Clipping Diário

11 | Outubro | 2024

ECONOMIA

CNN Brasil - SP   11/10/2024

Secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello afirmou, em entrevista à CNN, que a reforma tributária e a recuperação do investimento no país devem permitir à economia brasileira crescer de 3% a 3,5% sem pressionar a inflação. Esta capacidade é conhecida como PIB potencial.

“Estes fatores somados podem elevar nosso PIB potencial, dos atuais 2,5%, para algo entre 3% e 3,5%”, disse o secretário, que recebeu a CNN na sede do Ministério da Fazenda em São Paulo.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou, em julho, sua estimativa de PIB potencial do Brasil, para os mesmos 2,5%. O crescimento robusto da economia em 2023 e 2024, combinados à inflação controlada, levou atores de mercado a recalcularem projeções sobre a capacidade de o país crescer sem pressionar preços.

“O PIB potencial não é estático, é uma fotografia do cenário atual. Com nossa atual estrutura produtiva, desempenho macroeconômico, nível de investimento, podemos crescer em torno de 2,5% sem pressionar muito a inflação”
Guilherme Mello, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda

Para Mello, somente os impactos da tributária, a depender de detalhes de implementação, podem elevar o PIB potencial em 0,5 pontos percentuais. Estudos preveem que a economia brasileira terá crescimento adicional mínimo de 12% no médio prazo em consequência da reforma — e esta mudança no potencial colaboraria para um avanço saudável.

A recuperação do investimento é outra das apostas. A expectativa nesta frente é puxada tanto por dados recentes, como a Formação Bruta de Capital Fixo no segundo trimestre (alta de 2,1%), quanto por anúncios do setor privado para investimentos no médio prazo, especialmente na indústria (confira abaixo parte deles).

Setor de TICs – R$ 85,7 bilhõesSetor Automotivo – R$ 130 bilhõesSetor de Alimentos – R$ 120 bilhõesSetor de Aço – R$ 100 bilhõesSetor de Papel e Celulose – R$ 105 bilhõesSetor de Saúde – R$ 39,5 bilhões

Na análise do secretário, também contribuirá o avanço nas exportações de petróleo pelo Brasil, que vão avançar até 2030 e turbinar a economia. Mello diz ainda que o esforço por reformas não se limita à tributária e menciona, por exemplo, impactos positivos do marco de garantias para o crédito no país.

IstoÉ Dinheiro - SP   11/10/2024

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) elevou de 2,4% para 3,4% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024. Já a perspectiva de alta do PIB da indústria passou de 2,3% para 3,2%. Os dados constam no Informe Conjuntural do 3º trimestre, divulgado pela entidade nesta quinta-feira, 10.

Em nota divulgada à imprensa, o superintendente de economia da CNI, Mário Sérgio Telles, explicou que a revisão do PIB de 2024, é explicada pelo crescimento da economia no primeiro semestre, acima das expectativas da entidade. “Além disso, os fatores que têm contribuído para o crescimento não devem desaparecer até o fim do ano e o segundo semestre vai ter como base de comparação o período mais fraco da atividade em 2023”, avaliou.

A CNI acredita ainda que o aumento do consumo das famílias, a alta da massa salarial, a maior oferta de crédito e os gastos do governo continuarão impulsionando a atividade econômica na segunda metade deste ano, mesmo que em uma intensidade menor.

A projeção da CNI está mais otimista do que a mediana do mercado financeiro, de alta de 3%, segundo a última pesquisa Focus.

O informe divulgado nesta quinta aponta que a taxa de desemprego deve continuar no mesmo patamar até o fim do ano, de 6,9% conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a massa de rendimentos tende a crescer 7,4%.

Em relação ao PIB industrial, a CNI reviu a projeção de alta de 2,3% para 3,2%. A indústria de transformação deve avançar 2,8% em 2024, recuperando-se da queda de 1,3% no ano passado. A maior demanda por bens industriais, segundo a entidade, explica a melhoria do segmento este ano.

Já a indústria da construção deve crescer 3,7%, acima do PIB. “A maior demanda e os lançamentos do Programa Minha Casa, Minha Vida ajudam a explicar a projeção positiva para o segmento”, diz a CNI. O PIB da indústria extrativa deve crescer 3,1%, enquanto o segmento de eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos deve subir 3%.

A CNI aponta que a atividade do setor de serviços deve registrar um crescimento de 3,5%, o maior entre os demais segmentos, mantendo-se elevado assim como ocorreu no primeiro semestre. Já no caso do PIB da agropecuária, a entidade projeta uma queda de 3% em 2024 na comparação com o ano passado.

“Embora a produção animal tenha se expandido fortemente no primeiro semestre de 2024, o crescimento não compensa o impacto da queda da produção vegetal, afetada pelas adversidades climáticas relacionadas ao El Niño após um 2023 de desempenho muito positivo”, diz o documento.

Na projeção da taxa básica de juros, a CNI espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central faça mais dois aumentos de 0,25 ponto percentual na Selic, fechando o ano em 11,25%. Hoje, a taxa está em 10,75% ao ano.

Na avaliação de Telles, os efeitos da alta na taxa básica de juros devem ser percebidos efetivamente a partir do ano que vem. “Como esse aumento (da Selic) começou recentemente, não deve ser sentido totalmente em 2024. A elevação da Selic deve impactar negativamente o crédito, o consumo e o crescimento econômico em 2025. É o ponto de maior preocupação da CNI com relação ao cenário econômico”, diz.

Mesmo em um contexto de política monetária mais restritiva, a CNI espera crescimento de 7,3% nas concessões totais de crédito este ano. Já os investimentos devem subir 5%, conforme a entidade.

Segundo Telles, o maior volume de investimentos na construção e na compra de bens de capital, como máquinas e equipamentos, são sinalizações positivas. “É um sinal de que a capacidade de produção da economia brasileira está aumentando e isso pode sustentar um ritmo de crescimento em torno de 3% nos próximos anos”, avalia.

Para a CNI, a tendência é que a expansão dos gastos públicos continue no segundo trimestre, mas a um ritmo mais lento do que o observado na primeira metade do ano. A entidade projeta que o governo federal terá um déficit primário de R$ 51,1 bilhões, o equivalente a 0,44% do PIB. “Até o final de 2024, é esperada redução no ritmo de crescimento das despesas primárias, em relação ao observado até agosto, o que representa menor impulso fiscal para a atividade econômica”, diz o relatório.

O setor público consolidado – que engloba governo federal, governos regionais e suas respectivas estatais – deve alcançar déficit primário de R$ 39,8 bilhões (0,34% do PIB), em 2024, ante déficit de R$ 249,1 bilhões (2,29% do PIB), em 2023, segundo a CNI. Já a dívida bruta, de acordo com a entidade, deve alcançar o patamar de 78,7% do PIB este ano.

Infomoney - SP   11/10/2024

As autoridades do Federal Reserve devem reduzir a taxa de juros em 25 pontos-base no próximo mês e continuar reduzindo-a gradualmente até chegar a 3,5%, ou possivelmente menos, no final do próximo ano, com base em apostas de operadores nesta quinta-feira (10).

Esse é um ritmo ligeiramente mais acentuado de cortes do que os mercados financeiros vinham prevendo antes de dados divulgados nesta quinta mostrarem que o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos subiu 2,4% em setembro na base atual e que os pedidos semanais de auxílio-desemprego aumentaram.

Economistas consultados pela Reuters esperavam que a inflação desacelerasse para 2,3%, ante avanço de 2,5% em agosto. O aumento nos pedidos de auxílio-desemprego, atribuído em grande parte ao furacão Helene, foi maior do que o esperado.
Após os dados, operadores abandonaram as apostas de que o Fed poderia manter os juros inalterados na reunião do próximo mês. E, embora a maior parte das apostas continue refletindo a expectativa de que o Fed irá parar de cortar os juros quando chegar à faixa de 3,50% a 3,75% em meados de 2025, começaram a surgir apostas de um ponto final mais baixo no fim de 2025 ou no início de 2026.

A taxa de juros dos EUA está atualmente na faixa de 4,75% a 5,00%, depois que o Fed a reduziu os juros em 50 pontos em setembro, no que as autoridades chamaram de “recalibragem” para levar em conta a desaceleração da inflação e o esfriamento do mercado de trabalho no ano anterior.

“O ganho maior do que o previsto no índice de preços ao consumidor de setembro não sinaliza uma reaceleração da inflação, nem impedirá o Federal Reserve de cortar os juros em 25 pontos-base em sua reunião de novembro”, escreveu Ryan Sweet, economista-chefe da Oxford Economics para os EUA.

“O Fed precisa continuar normalizando a taxa de juros para manter a economia no caminho de um pouso suave.”

Money Times - SP   11/10/2024

Nos últimos meses, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) tem apresentado sinais de recuperação em relação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), revertendo uma trajetória que, até recentemente, favorecia o IPCA como o índice mais elevado.

O IGP-M, que historicamente é mais volátil devido à sua maior sensibilidade aos preços no atacado e à variação cambial, voltou a superar o IPCA pela primeira vez em quase dois anos.

Entre dezembro de 2022 e julho de 2024, o IPCA liderou as medições de inflação anualizada, com uma diferença consistente sobre o IGP-M. Em dezembro de 2022, por exemplo, o IPCA registrou 5,78% contra 5,45% do IGP-M.

A supremacia do IPCA permaneceu constante por 20 meses, até julho de 2024, quando o índice de inflação ao consumidor marcava 4,5%, enquanto o IGP-M ficou ligeiramente atrás, com 3,82%.

A reviravolta ocorreu em agosto de 2024, quando o IGP-M fechou o mês com uma inflação anualizada de 4,26%, superando os 4,24% do IPCA. Essa tendência foi consolidada em setembro, com o IGP-M avançando para 4,53%, enquanto o IPCA manteve-se em 4,42%, evidenciando a volta da inflação medida pelo IGP-M para o patamar superior.

Como o dólar impacta a inflação do Brasil

Esse movimento reflete uma maior pressão sobre os preços no atacado, impactados, em grande parte, pela valorização do dólar. Como o IGP-M é fortemente influenciado pelos preços das commodities e pelos custos de importação, a moeda norte-americana desempenha um papel fundamental na sua variação.

A recente valorização do dólar frente ao real tem pressionado os custos de matérias-primas e insumos industriais, que acabam por afetar diretamente o IGP-M, enquanto o IPCA — mais focado no varejo e no consumo das famílias — ainda demonstra resistência a esses repasses.

Além disso, setores como a construção civil, representados no índice pelo INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), também enfrentam altas de preços, influenciando a composição final do IGP-M. Mesmo assim, o impacto dessas elevações sobre o consumidor final tende a ser mais diluído, refletido nas variações menores do IPCA.
Perspectivas para os próximos meses

O cenário futuro aponta para uma continuidade dessa tendência de alta no IGP-M, caso a pressão cambial persista e os preços dos insumos industriais continuem subindo.

Por outro lado, o comportamento do IPCA dependerá fortemente de como o Banco Central vai administrar a taxa de juros e conter o consumo para evitar a disseminação desses aumentos ao varejo.

Com a proximidade do fim do ano, é crucial observar como esses dois indicadores continuarão a interagir. Historicamente, o IGP-M tem picos mais abruptos, mas também tende a se estabilizar mais rapidamente, enquanto o IPCA, ao ser mais rígido, apresenta um impacto prolongado, principalmente sobre o poder de compra da população.

Caso o dólar permaneça em patamares elevados, o IGP-M poderá continuar superando o IPCA, o que é um sinal de alerta para contratos de aluguel e energia, ambos indexados ao IGP-M.

Essa nova fase do IGP-M serve como um lembrete da complexidade dos indicadores de inflação no Brasil e da importância de acompanhar esses movimentos para ajustar contratos, investimentos e planejamento financeiro.

O Estado de S.Paulo - SP   11/10/2024

As evidências econômicas apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3%, em 2024. Mais importante, desde 2020, o mundo real vem surpreendendo governo e analistas, que são obrigados, ao final do ano, a rever para cima as expectativas de início de ano. Ao que parece uma via favorável.

