Nauterra, dona da marca Gomes da Costa no Brasil, por exemplo, confirma o forte aquecimento da produção nas duas fábricas, uma de pescados e outra de embalagens em Itajaí (SC). Nos últimos meses , a companhia chegou usar até 90% das instalações para atender o avanço da demanda.

De janeiro a julho, os volumes de sardinha produzidos cresceram 20% em relação ao mesmo período do ano passado. No atum, a alta foi de 10%. “Estamos voltando ao patamar pré-pandemia”, afirma o CEO da empresa para América Latina, Martin Barbesi.

Ele conta que já faz parte da rotina da empresa destinar cerca de 40% dos investimentos anuais para expansão da capacidade. Mas reafirma que, diante do atual cenário, certamente, 2025 e 2026 serão anos de ampliação das fábricas.

Há um ano e meio no cargo, o executivo que veio da Espanha diz que não está acostumado a ver dados de crescimento de consumo de alimentos tão robustos como os registrados hoje no Brasil.

Ele atribui o avanço das vendas ao maior poder de compra da população. “A macroeconomia brasileira está andando bem, apesar da questão do déficit público”, pondera Barbesi. “A inflação está sob controle, o desemprego tem boa evolução, o poder de compra melhorou e os nossos produtos são práticos e saudáveis.”

O ritmo de crescimento mais acelerado do Produto Interno Bruto (PIB) e, consequentemente, do consumo de alimentos fez a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) rever para cima as projeções para este ano.

Em fevereiro, a expectativa para 2024 era de um aumento das vendas reais de 2% a 2,5%. “Com a diminuição do desemprego para uma taxa de 6,6% e o ritmo forte das exportações, é provável que as vendas registrem crescimento acima de 3%”, prevê João Dornellas, presidente executivo da Abia, em nota.

Em agosto, segundo a entidade, as fábricas de alimentos usavam 81,9% da capacidade de produção. A sondagem da FGV aponta que esse índice tinha subido para 85,3% no mês passado.

De acordo com a Abia, existem investimentos em curso para fazer frente às pressões na capacidade das fábricas. Em recente reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, o setor de alimentos anunciou um investimento de R$ 120 bilhões no período de 2023 a 2026, informa a entidade em nota. Desse montante, aproximadamente R$ 75 bilhões estão destinados à ampliação e modernização de fábricas, além da construção de novas unidades. Os outros R$ 45 bilhões são destinados a pesquisa e desenvolvimento.
Vestuário no topo

A indústria do vestuário foi a que apresentou maiores pressões entre outros segmentos do grupo com maior aceleração da produção, aponta a sondagem da FGV. Em setembro, as fábricas de vestuário ocupavam 96% da capacidade de produção. No segmento têxtil, o uso da capacidade atingiu 83,6% no mês passado. E, em ambos os segmentos (vestuário e têxtil), os estoques estavam bem enxutos.

No entanto, dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) mostram um cenário menos pressionado. Em julho, a informação mais atual da entidade, as confecções usavam 84,4% da capacidade, ante 77, 3% no mesmo período de 2023. No caso das tecelagens, o uso da capacidade estava em 79,3% em julho deste ano, abaixo de 81,2% registrados um ano atrás .

Segundo Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Abit, o nível de estoques do setor está hoje relativamente ajustado. “O nosso mapa de calor mostra um pouco de luz vermelha, mas nada que denote uma preocupação muito grande neste momento”, afirma.

Por ora, a perspectiva do setor é crescer este ano 2,1%. Pimentel admite que os fabricantes de vestuário estão hoje em uma fase favorável, mas pondera que a base de comparação (2023) é baixa. “Não é crescimento sobre crescimento”, argumenta.
Termômetro das embalagens

Já no caso do segmento de embalagens de papelão ondulado, espécie de indicador que mostra para onde caminha a atividade econômica como um todo, não há dúvida de que ele esteja a todo vapor. Em agosto, foram expedidas 376.204 toneladas de caixas papelão ondulado, um recorde mensal desde o início da série histórica em 2005, segundo o Índice Brasileiro do Papelão Ondulado (IBPO), elaborado pelo Ibre/FGV para a Associação Brasileira de Embalagens de Papel (Empapel). Na comparação anual, a alta foi de 2,13%.

Segundo o presidente-executivo da Empapel, embaixador José Carlos Fonseca, normalmente o primeiro semestre do ano tende a ser mais difícil para o setor. No entanto, este ano foi muito bom: cresceu 5,4% ante o mesmo período de 2023. “Isso nos permite antecipar que o segundo semestre vai ser muito bom também”, prevê Fonseca, lembrando que nesse período há duas datas comerciais importantes: Black Friday e Natal.

Diante dos bons resultados, Fonseca diz que o setor revisou para cima as projeções de crescimento para 2024. No início do ano, projetava um avanço de 2% e agora a estimativa é crescer mais que o dobro: 5,2%.

Apesar da demanda aquecida por embalagens, o executivo da Empapel ressalta que o setor não está preocupado em não ter capacidade de produção para dar conta da procura. “Temos nos preparado para isso”, afirma. Entre 2024 e 2028, por exemplo, estão sendo investidos R$ 105 bilhões em novas fábricas de celulose e embalagens. “Esse investimento corresponde a uma fábrica nova a cada um ano e meio”, calcula.

Nem-nem

Hoje as pressões no uso da capacidade das fábricas e nos estoques se concentram em seis segmentos, segundo Stéfano Pacini. No entanto, ele ressalta que a situação é diferente para outros segmentos da indústria.

Em setembro, o economista identificou um grupo dos nem-nem. São segmentos industriais que nem estão estocados nem estão pressionados no uso da capacidade das fábricas. Nesse rol estão as indústrias de produtos plásticos, de máquinas e equipamentos, de veículos automotores e produtos de metal

Também há outro grupo que reúne segmentos da indústria que estão em marcha lenta no uso da capacidade e acumulam estoques indesejados, como couro e calçados, química, limpeza e perfumaria, minerais não metálicos, bens de informática eletroeletrônicos e máquinas e materiais elétricos.

Quanto à tendência, isto é, se o aquecimento que atinge hoje seis segmentos da indústria vai se espalhar para outros ou arrefecer, Pacini diz que tudo vai depender de como será a reação da economia ao ciclo de alta de juros iniciado pelo Banco Central.

O Estado de S.Paulo - SP   10/10/2024

O governo Lula não entendeu que não é o Banco Central (BC) que define o tamanho dos juros. É o mercado de crédito. Os juros de longo prazo se aproximam dos 7% ao ano além da inflação, e produzem enorme estrago nas finanças públicas.

Grande parte do crédito é de longo prazo. Quem empresta para o governo, ou seja, quem compra títulos do Tesouro, tem até mais de dez anos para receber seu dinheiro de volta. Se as contas públicas vão mal, como agora, a percepção é a de que a inflação subirá, o BC terá de correr atrás e, nessas condições, se a remuneração não melhorar, o credor perderá dinheiro.

Daí por que os juros de longo prazo tendem a subir sem intervenção do BC. É o que está acontecendo não apenas com os títulos do Tesouro, mas, também, com os financiamentos de prazo mais longo: para compra de casa própria e de veículos; ou para compra de máquinas.

Pergunta: por que a percepção da deterioração das contas públicas está acontecendo agora, quando uma das mais importantes agências de análise de risco, a Moody’s, acaba de elevar a nota do Brasil e de colocá-la a um degrau do grau de investimento – algo que só acontece quando o risco fiscal está desaparecendo?

Como nos desastres de aviação, nunca há causa única. Uma das mais importantes é a de que as despesas obrigatórias (como com Previdência Social, funcionalismo público, Saúde e Educação) estão em rápida expansão, sem contrapartida de receitas. O governo vai tapando alguns vazamentos com aumento de receitas que não se repetirão, caso do dinheiro esquecido nos bancos, dos dividendos do BNDES e de pendências no âmbito administrativo da Receita Federal (Carf). E há os truques da “matemágica”, que procuram maquiar as receitas para cima e as despesas para baixo.

Para que a dívida pública se estabilize, é necessário um superávit anual de cerca de 2% do PIB, que é o porcentual de crescimento anual da dívida. Com os juros crescentes, que são incorporados ao principal, a dívida tende a crescer também por conta disso. Neste ano, não há segurança nem de que o arcabouço fiscal será preservado. Um jeito de conter a escalada do endividamento é promover reformas estruturais.

No entanto, o governo Lula não quer ouvir falar sobre isso. Cortou pela raiz a sugestão de sua ministra do Planejamento, Simone Tebet, de desvincular da evolução do salário mínimo as despesas com Benefícios de Prestação Continuada (BPC), abono salarial e seguro-desemprego.

Falta saber se, a partir do resultado das eleições municipais, o presidente Lula dispõe-se a mudar seu entendimento sobre o assunto.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   10/10/2024

Os preços dos contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian despencaram nesta quarta-feira, já que a ausência de novas medidas fiscais da China após o amplo pacote de estímulos divulgado decepcionou os investidores e fez com que desaparecesse o frenesi do mercado.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou a sessão do dia com queda de 3,6%, a 777,5 iuanes (110,12 dólares) a tonelada, depois de cair mais de 4% no início das negociações.
O minério de ferro de referência para novembro na Bolsa de Cingapura, no entanto, subiu 0,2%, para 105,2 dólares a tonelada.

