Clipping Diário

14 | Novembro | 2024

SIDERURGIA

NSCTotal - SC   14/11/2024

Essa expansão permitiu a estreia da produção do magnelis, pela primeira vez fora da Europa. O produto é mais durável e ser regenera sozinho

O fundador do grupo ArcelorMittal, Lakshmi Mittal (C) e o governador de SC, Jorginho Mello, com outras autoridades, fizeram um ato simbólico de início da produção da exapansão (Foto: ArcelorMittal, Divugação)

A inauguração da expansão da unidade da ArcelorMittal Vega, em São Francisco do Sul, no Norte de Santa Catarina, nesta quarta-feira (13), com investimento de R$ 2 bilhões, coloca o Estado na produção de aços de alta tecnologia e amplia oportunidades de exportações. O evento festivo contou com as presenças do fundador e presidente global do conselho da companhia, Lakshmi Mittal, e do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, entre outras autoridades.

– Eu estou muito orgulhoso de todos os nossos empregados brasileiros. Hoje, nossas operações no Brasil são uma referência para a ArcelorMittal por sua operação confiável e eficiente, saúde e segurança, e esse é um resultado de esforço diário. Nós temos equipes muito comprometidas, que trabalham incessantemente em direção ao nosso proposito de produzir aços inteligentes para pessoas e o planeta – afirmou em seu discurso o fundador Lakshmi Mittal.

O fundador e presidente do conselho de administração da ArcelorMittal, Lakshmi Mittal (Foto: Divulgação)

ArcelorMittal, em São Francisco do Sul (Foto: Divulgação)

O empresário, que veio da Índia para essa inauguração, destacou a relevância do Brasil para a companhia, de onde ela obtém em torno de 25% da receita. Disse que continua confiando no futuro do país. Contou que na semana passada foi questionado em Londres sobre mercados promissores no mundo e citou o Brasil.

– Aqui em Santa Catarina o senhor tem gente séria, gente que trabalha, tem segurança pública, segurança ambiental. É tudo o que uma empresa séria precisa para fazer um investimento sustentável. É um estado competitivo, onde se vive mais. É um estado vocacionado para o trabalho e Deus nos deu uma beleza sem igual – afirmou o governador Jorginho Mello, convidando o bilionário indiano para investir mais no Estado.

Com esse investimento superior a US$ 350 milhões, a multinacional indiana completou mais de US$ 900 milhões de aportes nesse complexo industrial em São Francisco do Sul, somando mais de R$ 4,5 bilhões. Segundo registros da Secretaria de Estado da Fazenda, este é o maior investimento industrial em SC nos últimos 22 anos.

O grupo indiano escolheu essa unidade catarinense para fabricar, pela primeira vez, fora da Europa o Magnelis, um aço com inovação exclusiva que se regenera quando danificado. De acordo com o vice-presidente de Operações da ArcelorMittal Aços Planos para a América Latina, Jorge Adelino, com esse produto, aumentam as oportunidades de exportações.

O Magnelis tem durabilidade três vezes maior, em média, frente ao produto com a tecnologia anterior. Por isso, é mais usado em projetos que sofrem mais corrosão, como bases para usinas solares, postes para vinicultura, telhados, silos e outros produtos.

– Acreditando na potência do estado, a ArcelorMittal constrói há 21 anos uma história constante em Santa Catarina. Concluiu a sua maior expansão de capacidade de produção. Esse investimento representa um marco importante que traz crescimento, inovação, geração de empregos e desenvolvimento para a comunidade. A unidade conta com uma nova linha de galvanização, além do magnelis, um revestimento de ultra alta resistência – destacou Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal da Aços Planos América Latina.

Segundo ele, essa expansão garante um aumento do portfólio dos produtos, trazendo soluções para os segmentos de agricultura, construção civil, projetos de energia solar, infraestrutura rodoviária e sistemas de armazenagem, entre outras.

Com esse investimento inaugurado nesta quarta-feira, a companhia ampliou de 1,6 milhão de toneladas ano para 2,2 milhões de toneladas, um acréscimo de 37,5%. Esse projeto resultou na contratação de 300 colaboradores diretos, elevando para 1.300 o total de empregados da companhia em SC.

Entre os temas de destaque no evento, um foi o avanço de importações de aço, prejudicando a competitividade dos fabricantes locais. Atendendo a um pleito da ArcelorMittal, o governo de SC proibiu a importação de aços que são fabricados em SC para fins comerciais, autorizando apenas para uso individual de insumos empresariais, informou o secretário de Estado da Fazenda, Cleverson Siewert.

Agenda no Brasil

O fundador e presidente da ArcelorMittal veio ao Brasil para essa inauguração em São Francisco do Sul pela sua relevância para o grupo. Ele também aproveitou para ter uma reunião com o presidente Luis Inácio Lula da Silva na terça-feira à tarde. Em São Francisco, ele disse que vistiará nesta quinta-feira, unidade de Serra Azul, em Minas Gerais. O empresário veio ao país a bordo de um jato Bombardier Global 7500, que pousou no aeroporto de Joinville na manhã desta quarta-feira.

IstoÉ Dinheiro - SP   14/11/2024

A Vale e a Roheisengesellschaft Saar mbH (Rogesa), uma subsidiária conjunta da Dillinger e da Saarstahl AG, concluíram recentemente um contrato plurianual de fornecimento de pelotas que, segundo release da Vale, representa um marco na busca pela descarbonização da siderurgia.

O acordo prevê o fornecimento de pelotas de alto-forno de 2025 a 2027 e uma transição flexível para pelotas de redução direta a partir de 2028, após o comissionamento da planta de redução direta da Rogesa na unidade de Dillingen.

No futuro, a indústria siderúrgica de Saarland usará a planta de redução direta e seus fornos elétricos a arco para produzir aço de baixa emissão, usando hidrogênio para converter o minério de ferro em hot-briquetted iron (HBI) em vez de usar coque, como tem sido até hoje.

“Estamos muito satisfeitos em firmar esse acordo com a Rogesa, nossa parceira desde meados da década de 1970 e uma das mais importantes produtoras de aço da Europa. Juntos, estamos nos comprometendo com o futuro da produção de aço. As pelotas de redução direta, assim como nossos briquetes inovadores, serão fundamentais para a produção de aço em fornos elétricos a arco, o que reduzirá significativamente as emissões de carbono da indústria siderúrgica”, disse o diretor de Vendas da Vale Bruno Pina.

A Vale estabeleceu o compromisso de reduzir 15% das emissões líquidas de escopo 3, relacionadas à sua cadeia de valor, até 2035. A empresa também busca reduzir suas emissões absolutas de escopo 1 e 2 em 33% até 2030 e atingir zero líquido até 2050, em linha com o Acordo de Paris.

Valor - SP   14/11/2024

Fundador da companhia esteve em Brasília, para reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e afirmou que o governo federal tem estado aberto ao diálogo

O fundador e presidente-executivo do conselho de administração do Grupo ArcelorMittal, Lakshmi Mittal, disse, nesta quarta-feira (13), que a quantidade de aço importado no Brasil tem gerado uma concorrência injusta.

Em evento de inauguração da expansão da unidade Vega, em São Francisco do Sul (SC), Mittal afirmou que os investimentos do grupo têm sido executados, apesar das dificuldades do mercado doméstico: “Novos investimentos no Brasil foram executados, apesar da concorrência injusta de produtos importados, que afetam oportunidades de crescimento de novos negócios.”

O executivo indiano, que esteve, na terça (12), em Brasília, para reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que o governo federal tem estado aberto ao diálogo: “O governo federal entende e valoriza a importância da nossa indústria no crescimento econômico do país.”

Em postagem nas redes sociais, o presidente Lula publicou fotos do encontro com Mittal: “Agora, existe confiança para investimentos externos e crescimento da indústria no Brasil.”

Mittal veio ao Brasil para inaugurar a expansão da unidade em Santa Catarina, que tem investimento de R$ 2 bilhões. A fábrica será a primeira fora da Europa a produzir o magnelis, produto em aço desenvolvido pela multinacional voltada para aplicações que exigem alta proteção contra corrosão, como estruturas de placas solares.

*A repórter viajou a convite da ArcelorMittal

Brasil Mineral - SP   14/11/2024

O volume de vendas cresceu 8% na comparação com o segundo trimestre, registrando 1,1 milhão de toneladas, enquanto as vendas no mercado interno tiveram incremento de 10%

A Usiminas registrou lucro líquido de R$ 185 milhões no terceiro trimestre de 2024 e conseguiu reverter o prejuízo de R$ 100 milhões do trimestre anterior. De julho a setembro, o EBITDA ajustado consolidado atingiu R$ 426 milhões (R$ 247 milhões no 2T24), e a margem EBITDA ficou em 6%, ante 4% registrados no segundo trimestre de 2024. O volume de vendas cresceu 8% na comparação com o segundo trimestre, registrando 1,1 milhão de toneladas, enquanto as vendas no mercado interno tiveram incremento de 10%, o maior volume desde o terceiro trimestre de 2021. A receita líquida alcançou R$ 6,8 bilhões, um aumento de 7% no trimestre. A produção de aço bruto foi de 873 mil toneladas, 6,9% superior ao registrado de abril a junho; já a produção de laminados em Ipatinga e Cubatão totalizou 1,2 milhão de toneladas, 8,3% superior ao trimestre anterior.

O presidente da Usiminas, Marcelo Chara, disse que a recuperação dos resultados confirma as expectativas sinalizadas anteriormente, com avanço na eficiência operacional e na melhoria contínua. “O Alto-Forno 3 atingiu o maior volume de produção desde 2010. Atualmente, produzimos mais aço bruto com dois altos fornos do que o que produzíamos com três”. O presidente afirma ser necessário continuar nesse caminho, fruto de toda a transformação que a Usiminas passa nos últimos tempos, com focos nas rotinas de gestão, segurança e indicadores relacionados à melhoria contínua. “Damos um importante sinal, interna e externamente, com os resultados do terceiro trimestre, da nossa competitividade e da qualificação das nossas equipes”.

No terceiro trimestre, a Usiminas importou 934 mil toneladas de laminados planos, um aumento de 13% em relação ao segundo trimestre e que representam 22% do consumo aparente de aços planos no Brasil. “Esses números evidenciam a necessidade de um ajuste no sistema de cota e tarifa implementado pelo Governo Federal em junho deste ano. Da mesma forma, seguimos apoiando as autoridades competentes nas investigações antidumping já iniciadas e que visam demostrar os efeitos nocivos desta prática desleal à indústria nacional”, pontua Marcelo Chara.

Na mineração, as vendas de minério de ferro somaram 2,3 milhões de toneladas, 14% a mais quando comparado ao trimestre anterior, enquanto a receita líquida somou R$ 767 milhões, queda de 25% sobre os R$ 777 milhões do trimestre anterior. Já, o Ebitda ajustado ficou em R$ 44 milhões ante os R$ 156 milhões do segundo trimestre de 2024, 77% abaixo. Mesmo com o maior volume de vendas, o trimestre foi impactado pela queda no preço do minério.

Valor - SP   14/11/2024

Segundo o executivo, o grupo tem tomado todas as medidas para melhorar seu desempenho, incluindo redução de custos, de forma a “conviver” de maneira mais firme com oscilações de preço e mercado

Benjamin Steinbruch: “Sofremos bastante em 2023 e 2024. Vamos iniciar 2025 bem melhor que os anos anteriores' — Foto: Rogerio Vieira/Valor

Depois de dois anos difíceis para a siderurgia brasileira, com a forte entrada de produtos importados, a expectativa é de iniciar 2025 em condições mais positivas, afirmou o CEO e presidente do conselho de administração da CSN, Benjamin Steinbruch.

“Sofremos bastante em 2023 e 2024. Vamos iniciar 2025 bem melhor que os anos anteriores, vendo o [melhor] desempenho do terceiro trimestre e no quarto trimestre”, disse o empresário, em teleconferência com analistas, nesta quarta-feira (13).

Conforme Steinbruch, dentro de casa, o grupo tem tomado todas as medidas para melhorar seu desempenho, incluindo redução de custos, de forma a “conviver” de maneira mais firme com as oscilações de preço e mercado.

“Na mineração, tivemos tudo de positivo em termos de aumento de produção, redução de custos e aumento de vendas. Dentro daquilo que nos compete, fizemos o melhor. Mas tivemos preços caindo e, aí, há muito pouco a ser feito”, afirmou.

China e Trump nos EUA

Ainda assim, conforme Steinbruch, a CSN está preparada para fazer frente a essas oscilações e não acredita que os preços do minério vão cair abaixo de US$ 100 por tonelada, uma vez que esse nível de preço levaria ao fechamento das operações de custo mais elevado. A previsão é que a commodity seja negociada entre US$ 100 e US$ 120 por tonelada até o fim do ano, diante da expectativa de medidas adicionais de estímulo na China.

“Em algum momento, eles virão com algo mais forte, que vai favorecer o minério”, comentou. Além disso, na avaliação do empresário, ainda não está claro como os países vão reagir a um potencial maior protecionismo dos Estados Unidos na futura gestão Trump, mas tudo indica que haverá uma revisão da geopolítica.

“Cada país vai ter de se defender mais por si só, e a China terá de responder de alguma forma a esse novo modelo com o qual vamos conviver a partir do ano que vem”, analisou. Na mineração, a CSN segue otimista em relação a investimentos, uma vez que a demanda existe, acrescentou.

Negociações sobre InterCement

No negócio de cimentos, a CSN segue registrando recorde de produção e vendas, com operação próxima ao nível máximo de capacidade, e vê um futuro “bastante positivo” para o mercado brasileiro, diante da demanda reprimida por moradias populares e expectativa de elevação dos investimentos em infraestrutura. “Está faltando produto. Se estivéssemos produzindo mais, estaríamos vendendo mais”, afirmou.