No Brasil, no entanto, até boa notícia vira problema. Os temores de que o produto corrente (bens e serviços ofertados) chegue perto do produto potencial (capacidade instalada de produção) colocaram em movimento a gritaria do mercado financeiro contra o aquecimento da economia. Mas tem remédio, segundo eles, é só aumentar a taxa Selic.

Infelizmente, a “teoria econômica” parece, agora, se resumir a monitorar índices de preços e aplicar o remédio de manipular a Selic. Pois afirmo que não é. É preciso ir muito além, analisar a dinâmica dos mercados, internos e externos, verificar os movimentos dos agentes econômicos e prever fluxos e estoques no médio prazo. Enfim, o exercício da análise econômica é muito mais do que apenas olhar a inflação.

Uma visão da economia brasileira dos últimos meses mostra que o crescimento se deve a três fatores principais: a) a propagação dos efeitos internos do ótimo desempenho externo das commodities; b) o gasto público do governo federal e dos Estados e municípios; c) uma discreta retomada do consumo, dados os represamentos dos últimos tempos e o aumento da renda.

Uma autoridade monetária tem o compromisso de regular a economia olhando o presente e o futuro, mesmo que só o próximo. Não fosse assim, deveríamos proibir negociações em juros futuros. O Banco Central (BC) tem que avaliar a posição atual e estimar os efeitos desse movimento na dinâmica da economia.

Não há necessidade de ser um gênio para ver o óbvio. Nossa exportação de bens primários não terá o mesmo desempenho. A China, nosso principal cliente, enfrenta sérios desafios econômicos. Além disso, o movimento da taxa de câmbio deve retroagir com o maior diferencial de juros brasileiro frente ao dos países desenvolvidos. Assim, difícil prever que o crescimento continue sendo favoravelmente afetado pelas commodities.

No campo do gasto público, o descrédito é evidente, dado que o Ministro da Fazenda sempre aparece como algoz da Esplanada dos Ministérios. Dada a prevalência das expectativas que colocam o fiscal como vilão, o governo terá que se render e entregar contas públicas que sustentem o arcabouço fiscal.

E o consumo? Um mínimo conhecimento de economia deixa transparente que o consumo até pode dar espasmos, mas não se sustenta sem uma construção de pilares consistentes no campo do investimento.

A pergunta então é: se os pilares da expansão dos últimos meses não devem se sustentar, quais os motivos do Banco Central para frear o nível de atividade com uma perspectiva de elevação da taxa de juros de 10,75% para algo como 11,75%, ao final do ano?

Terá o Banco Central informações de que os investimentos privados estejam explodindo? Considero esta uma inverdade de fácil constatação. Entre 2011 e 2014, a formação de capital situou-se entre 20% e 21% do PIB. Caiu a 14%, em 2017, e hoje chega a pífios 16,8% do PIB (segundo trimestre de 2024). Note-se que o setor público pode explicar só um terço da derrocada.

Aqui temos que encarar a realidade. A economia brasileira não conseguiu se inserir nos novos fluxos de comércio e não dispõe de uma integração à produção global. Nesta constatação não vai nenhuma crítica às commodities. Ao contrário, estão salvando o Brasil de uma estagnação secular. A nossa produção industrial, por exemplo, ainda se encontra 15% abaixo do patamar de 2011, marcando um retrocesso talvez intransponível.

Reorganizar a inserção da economia brasileira no mundo envolve investimento em infraestrutura e em capacidade de produção de bens e serviços, dotando a economia de vantagens concorrenciais e nexos de produção em articulação com o resto do mundo.

Infelizmente, o movimento de ajuste da Selic realizado pelo Banco Central produziu uma imediata elevação dos juros futuros, com impactos previsíveis sobre o crédito. Aumentar os juros reduz a atratividade do investimento. Ou seja, para parar uma economia com poucas expectativas de crescer, o Banco Central sufoca o crescimento do PIB potencial.

A decisão de um novo ciclo de alta da Selic não é compatível com as previsões sobre a economia nos próximos meses, assim como não há explicação para a taxa de juros de equilíbrio da economia brasileira ser estimada em patamares tão elevados. Os níveis de civilização já atingidos pelo Brasil exigem que o Banco Central explicite as razões que o levaram a elevar a Selic com “teoria econômica”.

O mundo, no entanto, confia mais no Brasil do que os brasileiros. Uma das maiores agências de classificação de risco acaba de elevar o rating brasileiro para algo próximo ao grau de investimento. Ela olhou um conjunto dos indicadores econômicos, não apenas a inflação. Isso explica a diferença entre o ânimo externo com a economia e o mundo de pesadelos do nosso BC.

O Estado de S.Paulo - SP   11/10/2024

Rememorar duas outras alterações importantes na classificação do risco soberano do Brasil, ocorridas nos últimos 16 anos, ajuda a dar perspectiva histórica à extemporânea elevação da classificação do Brasil anunciada há poucos dias pela agência Moody’s.

Vale a pena relembrar a obtenção do grau de investimento pelo País, em maio de 2008, e sua perda, em setembro de 2015. Com o benefício da visão retrospectiva, é fácil perceber que, nos dois casos, sobram razões para críticas ao timing das alterações.

Por qualquer ângulo que se analise, a concessão de grau de investimento em maio de 2008 foi tardia. Teria feito muito mais sentido no fim de 2006 ou, no mais tardar, no início de 2007. O irônico é que, quando, afinal, a concessão se deu, já não havia mais dúvida de que a política econômica que lograra tanto êxito no início do primeiro mandato de Lula estava sendo claramente abandonada.

O descarrilamento da política econômica petista foi um longo processo. A política do segundo governo Lula já foi, em boa medida, conduzida por Dilma Rousseff. O que se presenciou, especialmente a partir de 2008, quando, enfim, a bandeira da “nova matriz econômica” pôde ser ostensivamente desfraldada, foi o inexorável desenrolar do desastre, como num grande acidente ferroviário filmado em câmera lenta.

O que espanta é que, indiferentes a tudo isso, as agências de avaliação de risco tenham preservado o grau de investimento do Brasil por sete longos anos, até setembro de 2015, já quase ao final do primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff.

Vista em retrospectiva, portanto, o caráter extemporâneo da elevação da classificação do risco soberano do País pela Moody’s não chega a ser novidade. Mas, desta vez, pelo menos, tanto a Standard & Poor’s como a Fitch já deixaram mais do que claro que mantêm visões muito distintas do que está ocorrendo no País e não estão propensas a acompanhar a Moody’s.

Em Brasília, houve quem, enrolado na bandeira nacional, se permitisse declarar que todo brasileiro deveria estar feliz com a nota da Moody’s. Errado. Um efeito fundamental da melhora da nota é dar ao governo certeza de que está no caminho certo. Será péssimo para o Brasil se o governo se convencer de que estará no caminho certo se continuar a se “esfalfar” para cumprir uma meta pífia de déficit primário “quase zero”, enquanto a dívida bruta como proporção do PIB sofre um salto de mais de 12 pontos porcentuais num único mandato presidencial. É disso que se trata.

Money Times - SP   11/10/2024

Os dados de inflação mais fortes do que o esperado nos Estados Unidos (EUA) reforçam as expectativas de um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) nos juros pelo Federal Reserve (Fed) na reunião de novembro, afirmam economistas.

Após a divulgação do CPI, os investidores, inclusive, firmaram suas apostas em uma redução menor na taxa, com 80,3% de chances, segundo o CME FedWatch. A possibilidade de um corte de 0,50 p.p. saiu da mesa e, agora, os demais 19,7% esperam uma manutenção nos juros.

Em setembro, o índice de preços ao consumidor subiu 0,2% na base mensal e foi a 2,4% na anual — a variação em 12 meses foi a menor desde fevereiro de 2021. Já o núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,3% no mês e foi a 3,3% em um ano.

A economista do ASA, Andressa Durão, afirma que o desempenho do núcleo é o que preocupa, por ser o segundo mês consecutivo em que vem acima do esperado.

“O número traz de volta o risco de um retorno mais lento da inflação à meta e corrobora uma desaceleração do ritmo de queda dos juros por parte do Fed na reunião de novembro, já que a ameaça de deterioração adicional do mercado de trabalho foi reduzida com o último relatório de emprego”, diz.

Segundo Durão, se o país retornar para o cenário de emprego forte, o comitê do banco central norte-americana volta a olhar para a inflação como principal driver para as decisões de juros no curto prazo.

Em relação ao mercado de trabalho, o economista sênior do Inter, André Valério, afirma que o último payroll já havia sido forte o suficiente para fechar a porta para um novo corte de 0,50 p.p. — o CPI de hoje confirma essa tendência, diz.

“Dado o último payroll, muito acima do esperado e com aceleração nos salários, o resultado do CPI de hoje não foi reconfortante para o Fed”.

“Até a próxima reunião teremos mais uma divulgação de payroll, que será fundamental para o próximo passo da política monetária. Caso tenhamos outro relatório de emprego tão forte quanto o último, o Fed pode, inclusive, se ver na posição de não cortar em novembro”, afirma.

Apesar da análise, Valério diz que o Fed ainda tem condições de cortar os juros em 0,25 p.p. em novembro, mas ressalta que “a incerteza sobre a taxa terminal começa a aumentar”.

Wall Street após o CPI

Wall Street operava em baixa nesta quinta-feira (10), após os dados de inflação acima do esperado nos EUA.

Dow Jones caía 0,18%, para 42.433,87 pontos, enquanto S&P 500 perdia 0,27%, a 5.776,16 pontos, e Nasdaq Composite tinha queda de 0,38%, para 18.222,22 pontos.

Os setores sensíveis aos juros caíam, com o setor imobiliário perdendo 0,6%, enquanto o de tecnologia da informação caía 0,5%.

*Com informações da Reuters

MINERAÇÃO

Exame - SP   11/10/2024

Gustavo Pimenta, o novo CEO da Vale (VALE3), reuniu-se com analistas do mercado para apresentar sua visão e metas para a empresa na quarta-feira, 9. Durante o encontro, demonstrou 'um forte senso de urgência' na resolução de questões-chave para a companhia, como o acordo final do caso Samarco e a renovação da concessão da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM).

Segundo os relatórios dos analistas, essas duas pendências representam grandes obstáculos para a Vale e sua resolução traria maior estabilidade e confiança para os investidores.

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A conclusão do acordo de Samarco, que envolve questões ambientais e indenizações pelo desastre de 2015, deve ser resolvida até o final de outubro ou início de novembro. Essa resolução é crucial para eliminar incertezas financeiras e jurídicas que pairam sobre a Vale há quase uma década.

Da mesma forma, a renovação da concessão da EFVM, fundamental para o transporte de minério de ferro da companhia, garantirá a continuidade logística.

Os analistas que participaram da reunião ficaram satisfeitos com as declarações de Pimenta.

O Itaú BBA destacou que o novo CEO está “focado em destravar valor no longo prazo”, mencionando a importância de resolver os “overhangs” e melhorar as relações institucionais com o governo.

Já o Goldman Sachs ressaltou que Pimenta "traz um novo começo para as relações institucionais", o que poderia reduzir as incertezas que afetam a percepção dos investidores. O BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame) também elogiou a postura do executivo, apontando uma "senso de urgência" em acelerar os ajustes necessários para o crescimento da empresa.

Foco na produção

Além de abordar esses desafios, Pimenta previu um aumento de produção de minério de ferro para até 350 milhões de toneladas por ano (ante 321 milhões de toneladas em 2023) até 2026, com foco em melhorar a qualidade do produto e reduzir custos.

O foco é trazer eficiência, levando o custo de produção do minério para menos de US$20 por tonelada, o que poderia gerar maior competitividade no mercado internacional, especialmente contra os produtores australianos.

No fim do segundo trimestre, esse indicador estava em US$ 29 por tonelada.

Os analistas veem a promessa de aumento de produção com otimismo, mas ressaltam que a capacidade de execução e a melhoria contínua serão fundamentais para que a Vale atinja esses objetivos.