Os contratos futuros de metais caíram depois que Pequim deixou de apresentar medidas significativas de estímulo para impulsionar o crescimento econômico, disseram os analistas do ANZ em nota.

A expectativa era de que uma coletiva de imprensa realizada pelo planejador econômico da China trouxesse detalhes sobre as medidas de estímulo fiscal que o Politburo havia solicitado. Mas, em vez disso, foram reiterados os planos para impulsionar o investimento, disse o ANZ.

“Os preços recuaram devido às expectativas claramente exageradas em relação ao estímulo chinês”, disseram os analistas do Westpac.

A China disse na terça-feira que estava “totalmente confiante” que atingiria sua meta de crescimento para o ano inteiro, mas não introduziu medidas fiscais mais fortes, decepcionando os investidores que haviam apostado em mais apoio político para colocar a economia de volta nos trilhos.

O mercado precisa ver sinais de recuperação chinesa sustentável e crescimento econômico antes que o complexo de metais industriais possa obter ganhos de longo prazo, disse o ING.

Revista Mineração - SP   10/10/2024

Uma nova abordagem que inclua a transição para um economia de baixo carbono, além de atender à crescente demanda por minerais e metais que proporcionem essa transição. Essa é a principal conclusão do relatório da Global Investor Commission on Mining 2030, publicado com apoio de grandes investidores do setor de mineração, com US$ 15 trilhões em ativos, entre eles o California State Teachers’ Retirement System e a Allianz Investment Management.

O documento traz recomendações sobre como os investidores podem promover uma indústria de mineração mais sustentável, baseada em tecnologias como energia solar, eólica e veículos elétricos, todas elas fortemente dependentes de minerais e metais.

Dados da Agência Internacional de Energia mostram que a demanda por minerais está prestes a triplicar até 2030 como parte dos esforços globais para atingir a meta de zero emissões líquidas até 2050.

Sendo assim, as empresas que extraem, refinam e transportam metais e minerais são cada vez mais essenciais na transição energética.

No entanto, o relatório reforça que, para que esse processo aconteça de forma sustentável, é necessário superar o histórico de danos ambientais e sociais associados à mineração.

Para o presidente da comissão de mineração e diretor de investimentos do Church of England Pensions Board, Adam Matthews, apesar da relevância indiscutível da mineração, o setor tem sido penalizado pelos investidores devido ao histórico de escândalos.

Ainda segundo Matthews, a maioria dos investidores que seguem princípios ambientais, sociais e de governança (ESG) tendem a subestimar o setor. Contudo, o momento é de mudar essa postura e adotar uma abordagem mais estratégica e intencional em relação ao setor de minério.

Para isso, ele reforça que os investidores precisam entender melhor o ecossistema de mineração e identificar maneiras de influenciar as práticas ambientais e sociais do setor.
Participação de investidores é essencial para transição verde na mineração

Segundo a Global Investor Commission on Mining 2030, a transição para uma economia de baixo carbono de forma sustentável depende do envolvimento de grandes investidores com o setor de mineração.

A partir desta participação, os investidores podem influenciar e incentivar práticas do setor mineral para que exista preservação do meio ambiente e das comunidades onde atuam.

“Com uma demanda crescente por minerais essenciais para tecnologias limpas, é imperativo que os investidores adotem uma abordagem mais ativa e intencional, promovendo melhores práticas ambientais e sociais no setor”, diz o relatório.

A publicação reforça ainda que o futuro da transição energética depende de uma colaboração efetiva e de um compromisso de longo prazo entre mineradoras e investidores.

Infomoney - SP   10/10/2024

A Vale (VALE3) anunciou sua primeira alteração de diretoria desde a entrada de Gustavo Pimenta como CEO da companhia. Ele assumiu em 1º de outubro e, ontem (8), foi anunciado que o vice-presidente de Soluções em Minério de Ferro, Marcello Spinelli, deixará a empresa. Em seu lugar, provisoriamente, assume Rogério Nogueira, atual diretor de Produto e Desenvolvimento de Negócios, até o final do ano.

Para o Itaú BBA, a notícia tem impacto limitado na estratégia de valor da companhia. Os analistas consideram que a estratégia está bem definida para o minério de ferro. Dentre as estimativas da companhia, estão compor cerca de 70% do portfólio com produtos de alta qualidade, como IOCJ, BRBF e PFCI.

“Especificamente, as prioridades da empresa relacionadas ao negócio de minério de ferro são: i) reduzir os riscos de suas metas de médio prazo relacionadas à estabilidade operacional e à produção de volume; e ii) melhorar a qualidade média de seu portfólio de vendas”, afirma a análise.
Além disso, o nome de Rogério Nogueira é bem visto no mercado, uma vez que possui vasta experiência em mineração e está na companhia há mais de 10 anos. Nogueira hoje é Diretor de Produto e Desenvolvimento de Negócios da empresa e lidera a estratégia de mega-hubs da Vale, um modelo leve de ativos para atender à indústria do aço.

As ações da Vale (VALE3) nesta quarta-feira caíram cerca de 0,26%. A desvalorização tem pouca relação com a troca na diretoria e sim com a queda no minério de ferro, que recua após decepção de investidores com estímulos na China.

Investing - SP   10/10/2024

O novo presidente-executivo da Vale (BVMF:VALE3), Gustavo Pimenta, buscará acelerar a estratégia da companhia, tendo como alguns dos principais focos recuperar capacidade de produção perdida de minério de ferro e melhorar a comunicação da companhia com autoridades e população brasileira em geral.

Tais mensagens foram passadas pelo executivo nesta quarta-feira, em sua primeira reunião com analistas de mercado, após ter iniciado seu mandato no início do mês, segundo relatórios de alguns bancos, enviados a clientes.

"Não ouvimos nada que pudesse mudar a tese de investimento. As mudanças mais notáveis parecem ser acelerar a estratégia comercial em minério de ferro em direção a produtos de maior qualidade... e um impulso mais forte na eficiência/produtividade; e melhor comunicação sobre os benefícios da Vale para o Brasil, para autoridades e população em geral", afirmaram analistas do Citi, em relatório.

O banco destacou que Pimenta deseja expandir a produção de minério de ferro para 340 milhões a 360 milhões de toneladas por ano -- ante a previsão de entre 323 milhões e 330 milhões de toneladas para 2024 -- sem informar um prazo. A companhia, segundo o Citi, reconhece uma desaceleração da demanda chinesa pelo minério de ferro, mas que observa crescimento potencial da Índia e do Sudeste Asiático.

Na véspera, a companhia anunciou a saída de Marcello Spinelli do cargo de vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro, a primeira grande mudança na diretoria sob o comando do novo presidente-executivo.

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No lugar de Spinelli, em caráter interino, ficará o atual diretor de Desenvolvimento de Produtos e Negócios da companhia, Rogério Nogueira, que assumiu a posição nesta quarta-feira e permanece até 31 de dezembro.

A escolha de Nogueira, segundo o Citi, reconhece "seu profundo conhecimento técnico e necessidade de estar cada vez mais próximo dos clientes". A Vale tem sentido uma demanda futura cada vez mais forte por produtos aglomerados e trabalha para atender expectativas do mercado relacionadas a mistura correta do minério, segundo o banco.

Nesse cenário, a companhia ainda enfrenta desafios operacionais após o rompimento de barragens em Minas Gerais, com exigências mais elevadas relacionadas à segurança e também à necessidade de migrar para outros processos que lidam com rejeitos do processamento de minério de ferro como alternativa às barragens.

"Os projetos que a Vale está trazendo para atingir a capacidade alvo de 350 milhões de toneladas vêm com uma intensidade de Capex muito baixa... pois são projetos existentes sendo recuperados e que já são atendidos por soluções de logística", disseram analistas do JP Morgan, em relatório.

"Os volumes adicionados também aumentarão a qualidade do portfólio geral de produtos da Vale."

Relatório do Santander (BVMF:SANB11) também destacou que Pimenta quer reduzir custos, com o custo de caixa C1 abaixo de 20 dólares por tonelada, e aumentar a eficiência organizacional, investindo em novas tecnologias para aumentar a produtividade sem comprometer a segurança.

COMUNICAÇÃO E METAIS BÁSICOS

Os analistas destacaram ainda que a Vale planeja melhorar sua comunicação com autoridades e sociedade em geral.

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"A agenda institucional é muito importante. A diretoria sente que há uma oportunidade de melhorar as comunicações com as partes interessadas, particularmente com o governo, para que todas as partes saibam o que a Vale está fazendo", afirmaram analistas do JP Morgan.

"Não se trata de fazer algo diferente ou além do que está sendo feito. Trata-se de comunicar melhor e conduzir uma agenda positiva com as partes interessadas. Esta é uma fruta fácil de colher para a diretoria com impacto potencial substancial para a Vale."

Do lado de metais básicos, os analistas apontaram que Pimenta buscará aumentar sua atuação em metais básicos, com maior destaque para o cobre, cuja produção poderá atingir 500 mil toneladas até 2028.