A CSN segue em negociações para compra da rival InterCement, e o período de exclusividade das conversas, que havia sido renovado, se encerra no dia 16.

Importação continua a impactar o aço, mas horizonte é ‘muito positivo’

A entrada excessiva de aço importado no país segue influenciando o mercado brasileiro de produtos siderúrgicos, mas há sinais “fortes” que indicam um horizonte “muito positivo”, na avaliação do diretor executivo comercial da CSN, Luis Fernando Martinez.

Conforme o executivo, o crescimento das vendas da companhia, de 11% neste ano, acima do avanço do consumo aparente nacional, da ordem de 9% a 10%, é um dos sinais. Além disso, a siderúrgica tem conseguido reduzir custos de produção de placas, que caminham para o nível de R$ 3 mil por tonelada. “Isso nos credencia a olhar margens melhores nos próximos trimestres”, afirmou.

Do lado dos preços praticados no mercado interno, houve reajustes, que foram compensados pela piora de “mix” (combinação de produtos) no terceiro trimestre. Mas a demanda segue aquecida, sobretudo em aços planos, que rondam os volumes de consumo mais elevados da história. “Em 2025, esse cenário vai se materializar”, afirmou, acrescentando que a CSN já começou a negociar alguns contratos para o próximo ano.

“Em termos de preço, não temos domínio do mercado, mas podemos dizer que a visão é mais positiva para a China, onde a indústria está reagindo”, afirmou. Além disso, a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos pode mudar a dinâmica do mercado de aço, acrescentou. A China é a maior produtora de aço do mundo e tem exportado volumes excedentes elevados por causa do mercado interno menos aquecido.

Martinez comentou ainda que, além da elevação da tarifa “antidumping” recém-aplicada pelo governo brasileiro sobre as folhas metálicas chinesas, a expectativa é de adoção de medidas similares para outros produtos siderúrgicos, como pré-pintados, laminados a frio e a quente e zincados nos próximos meses. “Em maio ou junho, devemos ter novos ‘antidumpings’ aplicados”, afirmou.

Jota - DF   14/11/2024

A Presidência da República se manifestou ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última terça-feira (12/11), no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7714, que pode impactar a longa disputa judicial entre as siderúrgicas Ternium e CSN. A ADI, proposta pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), questiona a interpretação do artigo 254-A da Lei das Sociedades Abertas, que trata da alienação de controle em companhias abertas. O entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre a alienação e necessidade de Oferta Pública de Ações (OPA) este ano gerou uma reviravolta bilionária na disputa entre as companhias.

Segundo o parecer da Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Presidência da República, na Nota SAJ 225/2024 enviada ao STF, a Lei das S.A, sobre a qual versa a controvérsia da ADI, é uma lei federal, e, portanto, é da competência do STJ julgar o caso. Entende-se que a melhor solução para o caso seja a inadmissão da inicial da ação direta, em deferência à competência constitucional cometida ao STJ, diz a nota, assinada por Lucas Gusmão Barreto Lima, da secretaria.

Frise-se que não se está aqui a exercer qualquer juízo de valor acerca das interpretações possíveis do que se compreende por alienação de controle para fins de incidência do já citado art. 254-A da Lei da S.A, completa a nota. Definir o que se compreende por alienação de controle para fins de deflagração de Oferta Pública de Ações, não é uma questão Constitucional [...] Eventual alegação de ofensa à Constituição na hipótese, seja pela adoção de uma ou outra tese, se daria, quando muito, de forma meramente indireta/reflexa, situação que não autoriza o acionamento da Corte Constitucional.

O relator do caso, o ministro André Mendonça, pediu que a Presidência da República se pronunciasse sobre o tema, assim como as da Câmara dos Deputados e do Senado, além de CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e STJ. O Tribunal enviou as informações para o STF no início do mês, e o ministro Moura Ribeiro, do STJ, reforçou a Mendonça seu posicionamento inicial, de que o controle da companhia não está somente no número de ações, mas depende do elemento subjetivo do acionista, com o propósito de dirigir a empresa, como teria ocorrido com o ingresso do Grupo Ternium no Bloco de Controle da Usiminas.

O que disse a AGU

A AGU também prestou informações sobre o caso ao STF na última terça-feira (12/11), e citou o entendimento da Presidência da República de que se trata de uma questão em torno de uma lei federal e que, portanto, deveria ser julgada pelo STJ.

No entanto, admitiu que o princípio da segurança jurídica [...] será consideravelmente impactado pela adoção da interpretação extensiva aos moldes do que foi decidido pelo STJ. [...] A ausência de previsibilidade e estabilidade nas relações jurídicas é fato inequívoco que conduz à incerteza e à insegurança àqueles que eventualmente se tornariam parte na relação que pretendiam firmar."

A AGU também defendeu uma interpretação restritiva para o artigo 254-A, apoiando o entendimento da CVM sobre o tema, que decidiu diversas vezes nesse sentido. O órgão técnico que possui a competência legal para normatizar o procedimento e verificar a regularidade deste, [...] claramente adotou a posição objetiva e restritiva da expressão 'alienação do controle', considerando sobretudo a segurança jurídica e a previsibilidade que se obtém com tal posição, diz no parecer.

O que disse o Cade

Já o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que também enviou seu parecer para o STF, não se posicionou sobre a competência do STF para decidir o caso, mas alertou para os efeitos de mudanças abruptas no entendimento regulatório do mercado de capitais. Segundo o órgão, a interpretação extensiva do conceito de "alienação de controle", feita pelo STJ, pode aumentar os custos de transação no mercado de capitais, desestimular investimentos e reduzir a concorrência.

O órgão ainda argumentou que a previsibilidade é essencial para o ambiente de negócios e que a interpretação tradicional vinculada ao controle efetivo e majoritário assegura um equilíbrio entre proteção aos acionistas minoritários e atratividade para investidores. A expansão do conceito de alienação para incluir "controle diluído" ou "influência política" seria, segundo o Cade, contraproducente, dificultando a entrada de novos agentes no mercado.

Além disso, segundo o Cade, há estratégias que minoritários podem ter para se proteger em uma determinada empresa, que não depende, exclusivamente, de uma OPA de tag along. No documento, o órgão cita que minoritários possuem direito de fiscalizar a gestão (109, Ill, da Lei 6.404/76), de retirar-se da sociedade (109, V, da Lei 6.404/76), de preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição (109, IV, da Lei 6.404/76), de previsão de arbitragem na resolução dos conflitos (109, 5 32, da Lei 6.404/76), de indicar um conselheiro que represente os interesses dos minoritários (artigo 141, 84º,da Lei 6.404/76) e de eleger membro do conselho fiscal (artigo 161, 8 4º, a da Lei 6.404/76), para citar apenas alguns direitos.

Entenda o caso

A AEB (da qual a Ternium é associada) argumenta, na ADI apresentada ao Supremo, que a decisão do STJ que obriga a companhia ítalo-argentina a pagar uma indenização estimada em R$ 5 bilhões para a CSN criou uma nova hipótese para a obrigatoriedade da OPA.

Isso por conta de uma compra de ações em 2011, na qual a Ternium adquiriu 27,7% do total do capital votante da Usiminas, entrando no bloco controlador. A CSN, à época, possuía 17,4% do capital da Usiminas. A CVM entendeu que não houve alienação de controle, e, por isso, não haveria disparo do gatilho de tag along previsto no artigo 254-A o entendimento que foi refutado pelo STJ, em embargos de declaração.

Uma mudança de composição na turma que apreciou o caso provocada pela morte do ministro Paulo de Tarso Sanseverino e pela declaração de impedimento de Marco Aurélio Bellizze, que havia votado no mérito acabou por ser determinante para a reviravolta no julgamento dos embargos.

Segundo a decisão da Corte, a OPA poderia ser exigida mesmo sem a existência de um controlador majoritário prévio, situação que a associação considera inconstitucional, conforme argumenta ao STF. Para a AEB, o entendimento do STJ gera insegurança no mercado, ao permitir que um acionista com participação minoritária no controle possa desencadear a OPA, contrariando as práticas regulatórias da CVM.

Na ação, a AEB pede que o STF fixe uma interpretação conforme à Constituição sem redução de texto, reafirme a jurisprudência administrativa e judicial então prevalente sobre a interpretação do art. 254-A, com o estabelecimento de critérios objetivos, aferíveis ao momento da operação, para definição da materialização da obrigação de realização de OPA.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   14/11/2024

As projeções de inflação do mercado indicam que o IPCA acumulado em 12 meses pode superar o teto da meta de inflação, de 4,5%, ao longo de todo o primeiro semestre de 2025. Com isso, o Banco Central terá falhado na missão de cumprir o alvo já nos seis primeiros meses de vigência da nova meta contínua de inflação, aprovada este ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Se esse cenário se confirmar, o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, terá de escrever duas cartas abertas explicando as razões do descumprimento antes de completar um ano à frente da autarquia - caso ele tenha mesmo de assinar um documento sobre a perda da meta de 2024. O IPCA de dezembro só será divulgado pelo IBGE em 10 de janeiro, quando Galípolo já será oficialmente o chefe da autarquia.

Em vez do sistema vigente até o fim deste ano, que considera o ano-calendário, a nova meta contínua de inflação leva em conta o IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância, de 1,5% a 4,5%, por seis meses seguidos, considera-se que o BC perdeu o alvo.

Segundo as medianas do Sistema Expectativas de Mercado, o IPCA acumulado em 12 meses até janeiro deve atingir 4,66%. Ele deve oscilar para pouco abaixo do teto em fevereiro, com 4,43%, e acelerar novamente em março (4,63%) e abril (4,64%). Em maio (4,44%) e junho (4,46%), a taxa prevista permanece apenas um pouco abaixo do limite superior. Mas as estimativas têm subido nas últimas semanas.

O economista da Terra Investimentos Homero Guizzo espera que o IPCA suba 4,60% no acumulado de 2024, acima do teto do alvo, e só caia consistentemente abaixo de 4,50% no fim do ano que vem. “O novo regime vai começar em descumprimento e vai demorar um pouco para sairmos desse quadro”, afirma.

Ele diz que o quadro de “superaquecimento” da economia brasileira tende a aumentar o repasse da desvalorização cambial para os preços. Isso vai impedir que os bens industrializados sejam uma fonte de alívio para a inflação, segundo Guizzo. Em contrapartida, os preços administrados e os preços de alimentos podem dar algum alívio ao IPCA no ano que vem, embora esse não seja o cenário básico.

A estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andrea Angelo, estima que a inflação acumulada em 12 meses deve se manter acima de 4,70% até abril do ano que vem. Pressões sazonais do primeiro trimestre, como reajustes de mensalidades escolares e pagamento do IPVA, devem pressionar a taxa. Mas, entre maio e julho, ela espera uma queda do IPCA abaixo de 4,50%. Isso evitaria o estouro da meta.

“Há muitas pressões sazonais no começo do ano e ainda vamos ter um choque adicional, de alimentos, que vai continuar no primeiro trimestre do ano que vem e começa a se espalhar, pegando até serviços”, diz a estrategista. “A inflação vai voltar para 4,70% em agosto e ficar assim praticamente até o fim do ano.” A Warren espera um IPCA de 4,70% em 2024 e 4,50% em 2025, com viés de alta.

Política monetária

O possível descumprimento da meta contínua nos seus seis primeiros meses de vigência não deve danificar a credibilidade do regime, segundo os economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast. É possível que sirva até para fortalecer o discurso do BC, que voltou a aumentar os juros em setembro. O mercado espera elevação da taxa Selic até 12,50% em março de 2025.

“O argumento de ‘olhar para a frente’ do BC é muito plausível, ele está olhando o segundo trimestre de 2026, mas a inflação corrente alta acaba disseminando os efeitos. Esse movimento de inflação pressionada ajuda a justificar o ciclo de alta de juros”, diz Angelo, da Warren.

Guizzo, da Terra, diz que a dinâmica da inflação pode ameaçar a credibilidade do BC. A pressão nos preços tem vindo dos serviços, sensíveis à política monetária, e não de componentes menos preocupantes, como os preços administrados. O mercado de trabalho apertado e a demanda forte, somados ao IPCA já pressionado, podem fazer com que mais aumentos dos juros sejam necessários, diz.

“Nosso cenário-base é de Selic terminal (ao fim do ciclo de alta) de 13%, mas os fundamentos deixam claro que um aperto maior da Selic pode rapidamente se tornar o cenário-base”, diz o analista. “Os riscos em torno desse cenário de Selic terminal de 13% estão claramente assimétricos para cima, por causa do quadro de superaquecimento do mercado de trabalho.”

IstoÉ Dinheiro - SP   14/11/2024

Os governos do Brasil e da China irão anunciar uma série de atos bilaterais e memorandos de entendimento nas áreas de agricultura, comércio, investimentos, infraestrutura, indústria, finanças e ciência e tecnologia na próxima semana. Os acordos serão divulgados durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, no dia 20, quando ele será recebido pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília.

“Há sinergias entre as políticas de desenvolvimento e programas de investimentos de Brasil e China com foco em finanças, infraestrutura, desenvolvimentos de cadeias produtivas, transformação ecológica e tecnologia que poderiam beneficiar os programas Novo PAC, Nova Indústria Brasil, plano de transição ecológica e rotas de integração sul-americana”, disse o secretário de Ásia e Pacífico do Ministério de Relações Exteriores, Eduardo Paes Saboia, em conversa com a imprensa sobre a visita de Estado.