Segundo o BTG, “a melhoria na eficiência operacional e a produção de produtos de maior qualidade podem destravar valor significativo para a Vale nos próximos anos”.

Infomoney - SP   11/10/2024

Os preços futuros do minério de ferro na bolsa de Dalian caíram nesta quinta-feira, devolvendo ganhos registrados mais cedo, já que a incerteza em torno dos planos de estímulo fiscal da China obscureceu o sentimento do mercado, embora a demanda sazonal mais firme por produtos siderúrgicos tenha limitado as perdas.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 1,02%, a 775,5 iuanes (109,65 dólares) a tonelada.

O minério de ferro para novembro na Bolsa de Cingapura recuava 0,65%, a 104,2 dólares a tonelada.
Os mercados de commodities permanecem sob pressão, uma vez que as esperanças de novas medidas de estímulo chinesas desapareceram, disseram analistas do ANZ em nota.

Ainda assim, os futuros do minério de ferro registraram ganhos mais cedo, depois que a China anunciou outro briefing sobre medidas de apoio, aumentando a especulação de mais ações, acrescentou o ANZ.

O Estado de S.Paulo - SP   11/10/2024

Um projeto multibilionário para produção de minério de ferro na Bahia, lançado há mais de uma década pelo governo Lula 2 e de grande interesse da gestão petista estadual, começa a ganhar tração com um impulso do governo federal. Trata-se do complexo industrial da Bahia Mineração (Bamin), formado pela mina Pedra de Ferro, em Caetité (BA), por um trecho da ferrovia Oeste-Leste (Fiol) e por um terminal portuário em Ilhéus (BA).

O negócio, segundo apurou o Estadão, conta com duas “alavancas” para finalmente sair do papel. A primeira é a liberação de financiamentos por parte de instituições financeiras públicas ou de verbas do próprio Orçamento. Já a segunda envolve um plano de aquisição da empresa, que desde 2010 é controlada pela Eurasian Resources Group (ERG), com origem no Cazaquistão e sede em Luxemburgo. A compra da empresa está sendo estudada pela Vale.

Nos últimos cinco anos, o grupo cazaque tentou atrair sócios estratégicos para viabilizar investimentos da ordem de R$ 30 bilhões no complexo da Bamin, mas não obteve sucesso. Agora, para sair do negócio, está pedindo no mínimo o valor que aportou até hoje na companhia: US$ 1,2 bilhão, o equivalente a R$ 6,5 bilhões, segundo pessoas que acompanham as conversas. Esse valor não considera o que pagou na compra da empresa, em 2008 e 2010, um total de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 1,7 bilhão, com base na cotação do dólar à época).

A compra do complexo industrial, por valores ainda não definidos, está sendo analisada dentro da Vale pela diretoria de fusões e aquisições, segundo pessoas ouvidas pela reportagem, que falaram na condição de anonimato. A aquisição se daria por meio de um consórcio, que envolveria também a Cedro, uma mineradora de médio porte de Minas Gerais, e o BNDESPar, o braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O negócio ainda depende de uma série de tratativas internas no âmbito do banco de fomento e das empresas envolvidas nas conversas. Mas, nesse meio tempo, a Bamin já vem recebendo um “impulso” federal.

No fim de setembro, a mineradora baiana ganhou prioridade para um empréstimo de R$ 4,6 bilhões do Fundo da Marinha Mercante (FMM). O objetivo é ajudar a viabilizar a construção do terminal portuário em Ilhéus, cujo investimento é orçado em US$ 1,3 bilhão (R$ 7,1 bilhões). O FMM é um fundo público vinculado ao Ministério de Portos e Aeroportos e é abastecido pela arrecadação advinda de uma taxa que incide sobre o transporte de cargas.

Para obras de infraestrutura portuária, o FMM oferece carência de até quatro anos e prazo de amortização que pode se estender por 20 anos. Os juros anuais variam de 2% a 7%, a depender do porcentual de conteúdo nacional e de itens importados. Para efeito de comparação, a taxa básica de juros da economia (Selic) está em 10,75%.

O BNDES será o agente financeiro que viabilizará o crédito, segundo apurou o Estadão. Procurado pela reportagem, o banco afirmou que “está à disposição, caso a empresa opte pelo BNDES para o financiamento”, mas ponderou que “não há aprovação para o projeto até o momento”. Em 120 dias, a Bamin terá de apresentar o plano e o cronograma de desembolsos.

Mesmo com o aval do banco ainda pendente, o empréstimo foi anunciado pelo governo no último dia 23, em Salvador. A cerimônia contou com a presença do ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia, Rui Costa, e do atual governador do Estado, Jerônimo Rodrigues, também do PT. O ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, também participou.

Em nota, o Ministério de Portos e Aeroportos disse que a priorização do projeto é uma das primeiras etapas para acesso aos recursos do FMM, que antecede a formalização do financiamento. A pasta afirmou, ainda, que “não se envolve nas negociações entre o setor privado e os agentes financeiros para a formalização do contrato”.

Segundo pessoas próximas às negociações, a liberação desse empréstimo à Bamin, além de outros futuros, está atrelada à mudança na composição acionária da empresa, para garantir que haverá capacidade de investimento e, consequentemente, de conclusão do projeto - visto como prioritário pelo governo Lula.

Não à toa, o investimento de R$ 1,5 bilhão no primeiro trecho da Fiol foi escolhido para selar o relançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (novo PAC), uma marca das gestões petistas. A cerimônia foi realizada em Ilhéus e teve a presença de seis ministros de Estado, incluindo Rui Costa, além do líder do governo no Senado e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, e de deputados da bancada baiana.

Na ocasião, Lula pediu aos empresários que fizessem “hora extra”, para garantir a inauguração da obra até 2026. “Queria pedir aos companheiros empresários que estão nessa empreitada: parem de dizer que vão entregar (a ferrovia) em 2027. Vocês têm de entregá-la antes de 31 de dezembro de 2026. Façam um pouco de hora extra, trabalhem no final de semana, se for necessário, para que a gente possa inaugurar logo”, disse o presidente, durante o discurso.

Segundo informações da Casa Civil, o investimento total do PAC para a concessão da Fiol 1 - que vai de Caetité ao porto em Ilhéus, com extensão de 537 km - será de R$ 6,9 bilhões, a ser realizado até 2030.

Consórcio entre Vale, Cedro e BNDESPar pode assumir controle da Bamin

A venda do controle da Bamin ainda é um negócio que está nas fases iniciais. No âmbito da Vale, a proposta encontra-se na área de fusões e aquisições e terá de passar pelo Comitê de Investimento, composto por alguns conselheiros e o CEO, Gustavo Pimenta, que assumiu o cargo há uma semana. Passada essa etapa, ainda será necessário o aval do conselho de administração da empresa, que reúne 13 membros.

Já no BNDES, o projeto está em avaliação na área técnica de três diretorias: Mercado de Capitais, Infraestrutura e Indústria. Se houver anuência dos técnicos, o negócio será analisado pelo comitê de Mercado de Capitais e só então seguirá para a diretoria geral do banco. A depender do valor, a transação também precisará da autorização do conselho.

O desenho preliminar do negócio prevê que a Vale ficaria com 50% a 60% do capital, a Cedro com algo entre 20% e 30% e o BNDESPar, até 20%, segundo pessoas conhecedoras das negociações. O controle da sociedade seria compartilhado, por se tratar de uma joint venture. Nesse desenho, a mineradora baiana teria uma gestão operacional independente.

As conversas também estão em curso dentro da Cedro, mineradora de ferro de Minas Gerais comandada pelo empresário mineiro Lucas Kallas. Ele já integrou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), o chamado “Conselhão”, que se reúne periodicamente com o presidente Lula.

Antes da Cedro, afirmam pessoas a par da transação, a Vale chegou a convidar um grande grupo siderúrgico da China e a sua sócia na Vale Base Metals (VBM), a mineradora Manara Minerals, da Arábia Saudita, para participar da joint venture. Ambos, no entanto, teriam alegado compromissos com outros investimentos. Nesse meio tempo, a J&F, holding dos irmãos Batista, e a CSN, de Benjamin Steinbruch, teriam também mostrado interesse pela Bamin, mas as conversas acabaram não indo à frente.

O projeto na Bahia voltou ao radar da Vale em 2022, quando o tema da descarbonização (redução das emissões de dióxido de carbono) ganhou prioridade nas siderúrgicas. Neste ano, o interesse ganhou impulso após estudos de uma equação financeira e societária para assumir a companhia baiana. A Bamin é focada na produção - mais de 60% - de minério de alto teor de ferro, que se encaixa na classificação “minério verde”, de interesse da Vale e também da Cedro.
Projeto ‘menina dos olhos’ de Lula é chave para atrair financiamento público

O principal entrave para o avanço do complexo industrial na Bahia é a necessidade de alto investimento - de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões, o equivalente a algo na faixa de R$ 27 bilhões a R$ 32 bilhões no câmbio atual -, o que afugenta potenciais interessados.

Nesse cenário, a Bamin vem tentando viabilizar uma estrutura de financiamento que arque com 70% desse montante, com prazos alongados e taxas abaixo de mercado. Atualmente, o projeto já conta com verbas do novo PAC e do Fundo da Marinha Mercante (FMM).

Ainda assim, para ser viável, diz um interlocutor, o volume de produção da mineradora baiana teria de ser na faixa de 40 milhões de toneladas por ano, por conta dos investimentos muito elevados. O projeto atual, porém, prevê produção de 26 milhões de toneladas anuais, o que garante uma vida útil à mina de 25 anos.

Um fator, no entanto, que ajuda a dar fôlego ao empreendimento é o interesse dos governos da Bahia e federal de viabilizar um corredor logístico cortando o Estado de leste a oeste. Com isso, o complexo industrial se enquadraria como um projeto estruturante e entraria na carteira do BNDES.

Esse corredor, unindo o porto (em Ilhéus) às regiões de produção de soja e milho, como Barreiras, é a menina dos olhos de Lula para 2026 e também do ministro Rui Costa.

Nesse formato, cerca de 20 milhões de toneladas de grãos passariam a ser embarcadas no novo porto, deixando de usar caminhões. E, no retorno dos trens, seriam levados fertilizantes para as lavouras de soja e milho da região.

A expectativa é de que, nos próximos meses, estejam equacionadas tanto a estrutura de suporte financeiro aos três eixos do projeto - porto, ferrovia e mina - como a nova composição acionária da Bamin, com a saída do ERG.

Para isso, três etapas ainda são necessárias: finalização do acordo com o grupo do Cazaquistão, com negociações conduzidas pela Vale; definição do pacote de financiamento mais participação da BNDESPar; e, por último, a aprovação do negócio pelo conselho de administração da Vale.

Vale: potencial operação é avaliada ‘à luz de prioridades estratégicas’

Procurada, a Vale reiterou comunicado de 8 de julho, em que afirma que “potencial participação da companhia em operações de aquisição, desinvestimento ou joint venture, ou outras oportunidades de negócios, é avaliada à luz de suas prioridades estratégicas” e que não havia qualquer informação relevante a divulgar sobre as negociações envolvendo a Bamin.

O grupo ERG, controlador da Bamin, informou que “não comenta especulações relacionadas aos seus ativos”. A Cedro Participações declarou que não se manifestaria sobre a transação. Já o BNDES disse que “não comenta assunto que envolva empresa de capital aberto”.

O Ministério dos Transportes, por sua vez, afirmou “que qualquer negociação entre entes privados somente é acompanhada após a apresentação formal da proposta” e que a pasta “segue aberta, como sempre, ao diálogo com quaisquer investidores”.

A Casa Civil e o ministério de Portos e Aeroportos não comentaram a possível venda da Bamin. A pasta de Minas e Energia não respondeu ao contato da reportagem.

Infomoney - SP   11/10/2024

A Vale (VALE3) é uma das maiores pagadoras de proventos da B3. O dividend yield (taxa de retorno com dividendos) da mineradora no acumulado de 12 meses é o quarto maior entre as companhias com valor de mercado superior a R$ 50 bilhões. O histórico mostra, no entanto, que pode ser mais vantajoso abocanhar um pedaço do lucro da gigante da mineração por meio de sua holding, a Bradespar (BRAP4).