AUTOMOTIVO

Infomoney - SP   10/10/2024

O presidente-executivo da Stellantis, Carlos Tavares, está planejando uma profunda remodelação administrativa em resposta ao desastroso alerta sobre o lucro da montadora, de acordo com pessoas familiarizadas com a situação.

Tavares pode apresentar sua proposta em uma reunião do conselho de administração nos EUA nesta semana. Os cortes podem afetar vários departamentos, de equipes financeiras a chefes regionais, bem como executivos de marcas, disseram eles.

Os membros do conselho também devem discutir o futuro do CEO de 66 anos durante a reunião de dois dias, disseram as pessoas. O evento havia sido planejado bem antes de a Bloomberg informar no mês passado que o conselho presidido por John Elkann começou a procurar um sucessor para Tavares, cujo contrato termina no início de 2026.
Um representante da Stellantis se recusou a comentar.

Tavares, um ávido cortador de custos, está tentando recuperar o controle após semanas de contratempos que levaram a montadora a reduzir suas expectativas de lucro e fluxo de caixa para o ano.

Embora a maioria dos rivais europeus também esteja lutando com a queda da demanda, a magnitude e o momento do alerta da Stellantis levantaram questões sobre a governança da montadora.

Não está claro se os diretores apoiarão o plano de reformulação do CEO, com vários outros resultados ainda possíveis, disseram as pessoas. Os membros do conselho também se concentrarão nos esforços de recuperação a serem implementados nos EUA, um país relevante para os lucros da Stellantis, disseram eles.

A fabricante de Jeep e Dodge tem lutado com estoques inchados, saídas de alto perfil e queda nas vendas nos EUA depois de aumentar os preços mais do que seus pares. Elkann, que também é CEO da Exor NV, a maior acionista da Stellantis, está cada vez mais insatisfeito com a situação na América do Norte, informou a Bloomberg no mês passado.

Após sua aparição perante o conselho, Tavares viajará para a Itália, onde deve falar em uma audiência parlamentar em meio a preocupações com o declínio da produção de automóveis no país.

Em uma visita à fábrica em Sochaux, na França, na semana passada, Tavares adotou um tom desafiador e disse que manterá seu mandato até o fim e que os atuais ventos contrários “de forma alguma” colocam sua estratégia em questão.

Infomoney - SP   10/10/2024

Se nos últimos anos diversas montadoras firmaram compromissos de produzir apenas veículos elétricos a partir de 2030, agora o discurso mudou. Diferentes companhias estão revendo seus planos nesse sentido e já admitem que não vão abandonar o abastecimento com gasolina ou etanol.

No começo do ano, a General Motors anunciou que mudaria sua estratégia por trás da eletrificação da companhia. Em vez de carros elétricos, a meta da montadora, dona das marcas Chevrolet, Buick, GMC e Cadillac, agora é focar a produção exclusivamente em carros híbridos a partir de 2030.

A Ford veio na sequência, em maio. A montadora informou que poderia seguir com a venda de carros à combustão na Europa mesmo após 2030. Vale lembrar que a União Europeia estabeleceu uma meta para que as montadoras abandonassem os veículos à combustão a partir de 2035.
Em setembro, foi a vez da Volvo tomar o mesmo caminho. A fabricante sueca havia planejado vender apenas carros elétricos a partir de 2030. A queda na demanda por veículos totalmente elétricos na Europa, contudo, fez com que a montadora repensasse sua decisão.

O plano da Volvo agora é concentrar-se nos modelos híbridos plug-in (que possuem tomadas para serem recarregados, mas também podem ser abastecidos com gasolina). A expectativa é que esses veículos representem 90% das vendas ao fim desta década.

Ao comunicar a desistência de seu plano inicial, a Volvo afirmou que a “transição para a eletrificação não será linear e o mercado está se movendo em diferentes velocidades para essa adoção”. A falta de incentivos governamentais e de uma infraestrutura de carregamento também pesaram na decisão.

“Quando acaba o orçamento, acaba também o incentivo para o mercado. Isso explica por que o ritmo da eletrificação diminuiu em alguns mercados”, afirma Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE). “É preciso apoio governamental e políticas relacionadas.”

GM segue confiante no Brasil Ford lança nova estratégia para carros elétricos Volvo abandona meta para carros elétricos Largada queimada

É possível argumentar que houve uma certa precipitação das montadoras ao firmarem os compromissos de produção exclusiva de carros elétricos a partir de 2030. “O que puxa a demanda é o mercado”, afirma Milad Kalume Neto, consultor do mercado automotivo.

Milad também argumenta que as vendas atrapalharam os planos. “O mercado não cresceu conforme o esperado. Houve crescimento, mas inferior ao previsto”, diz o especialista. “Além disso, a infraestrutura necessária não se desenvolveu na mesma velocidade, complicando ainda um pouco mais esse cenário.”

Um relatório divulgado em maio pelo Goldman Sachs aponta queda nos emplacamentos de carros elétricos no mundo. Após o ápice em dezembro do ano passado, quando foram vendidos quase 1,2 milhão de automóveis elétricos, os números caíram quase pela metade no início de 2024.

O banco americano cita três fatores para a queda na penetração dos veículos elétricos: preocupações crescentes em torno da desvalorização dos automóveis usados; incerteza em torno das eleições de 2024 (principalmente nos Estados Unidos); e a escassez de estações de carregamento rápido.

Carros elétricos: E no Brasil?

Se no restante do mundo há uma certa desaceleração nos carros elétricos, o cenário brasileiro é diferente. Por aqui, as vendas aumentaram consideravelmente em 2024.

Segundo dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), os emplacamentos de carros com motor elétrico subiram 146% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 79.304 carros emplacados no período.

As vendas ainda estão concentradas na região Sudeste. Juntos, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais representam 47,2% do mercado brasileiro de veículos elétricos. O Distrito Federal é exceção ao restante do país, com uma participação de 8% nas vendas.

Diferentes fatores explicam as vendas estarem em alta no país. Um deles é a questão de que os carros elétricos ainda são vistos como “novidade”. “É o que há de mais natural em relação a design, tecnologia e inovação”, afirma Milad. “As restrições tributárias protecionistas também ajudam.”
Carros chineses

Entre as montadoras, destaque para a chinesa BYD, que vendeu 32.574 automóveis nos seis primeiros meses do ano, contra 12.730 da compatriota GWM. Em terceiro lugar está a Toyota. A montadora japonesa vendeu 10.541 carros elétricos no Brasil durante o primeiro semestre de 2024.

Outro ponto bastante criticado está nas estações de carregamento. Além de faltarem estações, o tempo de recarga (que pode levar horas, dependendo da estação) se tornou uma reclamação constante dos consumidores.

Para Bastos, da ABVE, o consumidor que adquire um carro elétrico se prepara para carregar o veículo em casa. Contudo, ele diz também que o aumento nas estações de carregamento – principalmente de recarga rápida e ultrarrápida – é que vai permitir a entrada de novos clientes nesse mercado.

Infomoney - SP   10/10/2024

A Volvo está reformulando sua equipe de gestão, com o diretor comercial e Vice-presidente executivo Bjorn Annwall deixando a empresa. Annwall, que está na montadora sueca há nove anos, vai ajudar na transição, conforme informou a empresa nesta quarta-feira (9). O cargo de vice-presidente executivo será extinto em meio a uma reestruturação da gestão.

“Em um mundo em rápida mudança, precisamos garantir que nossa organização esteja equipada para navegar em um mercado mais desafiador”, disse o CEO da Volvo, Jim Rowan, em um comunicado.

A notícia vem após a Volvo reduzir suas perspectivas de lucro no mês passado, citando uma economia global incerta e o aumento das tarifas sobre carros elétricos fabricados na China, onde produz alguns modelos.
A montadora, controlada pela chinesa Geely, também se juntou a concorrentes ao recuar em suas ambições de veículos elétricos, declarando que não planeja mais vender apenas carros totalmente elétricos até o final da década. Em vez disso, a empresa continuará a fabricar modelos híbridos em meio à fraca demanda dos consumidores por carros elétricos mais caros.

As dificuldades da montadora têm se refletido no preço das ações, que caiu 40% nos últimos 12 meses.

Annwall não terá um substituto direto. Erik Severinson vai acumular a estratégia comercial ao seu papel como diretor de produtos e estratégia, Arek Nowinski se tornará presidente dos mercados internacionais e Gretchen Saegh-Fleming vai liderar a experiência do cliente e marketing. Oscar Bertilsson Olsborg se tornará chefe de operações comerciais globais, acrescentou a empresa nesta quarta-feira.

Rowan afirmou que Annwall desempenhou um “papel fundamental” na listagem da empresa na bolsa, na transição para a eletrificação e na expansão para novos mercados.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Valor - SP   10/10/2024

Economia aquecida ajuda a puxar aumento de 20% até outubro; alta de juros pode atuar como freio

Alessandra Ribeiro: “Falamos de ampliar a capacidade produtiva do Brasil, e isso é positivo” — Foto: Leonardo Rodrigues/Valor

Em linha com a atividade econômica aquecida, as importações de bens de capital no Brasil cresceram 20% no acumulado de janeiro a setembro deste ano, alcançando US$ 26,4 bilhões. Os números sinalizam uma expansão da capacidade produtiva da economia brasileira para os próximos anos, embora o novo ciclo de alta da Selic tenda a tirar força desse processo.