Sobre a adesão ou não do Brasil à iniciativa chinesa conhecida como “Nova Rota da Seda”, o embaixador não entrou em detalhes. Apesar de dizer que o assunto não seria um “tabu” e que a declaração conjunta entre o Brasil e a China aprovada no ano passado trata de “aprofundar sinergias”, Saboia afirmou que não daria “spoilers” em torno do tema. “O foco é sinergia, é somar, é energizar para criar resultados que beneficiem os nossos países”, disse.

Segundo o embaixador, para a visita de Xi Jinping, estão em negociação protocolos para a exportação de mais produtos agrícolas brasileiros à China. Outro pilar são os investimentos.

Saboia afirmou que o governo brasileiro tem a intenção de ver uma presença “ainda mais robusta” de investimentos chineses aqui, em particular em infraestrutura e na capacidade produtiva industrial. “A visita apresentará iniciativas governamentais para incrementar os contatos nessas áreas. Dos 93 projetos industriais chineses no Brasil, tiveram destaque sobretudo a indústria automotiva, eletroeletrônica e de máquinas e equipamentos”, comentou o secretário.

Na área de finanças, Saboia destacou que, desde a visita de Lula à China em 2023, tem havido esforço por uma maior aproximação no segmento. De acordo com ele, estão em desenvolvimento iniciativas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Ministério da Fazenda e da B3 com linhas de financiamento, cofinanciamento de projetos e a possibilidade de negociação de fundos brasileiros em bolsas chinesas e vice-versa.

No pilar de ciência, tecnologia e inovação, o embaixador afirmou que a operação bilateral tem avançado para pesquisas em novas áreas como fontes de energia limpa, nanotecnologia, tecnologias da informação e comunicação. “E o MCTI tem desenvolvido iniciativas com as contrapartes chinesas para estabelecimento de cooperação na indústria fotovoltaica, tecnologia nuclear, inteligência artificial e mecanização e inteligência da agricultura familiar”, afirmou.

O embaixador ainda classificou a visita do líder chinês como o “ponto alto” da comemoração do meio século de relações diplomáticas. “Brasil e China são atores fundamentais para o processo de reforma da governança global. Além da relação política, existe uma relação comercial de primeira ordem. A visita servirá para reiterar o esforço do Brasil em continuar e ampliar os números do comércio bilateral e diversificar a pauta comercial com produtos brasileiros com maior valor agregado”, disse.

Ele também foi questionado sobre como a eleição de Donald Trump para um novo mandato a partir do próximo ano nos Estados Unidos poderia influenciar a relação entre Brasil e China. Saboia respondeu, por sua vez, que a conexão entre os países já atravessou “vários” governos norte-americanos, em diversas situações internacionais, e nesse período “só se fortaleceu”. “Nós temos excelentes relações com os Estados Unidos, e é um forte desejo do Brasil manter relações boas e densas com os Estados Unidos e com a China”, se restringiu a responder.

IstoÉ Dinheiro - SP   14/11/2024

A inflação a 12 meses subiu nos Estados Unidos em outubro, impulsionada pelo aumento dos preços da habitação, de acordo com dados oficiais divulgados nesta quarta-feira (13), que acrescentam um obstáculo à determinação do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, de continuar reduzindo suas taxas de juros.

O índice de preços ao consumidor (IPC) registrou 2,6% ao ano, frente a 2,4% em setembro, informou o Departamento do Trabalho nesta quarta-feira.

A inflação era uma das maiores preocupações dos americanos nas eleições da semana passada, nas quais o ex-presidente republicano Donald Trump derrotou a vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris.

Em outubro, o IPC teve um aumento de 0,2% em relação a setembro, a mesma variação registrada entre agosto e setembro.

Os dados da inflação estão em linha com as expectativas dos analistas, de acordo com informações reunidas pela Dow Jones Newswires e pelo The Wall Street Journal.

“A inflação em outubro se comportou de maneira bastante semelhante ao esperado”, afirmaram os economistas da High Frequency Economics em uma nota aos seus clientes.

O índice que mede os preços do setor de habitação representou “mais da metade do aumento mensal”, afirmou o Departamento do Trabalho em seu comunicado.

A inflação subjacente, que exclui os preços mais voláteis de alimentos e energia, manteve-se em outubro igual ao de setembro, com 0,3% em relação ao mês anterior e 3,3% em termos anuais.

Após uma dura batalha contra o aumento dos preços, “estamos fazendo progressos para as famílias trabalhadoras”, disse a conselheira econômica da Casa Branca, Lael Brainard, em uma declaração.

Desde a chegada de Joe Biden à Casa Branca em 2021, os preços aumentaram mais de 20% em um contexto internacional de inflação devido à recuperação econômica após a pandemia de covid-19.
Desafio para o Fed

Os preços da habitação aumentaram 0,4% em outubro em relação a setembro.

O Fed observará atentamente esses números. Embora a inflação tenha se moderado em direção à meta do banco central de 2% ao ano, o mercado de trabalho também mostrou alguns sinais de enfraquecimento, embora ainda se mantenha saudável, e o crescimento econômico seja robusto.

Na semana passada, após a eleição, o Fed fez um segundo corte nas taxas, de 0,25 ponto percentual. O Fed iniciou um ciclo de flexibilização de sua política monetária, que torna o crédito mais barato e, por consequência, estimula o consumo e o investimento, de forma contrária ao objetivo que perseguiu durante anos com as taxas de juros altas para conter a inflação.

O Fed tem dois objetivos: controlar a evolução dos preços e manter o pleno emprego.

Atualmente, as taxas de juros de referência nos Estados Unidos estão entre 4,50% e 4,75%.

Os operadores de contratos futuros, que servem como referência para as expectativas do mercado, preveem que o Fed continuará com seus cortes. Cerca de 80% desses agentes esperam um novo corte na próxima reunião do órgão em dezembro, segundo dados do CME Group.

IstoÉ Dinheiro - SP   14/11/2024

A maioria das respostas do Questionário Pré-Copom (QPC) indica que o Banco Central continuará aumentando os juros em 0,5 ponto porcentual nas duas próximas reuniões, de dezembro e janeiro. A taxa Selic atingiria 12,25% no início do ano que vem, em linha com as medianas do Sistema Expectativas de Mercado, que embasa o Focus.

Dos 123 analistas que responderam ao levantamento, 109 (89%) apostavam que o BC aumentaria os juros em 0,5 ponto em dezembro. Em janeiro, 65 (53%) esperavam alta da mesma magnitude. Outros 50 (41%) antecipavam uma elevação menor, de 0,25 ponto. As perguntas foram respondidas antes do Copom da quarta-feira, 6.

Sobre a reunião mais recente, 114 analistas (93%) esperavam alta de 0,5 ponto porcentual dos juros. Só nove (7%) anteviam elevação menor, de 0,25 ponto. O Copom aumentou a Selic de 10,75% para 11,25%, em 0,5 ponto porcentual.

Inflação

A mediana das respostas indica que o IPCA deve atingir 4,60% no fechamento de 2024, acima do teto da meta, de 4,50%. O cenário considera dólar em R$ 5,50, Selic de 11,75% e o petróleo Brent cotado em US$ 75 por barril.

Também considerando as estimativas intermediárias do QPC, o mercado espera que a média dos núcleos fique em 4,10% este ano. Os preços administrados devem fechar com alta de 5,0% e os livres, em 4,40%. A projeção para a inflação de serviços é de 4,40%. Os serviços subjacentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, devem ficar em 5,30%.

A mediana para a inflação de 2025 é de 4,04%, acima do centro da meta, de 3%. Nesse caso, os respondentes esperam que a média dos núcleos fique em 4,0%, os preços administrados em 3,70% e os livres, em 4,30%. A projeção para os serviços e os serviços subjacentes é de 4,90%. O cenário considera dólar em R$ 5,45, o Brent em US$ 75 por barril e a Selic em 11,50% no fim do ano.

A maior parte dos analistas (49%) tinha viés de alta na projeção de IPCA de 2024, enquanto 43% viam riscos equilibrados. Para 2025, 65% tinham viés de alta, e 33%, riscos equilibrados.

Atividade

A mediana do QPC indica que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer 3,1% este ano. Essa estimativa é 0,2 ponto porcentual maior do que a do levantamento anterior, de 2,9%. A projeção para 2025 indica crescimento de 1,9%, em linha com os últimos questionários.

O mercado espera aumento de 4,2% no consumo das famílias, de 5,0% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e de 2,5% no consumo do governo este ano. As exportações devem crescer 4,4%, e as importações, 10,6%, considerando as estimativas intermediárias.

Pela ótica da oferta, a mediana indica crescimento de 3,3% para os serviços e de 3,3% para a indústria. A agropecuária deve fechar o ano com queda de 1,3%.

Em 2025, a mediana do QPC incorpora crescimento de 2,1% no consumo das famílias, de 1,7% na FBCF e de 1,4% no consumo do governo. As exportações devem crescer 3,4%. As importações, 3,3%. Pela ótica da oferta, os respondentes esperam alta de 1,8% para os serviços, de 1,7% para a indústria e de 3% para a agropecuária.

Mercado de trabalho

As medianas do QPC sugerem que o desemprego fechará 2024 em 6,4%. No mesmo mês do ano passado, esperava-se uma taxa de 8,2% para este ano. O desemprego médio deve ficar em 7% e a taxa de participação média, em 62,2%. Os analistas esperam crescimento médio de 4,6% na renda habitual média do ano e no rendimento efetivo médio do ano. A população ocupada deve crescer, em média, 2,7%.

Os respondentes esperam aumento do desemprego a 7% no fim de 2025. A taxa média deve permanecer em 7%, mesmo nível de 2024. Sempre considerando as médias do ano, a taxa de participação deve fechar em 62,5%, enquanto a renda habitual e a renda efetiva devem crescer 2,5% cada. A população ocupada deve subir 1,4%.

As medianas indicam criação líquida de 1,803 milhão de postos formais no Caged em 2024. Em 2025, a criação deve ser de 1,390 milhões.

Setor fiscal

Quase quatro de cada dez economistas que participaram do QPC disseram que a situação fiscal piorou entre setembro e novembro. A razão atingiu 38% – a maior desde a reunião de junho, quando essa proporção havia sido de 78%.

A maioria dos respondentes, ou 56%, ainda avaliou que não houve mudanças relevantes na situação fiscal do País. Só 6% – o equivalente a sete entre os 114 participantes – afirmaram ver uma melhora do quadro fiscal. Essa é a menor proporção desde os 2% de junho.

A mediana do último QPC indica um déficit primário de R$ 67 bilhões nas contas do governo central este ano, maior do que os R$ 29 bilhões que seriam compatíveis com a meta. O alvo do governo é de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB para mais ou menos.

Mesmo com as tratativas do governo para emplacar um pacote de corte de gastos, o mercado espera um déficit maior no ano que vem. O rombo nas contas primárias deve chegar a R$ 98 bilhões em 2025, segundo a mediana do QPC.

As estimativas também sugerem um aumento superior a 3 pontos porcentuais do PIB na dívida bruta, de 78,0% em 2024 a 81,6% em 2025.

Investing - SP   14/11/2024

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quarta-feira que existem vários caminhos possíveis para que a meta de inflação de 3% seja alcançada, reforçando que a autoridade monetária segue dependendo de dados para tomar suas decisões sobre os juros básicos.

Em evento promovido pelo Bradesco (BVMF:BBDC4) Asset Management, em São Paulo, Galípolo afirmou que as duas principais mensagens do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião de novembro foram a opção por não dar uma indicação futura para os juros e a ausência de relação mecânica da política monetária com indicadores econômicos.

“Hoje a posição do BC é ir consumindo os dados e tomar a decisão reunião a reunião sem estabelecer qualquer tipo de 'guidance', nem qualquer tipo de relação mecânica, e nem um caminho predeterminado para se atingir a meta. Existem vários caminhos possíveis para se atingir a meta”, disse.

Na última semana, o Copom decidiu elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 11,25% ao ano, em decisão que não indicou os próximos passos da política monetária, mas apontou que o ciclo de alta nos juros pode ser prolongado se as expectativas para a inflação piorarem.

A decisão foi lida por parte do mercado, inicialmente, como uma indicação de que o BC tende a não acelerar a alta da Selic em dezembro, subindo a taxa novamente em 50 pontos-base, mas com o ciclo atual sendo mais longo.

Galípolo defendeu que a perseguição da meta de inflação pelo BC é "inegociável", apontando que a autoridade monetária precisa estar atenta a efeitos secundários de choques de oferta na economia, que podem se mostrar persistentes nos preços.

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Ele afirmou que tal postura demandaria uma revisão do "livro-texto" da política monetária, pois normalmente os bancos centrais são orientados a não considerar alguns choques de oferta para efeito das decisões sobre juros básicos.

"O livro-texto da política monetária te recomendaria pegar alguns choques de oferta... e não considerar isso para efeito de política monetária", disse Galípolo. "O debate atual parece colocar uma necessidade de revisitar o que seria a recomendação básica."

CENÁRIO DESAFIADOR PARA EMERGENTES

Galípolo reafirmou nesta quarta-feira a visão do BC de que o cenário atual para os países emergentes é mais desafiador do que era esperado no início do ano, defendendo que esse contexto demanda maior cautela por parte da autoridade monetária.

Ele citou a enorme volatilidade nos mercados em função das mudanças de expectativas sobre a economia norte-americana, dos efeitos da eleição presidencial dos EUA e da desaceleração econômica da China -- fatores para as incertezas atuais no cenário internacional.

"Por isso que a gente conclui (na ata da última reunião do Copom) que o cenário atual demanda mais cautela para países emergentes", afirmou.

