Clipping Diário

13 | Dezembro | 2024

SIDERURGIA

Diário do Aço - MG   13/12/2024

Os trabalhadores da Usiminas rejeitaram a contraproposta apresentada pela empresa, referente à Campanha Salarial 2024. A assembleia com os metalúrgicos foi promovida nesta terça-feira (10), e teve uma ampla participação dos empregados, conforme avaliado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região (Sindipa). A empresa aguarda comunicação dos representantes dos trabalhadores, para agendar nova rodada de negociação.

Do total de 2.266 participantes, 1.788 trabalhadores votaram pela rejeição da proposta, o que representa 78,91%. Outros 474 votaram pela aprovação e quatro optaram pela abstenção de votos.

“Já oficializamos a Usiminas, Usiroll e Unigal para que marquem uma nova reunião e apresentem uma proposta melhor. Não temos pressa para fechar o acordo, principalmente se for ruim para os trabalhadores. Mas também não vamos ficar de braços cruzados aguardando a boa vontade das empresas. Enquanto isso, vamos continuar mobilizando os trabalhadores e se as empresas não se posicionarem o mais rápido possível, vamos convocar uma assembleia de estado de greve”, afirmou Geraldo Magela, presidente do Sindipa, ao Diário do Aço.

Nova proposta da Usiminas
A proposta rejeitada pelos empregados contemplava um reajuste salarial de 0,57% de aumento real, além da reposição das perdas medidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), um aumento de R$ 50 no Vale Alimentação, o que elevaria a R$ 600. Também foi recusado o parcelamento das férias.

Proposta rejeitada em mesa
Conforme informado pelo Diário do Aço anteriormente, no dia 19 de novembro, o Sindipa rejeitou em mesa a proposta apresentada pela Usiminas, não convocando assembleia junto aos empregados.
A empresa ofereceu um reajuste salarial com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a partir de 1º novembro (data-base da categoria); piso salarial R$ 2.031,96 a partir de novembro; divisão de férias em três períodos (se o trabalhador optar); vale-alimentação de R$ 550 a partir de fevereiro; carga extra de R$ 500 a partir de fevereiro.

Usiminas procurada
O Diário do Aço entrou em contato com o setor de comunicação da Usiminas, que informou que “aguarda a notificação do sindicato para definição dos próximos passos da negociação”.

ECONOMIA

Globo Online - RJ   13/12/2024

Quando Donald Trump foi eleito novamente presidente dos Estados Unidos, ecoou mundo afora a pergunta sobre o futuro da agenda global de enfrentamento às mudanças climáticas. Da ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, brotou análise pragmática. Ela disse que a realidade se impõe, na forma de inundações e seca severa em partes do Brasil; chuvarada no Saara; nevasca na África do Sul; furacões nos Estados Unidos.

— É possível construir muro para deter pessoas. Mas não há muro contra furação. Muro não controla a natureza — afirmou dias antes de embarcar para a COP29, em Baku (Azerbaijão).

Nesta semana, o IBGE reportou inflação oficial de 0,39% em novembro, o que elevou o acumulado em 12 meses para 4,87%, pelo segundo mês seguido acima do teto da meta (4,5%). O grupo Alimentação e Bebidas foi o que mais pesou no IPCA, representando 0,33 ponto percentual no resultado mensal. Carne bovina (+8,02%), café (+2,33%) e óleo de soja (+11%) dispararam, jogando para cima os gastos com alimentação no domicílio. São itens que fecham em alta há três meses consecutivos. E escalando.

No bimestre julho-agosto, a comida que as famílias brasileiras compram em supermercados, feiras e hortifrútis ficou mais barata: caiu 1,51% num mês, 0,73% noutro. De setembro em diante, não parou de encarecer: +0,56%, seguido de +1,22% em outubro e estratosférico +1,81% no mês passado. Não é por acaso que a mais recente pesquisa Quaest de avaliação do governo mostrou brasileiros cientes da carestia e frustrados com a economia, a despeito do vigor do PIB (alta de 0,9% no terceiro trimestre) e do desemprego em recorde de baixa (6,2% em agosto-outubro).

Na consulta à população entre 4 e 9 de dezembro, 40% disseram que a economia piorou nos 12 meses anteriores; 68% reclamaram da perda do poder de compra; 78% perceberam alta no preço dos alimentos. Toda vez que a comida dispara, o presidente da República perde popularidade. Desde o início do terceiro mandato, os maiores índices de aprovação de Luiz Inácio Lula da Silva ocorreram na virada do primeiro para o segundo semestre, época de deflação de alimentos. Lula bateu 60% de aprovação em agosto de 2023, durante o ciclo recente mais longo de variação negativa no custo dos alimentos. Foram quatro meses seguidos de queda: de junho a setembro.

A inflação dos alimentos — fenômeno global decorrente de problemas com safra, câmbio e cadeias de logística e insumos (em particular, fertilizantes oriundos da Rússia) — tem produzido mal-estar no eleitorado também em terra estrangeira. Joe Biden, presidente que se despede no mês que vem da Casa Branca, não conseguiu emplacar a candidatura da vice, Kamala Harris, também em razão da percepção consolidada de que o custo de vida era menor com Trump. E era.

A inflação dos alimentos nos Estados Unidos começou a acelerar no início da pandemia, na gestão do ex-presidente; bateu 11% sobre o ano anterior em meados de 2022, já sob Biden; e desacelerou. As remarcações perderam fôlego, mas os preços não caíram. Quem é brasileiro sabe como funciona. Na França, houve o mesmo: pressão na pandemia, pico de 15% no primeiro trimestre de 2023, estabilização. O presidente Emmanuel Macron, no centro de uma crise política grave, também perdeu popularidade pela carestia.

Não foi por acaso que, na última reunião do G20, no Rio de Janeiro, a declaração dos chefes de Estado fez referência a “reagir a pressões do custo de vida” e aos impactos negativos da guerra Rússia-Ucrânia “no que diz respeito à segurança alimentar”. Está claro que inflação em alta, comida cara, escassez de alimentos drenam capital político de incumbentes e ajudam a pôr democracias em risco.

O Comitê de Política Monetária (Copom) não erra quando se compromete a perseguir a meta de inflação, atribuição prevista em lei. Mas exagerou anteontem, ao impor ao país um choque de juros para mudar a trajetória do IPCA, estimado em 4,8% neste ano e 4,6% no próximo. O ponto percentual a mais na Selic neste dezembro e outros dois pontos, divididos nas reuniões de janeiro e março, levarão a taxa básica a 14,25% no fim do primeiro trimestre de 2025. É nível de uma década atrás, quando o IPCA caminhava para uma variação de dois dígitos — fechou em 10,67% em 2015.

Há intenção clara da autoridade monetária de frear a atividade econômica — e, com ela, investimentos produtivos, negócios da construção civil e do varejo, crédito ao consumidor —, além de tirar o mercado de trabalho do que economistas chamam de pleno emprego. Está evidente a pressão por equilíbrio nos gastos públicos, embora o salto nos juros fermente a dívida pública em volume bem superior à economia proposta por Fernando Haddad, ministro da Fazenda, no recém-apresentado — e, para os agentes financeiros, sempre insuficiente — pacote fiscal.

Neste ano, o Brasil terá queda de 6,7% na safra agrícola, resultado das turbulências climáticas, expressão usada pela ministra do Meio Ambiente. Por isso, alimentos encarecem. Refém do livro-texto de outros carnavais, falta o BC responder se há nível de juros capaz de derrubar o preço da carne, se o pasto arder em chamas; o valor do café, quando a plantação congelar; o quilo do arroz em campos inundados. Não há Selic que controle a natureza. É realidade que se impõe.

Veja - SP   13/12/2024

Os senadores aprovaram nesta quinta-feira, 12, o primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária, que trata do consumo. O PLP 68/2024 define as regras para cobrança dos três impostos sobre o consumo definidos pela Reforma Tributária: IBS, CBS e Imposto Seletivo.

Por conter alterações relevantes no texto aprovado pelos deputados, a regulamentação terá que voltar à Câmara para ser avaliada, antes de ser sancionada pelo presidente Lula. A expectativa é que a sanção seja feita ainda neste ano.

Ao longo dos meses em tramitação no Senado, o primeiro projeto de lei que regulamenta as regras da reforma tributária recebeu mais de 2 mil emendas dos senadores, sendo que mais de 100 foram acatadas pelo relator, senador Eduardo Braga (MDB-AM), na reta final da discussão. Algumas das principais mudanças no substitutivo do Senado foram bem recebidas pelo presidente – executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) João Eloi Olenike. “Ao contemplar setores estratégicos como saúde, combustíveis, mercado imobiliário e plataformas digitais, as modificações buscam mitigar impactos negativos e promover crescimento econômico”, diz Olenike.

Imposto Seletivo

O texto original de Braga ampliava a incidência do imposto seletivo (chamado de “imposto do pecado”) para armas e munições. Esse trecho foi retirado do relatório por meio de um destaque. As bebidas açucaradas também foram retiradas da lista de produtos que serão taxados com o imposto seletivo.

Em relação às bebidas alcoólicas, pequenos produtores de bebidas artesanais poderão ter alíquotas reduzidas em uma futura legislação. Já para cigarros, a cobrança será gradativa. No setor de mineração, Braga reforçou que o imposto seletivo será cobrado na extração, a uma taxa de 0,25%, corrigindo alterações feitas pelos deputados que haviam transferido essa cobrança para a exportação. Nesta quinta-feira, 12, o relator acatou uma emenda do senador Weverton Rocha (PDT-MA) que garante a não incidência do Imposto Seletivo nas exportações de bens minerais. A foi a de que a justificativa que a Constituição Federal garante imunidade tributária para as exportações. O texto também incluiu no texto a previsão que combustíveis para fins de transporte não terão incidência de Imposto Seletivo.

Revisão do cálculo das alíquotas sobre combustíveis após 2027

O relator propôs a alteração do período de referência utilizado para calcular as alíquotas de combustíveis após 2027. Essa medida visa maior estabilidade e previsibilidade no setor de energia.

“A mudança garante um ambiente mais estável para investimentos no setor e reduz o impacto da volatilidade dos preços de combustíveis no mercado”, diz Olenike.

Cesta básica

O óleo de milho e o óleo de soja, por exemplo, saíram da cesta básica e terão uma redução de 60% da alíquota, em vez de 100%. Carnes e queijos foram mantidos. Já a erva-mate foi incluída. A lista completa com itens da cesta básica com alíquota zerada é a seguinte:
Açúcar Arroz Café Carnes bovina, suína, ovina, caprina e de aves Erva-mate Farinha de aveia Farinha, grumos e sêmolas, de milho Farinha de mandioca Farinha de trigo Feijões Fórmulas infantis Grãos de aveia Grãos de milho Leite Leite em pó Manteiga Margarina Massas Pão comum Peixes e carnes de peixes Queijos tipo mozarela, minas, prato, queijo de coalho, ricota, requeijão, provolone, parmesão, queijo fresco não maturado e queijo do reino Sal

Saúde

Uma mudança essencial foi a exclusão da lista de mais de 300 medicamentos que serão isentos. Agora, essa será uma atribuição do Poder Executivo, que deverá estabelecer essa relação dos remédios isentos em ato conjunto dos Ministérios da Fazenda e da Saúde, além do Comitê Gestor do IBS.

O parecer propõe redução a zero das alíquotas do IBS e da CBS para medicamentos destinados a tratamentos de câncer, doenças raras, ISTs/aids, doenças negligenciadas, diabetes mellitus, vacinas e soros. A desoneração também inclui medicamentos registrados na Anvisa, adquiridos por órgãos públicos ou entidades de saúde que atendem ao SUS com pelo menos 60% de sua capacidade, além do Programa Farmácia Popular e composições para nutrição enteral e parenteral.

Em situações de emergências de saúde pública, novos medicamentos poderão ser incluídos na lista de alíquota zero por decisão do Ministro da Fazenda e do Comitê Gestor do IBS, segundo o texto. Serviços como homecare e cuidados com idosos e pessoas com deficiência também terão tributação reduzida.