Fundada no início de 2000 após um desdobramento do Bradesco, a Bradespar é uma holding financeira cujo único ativo em seu portfólio é a Vale. Nos últimos cinco anos e sete meses, segundo levantamento da Quantum Finance, a companhia com valor de mercado R$ 7,39 bilhões distribuiu, proporcionalmente, quase o dobro do lucro para seus acionistas na comparação com a gigante brasileira da mineração.

“As holdings costumam apresentar um dividend yield maior do que as suas subsidiárias porque são frequentemente negociadas com desconto em relação ao valor das participações, resultando em um yield mais alto para os investidores. Além disso, como não estão diretamente envolvidas nas operações de subsidiárias, elas têm menos necessidade de investir lucros, permitindo a distribuição de uma maior parte desses ganhos como dividendos”, explicou Hayson Silva, analista da Nova Futura.

Confira o histórico do dividend yield da Vale e da Bradespar

AnoVale (VALE3)Bradespar (BRAP4)
20192,65%3,64%
20202,75%3,14%
20218,96%11,01%
202219,78%42,69%
20238,09%11,78%
2024*8,03%6,20%
Dividend yield acumulado do período68,75%110,92%

O mesmo cenário pode ser visto com Itáu (ITUB4) e sua holding Itaúsa (ITSA4), que tem 37% do banco brasileiro. A Itaúsa entregou um dividend yield acumulado de 32,13% para seus investidores entre o início de 2019 e o final de setembro deste ano, enquanto a instituição bancária teve uma taxa de retorno somente com proventos de 25,98% no mesmo período.
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Itaú (ITUB4) ou Itaúsa (ITSA4): qual paga mais dividendos?
Carteiras de dividendos de outubro

Na carteira de ações de dividendos mais indicadas para outubro, a Bradespar recebeu cinco recomendações entre 12 casas consultadas, ficando atrás apenas da Telefônica Brasil (VIVT3). A Vale não apareceu na lista, mas analistas voltaram a ficar otimistas com a empresa após a recuperação do minério ferro em meio aos estímulos anunciados pela China, apesar da queda das ações. A mesma tese é usada para a Bradespar, que viu seus papéis caírem por causa da recuo da commodity.

“Acreditamos na recuperação das ações (da Bradespar) ao longo de 2024. Essa perspectiva é respaldada pela reabertura da economia chinesa, prevendo-se um crescimento anual de 5%, e pela retomada das demandas por minério de ferro, especialmente no setor de construção”, disse Régis Chinchila, analista de investimentos da Terra Investimentos, em relatório. A corretora aposta em um preço alvo de R$ 26 para o papel da holding da Vale em 12 meses e um dividend yield de 15,54% até o final deste ano.

Apesar do desempenho superior com os dividendos, importante lembrar que a Bradespar depende totalmente da Vale. A holding finalizou o segundo semestre de 2024 com lucro líquido de R$ 535,46 milhões, 206% superior ao mesmo período do ano anterior, puxada principalmente pela mineradora. Seus resultados operacionais são originados do resultado de equivalência patrimonial da Vale.

Riscos

A oscilação do minério de ferro ainda é um dos principais risco que podem impactar tanto a distribuição de proventos da Bradespar como da Vale. Os preços futuros da commodity na bolsa de Dalian caíram nesta quinta-feira (10), devolvendo parte dos ganhos registrados.

Em relação ao holding, outro fator preocupante é uma ação indenizatória de R$ 1,41 bilhão movida contra pela Litel Participações em 2018, que ainda tramita na Justiça. A empresa alega que a Bradespar descumpriu um contrato de Indenização envolvendo a Elétron S.A. Esse valor “equivale a uma perda potencial de R$ 3,56 por ação”, disse em relatório André Vidal, head de óleo, gás e petroquímicos da XP Investimentos.

O Estado de S.Paulo - SP   11/10/2024

O candidato a se tornar sócio da Vale em um negócio multibilionário - a possível compra da Bahia Mineração (Bamin) — é um empresário com uma trajetória relativamente curta no setor. Até pouco tempo atrás — menos de uma década —, o grupo empresarial Cedro Participações e seu controlador, Lucas Kallas, eram praticamente desconhecidos. Na mineração de ferro, era um novato buscando lugar ao sol entre gigantes como Vale, CSN, Anglo American, Usiminas, Gerdau e ArcelorMittal.

Esse lugar ao sol pode, agora, ter maior dimensão. A Cedro faz parte do consórcio capitaneado pela Vale — que inclui também o BNDESPar (braço de participações do BNDES) para aquisição da Bamin. É um negócio ainda incipiente, que envolve a saída do atual controlador, o grupo ERG, do Cazaquistão, e financiamentos de fontes como BNDES para a reativação do projeto de mineração, que tem investimentos previstos em mais de R$ 30 bilhões, incluindo a logística ferroviária e portuária (leia mais aqui).

Se o negócio for realmente concretizado, será um passo importante no projeto de Kallas: ele nunca escondeu a pessoas próximas que gostaria de ser dono de uma grande mineradora.

O executivo deu os primeiros passos no setor vendendo minério da pequena mina Taquaril e, depois, arrendando depósitos de rejeitos de mineração de empresas da região produtora de ferro em Minas Gerais, fazendo o reaproveitamento do material que havia sido descartado. Cerca de 12 anos atrás, Kallas podia ser visto nos corredores de empresas como a Vale e outras do setor para oferecer minério e apresentar seu modelo de negócio.

Uma dessas empresas da qual ele arrendava depósitos era a Extrativa Mineral, localizada na região de Nova Lima (MG). Em 2017, a Extrativa foi comprada pelo empresário — foi sua primeira mina de ferro, que hoje faz quase 4 milhões de toneladas/ano. Na aquisição vieram juntos direitos minerários da segunda mina, em Mariana. No final daquele ano, Kallas criou a holding Cedro Participações.

A partir daí, seu negócio cresceu. A Cedro Mineração, considerada uma mineradora de médio porte, é hoje o seu principal ativo. Mas o sonho de Kallas é se posicionar como a terceira maior mineradora de ferro do País — ou até a segunda — ainda antes do final da década. Hoje, já é a quinta — atrás da Vale, CSN Mineração, Anglo American e Samarco.

O projeto da Bamin cai como uma luva dentro desse plano, pois abre uma porta à Cedro para o mercado internacional. A depender do perfil societário da joint venture em fase de negociações com Vale e BNDESPar, a Cedro poderá vender, por ano, até 8 milhões de toneladas de minério de alta pureza. O produto é disputado por siderúrgicas de todo o mundo para redução de emissões de CO2, dadas as suas características mais “limpas”.

Com as duas minas atuais em operação, a Cedro tem capacidade de produzir 7 milhões de toneladas de minério por ano. O plano é atingir 20 milhões com os projetos que estão em desenvolvimento na região de Barão de Cocais. São mais quatro minas: Dois Irmãos, Serra do Lessa, Vargem e Sapé. Para esses projetos está previsto um terminal ferroviário para movimentar 8 milhões de toneladas.
Mineração, setor imobiliário e agronegócio no foco

A Cedro Participações, cujo capital é 89% de Kallas e de sua irmã, avançou em várias frentes de negócios desde 2017. Hoje, atua no agronegócio, com produção de café arábica irrigado e grãos em Minas; em biomedicamentos (insulinas e anticoagulantes, com participação na farmacêutica mineira Biomm); em projetos imobiliários sob medida (built to suit) voltados para locação e também no alto padrão (condomínios de luxo); e pecuária em larga escala.

No ano passado, o grupo anunciou plano de construir uma mini ferrovia de 26 km na região de Serra Azul (MG) para transportar minério de ferro de empresas que têm operações na região e embarcam por caminhões até uma ferrovia maior. O investimento previsto é de R$ 1,8 bilhão.

Em 2008, quando seu foco de atuação era a construção civil, Kallas chegou a ser preso pela Polícia Federal no âmbito da Operação João de Barro, que investigou esquema de desvio de recursos de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os valores, segundo a PF, eram desviados de obras de casas populares e estações de tratamento de esgoto.

Procurada, a assessoria do grupo Cedro informou que, “sobre a operação de 2008, relacionada a uma empresa de engenharia onde Lucas Kallas atuou como executivo, os fatos já foram devidamente esclarecidos na Justiça, restando apenas uma ação em andamento”. “As demais já foram encerradas, com total reconhecimento de inocência”, diz.

A sede do grupo fica em Belo Horizonte, mas o empresário vive constantemente circulando entre São Paulo, Brasília, Estado Unidos (Miami e Nova York) e outros locais. Na capital paulista, tem um escritório próximo da Avenida Faria Lima.

Na capital federal, já integrou “Conselhão”, grupo de empresários e membros da sociedade civil que tem encontros regulares com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para estar em vários locais diferentes com maior rapidez, Kallas usa jato particular — pelo menos até o ano passado, era um Bombardier Challenger 605, de 12 lugares. Ele voa também para lugares onde avalia investimentos na área imobiliária, como condomínios de luxo em praias paradisíacas na costa brasileira, além de suas fazendas de café e gado no interior de Minas.

Em 2023, as viagens de Kallas a bordo da aeronave ganharam o noticiário nacional após reportagem da revista Piauí apontar que autoridades pegaram carona no jatinho, como uma procuradora da Fazenda e o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais. O caso gerou uma investigação por parte do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que arquivou o processo no mesmo ano.

Sobre isso, a Cedro disse que a apuração do CNMP foi arquivada, por unanimidade, em 2023. E que a relação pessoal do empresário com um procurador de seu círculo de amizades não beneficiou qualquer caso envolvendo a Cedro ou Lucas Kallas.
Vendas para a Vale

O fato de a Cedro ser a eventual parceira da Vale na compra da Bamim, um negócio que pode ultrapassar os R$ 30 bilhões, pode causar uma certa estranheza, pelo porte atual da empresa. Mas, segundo pessoas envolvidas nas conversas disseram ao Estadão, isso não seria um complicador.

A empresa já produz 7 milhões de toneladas de minério de ferro por ano e tem projetos de triplicar o volume em três anos. Além disso, a companhia já tem uma relação comercial com a Vale, para quem vende parte de sua produção atual.

Pelo desenho do negócio atualmente em conversas, a Cedro teria entre 20% e 30% da Bamin — cuja previsão é de produção de 26 milhões de toneladas de minério por ano. Teria, portanto, de arcar com desembolsos bilionários.

Conforme informações recentes do empresário, apenas a Cedro Mineração deve faturar cerca de R$ 3 bilhões neste ano, podendo triplicar em três anos com as expansões previstas. Por sua parte, o grupo vai contar com mais uma parcela de receita de seus outros negócios.

Expansão e internacionalização, com minério ‘sustentável’

Nos planos de expansão e internacionalização de Kallas, o foco é a produção de minério mais sustentável, voltado para o processo chamado de redução direta, que tem maior valor agregado por ser um produto considerado “verde”. O chamado pellet feed geralmente tem 68% de teor de ferro e menor presença de elementos contaminantes (sílica, fósforo e alumina). É esse, em sua maioria, o minério da mina da Bamin.

O objetivo do empresário é substituir gradualmente em suas minas de ferro de Minas o sinter feed, o tipo de minério mais produzido no País e ainda o de maior uso na siderurgia mundial —, mas considerado mais poluente.

O perfil de produção da Cedro, previsto para 2028, prevê atingir 70% do volume como pellet feed. Para chegar a esse patamar, a previsão é investir em torno de R$ 8 bilhões de 2024 até o final de 2027 nos projetos em desenvolvimento.

O Estado de S.Paulo - SP   11/10/2024

A Bahia Mineração (Bamin) vai completar 15 anos sob a gestão do Eurasian Resources Group (ERG), com origem no Cazaquistão e sede em Luxemburgo, sem concretizar seu projeto. Mas, para especialistas do setor, isso não significa que não é um investimento atrativo.