Nas últimas semanas, as moedas emergentes têm sofrido grande pressão devido à força do dólar, impulsionado pela redução nas expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve e pela precificação dos possíveis efeitos de medidas econômicas prometidas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump.

Nesta quarta-feira, o dólar à vista fechou o dia no Brasil em alta de 0,32%, cotado a 5,7917 reais, com as cotações acompanhando o avanço firme da moeda norte-americana no exterior.

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A situação econômica na China, maior importador de matérias-primas do planeta, que tem sofrido com a crise no setor imobiliário e a demanda interna fraca, também tem prejudicado os países emergentes.

Por fim, Galípolo afirmou que existe um compromisso entre bancos centrais do mundo todo em perseguir suas respectivas metas de inflação, além de uma noção de que existe um processo de desinflação global, ainda que lento.

AUTOMOTIVO

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   14/11/2024

O mercado de implementos rodoviários se rende cada vez mais ao aço inoxidável.

Na maior feira de transportes da América Latina, Fenatran, pelo menos seis grandes fabricantes de caçambas e graneleiras apresentaram novos modelos confeccionados em aço inox Endur, fabricado pela Aperam.

Isso é algo inédito na história da feira, considerada o “Salão do Automóvel” do setor de transporte de carga, que termina nesta sexta-feira, em São Paulo.

São nove carretas expostas: uma tradicional com tanque em inox 304, trazida pela Metanox; Quatro empresas trouxeram as caçambas basculantes em Endur: Facchini, Librelato, Rossetti e Truckvan; e também estão em exposição quatro novas carretas graneleiras apresentadas pelos fabricantes Randon, Facchini, Librelato e Truckvan.

“É a virada do aço inox no segmento de implementos rodoviários”, comemora João Paulo Porto, engenheiro de aplicações da Aperam South America.

Ele participou da concepção desse projeto ousado, há cinco anos, quando a siderúrgica identificou que o desgaste rápido dos modelos existentes até então, no transporte de cargas corrosivas, era uma das grandes dores das empresas transportadoras.

Porto explica que os tanques em inox já estão consolidados no mercado, enquanto a fabricação de caçambas e graneleiras com o material é uma novidade no setor. Nesses equipamentos, os fabricantes adotaram o aço especial Endur.

Segundo ele, maior vida útil dos implementos, menor consumo de recursos naturais e maior resistência à corrosão são características cada vez mais demandadas pelo setor de transporte de cargas, em função da necessidade de mais sustentabilidade em todas as partes da operação: do meio ambiente ao próprio negócio.

“Os equipamentos em aço inoxidável Endur, um desenvolvimento exclusivo da Aperam para atender a essa necessidade do mercado, estão se consolidando com o material mais avançado nesse sentido”, acrescenta o engenheiro.

Porto acrescenta que, atualmente, 6% dos implementos rodoviários em circulação já são fabricados com Endur, e a expectativa de Aperam é alcançar uma fatia ainda maior do mercado nos próximos anos.

“Temos atualmente cerca de 3.000 caçambas em inox circulando no país, e a tendência é de crescimento”.

Roberto Bamenga Guida, gerente executivo de Desenvolvimento e Estratégia de Mercado da Aperam, também comentou o bom momento do aço inox.

“O sucesso na Fenatran 2024 é a consolidação de um trabalho de desenvolvimento de produto e mercado. Inovações sempre moveram o mundo e, através da inovação, estamos fortalecendo o mercado de inox no Brasil.”

O Estado de S.Paulo - SP   14/11/2024

Com 75 anos de existência, a fabricante de carrocerias de ônibus Marcopolo, sediada em Caxias do Sul (RS), anuncia nesta quarta-feira, 13, a sua entrada no mercado de motorhomes, com a criação de uma divisão própria para a produção desses veículos. O primeiro produto criado pela empresa para o segmento foi batizado de Nomade, e se insere na categoria de motorhome integral compacto 4x4.

Isso significa que ele é inteiriço, diferentemente dos modelos de vans adaptadas e da categoria chassi e cabine, caracterizada por ser construída com uma cabine com uma casa acoplada atrás. Também se diferencia dos motorhomes integrais de maior tamanho, que muitas vezes acabam sendo produzidos em ônibus adaptados para abrigar uma casa.

O Nomade tem 7,5 metros de comprimento e 2,4 metros de largura. O tamanho foi projetado para facilitar as manobras em cidades pequenas e estradas estreitas para entrada em campings. Segundo a empresa, o projeto de um veículo construído do zero como um motorhome, sem adaptações, também permite oferecer mais estabilidade de direção, capacidade de andar inclinado em 30 graus e traz um casulo estrutural que protege as pessoas internamente. O veículo foi lançado em três configurações, com preços de R$ 1,65 milhão, R$ 1,83 milhão e R$ 2,3 milhões.

A empresa não revelou o quanto espera faturar com a entrada nesse novo mercado, que deve ser explorado gradativamente pela nova divisão da companhia gaúcha. “Uma empresa do tamanho da Marcopolo não entra (num mercado) para fazer coisa pequena. Estamos avaliando novos modelos para lançar. Pode ter certeza de que está no plano estratégico termos mais veículos. Vamos fazer esse mercado crescer no País e expandir as vendas para fora do Brasil”, afirma o executivo-chefe da nova divisão Marcopolo Motorhome, Alexandre Cruz, que conduziu todo o projeto de criação da nova área e também é o chefe da Marcopolo Next, divisão que avalia investimentos inovadores para o grupo.

O veículo já está em fase de pré-vendas, e está sendo apresentado oficialmente nesta quarta-feira durante o evento Expo Motorhome, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, a maior feira latino-americana de campismo e caravanismo. Segundo os organizadores do evento, o setor como um todo, incluindo veículos e barracas, movimentou cerca de R$ 1,5 bilhão em 2023, uma ampliação de 30% em relação ao ano anterior. Cálculos apontam que empresas nacionais fabricam, mensalmente, entre 450 e 500 motorhomes, trailers, minitrailers e campers, que são os módulos que vão acoplados à caçamba de picapes.

O mercado apenas de motorhomes, no entanto, ainda é pequeno no País. Apesar de as pessoas conhecerem há décadas esses veículos de filmes e desenhos animados, eles são pouco vistos pelas estradas brasileiras. “A entrada da Marcopolo vai mudar o mercado, por trazer produtos e financiamento para as vendas. Os governos também passam a enxergar com outros olhos o segmento”, diz o empresário gaúcho Alexandre Bopp, organizador da feira, que está em sua oitava edição. “Isso mexe com o turismo, mexe com a cultura. Antigamente, o setor era muito amador. Ainda existe muito do ‘’faça você mesmo’.”

Falta de oferta

Apesar da falta de dados mais precisos e pesquisas amplas sobre o segmento, a Marcopolo estima que são vendidos em torno de 4 mil motorhomes por ano no Brasil, enquanto na Europa a produção chega a 140 mil unidades e nos Estados Unidos, quase 50 mil. “Uma informação que surpreende muita gente é que nos Estados Unidos o mercado de motorhomes é maior até mesmo que o de ônibus”, afirma Cruz. “E algumas empresas locais têm valor de mercado até superior ao da Marcopolo.”

Esse é o caso, por exemplo, da Forest River, que foi comprada pela holding de investimentos de Warren Buffett, a Berkshire Hathaway. O negócio feito há uma década animou o megainvestidor a também comprar em janeiro deste ano a totalidade das ações da Pilot Travel Centers, que administra paradas de ônibus e veículos, uma empresa com faturamento de US$ 70 bilhões (R$ 406 bilhões), superior a nomes conhecidos como Nike, Coca-Cola e Netflix, o que a coloca entre as maiores empresas de capital fechado do mundo.

No Brasil, a maior fabricante do mercado de motorhomes, pelo menos até a Marcopolo não se expandir no setor, é também uma gaúcha, a Santo Inácio. Ela produz motorhomes do estilo chassi e cabine, com veículos das montadoras Iveco e Mercedes.

Segundo Cruz, da Marcopolo, existe uma demanda de consumidores por motorhomes que não era atendida pelas montadoras tradicionais atuantes no Brasil. Com a Marcopolo Motorhome, pela primeira vez, umas delas terá oferta para o segmento, e poderá colocar em ação a sua estrutura empresarial para desenvolver o mercado. Isso deve envolver o banco próprio Moneo, para financiamento dos veículos, e a rede de 46 concessionárias, para atendimento ao cliente e para fazer revisões e consertos nos motorhomes.

No entanto, um dos desafios para a Marcopolo ampliar o mercado está no desenvolvimento de uma infraestrutura pelo território nacional de espaços para receber os motorhomes e dar segurança a seus donos. “A infraestrutura faz uma diferença grande. Estamos trabalhando com prefeituras e entidades de turismo para expandir esse mercado, o que seria interessante para eles, pois estimula investimentos e consumo nas cidades”, diz Cruz. “O mercado vai, assim, aos pouquinhos se profissionalizando e se acelerando.”

A empresa também está fechando parceria com a Casa Valduga, de Bento Gonçalves, para a criação de espaços de paradas em suas vinícolas. Outro parceiro gaúcho no projeto é a Tramontina, que participa do codesenvolvimento de itens da cozinha para os motorhomes, como talheres adaptados.

No começo do mês, a Marcopolo anunciou uma alta no lucro líquido de 101,6% no terceiro trimestre deste ano ante um ano antes, para R$ 335,7 milhões. A receita operacional líquida da companhia registrou crescimento de 43,3% no comparativo anual, alcançando R$ 2,314 bilhões de julho a setembro

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   14/11/2024

A Volvo Construction Equipment aumentou seu portfólio de máquinas produzidas no Brasil. A marca nacionalizou a produção do caminhão articulado A45G no complexo fabril de Pederneiras, interior de São Paulo. “É o maior caminhão articulado fabricado pela Volvo no país”, declara Gilson Capato, diretor comercial da Volvo CE no Brasil.

“A máquina agora pode receber o Finame do BNDES, linha de financiamento que tem taxas atrativas e condições de pagamento facilitadas, operada por agentes financeiros como a Volvo Financial Services”, assegura Capato. A produção no país é fruto de um grande projeto para moldar a capacidade de produção ao novo modelo, garantindo o conteúdo local de componentes. Os recursos para a nacionalização fazem parte do montante de R$ 1,5 bilhão em investimentos feitos pelo Grupo Volvo no Brasil no período 2023/2025.

Alta capacidade e tecnologia - O A45G é direcionado para empresas que precisam de caminhões articulados com carga útil de 41 toneladas. É recomendado para operações de mineração, construção pesada e outras que necessitam de máquinas potentes e de grande produtividade, que precisam levar mais carga por ciclo.

O conceito de plataforma global de produtos permite que o A45G fabricado no Brasil tenha as mesmas avançadas tecnologias que o caminhão articulado produzido na Suécia, país-sede da Volvo, contribuindo para melhorar ainda mais a produtividade e a segurança. É o caso do sistema de pesagem de carga, que garante maior produção por ciclo de trabalho.

Dentro da visão “Zero Acidentes” da marca, a máquina possui dispositivos para facilitar o tráfego em aclives acentuados e reduzir o risco de tombamento durante basculamento em topografias inclinadas. O caminhão também tem Piloto Automático com controle de velocidade em descida, função em que o operador pode definir a velocidade da máquina num ritmo constante, aumentando a segurança, a comodidade e a eficiência da operação.

Com alto nível de conectividade embarcada, o A45G conta com o Care Track, sistema de telemática da Volvo CE. Essa plataforma permite ativação do serviço Active Care Direct, de monitoramento remoto das máquinas para mais produtividade.

Exportações - Cerca de 80% dos caminhões articulados produzidos pela Volvo no Brasil são exportados para os Estados Unidos, um dos maiores mercados mundiais para esse tipo de equipamento.

“A excelência tecnológica se reflete em nossos processos de manufatura. Utilizamos robôs de última geração, tecnologias da Indústria 4.0 e conceitos de manufatura enxuta. Esses avanços nos permitem manter um processo alinhado aos padrões da matriz e alcançar níveis de qualidade globais”, afirma Wladimir Garcia, diretor de operações da unidade de Pederneiras.

A planta é um elo importante do sistema industrial da Volvo CE. A fábrica paulista produz caminhões articulados, pás-carregadeiras, escavadeiras e compactares de solo para o Brasil e também exporta para diversos mercados da América Latina, EUA, Europa e Oceania.

Monitor Digital - RJ   14/11/2024

A Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) divulgou o resultado alcançado pelas instituições financeiras no terceiro trimestre de 2024. Comparado com os mesmos nove meses do ano anterior, houve um crescimento de 32,2% no total de recursos liberados para financiamentos de veículos, totalizando R$ 200,09 bilhões, frente aos R$ 151,3 bilhões registrados, em 2023.

O CDC (Crédito Direto ao Consumidor) continua sendo a modalidade responsável pela elevação, alcançando quase que a totalidade dos financiamentos, com R$ 199 bilhões. O Leasing, por sua vez, correspondeu a R$ 1 bilhão. O saldo total das carteiras apresentou um aumento de 17,1 %, R$ 470,6 bilhões, perante os R$ 402 bilhões do mesmo período do ano passado.

A inadimplência acima de 90 dias na modalidade CDC para Pessoa Física ficou em 4,5%, redução de -0,8 ponto percentual de setembro de 2023 a setembro de 2024. Para Pessoa Jurídica, subiu 0,5 ponto percentual, alcançando 2,4%.