Aluguéis

Em relação à mudança na tributação sobre aluguéis, o texto eleva o desconto no valor tributável de 400 reais para 600 reais e reduz a alíquota do imposto de 60% para 70% abaixo da alíquota-padrão. Com isso, aluguel de 1.500 reais pagaria 75,60 reais em tributos, considerando uma alíquota-padrão de 28%, enquanto na versão original a cobrança seria de 123,20 reais.

Além disso, a cobrança de tributos como IBS e CBS vai ocorrer no momento do pagamento do aluguel, em vez de também incidir na data de vencimento do boleto. A mudança garante que os locadores não sejam prejudicados em casos de inadimplência. A regulamentação também prevê que pessoas físicas só terão obrigação de contribuir se a renda anual derivada de aluguéis ultrapassar 240 mil reais distribuídos por ao menos três imóveis, uma forma de evitar excessos discricionários do Executivo.

Maior redução de alíquotas para alienação de bens imóveis

O substitutivo também trouxe a redução da alíquota do IVA para a alienação de bens imóveis de 40% para 50%. Ademais, as operações relacionadas a direitos reais de garantia permanecem isentas, conforme o texto da Câmara. “A mudança estimula o mercado imobiliário e reduz custos para transações de compra e venda de imóveis, beneficiando consumidores e investidores”, diz o presidente-executivo do IBPT.

Cashback

O parecer amplia o alcance do cashback, que prevê a devolução de tributos para famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) com renda per capita de até meio salário mínimo.

A devolução será aplicada de formas distintas: 100% da CBS e 20% do IBS para botijões de gás de até 13 quilos e para serviços como energia elétrica, água, esgoto, telecomunicações e gás encanado.

Em compras gerais, a devolução será de 20%, com exceção de itens que estão na lista do Imposto Seletivo. A regulamentação detalhada será feita posteriormente, segundo Braga.

Motoristas de aplicativo

O relatório mudou o conceito de receita bruta para isentar motoristas de aplicativo da cobrança do futuro Imposto sobre Valor Adicionado (IVA). O texto passa a considerar como receita bruta dos motoristas 25% do valor bruto recebido por mês.

A mudança, na prática, suaviza o conceito de nanoempreendedor que constava da versão da Câmara dos Deputados. O projeto aprovado pelos deputados isentava de IVA os trabalhadores autônomos que tenham auferido receita bruta de menos de 50% do teto de adesão ao regime do microempreendedor individual (MEI). Atualmente, o limite do faturamento MEI é de R$ 81 mil por ano (R$ 6.750 reais por mês).

Com a emenda acatada pelo relator, senador Eduardo Braga (MDB-AM), para a isenção, o percentual de 25% incidirá sobre o faturamento total do motorista de aplicativo. Então, a renda para ele ser considerado isento, após a mudança, fica mais baixa.

Split Payment

O Slit Payment simplifica o processo de arrecadação de impostos e consiste na retenção e recolhimento direto dos tributos devidos por plataformas digitais durante as transações realizadas por meio delas. Segundo o presidente- executivo do IBPT, a medida facilita a conformidade tributária para pequenos e médios empreendedores que utilizam plataformas digitais para vendas

Alterações no Simples Nacional

O substitutivo também trouxe mudanças relevantes para o Simples Nacional, especialmente para pequenas empresas. “A mudança facilita o acesso a incentivos fiscais e estimula investimentos em infraestrutura e modernização”, diz o presidente do IBPT.As principais alterações incluem:

A extensão do regime de bens de capital para empresas optantes do Simples Nacional inscritas no regime regular de apuração do IBS e da CBS. Inclusão de regimes especiais como o Reporto (Regime de Incentivo à Modernização e À Ampliação da Estrutura Portuária) e o Reidi (Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura).

Simplificação

A cobrança de tributos no setor de bares, restaurantes, hotéis e no de transporte de passageiros interestadual e intermunicipal, seja rodoviário, ferroviário e hidroviário foi simplificada. Agora, esses setores terão redução de 40% da alíquota, mas devem chegar à mesma arrecadação prevista inicialmente.

O Estado de S.Paulo - SP   13/12/2024

O jornal britânico Financial Times anunciou apoio à aprovação do acordo entre União Europeia e Mercosul. O artigo de opinião, assinado pelo conselho editorial do jornal, foi publicado na última quarta-feira, 11, e traz argumentos a favor da ratificação do acordo, que teve sua conclusão anunciada na semana passada. O jornal afirma que a ratificação do acordo é uma “chance de reforçar o livre comércio”.

O veículo destaca que o acordo, cujas negociações começaram em 1999, chegou a entrar na fase de conclusão em 2019, mas essa versão não chegou a ser assinada. O FT aponta agora o desafio da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para enfrentar a oposição ao tratado dentro da UE.

“A UE continua sendo o principal obstáculo para colocar (o acordo) em prática, o que é uma prova do trabalho realizado pelos governos do Mercosul na construção de consenso dentro de seu bloco”, diz o texto. “Von der Leyen terá que ver se consegue criar o ímpeto entre os governos da UE para superar as objeções da França, Polônia e alguns outros, que dizem que o acordo cria muitos desafios para seus agricultores. Aqueles que se importam com o sistema de comércio global devem torcer para que Von der Leyen prevaleça.”

O anúncio da conclusão do acordo não garante que o tratado se tornará realidade: o texto final ainda passará por revisões, entrará em fase de tradução e só depois é efetivamente assinado. Então, precisa ser aprovado pelo Conselho Europeu e pelo Parlamento Europeu, fase em que países opositores podem tentar bloquear o seu avanço.

O Financial Times afirma que o acordo abre oportunidades comerciais e também tem “importância global simbólica”, principalmente com a eleição de Donald Trump como próximo presidente dos Estados Unidos e a expectativa de que o país poderá se isolar do cenário internacional.

“Mesmo sob Joe Biden, os EUA essencialmente ignoraram as regras comerciais em um nível multilateral e consideraram todos os acordos comerciais significativos como anátema. A atitude de Donald Trump em relação a um sistema baseado em regras provavelmente será ainda mais desdenhosa. Este seria um excelente momento para mostrar que a UE e os grandes mercados emergentes podem continuar a construir uma infraestrutura de direito comercial regional - a segunda melhor opção em relação aos acordos da OMC, mas melhor do que nada”, diz o artigo.

Quanto à oposição da França ao acordo, o jornal britânico aponta que as dificuldades políticas do presidente francês, Emmanuel Macron, não são triviais, mas que seria “tolice” deixar passar a oportunidade de fortalecer os laços com um grande bloco comercial de mercados emergentes em meio à perspectiva de tornar a UE uma força geoeconômica.

“Os laços comerciais não se traduzem diretamente em influência geopolítica, mas uma UE que não consegue se unir para assinar acordos comerciais preferenciais - uma competência centralizada - terá pouca credibilidade para projetar poder em outro lugar”, diz o texto.

O jornal conclui pontuando que falhar uma vez na aprovação do acordo “foi lamentável” - mas “falhar duas vezes seria reprovar uma oportunidade-chave de defender o livre comércio diante da ameaça da Casa Branca”.

O Estado de S.Paulo - SP   13/12/2024

Depois da dura decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual, o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, ainda trabalha no seu novo cenário, mas ele avalia que a Selic precisará alcançar um patamar entre 14,5% e 15,25% para que o Banco Central consiga levar a inflação para o centro da meta, que é de 3%.

“Nas nossas contas, uma Selic entre 14,5% e 15,25%, provavelmente, entrega o modelo dele, não sei se a inflação é efetiva, mas entrega o modelo dele no centro da meta em final de 2026", afirmou.

Na quarta-feira, 11, o Copom decidiu pelo aumento de 1 ponto porcentual na taxa básica de juros, para 12,25%, e indicou mais duas altas de mesma magnitude.

Com o aperto monetário esperado para os próximos meses, Honorato avalia que o desempenho econômico do segundo semestre do ano que vem - ele não descarta uma recessão - e de 2026 deve ser afetado.

“Com um juro real entre 9% e 10% como o que vamos chegar, as empresas com dívida vão ter um resultado financeiro pior, portanto, terão de fazer ajustes operacionais, reduzir custos, demitir para poder lidar com esse resultado financeiro pior. E o crédito, na margem, vai ficar mais caro”, diz o economista, que defendia um gradualismo na alta de juros.

A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Estadão.

O sr. defendia um gradualismo na condução da política monetária, com uma alta de 0,5 ponto porcentual no juro, na reunião de quarta-feira. Qual é a avaliação da decisão do Copom?

O Banco Central entregou a alta de juros que estava precificada na curva de mercado. Tem muita gente falando que foi uma decisão surpreendente, e o mercado tinha um pouquinho menos do que três alta de juros 1 ponto porcentual. Desse ponto de vista, não dá para chamar a decisão de ontem de uma grande surpresa. É verdade que ele entregou mais do que a média dos economistas esperava, que era uma alta de 0,75 (ponto porcentual).

O Copom, ao incorporar o que tratava como riscos no cenário base - foi isso que ele escreveu no comunicado, que o cenário ficou até menos incerto, porque os riscos se materializaram -, fez com que a projeção (de inflação) dele ficasse mais alta, de 4% para o IPCA. Portanto, ele preferiu uma estratégia mais firme para assegurar o compromisso dele com o centro da meta (que é de 3%). Foi essa a escolha do Copom. E, de novo, amparado por essa mudança no cenário base. E ainda tem o hiato (do produto) que está mais aberto, com uma economia mais forte na avaliação do BC.

Qual será o impacto de ciclo de alta de juros?

Será importante. Nós já estamos com uma taxa de juro restritiva. São vários canais de transmissão que afetam, mas um deles, o câmbio, não está propriamente operacional nesse momento. Mas o canal do crédito e dos investimentos vai ser afetado. Com um juro real entre 9% e 10% como o que vamos chegar, as empresas com dívida vão ter um resultado financeiro pior, portanto, terão de fazer ajustes operacionais, reduzir custos, demitir para poder lidar com esse resultado financeiro pior. E o crédito, na margem, vai ficar mais caro.
E de quanto será esse impacto?

O primeiro semestre de 2025 vai estar, de alguma forma, protegido por três grandes fatores. Tem uma safra agro extraordinária e que vai, não só produzir um efeito estatístico no PIB, como vai gerar um pouco de renda para o Centro-Oeste e para parte do Sul e do Sudeste. Tem a regra de valorização do salário mínimo, que prevê uma alta acima da inflação no ano que vem e, portanto, recompõe um pedaço do poder de compra das famílias e dos beneficiários da Previdência. E tem por último, algo que não é tão simples de medir: um pouco de poupança das famílias que foi acumulada desde a pandemia. Bem ou mal ela permite que suavize (o impacto) no consumo. O primeiro semestre, razoavelmente, está protegido dessa alta de juros. Agora, eu espero uma economia bem mais fraca no segundo semestre.
Tem alguma chance de PIB negativo nesse período?

Na margem, sim. Ou seja, acho que tem chances de termos um PIB negativo no segundo semestre do ano que vem. Na média do ano, eu acho quase impossível devido à dinâmica do primeiro semestre. Uma coisa que é importante é que esse é o objetivo da política monetária. Não estou dizendo que é produzir recessão. O objetivo da política monetária é esfriar a economia para que a inflação ceda, as expectativas caiam e a gente tenha uma situação em que o Banco Central possa cumprir a meta dele. Nada disso está fora do script de um aperto da política monetária.

Faz sentido o País ter um juro real que vai chegar entre 9% e 10%? É culpa do pacote de contenção de gastos?

A gente saiu de uma despesa de 18% do PIB em dezembro de 2022 para 20,5% do PIB na metade deste ano. Foram dois pontos e meio a mais de gasto público, incluindo precatórios e legados (do governo passado). Mas não é só legado. Tem muita iniciativa nova que gerou a expansão da economia e, portanto, pressões inflacionárias. Nós, assim como o mercado, também estimávamos que o déficit em conta corrente seria de 0,5% do PIB, 1% do PIB no começo do ano, mas está indo bater 2,5% do PIB, quase 3% do PIB. Claramente, essa economia está mais acelerada, tem uma inflação mais alta e precisa de um juro mais alto.

Essa é a parte mais estrutural. Se fosse só por isso, nós sequer estaríamos discutindo uma alta de 1 ponto porcentual na reunião passada. O mercado estaria discutindo 0,50 ponto porcentual, 0,75 ponto. Essa é a parte importante da razão pela qual nós temos uma combinação de inflação persistente com o juro alto. E, claro, o câmbio não tem apreciado (real está desvalorizado) nos últimos meses e isso conta a história de um dos canais da política monetária que não está funcionando como exatamente como deveria.
E o impacto do pacote, então?