No momento, o empreendimento está na fase de garantir um pacote bilionário de financiamento para ser concluído até o final de 2028. Os governos federal e estadual trabalham várias fontes de recursos, entre elas o BNDES. Ao mesmo tempo, a Vale negocia a compra do controle da empresa, que desde 2010 é do grupo ERG, do Cazaquistão, em parceria com a Cedro Participações e o BNDESPar (leia mais aqui).

O projeto integrado da Bamin, desenhado para fazer 26 milhões de toneladas de minério com alto teor de ferro (de 65,5% a 68%), é classificado como de “porte relevante”. Um fator importante nessa análise é o tipo de produto final, o pellet-feed, de alta qualidade, um material muito desejado pela indústria do aço.

É um minério usado para fabricar pelotas de ferro, insumo que as siderúrgicas buscam para seus altos-fornos, por exemplo. E não há grande oferta no mercado. Na fabricação do aço, contribui para reduzir emissões de dióxido de carbono (CO2), hoje um dos grandes desafios da siderurgia mundial. Geralmente, apresenta teores de ferro acima de 67%.

A título de comparação, a Bamin é um projeto similar ao da Anglo American, localizado em Conceição do Mato Dentro (MG), que tem capacidade de produzir 26,5 milhões de toneladas de pellet-feed ao ano. Voltado para exportação, o minério concentrado é escoado, na forma de polpa, até um terminal no Porto do Açu, litoral do Rio de Janeiro, por meio de um mineroduto de 525 km. Ali, o minério é secado e colocado em navios que vão para o mercado asiático.

Também em Minas Gerais, em Congonhas, a CSN Mineração extrai e processa cerca de 33 milhões de toneladas da mina Casa de Pedra. O material, com elevado teor de ferro, é escoado pela ferrovia da MRS e exportado pelo Porto de Itaguaí (RJ). O foco da mineradora do grupo CSN, um dos controladores da MRS e dona integral do porto, é investir em novas plantas para expandir a produção de pellet-feed.

Inicialmente, a expectativa da Bamin era extrair 19 milhões de toneladas ao ano. Suas reservas de minério de ferro - formadas por rochas de hematita e itabirito - foram descobertas em 2005 pelo geólogo e engenheiro de minas João Cavalcanti, em Caetité, município no sudoeste da Bahia, com 52 mil habitantes.

Cavalcanti, no mesmo ano, fundou a empresa, mas logo a vendeu para a Zamin Ferrous, do investidor indiano Pramod Agarwal. Segundo informações de pessoas do setor, o geólogo baiano fez a transação por cerca de US$ 150 milhões. Em 2010, a Zamin transferiu o controle da empresa ao então grupo cazaque Eurasian Natural Resources Group (ENRC), ao vender os demais 50% da empresa. O ENRC passou a adotar o nome ERG em 2013, após enfrentar dificuldades no Reino Unido e ter de fechar o capital na Bolsa de Londres.

A mineradora baiana só iniciou operação comercial em janeiro de 2021, em escala reduzida, com a primeira exportação de minério de ferro em julho do mesmo ano para um cliente na Holanda. Até o final de 2023, produziu e vendeu 1,6 milhão de toneladas de minério tipo hematita (aflorado na terra), que requer pouco beneficiamento. Desde dezembro de 2023, por se tornarem não rentáveis com a logística atual, as operações estão paralisadas e a empresa teve de desligar boa parte dos seus funcionários.
Empresa precisa de R$ 30 bilhões para viabilizar mina, ferrovia e porto

O problema para o projeto sair do papel, desde o início, foi a combinação da logística ferroviária e portuária com a mina, formando um sistema integrado. Projetos dessa dimensão só se viabilizam no conceito de corredor logístico, com operação heavy haul (transporte de grande volume), para despachar a produção da mina ao porto.

O ponto crucial é que o negócio requer alto volume de recursos financeiros para ser implementado: a empresa informa que serão necessários mais US$ 5 bilhões (o equivalente a R$ 27 bilhões). Especialistas do setor ouvidos pelo Estadão estimam que pode chegar a US$ 6 bilhões (ou R$ 32,5 bilhões).

O projeto é interessante, atrativo pela qualidade do seu produto, mas complexo, de elevado volume de investimento e de alto risco para um único investidor, dizem especialistas do setor. Para a Vale, seria o primeiro projeto totalmente greenfield (feito do zero) de minério de ferro desde Carajás (década de 1980).

Os estudos de criação da Fiol, em 2008, foram um alento para a nascente mineradora baiana, pois o traçado da ferrovia, com 1.527 km, entre Ilhéus e Figueirópolis, passava a 3 km da mina Pedra de Ferro. A Fiol teve as obras iniciadas em 2014. Após várias interrupções, elas foram paralisadas em dezembro de 2016.

Em 2021, o governo federal realizou a concessão do trecho 1 (Ihéus-Caetité), cujo leilão foi vencido pela Bamin. Dez anos se passaram desde o início das obras da ferrovia e a Fiol está inacabada em dois trechos e nem iniciada no terceiro (Barreiras-Figueirópolis).

Dois anos e meio após vencer o leilão de concessão, a Bamin retomou as obras no início de 2023, num dos quatro trechos em que foi dividida, de 126 km, no sentido Ilhéus-Caetité. Segundo informação da empresa, por cláusula do contrato, ela teve de criar a Bamin Ferrovias e aportar R$ 670 milhões, com compromisso de entregar os 537 km desse trecho operando no segundo semestre de 2027. Se não fizer, poderá perder a concessão.

Embora já tivesse cerca de 60% de obras realizadas pela antiga estatal Valec — há informações de que são em torno de 50% —, o montante para concluir a obra está orçado em R$ 6,5 bilhões, segundo informa o diretor financeiro da Bamin, Alexandre Aigner.
Compromisso é entregar porto e ferrovia em 2027

O complexo portuário Porto Sul, em Ilhéus, já teve o compromisso de R$ 4,6 bilhões do Fundo da Marinha Mercante (FMM). Os recursos, por lei, só podem ser alocados em obras do terminal. O porto foi viabilizado somente após um convênio entre a empresa (obras offshore) e o governo baiano (obras onshore).

O primeiro estudo de impacto ambiental foi apresentado ao Ibama em 2009. Após vários entraves ambientais na área de instalação inicialmente prevista para o projeto, levando à mudança de local, a licença de instalação foi emitida em 2014.

Na área do porto, o governo baiano investiu na liberação de áreas para dar lugar ao TUP (Terminal de Uso Privado) dentro do porto, a cargo da mineradora, em alocação de famílias e em diversas obras de acesso, como pontes, viadutos, rotatórias e outras.

Falta dar partida às grandes obras, com altos investimentos - a dragagem, o quebra-mar de 3,5 km desde a costa e a construção dos berços de atracação dos navios graneleiros, que vão levar mais de 200 mil toneladas de minério a cada carregamento. O compromisso de conclusão do porto e da ferrovia, com as agências de regulação, Antaq e ANTT, é setembro de 2027.

A Bamin admite que carrega uma dívida da ordem de R$ 2,5 bilhões no balanço anual de 2023, conforme informação divulgada em julho. Todo o valor, destaca a empresa, é com o próprio grupo controlador. O ERG aportou recursos na forma de mútuo direto (empréstimo entre acionista e empresa controlada). Apenas no ano passado, segundo a companhia, foram colocados R$ 800 milhões no projeto.

AUTOMOTIVO

Infomoney - SP   11/10/2024

O ex-presidente e candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, vai propor nesta quinta-feira (10) tornar todos os juros sobre financiamento de veículos totalmente dedutíveis de impostos, adotando também medidas para impedir que montadoras chinesas vendam carros nos EUA, de acordo com trechos de um discurso que será feito em Detroit e que a Reuters teve acesso.

Trump dirá no Clube Econômico de Detroit que planeja impor novas taxas para que montadoras chinesas não fabriquem carros no México e os exportem para os Estados Unidos. Trata-se de um esforço para atrair os votos dos trabalhadores do setor automotivo do estado-chave de Michigan.

Trump também dirá que notificará formalmente o México e o Canadá sobre sua intenção de renegociar o acordo de livre comércio da América do Norte por causa das preocupações com os veículos chineses. A vice-presidente e candidata democrata no pleito, Kamala Harris, afirmou que também planeja invocar renegociações caso seja eleita.
Críticos alegam que o acordo de livre comércio aprovado durante o mandato de Trump permitiu que as montadoras do grupo Detroit Three continuassem produzindo centenas de milhares de veículos no México, para exportação a compradores norte-americanos.

A proposta dos juros sobre o financiamento de veículos — que trataria tais juros como hipotecas residenciais nas declarações de impostos federais — é o anúncio mais recente de potenciais cortes de impostos que o ex-presidente dos EUA apresentou durante as últimas semanas.

Pesquisas mostram que Trump e Kamala estão em uma corrida eleitoral apertada antes da eleição de 5 de novembro. O resultado final deve sair com base na definição de estados-chave como Michigan, onde as margens são muito estreitas para saber quem vencerá.

No mês passado, o presidente Joe Biden propôs proibir software e hardware chineses importantes em veículos com conectividade à internet nas vias norte-americanas devido a preocupações com a segurança nacional, uma medida que efetivamente barraria carros e caminhões chineses do mercado dos EUA. Biden anunciou separadamente novas tarifas de 100% sobre todos os veículos elétricos chineses a partir de 27 de setembro.

Trump também irá propor cortar a alíquota de imposto sobre fabricantes nacionais dos EUA para 15% durante o discurso. Ele também dirá que proibirá todos os veículos autônomos fabricados por empresas chinesas de circular nas vias dos EUA.

IstoÉ Dinheiro - SP   11/10/2024

A Abraciclo, entidade que representa as montadoras de motos instaladas em Manaus (AM), revisou para cima as previsões ao desempenho do setor neste ano. A expectativa de crescimento da produção subiu de 7,4% – projeção anunciada em janeiro – para 9,3%, chegando, assim, a 1,72 milhão de motos.

A projeção foi atualizada nesta quinta-feira, junto com o balanço que mostra crescimento de 11% da produção nos nove primeiros meses de 2024.

Desde a pandemia, o setor mostra expansão consistente, em razão do crescimento dos serviços de entrega (delivery). A migração do consumo para veículos mais baratos e econômicos nos gastos com combustível, seguida, agora, pela maior oferta de crédito, também ajudou a indústria a renovar máximas em doze anos.

Conforme o presidente da Abraciclo, Marcos Bento, as previsões foram alteradas não apenas pelos bons números já registrados, mas também pela expectativa de resultados positivos no último trimestre do ano, quando o consumo normalmente tem um aquecimento pela injeção do décimo terceiro salário na economia.

Apesar da estiagem que afeta o transporte de cargas pelo rio Amazonas, a Abraciclo não espera no curto prazo impactos significativos no plano de produção, uma vez que as fábricas reforçaram estoques de peças, em antecipação a um calendário de seca que, como se esperava, seria mais severo.

A previsão da associação ao crescimento das vendas de motos neste ano quase dobrou, passando de 7,5% para 14,4%, o que, se confirmado, levará o mercado para 1,81 milhão de unidades. De janeiro a setembro, 1,41 milhão de motos foram vendidas no Brasil, maior volume em 13 anos e 19,4% superior ao registrado no mesmo período de 2023.

Maior polo de produção de motos fora da Ásia, as montadoras de veículos de duas rodas, incluindo motocicletas, de Manaus faturam R$ 31 bilhões, conforme dados do ano passado, e empregam diretamente 18,4 mil trabalhadores.

Valor - SP   11/10/2024

Anfavea anunciou na terça-feira (8) a volta do Salão do Automóvel em 2025, tema que vinha dividindo o setor

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) anunciou na terça-feira (8) a volta do Salão do Automóvel em 2025. O setor vinha dividido em relação ao tema. Mas decidiu atender a um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mais do que uma exposição que costuma chamar a atenção do público, o salão transformou-se num símbolo da aproximação da indústria com o governo federal.