De acordo com os dados mais recentes da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), as importações da economia brasileira como um todo em 2024 cresceram 8% até setembro. A comparação é sempre com o mesmo período do ano anterior.

O movimento também foi impulsionado pela atividade econômica, mas ocorreu em ritmo bastante inferior ao desembarque de bens de capital, também levantado pelo Mdic. A projeção de economistas do setor privado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano é de 3%, segundo a estimativa mediana da edição mais recente do relatório Focus, coletado pelo Banco Central (BC). Já o Ministério da Fazenda e o BC projetam alta de 3,2%. O Banco Mundial divulgou ontem que projeta alta de 2,8%

“[A importação de] bens de capital cresce significativamente”, disse o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Mdic, Herlon Brandão, na entrevista coletiva, concedida na sexta-feira da semana passada, para comentar os dados da balança comercial referentes a setembro. “A economia cresce e demanda mais bens importados.”

A expansão das importações de bens de capital no ano vem sendo puxada pelo volume, com alta de 22,1%, contra queda de 3,3% nos preços. Em outras palavras, se os preços tivessem ficado estáveis, o crescimento do valor seria ainda maior. Levantamento realizado pelo Mdic a pedido do Valor mostra que, nos nove primeiros meses de 2024, as importações cresceram em todas as dez categorias desse tipo de bem. A maior alta, de 79%, foi observada em outros equipamentos de transporte, para US$ 2,4 bilhões. Já máquinas e equipamentos foram a categoria com maior valor importado: US$ 10,6 bilhões, com crescimento de 16,9%.

“Estamos falando de ampliação da capacidade produtiva da economia brasileira, e isso é positivo”, afirma Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia e análise setorial da Tendências Consultoria.

“Há uma retomada dos investimentos e da indústria, o que é bom inclusive do ponto de vista de controle da inflação, porque essa retomada significa aumento de oferta”, diz Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Em seu Relatório de Inflação (RI) divulgado no fim de setembro, o BC já afirmava que a “forte alta” da importação de bens de capital tinha sido um dos fatores responsáveis pelo crescimento “a taxas elevadas pelo terceiro trimestre consecutivo e de forma razoavelmente disseminada” da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Com isso, a FBCF, que é uma medida do que o país investe em máquinas, equipamentos e inovação, atingiu o maior valor desde o primeiro trimestre de 2015.

Para a autoridade monetária, o aumento das importações de bens de capital está associado “ao crescimento da indústria de transformação e dos investimentos” e corrobora o “quadro de aquecimento da economia doméstica”. Na ocasião, a autoridade monetária revisou para cima as projeções para o crescimento em 2024 tanto da FBCF, de 4,5% para 5,5%, quanto do PIB, de 2,3% para 3,2%.

Além do bom desempenho da atividade econômica, o crescimento das importações de bens de capital é atribuído pelos economistas, entre outros fatores, ao Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e à expansão dos investimentos realizados pelo governo federal. Como mostrou o Valor em setembro, os investimentos da União alcançaram nos sete primeiros meses de 2024 o maior patamar dos últimos nove anos, atingindo R$ 32 bilhões.

Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, afirma que a expansão especificamente das importações de máquinas e equipamentos, que são a maior parte de bens de capital, tem dois movimentos principais. O primeiro é o novo “direcionamento” realizado pela China, que, depois de Estados Unidos e União Europeia adotarem postura mais protecionista, vem priorizando a exportação desses bens para países como o Brasil. O segundo é a “falta de competitividade” do setor no Brasil em relação à produção origem na China, devido ao custo de insumos, de capital e tributário.

Um fator que, na avaliação de economistas, poderá impulsionar ainda mais as importações de bens de capital até o fim do ano que vem foi a entrada em vigor, em setembro, do instrumento de depreciação superacelerada da indústria. O mecanismo prevê R$ 3,4 bilhões até o fim de 2025 para que empresas deduzam, em até dois anos, do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) investimentos realizados em máquinas e equipamentos.

A depreciação superacelerada é considerada pelo vice-presidente e titular do Mdic, Geraldo Alckmin, a principal medida da Nova Indústria Brasil (NIB), conjunto de propostas para o setor industrial lançado pelo governo federal no começo deste ano.

Mesmo assim, o BC afirmava no RI que o nível dos investimentos da economia como um todo, públicos ou privados, permanecia “consideravelmente abaixo dos máximos históricos” e que a relação entre FBCF e PIB se encontra “abaixo do valor médio da série histórica”.

Além disso, “diante de condições monetárias mais restritivas”, as estimativas da autoridade monetária para 2025 são de crescimento de 2% para FBCF e PIB - abaixo das projeções para este ano. Em setembro, o BC elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano, alertando para “resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo (economia operando acima do potencial), elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas”. Além disso, a autoridade monetária sinalizou novas altas. O mercado projeta por exemplo que a taxa básica de juros terminará 2024 em 11,75%, segundo a estimativa mediana coletada pelo BC no Focus.

“Isso joga areia na engrenagem”, diz Cagnin, do Iedi. “Nem chegamos a ver o repasse integral do ciclo anterior de cortes para a taxa final cobrada dos tomadores de empréstimos e já estamos em novo ciclo de alta.”

A Tendências Consultoria calcula alta de 3% para a FBCF em 2025, contra crescimento projetado de 4,2% para este ano. Mas em 2026 a expansão poderá “voltar a ganhar tração”, segundo Alessandra, caso o quadro fiscal fique “minimamente controlado”. Esse quadro minimamente controlado seria a ausência de aumentos adicionais nas projeções para a trajetória da dívida pública - o que permitiria ao BC iniciar já no ano que vem novo ciclo de cortes da Selic. A Tendências projeta que a Selic alcançará 12% no início de 2025, mas encerrará o ano que vem em 10,5%.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Infomoney - SP   10/10/2024

O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) desacelerou para 0,35% em setembro, taxa que ficou 0,28 ponto percentual (p.p.) abaixo do índice de agosto, que foi 0,63%. O acumulado nos últimos doze meses foi de 3,46%, resultado acima dos 3,12% registrados nos doze meses imediatamente anteriores. O índice de setembro de 2023 tinha sido de 0,02%.

O custo nacional da construção, por metro quadrado, que em agosto fechou em R$ 1.767,09, passou em setembro para R$ 1.773,20, sendo R$ 1.019,25 relativos aos materiais e R$ 753,95 à mão de obra.

Augusto Oliveira, gerente da pesquisa, explicou em nota que a parcela dos materiais (com taxa de 0,49%) dentro indicador ficou muito próxima da registrada em agosto, com uma pequena desaceleração de 0,01 ponto percentual. “Quando comparamos com setembro de 2023, observamos alta expressiva dos materiais, apresentando uma diferença de 0,71 ponto percentual.”
Já a parcela da mão de obra, com taxa de 0,16% e nenhum acordo coletivo firmado, registrou taxas menores que as observadas tanto em relação a agosto, quanto setembro do ano anterior.

De janeiro a setembro, os acumulados foram: 1,75% (materiais) e 4,66% (mão de obra).

Já os acumulados em doze meses ficaram em 2,13% (materiais) e 5,32% (mão de obra), respectivamente.

Monitor Digital - RJ   10/10/2024

A China expandirá seu mecanismo de “lista branca” para garantir que todos os projetos imobiliários qualificados tenham acesso a apoio financeiro.

As instituições financeiras são obrigadas a desembolsar empréstimos em tempo hábil para projetos imobiliários qualificados e atender às suas necessidades razoáveis de financiamento, de acordo com uma reunião realizada recentemente pelo Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural e pela Administração Nacional de Regulamentação Financeira da China.

A reunião também enfatizou a necessidade de garantir a entrega de casas, pedindo às autoridades locais que “adotem medidas fortes e eficazes para estabilizar o mercado imobiliário e interromper a queda nos preços”.

Garantir a entrega de casas é uma tarefa importante para promover o desenvolvimento estável e saudável do mercado imobiliário. É uma ação concreta aderente à filosofia de desenvolvimento centrada nas pessoas e responde às preocupações do público. Também é uma medida forte para prevenir e resolver riscos imobiliários e promover a estabilização e a recuperação do mercado, disse a reunião.

De acordo com o mecanismo de “lista branca” lançado no final de janeiro, as autoridades locais estão recomendando às instituições financeiras projetos imobiliários elegíveis para apoio financeiro.

O mecanismo faz parte dos esforços da China para estabilizar o setor, sobrecarregado por problemas de dívida, e aumentar a confiança em um setor que responde por quase 6% do PIB do país, de acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas.

FERROVIÁRIO

Grandes Construções - SP   10/10/2024

Indiscutivelmente, o desenvolvimento econômico do Brasil passa por um projeto nacional de expansão e modernização da malha ferroviária.

Atualmente, o país possui uma extensão de cerca de 30 mil km de ferrovias, resultando em uma densidade de apenas 3,6 km/1.000 km².