Juros

A taxa de juros, de acordo com os números da Anef, em setembro de 2024, ficou em 1,54%, ao mês. Em setembro do ano passado, esteve em 1,70%. A taxa anual em 20,45%. Para Paulo Noman, presidente da entidade, os recentes anúncios de que a taxa Selic deve chegar a 11,75% no final do ano preocupam o setor. “Juros altos impactam diretamente no crédito, e o mercado automotivo é movido por ele. No entanto, também entendemos que é essencial controlar a inflação. O setor precisará se adaptar a esse cenário desafiador, buscando alternativas para oferecer opções de financiamento mais acessíveis aos consumidores”. ressalta

Noman também menciona a importância de manter um diálogo aberto com o governo para encontrar soluções que possam equilibrar a necessidade de controle da inflação com estímulo ao consumo no setor automotivo. “Precisamos encontrar um caminho que permita a recuperação do mercado sem comprometer a estabilidade econômica.”

Escoamento das vendas

O índice de carros financiados subiu de 40% para 49%, nos primeiros nove meses do ano, se comparado com o mesmo período do ano anterior. É também o número mais alto desde 2020, quando estava em 52%. Compras à vista corresponderam por 47%, ante 55%, em 2023, e Consórcio se manteve estável com 4% de participação nas vendas.

No caso de caminhões e ônibus, as vendas por meio do Finame apresentaram elevação, de 31% para 35%. Já as vendas financiadas, por meio do CDC, caíram de 41% para 38%. A comercialização à vista permaneceu em 23% e o consórcio caiu de 5% para 4%. Em se tratando de motos, foram as vendas à vista que aumentaram de 28% para 32%. As financiadas permaneceram em 37%, e o Consórcio caiu de 35% para 31%.

Valor - SP   14/11/2024

Acordo entre a 2ª maior montadora do mundo e “startup” relativamente inexperiente destaca o tamanho dos desafios que ambas enfrentam na corrida para competir com a Tesla e rivais da China

Em agosto, uma pequena equipe de executivos e engenheiros da Volkswagen voou da Alemanha para Palo Alto, na Califórnia, para testar um veículo ultrassecreto. Originalmente construído como um Audi elétrico, o veículo havia sido enviado para a “startup” americana Rivian Automotive no início do ano, em uma experiência para ver se era possível combinar a “expertise” tecnológica do Vale do Silício com a engenharia alemã.

Os alemães ficaram impressionados com o que encontraram na Califórnia, um carro adaptado para que os controles de funções como ar-condicionado e direção do eixo traseiro pudessem ser atualizados remotamente por meio de um “laptop”.

A Volkswagen havia gasto anos e investido bilhões de dólares tentando construir um carro com foco digital como este, e a Rivian produziu um protótipo promissor em menos de três meses.

“Conseguir colocar isso em funcionamento no carro em tão pouco tempo, mesmo que trabalhando dia e noite, é realmente incrível”, disse Michael Steiner, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Volkswagen, numa entrevista recente na sede da empresa em Wolfsburg.

Agora, as duas empresas estão levando a parceria a um novo nível, em um acordo que visa a resolver uma fraqueza central para cada uma: a Volkswagen obtém a tecnologia necessária, e a Rivian, o capital de que precisa.

Segundo os termos finais anunciados na terça-feira (12) à noite, a Volkswagen investirá até US$ 5,8 bilhões em ações da Rivian e em uma empresa conjunta, um aumento em relação ao valor de US$ 5 bilhões previsto quando a colaboração foi anunciada em junho.

Em troca, a empresa alemã terá acesso a uma combinação de computação de bordo e software que a Rivian desenvolveu com bilhões de dólares para seus próprios veículos.

Tesla de Musk e China

O acordo entre a segunda maior montadora do mundo e uma “startup” relativamente inexperiente destaca a profundidade dos desafios que ambas enfrentam na corrida para competir com a Tesla e com rivais chineses.

Montadoras tradicionais, que se especializaram em fabricar veículos a combustão, estão lutando para acompanhar a velocidade e a tecnologia das empresas dedicadas a veículos elétricos. Enquanto isso, “startups” inovadoras como a Rivian carecem de escala e fundos para competir com “players” estabelecidos.

A montadora alemã espera que parte da cultura de inovação e agilidade da Rivian influencie sua própria cultura, disse Wassym Bensaid, diretor de software da Rivian.

A VW sempre se orgulhou de sua excelência em engenharia. Sua autossuficiência é tanta que o vasto complexo fabril em Wolfsburg gera sua própria energia, opera hotéis e fabrica suas próprias salsichas para alimentar os milhares de trabalhadores.

“Uma combinação perfeita”

Agora, sob o comando de Oliver Blume, a empresa está se voltando cada vez mais para parceiros tecnológicos em outras partes do mundo para recuperar o atraso. Em uma declaração ao “The Wall Street Journal”, Blume chamou a parceria com a Rivian de “uma combinação perfeita”.

As montadoras hoje querem que seus veículos sejam tão fáceis de conectar e atualizar quanto um “smartphone”. O objetivo é manter as telas de entretenimento sempre atualizadas, mas, à medida que as fabricantes buscam incluir mais recursos autônomos, isto se estende também a funções principais de direção.

Até agora, “startups” de veículos elétricos, trabalhando sem a complexidade mecânica dos veículos tradicionais, integraram melhor a nova tecnologia, que envolve a consolidação da eletrônica do veículo em um computador central muito mais potente.

A nova abordagem permite a experiência tecnológica rica em recursos e conectada à internet que os consumidores esperam cada vez mais.

A transição para controles digitais é mais difícil de gerenciar para as montadoras tradicionais do que a mudança para grandes baterias, disseram executivos da indústria, incluindo o diretor-presidente da Ford, Jim Farley.

Ranking da “digitalização”

Em um recente ranking das montadoras pela “digitalização”, a consultoria de tecnologia Gartner colocou a Tesla, as fabricantes chinesas Nio e Xpeng, e depois a Rivian, respectivamente, nas quatro primeiras posições. A VW ficou em 13º lugar, atrás da General Motors e da Ford.

A Volks quer usar a empresa conjunta para a infraestrutura digital de todos os seus carros de passeio fora da China, cerca de 5,7 milhões de veículos com base nas vendas do ano passado. O primeiro carro com a nova tecnologia poderá estar disponível para venda em 2027.

Para a Rivian, a injeção de capital da Volkswagen pode garantir sua sobrevivência. A empresa americana já gastou mais de US$ 19 bilhões desde que abriu capital em 2021, grande parte investida no desenvolvimento de hardware e software sob medida.

Esse investimento ainda não deu retorno, em parte, porque a empresa produz poucos veículos, provavelmente menos de 50 mil este ano, para lucrar. A Rivian pretende usar sua colaboração bem-sucedida com a VW para abrir portas para mais cooperação com outras montadoras.

Riscos da “joint venture”

Ambas as empresas enfrentam riscos ao unir forças. A Rivian está oferecendo um ativo no qual investiu bilhões de dólares, e que considera uma vantagem competitiva essencial.

A VW, por sua vez, depende de uma nova “joint venture” que não controlará totalmente para uma tecnologia vital para seu futuro.

Crise na Alemanha

A VW também está em meio a uma reestruturação dolorosa, resultado de vendas fracas, da intensa concorrência na China e de uma estratégia de veículos elétricos cara. Em negociações contínuas com o poderoso sindicato da empresa, a possibilidade de fechar fábricas na Alemanha foi levantada pela primeira vez na história da VW.

Sobre o acordo com a Rivian, “podemos ter certeza de que este não será o próximo buraco de bilhões de dólares?”, perguntou Daniela Cavallo, principal representante sindical da VW, numa reunião de funcionários em setembro.

Nomeações de co-CEOs

A “joint venture” será liderada por co-CEOs, nomeados na terça-feira (12). A Rivian nomeou Bensaid como líder do projeto com responsabilidade pela tecnologia, enquanto a VW colocou seu principal engenheiro de tecnologia, Carsten Helbing, no comando do lado operacional.

A Rivian há muito enfrenta as complexidades da fabricação e perdeu US$ 39 mil em cada veículo vendido no terceiro trimestre.

O sistema de minicomputadores que a VW está adquirindo da Rivian é mais caro do que as opções padrão de grandes fornecedores automotivos. Apesar dos custos, a Rivian acredita que sua abordagem, quando aplicada em grande escala, será mais barata e representa um enorme avanço tecnológico em comparação com a oferta atual da VW. “Há muitas oportunidades de melhoria”, disse Bensaid.

Para a VW, associar-se à Rivian reduz sua dependência da unidade de software Cariad, que já custou à empresa 7,8 bilhões de euros, cerca de US$ 8,3 bilhões, desde que foi separada nas contas da companhia em 2021, incluindo quase 900 milhões de euros apenas no último trimestre.

Salão do Automóvel de Xangai

O grande alerta para a VW foi o Salão do Automóvel de Xangai em abril de 2023, quando a montadora viu de perto a proliferação de recursos digitais como direção automatizada e controle por voz nos carros chineses, enquanto a Cariad continuava perdendo prazos.

Poucos meses depois, a VW anunciou um acordo para colaborar com a “startup” chinesa Xpeng para desenvolver conjuntamente veículos elétricos com tecnologia avançada. Mas Steiner disse que a VW sabia que usar tecnologia chinesa no resto do mundo era inviável.

Pouco depois, Blume se encontrou com o CEO da Rivian, RJ Scaringe, no Porsche Performance Center em Atlanta.

As conversas ficaram sérias o suficiente para as empresas formarem “equipes limpas”, cujos membros seriam contratualmente impedidos de trabalhar em projetos semelhantes se o acordo fracassasse.

Audi Q6 e-tron

No início de junho, eles desmontaram um Audi Q6 e-tron de última geração enviado da Alemanha e o equiparam com componentes da Rivian como um projeto experimental. Em seguida, começaram a trabalhar para transformar um segundo Audi em um veículo demonstrativo que pudesse ser dirigido. Um terceiro Audi permaneceu intacto como ponto de referência.

“Em tempos passados, tínhamos uma espécie de política de que, se algo não fosse inventado aqui no ecossistema da VW, talvez não fosse bom o suficiente. Agora isso acabou”, disse Steiner, da VW. “Não podemos ultrapassar a barreira tecnológica em todas as áreas sozinhos”.

Infomoney - SP   14/11/2024

A Tesla anunciou nesta quarta-feira (13) o sexto recall da picape elétrica Cybertruck nos Estados Unidos, com a nova convocação de proprietários envolvendo 2.400 veículos que podem ter sido equipados com uma peça defeituosa que pode causar perda de potência e aumentar risco de acidentes.
Uma falha no inversor em Cybertrucks fabricadas até 30 de julho pode fazer com que o veículo pare de produzir torque quando o motorista usa o pedal do acelerador, resultando em uma perda de propulsão e aumentando o risco de acidente, disse a Tesla em comunicado.

Em boa fase, Oracle cresce no Brasil em mercado que lembra EUA “há dois anos”
A montadora do bilionário Elon Musk substituirá a peça por uma equipada com um componente funcional. A montadora disse que recebeu cinco reclamações de problemas envolvendo a peça, mas que nenhum envolveu acidente ou ferimento.

Por que o Tesla Cybertruck, de Elon Musk, virou uma guerra cultural sobre rodas
No mês passado, a Tesla anunciou recall de mais de 27 mil Cybertrucks devido a atraso na imagem capturada pela câmera de visão traseira que poderia prejudicar a visibilidade do motorista e aumentar  riscos de acidentes.

Em abril, a montadora fez uma convocação para consertar um componente solto do acelerador. Problemas com limpadores de parabrisa e acabamento externo também foram alvo de recall do veículo pela marca.

Elite InfoMoney 2024 destaca empresas que mais crescem no país
Após um atraso de dois anos devido a desafios de produção e fornecimento de baterias, a Tesla começou a entregar a Cybertruck a clientes em 2023. A empresa não divulgou números específicos de produção ou de vendas do modelo.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Monitor Digital - RJ   14/11/2024

O robô gigante “transformer” na frente da fábrica da XCMG Brasil, às margens da Rodovia Fernão Dias, não é só referência para os moradores de Pouso Alegre e região e surpresa para os viajantes que passam pelo Sul de Minas, mas é quase um símbolo de força dessa companhia chinesa.

Dez anos depois de instalada na cidade mineira, em um ponto estratégico do Sudeste brasileiro próximo da demanda dos três maiores estados brasileiros em volume de negócios – São Paulo, Minas e Rio – a Xuzhou Construction Machinery Group não para de crescer e gerar oportunidades.

A visita à XCMG no Brasil faz parte das entrevistas conjuntas dos canais midiáticos brasileiros e chinês, como parte das comemorações dos 50 anos de estabelecimento de relações diplomáticas entre Brasil e China.

O diretor Comercial, Renato Torres, lembra que assim como o maquinário pesado para mineração, entre os maiores das linhas em operação hoje e pioneiro em montagem no Brasil, a recém-aberta linha voltada para o agronegócio também já mostra solidez nos seus respectivos mercados.

Embora confesse que o ritmo de demanda ainda não está do jeito que a multinacional de Jiangsu (província do Leste da China) gostaria, por razões de ordem conjuntural a cada mercado, a participação das máquinas XCMG surpreende.

Ele destaca os produtos elétricos como caminhões pesados e escavadeiras elétricas para mineração e tratores de 80 cavalos para a agricultura, dentro de uma grade de modelos setorial que está crescendo.

Nos segmentos da chamada linha amarela, voltadas fundamentalmente para aquisições públicas dadas as características de uso mais em obras públicas, o “nosso market share está cada vez mais presente”, argumenta o executivo.