O pacote acelerou essa piora do câmbio. E é importante ser bem preciso. Na ótica do gasto, se você perguntar o que eu esperava que o pacote entregasse, eu esperava que o pacote entregasse a sobrevivência do arcabouço até 2027, para que nós não tivéssemos de discutir, em 2026, de novo, eventuais mudanças nas regras fiscais. Essa era a minha expectativa. Se me perguntar se eu esperava que o pacote fosse entregar um superávit primário maior do que já está previsto, um corte de gastos profundo, eu não esperava isso. Inclusive, eu dizia que o que pacote iria fazer era alargar o espaço das (despesas) discricionárias, contendo as obrigatórias, para que o teto ficasse vivo até 2027.

Desse ponto de vista, o anúncio do Haddad ficou aquém do que eu esperava, porque não dá para garantir que o arcabouço vai até 2027. O economista do banco que cuida de fiscal diz que até 2026 dá para garantir, mas 2027, talvez, não dê. Tem uma certa frustração no horizonte de sobrevivência do pacote. Mas, quando eu penso em impulso para a política monetária, aquilo que importa para o Banco Central, não mudou nada no dia seguinte ao pacote para 2025 do que era antes do pacote. A despesa total/PIB que eu esperava para 2025 antes do pacote e depois do pacote é idêntica, com uma viabilidade maior pós-pacote porque a (despesa) discricionária vai aumentar. Uma das razões pelas quais eu defendia o juro menor era porque o fiscal, nesse aspecto, não iria atrapalhar.

Houve também a proposta do Imposto de Renda...

Ao desonerar quem ganha entre dois salários mínimos e quem ganha R$ 5 mil, você está atuando sobre os 25% mais ricos da população brasileira. Não é uma política que se alinhe à proteção aos mais vulneráveis. Não estou dizendo se está certo ou errado. Dito isso, quando eu penso que o Brasil é um país superendividado e com uma carga tributária regressiva - e deveria tributar mais os mais ricos -, o melhor uso desse dinheiro que se arrecada deveria ser para pagar a dívida pública. E acho que isso pegou para o mercado. Primeiro, porque você não sabe se vai conseguir compensar plenamente. Dois, é uma política que pode gerar um estímulo à demanda em 2026. E três, se você é capaz de tributar os mais ricos, parece que tinha uma escolha melhor que era pagar um pedaço da dívida de um país que tem juros muito alto. Essa parte do pacote diz muito a respeito desse câmbio que sai dos R$ 5,80 e vai para o R$ 6,10. De alguma forma, vai consolidando essa percepção de que o juro real vai ficar mais perto de 8%, 9%.

Depois da última decisão do Copom, o banco chegou a revisar a Selic?

Nós vamos revisar. Temos o hábito de divulgar o cenário inteiro mensal. O que eu posso dizer é que, obviamente, o (juro de) 14,25% está garantido na nossa visão. Tem um ponto importante: onde o Banco Central vai parar? Eu preciso me transportar para quando vai ser a decisão dele. Quando chegar em maio ou junho do ano que vem e o BC estiver mirando no final de 2026, um ano e meio à frente, onde vai estar o modelo? Nas nossas contas, uma Selic entre 14,5% e 15,25%, provavelmente, entrega o modelo dele, não sei se a inflação efetiva, mas entrega o modelo dele no centro da meta em final de 2026. Então, eu acho que a gente vai acabar indo para lá. Vamos acabar vendo alguma coisa entre 14,5% e 15,25%.
E tem chance de o governo diminuir esse ruído com o pacote?

Sempre tem. Sempre é possível resgatar o protagonismo, melhorar o cenário. Um exemplo: suponha que amanhã o Haddad diga que voltou atrás da ideia da desoneração (de IR) de até R$ 5 mil, mas não desistiu da tributação dos mais ricos e que vai usar isso para aumentar o superávit primário. Não sei se tão rápido, mas certamente isso vai produzir uma melhora, um resgate dessa credibilidade, dessa confiança. Suponha que o Congresso aperte as regras fiscais, ainda tem espaço para uma melhora. A pergunta é se é provável que isso aconteça. Não parece, uma vez que o pacote foi costurado e negociado por mais de 30 dias e, eu suponho que o que nasceu do pacote foi o politicamente possível na visão da equipe econômica e do governo.
O que pode fazer o governo voltar a ter alguma estabilidade no mercado?

Eu acho que é a passagem do tempo. O que chamo de passagem do tempo? É a política monetária funcionar; esse gasto público, com uma expansão menor em 2025 do que em 2024, vai fazendo a economia esfriar; e a inflação, que todo mundo tem medo de que saia do controle, não sai do controle. Aí a gente volta em algum momento, no final do ano que vem, a discutir corte de taxa de juros. Hoje, eu acho que precisa de um pouco de tempo para as coisas acomodarem. E um detalhe importante: nesse processo precisa que o câmbio estabilize.

O Bradesco estima um crescimento do PIB de 3,5%, mas com viés de alta, em 2024. O que esperar de 2025?

O viés de alta é a calibragem. É um crescimento de 3,6%. Talvez, esticando um pouco pode ser 3,7%, mas 3,5% está bem calibrado. Para o ano que vem, temos 2,4%. Como eu falei, esses colchões do primeiro semestre são muito fortes. O que está em jogo para valer, com a decisão de quarta, é o crescimento de 2026, até quando a gente pensa na defasagem da política monetária. A política monetária não é algo que produz efeitos imediatos. Ela leva tempo. Essa defasagem vai impactar o crescimento do segundo semestre de 2025. O ano cheio de 2026 é o candidato a ter menos crescimento.

Globo Online - RJ   13/12/2024

A China indicou que vai adotar mais medidas de estímulo econômico, incluindo elevar sua relação de déficit orçamentário para o ano que vem. O anúncio deve acontecer durante uma reunião entre autoridades econômicas, que define as prioridades políticas para o próximo ano.

Altos líderes, comandados pelo presidente Xi Jinping, também se comprometeram a implementar cortes nas taxas de juros e a reduzir os requisitos de reserva para os bancos durante a Reunião Central de Trabalho Econômico, realizada em Pequim, de acordo com a emissora estatal CCTV.

A emissora afirmou que a China “precisará manter o crescimento econômico e assegurar a estabilidade geral do emprego e dos preços” no próximo ano. O governo também planeja aumentar a emissão de títulos especiais do tesouro de longo prazo e notas especiais de governos locais, que são fontes importantes de investimento em infraestrutura e outros gastos públicos.

Essas promessas seguem o compromisso feito no encontro do Politburo no início desta semana de injetar mais estímulos na economia. Isso incluiu a primeira mudança na política monetária da China em 14 anos para uma estratégia “moderadamente frouxa” e indicou uma determinação em apoiar a demanda.

Embora uma desaceleração econômica seja um risco para 2025, a China parece estar no caminho para atingir sua meta oficial de crescimento econômico de cerca de 5% este ano, após um leve aumento nos gastos dos consumidores e na atividade industrial nas últimas semanas.

Governo tem incentivado programas para terceira idade e e o desenvolvimento de indústrias voltadas para idosos

As melhorias no cenário econômico do país são amplamente atribuídas a uma série de medidas de estímulo implementadas desde o final de setembro, como cortes agressivos nas taxas de juros e subsídios governamentais ampliados para compras de carros e eletrodomésticos.

No entanto, as perspectivas para o próximo ano e além são cada vez mais incertas. O risco de uma nova guerra comercial com os Estados Unidos, após a reeleição de Donald Trump, pode fazer com que as exportações deixem de ser um motor significativo de crescimento.

Os desafios domésticos também estão se acumulando. A confiança de consumidores e empresas permanece baixa, contribuindo para uma deflação persistente. A prolongada desaceleração no setor imobiliário não apresenta sinais de recuperação.

Investidores estão analisando a linguagem usada pelos líderes para decifrar planos políticos concretos para o próximo ano, já que o otimismo inicial com os sinais de políticas ousadas perdeu força. Economistas têm pedido aumento nos empréstimos e gastos do governo central, maior auxílio aos consumidores e reformas para melhorar a rede de segurança social.

Detalhes como a meta de crescimento ou o orçamento do governo só serão revelados em março, durante as sessões legislativas anuais.

Muitos economistas esperam que Pequim estabeleça uma meta para 2025 semelhante ao objetivo deste ano de expandir o produto interno bruto em “cerca de 5%”. Alguns também preveem que os formuladores de políticas buscarão levar o déficit orçamentário do próximo ano ao maior nível em três décadas e implementar os cortes de taxas mais profundos desde 2015.

Exame - SP   13/12/2024

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, está prestes a reduzir a taxa de juros em sua próxima reunião, marcada para os dias 17 e 18 de dezembro, com base nos mais recentes dados de inflação. Contudo, os sinais de persistência inflacionária podem levar os formuladores de política monetária a reconsiderar o ritmo dos cortes previstos para 2025, segundo a Bloomberg.

Os investidores esperam amplamente que o Fed reduza a taxa básica em 0,25 ponto percentual, diminuindo o intervalo da taxa de juros para 4,25% a 4,5%. Este seria o terceiro corte consecutivo desde setembro, quando a taxa estava em 5,25% a 5,5%. Apesar disso, a inflação ainda apresenta desafios. Os dados divulgados pelo Departamento de Estatísticas Laborais dos EUA indicaram que a inflação subjacente, que exclui alimentos e energia, aumentou 0,3% em novembro, mantendo o mesmo ritmo dos quatro meses anteriores, com um aumento anual de 3,3%.

Esses números mostram que o progresso em direção à meta de inflação de 2% do Fed tem sido mais lento do que o esperado, levantando preocupações sobre a resiliência da inflação. Por outro lado, o mercado de trabalho norte-americano permanece robusto, o que reduz a necessidade de cortes acelerados.

Cortes em 2025 podem ser revisados

Na reunião de dezembro, o Fed também atualizará suas projeções econômicas e a trajetória esperada para as taxas de juros nos próximos anos. Em setembro, o comitê previa quatro cortes em 2025, mas muitos analistas acreditam que esse número pode ser reduzido para três ou menos, refletindo a preocupação com a persistência inflacionária.

Os últimos números da inflação de novembro trouxeram avanços mistos. Custos de habitação, que têm sido uma fonte persistente de inflação, finalmente desaceleraram. No entanto, os preços de bens excluindo alimentos e energia subiram 0,3%, o maior aumento desde maio de 2023, destacando pressões inflacionárias em alguns setores.

Esses dados reforçaram a expectativa de um corte em dezembro, com a probabilidade dessa redução subindo para 90%, segundo o mercado futuro de fundos do Fed. Essa possibilidade já era vista como provável após dados mistos sobre o mercado de trabalho em novembro, que indicaram uma economia resiliente, mas não superaquecida.

Apesar do otimismo do mercado com um corte iminente, especialistas alertam que a inflação ainda pode complicar o cenário para 2025.

Desafios para encontrar a taxa neutra

A discussão sobre a chamada taxa neutra — o nível de juros que não desacelera nem estimula a economia — também voltou à tona. Se a taxa neutra estiver mais alta do que anteriormente estimado, isso indica que as taxas de juros atuais podem não estar freando a economia tanto quanto esperado. Isso adiciona mais complexidade ao equilíbrio que o Fed tenta alcançar entre não prejudicar o mercado de trabalho e evitar um corte prematuro que reaqueça a inflação.

Jerome Powell, presidente do Fed, destacou recentemente a necessidade de cautela ao ajustar as taxas. Ele enfatizou a importância de encontrar um ponto de equilíbrio sem criar novos desequilíbrios econômicos.

A perspectiva de um corte em dezembro reflete a confiança de que o Fed está no caminho certo para conter a inflação sem sufocar o crescimento econômico. No entanto, o ritmo e a magnitude dos cortes futuros dependerão de dados econômicos consistentes que apontem para uma desinflação sustentável.