Essa proporção, explica Lucas Hellmann, advogado da Schiefler Advocacia, é consideravelmente baixa se comparada a países como Índia e EUA, onde a densidade ferroviária é de 33 km/1.000 km² e 30 km/1.000 km², respectivamente.

“Essa disparidade evidencia a limitação da infraestrutura ferroviária no Brasil, que tem um território similar ao dos EUA, mas não possui uma rede proporcionalmente desenvolvida”, comenta.

Em relação à distribuição geográfica, o especialista observa que quase metade da malha em uso se concentra na região Sudeste, enquanto as regiões Norte e Centro-Oeste respondem, juntas, por menos de 10% do total, o que mostra como as ferrovias não têm alcançado diversas regiões produtivas.

De acordo com Jean Mafra, chefe de gabinete da Superintendência de Transporte Ferroviário da Agência Nacional de Transportes Terrestre (ANTT), estudos apontam que o país necessita de ao menos 3 mil km de ferrovias nas regiões Centro-Oeste e Norte, 1,8 mil km no Nordeste, 3 mil km na região Sudeste e 2 mil km no Sul.

“A execução desses projetos demanda investimentos estimados em R$ 98 bilhões”, calcula.

INVESTIMENTOS

Segundo Ramon Cunha, especialista em infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil vem passando por um intenso processo de renovações de contratos de concessão na área.

Isso ocorre porque o processo de desestatização do setor – iniciado no final da década de 1990 – estabelece prazo de 30 anos para as concessões, com possibilidade de prorrogação por igual período.

“Com a aprovação da Lei n° 13.448/2017, permitiu-se a renovação antecipada das concessões prestes a vencer”, explica.

Desde então, foram realizadas prorrogações das ferrovias Malha Paulista, Vitória-Minas, Carajás (todas em 2020) e Malha Regional Sudeste (2022).

“Ainda são debatidas outras renovações, como a Rumo Malha Sul e a Ferrovia Centro-Atlântica”, completa.

O secretário nacional de transporte ferroviário, Leonardo Ribeiro, ressalta que o país vem investindo cerca de 1,8% do PIB em infraestrutura, entre aportes públicos e privados, quando esse percentual deveria estar em torno de 4,5%.

“O Governo Federal pretende reverter esse quadro, ampliando os investimentos públicos para atrair o setor privado para os negócios”, frisa o servidor do Ministério dos Transportes.

“Estamos otimistas de que teremos o maior ciclo de investimentos em ferrovias dos últimos anos, e 2023 já demonstrou isso, pois desde 2005 nunca se transportou tanta carga por ferrovias.”

Impulsionando as parcerias, em 2023 foi lançada a nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), prevendo investimentos de R$ 94,4 bilhões em ferrovias, sendo R$ 55,3 bilhões até 2026 e R$ 39,1 bilhões após esse período, incluindo projetos já existentes como a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e a Transnordestina.

Hellmann e Mafra: limitação da infraestrutura ferroviária brasileira

Cerca de 95% dos recursos, comenta Cunha, envolvem investimentos privados provenientes de concessões existentes. Mas o programa também contempla projetos financiados com aportes públicos, como a construção do trecho Salgueiro-Suape, na Ferrovia Transnordestina, e do trecho Caetité-Barreiras, na FIOL.

Em um primeiro momento, admite Hellmann, é fundamental concentrar esforços nas linhas que formam os principais nós da malha, garantindo conexão de Norte a Sul e de Leste a Oeste.

As obras fundamentais, diz ele, incluem a conclusão da Norte-Sul e a expansão de outros entroncamentos importantes. Um ponto crítico é o escoamento da produção no Centro-Oeste, principal núcleo agrícola do país, tornando prioritários os corredores das ferrovias FICO e FIOL.

“A demanda imediata se concentra nesses eixos, que são vitais para aumentar a eficiência do transporte de cargas e integrar economicamente as regiões”, observa.

O Ministério dos Transportes, retoma Cunha, pretende dobrar a participação do modal na matriz de transporte até 2035. Contudo, a realização de obras demanda investimentos vultosos, com morosas etapas de licenciamento.

“No ano passado, foram investidos somente R$10 bilhões em ferrovias, sendo 2% com recursos públicos”, afirma. “Assim, é preciso dar continuidade ao processo de concessões, aperfeiçoar a elaboração de projetos e obtenção de licenças e, ainda, garantir a plena regulamentação da lei.”

Para ele, esse é o caminho para atrair novos investimentos e reduzir a burocracia no setor, uma vez que aumentar a utilização de ferrovias é fundamental para redução dos custos de transporte, mitigação de acidentes e diminuição de emissões.

“Embora apenas 8% das indústrias transportem produtos sobre trilhos, quase 30% optariam por esse modal se houvesse uma oferta adequada”, aponta.

Cunha e Ribeiro: parcerias público-privadas como saída para o modal

DIRETRIZES

Sancionada em 2022, a Lei de Ferrovias (Lei n° 14.273) busca facilitar investimentos privados, com aproveitamento de trechos ociosos.

O novo marco, comenta Mafra, da ANTT, inova ao criar um modelo de autorização para atrair o setor privado não apenas por meio de concessões, mas também por autorizações. “Com isso, os investimentos serão mais privados e menos públicos”, diz.

De acordo com Flávia Reis, especialista em direito ambiental e ESG do escritório Franco Leutewiler Henriques, o novo marco traz segurança jurídica aos investidores e desburocratiza o processo para viabilizar a exploração privada das vias férreas.

Com mais investidores, a tendência é que novas obras saiam do papel. “Os investidores não precisam mais aguardar o lançamento de editais, podendo ser propositivos e obter autorizações para construir e operar”, acentua.

Para Cunha, o novo marco representa um passo importante para modernizar o setor, sobretudo ao definir regras para o compartilhamento da infraestrutura e fomentar outorgas de autorização ao operador privado.

“Embora haja incertezas sobre a viabilidade econômica e ambiental, essa nova modalidade deve ampliar os investimentos”, analisa. “De qualquer modo, a Lei de Ferrovias ainda carece de regulamentação e, portanto, deve ser um ponto de atenção do poder público.”

Segundo a advogada Flavia, a questão de licenciamento ambiental precisa ser mais trabalhada, pois as obras de infraestrutura – especialmente obras lineares de longas distâncias – se deparam com áreas protegidas.

O papel do licenciamento, diz ela, deve ser o de avaliar se os impactos positivos extrapolam os negativos.

“O problema é que diversos empreendimentos frequentemente ficam sem resposta, aguardando anos pelo desfecho de demandas judiciais”, comenta.

De acordo com Ribeiro, o Plano Nacional de Ferrovias também abre caminhos para a expansão do modal. O plano prevê aportes via leilões para aumentar a taxa de rentabilidade dos projetos ofertados ao setor privado.

“Com isso, vamos realizar leilões anuais com aportes governamentais para a construção de ferrovias”, diz.

No entanto, o plano só deve ser lançado quando os acordos de repactuação estiverem ajustados.

“Temos uma carteira de mais de R$ 200 bilhões que, somada aos R$ 94 bilhões do PAC, totaliza cerca de R$ 300 bilhões para os próximos dez anos”, detalha.

“Qualquer plano sem fonte de financiamento significa ‘ferrovias de papel’, e não queremos repetir o passado recente.”

O Ministério espera levantar cerca de R$ 20 bilhões com a repactuação das concessões antecipadas, o que pode viabilizar uma nova rodada.

De acordo com Ricardo Medina, advogado do escritório Franco Leutewiler Henriques especializado em infraestrutura e construção, esse valor “é o que há de possível” no momento.

Reis e Medina: licenciamento e governança são pontos crítivos

“O cobertor é curto, pois quase a totalidade do orçamento já está comprometida com despesas obrigatórias”, complementa.

Para ele, o mais importante é aplicar bem os recursos, cuidando para que não se percam com atrasos e sobrecustos de obras.

“Essas perdas podem ser mitigadas com métodos de governança como os Dispute Boards (comitê de prevenção e solução de disputas), por exemplo, que são reconhecidos pela nova lei de licitações”, afirma.

Segundo Ribeiro, a pasta vem estudando o modelo de expansão ferroviária de países asiáticos, que também apresentam restrições fiscais, mas usam o instrumento de aportes para viabilizar os projetos.

“Contratamos estudos técnicos de viabilidade de mais de 20 mil km, para debater em audiências públicas e no Tribunal de Contas da União”, conta.

Lei de Ferrovias traz maior segurança
jurídica aos investidores e desburocratiza processos

PASSAGEIROS

Segundo o vice-presidente executivo da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Luiz Eduardo Argenton, o setor metroferroviário apresentou um aumento de 6% no número de pessoas transportadas no ano passado, alcançando 2,48 bilhões de passageiros.

“Esse crescimento acompanhou o aumento dos níveis de emprego, sinalizando maior utilização do transporte coletivo sobre trilhos nos percursos casa-trabalho”, destaca.

Em relação à malha, Argenton observa que a rede apresentou um discreto acréscimo de 4,1 km, pontualmente na expansão do metrô de Salvador (BA) e do trem de Natal (RN).

Com esse incremento, a malha operacional soma 1.133,4 km, com maior concentração na região Sudeste.