“Na comparação com nossos concorrentes, sendo que a maioria está presente aqui há mais de 60 anos, é excepcional as vantagens que conquistamos”, complementa, adicionando os seguintes produtos que mais vendem hoje: pás carregadeiras, escavadeiras, guindastes, entre os principais da linha amarela, que ainda conta com motoniveladoras e retroescavadeiras.
Pesquisa e recordes

Essa expansão, alicerçada em pesquisa de mercado a fim de detectar detalhes específicos do que os consumidores finais querem e necessitam, tem feito a unidade de Pouso Alegre bater recordes. Angelo Milani, diretor de Finalização, responsável, portanto, também pelo monitoramento da qualidade até a expedição para os clientes, lembra que a fábrica alcançou mais de 300 mensais hoje.

“Em alguns intervalos, a capacidade chegou a atingir até mil produtos em um único mês”, reiterou o executivo, anunciando que volume anual está dimensionada para de 7 a 8 mil unidades das cinco famílias à disposição do mercado brasileiro.

Esse dimensionando passa pelos módulos dos galpões, num total de quatro em 150 mil m² (total de área superior a 1 milhão m²), montados visando a expansão, a formação de mão de obra através de parceiros de formação técnica e a ampliação dos volumes de peças e partes importadas da China com a combinação das aquisições feitas no Brasil e a finalização em Pouso Alegre.

Liderada pelo presidente para a operação brasileira, Li Hanguang, a XCMG Brasil transita em nichos de mercados de alto potencial de expansão no País, pelo crescimento exponencial aliado à necessidade de desenvolvimento brasileiro.

Daí que os planos são de agregar também mais modelos do portfólio completo da XCMG Global em ritmo cada vez mais acelerado.

Apoiada também em preços mais camaradas que seus tradicionais concorrentes europeus e americanos, além da confiabilidade, qualidade e durabilidade dos equipamentos, o diretor Renato Torres acredita que é só uma questão de tempo para ser líder em todos os setores aqui no Brasil.

A XCMG é vista como pousoalegrense, diz prefeito

A industrialização de Pouso Alegre teve início na década de 1970, depois experimentou uma certa estabilidade, até saltar para uma nova fase mais promissora a partir dos anos 2000.

E não foi coincidência que o novo boom industrial dessa cidade próxima à divisa com o Estado de São Paulo se deu mais fortemente desde 2014, com a chegada da XCMG.

Quem diz isso é o Coronel Lima, prefeito (reeleito) da cidade, para quem a companhia chinesa trouxe mais “embarque” de formação de mão de obra e capacitação profissional à região.

“Hoje são mais de mil funcionários e outros virão”, lembra o prefeito, que pontua o desenvolvimento econômico do município e a rede de empregos indiretos agregada.

Destaque também, diz, é a integração cultural e comunitária da XCMG, que passou a ser referência entre os pousoalegrenses, que enxergam a fábrica não apenas como um polo de renda para o grupo global, mas como uma “empresa local”.

Desde ações mais diretas, como o auxílio na formação profissional, está a ampliação dos laços culturais China-Brasil, que vão desde a ajuda ao conservatório municipal de música a demais ações sociais em várias frente.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   14/11/2024

Metodologia Building Information Modelling (BIM) pode reduzir em 10% o tempo das obras e em 20% os custos

Mackey, do Crea-SP: BIM propicia a integração e atualização das informações — Foto: Divulgação

A metodologia Building Information Modelling (BIM) promete obras mais rápidas e baratas, e vantagens como essas têm levado à sua adoção nos projetos de infraestrutura e empreendimentos de pequeno, médio e grande portes. Agora, a expectativa é que a aplicação do BIM ganhe mais força com a criação da Estratégia BIM BR para obras públicas.

O BIM é um conjunto de processos que representam em terceira dimensão os componentes da construção, acrescidos de informações específicas como tipo, material, desempenho, classificação e fabricante. A metodologia permite a visualização e a compreensão de um projeto por todos os envolvidos e facilita a automação dos processos, explica Eduardo Toledo Santos, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

Para incentivar a adesão em obras públicas, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) publicou o Decreto nº 11.888/24 em julho deste ano, que define a nova Estratégia BIM BR. Até o fim de 2024, será publicado um plano de trabalho do Comitê Gestor Interministerial para impulsionar o uso do BIM com ações previstas para os próximos três anos, com metas e indicadores.

O comitê contou com a contribuição de 120 pessoas. “O processo inclui a articulação com os demais órgãos de governo envolvidos com a indústria da construção como os projetos do novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] e da nova política industrial para capacitar o setor público para uso da metodologia conforme a nova lei de licitações e contratos, e formar profissionais da construção civil”, afirma Rafael Codeço, diretor de desenvolvimento da indústria de bens de consumo não duráveis e semiduráveis do Mdic. Na área de habitação, por exemplo, o BIM é pré-requisito para a aprovação de projetos do programa Minha Casa, Minha Vida.

“O BIM promove transparência e dá previsibilidade orçamentária, diminuindo o tempo de execução da obra em 10% e o valor em até 20%”, afirma Lígia Mackey, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP).

A metodologia facilita o trabalho integrado entre as diversas áreas que compõem a construção em um mesmo modelo, armazenando informações sobre materiais, sistemas estruturais e instalações. “O uso pós-obra também é fundamental a partir de uma visão detalhada e centralizada de todas as partes da edificação, permitindo que a equipe de manutenção acesse os dados para planejar ações preventivas e corretivas, reduzindo custos e aumentando a eficiência operacional”, explica Cristiane Sbruzzi, gerente de engenharia e BIM da Matec. A construtora usa o BIM em obras de infraestrutura envolvendo terraplenagem, drenagem e fundações e em terrenos com solos complexos. “O local é mapeado e digitalizado por meio de drones com informações integradas ao modelo BIM, que define o plano de ataque da obra, isto é, as diretrizes para a execução do projeto de construção”, explica Sbruzzi.

A principal vantagem do uso da metodologia é o “I”, que na sigla corresponde a “informação”, oferecendo visões atualizadas de todo o projeto. “O BIM garante mais transparência nas licitações, com o detalhamento da evolução da obra e orçamentos, facilita o planejamento e controle do andamento comparando o previsto com o realizado, auxilia a pré-fabricação de componentes, o controle de qualidade de execução, a visualização e o levantamento de quantidades para o suprimento de materiais”, explica Ionan Fernandes, diretor-executivo do grupo Softplan.

Hoje a metodologia é mais usada na fase de projeto, onde é empregada para melhorar a visualização, resolver conflitos e quantificar materiais. Para aumentar a adesão, segundo Fernandes, falta capacitação tanto de quem contrata quanto dos profissionais que irão usar as tecnologias, exigindo investimentos em digitalização desde o início do projeto. Outro obstáculo é o desconhecimento de instituições financeiras, órgãos de aprovação ou controle sobre os ganhos em velocidade e segurança da obra.

Na outra ponta do espectro, edificações menos complexas enxergam a metodologia apenas como uma exigência e pouco conhecimento das vantagens. “A carência de fiscalização nas obras de menor porte não incentiva a adoção da metodologia”, aponta Vinícius Battistini, diretor técnico da Inovatech Engenharia.

O levantamento Maturidade BIM no Brasil, realizado pela consultoria Grand Thornton, a construtora Sienge e a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), mostrou que entre os desafios para ampliar seu uso está a falta de mão de obra qualificada: 48% apontam a capacitação profissional como um dos principais problemas. Outro obstáculo, considera Fernandes, do grupo Softplan, é a instabilidade do ambiente econômico, o que dificulta a visão de longo prazo em obras de infraestrutura, um elemento fundamental para a consolidação de uma metodologia como o BIM.

Money Times - SP   14/11/2024

A Caixa Econômica Federal é responsável por quase 70% do crédito imobiliário concedido no Brasil. E os números do terceiro trimestre de 2024 (3T24), divulgados nesta quarta-feira (13), mostram que o banco segue ampliando sua liderança.

O banco chegou a R$ 812 bilhões em carteira no financiamento de imóveis ao final de setembro, um avanço de quase 15% em 12 meses. O valor representa também mais de 75% do saldo total de crédito do banco, que atingiu R$ 1,2 trilhão.

“Tínhamos uma expectativa de crescimento e essa carteira cresceu mais do que aguardávamos”, afirmou Carlos Vieira, presidente da Caixa.

No entanto, há discussões no mercado que indicam que as duas principais fontes de financiamento, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS) e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), apresentam riscos de esgotamento.

“Há uma discussão na própria Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) e no governo sobre esses sinais de esgotamento. Precisamos ter outras alternativas, mas não tem bala de prata”, afirmou a vice-presidente de Habitação, Inês da Silva Magalhães.

A executiva entende que a Caixa atende muito bem a população de baixa renda por meio do FGTS e SBPE, mas que a população de “média renda” ainda precisa de alternativas.

Entre as opções que já foram levantadas está a redução do depósito compulsório que os bancos são obrigados a realizar — o que, segundo a Caixa, limita a possibilidade concessão de crédito –, a criação de papéis incentivados para aumentar as possibilidades de financiamento tanto para pessoa física quanto jurídica, além de produtos focados para empresas do segmento da construção civil.

Com esse esgotamento e uma demanda ainda pujante no setor, a Caixa, inclusive, reduziu o valor de financiamento para imóveis e mudou o limite para o uso do SBPE no início deste mês.

Para 2025, Vieira acredita que do mesmo jeito que bateram recordes de aplicação durante este ano, a Caixa irá superar o valor no ano que vem, mesmo com a Taxa Selic crescendo.

Até setembro, a Caixa desembolsou R$ 176 bilhões em crédito imobiliário, um avanço de 28,6% em relação a 2023. O banco tem 67,5% de participação neste mercado. Foram mais de 627 mil imóveis financiados em 2024.

Uma Caixa mais digital

Além do crédito habitacional, os representantes da Caixa trouxeram como destaque, durante o evento de divulgação dos resultados, o crescimento de 52,4% em transações digitais nos últimos 12 meses, além da redução em 7,9% dos atendimentos físicos. Isso mostra uma atenção maior da companhia com o desenvolvimento tecnológico, que até então, ela ainda não tinha feito.

“A Caixa não cuidou dessa parte tecnológica, essa é a verdade. Ela se acomodou nos anos 90. Ou a gente fazia isso agora ou ficaríamos para trás”, avaliou. Vieira, no entanto, destaca a dificuldade para a transformação digital em bancos mais antigos.

Segundo o presidente, durante 2023 o orçamento para o desenvolvimento de tecnologias era de R$ 8 bilhões e foram utilizados R$ 5,5 bilhões. Em 2024, já foi utilizado quase que a totalidade do orçamento para desenvolvimento e mudança de hardware e software. Isso permitiu a contratação de empresas especializadas para revisar e melhorar processos.

Este ano foi criado também o Espaço GovTech, um ambiente físico que atua como um Hub de Inovação conectando startups que buscam soluções tecnológicas para políticas públicas, fomentando a eficiência em serviços públicos, infraestrutura e saneamento.

Na avaliação do executivo, a Caixa optou por uma transformação digital incremental, implementando melhorias tecnológicas passo a passo. Um exemplo citado durante a sua fala foi a melhoria no cartão de crédito digital, que agora está disponível via aplicativo. Além disso, houve avanços nas ferramentas de biometria e abertura de contas digitais, buscando simplificar o acesso dos clientes.

Essa inovação tecnológica trouxe, inclusive, mais possibilidades para produtos já existentes na casa como o crédito Consignado, que passou a representar 75,9% da carteira comercial pessoa física, com um saldo de R$ 101,1 bilhões ao final de setembro de 2024.

Segundo Vieira, a Caixa esta fazendo um reposicionamento do crédito consignado com o lançamento de jornadas digitais e estratégias de requalificação dos gerentes das agências, já que o banco entende que tem capilaridade e alcance para isso.

Esse reposicionamento também se reflete na gestão interna das agências, que antes estavam sobrecarregadas com tarefas administrativas. Agora, com processos revisados, a instituição está liberando mais espaço para as atividades de negócios e atendimento ao cliente.

“Estamos elevando o conceito de segmentação para que esse gerente possa entregar o produto certo para a pessoa certa. O crédito precisa ser concedido de forma responsável”, explica Vieira.
Lucro em alta

A Caixa registrou lucro líquido recorrente de R$ 3,3 bilhões entre julho e setembro, e de R$ 9,4 bilhões em nove meses de 2024. No trimestre, o resultado foi praticamente estável em relação a 2023, e em nove meses, houve crescimento de 21,6%.

O retorno sobre patrimônio líquido (conhecido pela sigla ROE), que representa a rentabilidade de um banco, chegou a 9,3% em setembro, avanço de 1,4 ponto percentual em 12 meses.

Somente no terceiro trimestre, a receita com prestação de serviços da Caixa cresceu 7,5%, somando R$ 7 bilhões. Em nove meses, o banco conseguiu captar mais de R$ 20 bilhões com prestação de serviços, avanço de 7% em relação a 2023.

No total, foram originados R$ 163,4 bilhões em crédito entre julho e setembro, volume 12,8% maior que o apurado no ano passado. Em nove meses, foram R$ 465,5 bilhões, avanço anual de 15,3%.

FERROVIÁRIO

Valor - SP   14/11/2024

Mudanças regulatórias, revisão de concessões e plano do governo para o setor têm o potencial para atrair investimentos

A crônica dependência brasileira do modal rodoviário desperdiça vidas em acidentes, polui a atmosfera e retarda o crescimento econômico. Desatar esse nó logístico é um desafio complexo, em função do alto custo dos projetos ferroviários e de seu longo prazo de maturação. Mas um sinal positivo é que os setores público e privado têm se articulado nesse sentido, via ajustes regulatórios e outras iniciativas. O governo prepara um plano nacional para o setor, com aporte público estimado em R$ 20 bilhões e a expectativa de gerar dez vezes mais recursos para investimentos. Mas especialistas alertam que é essencial ter boa governança dos projetos para evitar erros do passado, como o desperdício por mau planejamento e a descontinuidade das ações.