O Estado de S.Paulo - SP   13/12/2024

O Brasil cresce, o emprego aumenta, o consumo se expande, e o governo se mexe, mas essas boas notícias soam como alerta para o Banco Central (BC). Prosperidade pode ser sinal de pressão inflacionária – motivo para uma nova fase de aperto monetário, com aumento imediato de juros e mais dois na pauta do primeiro trimestre. A justificativa mais simples o mercado financeiro já havia produzido, ao projetar para os próximos dois anos taxas de inflação próximas de 4,8% e 4,6%. Os dois números são bem superiores à meta central, 3%, e também ultrapassam o teto, fixado em 4,5%.

A atenção da autoridade monetária ao dinamismo da economia contém, de forma implícita, um importante recado ao governo e ao empresariado. A economia só pode crescer de forma vigorosa e continuada se houver suficiente investimento na capacidade produtiva. Esse recado é especialmente importante no caso do Brasil, onde o risco inflacionário se manifesta quando a expansão tende a se manter, por alguns anos, acima da faixa próxima dos 2%. É como se aos brasileiros estivesse vedada uma prosperidade semelhante à de outros países emergentes e também à de alguns avançados.

Ao citar as fontes de inflação, o Copom menciona em seu comunicado um “hiato do produto”. Em muitas ocasiões esse hiato foi citado para indicar uma produção abaixo da capacidade da economia. Desta vez, as palavras apontam uma atividade acima da capacidade normal e, portanto, com efeito inflacionário.

Mais uma vez é necessário, portanto, recorrer a um freio. Tem sido rotineira, no Brasil, a rápida passagem da prosperidade à restrição monetária, com o consequente emperramento do consumo e dos negócios. Essa mudança tende agora a repetir-se.

Dinheiro mais caro e mercados menos ativos devem resultar do novo aperto iniciado pelo Copom, o Comitê de Política Monetária, formado por diretores do BC. Esse roteiro foi decidido de forma unânime. O diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, continua cumprindo a promessa de trabalhar em seu novo posto sem subordinação ao chefe de governo.

A partir de janeiro, Galípolo deverá presidir a instituição. Na virada do ano terminará o mandato de Roberto Campos Neto. Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o atual chefe do BC foi hostilizado muitas vezes, de forma gratuita e até ofensiva, pelo novo presidente da República. O ministro da Fazenda do governo petista, Fernando Haddad, tentou pacificar e civilizar o ambiente, mas com sucesso limitado. Lula prometeu respeitar as decisões de Galípolo.

O novo líder do BC foi rápido e claro, no entanto, ao afirmar sua independência em relação à chefia do Executivo. Não se trata apenas de relacionamento pessoal. No mundo democrático, os governantes normalmente respeitam os condutores da política monetária. Além de baseado em lei, esse comportamento é parte de um ordenamento favorável à estabilidade da moeda e à normalidade do crédito. Em países civilizados, a atuação básica da autoridade monetária, incluída a regulação do crédito, é parte de uma rotina aceita pelos governos e pelo mercado como parte da ordem econômica.

No Brasil, governantes e outros políticos ainda se comportam rotineiramente como se as finanças públicas e a estabilidade monetária fossem irrelevantes ou incompatíveis com o crescimento econômico. O presidente Lula, talvez por fidelidade a noções petistas de meio século atrás, segue de vez em quando esse padrão, coincidindo com alguns líderes de seu partido. Isso complica, naturalmente, o trabalho de ministros e técnicos empenhados em preservar a estabilidade monetária, mas o presidente parece nem sempre se lembrar desse detalhe.

MINERAÇÃO

Investing - SP   13/12/2024

Os preços futuros do minério de ferro se recuperaram das perdas da sessão anterior nesta quinta-feira, com os investidores aguardando pistas sobre flexibilização de política monetária em uma importante reunião econômica na China, principal mercado consumidor de minério.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 0,86%, a 818,5 iuanes (112,68 dólares) a tonelada.

O minério de ferro de referência para janeiro na Bolsa de Cingapura subia 1,36%, a 106,0 dólares a tonelada.

"Os preços do minério de ferro permaneceram estáveis, com os comerciantes avaliando o impacto do estímulo adicional da China e da flexibilização da política monetária em relação a outros ventos contrários estruturais", disseram analistas do ANZ.

Os principais formuladores de políticas da China estão considerando permitir que o iuan se enfraqueça em 2025, enquanto se preparam para uma segunda presidência de Donald Trump, refletindo o reconhecimento de Pequim de que o país precisa de maior estímulo econômico para combater as ameaças de Trump de tarifas maiores, informou a Reuters na quarta-feira.

A notícia pesou sobre o sentimento nos mercados de metais industriais, já que o iuan mais fraco poderia levar a saídas de capital e a declínio no mercado acionário, acrescentaram os analistas do ANZ.

Na segunda-feira, o Politburo da China prometeu mudar para uma política monetária "adequadamente frouxa" para estimular o crescimento econômico.

Analistas dizem que os mercados estão ansiosos pela Conferência Anual de Trabalho Econômico Central de Pequim nesta semana. Mas as medidas detalhadas ainda não estão claras.

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Embora o minério de ferro esteja atualmente impulsionado pelas medidas políticas oficiais, o armazenamento do período inverno e a reposição pelas usinas siderúrgicas, os altos estoques portuários e as preocupações com a demanda de longo prazo limitam a alta de preços, disse a Hexun.

Investing - SP   13/12/2024

O fundo de capital de risco corporativo da Vale (BVMF:VALE3), chamado Vale Ventures, investiu em uma startup sediada em Boston (EUA) que criou uma tecnologia para aquecimento de fornos industriais sem uso de combustíveis fósseis, disse o líder do fundo, Bruno Arcadier, à Reuters.

O investimento minoritário da Vale Ventures na Electrified Thermal Solutions (ETS) ocorreu como parte de uma rodada de 19 milhões de dólares da startup, juntamente com coinvestidores. A Vale, segundo Arcadier, foi a única mineradora dentre os investidores na rodada, com os demais pertencendo a setores como cimento e energia.

O executivo não revelou o desembolso feito pela Vale, mas pontuou que a tecnologia desenvolvida pela ETS tem "forte potencial" para redução de emissões de gases de efeito estufa em processos industriais em setores de difícil abatimento, como mineração e siderurgia, com baixos custos.

"As emissões relacionadas a (processos de) aquecimento (industrial em diversos setores) representam 20% das emissões globais, porque são usados combustíveis fósseis", disse Arcadier.

"O que essa startup conseguiu desenvolver foi uma tecnologia que permite, a partir de eletricidade -- gerada com energia renovável, energia limpa -- aquecer a uma temperatura de até 1.800 graus."

O executivo ressaltou que a Vale tem a necessidade de aquecimento em suas operações em atividades como pelotização, briquetagem e outros. Segundo Arcadier, a companhia precisa de aquecimentos que chegam até 1.200 graus de temperatura.

A tecnologia da ETS "ajuda para o nosso escopo 1, mas também pode ajudar para o nosso escopo 3, que é para a siderurgia", disse o executivo.

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Fundada em 2020 pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a ETS planeja abrir sua primeira planta piloto de demonstração em escala comercial em 2025, cujo local não foi revelado por Arcadier.

A expectativa da Vale é que a tecnologia possa também ser testada em suas operações, em algum momento, e que já haja soluções comerciais em escala industrial até o fim desta década, segundo o executivo. Ele pondera, entretanto, que o investimento tem ainda riscos. "A gente vai trabalhar aqui para o sucesso dela", ressaltou.

Com o investimento, a Vale passa a ter uma participação societária minoritária na startup e também passa a acompanhar o processo de governança dela. A mineradora também contribuirá com o desenvolvimento da startup, disponibilizando especialistas da empresa.

Este foi o quarto investimento feito pela Vale Ventures, que em 2022 comprometeu capital de 100 milhões de dólares a ser investido no desenvolvimento de soluções disruptivas para a cadeia de valor de mineração e metais.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   13/12/2024

Considerado “espetacular” pelo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, o ano vai fechar com crescimento de vendas internas de 15%

Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea — Foto: Silvia Zamboni/Valor

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) antecipou nesta quinta-feira estimativas de vendas, produção e exportação de veículos em 2024. Considerado “espetacular” pelo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, o ano vai fechar com crescimento de vendas internas de 15%, o maior entre os 10 principais mercados globais.

A estimativa da Anfavea indica a venda de 2,57 milhões de veículos até o fim do ano. Já a produção registrará crescimento menor, de 10,7%. Trata-se, segundo Leite, de um resultado do aumento das importações. Com 463 mil unidades, a participação dos carros importados no mercado brasileiro em 2024 (17,4%) será a maior dos últimos dez anos. De cada dois importados fora do Mercosul um vem da China.

Já a exportação se manterá estável em 2024 em relação ao ano passado, com 403 mil veículos embarcados. A recuperação do mercado argentino fez com que as exportações não caíssem este ano.

Pela primeira vez desde 2014, o país importou mais do que exportou carros. Segundo Leite, a entidade prepara um estudo detalhado sobre importações e as preocupações da indústria a respeito para levar ao governo.

O aumento da taxa básica de juros preocupa o setor em relação aos próximos meses. “A Selic de 12,25% nos fez mexer muito nas projeções para 2025 durante a madrugada”, destacou Leite.

A elevação no nível de emprego destacou-se no setor. Segundo a Anfavea, em 2024, foram abertos 10 mil empregos diretos, o que representa, segundo a entidade, 100 mil vagas na cadeia que envolve o setor.

Exame - SP   13/12/2024

Os portos brasileiros têm estado congestionados este ano com mais de 70 mil veículos elétricos (EVs) chineses não vendidos, evidenciando as dificuldades crescentes das montadoras da China para sustentar seu crescimento robusto.

De acordo com a Bloomberg, fabricantes como BYD e Great Wall Motor têm grandes ambições globais, e o Brasil tornou-se um mercado essencial para comprovar sua viabilidade no exterior, especialmente em meio a tendências protecionistas em outras grandes economias. O país, sendo o sexto maior mercado automotivo do mundo, é visto como a porta de entrada para o restante da América Latina.

Embora tenham criado o segmento de EVs no Brasil, as montadoras chinesas agora enfrentam desafios significativos. O excesso de veículos nos portos é resultado de uma tentativa de evitar novas tarifas de importação. Ao mesmo tempo, fabricantes locais têm reagido com investimentos e lançamentos de modelos elétricos. Além disso, o crescimento das vendas de EVs no Brasil tem mostrado sinais de desaceleração.

Vendas dobraram em 2024

Segundo dados da Anfavea, a participação de veículos eletrificados nas vendas totais no Brasil quase dobrou em janeiro de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a 7%. No entanto, esse número estagnou desde então. Até outubro, das cerca de 2 milhões de unidades vendidas no Brasil, apenas 140 mil eram eletrificadas.

A situação também reflete dificuldades de infraestrutura. O país ainda tem uma rede limitada de estações de recarga, o que desestimula consumidores preocupados com a autonomia dos veículos em um país extenso como o Brasil.

Para contornar os desafios, fabricantes chineses intensificaram seus esforços. A BYD, por exemplo, planeja inaugurar em março de 2025 sua primeira fábrica de carros elétricos fora da Ásia, localizada em uma antiga planta da Ford em Camaçari, Bahia. O investimento de 5,5 bilhões de reais (US$ 1,1 bilhão) deve permitir a produção de até 300 mil veículos anualmente em dois anos.

A Great Wall Motor, por sua vez, pretende iniciar operações em maio em uma planta anteriormente ocupada pela Daimler. A empresa anunciou um investimento de 10 bilhões de reais (US$ 1,6 bilhão) ao longo de uma década.

Além dessas, outras marcas chinesas, como Chery, GAC e Zeekr, anunciaram investimentos significativos e planos de expansão para o Brasil, buscando capitalizar no mercado local em meio às barreiras tarifárias impostas por EUA e Europa.

Tarifas do governo

As tarifas, que começaram a ser reintroduzidas pelo governo Lula em janeiro de 2024, visam equilibrar a competitividade entre montadoras locais e importadoras. Inicialmente fixadas em 10%, as tarifas devem subir gradualmente até alcançar 35% em 2026. Enquanto isso, fabricantes locais como Volkswagen, Toyota e Stellantis anunciaram investimentos de mais de 100 bilhões de reais (US$ 20 bilhões) para desenvolver soluções híbridas que combinam eletricidade e combustíveis como gasolina e etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar.