A expectativa é de que a rede continue se desenvolver nos próximos anos a partir da continuidade das obras já em andamento em estados como CE, PB, PI, RJ, RN e SP.

Atualmente, o país conta com 21 sistemas de transporte urbano de passageiros sobre trilhos, distribuídos por 11 estados e Distrito Federal.

“Apesar do volume de projetos parecer grande, é inferior à necessidade de desenvolvimento das regiões metropolitanas”, pondera.

O executivo ressalta que a ANTT apoia o BNDES no Estudo Nacional de Mobilidade Urbana, feito em parceria com o Ministério das Cidades para identificar projetos de média e alta capacidades em todas as regiões, além de abordar a integração das redes, alternativas para financiamento e gestão coordenada entre os entes federativos.

“A execução desses eixos é primordial para termos uma maior conexão”, diz.

Para o vice-presidente da ANPTrilhos, recentemente foi dado um grande passo com a retomada dos trens de passageiros de longa distância, a exemplo do leilão do Trem Intercidades, representando um incentivo para novos trechos.

“Além da ampliação do atendimento, a implantação de trens de passageiros proporciona desenvolvimento para os trechos onde são instalados”, diz.

Além do Trem SP-Campinas, já foram anunciados projetos regionais no âmbito do Novo PAC. A ideia do Ministério dos Transportes é executá-los por meio de PPPs, incluindo trechos que somam 740 km.

“O otimismo também é refletido pela expectativa de publicação da Política Nacional de Desenvolvimento de Transporte Ferroviário de Passageiros e pelo novo Marco Regulatório do Transporte Público”, finaliza Argenton.

NAVAL

Portal Fator Brasil - RJ   10/10/2024

Em Suape, é proprietária do Estaleiro VARD Promar, inaugurado em 2013 e que, nos últimos anos, tem se dedicado a realizar reparos navais em embarcações.

O CEO e diretor-geral do grupo Fincantieri, Pierroberto Folgiero, e o CEO do VARD Group, Alberto Maestrini, estiveram em Suape reunidos com os representantes do Governo de Pernambuco Túlio Vilaça, secretário da Casa Civil, e Guilherme Cavalcanti, secretário de Desenvolvimento Econômico, além do diretor-presidente Marcio Guiot. Na pauta, o fortalecimento da indústria naval no Brasil. O CEO compartilhou boas perspectivas para a retomada da construção de navios em solo brasileiro.

A Fincantieri é uma das seis grandes estatais da Itália, responsável por 3% do PIB do país europeu, e uma das maiores empresas de construção naval do mundo, com mais de 230 anos de história e mais de sete mil navios construídos. Em Suape, é proprietária do Estaleiro VARD Promar, inaugurado em 2013 e que, nos últimos anos, tem se dedicado a realizar reparos navais em embarcações.

Pierroberto Folgiero e o staff da Fincantieri vieram ao Brasil com o objetivo de contribuir com a reativação da indústria naval. Em agosto passado, o Governo Federal publicou uma medida provisória criando incentivos para esse setor e o de petróleo e gás, com potencial de gerar R$ 2,4 bilhões para a economia brasileira.

Nessa perspectiva, o Estaleiro VARD Promar continua sendo uma das instalações de construção naval mais modernas da América do Sul. Tem experiência comprovada na construção de OSVs complexos (embarcações de apoio offshore) e transportadores de gás e, como é uma instalação totalmente integrada, pode realizar todo o processo de construção naval.

—Estou verdadeiramente impressionado pelo potencial do Estaleiro VARD Promar que a Fincantieri apoiou durante a parte do ciclo decrescente. Hoje, está melhor posicionado para aproveitar o novo ciclo de mercado que temos pela frente, no contexto da política industrial brasileira para construção naval, com foco crescente em reparos e manutenção, reformas e novas construções— comentou Pierroberto Folgiero.

De acordo com o secretário Túlio Vilaça, —a governadora Raquel Lyra articula a reativação da indústria naval em Pernambuco e não vai medir esforços para que nossos estaleiros retomem a produção nesse novo momento da economia do Brasil—.

O secretário Guilherme Cavalcanti afirmou que —o descomissionamento de plataformas da Petrobras, o desenvolvimento do mercado de eólica offshore e o aquecimento do mercado de manutenção de navios representam uma oportunidade única para as capacidades já instaladas da indústria naval em Pernambuco—.

Grupo Fincantieri — O Grupo Fincantieri é líder em todos os segmentos de alto valor agregado: navios de cruzeiro, embarcações de defesa e embarcações offshore especializadas. É um player de referência para os principais operadores de cruzeiros, fornecedor exclusivo da Marinha Italiana, parceiro da Marinha dos EUA e de inúmeras marinhas estrangeiras, além de participar dos mais importantes programas de parceria de defesa europeia. Emprega 10 mil funcionários e gera cerca de 90 mil empregos em 18 instalações implantandas em quatro continentes.

Em fevereiro deste ano, a Fincantieri e a Edge, estatal dos Emirados Árabes e um dos principais grupos de tecnologia avançada e defesa do mundo, firmaram uma joint venture, avaliada em aproximadamente 30 bilhões de euros. O negócio aproveitará as oportunidades globais no setor de construção naval, concentrando-se na produção de diversas embarcações avançadas.

A Tribuna - SP   10/10/2024

O Porto de Santos está atrasado em cerca de cinco a dez anos em relação aos terminais mais avançados do mundo no que diz respeito à automação das operações e digitalização de processos. Ainda assim, o complexo santista é um dos mais atualizados do Brasil e tem futuro promissor nesse tema, em razão de investimentos recentes. A análise é do sócio-fundador da empresa T2S, Ricardo Pupo Larguesa, especialista em desenvolvimento de sistemas.

“Enquanto portos como o de Roterdã (Holanda) já operam com terminais ‘fantasmas’, sem a presença de trabalhadores, Santos ainda está em processo de modernização, com recentes investimentos para modernizar equipamentos e implementar tecnologias mais avançadas”, diz ele.

O Porto de Itapoá (SC), por exemplo, já iniciou operações remotas, indicando que, no Brasil, há terminais mais adiantados em termos de automação, explica Ricardo.

Como exemplo de investimentos ligados ao assunto no Porto de Santos, ele cita a renovação de contrato do Brasil Terminal Portuário (BTP) por mais 20 anos, que planeja investir R$ 1,9 bilhão em tecnologias avançadas, eletrificação de equipamentos e expansão da capacidade operacional em 40%.

“Além disso, a aquisição (de 48%) da Santos Brasil pelo grupo CMA CGM e a potencial licitação do STS10 (terminal para contêineres no cais do Saboó) indicam uma tendência de maior inovação e eficiência, com o objetivo de transformar Santos em um dos principais hubs (centros) da América Latina, alinhado aos padrões internacionais de automatiza-ção”, observa.

Realidade mundial
O consultor para assuntos portuários do Grupo Tribuna, Maxwell Rodrigues, também citou o olhar da Santos Brasil para a automação remota dos seus equipamentos. Ele classifica o processo como uma tendência natural a que todos terão que se adequar, por ser uma realidade mundial.

“A automação portuária no Brasil é algo que realmente vem acontecendo ao longo dos anos. A gente pode dizer que o Porto de Santos e, principalmente, os terminais privados já estão investindo muito nessa questão da automação”, afirma.
Maxwell ressalta que ela é importante para que o complexo portuário santista continue a ser competitivo, movimentando cada vez mais cargas com eficiência e velocidade.

“A perspectiva para o futuro é que todos os portos e terminais do Brasil se adequem a essa realidade, que é mundial e não exclusivamente algo que vem acontecendo no Porto de Santos”.

Outras iniciativas
Em nota, a Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) também destacou iniciativas da DP World nesse sentido. Um projeto de inteligência artificial (IA) envolve o controle de agendamento de veículos.

Há também intenção de se implantar para leitura de vagões, por igual método, mas fechado para a Suzano. Trata-se de produtora de celulose com quem a DP World mantém contrato de prestação de serviços de armazenagem e operação logística portuária.

“Apesar de ainda estarmos atrasados em comparação com o restante do mundo, o Brasil vem desenvolvendo diversas inovações nesse sentido. Um exemplo é o spreader automático, desenvolvido pela Portocel, e já exportado para o mundo. O equipamento realiza o engate automático dos fardos de celulose”, comenta também a ATP.

A entidade t cita a importância do 5G, considerado fundamental, uma vez que veículos autônomos requerem uma conexão contínua e em tempo real. “O Brasil ainda não possui um terminal portuário totalmente automatizado, com máquinas e equipamentos sendo controlados 100% de forma remota. No entanto, notamos que diversos terminais no Brasil já estão se adaptando para cada dia mais aumentar sua automatização”, afirma.

PETROLÍFERO

Petro Notícias - SP   10/10/2024

Com as atualizações e os testes de mar concluídos, o novo navio-sonda de perfuração em águas ultraprofundas Atlantic Zonda está pronto para embarcar em uma viagem ao Brasil, onde iniciará sua primeira missão de perfuração offshore para a Petrobrás, com duração de 36 meses. Construído com base no design Samsung 96K, o Atlantic Zonda é um navio-sonda de sétima geração, com capacidade para operações de perfuração em profundidades de água de até 12.000 pés. A sonda possui seis propulsores com capacidade de 4.500 KW cada e uma carga de gancho total de 1.250 toneladas, com uma carga variável de convés de 22.000 toneladas.