O anúncio foi feito ao próprio presidente da República durante o lançamento do programa governamental Combustível do Futuro, em Brasília, um projeto para reduzir emissões de gases de efeito estufa. A elaboração das regras do compromisso contou com a participação da indústria e o programa tem sido amplamente usado como instrumento de promoção dos fabricantes de veículos, que aproveitaram o anúncio para exibir seus produtos aos governo

O lançamento do programa aconteceu um dia depois de a Anfavea anunciar o desempenho do setor no terceiro trimestre, um dos melhores resultados dos últimos meses.

Com 736 mil veículos, as montadoras registraram o melhor terceiro trimestre em produção desde o período que antecedeu a pandemia. O volume não era tão elevado desde julho a setembro de 2019. Na ocasião, os dirigentes do setor disseram que caso seja mantido esse o ritmo de crescimento registrado em setembro as projeções para o ano serão superadas.

O financiamento surge como o grande impulso desse crescimento. As vendas a prazo, que chegaram a patamares muito baixos no ano passado, em torno de 30% do total das vendas, voltaram a subir, para 50% no acumulado do ano.

Em entrevista na segunda-feira, a direção da Anfavea aproveitou para mostrar o descontentamento com a decisão do Banco Central de interromper o corte na taxa básica de juros e, ainda, na última reunião do Copom, em setembro, voltar a subir 0,25 ponto porcentual, para 10,75%.

A Anfavea poderia ter revisto e aumentado as projeções de vendas para o ano - 2,56 milhões de veículos -, segundo o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, não fosse o movimento do BC.

Puxada pelas vendas financiadas, a média diária de licenciamento de veículos em setembro subiu para o patamar mais alto do ano - 11,3 mil unidades.

No acumulado do ano, foram produzidos 1,87 milhão de veículos, volume 7% superior ao dos nove primeiros meses de 2023. O bom resultado se reflete também no nível de emprego. Com mais 600 contratações em setembro, o setor fechou o terceiro trimestre com 106,4 mil funcionários. Desde o início do ano foram abertos 7,5 mil postos de trabalho.

O ritmo das linhas de montagem acelerou também em decorrência da recuperação do mercado externo, após meses de queda. Os principais mercados atendidos pelo Brasil, como Argentina e Chile, começaram a registrar crescimento.

A direção da Anfavea também aproveitou a entrevista concedida um dia antes do encontro com Lula para voltar a queixar-se do aumento de importação de carros chineses.

Leite destacou que enquanto o mercado interno cresceu 14,1%, no acumulado do ano as exportações caíram 12% e as importações avançaram 36%. E lamentou a perda de espaço para o produto importado. Segundo ele, a indústria enfrenta até aumento no custo de frete de peças em decorrência do volume de importações de produtos chineses.

O Estado de S.Paulo - SP   11/10/2024

A Tesla revelou nesta quinta-feira, 10, o protótipo de seu primeiro carro totalmente autônomo. O Cybercab é projetado para realizar serviços de robô-táxi e tem como promessa ser capaz de transportar passageiros para qualquer destino sem intervenção humana. O anúncio foi realizado nos estúdios da Warner Bros., na Califórnia, em um evento chamado “We, Robot”, em um menção a clássica obra de ficção científica de Isaac Asimov, “I, Robot”.

O CEO Elon Musk foi o responsável por apresentar o carro, no palco do evento ele afirmou que o veículo totalmente autônomo que não tem volante nem pedais, “provavelmente” estará em produção em 2026 e deve custar menos de 30 mil dólares.

Musk não forneceu um cronograma claro para quando a empresa receberia a aprovação regulatória necessária para vender o veículo ou operá-lo em vias públicas. “Não vamos nos aprofundar em nuances aqui”, disse, depois que um participante do evento gritou na plateia perguntando quando o Cybercab estaria disponível.

O design futurista aplicado no Cybercab tem portas que abrem para cima e conta com lugares para dois passageiros, já que dispensa a necessidade de um motorista. “Será como sentar em um pequeno e confortável lounge”, disse o bilionário.

Durante o evento Musk ainda revelou mais uma novidade da montadora, o Robovan. O veículo elétrico foi pensado para transporte de passageiros e comporta até 20 pessoas. Musk, no entanto, não revelou mais detalhes sobre produção, valores e lançamento.

Os anúncios acontecem após anos de de previsões incorretas de Musk com relação a autonomia de veículos. Em 2015, o bilionário afirmou que um carro totalmente automatizado seria uma realidade nos próximos dois anos. Um ano depois, falava em um veículo para 2019 tão seguro que o usuário poderia até mesmo dormir durante o transporte. Apesar disso, como muitas montadoras descobriram posteriormente, a direção autônoma é uma tarefa complexa.

Os veículos atualmente disponíveis no mercado pela Tesla contam com recursos de assistência ao motorista chamados Autopilot e Full Self-Driving, nesses casos, a montadora diz que eles ainda exigem que um motorista humano esteja pronto para assumir o controle o tempo todo. A empresa já enfrenta uma série de ações judiciais relacionadas a acidentes fatais envolvendo os veículos.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Portal Fator Brasil - RJ   11/10/2024

Entre as novidades estão a fresadora a frio XM1005H, a vibroacabadora de esteiras RP505, o rolo compactador pneumático XP265S, o rolo compactador vibratório tandem XD103, a recicladora a frio XLZ2303S e a nova motoniveladora GR1905BR

Na principal feira da área de infraestrutura viária e rodoviária do Brasil e uma das mais importantes do setor de infraestrutura e construção, a Paving Expo 2024, a XCMG Brasil, líder no setor de máquinas pesadas na China e uma das principais do segmento no mundo, apresenta seus inovadores equipamentos aplicados no setor. O evento acontece entre os próximos dias 22 e 24 de outubro (terça a quinta-feira), no Expo Center Norte, em São Paulo.

Uma das novidades expostas será fresadora a frio XM1005H, versátil e de alto desempenho, própria para corte e remoção de pavimentos flexíveis de concreto asfáltico, bem como para fresagem de pavimentos rígidos em rodovias, vias urbanas, aeroportos, pátios e estacionamentos. Apresenta como principais características técnicas o motor Cummins padrão Tier III, com injeção eletrônica e potência de 220 hp, peso operacional de 13.500 kg, largura de fresagem de 1.000 mm. Suporta operações de fresagem de materiais resistentes em cortes profundos, possui duas velocidades de elevação dos estabilizadores, o que reduz o tempo de preparo para operação. Contém, ainda, sistema de aspersão de água com acionamento automático durante a operação, e com duas barras de aspersores localizadas junto ao ponto de corte e na área de coleta do material fresado, o que reduz a produção de poeira. As barras de aspersão, bicos, bomba, e filtro de água podem ser desmontados e remontados rapidamente, facilitando sua limpeza e manutenção. Possui sistema de acionamento hidrostático do cilindro de fresagem, trazendo maior eficiência, redução dos itens de desgaste e menor custo de manutenção, correia transportadora dobrável e capota rebatível proporcionam versatilidade e facilidade de transporte.

A vibroacabadora de esteiras RP505 será outro destaque na feira. Com medidas reduzidas, quando configurada para transporte, peso operaciona de 12.000kg, potência do motor de 139hp e uma mesa de pavimentação de largura variável entre 1,8 e 5,0 metros configuram um equipamento extremamente versátil e ideal para aplicação de misturas asfálticas e bases secas, como BGS e BGTC, em obras de pavimentação, desde de operações de pequeno porte como pátios de estacionamentos, ciclovias, acessos viários e vias urbanas, até obras de alta demanda como em rodovias e aeroportos. Os recursos com tecnologia de ponta disponibilizados na RP505 como o sistema de aquecimento elétrico, pré-compactação realizada por barras de tamper, nivelamento eletrônico MOBA, sistema de alimentação de material com acionamento independente e automático controlados por sensores ultrassônicos, permitem ao equipamento atender as mais exigentes especificações de qualidade de nivelamento, espessura de camada, pré-compactação, IRI etc. Os projetos atualizados das barras transportadoras e dos eixos helicoidais, esses com ajuste de altura executado por acionamento hidráulico, facilitam a operação e melhoram o desempenho. Além disso, está com uma nova geração do sistema de controle, permitindo uma operação intuitiva e descomplicada. O trem de força possui acionamento hidrostático e é equipado com componentes mecânicos e hidráulicos de fabricantes tradicionais do mercado, sua plataforma de operação com painel deslizante, dois assentos com rebatimento externo à plataforma e o sistema de redução de ruído garantem uma operação confortável, de alta eficiência e precisão.

A XCMG leva, também, sua linha de rolos compactadores. Com peso operacional de 26.300 Kg e largura de compactação de 2.360 mm, o rolo compactador pneumático XP265S é equipado com um motor diesel turboalimentado de 177hp. Possui sistema de calibragem com controle eletrônico nos 9 pneus diagonais especiais de compactação nas medidas 3/80-20 e sobreposição de 65mm, entre as 4 rodas dianteiras e 5 traseiras, o que promove uma área de contato regular com alta eficiência de compactação. O sistema de tração hidrostático de eixos duplos e freios banhados a óleo oferecem confiabilidade, eficiência, conforto e controle de operação. Outros diferenciais são o Sistema de Lastro Modular já pré-instalado de fábrica, que permite a configurações de operação entre os pesos operacionais mínimo de 15.000kg e máximo de 26.300kg, de forma a atender as cargas mínimas por roda exigida por normas, o Sistema de Buffer que suaviza a desaceleração e aceleração nas reversões das passadas, evitando marcas e trincas na superfície do pavimento, melhorando a qualidade da compactação. Para conforto do operador e melhor performance da máquina, o XP265S possui cabine ampla com assento deslizante e giratório, ar-condicionado e câmera de ré, os aspersores de água possuem controle eletrônico de vazão.

Completando a patrulha de compactação, a XCMG apresenta o Compactador Vibratório Tandem XD103. Com peso operacional de 10.000 kg e largura de compactação de 1.750mm, é equipado com motor CUMMINS de 115 hp, sistema vibratório de alta frequência de 55hz ideal para compactação de solos granulares e misturas asfálticas, aplicado isoladamente ou em conjunto com o compactador de pneus XM265S, em obras de pequenas a altas demandas. Apresenta recursos disponíveis do sistema de aspersão com dois tanques de alto volume, vibração com acionamento manual ou automático com o deslocamento da máquina, desligando e religando na desaceleração e reaceleração nas reversões das passadas. Possui, ainda, acionamento individual de vibração do cilindro, dianteiro, traseiro ou ambos, sistema de direção com dupla articulação central e cabine fechada climatizada com assento giratório, asseguram uma operação confortável, eficiente e precisa.

A recicladora a frio XLZ2303S é outra atração no stand da XCMG. Trata-se de um equipamento multifuncional de manutenção de pavimentos, principalmente utilizada nas reciclagens a frio de bases e de pavimentos asfálticos in loco e na homogeneização de misturas de solos estabilizados em camadas de base e subleitos de pavimentos de rodovias, vias urbanas, parques, portos, estacionamentos, lotes etc. Apresenta peso operacional de 26.500kg, potência do motor de 523hp, e largura de corte de 2.300mm com profundidade que chega a 400mm. Sistema de aspersão de água com dosagem, garante uma perfeita homogeneização e umidade das misturas de solos naturais e estabilizados, que com adição de pó de pedra, cimento, cal e outros aditivos químicos estabilizantes, aumentam as propriedades físicas e mecânicas dos solos naturais.