Com o mercado em transformação, o futuro do setor automotivo no Brasil dependerá não apenas de inovações tecnológicas, mas também da capacidade de atender às demandas de infraestrutura e regulamentações locais.

Investing - SP   13/12/2024

As montadoras divulgaram nesta quinta-feira, 12, as previsões ao desempenho da indústria de veículos no ano que vem, apontando uma tendência de retorno do mercado aos níveis de antes da pandemia. Para a produção, a Anfavea, associação que representa o setor, projeta crescimento de 6,8%, para 2,75 milhões de veículos.

A previsão se sustenta na perspectiva de aumento de 5,6% das compras de veículos no Brasil, o que, se confirmado, levará o mercado para cima de 2,8 milhões de unidades, o maior número desde 2014. Em relação às exportações, a expectativa é de crescimento de 6,2%, para 428 mil veículos. As variações se baseiam nos resultados projetados para 2024. Devem ter, assim, ajustes após o fechamento do ano.

O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, disse que o cenário da associação leva em conta a decisão da quarta-feira, 11, do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou os juros em 1 ponto porcentual, para 12,25%, e antecipou que, se não houver surpresas, vai repetir a dose nas duas primeiras reuniões do ano que vem.

"Isso fez a gente mexer muito nas projeções esta madrugada. É uma sinalização muito clara de mais dois aumentos de juros. Então, nós já estamos trabalhando com um cenário de Selic entre 14% e 14,5%", comentou Leite.

Segundo a Anfavea, o Brasil teria um mercado potencial de 3 milhões de veículos se os juros estivessem no patamar previsto no início de 2024, de 9,25%.

Os prognósticos positivos consideram, por outro lado, a melhora na confiança do consumidor, na esteira do desemprego nas mínimas históricas, a inauguração de fábricas das montadoras chinesas que estão desembarcando no País, e o efeito positivo na oferta de crédito do marco de garantias, algo que pode compensar parte do impacto da alta dos juros de referência.

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Leite também ressaltou que as projeções foram traçadas em cima de um ano classificado como histórico. Em 2024, destacou a Anfavea, o Brasil teve o maior crescimento do mercado de veículos desde 2007, o anúncio do maior ciclo de investimentos da história - R$ 180 bilhões, incluindo os planos dos fornecedores de autopeças - e a geração de 100 mil novos empregos.

Globo Online - RJ   13/12/2024

O ano começou com greves, inclusive em órgãos públicos, e a enchente no Rio Grande do Sul, afetando a produção de veículos, mas nas palavras do presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Marcio de Lima Leite, o ano termina de forma espetacular. Os investimentos do setor totalizam R$ 180 bilhões, as vendas apresentam o maior crescimento desde 2007 e devem encerrar o ano em 2,6 milhões de unidades, alta de 15% em relação a 2023, colocando o Brasil como o país que mais cresceu entre os dez maiores mercados globais. As vendas incluem automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

— Foi um momento de harmonização das tecnologias, cada fabricante fez sua escolha e fizemos uma corrida junto ao governo para que as regulamentações se adequassem aos planos de investimentos. O ano começou com incertezas e terminou de forma espetacular — disse Lima Leite em apresentação a jornalistas do balanço do setor.

As vendas cresceram 15% no Brasil, e em seguida veio o Canadá, com crescimento de 10%, e México, 9,4%. As vendas na China cresceram 3,8%.

Em números de investimento, são R$ 130 bilhões das fabricantes e mais R$ 50 bilhões do setor de auto-peças. Trata-se, segundo a Anfavea, do maior ciclo de investimentos da história do setor automotivo no país. Foram 100 mil novos postos de trabalho criados.

A produção, este ano, deve fechar em 2,5 milhões de unidades, alta de 10,7%, em relação a 2023. O ano deve terminar com 403 mil unidades exportadas, pequena queda de 0,3% em relação a 2023.

Lima Leite explicou que o segundo semestre deu tração ao setor. As vendas, por exemplo, cresceram 32% em relação aos seis primeiros meses do ano, atingindo 1,5 milhão de unidades. Já as exportações cresceram 44,2% comparando os mesmos períodos.

— O segundo semestre foi marcado pelo crescimento de alguns países de destino. Os embarques para a Argentina, por exemplo, cresceram 39% e para o Uruguai, 14% — disse.

Importações da China crescem

Lima Leite disse, entretanto, que o país precisa ganhar competitividade para exportar mais. Por exemplo, a reforma tributária é importante, mas há outros pontos do chamado Custo Brasil, que precisam ser enfrentados, como ineficiência de portos, entre outros.

Ele defendeu que o Brasil tenha uma harmonização regulatória com países vizinhos para que os produtos brasileiros não precisem passar por homologação, que às vezes leva até um ano, para chegar a esses destinos.

Já as importações de veículos fecham 2024 com 463 mil unidades, enquanto no ano passado foram 352 mil unidades. Hoje, disse Lima Leite, 28% do carros importados são de fabricantes fora do Mercosul. A China que teve participação de 10% nas importações de veículos entre janeiro e novembro do ano passado, com 32.180 unidades, este ano passou a ter participação de 26%, com 105.763 unidades importadas.

Para 2025, a estimativa da Anfavea é de um crescimento de de 5,6% nas vendas, chegando a 2,8 milhões de unidades, e uma produção de 2,7 milhões, alta de 6,8%, já considerando o início de produção de novas fábricas.

Acordo Mercosul/UE

Sobre o acordo Mercosul/União Europeia, o presidente da Anfavea disse que ele sinaliza para um ganha/ganha entre os dois mercados. Mas será preciso entender os detalhes das medidas. Ainda assim, ele disse que a União Europeia precisa desenvolver tecnologias e ter produtos que o Brasil já tem, inclusive a combustão (etanol), o que levará a transição de tecnologias por aqui se rmais longa.

— Tem tecnologias dos fornecedores aqui que podem ser adquiradas nas matrizes. Hoje, há dificuldade de acessar fornecedores por causa do imposto d eimportação. Com o acordo, haverá mais flexibilidade — disse o executivo, lembrando que o impacto do acordo só começará a ser sentido no setor depois de sete anos e não no curto prazo.

Lima leite também comentou sobre a manutenção do imposto seletivo para veículos, nas discussões da reforma tributária, avaliando quenessa decisão vai na contramão de todo o esforço que o governo vem fazendo para a renovação da frota no país.

— A lógica do imposto seletivo é tributar algo que vai melhorar o meio ambiente, que é a renovação da frota — disse.

Infomoney - SP   13/12/2024

A Anfavea, entidade que representa as montadoras, avaliou nesta quinta-feira (12) que o acordo comercial fechado na sexta-feira passada entre o Mercosul e a União Europeia parece trazer um “ganha-ganha” para a indústria automotiva dos dois blocos.

A avaliação é que, enquanto no Brasil as montadoras terão mais tempo para se preparar à competição com a Europa, o acordo vai facilitar o acesso dos europeus aos fornecedores de peças brasileiros.

Esta foi a leitura feita pelo presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, durante a apresentação à imprensa do último balanço de resultados do setor. “Estamos falando de um acordo que foi anunciado, mas não foi assinado. Temos que entender os detalhes, mas ele sinaliza para um ganha-ganha”, comentou.

Pelo acordo, o comércio de automóveis totalmente sem tarifas de importação só vai acontecer após 30 anos de o tratado entrar em vigor, com exceção dos automóveis eletrificados, para os quais a retirada de tarifas será mais rápida, em 18 anos.
Nos seis primeiros anos, a indústria seguirá com a proteção atual: 35% do imposto de importação.

Conforme Leite, as matrizes da União Europeia muitas vezes deixam de comprar hoje de fornecedores brasileiros porque existe um imposto de importação. Por sua vez, emendou, o Brasil terá uma adaptação mais longa no processo de abertura comercial. “Isso vai nos ajudar pelos próximos anos, talvez pelos próximos 20 anos ou até mais”, afirmou.

Ele lembrou que o impacto do acordo só acontecerá a partir do sétimo ano, de modo que haverá um processo mais lento de adaptação. “É um acordo positivo, temos motivo para celebrar, mas não com impacto a curto prazo”, afirmou o presidente da Anfavea.

Agência Senado - DF   13/12/2024

A Comissão de Infraestrutura (CI) aprovou na terça-feira (10) proposta do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) que isenta do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) os subsídios para eletrificação da frota de ônibus usada no transporte público (PL 1.376/2024). O texto recebeu parecer favorável do senador Efraim Filho (União-PB) e segue agora para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

O projeto altera a Lei 14.789, de 2023, com o objetivo de “descarbonizar” a frota de ônibus do país, ou seja, substituir o óleo diesel, que libera gás carbônico e contribui para o aquecimento global, por uma fonte de energia “limpa”, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.

“A descarbonização da frota de ônibus é um grande desafio, visto que o transporte público enfrenta desafios financeiros e de sustentabilidade, tendo sido um dos setores mais afetados pela pandemia de covid-19”, registrou Efraim Filho em seu relatório. Por isso, ele diz considerar indevido tributar os auxílios financeiros dados pelo poder público às empresas para a implantação de tecnologias limpas no transporte público.

Efraim acatou emenda do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) que prevê a exclusão dos incentivos governamentais à eletrificação das frotas de ônibus da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
Ônibus híbridos

O relator também acatou emenda do senador Fernando Farias (MDB-AL) que estende a isenção para ônibus híbridos que possuam motor elétrico e motor a combustão movido a etanol. De acordo com Efraim Filho, a implantação de ônibus elétricos “exige vultosos investimentos em infraestrutura de recarga, além de representar um custo de aquisição mais alto que o dos modelos a diesel”. Para ele, a emenda de Fernando Farias oferece “uma boa alternativa para a eletrificação, pois reduz tanto a necessidade de estações de recarga quanto de baterias embarcadas, o que barateia tanto a infraestrutura quanto o ônibus em si”.
Vantagens e desvantagens dos ônibus elétricos

Efraim Filho argumenta que os ônibus elétricos são vantajosos porque grande parte da eletricidade no Brasil é gerada a partir de fontes renováveis. Além disso, ressalta ele, esses veículos são menos poluentes e mais silenciosos, oferecendo viagens com menos ruído e vibrações — ou seja, com maior nível de conforto. Além disso, observa o relator, os ônibus elétricos, por serem mais modernos que os ônibus a diesel, permitem a adoção de pisos baixos, facilitando o embarque e o desembarque de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

No entanto, o relator reconhece que os ônibus elétricos são mais mais caros e demandam uma infraestrutura de recarga, o que exige, segundo ele, um volume de investimentos maior que a capacidade das empresas — o que justifica ampliar os incentivos.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Valor - SP   13/12/2024

Resultados vieram acima do esperado, avalia Abinee, demonstrando recuperação após um ano de 2023 com queda de 6% de faturamento e recuo de 10% no volume de produção ante 2022

A indústria elétrica e eletrônica encerra 2024 com faturamento de R$ 226,7 bilhões, um crescimento nominal e real de 11% em relação a 2023, informou a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), nesta quinta-feira (12).

A entidade explica que sua projeção de estabilidade da inflação para o setor, em 2024, considera o Índice de Preços ao Produtor (IPP) específico para os setores eletrônico e elétrico, fazendo uma média do acumulado de janeiro a outubro de 2024. Neste período, o IPP do setor eletrônico foi negativo em 1,56% enquanto no setor elétrico houve crescimento de 0,54%.

Os investimentos do setor também aumentaram este ano, somando R$ 3,9 bilhões, alta de 10,2% em base anual. A utilização da capacidade instalada passou de 73%, em dezembro de 2023, para 79%, no fim de 2024.

Os resultados vieram acima do esperado, na avaliação da entidade, demonstrando recuperação após um ano de 2023 com queda de 6% de faturamento e recuo de 10% no volume de produção ante 2022.

“Foi um bom resultado. É bem verdade que tivemos uma queda considerável em 2023, mas o importante é que estamos recuperando investimentos no setor, já superando os resultados de 2022”, disse o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, a jornalistas, na manhã desta quinta-feira (12).

Barbato destacou o avanço das exportações, especialmente para os Estados Unidos. O país absorveu 26% das exportações do setor em 2024 tornando-se o principal comprador, especialmente da indústria elétrica este ano.