Os preparativos da sonda para as operações de perfuração no Brasil incluíram a instalação de sistemas críticos como carboximetilcelulose (CMC) e perfuração com pressão gerenciada (MPD), aprimoramentos no veículo operado remotamente (ROV) e um sistema de secagem de cascalho. Além disso, foram realizados upgrades no sistema de posicionamento dinâmico (DP), no sistema de gerenciamento do navio e no sistema de controle de perfuração, resolvendo a obsolescência dos equipamentos.

Além disso, seis propulsores foram reformados para garantir o desempenho ideal, e modificações foram implementadas para atender às regulamentações brasileiras e aos padrões da indústria. A sonda também foi preparada para as operações com a criação de um sistema de gestão de segurança, um sistema de manutenção do navio, um dossiê de segurança e a aquisição de peças sobressalentes, consumíveis, ferramentas e tubulações necessárias para a fase operacional.

A Eldorado Drilling comprou a sonda, anteriormente conhecida como Pacific Zonda, do estaleiro Samsung Heavy Industries em abril de 2023 por um valor estimado de US$ 200 milhões. A sonda foi originalmente encomendada pela Pacific Drilling em 2013 e posteriormente cancelada em 2015.

“Estamos entusiasmados em compartilhar a jornada do Projeto Zonda, gerido pela Pelago Management. Após a entrega inicial do navio Atlantic Zonda pela Samsung Heavy Industries e a execução das atualizações contratuais na Seatrium, em Singapura, o navio concluiu com sucesso os testes de mar no Mar da China Meridional. Agora, está preparado para a próxima fase, que inclui sua viagem ao Brasil e a finalização do programa de aceitação com a Petrobrás”, disse a Pelago Management em um comunicado postado no LinkedIn. “Fomentamos uma forte colaboração com a contratada de perfuração, Ventura Offshore, reforçando nosso compromisso com a excelência operacional! Gostaríamos de agradecer à equipe de projeto da Seatrium, NOV, Kongsberg Maritime, DNV, Inchcape Shipping Services, Crystal Offshore Middle East e muitos outros pelo trabalho árduo e dedicação em tornar o Projeto Zonda um sucesso retumbante”, concluiu.

 

Valor - SP   10/10/2024

Foco do planejamento 2025-2029 estará em petróleo e gás; investimentos podem alcançar US$ 110 bilhões, segundo projeções

Magda Chambriard: Petrobras divulgará primeiro plano sob gestão da CEO — Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Petrobras vai anunciar, em novembro, as diretrizes de negócios para os próximos cinco anos com investimentos que podem alcançar US$ 110 bilhões, ante os US$ 102 bilhões do plano atual, segundo apurou o Valor. A tendência é que a empresa mantenha a produção de petróleo e gás como carro-chefe. A prioridade do Plano Estratégico 2025-2029, o primeiro sob a gestão de Magda Chambriard, estará na exploração de novas fronteiras, caso da Margem Equatorial e da Bacia de Pelotas, e na atuação em petroquímica e fertilizantes. Os projetos em baixo carbono, que ganharam relevância na gestão anterior da companhia, ainda farão parte do plano, embora devam ter menor atenção.

As indicações de que o plano não deve priorizar os investimentos em baixo carbono chamam a atenção de analistas e de fontes próximas da companhia em meio a um cenário de emergência climática. Projetos de energia limpa, como eólica, solar e hidrogênio verde, ajudam a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Procurada, a Petrobras não quis comentar.

Na visão de analistas, os compromissos da estatal com o governo de ampliar a oferta de gás e de garantir a reposição de reservas de petróleo, além do perfil da própria presidente da Petrobras, devem fazer com que a aposta nos hidrocarbonetos seja o principal direcionador do novo plano, que ainda não tem data para ser anunciado e que deve ser submetido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes da divulgação.

Há receio de que haja aumento grande de capex e gere frustração na execução”

— Ilan Arbetman

O plano atual, para o período 2024-2028, prevê US$ 102 bilhões em investimentos, dos quais 11% voltados para iniciativas de baixo carbono (ver quadro abaixo). Não fica claro ainda qual será o percentual para energia limpa no novo plano, mas analistas descartam uma ênfase maior nessa área. Fontes ligadas à empresa dizem que todos os sinais do plano, até agora, apontam para desafios ligados ao aumento de reposição de reservas de petróleo e gás. As tarefas incluem, por exemplo, endereçar soluções para o licenciamento ambiental, tema diretamente vinculado à exploração da Margem Equatorial, e trabalhar na reposição de reservas. “Querem [a Petrobras] achar um novo pré-sal”, disse uma fonte. A descarbonização está citada no novo plano, mas não no topo da lista.

No ano passado, a diretoria de Jean Paul Prates, demitido em maio de 2024, propôs ao conselho de administração direcionadores para o plano. O pacote foi aprovado em junho de 2023, cinco meses antes da divulgação do plano em si, e tinha como um dos objetivos o aumento do investimento em iniciativas de baixo carbono. Neste ano, a companhia não divulgou esses direcionadores. Magda Chambriard assumiu a Petrobras em maio, o que, segundo os especialistas, deixou o prazo apertado para a elaboração desse passo preparatório.

Felipe Perez, chefe-estrategista de combustíveis e refino na S&P, afirma que existe uma expectativa do mercado para saber os direcionamentos da nova gestão da companhia, mas pondera que a estatal costuma fazer boas apresentações do plano. “É importante que a empresa seja transparente na mensagem para dar confiança tanto ao investidor quanto à própria população.” O analista reforça que, ainda que o documento ajude a entender os planos da diretoria, não é algo inflexível. “O plano determina a perspectiva da Petrobras e como ela quer se posicionar. Mas também temos em mente que esse plano não é escrito em rocha, ele tem de ser adaptado para novas condições de mercado que vão surgindo”, diz.

Para Ilan Arbetman, analista da Ativa, o valor total do investimento do plano atual pode aumentar diante da insatisfação do governo com a gestão passada da Petrobras: “Existem projetos em aberto que podem ser incluídos no plano. Mas, por outro lado, também há receio de que a nova gestão tenha um aumento grande desse volume e que gere uma frustração depois na execução do Capex [investimento], seja pela inflação dos custos ou por dificuldades com a regulação.”

Monique Greco, analista do Itaú BBA, afirma que a gestão atual da Petrobras já declarou não ter a intenção de alterar os direcionadores do plano atual. “Magda Chambriard tem reforçado que o foco é entregar o plano, não mudá-lo. Esperamos que haja ajustes anuais regulares, principalmente ajustes inflacionários, mas o foco permanecerá no crescimento da produção e na descoberta de novas reservas.” Na visão de Greco, o novo documento deve ilustrar uma inclinação maior para a “molécula” [biocombustíveis] do que para o “elétron” [geração de energia de fontes limpas], como os diretores têm destacado. “Pode ser que haja um rebalanceamento dos projetos, priorizando aqueles de biorrefino e combustíveis renováveis em detrimento de projetos focados em solar e eólica.”

A analista do Itaú BBA destaca alguns pontos que estarão no foco dos investidores na divulgação do plano. A curva de investimentos, dividida entre a chamada carteira em implantação, que são os projetos aprovados, e a carteira em avaliação, de processos que ainda estão no processo de aprovação. Na projeção de investimentos, Greco reforça a atenção sobre a potencial aquisição da refinaria de Mataripe, na Bahia, aquisição de bloco na Namíbia e investimento em navios para a Transpetro.

O volume de produção de petróleo e gás que deve ser projetado pela estatal para os próximos anos também desperta atenção. Isso porque, nos últimos planos, conforme lembra Greco, uma parte dos investidores defendeu que havia um “excesso de conservadorismo nas projeções de produção da Petrobras”. Outra parte do mercado reforça que existe um gargalo na cadeia de fornecedores do setor, o que pode atrasar projetos.

Entre fontes da empresa, ainda há dúvidas sobre a financiabilidade do novo plano considerando os parâmetros atuais da Petrobras na área financeira. A petroleira tem como política pagar 45% do fluxo de caixa livre na forma de dividendos e limita o teto da dívida a US$ 65 bilhões.

O diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, afirmou em entrevista à “Bloomberg” em 17 de setembro que o novo plano estratégico da estatal terá níveis realistas de investimentos e pode aumentar o limite de dívida da companhia. Segundo o executivo, as análises incluem níveis de caixa, investimentos e potencial aumento no teto atual de dívida. “Se houver um aumento do limite da dívida, isso não significa que vamos aumentar a dívida”, disse Melgarejo. “Seria apenas um limite para ter eventual flexibilidade.” Segundo o executivo, o próximo plano será ainda mais focado na expansão das reservas de petróleo e gás natural da empresa.

Infomoney - SP   10/10/2024

A Petrobras (PETR4) é uma das empresas pagadoras de dividendos mais notáveis do país nos últimos anos, no entanto, nem sempre o retorno das suas ações consegue o mesmo crédito.