Apenas um quinto do transporte de cargas no Brasil hoje é realizado pelo modal ferroviário. Dos 30,6 mil quilômetros de trilhos existentes no país, pouco menos da metade está plenamente ativa, 14% têm baixíssima utilização e 37% estão sem uso, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Para enfrentar a ociosidade da malha e ampliar sua participação na matriz logística, a proposta governamental é aplicar recursos provenientes das renovações antecipadas das concessões.

O Ministério dos Transportes e a Vale estão em negociações “avançadas”, segundo a mineradora, para a revisão dos planos de investimento das estradas de ferro Carajás (EFC), corredor de exportação de grãos e minério do Pará e Maranhão até o porto de São Luís, e Vitória a Minas (EFVM), responsável por 30% do transporte de produtos por meio ferroviário do país. Esse acordo deve trazer mais de R$ 10 bilhões para financiar o plano, estima o ministério. Outras fontes de recursos devem ser o pagamento adicional da Rumo e da MRS por suas concessões.

Barreto, da ANTF: projeções de R$ 45 bilhões de investimentos no setor até 2026 — Foto: Robson Cesco/Divulgacao

“Finalmente, depois de décadas, a ferrovia está indo atrás da carga”, afirma o vice-presidente de regulação e sustentabilidade da Rumo, Guilherme Penin. A empresa planeja fazer uma “revolução no setor”, investindo até R$ 15 bilhões na construção de 750 quilômetros de malha ferroviária em Mato Grosso. O Estado do Centro-Oeste é estratégico para as exportações brasileiras, por fornecer 16% do volume mundial de grãos. Já há 160 quilômetros em obras, entre Rondonópolis e Primavera do Leste.

A Rumo conta com cinco concessões ferroviárias. Uma delas é a da Malha Paulista, principal conexão entre o Centro-Oeste e o porto de Santos. Esse contrato foi renegociado recentemente, o que irá representar o desembolso adicional de R$ 1,2 bilhão. Goiás e Tocantins também estão no mapa da empresa, que em 2019 obteve a concessão dos trechos central e sul da Ferrovia Norte-Sul, na qual investiu R$ 4 bilhões. As obras foram concluídas em junho do ano passado e os trechos já estão operando.

Com a MRS Logística, que opera em Minas Gerais, o governo também negocia a revisão da concessão, prorrogada em junho de 2022. A empresa informa que, desde a renovação, já investiu R$ 956 milhões e entregou 56 obras decorrentes dos investimentos obrigatórios. Para os próximos anos, o foco é a entrega de outras 600 iniciativas, “incluindo obras de mobilidade urbana para proporcionar mais segurança viária e uma operação mais eficiente e sustentável”.

Outra negociação em andamento é com a Ferrovia Centro Atlântica (FCA), concedida à VLI, que opera com cargas do agronegócio, siderurgia e mineração. De acordo com a companhia, a prorrogação por mais 30 anos aumentará em 46% o volume de cargas transportadas por seus trilhos. Quando a renovação for concluída, a expectativa é que o novo ciclo de investimentos alcance R$ 24 bilhões.

A Ultracargo, maior armazenadora de granéis líquidos do país, também está investindo em infraestrutura. A empresa projeta a construção de dois desvios ferroviários – em Paulínia e Santos (SP) – para facilitar a movimentação de combustíveis e químicos. Em Paulínia, a obra irá conectar as instalações operadas pela Opla a uma malha já existente, da Rumo, até o terminal da Ultracargo em Rondonópolis (MT). Em Santos, um ramal de 2,7 quilômetros interligará o terminal da empresa à malha ferroviária do município.

Uma alternativa para reduzir a ociosidade da malha é a autorização ferroviária, modalidade de exploração das estradas de ferro introduzida em 2021 pelo Marco Legal das Ferrovias. “Até o fim do ano, vamos regulamentar o chamamento público para oferecer ao mercado os trechos não operacionais de ferrovias”, informa o superintendente de transporte ferroviário da ANTT, Alessandro Baumgartner. Já existem 45 contratos de adesão à nova modalidade de outorga, com previsão de R$ 241,14 bilhões em investimentos em uma rede de 12,6 mil quilômetros. As principais requerentes são Rumo, Petrocity, Macro Desenvolvimento, 3G e VLI.

“O novo marco regulatório traz modernidade e cria condições para um transporte ferroviário mais equilibrado e integrado”, diz o presidente da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva. A empresa tem quatro projetos em fase de licenciamento ambiental, que somam R$ 20 bilhões: as ferrovias Juscelino Kubitschek, que liga o norte do Espírito Santo a Brasília; Planalto Central, de Brasília a Mara Rosa (GO); EF-A20, de Corumbá de Goiás a Anápolis (GO); e Minas-Espírito Santo.

Na visão do presidente do conselho da Associação Nacional das Ferrovias Autorizadas (Anfa), José Luis Vidal, o processo de autorização é uma ferramenta adicional importante para ampliar a malha ferroviária e que precisa ser utilizada como política de Estado. Para ele, em vez de criar barreiras de entrada, o foco deveria ser o estímulo do investimento privado.

“Vemos o novo marco legal com excelentes olhos, mas esperamos resultados”, diz a assessora técnica de logística e infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Elisangela Pereira Lopes. Ela lembra que já existem 25 contratos de autorização em licenciamento prévio e dois em desapropriação, mas nenhum quilômetro de ferrovia foi construído até agora por essa modalidade de outorga. “O crescimento anual da produção agrícola no Arco Norte é de dez milhões de toneladas, o que seria suficiente para viabilizar a construção de uma nova linha ferroviária por ano”, ressalta.

O diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Davi Barreto, destaca o valor recorde de investimentos no setor: R$ 10,4 bilhões em 2023 e projeções de R$ 45 bilhões até 2026: “Esperamos que o Plano Nacional de Ferrovias traga diretrizes claras e mecanismos eficazes para impulsionar esses aportes”. A ANTF defende as prorrogações antecipadas das concessões, a maior participação do poder público nos investimentos, a simplificação regulatória e a exploração de novas fontes de financiamento que considerem os benefícios ambientais do modal ferroviário.

Uma boa governança dos projetos é fundamental para evitar falhas e desperdícios, diz Cláudio Frischtak, presidente da consultoria de negócios Inter.B. Ele lembra que o Brasil tem um longo histórico de má alocação de recursos públicos em obras de infraestrutura. Em abril deste ano, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), havia 11.994 obras paralisadas, o que corresponde a 52% das 22.961 obras financiadas pelo governo federal. Frischtak faz críticas enfáticas à Ferrogrão, uma linha férrea de 976 quilômetros de extensão, planejada para conectar Sinop (MT) a Miritituba (PA): “O projeto é precário e de altíssimo risco, com premissas de investimento, tarifa e retorno que não se sustentam e irão demandar recursos públicos numa escala que seria, na prática, uma obra pública travestida de concessão”.

O consultor estima que a ferrovia demandaria R$ 32,5 bilhões de recursos do Tesouro para se viabilizar. Também provocaria desmatamento em áreas sensíveis, prejuízos à biodiversidade amazônica e obstruiria a BR-163 ao longo dos anos de implantação, pois a rodovia deve ser usada como estrada de serviço. “Há muitos outros projetos de infraestrutura logística viáveis e mais atraentes para o agronegócio no Centro-Oeste”, opina. A Ferrogrão aguarda julgamento do Supremo Tribunal Federal quanto à legalidade do traçado, que impactaria o Parque Nacional do Jamanxim (PA).

Para o diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella, o Plano Nacional de Ferrovias precisa ser uma política apartidária, que evite a descontinuidade e tenha visão sistêmica. “Ferrovias devem ser integradas a portos, rodovias e hidrovias”, assinala. “Também é preciso haver aporte significativo de recursos públicos, pois o setor privado não é filantrópico, só entra em projetos que deem resultados.”

NAVAL

Valor - SP   14/11/2024

Com economia de combustível e maior disponibilidade de navios, expectativa é de aumento no transporte de cargas

Bublitz, da Aliança: cabotagem emite quatro vezes menos CO2 que transporte rodoviário — Foto: Divulgação

Custos menores, maior segurança e ganhos com descarbonização são vantagens que estão incentivando a adoção, cada vez mais acelerada, da navegação por cabotagem pelos grandes embarcadores de mercadorias no país, especialmente do setor industrial. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) com 86 das maiores indústrias do Brasil, 38% delas disseram que pretendem aumentar o uso da cabotagem no transporte dos seus produtos até 2025.

Hoje, apenas 13% de toda carga transportada no país é feita pela navegação de cabotagem, enquanto o modal rodoviário na matriz de transportes se mantém acima de 60%. “A maior disponibilidade de navios e frequência das viagens, combinação com outros modais de transporte e menor consumo de combustíveis abrem perspectivas de maior participação da cabotagem no transporte de cargas nos próximos anos”, avalia Maria Fernanda Hijjar, sócia-executiva do Ilos.

A ArcelorMittal, uma das maiores produtoras de aços do país, acaba de inaugurar um modal de transporte por barcaça, para viabilizar a ligação entre a planta de Vega, em Santa Catarina, e o Nordeste, com o transporte de bobinas laminadas a frio e revestidas. O ciclo se inicia na unidade de Pecém (antiga Companhia Siderúrgica do Pecém), em Fortaleza (CE), adquirida pela ArcelorMittal em 2022, produtora de placas, que envia coque e placas a serem laminadas a quente pela unidade de Tubarão, no Espírito Santo.

Antunes, do Ministério de Portos e Aeroportos: regulamentação aumentará segurança jurídica — Foto: Sergio Frances/MPor

De lá, as bobinas laminadas a quente são enviadas para a unidade de Vega, em São Francisco do Sul (SC), onde são laminadas a frio e revestidas. No retorno ao Ceará, as embarcações são carregadas de bobinas laminadas a frio com destino a Pecém, de onde os produtos são distribuídos no mercado do Nordeste, fechando o ciclo.

“Trata-se de um modelo logístico inédito de transporte de produtos de aço e insumos por navegação, aproveitando a sinergia entre as três grandes plantas de aço instaladas no litoral brasileiro e com acesso aos portos”, diz Eduardo Raya, diretor de planejamento e logística da ArcelorMittal no segmento de aços planos.

No ano passado, o total movimentado nos portos, em operações de embarque e desembarque de produtos, dentro da costa brasileira, atingiu 290,1 milhões de toneladas, segundo informações da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq). “Transportamos mais de 1,2 milhão de contêineres na cabotagem”, indica Luís Fernando Resano, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac).

Só na região Sul, são 3,5 mil contêineres transportados por mês pela navegação de cabotagem, sendo que 60% desse volume é de arroz para o Norte e Nordeste, informa Carlos Bacchieri Duarte, vice-presidente de infraestrutura da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul).

Além de ser uma alternativa mais econômica, a navegação de cabotagem também se destaca pela sua eficiência e menor impacto ambiental, analisa Luiza Bublitz, presidente da Aliança Navegação e Logística, empresa do grupo global de serviços de transporte marítimo Maersk. “A cabotagem integrada viabiliza o transporte planejado de grandes quantidades de insumos e produtos de forma segura, com grande abrangência geográfica e de forma sustentável”, diz. Segundo ela, a emissão de CO2 é pelo menos quatro vezes inferior à do transporte rodoviário de carga, considerando a mesma distância.

Para Resano, da Abac, esse modal é a solução estratégica para um país continental, com seus 8,5 milhões de quilômetros quadrados de extensão. “Estamos retomando o ritmo de crescimento registrado pouco antes da pandemia do coronavírus”, diz ele. Mas ainda faltam maiores estímulos ao desenvolvimento desse modelo de transporte, considera. “A Lei 14.301/22, que foi criada em 2022 para baratear e incentivar a cabotagem no país, até hoje não foi regulamentada.”

Segundo Dino Antunes, secretário Nacional de Hidrovias e Navegação do Ministério de Portos e Aeroportos, no entanto, essa regulamentação não vai demorar muito mais para sair: “Finalizamos a discussão com a iniciativa privada e dentro do próprio governo, e a expectativa é termos o decreto aprovado nos próximos meses”. A intenção, afirma, é estabelecer regras claras para dar segurança jurídica ao setor e permitir que os empresários façam cálculos e adotem as melhores formas da cabotagem.

Petro Notícias - SP   14/11/2024

Expectativa e esperança. É assim que pode ser resumido o atual momento da indústria naval brasileira, na visão do presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Rocha. Em entrevista exclusiva ao Petronotícias, o dirigente da entidade diz que ações tomadas pelo governo e pela própria indústria estão criando condições favoráveis vistas pelo setor naval entre 2000 e 2014 – período em que o segmento viveu o seu auge. No aspecto legislativo, Rocha menciona que os projetos de lei 3.337/2024, que trata da transferência do excedente do conteúdo local, e 1.584/2021, voltado para a reciclagem de embarcações, têm potencial de impacto positivo para o setor. Rocha também se mostrou otimista com a medida provisória (MP) 1.255/2024, que propõe a depreciação acelerada de ativos, avaliando que a proposta terá uma repercussão muito positiva para o setor. Além disso, o entrevistado destaca positivamente o papel do programa TP 25 da Transpetro, que já está perto de gerar um novo contrato para o polo naval gaúcho, e a possibilidade de modernização de plataformas antigas da Petrobrás. Por fim, Rocha ressalta os esforços de recapacitação da mão de obra naval, com projetos de treinamento em andamento para fortalecer o quadro profissional e atender às futuras demandas do setor.