Entre os destaques, está também a motoniveladora GR1905BR. Com peso operacional da categoria de 16.000kg, motor com potência na faixa de 190 hp e largura da lâmina de 3.660mm, a nova motoniveladora apresenta uma séria de inovações, como a nova cabine totalmente redesenhada, mais ergonômica e funcional, agora posicionada no módulo dianteiro do chassi, mais distante do motor e da transmissão promovendo maior isolamento acústico e térmico. O novo motor VHP de potência variável oferece três modos de rotações e potencias se adequando aos diferentes tipos operação, com eficiência e economia, transmissão powershift com conversor de torque e eixo com bloqueio de acionamento automático, ripper traseiro redesenhado em sistema de paralelogramo, com dentes de dimensões reduzidas, oferecendo maior capacidade de penetração. Outros diferenciais são sela com sistema de proteção, lâmina reprojeta com raio de curvatura e ângulo de ataque, que proporcionam maior eficiência de corte. E um sistema hidráulico sensível carga, equipado com bomba de vazão variável de pistões axiais, que confere ao equipamento maior sensibilidade e velocidade de resposta nos comandos, proporcionando eficiência e alta precisão nos trabalhos de nivelamento. As alavancas de comandos também foram reposicionadas nesta nova geração, que agora obedecem ao padrão do mercado brasileiro.

Além desses equipamentos, a XCMG expõe os rolos compactadores de médio porte, Tandem XMR403S e Combinado XMR403SVT, com pesos operacionais de 4.000kg e largura de compactação de 1.300mm, equipados com motores Perkins de 53 hp; o compactador vibratório de patas XS123PDBR, com peso operacional de 12.400 Kg, motor Cummins 130hp e largura de compactação de 2.130mm; a minicarregadeira XC7-SR07, com peso operacional de 2.950 kg, potência do motor de 67,3 hp, e capacidade da caçamba de 0,4m³. | www.xcmg-america.com

Paving Expo 2024, de 22 a 24 de outubro (terça a quinta-feira), das 13 às 20 horas, na Expo Center Norte (Rua José Bernardo Pinto, 333, São Paulo (SP).

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   11/10/2024

Nos 30 anos do Plano Real, vimos a expansão do mercado de capitais e a decadência da poupança como funding do crédito imobiliário

Em julho deste ano o Plano Real completou 30 anos. Nestas três décadas, os instrumentos criados pelo plano para combater a inflação legaram ao país não apenas uma moeda forte, mas também geraram as condições que permitiram ao Brasil viver o mais longo período de estabilidade institucional, modernização do Estado e abertura econômica de sua história.

Um dos principais sinais do sucesso do plano é que mesmo em períodos como atual, no qual lideranças políticas emergem com discursos disruptivos, nenhuma voz se arrisca a colocar em xeque o Real. Ainda que alguns o façam pelas beiradas, vez ou outra tentando flexibilizar a lei de responsabilidade fiscal ou o regime de metas de inflação, não há agente político que se arrisque em questionar seu sucesso, pois certamente estaria sabotando sua própria popularidade.

Outra evidência de sucesso está no mercado imobiliário. Antes, o crédito imobiliário se dava de duas formas. No caso das moradias populares, havia programas governamentais e subsídios, como no caso do finado Banco Nacional da Habitação (BNH). Já o restante do mercado imobiliário se financiava através do Sistema Financeiro da Habitação. Conhecido como SFH, este sistema impunha (e ainda impõe) que 65% dos recursos aplicados na caderneta de poupança dos bancos fosse direcionado para o crédito habitacional.

Como antes do real o mercado de capitais era muito incipiente, havia um ciclo contínuo: a caderneta de poupança oferecia aos pequenos poupadores defesa contra inflação e alta liquidez para suas economias, apesar da baixa rentabilidade. Na outra ponta, os bancos captavam através deste produto e o direcionavam para financiamentos imobiliários de forma compulsória, especialmente para a classe média. Isso era resultado de um mercado de capitais que ainda engatinhava minado por décadas de alta inflação.

Porém, a partir das reformas iniciadas em 1994 este cenário começou a mudar. Apesar das flutuações típicas de um país emergente, nossa inflação recuou, os instrumentos institucionais como a alienação fiduciária foram aperfeiçoados, o brasileiro ganhou mais educação financeira, o mercado de capitais finalmente se desenvolveu, a liquidez aumentou e a poupança foi perdendo espaço na carteira dos investidores.

Um bom exemplo é que mesmo em momentos de alta da Selic a atratividade da poupança caiu. Em 2023 a Selic ultrapassou 13%, e produtos como CDBs, LCIs e o Tesouro Selic passaram a oferecer rendimentos superiores, com o mesmo nível de segurança, graças à cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Enquanto a poupança rendeu 6,2% ao ano, CDBs e Tesouro Selic chegaram a pagar mais de 13%.

Consequentemente, a redução da atratividade da poupança reduziu a disponibilidade de crédito imobiliário. Não, em função da demanda, o próprio mercado de capitais passou a preencher esta lacuna. Com a necessidade de novas fontes de financiamento, uma das principais soluções que ganhou força foram os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que securitizam fluxos de pagamentos de contratos imobiliários e permitem que investidores financiem o setor de maneira mais direta. Só em 2023, os CRIs movimentaram cerca de R$ 48 bilhões em novas emissões, enquanto a caderneta de poupança acumulou resgate líquido de R$ 87 bilhões.

Por mais que o estoque atual da poupança fique próximo a R$ 1 trilhão, número longe de ser desprezível, o mercado de capitais já se tornou responsável pela maior fatia do crédito imobiliário em circulação. Ao final de 2023, produtos como CRIs, FIIs e LCIs aumentaram sua participação para 38% (em 2021 eram 24%), enquanto fração da poupança caiu para 36% (versus 49% em 2021). Os 26% restantes foram provenientes do FGTS.

Ou seja, no aniversário de 30 anos do Plano Real, o setor imobiliário depende cada vez menos da poupança, de subsídios e de crédito direcionado. Isso porque foram criadas as condições para que investidores institucionais e individuais, que buscam alternativas de longo prazo e maior retorno ajustado ao risco, ocupem este espaço, especialmente através de fundos de CRI, que já respondem por cerca de 50% da indústria de FIIs. Isso cria um ciclo virtuoso: os projetos imobiliários ganham fôlego com novas fontes de financiamento, enquanto os investidores têm acesso a produtos mais sofisticados, com o mercado mais flexível e eficiente.

Portanto, a decadência da caderneta de poupança não representa uma ameaça ao setor imobiliário. Pelo contrário, ela evidencia o amadurecimento da economia brasileira e da indústria que finalmente passa a ter no mercado de capitais sua principal fonte de financiamento, a exemplo do que ocorre nas economias desenvolvidas a quase um século.

Ricardo Vieira é diretor e gestor dos fundos de securities da VBI Real Estate

E-mail: rvieira@vbirealestate.com

Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

FERROVIÁRIO

Agência Senado - DF   11/10/2024

Investimentos urgentes em ferrovias — para que elas se tornem a principal matriz do transporte de cargas no país, visando ao escoamento de grãos, carnes e outros produtos agrícolas, além de itens da indústria — foram defendidos pelos participantes do debate promovido nesta quinta-feira (10) pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI).

Representantes do setor privado pediram celeridade na aplicação de recursos e mais investimentos do setor público, além de clareza quanto aos projetos de ampliação da malha ferroviária nacional. Eles também afirmaram que é necessário reforço na fiscalização que compete à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O debate foi promovido a pedido de dois senadores: Rosana Martinelli (PL-MT), que conduziu a reunião, e Alan Rick (União-AC).

Ao defender o governo, o senador Fernando Farias (MDB-AL) disse que "todos nós dependemos de ferrovias, e os donos de concessões precisam viabilizá-las".

— Fato é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem investido muito no Ministério dos Transportes — declarou ele, acrescentando que os investimentos em ferrovias no Brasil são muito caros.

Fernando Farias assumiu o cargo de senador em fevereiro do ano passado, quando substituiu Renan Filho (MDB), que se licenciou para se tonar ministro dos Transportes.

Ao responder aos comentários de Farias, Rosana Martinelli afirmou que "nosso intuito é discutir e atualizar os dados apresentados pelos participantes [do debate] e encaminhar ao governo os nossos anseios e as necessidades sobre o setor".
Mudança na matriz

Elisângela Pereira Lopes, assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)), considera as ferrovias essenciais para o agronegócio. Para ela, não é possível aceitar que 60% de toda a produção nacional continuem sendo transportadas por rodovias, “pois há a possibilidade de o país utilizar outros meios de locomoção dessas cargas”.

— Até quando ficaremos cativos do modo rodoviário para chegar com nossa carga no supermercado ou num porto de exportação, por exemplo? Precisamos refletir sobre essa tendência de investimentos anunciada pelo governo, mas ela precisa ocorrer de modo célere, porque a gente tem produto, mas a gente tem ferrovia? — questionou Elisângela.
Fiscalização da ANTT

André Nassar, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), destacou a relevância do debate, afirmando que a entidade recebe frequentemente relatos de recusa de atendimentos pelas concessionárias de ferrovias, sob alegação de falta de capacidade. Segundo ele, esses relatos são levados ao conhecimento da ANTT, mas a agência não tem conseguido efetuar a fiscalização.

— Aumentar a competição no setor ferroviário é o nosso objetivo. Mas, infelizmente, como repostas aos questionamentos postos às comissões no âmbito da ANTT, as concessionárias têm se apoiado nos contratos de concessão para não fornecer as informações solicitadas para o controle social. Isso tem sido ilegitimamente empregado como suporte para a inação da ANTT, tornando o quadro de difícil acompanhamento pelos usuários. A nosso ver, trata-se de uma falha na regulação e fiscalização pela agência, que legalmente deveria proteger o usuário por um mecanismo confiável de denúncia anônima, seja de forma direta ou por meio de entidades representativas — alertou o presidente da Abiove.

André Nassar defendeu mais transparência nas informações, sobretudo naquelas que permitem avaliar a eficiência do serviço — como perdas de mercadorias ao longo do transporte e tempo de percurso. Ele também sugeriu a abertura de um canal de denúncias confidenciais para receber os relatos dos usuários, em especial aqueles de negação de serviço por alegada falta de capacidade.

Para ele, também seria importante uma fiscalização integrada virtual, com a implementação plena do Centro Nacional de Supervisão Operacional (CNSO), da ANTT.

— Os investimentos em material permanente ou rodante devem ser ajustados conforme o crescimento das projeções de carga. O gatilho de ampliação vinculado à saturação da malha muitas vezes falha, pois a empresa nega capacidade, o que não se reflete nos indicadores. Então é crucial modificar essa abordagem para alinhar o crescimento ferroviário ao aumento das projeções de safras — argumentou André Nassar.

Superintendente de Transporte Ferroviário da ANTT, Alessandro Baumgartner respondeu que a agência precisa de problemas objetivos a serem solucionados, para então poder agir. Segundo ele, as concessionárias negam que recusam cargas, “até mesmo porque essa denúncia não tem sentido”. Para o superintendente da ANTT, é preciso mais clareza nas informações repassadas:

— Quem recusou a carga? Quanto, quando e onde? A gente precisa de algo sólido para trabalhar. O mesmo acontece em relação aos indicadores. Todos estão disponíveis no site da ANTT. Se não estão na forma desejada, é preciso que isso seja informado para que se faça a alteração. Precisamos de objetividade para atuar. Quais dados e como se quer esses dados, por exemplo, para sabermos se podemos atender ou não. Não há necessidade de expor o usuário, mas o problema, sim — ressaltou Alessandro Baumgartner.
Poder público

Diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Davi Ferreira Gomes Barreto avalia que é alto o volume de investimentos necessários para as ferrovias, mas considerou pequena a participação do poder público no setor. Ele afirmou que houve crescimento do volume dos principais produtos agrícolas transportados por trens, mas observou que esse ritmo ainda é insuficiente para corresponder à velocidade do desenvolvimento do agronegócio do Brasil.

Para ele, a expansão da malha ferroviária no país depende do envolvimento de diversos atores, públicos e privados.

— A ferrovia precisa de dinheiro novo, e não que se retire essa verba, e o setor privado não fará esses investimentos sozinho. Estamos tratando do grão, da celulose, do minério, e a participação do setor público é fundamental para demonstrar esse potencial ferroviário nacional. A transformação ecológica buscada por meio dessa matriz de transporte não tem se refletido no orçamento público da União ou no apoio dado pelo BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]. Então se faz necessário um "acordar" do poder público como um todo, para que de fato ele assuma um compromisso porque, sem isso, a gente terá muita dificuldade para virar esse jogo.