Em 2024, por exemplo, tanto as ações preferenciais quanto as ações ordinárias acumularam, em média, 11,6% de valorização – um número positivo, mas muito abaixo da petroleira de destaque no ano.

A ação brasileira de óleo e gás que mais se valorizou no acumulado do ano até setembro foi da Refinaria de Petróleos Manguinhos (RPMG3) – uma empresa de menor capitalização e maior volatilidade, que acumula ganhos altíssimos no período.
Segundo dados levantados pela Quantum Finance, a ação disparou 40,09% neste ano. Já os papéis ordinários da Petrobras (PETR3) subiram 13,54%, enquanto os preferenciais ganharam 9,69% de valor no ano.

O desempenho é distante do observado no ano anterior, quando o avanço da Refinaria Manguinhos foi de 24,7%, mais de três vezes menor do que o da Petrobras, que subiu quase 100% na mesma janela.

Veja a lista de valorização das petroleiras em 2024 e nos últimos 12 meses:

Empresa (ticker) Ações – 12 meses Ações – 2024
Refinaria Manguinhos (RPMG3) 26,38% 40,09%
Petrobras (PETR3) 20,98% 13,54%
Petrobras (PETR4) 22,44% 9,69%
Vibra (VBBR3) 33,45% 8,95%
OceanPact (OPCT3) 22,46% 8,19%
OSX (OSXB3) -17,31% 1,65%
PetroRio (PRIO3) -7,74% -5,91%
PetroRecôncavo (RECV3) -6,42% -12,16%
Ultrapar (UGPA3) 15,92% -18,01%
Raízen (RAIZ4) -9,19% -22,46%
Cosan (CSAN3) -21,00% -30,06%
Brava (BRAV3) -43,52% -32,13%
Lupatech (LUPA3) -38,86% -38,05% Dividendos insuperáveis da Petrobras

A Refinaria Manguinhos pode até ter chances de superar as ações da Petrobras em valorização, mas em termos de dividendos nenhuma empresa do setor se aproxima – algumas no exterior até chegam perto.

Segundo os dados da Quantum, o dividend yield (retorno apenas com dividendos) da Petrobras no acumulado de 2024 está em 17,73% para as ações preferenciais e em 16,14% para as ações ordinárias. Até o segundo trimestre do ano, o montante pago pela empresa estatal era de R$ 23 bilhões, segundo a gestora britânica Janus Henderson.

Os dados da Quantum mostram a PetroRecôncavo com o segundo maior dividend yield do setor, de 11,30%. Veja a lista completa:

Empresa (ticker) Dividend yield – 12 meses
Petrobras (PETR3) 17,73%
Petrobras (PETR4) 16,14%
PetroRecôncavo (RECV3) 11,30%
Vibra (VBBR3) 7,31%
Raízen (RAIZ4) 5,79%
Cosan (CSAN3) 3,45%
Ultrapar (UGPA3) 3,06%
Brava (BRAV3) 1,13%
PetroRio (PRIO3) 0,17% Fonte: Quantum Finance

Infomoney - SP   10/10/2024

Os estoques de petróleo nos Estados Unidos tiveram alta de 5,81 milhões de barris, a 422,741 milhões de barris, na semana encerrada em 4 de outubro, informou nesta quarta-feira, 9, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) do país. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal esperavam alta de 1,3 milhão de barris.

Os estoques de gasolina caíram 6,304 milhões de barris, a 214,898 milhões de barris, enquanto a projeção era de queda de 300 mil barris.

Já os de destilados caíram 3,124 milhões de barris, a 118,513 milhões de barris, quando a previsão era de queda de 1 milhão de barris.
A taxa de utilização da capacidade das refinarias caiu de 87,6% na semana anterior para 86,7% na mais recente, contra expectativa de alta a 87,7%.

Os estoques de petróleo no centro de distribuição de Cushing tiveram crescimento de 1,247 milhão de barris, a 24,914 milhões de barris.

Já a produção média diária dos EUA aumentou de 13,3 milhões de barris para 13,4 milhões de barris no período.

Valor - SP   10/10/2024

No passado, investimentos da Petrobras no exterior resultaram em perdas para a empresa e em denúncias de corrupção

A reposição de reservas de petróleo é um dos objetivos da Petrobras para os próximos anos, o que vem sendo reforçado pela gestão de Magda Chambriard. Para Marcus D’Elia, sócio da Leggio Consultoria, está claro que, em busca dessa meta, a presidente da estatal vai priorizar a exploração e produção de petróleo e gás em vez das fontes renováveis. “O desenvolvimento de eólicas offshore, por exemplo, que estava no plano atual, não avançou como o esperado. Precisamos ver se a companhia vai insistir nisso ou se vai remodelar para incluir eólicas onshore”, afirma.

O analista destaca que um dos caminhos para reposição das reservas é a atuação internacional da Petrobras, que tem ganhado novos caminhos desde antes da gestão Chambriard. “A globalização sempre foi um anseio da equipe técnica da Petrobras, e ser bem-sucedida em produção de petróleo em outros lugares do mundo. Magda [Chambriard] vem desse corpo técnico e aprecia essa ideia.”

No passado, os investimentos da Petrobras no exterior resultaram em perdas para a empresa e em denúncias de corrupção, daí que uma nova tentativa seja vista com ressalvas pelo mercado.

D’Elia reforça que o plano atual já previa o investimento de US$ 3,1 bilhões nas bacias da Margem Equatorial, divididos em 16 poços. O especialista observa que, com a inviabilidade da exploração da Foz do Amazonas até agora, parte desse valor não foi executado em 2024. A Margem Equatorial envolve bacias desde o Amapá até o Rio Grande do Norte. “É bom observar se o patamar desses investimentos será mantido”, diz D’Elia.

Uma fonte ligada ao mercado financeiro afirma que os anúncios recentes da estatal de entrada e interesse em ativos no exterior podem ser uma forma de alertar o governo sobre o entrave da Margem Equatorial. “Esses investimentos fora são uma forma de mostrar que, se não estão conseguindo investir internamente, vão gastar esse dinheiro e desenvolver em outro lugar.” Segundo a fonte, os projetos de transição energética não devem andar na mesma velocidade e não devem ter a mesma relevância.

RODOVIÁRIO

O Estado de S.Paulo - SP   10/10/2024

A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou nesta terça-feira, 8, o projeto de lei que autoriza a contratação da parceria público-privada (PPP) para construção e operação do túnel imerso que ligará Santos a Guarujá.

Planejado há quase 100 anos, o principal objetivo da obra é melhorar o fluxo de pedestres, cargas e automóveis que transitam entre as duas cidades do litoral, com reflexos em pelo menos nove municípios da Baixada Santista. É uma tentativa de resolver um histórico gargalo de mobilidade, impactando a vida de dois milhões de pessoas.

O túnel será construído embaixo do mar e terá 870 metros de extensão, garantindo um trajeto mais ágil para pedestres, ciclistas, motociclistas, veículos de passeio e veículos comerciais. Hoje, em média 78 mil pessoas por dia cruzam as duas margens por meio de balsas, além de mais de 20 mil veículos, segundo o governo do Estado.

Após a entrada em operação, a travessia entre os municípios poderá ser realizada em menos de cinco minutos e não estará suscetível a neblinas, ressacas ou mesmo aos impactos decorrentes de navios que atracam no Porto de Santos.

A Autoridade Portuária de Santos, empresa pública responsável pela gestão do Porto de Santos, tem previsão de tempo para o trajeto ainda menor: abaixo de dois minutos. Hoje, a travessia por balsas tem tempo estimado de 18 minutos, fora a espera nas filas de embarque.

Com investimento total estimado de R$ 5,9 bilhões, as obras deverão gerar aproximadamente 9 mil empregos, afirma o governo do Estado.

Qualificado no Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) e integrado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o projeto do túnel imerso prevê que 86% do investimento deverá vir de aporte público dividido igualmente entre o governo de São Paulo e a União, além de participação da iniciativa privada.

Como será o túnel?

O trecho vai ligar as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, ao bairro Vicente de Carvalho, em Guarujá. Além da passagem de veículos, o túnel contará com área de circulação para ciclistas e pedestres instalada entre as seis vias de pista - três faixas por sentido, sendo uma delas adaptável ao VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). O empreendimento ainda permitirá a integração dos sistemas de transportes públicos na região.

Haverá, com o túnel, ganho em relação ao trajeto de uma hora para percorrer os 43 quilômetros de estrada que separam as duas cidades.

A balsa que é usada para o trajeto hoje opera de 15 em 15 minutos, com capacidade para 872 veículos por hora, mas depende da movimentação do Porto de Santos. O serviço é interrompido quando os navios circulam – são 35 por dia. A média de espera é de 20 a 60 minutos.

Uma solução para a travessia entre Santos e Guarujá já vem sendo discutida há quase um século. Entre muitas controvérsias, já foram considerados desde bonde elétrico até uma ponte estaiada que ligaria as cidades, mas nenhum projeto teve sucesso.

Em 2011, o governo decidiu pelo túnel submerso, apresentando os projetos e o estudo ambiental para abrir a licitação, mas o processo foi cancelado em janeiro de 2015.

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