“É um motivo de satisfação vendermos ao mercado mais exigente do mundo do ponto de vista técnico”, comentou o presidente executivo da Abinee. "Isso nos leva a concluir que a indústria eletroeletrônica brasileira está em um patamar bastante competitivo em relação a outros países”.

As exportações do setor cresceram 4% este ano, somando US$ 7,5 bilhões. Os destaques foram as vendas de equipamentos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica (GTD), com alta de 17% e de equipamentos industriais (15%).

Os motores e geradores foram os principais produtos exportados do setor, totalizando US$ 764 milhões, 17% acima do resultado de 2023.

As importações da indústria elétrica e eletrônica cresceram 12%, somando US$ 47,9 bilhões. O crescimento mais expressivo de produtos importados ocorreu nos segmentos de equipamentos industriais (22%), utilidades domésticas (22%), componentes elétricos e eletrônicos (19%) e informática (18%).

Taxa Selic acima do esperado e projeção modesta

A projeção do setor para o próximo ano é mais conservadora diante da cautela dos empresários com o cenário econômico do país, especialmente quanto à política fiscal e à desvalorização do real perante o dólar. A Abinee projeta um faturamento de R$ 241 bilhões para o setor em 2025, crescimento de 6% em relação a 2024, com avanço de 5% na produção física, no período.

O aumento de um ponto percentual da taxa básica de juros Selic, para 12,25% – anunciado na quarta (11), em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) –, veio acima do esperado, avaliou Barbato.

“O aumento da taxa de juros sempre é preocupante porque nossos produtos demandam financiamento”, comentou o presidente da Abinee, em resposta ao Valor. O avanço da Selic não deve afetar a projeção já conservadora do setor para o ano que vem, pontua o representante da associação.

Os investimentos do setor em 2025 deverão totalizar R$ 4,2 bilhões, resultado 7% acima do verificado em 2024. A expectativa é que as exportações continuem contribuindo com o desempenho do setor, com elevação de 3% e as importações cresçam 2%.

A entidade também projeta aumento na mão de obra empregada no setor, que passará de 284,2 mil funcionários no final de 2024 para 290 mil no fim de 2025. Já a utilização da capacidade instalada deverá se manter em 79%.

Vendas de celulares irregulares

As vendas de celulares irregulares recuaram em 2024, mas ainda preocupam a Abinee. Este ano devem ser vendidos 8,3 milhões de aparelhos irregulares no país, ante 10,9 milhões em 2023, segundo dados da consultoria IDC, mas a parcela ainda é significativa. De cada dez aparelhos comercializados no país, dois são vendidos de forma irregular, representando 20% do total.

A estimativa de venda de aparelhos irregulares em 2025 é de 5,2 milhões de unidades, representando 14% das vendas do setor no país.

Somente em 2024, a entidade estima que foram perdidos R$ 4 bilhões em arrecadação de impostos com aparelhos que entraram ilegalmente no país.

A entidade segue trabalhando em ações para conter o avanço do mercado ilegal junto com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), a Polícia e Receita Federal e no Legislativo, incluindo operações de fiscalização e apreensão de aparelhos irregulares em lojas físicas e em marketplaces (shoppings virtuais).

Vendas de computadores crescem 6,1% em 2024

As vendas de computadores pessoais (PCs) e tablets pelos fabricantes devem alcançar 10,5 milhões de unidades este ano, o que representa um avanço de 6,1% ante o volume de 9,9 milhões de unidades em 2023, segundo dados da IDC apresentados pela Abinee.

O volume de vendas foi refletiu "o impacto do câmbio na precificação dos equipamentos e também uma busca por equipamentos com valor mais elevado", explico o diretor de Informática da Abinee.

As vendas de notebooks devem recuar 1% em 2024, em base anual, com 5,7 milhões de unidades vendidas. Em desktops o resultado será estável com 1,95 milhões de unidades comercializadas pelos fabricantes, conforme a projeção da associação. Já os tablets apresentam avanço de 32% em base anual, com projeção de 2,85 milhões de unidades comercializadas em 2024.

O setor de Informática deve fechar o ano com faturamento de R$ 42,1 bilhões, um crescimento de 14,1% ante o resultado de 2023, quando o setor faturou 22% menos.

Segundo Helfer, 2025 traz uma expectativa de crescimento para o mercado de PCs calcado na expectativa de um ciclo de troca motivado pelo fim do suporte ao sistema operacional Windows 10, pela Microsoft.

Produção local de servidores para data centers terá incentivos em 2025

Uma das frentes de trabalho da Abinee junto ao governo federal, este ano, foi reduzir tarifas de importação para servidores que equipam centros de dados (data centers), informa o diretor de Informática da entidade.

Helfer destaca a "queda de 'ex-tarifário' [redução temporária de imposto de importação que se aplica a bens de informática, quando não há produção nacional equivalente] para servidores de alta capacidade, que estava colocando produtos produzidos localmente em desvantagem competitiva".

Outra frente tem sido pleitear a inclusão de componentes importados que equipam máquinas para data centers, incluindo unidades de processamento gráfico (GPUs, na sigla em inglês)., nos benefícios de isenção de IPI e de impostos de importação previstos no Processo Produtivo Básico (PPB).

"Nas conversas tanto com representantes do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) como do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), acreditamos que teremos um PPB específico para data center ainda no primeiro semestre de 2025", informa Helfer.

"O país não pode perder oportunidade de ter toda a parte de infraestrutura, especialmente servidores e armazenamento (storage), com produtos que têm total condição de serem produzidos localmente", defende o representante da Abinee.

A movimentação da entidade está alinhada à Política Nacional de Data Centers, que o governo federal prepara com a finalidade de atrair ao Brasil os investimentos globais na expansão de data centers. Em novembro, o Mdic informou ao Valor que a iniciativa “está sendo amplamente discutida no governo e com parceiros dos diversos segmentos associados a esse setor”, mas que ainda não tem data de lançamento oficial.

"Temos que trabalhar muito firme para que o Brasil se torne um grande local para data centers", ressaltou Humberto Barbato. "Temos energia elétrica limpa e precisamos usar isso para levar produtos ao exterior e também para atrair investimentos", completou.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   13/12/2024

Para a Abramat, a demanda deve continuar aquecida no próximo ano pelo impulso do PAC, do Minha Casa, Minha Vida, do Marco do Saneamento e da recuperação das vendas no varejo

O faturamento da indústria de materiais de construção cresceu 8,4% em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2023, segundo o índice Abramat, feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção. Para 2025, a entidade projeta expansão na casa dos 3%.

O aumento foi ainda maior entre os produtores de materiais de acabamento, com alta de 9,4% em um ano. No segmento de base o aumento foi de 7,7%.

Em comparação com outubro deste ano, no entanto, há uma leve queda de 0,2% no faturamento geral, puxada pelo setor de acabamentos, que teve recuo de 0,8%. O faturamento do segmento de base avançou 0,4% no mês.

De janeiro a novembro, o faturamento da indústria de materiais aumentou 5,6%, o que fez a entidade projetar um incremento de 5,5% para todo o ano de 2024, a primeira alta anual desde 2021. Naquele ano, houve um aumento expressivo, de 8,1%, seguido por dois anos de queda, de 6,9% e 2,1%.

Para o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, a alta projetada para o ano “demonstra como a indústria vem respondendo positivamente aos estímulos de políticas públicas e de mercado, e ao crescimento de investimentos em inovação, sustentabilidade, habitação e infraestrutura”.

Previsão para o próximo ano

Para 2025, a expectativa da entidade é manter o aumento de faturamento, mas na casa dos 3%, afirma Navarro. A previsão dele se baseia na projeção de aumento de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) da construção no próximo ano, feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre).

Segundo o presidente, o setor de materiais está se recuperando dos “altos e baixos” dos últimos anos, mas precisa encontrar a sustentabilidade do crescimento. “Essa gangorra não dá”, diz.

Para ele, mesmo com o desafio trazido pelo aumento de um ponto na taxa básica de juros, e dos novos aumentos previstos adiante — que ele considera uma “decisão técnica” do Banco Central —, a demanda por materiais deve continuar forte, vinda de iniciativas governamentais, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), do Marco do Saneamento e também vinda da recuperação das vendas no varejo.

A Abramat também aposta em novos programas que podem gerar mais demanda por materiais dos seus associados no próximo ano, entre eles o “Conformidade para Todos”, que deve ser lançado no primeiro semestre, de acordo com Navarro.

Trata-se de uma iniciativa para que, começando com materiais de construção, os fabricantes incluam no código de barras dos seus produtos a informação de quais normas técnicas são seguidas. O objetivo do programa é que governos e empresas olhem para esse dado antes de fazer suas compras e barrem produtos que não incluem as normas.

FERROVIÁRIO

Valor - SP   13/12/2024

Contrato prevê estudo acerca de 10,7 mil quilômetros de trilhos sem operação no país

Renan Filho: “São vários os modelos que podem ser apresentados a partir do estudo” — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O governo federal fechou parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para estudos de viabilidade relacionados a 10,7 mil quilômetros de ferrovias sem operação. A estatal Infra S.A., ligada ao Ministério dos Transportes, firmou contrato de R$ 29 milhões com o banco para levantar as informações que vão nortear os modelos de exploração dessa malha.

Os trechos estudados são da Rumo Malha Sul, Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) e passam por 17 Estados e o DF, correspondendo a um terço de toda malha ferroviária do país.

A devolução dos ativos envolverá o pagamento de indenização pelas concessionárias, por não manterem as linhas em operação. A precificação feita pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) aponta para o pagamento acima de R$ 20 bilhões. A conta considera o valor de R$ 2 milhões por cada quilômetro devolvido.

O contrato com o BID prevê a elaboração dos estudos de pré-viabilidade e dos chamados Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (Evteas), que ficarão prontos dentro de seis e 12 meses, respectivamente.

“São vários os modelos que podem ser apresentados a partir do estudo. Uma concessão de um trecho menor, uma autorização pública para alguém que tem interesse naquele trecho. Podem transformar o trecho que talvez tivesse um perfil mais para o transporte de carga para o de passageiros, em virtude de um eventual adensamento das cidades”, exemplificou o ministro dos Transportes, Renan Filho, ao Valor.

O especialista principal de PPP do BID, Pablo Pereira dos Santos, ressalta que não é possível falar de modelos de exploração antes de concluir o Evtea. “O que a gente espera é que os estudos indiquem caminhos para potencializar o uso dessas ferrovias que, afinal de contas, elas já estão lá”, disse, em entrevista ao Valor. Segundo ele, o banco oferecerá sua experiência internacional no desenvolvimento de projetos.

“O Brasil é o país que mais faz infraestrutura com participação privada no mundo em desenvolvimento - arriscaria dizer que no mundo como um todo. Ao longo do tempo, o país foi percebendo os ganhos que esse modelo traz, tanto para a qualidade para os serviços como para a população em geral”, disse Santos.

A Infra S.A. entrará com a base de dados do Plano Nacional de Logística (PNL) e do Observatório Nacional de Transporte e Logística (ONTL) para auxiliar na elaboração dos estudos. Serão feitas reuniões com o setor produtivo e visitas de campo para avaliar o estado da malha ferroviária e as demandas locais.

Em nota, o diretor-presidente da Infra S.A., Jorge Bastos, se referiu aos trechos como “ativos valiosos que, com os investimentos certos, podem gerar retornos expressivos em termos de eficiência logística, competitividade econômica e desenvolvimento regional”. Para ele, muitas dessas linhas podem “integrar pequenos produtores ao mercado global”.

Técnicos do governo avaliam que produtores de celulose ou cooperativas de produtores agrícolas podem, por exemplo, reativar trechos que demandam menos investimentos ligados a grandes troncos em operação.

O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Rafael Vitale, alerta para o risco com os prazos para concluir as negociações, pois as concessões encerram entre 2026 e 2027. Se a renovação de contrato ou acordo não sair em tempo, todo o esforço pode ser perdido.

“É importante estudar as ferrovias de maneira integrada”, afirmou Vitale, ao se referir à necessidade de buscar outras soluções para a malha ociosa “no caso das negociações serem frustradas”.

Os trechos não operacionais da FCA, relacionado à Malha Centro-Leste, somam 4.652 quilômetros, da FTL, mais 3.055 quilômetros da FTL e da Malha Sul, outros 2.972 quilômetros.