Secretário nacional de Transportes Ferroviários do Ministério dos Transportes, Leonardo Cézar Ribeiro defendeu uma expansão sustentável e a melhoria contínua do transporte de cargas nacional por meio das ferrovias. Ele salientou que o país tem um histórico satisfatório de investimentos no setor, com R$ 10,4 bilhões em 2023. Em 2024, segundo ele, os valores oriundos do setor privado devem chegar a R$ 14,4 bilhões. Para 2025, ele estima que o valor deverá alcançar R$ 16,7 bilhões e, para 2026, deve atingir a marca de R$ 14,2 bilhões.

— O papel do governo é reunir à mesa usuário e concessionária, de forma que a oferta e a demanda sejam viáveis para essa operabilidade, a exemplo do que está ocorrendo em outros países. A gente entrou num diálogo com as concessionárias, começando pela malha paulista, e a ideia é termos um plano transparente e com recursos. As futuras renovações já estão acontecendo, e um ponto central a ser destacado é a necessidade de se promover renovações sem indenizações antecipadas dos ativos não amortizados — declarou ele.
Ferrogrão

Rosana Martinelli questionou Leonardo Cézar Ribeiro sobre o andamento das obras da Ferrogrão. Esse projeto, de competência do governo, tem cerca de 933 km de extensão. E a previsão é que ligue a região produtora de soja em Sinop (MT) aos terminas fluviais de Miritituba (PA).

A questão é polêmica e está sob análise no Supremo Tribunal Federal (STF). Representantes do agronegócio consideram a Ferrogrão estratégica para transportar a produção de milho e soja, mas essa ferrovia enfrenta obstáculos na Justiça, já que seu traçado atravessa uma unidade de proteção ambiental.

Leonardo informou que a atualização dos respectivos estudos já foi entregue ao STF e demonstra ser possível construir a obra ao lado da rodovia, utilizando-se a faixa de domínio.

— Temos condições de levar o projeto a leilão em 2025, mas é um caso que envolve, além do governo, o Tribunal de Contas da União [TCU]. Mesmo havendo inúmeros desafios, o estudo mostra que é possível promover a infraestrutura, ao mesmo tempo em que se respeita todo o arcabouço institucional ambiental — afirmou o secretário do Ministério dos Transportes.

Para a senadora, é preciso dar celeridade à obra, com apoio do Congresso Nacional, a fim de que o projeto se concretize:

— São investimentos altíssimos, que precisam ser aprovados. Não podemos deixar o meio ambiente travá-los. Ninguém é contra o meio ambiente, mas ele não pode travar projetos, porque o Brasil precisa dessa continuidade e essa questão das ferrovias é primordial — declarou Rosana Martinelli.

A Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), que promoveu o debate, tem como presidente o senador Confúcio Moura (MDB-RO). A vice-presidente é a senadora Augusta Brito (PT-CE).

PETROLÍFERO

Money Times - SP   11/10/2024

Os preços do petróleo subiram cerca de 4% nesta quinta-feira devido ao aumento no uso de combustível nos Estados Unidos antes do furacão Milton passar pela Flórida, riscos na oferta do Oriente Médio e sinais de que a demanda por energia pode crescer nos Estados Unidos e na China.

Os futuros do petróleo Brent subiram 2,82 dólares, ou 3,7%, para fechar a 79,40 dólares o barril, enquanto o petróleo West Texas Intermediate (WTI) dos EUA subiu 2,61 dólares, ou 3,6%, a 75,85 dólares.

Nos EUA, o maior produtor e consumidor de petróleo do mundo, o furacão Milton atingiu a Flórida, onde cerca de um quarto dos postos de combustível ficaram sem gasolina e onde a tempestade também deixou mais de 3,4 milhões de residências e empresas sem energia.

“Fechamentos de vários terminais de produtos, atrasos nas entregas de caminhões-tanque e interrupção no movimento de oleodutos provavelmente afetarão o fornecimento até a próxima semana, devido às amplas quedas de energia”, disseram analistas da empresa de consultoria energética Ritterbusch and Associates em nota.

“Essa vasta incerteza na infraestrutura de petróleo da Flórida geralmente tem apoiado os valores da gasolina”, disse Ritterbusch. Os futuros de gasolina dos EUA estavam liderando o complexo energético, fechando com alta de cerca de 4,1% nesta quinta-feira.

Os contratos de referência do petróleo dispararam no início deste mês depois que o Irã lançou mais de 180 mísseis contra Israel em 1º de outubro, aumentando a perspectiva de retaliação contra as instalações de petróleo iranianas. Com Israel ainda sem responder, os contratos do petróleo diminuíram mais uma vez e permaneceram relativamente estáveis durante a semana.

Mas os investidores permaneceram cautelosos, já que o Ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, prometeu que qualquer ataque contra o Irã seria “letal, preciso e surpreendente”.

Em uma medida que pode impulsionar a demanda por petróleo no segundo maior consumidor de petróleo do mundo, a China publicou um projeto de lei com o objetivo de promover o desenvolvimento do setor privado, a mais recente medida do país para aumentar a confiança dos investidores em meio à desaceleração econômica.

Nos EUA, os mercados ficaram mais confiantes de que o Federal Reserve cortaria as taxas de juros em novembro, depois que dados mostraram um aumento nos pedidos semanais de auxílio-desemprego e um aumento anual na inflação, que foi o menor desde fevereiro de 2021.

RODOVIÁRIO

Valor - SP   11/10/2024

No acumulado dos nove primeiros meses do ano, a CCR viu aumento de 4,7% no tráfego em suas concessões de rodovias

A CCR registrou tráfego consolidado de 105,8 milhões de veículos equivalentes nas rodovias que administra em setembro, um crescimento de 3,8% na comparação anual.

Um dos destaques no mês passado foi a concessão ViaSul, com crescimento de 12,3% no tráfego, assim como ViaCosteira, com aumento de 10,3% no mês. Por outro lado, ViaLagos viu queda de 5,5% no tráfego em setembro, enquanto MSVia teve redução de 4,6%.

No acumulado dos nove primeiros meses do ano, a CCR viu aumento de 4,7% no tráfego em suas concessões de rodovias, com um total de 940,6 milhões de veículos equivalentes passando nas estradas entre janeiro e setembro.

Já nas operações da CCR Mobilidade, a empresa transportou 64,3 milhões de passageiros em setembro, alta de 5,1% na comparação anual. Nos nove primeiros meses do ano, o crescimento foi de 5,9%, a 560,6 milhões de passageiros.

Na CCR Aeroportos, a companhia embarcou 1,9 milhão de passageiros no mês passado, aumento de 12,6% em um ano. Entre janeiro e setembro, a alta foi de 7,6%, a 16,8 milhões de passageiros.

InfraRoi - SP   11/10/2024

Um terço do orçamento para investimentos que o governo do Paraná planeja para 2025 será destinado a obras de infraestrutura e transporte. Segundo o Anteprojeto de Lei Orçamentária (PLOA), enviado à Assembleia Legislativa, mais de R$ 2,1 bilhões serão alocados para melhorias em rodovias, asfaltamento e construção de novas vias.

O total do orçamento para investimentos no próximo ano será de R$ 6,3 bilhões, um aumento de quase 60% em relação à Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, conforme a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa). Desse total, 33% será aplicado em diversas obras pelo estado. Essa diferença de 60% representa R$ 2,4 bilhões a mais do que o que o Estado planejou investir em 2024, totalizando R$ 3,9 bilhões. Assim, quase todo esse aumento será voltado para obras.

De acordo com o PLOA 2025, parte dos R$ 2,1 bilhões destinados a obras já têm destinação definida. O documento aloca mais de R$ 1,8 bilhão para projetos em diversas regiões do estado, incluindo a construção da Ponte de Guaratuba e a duplicação de rodovias como a PR-317 e a Rodovia dos Minérios. Além disso, novas obras devem começar em breve.

Há pelo menos 20 obras em andamento ou planejadas para 2025, segundo a Sefa. Entre elas estão a PR-412, tanto no trecho entre Matinhos e Praia de Leste quanto entre Guaratuba e Garuva (SC), a PR-466 entre Guarapuava e Pitanga, e a ponte sobre o Rio Ivaí, conectando Japurá e São Carlos do Ivaí, no Noroeste.

Os investimentos também beneficiarão mais de 300 municípios com asfalto. O programa Asfalto Novo, Vida Nova, com um orçamento de R$ 224 milhões para 2025, visa asfaltar ruas em cidades com até 25 mil habitantes.

*Com informações da Secretaria de Infraestrutura e Logística do Paraná.

AGRÍCOLA

Investing - SP   11/10/2024

As exportações do agronegócio de São Paulo aumentaram 9,2% de janeiro a setembro de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, para 22,69 bilhões de dólares, elevando o Estado ao posto de maior exportador do país, informou a Secretaria da Agricultura e Abastecimento à Reuters, nesta quinta-feira.

Com esse resultado, São Paulo respondeu por 18% do total da exportação nacional, superando Mato Grosso, que ficou com participação de 17,3%, segundo levantamento realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), vinculado à secretaria.

Os resultados foram impulsionados por produtos como açúcar e suco de laranja, nos quais o Estado é líder no país e colabora com grande parte da dominância global da exportação do Brasil.

Essa liderança paulista na pauta de exportação agropecuária do Brasil já havia acontecido em abril deste ano, mas é rara, visto que o Mato Grosso, maior produtor de grãos, oleaginosas e gado do Brasil, costuma liderar a balança comercial do agronegócio.

O complexo sucroalcooleiro, com receita de 9,15 bilhões de dólares no período -- o açúcar representou 93,0% e o etanol 7,0% do total --, liderou as receitas externas do agro paulista.

No total, o grupo sucroalcooleiro subiu 23,0% em valores e 30,5% em volumes exportados, puxado pelo desempenho das vendas externas do açúcar (+31,5% em valores e +35,2% em volume), destacou a secretaria.

"A cada mês verificamos a potência do agro paulista na balança comercial. Os números registrados demonstram todo o nosso esforço junto com o setor, de uma produção agrícola com alta qualidade e preços competitivos no mercado internacional", afirmou o secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Guilherme Piai, em nota antecipada à Reuters.

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A pesquisa do IEA-Apta também analisou o desempenho por produtos, destacando o crescimento "expressivo" na exportação de café verde (+121,6%), carne bovina (+39,0%), suco de laranja (+27,5%) e produtos de celulose (+15,0%).

As carnes registraram receitas de 2,49 bilhões de dólares nos nove primeiros meses do ano, sendo a carne bovina responsável por 83,9%; produtos florestais atingiram 2,35 bilhões de dólares, com 54,3% de participação da celulose e 38,0% do papel; seguidos pelo complexo soja (2,10 bilhões de dólares); e sucos, com 2,0 bilhões de dólares, dos quais 98% foram sucos de laranja.

Esses cinco grupos representaram 79,7% das exportações do agronegócio paulista. O grupo café, também tradicional no Estado de São Paulo, ocupou a sexta posição, com vendas de 944,21 milhões de dólares, sendo 71,4% referentes ao café verde e 24,5% ao café solúvel.

Além de São Paulo e Mato Grosso, o ranking dos Estados com maiores receitas na exportação do agronegócio brasileiro é formado ainda por Paraná (11,5% do total), Minas Gerais (10,1%), Rio Grande do Sul (8,7%) e Goiás (6,6%), segundo o levantamento.

"Apesar de todos os desafios que temos enfrentado, como a forte estiagem no Estado, o agro de São Paulo mostrou sua força mais uma vez", destacou o secretário Piai, lembrando dos impactos da seca para a produção de cana, café e laranja.

O saldo da balança comercial do agronegócio paulista alcançou um superávit de 18,45 bilhões de dólares, um crescimento de 8,9% em relação aos nove primeiros meses de 2023.

No período analisado, a balança comercial do agronegócio de São Paulo, um Estado fortemente industrializado, representou 43,5% do total do Estado, enquanto as importações corresponderam a 7,5% do total.

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