Procurada, a VLI informou que a devolução está sendo tratada no âmbito do processo de renovação antecipada da concessão da FCA. “Essa alternativa é prevista no marco regulatório e visa à proteção e à melhor utilização do bem público que eventualmente não esteja em uso pela concessionária e que pode receber novos usos.”

A Rumo informou que mantém “diálogo constante” com o governo e explicou que os trechos não operacionais são resultado da mudança, ao longo das décadas, da dinâmica dos ciclos econômicos do país e da migração geográfica das cadeias produtivas que alteraram origem e destino das cargas. A FTL informou que não iria comentar.

NAVAL

Portal Fator Brasil - RJ   13/12/2024

Em uma área de 17 mil metros quadrados às margens da Baía de Guanabara, com todas as normas brasileiras e internacionais vigentes, empresário do setor naval com cerca de 40 anos no mercado, faz investimentos focados a longo prazo.

O que antes chamavam de desmonte de embarcações, nos últimos anos, pela relevância da palavra, é o descomissionamento e desmantelamento de navios e ativos offshore, que compreende as ações, ao término da vida útil do empreendimento, para a mitigação de impactos ambientais e recuperação de áreas degradadas, objetivando disponibilizá-las a outros possíveis usos pela sociedade.

A atividade de desmantelar total ou parcialmente uma embarcação em uma Instalação de Reciclagem de Embarcações (IRE), com a finalidade de recuperar componentes e materiais para reprocessamento e preparação para reutilização, assegurando a gestão de materiais perigosos e demais resíduos decorrentes dessa atividade, a qual inclui operações associadas, tais como o armazenamento e tratamento desses componentes e materiais em local preparado para recebê-las, mas não o seu posterior processamento ou descarte apropriado.

Processo que possui um conjunto de atividades associadas à interrupção definitiva da operação das instalações, ao abandono permanente e arrasamento de poços, à remoção de instalações, à destinação adequada de materiais, resíduos e rejeitos e à recuperação ambiental da área.

E para tal fim, existem leis, e normas rígidas para o funcionamento. — Mas o empresário Jeferson Feres, que atua no mercado naval e offshore cerca de 40 anos, além de um longo histórico de família onde o pai atuava no setor, portanto, com tanto know how pela passagem por vários estaleiros, prestação de serviços para armadores, Arsenal de Marinha, etc. Feres não tem dúvida que ter o seu próprio estaleiro culmina o êxito de uma longa história nesta indústria ligada ao mar, — uma das mais antigas do mundo.

Fincado às margens da Baía de Guanabara, ele arrendou 17 mil metros quadrados de área, e realizou os investimentos necessários, para atender uma demanda hoje das mais importantes do planeta, que é dar destino final às embarcações, plataformas de petróleo, entre outros ativos offshore que já não tem mais vida útil. — A logística reversa que diminui o impacto ambiental, agrega valor, receitas dos negócios, trabalho e renda.

O empresário que vê o mercado naval e offshore aquecidos, prevê inicialmente a criação de 100 empregos diretos nesta nova empreitada. — É a realização de uma vida de trabalho e, investimentos —ressalta o empreendedor, que interrompeu sua correria para uma entrevista com o Portal e TV Fator Brasil.

O mercado —No mundo desmantela-se cerca de 900 embarcações por ano, sendo 50% de médio a grande porte, e a maioria dos casos era desmantelada na Ásia em países como Índia, Bangladesh, Turquia, Paquistão. Quanto ao descomissionamento de plataformas de petróleo, no Brasil existem cerca de 168 plataformas offshore em operação, e cerca de 42% delas já estão em situação de estudos bem avançados para o descomissionamento, iniciado em 2021, embora algumas já tenham sido descomissionadas entre 2017 e 2020.

Estudos indicam que aproximadamente 88% do peso leve dos FPSOs podem ser reaproveitáveis como sucata e, assim, alimentar a indústria siderúrgica nacional.

Em termos de fluxo de investimentos no país, estudo da Aurum Tank, consultoria especializada, aponta que nos próximos 30 anos este mercado pode gerar em torno de R$ 306 bilhões.

A Petrobras tem 54 plataformas marítimas com mais de 25 anos de operação, e já na esteira do descomissionamento, está ampliando o desenvolvimento e aprimoramento de projetos acerca do assunto— atividade de desmobilização e remoção de equipamentos ao fim da vida útil de um projeto — de sistemas de produção de petróleo offshore.

Há desafios para que este mercado se consolide no país, principalmente, regras ambientais e tributárias, mas os empresários tem pressa e o Brasil necessita se alinhar às super potências mundiais.

Globo Online - RJ   13/12/2024

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, assinou seis contratos no valor de R$ 16,5 bilhões para construção e afretamento de 12 embarcações de apoio, do tipo Platform Supply Vessel (PSV). Do total, R$ 5,2 bilhões serão para investimentos em construção naval.

As embarcações serão usadas em operações de logística de Exploração e Produção da companhia até 2028, segundo a petroleira. Os contratos foram assinados durante a reunião do Conselhão, nesta quinta-feira, em Brasília.

— Essas novas unidades não só irão incorporar o que há de mais moderno em tecnologia, como também representam nosso engajamento com melhores práticas sustentáveis e inovadoras. São projetos que atendem aos mais elevados padrões ambientais, sociais e de governança, essenciais para um futuro sustentável, além de gerar cerca de 11 mil empregos diretos e indiretos — disse Chambriard.

As embarcações serão construídas nos estaleiros próprios das empresas vencedoras, Bram Offshore e Starnav Serviços Marítimos, em Santa Catarina, nos municípios de Navegantes (Bram) e de Itajaí (Starnav). Cada empresa será responsável pelo afretamento para a Petrobras de seis embarcações. Serão 12 anos de operações.

Os contratos incluem um período de até quatro anos para mobilização e 12 anos de operação, além da exigência de 40% de conteúdo local durante a fase de construção. As embarcações serão construídas nos estaleiros próprios das empresas vencedoras, localizados em Santa Catarina, nos municípios de Navegantes (Bram) e de Itajaí (Starnav). Cada empresa será responsável pelo afretamento para a Petrobras de seis embarcações.

Desde o primeiro governo de Lula, empresa teve onze presidentes. Magda Chambriard é a 12º

Motores híbridos

As embarcações de apoio contarão com um sistema propulsivo híbrido, que combina motores elétricos e baterias com geradores movidos a diesel/biodiesel, alinhados ao compromisso da Petrobras de reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

Os contratos trazem impacto positivo significativo na indústria nacional de construção naval e na geração de empregos no setor alinhado com os compromissos do Plano de Negócios da Petrobras.

PETROLÍFERO

Valor - SP   13/12/2024

Projeto permite a transferência, entre consórcios com uma mesma empresa participante, do volume que exceder o índice mínimo de conteúdo local

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (12) projeto de lei que flexibiliza a exigência de conteúdo local em contratos de exploração e produção de petróleo e de gás natural. O texto, de autoria do governo Lula (PT), segue para análise do Senado Federal.

A votação pelo plenário ocorreu sem grandes polêmicas, com voto contrário apenas de PL e do Novo, mas em votação simbólica. A inciativa contou com grande interesse e participação da Petrobras e outras petroleiras, segundo parlamentares.

O projeto permite a transferência, entre consórcios com uma mesma empresa participante, do volume que exceder o índice mínimo de conteúdo local nos projetos de exploração de óleo e gás nos regimes de concessão e partilha de produção.

Assim, se um empreendimento tem exigência de conteúdo local de no mínimo 50%, mas a empresa atinge 60%, ela poderá transferir esses 10 pontos percentuais a mais para outros contratos ou fases da produção. A permissão só valerá para contratos ou fases iniciados após a sanção da lei (o que ainda depende da aprovação pelos senadores).

Relator do projeto, o deputado Kiko Celeguim (PT-SP) disse que a proposta fará com que o prazo de execução dos investimentos seja mais rápido e estimulará a realização de consórcios para exploração dos ativos.

“A lei atual fez cumprir a exigência de conteúdo local projeto a projeto. Queremos que a exigência seja ao longo da cadeia produtiva”, disse.

Na justificativa do projeto, o Ministério de Minas e Energia estimou que um índice de 20% de conteúdo local nos projetos-base de construção de cada plataforma de produção de petróleo traria o mercado doméstico cerca de US$ 650 milhões (R$ 3,25 bilhões) de investimentos nos dois primeiros anos de construção, “com geração de aproximadamente 13.000 (treze mil) postos de trabalhos diretos e indiretos” e arrecadação de R$ 824 milhões de tributos indiretos.

Incentivo para frota naval

O petista ainda acrescentou ao projeto um mecanismo de “depreciação acelerada” para incentivar a renovação da frota naval das petroleiras. O benefício valerá para a compra de navios-tanque novos, empregados nas atividades de navegação em cabotagem de petróleo e seus derivados e embarcações de apoio marítimo, que forem adquiridos até 2026.

O governo concederá um ganho tributário para compra desses equipamentos, desde que sejam adquiridos após a publicação da edição de um decreto governamental com as regras e que entrem em operação após 2027. O custo do programa será de no máximo R$ 1,6 bilhão e terá vigência entre 2027 e 2031.

Outra medida acrescentada pelo relator é a possibilidade de renovação dos contratos de partilha, que, a princípio, teriam vigência de 35 anos. A prorrogação ocorrerá se ficar demonstrada a vantagem disso para a União e seguindo normas estabelecidas pelo Ministério de Minas e Energia.

Segundo Celeguim, a renovação deve ocorrer com diminuição do ágio em royalties recebidos pelo governo como contrapartida à exploração. “Isso deve ocorrer porque esses campos já não tem a mesma produtividade do início do contrato”, pontuou o relator.

Deputado Kiko Celeguim (PT-SP) — Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

RODOVIÁRIO

Exame - SP   13/12/2024

O Consórcio Rota Verde Goiás venceu o leilão de concessão rodoviária da Rota Verde, realizado nesta quinta-feira, 12, na sede da B3, em São Paulo. A companhia ofereceu um desconto de 18,01% em relação ao valor da tarifa de referência estipulada no edital. A disputa foi acirrada e terminou após mais de 20 lances feitos em viva-voz.

Em disputa acirrada, CCR arremata concessão do Lote 3 do Paraná com desconto de 26,6% na tarifa

Segundo o edital, o critério para a escolha do vencedor foi a maior porcentagem de desconto em relação ao valor da tarifa de pedágio, cujo máximo foi definido em R$ 0,13062 por quilômetro. Além do vencedor, participaram do certame o BTG Pactual Infraestrutura III (do mesmo grupo controlador da Exame), o Consórcio Rota Cerrado e o Consórcio Infraestrutura GO.

Com investimentos previstos de R$ 6,86 bilhões, sendo R$ 4,03 bilhões para obras de infraestrutura e R$ 2,83 bilhões para serviços operacionais, o contrato terá duração de 30 anos e abrangerá 426 quilômetros de duas rodovias. O trecho se estende do contorno de Goiânia até a interligação com a BR-153/GO, passando pela BR-060 até Rio Verde e, de lá, pela BR-452, até Itumbiara. A previsão é gerar 58.389 empregos diretos, indiretos.

O trecho é considerado estratégico para o escoamento de produtos agrícolas e bens manufaturados, já que Rio Verde ocupa a posição de segundo maior produtor de grãos do Brasil e lidera a produção no estado de Goiás. A cidade também se destaca pela pecuária bovina, avícola e suína, além de abrigar grandes indústrias.

Quais são as obras previstas para a Rota Verde?

A concessão prevê uma série de obras para melhorar o fluxo de tráfego entre Rio Verde e a região Sudeste do Brasil, que atualmente enfrenta um alto volume de caminhões de carga. As duplicações previstas complementarão faixas adicionais que serão realizadas no mesmo trecho.

Estão previstas obras de faixas adicionais em pista dupla, nos dois sentidos, em segmentos descontínuos, com execução a partir do quinto ano da concessão. A extensão total será de 20 quilômetros.

Serão realizadas obras de faixas adicionais em pista simples, também nos dois sentidos, em segmentos descontínuos. As intervenções acontecerão entre o terceiro e o sétimo ano da concessão, com uma extensão total de 102,75 quilômetros.

O projeto também inclui a readequação das alças da OAE que interligam a BR-060/GO e a BR-452/GO, otimizando o tráfego intenso coletado pelas rodovias e atendendo à movimentação local da cidade de Rio Verde. As melhorias visam aumentar a fluidez e a segurança, beneficiando motoristas e a logística regional.

IstoÉ Dinheiro - SP   13/12/2024

A CCR arrematou a concessão do Lote 3 de rodovias do Paraná oferecendo desconto de 26,60% na tarifa do pedágio, em um disputado leilão na sede da B3, no centro de São Paulo, que estava com o auditório lotado. Só na etapa viva voz, foram 21 lances e o lance vencedor da CCR foi bastante aplaudido.

O presidente da CCR Rodovias, Eduardo Camargo, destacou pouco antes de bater o martelo que o ativo é muito importante para o grupo, que chega a mais de 4 mil quilômetros de rodovias operadas. “É um importante corredor, que vai escoar a produção agrícola”, disse em rápido discurso.

Na abertura do leilão, foram apresentadas quatro propostas nos envelopes e o leilão acabou indo para o viva voz, com as participantes tentando oferecer o maior desconto na tarifa do pedágio, considerando o maior lance na abertura de propostas, que havia sido de desconto de 24%.

Na abertura dos envelopes, a primeira proposta foi apresentada pela CCR, representada pela corretora Terra. O desconto foi de 21,10% sobre a tarifa básica de pedágio. A segunda proposta foi do Consórcio Paraná 4UM (formado pela gestora 4UM e o banco Opportunity), representado pela XP, com desconto proposto de 16,42%.

O Consócio Infraestrutura PR (que inclui a gestora Perfin e o Grupo EPR), representado pela corretora Necton, fez a terceira proposta, com desconto de 24,18%. A quarta proposta propôs desconto de 22%, feito pela Infra BR V Missouri, da gestora Patria.

O leilão foi acompanhado na sede da B3 pelo governador do Paraná, Ratinho Junior, além do ministro dos Transportes, Renan Filho.

O chamado lote 3 é composto pelas BRs-369/373/376/PR e PRs-090/170/323/445, totalizando 569,7 km de extensão. O lote conecta importantes trechos, como Mauá da Serra a Londrina e Sertanópolis, além de interligar o Paraná aos estados de Santa Catarina e São Paulo.

O projeto prevê investimentos de quase R$ 16 bilhões em obras e serviços operacionais. Estão previstos 132 km de duplicações e 24,6 km de faixas adicionais. O trecho também é importante pela ligação com o eixo rodoviário da BR-277, usado para chegar ao Porto de Paranaguá, o que traz atratividade para a concessão.

Dentre as intervenções também constam a implantação de 61,7 km de vias marginais e 61,6 km de contornos. Ainda, estão planejados dois pontos de parada e descanso (PPDs), 22 passarelas, duas áreas de escape, oito passagens de fauna e 14,9 km de iluminação no trecho da Serra.

Globo Online - RJ   13/12/2024

Há tempos que o traçado sinuoso em meio à Mata Atlântica e a eventual presença de neblina deixaram de ser as maiores preocupações de quem precisa subir e descer diariamente a serra de Petrópolis pela BR-040. As queixas são muitas. Transitam da manutenção deficiente das pistas ao fluxo intenso de veículos pesados, passando pela falta de assistência e infraestrutura em caso de enguiço ou acidente. O sentimento de insatisfação só piora quando os motoristas de carros de passeio entram na fila para pagar R$ 14,50 de pedágio.

Anunciadas como solução para os problemas da via, as obras da Nova Subida da Serra (NSS) começaram em 2013. Mas pararam três anos depois. Na última semana de novembro, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a realização de nova licitação para o trecho da rodovia entre Rio e Juiz de Fora (MG), que inclui a serra. De acordo com o Ministério dos Transportes, a previsão é que o edital seja publicado na próxima quinta-feira, e o leilão, realizado em março do ano que vem.

O caminho para que as mudanças comecem a ser sentidas pelos motoristas, no entanto, ainda será longo. A previsão é que as obras, divididas em quatro lotes, levem de cinco a seis anos para serem concluídas a partir do momento em que a nova concessão tiver início. Dessa forma, num cenário ideal em que concessionária vencedora assuma a operação da via ainda em 2025, o cronograma estabelece que os trabalhos no Lote 1 (duplicação entre o posto de pedágio de Xerém e a interseção do Belvedere nos dois sentidos) sejam iniciados em 2028 e concluídos em 2030.

Já o Lote 2 (conclusão do túnel de 4,6km e duplicação entre o Belvedere e a entrada do túnel) teria início em 2029 e conclusão no ano seguinte. Os Lotes 3 e 4 (implantação de faixas adicionais entre Bingen e Duarte da Silveira, além da abertura de dois túneis novos na descida, com extensões de 350m e de 270m) seriam iniciados em 2030 e concluídos em 2031.

Os prazos são longos, mas há quem considere que podem ser ainda maiores. Para o economista Cláudio Frischtak, da Inter.B Consultoria, o processo se inicia sem um projeto executivo consolidado, algo que terá que ser elaborado pela empresa vencedora.

— O governo está impondo um projeto que, do ponto de vista do interesse público, não faz sentido. É muito mais caro. Não dá nem para estimar o custo final porque não tem projeto executivo. Na verdade, não tem nem projeto básico, é um conceitual melhorzinho. Você não sabe o custo, nem o risco. Além disso, o licenciamento ambiental terá que ser feito do zero. Então, como usuário daquela estrada, eu temo que, com esse modelo, tenhamos que esperar dez ou 11 anos para ver essas obras saírem do papel — diz Frischtak.

Enquanto esperam o início e a conclusão das obras, os usuários terão tempo de sobra para reclamar do preço do pedágio. No plano de concessão, a tarifa é de R$ 19,99, o equivalente a 37,8% a mais que o valor atual. A tendência, no entanto, é que ao final do processo esse valor seja menor, já que o critério adotado para a escolha da empresa vencedora é a oferta da menor tarifa. No caso da apresentação de valores iguais, a maior outorga será usada como critério de desempate.

De acordo com o Ministério dos Transportes, o edital prevê “compartilhamento de risco” na construção do túnel da NSS. O mecanismo, ainda segundo o ministério, permite que “o que exceder ao valor precificado nos estudos técnicos para a execução do túnel” seja “objeto de reequilíbrio econômico-financeiro, na proporção de 90% em favor, se positiva, da concessionária ou, se negativa, do poder concedente”.

O prazo para a nova concessão será de 30 anos, renováveis por igual período. O vencedor terá que administrar os 218,8 quilômetros entre Rio e Juiz de Fora e se comprometerá a investir R$ 4,9 bilhões em obras e mais R$ 3,7 bilhões na operação. O pacote de obras previstas inclui 13,3km de duplicações, 83,42km de faixas adicionais, a instalação de 15 passarelas para pedestres e dois pontos de parada e descanso para caminhoneiros.

O contrato prevê ainda que sejam mantidas três praças de pedágio no trecho. As de Xerém (km 101,6) e Areal (Km 45,8), ambas no Rio, serão mantidas. Já a praça localizada em São Simão (km 816,5), em Minas, será deslocada, depois de um ano, para o km 3,1 da BR-040, já no território da cidade fluminense de Comendador Levy Gasparian.

Concer culpa União

Responsável pela operação da estrada, a Concer — cujo contrato de concessão expirou em 2021 e vem sendo mantido, desde então, graças a decisões judiciais — informou que não tem “previsão legal de participar da futura licitação”, mas ressaltou que a decisão de entrar no certame “cabe aos acionistas que controlam a companhia”.

A empresa, que deu início às obras da NSS, alega que executou 46,7% das obras previstas, entre 2013 e 2016, e que as mesmas foram paralisadas “em decorrência da inadimplência da União e consequente descumprimento contratual”. A companhia diz ainda ser “credora de cerca de R$ 2 bilhões, valor resultante do desequilíbrio contratual” causado pela interrupção dos repasses federais previstos.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou que “segue com a análise do acórdão (do TCU) e realizará os ajustes necessários para o lançamento do edital”. Diferentemente do que informou o Ministério dos Transportes, a agência diz que a previsão de publicação do edital é “inicialmente, para o primeiro trimestre de 2025”.

Enquanto as obras não recomeçam, subir e descer a serra segue sendo um desafio para os usuários.

AGRÍCOLA

O Estado de S.Paulo - SP   13/12/2024

A safra agrícola brasileira deve totalizar 314,8 milhões de toneladas em 2025, 20,5 milhões de toneladas a mais do que o desempenho de 2024, um aumento de 7%. Os dados são do segundo Prognóstico para a Produção Agrícola do ano que vem, divulgado nesta quinta-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao primeiro prognóstico, divulgado no mês passado, houve um aumento de 1,2% na estimativa para a produção agrícola, 3,9 milhões de toneladas a mais.

“Prevemos um aumento da produção, sendo uma recuperação das perdas que tivemos em 2024. Embora o ano agrícola de 2025 esteja atrasado por conta da demora das chuvas nas unidades da federação produtoras de grãos, com a chegada destas chuvas, os produtores se mobilizaram e plantaram rapidamente estas lavouras e, agora, elas estão relativamente bem, o que aumenta a expectativa do aumento da safra para 2025", explicou Carlos Barradas, gerente do levantamento do IBGE, em nota.

A expectativa de uma nova safra recorde de soja é o que tem impulsionado a projeção para a produção agrícola brasileira de 2025. A colheita de soja deve totalizar um ápice de 163,5 milhões de toneladas no ano que vem, um aumento de 12,9% em relação a 2024, 18,657 milhões de toneladas a mais.

Além da soja, são esperados aumentos no milho 1ª safra (alta de 9,3% ante 2024 ou 2,129 milhões de toneladas a mais), arroz (6,5% ou 686,9 mil toneladas a mais) e feijão 1ª safra (29,0% ou 262,2 mil toneladas a mais).

Por outro lado, estão previstas reduções na produção de algodão herbáceo em caroço (-0,8% ou -40,9 mil toneladas), milho 2ª safra (-0,1% ou -136,3 mil toneladas), sorgo (-4,9% ou -199,6 mil toneladas) e trigo (-10,9% ou -891,1 mil toneladas).

Entre as colheitas estaduais, o volume produzido deve crescer nos seguintes Estados: Mato Grosso (1,9%), Paraná (11,0%), Rio Grande do Sul (12,4%), Mato Grosso do Sul (24,1%), Minas Gerais (6,1%), em Goiás (5,0%), Bahia (6,7%), São Paulo (16,3%), Tocantins (0,3%), Santa Catarina (4,6%), Piauí (2,3%) e Rondônia (10,6%).

As estimativas indicam safras menores para o Maranhão (-0,2%), Sergipe (-1,7%)) e Pará (-7,7%).
Queda na produção em 2024

Para este ano, a produção agrícola brasileira foi estimada em 294,3 milhões de toneladas, 6,7% menor do que a do ano passado, 21,1 milhões de toneladas a menos, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de novembro divulgado nesta quinta-feira, 12, pelo IBGE.

O resultado, porém, é 545,5 mil toneladas maior do que o previsto no levantamento anterior, referente a outubro, uma alta de 0,2%.

“Esta queda de 6,7% na produção de cereais, leguminosos e oleaginosas em 2024 com relação a 2023 deve-se a problemas climáticos, que ocorreram na maioria das Unidades da Federação produtoras, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Sul”, disse Barradas, acrescentando que houve estiagem e temperaturas elevadas. “No estado do Rio Grande do Sul, ainda ocorreu um grande volume de chuvas nos meses de abril e maio deste ano”, acrescentou.

Em relação a 2023, o Brasil deve colher mais arroz, feijão, algodão e trigo em 2024, mas menos soja, milho e sorgo. O arroz, o milho e a soja, os três principais produtos, somados, representam 92,1% da estimativa da produção e respondem por 87,2% da área a ser colhida.

Neste ano, estão previstos aumentos de 14,8% para a produção de algodão herbáceo, de 3,1% para o arroz, de 5,7% para o feijão e de 5,0% para o trigo. Os recuos devem chegar a 4,7% para a soja, 11,9% para o milho (com reduções de 17,8% no milho de 1ª safra e de 10,3% no milho de 2ª safra) e 5,8% para o sorgo.

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