Para começar nossa entrevista, seria interessante um comentário geral sobre o momento da indústria naval brasileira. Como estão os estaleiros e qual a situação atual do setor no País?

O momento atual da Indústria Naval e Offshore é de expectativa e esperança. Expectativa porque, depois de muitos anos de abandono desta indústria por parte dos Governos instalados após 2015, há uma clara mudança na orientação governamental, que voltou a considerar a importância, para um país como o Brasil, de ter uma Indústria Naval e Offshore forte, com condições de cumprir um importante papel econômico e social nas transformações que o mundo está experimentando.

Esperança, porque estão sendo tomadas diversas providências, tanto pelo Governo quanto pela própria indústria, para o retorno às condições que vínhamos tendo desde o início deste século até 2014, quando o projeto de crescimento e afirmação de nossa Indústria foi abortado, com perda do esforço empregado para sua inserção no mercado internacional, interrupção do desenvolvimento tecnológico e desemprego tanto neste segmento industrial quanto na indústria fornecedora de bens e serviços aos estaleiros.

Atualmente, em Brasília, existem discussões que afetam diretamente o setor naval brasileiro, tais como o PLP 68/2024 (emenda de estímulos fiscais relacionados à marinha mercante) e o PL 3.337/2024 (transferência do excedente do índice mínimo de conteúdo local), por exemplo. Como a entidade avalia esses ou outros projetos que estão sendo discutidos no Congresso?

Com relação ao PLP 68/2024, o SINAVAL, juntamente com outras entidades, já apresentou ao Legislativo sua posição no sentido da preservação do marco regulatório da Indústria e da Navegação brasileiras, a Lei no. 9.432/1997. Estamos confiantes em que o Congresso será sensível a nossas ponderações e decidirá sobre a manutenção desse arcabouço legislativo, sem o qual tanto a Indústria Naval quanto a Navegação terão sérias dificuldades para o crescimento esperado com as novas diretrizes governamentais favoráveis.

Quanto ao PL no. 3.337/2024, também temos uma expectativa favorável em que as medidas propostas se somarão às providências já em andamento e ajudarão a impulsionar o setor.

Há, também, outros projetos em discussão no Legislativo, como o PL no. 1.584/2021, referente ao desmantelamento e reciclagem de embarcações e plataformas marítimas, hoje em exame na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados sob a relatoria do Deputado Alexandre Lindenmeyer, que também preside a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Naval. Este é um mercado que não era explorado pelo Brasil e que, em breve, poderá ser importante para atenuar os períodos de baixa no mercado de construção, contribuindo assim para a manutenção das atividades das empresas e a preservação dos empregos. Com a ratificação da Convenção de Hong Kong pelo Governo Brasileiro em 2025, esse novo mercado deverá crescer, proporcionando aos estaleiros brasileiros mais uma alternativa de negócios.

Ainda falando sobre o aspecto político, seria muito interessante ouvir também a posição do SINAVAL em relação à proposta da MP 1.255/2024 (depreciação acelerada).

Essa proposta, no que se refere à inserção de navios petroleiros no projeto governamental de depreciação acelerada de ativos, foi uma iniciativa do SINAVAL, prontamente aceita pelo Governo. Neste momento, há um Decreto originado no MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), publicado no dia 8 deste mês de novembro, que regulamenta a matéria. Estamos convictos da relevância dessa providência, que terá uma repercussão muito positiva para nosso setor. Ressalte-se que o MDIC está tomando inúmeras providências para a instituição da política de Estado para o setor naval, importantíssima para que haja a necessária perenidade e continuidade desta indústria.

Além das medidas atualmente em discussão na esfera política, existem outras ações que deveriam ser adotadas para reaquecer a indústria naval brasileira?

Acreditamos que outras providências complementares serão tomadas pelo Governo e pela indústria para que as medidas já tomadas – e outras igualmente necessárias – sejam eficazes no menor prazo possível. O arcabouço regulatório foi sendo desenvolvido ao longo de muitos anos, com envolvimento de vários atores, como o Banco Central, o BNDES, o FMM (Fundo da Marinha Mercante), os diversos Ministérios, como o MDIC, o de Minas e Energia, o do Trabalho e Emprego, o da Fazenda e outros. Parte das conquistas que levaram décadas para serem implementadas foi afetada por intervenções desastrosas de governos anteriores, mas cremos que será possível a retomada da marcha interrompida nos últimos anos. A própria indústria está fazendo sua parte, respondendo positivamente às iniciativas deste Governo. O reaquecimento da Indústria Naval e Offshore virá à medida que as providências em andamento e as que já foram mapeadas forem sendo implementadas. Trata-se de um trabalho de reconstrução que poderá levar vários anos, mas que, se bem executado, trará grandes benefícios para o País.

Enquanto isso, no mercado, a Petrobras/Transpetro faz alguns movimentos que podem contribuir para novos contratos para estaleiros brasileiros. O Programa TP 25 é uma dessas medidas. Já existe um ânimo maior por parte da indústria naval por conta desse programa?

Esse programa já é uma realidade, com o anúncio do sucesso da primeira licitação de navios para a Transpetro, quatro navios Handy Size para transporte de produtos claros na costa. As próximas etapas já foram delineadas e a Transpetro publicou, juntamente com o anúncio oficial do estaleiro vencedor dessa primeira licitação, a cronologia dessas etapas que estão por vir. As promessas do Governo estão sendo cumpridas e a reação do mercado está sendo muito favorável, o que contribui para uma melhora importante do ânimo de nossa indústria e, também, da indústria brasileira fornecedora de equipamentos e serviços para os estaleiros.

Além disso, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, mencionou recentemente a ideia de reformar/modernizar plataformas antigas em estaleiros nacionais. Na visão do SINAVAL, qual seria o impacto disso no setor?

A ideia é interessante porque poderá representar novas oportunidades de trabalho para os estaleiros nacionais. A extensão de vida útil de plataformas proporcionará a oportunidade de uma nova frente de obras, que os estaleiros certamente aproveitarão. Aliada à construção de módulos para plataformas novas, em número maior que no caso dos módulos construídos no Brasil nos últimos anos – quando essas construções foram direcionadas prioritariamente a estaleiros asiáticos –, a revitalização de plataformas antigas será benéfica aos estaleiros brasileiros.

Por fim, como o SINAVAL avalia ser o melhor caminho para a recapacitação da mão de obra atual da indústria naval, bem como a formação de novos profissionais para o futuro do setor?

O caminho já está sendo trilhado. No início dos anos 2000, o esforço pra capacitar os trabalhadores foi consideravelmente maior do que o esperado neste novo momento, porque a indústria vinha de um longo período de paralisação. Hoje, os trabalhadores ainda detêm parte de seus conhecimentos e deverá ser mais rápido o retreinamento desses trabalhadores, que estarão progressivamente retornando, à medida que novas contratações de obras navais ocorrerem. Para os profissionais que venham a se empregar, antigos e novos, os estaleiros contam com suas “escolinhas”, que nunca paralisaram totalmente suas atividades. Além disso, o Governo Federal, com a colaboração dos estaleiros e do SINAVAL, está mapeando as necessidades específicas nas várias Regiões do País para, com a participação dos Governos estaduais, prover cursos de capacitação, nos moldes do antigo PROMINP. O SINAVAL está otimista em que as necessidades serão atendidas quando surgirem. Um indicativo da importância deste tema é o crescimento progressivo do número de empregos nos estaleiros, por enquanto, sem grandes saltos porque os contratos virão aos poucos, o que facilitará a capacitação dos profissionais que se fizerem necessários.

PETROLÍFERO

TN Petróleo - RJ   14/11/2024

A produção de petróleo da União alcançou 99 mil barris de petróleo por dia (bpd) em setembro. O volume é referente aos oito contratos de partilha (95,3 mil bpd) e aos Acordos de Individualização da Produção (AIPs) das áreas não contratadas de Tupi e Atapu (3,94 mil bpd). O resultado é cerca de 10% maior do que o registrado no mês anterior, em função do incremento da eficiência operacional dos campos de Mero, Búzios, Sépia e Atapu. Os dados fazem parte do Boletim Mensal da Produção, divulgado nesta quarta-feira, 13, pela PPSA (Pré-Sal Petróleo). Este resultado configura a União como a sexta maior produtora no Brasil, conforme levantamento da ANP. Desde 2017, a produção acumulada de petróleo da União já soma 59,3 milhões de barris.

Em setembro, a União também teve direito a uma produção de gás natural de 185 mil m³ por dia, 2% maior do que o resultado de agosto, referente às participações nos campos de Tupi, Búzios, Espadim, Sapinhoá, Sépia e Tartaruga Verde Sudoeste. A produção acumulada de gás natural é de 270 milhões de metros cúbicos.

Contratos de partilha de produção

A produção total dos contratos em regime de partilha está estável em 1,1 milhão de barris de petróleo por dia. São oito contratos em produção. O campo de Búzios segue como o maior produtor, com cerca de 498 mil bpd, seguido de Mero (374 mil bpd) e Sépia (95 mil bpd). Desde 2017, início da série histórica, a produção total acumulada em regime de partilha é de 938 milhões de barris de petróleo.

Ainda em setembro, a produção de gás natural disponível para exportação em regime de partilha foi de 4,24 milhões de m³ por dia. Búzios foi o maior exportador com 3,7 milhões de m³ por dia, respondendo por 86% do total da produção. Deste total, a União teve direito a uma produção de 122 mil m³ por dia. Desde 2017, início da série histórica, a exportação acumulada de gás natural em regime de partilha é de 2,8 bilhões.

Valor - SP   14/11/2024

Só o gasoduto Rota 3, da Petrobras, adicionará 8 milhões de metros cúbicos diários ao mercado interno, elevando a oferta em 20%

O setor de gás natural brasileiro está a caminho da ampliação da oferta com potencial para se refletir nos preços. Uma das razões para isso é o decreto do Programa Gás para Empregar, publicado em agosto pelo governo. Outra é o início da operação, em setembro, do gasoduto da Petrobras Rota 3 e da sua Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN).

O preço do energético, que no Brasil é por volta de seis vezes maior do que nos Estados Unidos, é influenciado pela infraestrutura de transporte deficiente e pelos altos custos de importação. Estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam investimentos de R$ 94,6 bilhões em gás natural nos próximos anos.

A Petrobras, por exemplo, principal empresa do setor, prevê em seu Plano Estratégico 2024-2028+ investimentos de mais de US$ 7 bilhões para construção de novas infraestruturas de escoamento e processamento de até 55 milhões de metros cúbicos (m3) por dia de gás natural. Outra que também está expandindo infraestrutura é a Transportadora Associada de Gás (TAG), com malhas no Norte, Nordeste e Sudeste. O investimento está previsto em R$ 5,2 bilhões também entre 2024 e 2028.

“A entrada do Rota 3 adicionará cerca de 18 milhões de m3/dia ao mercado interno, aumentando a oferta em 20% em relação a 2023”, observa o presidente da Associação Brasileira das EmpresasDistribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Augusto Salomon. O Rota 3 escoa gás do pré-sal da bacia de Santos para o Polo Gaslub, no Rio de Janeiro, que foi renomeado em setembro do ano passado para Complexo de Energias Boaventura.

Segundo Salomon, o decreto do Ministério de Minas e Energia (MME), que trata de infraestrutura e dá mais atribuições à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em questões que impactam os preços, tende a ampliar a disponibilidade do insumo, tornando-o mais competitivo.

A região Sul, em especial, sente mais os desafios estruturais do setor, uma vez que a capacidade do gasoduto Brasil-Bolívia, por conta de seu formato telescópico, vai reduzindo a capacidade. Passa a ter 2,8 milhões de m3 diários na última estação de compressão, no trecho sul. “Isso representa apenas 9% da capacidade máxima de 30 milhões de m3/dia em todo o gasoduto. Entre 2020 e 2023, as tarifas de transporte no Sul aumentaram 74%, prejudicando a competitividade regional”, ressalta Salomon.

A Sulgás, responsável pela distribuição no Rio Grande do Sul, está investindo neste ano R$ 100 milhões em expansão da rede. “O gás distribuído pela Sulgás tem origem na Bolívia e no pré-sal. Também aguardamos a injeção de biometano em nossas redes”, diz Silvio Del Boni, diretor-executivo comercial.

Com entrega de mais de 2,4 milhões de m3/dia, a Sulgás vai ofertar também 30 mil m3 de biometano, fruto de contrato com a usina da Bioo, em Triunfo, a partir de 2025. Boni destaca que a empresa lançou, em setembro, um movimento visando atrair maior investimento na ampliação de capacidade do Gasbol, que tem limite de fornecimento para o Rio Grande do Sul.

Outra distribuidora que sente os efeitos da diminuição de capacidade do Gasbol é a Companhia de Gás de Santa Catarina (SCGás). Seu presidente, Otmar Muller, diz que essa limitação tem feito a empresa trabalhar para diversificar as fontes de suprimento e garantir gás mais competitivo aos clientes.

“Porém, a médio e longo prazos, é fundamental um maior volume de investimento em infraestrutura de transporte de gás para a região Sul, de forma a não travar o potencial da demanda da indústria local e sua competitividade”, observa. A SCGás investirá, nos próximos cinco anos, R$ 776,5 milhões para ampliar sua rede.

Também em Santa Catarina, a New Fortress Energy iniciou há cerca de sete meses as operações do Terminal Gás Sul (TGS), seu terminal de importação de gás natural liquefeito (GNL) no litoral Norte. O TGS está interligado por um gasoduto ao Gasbol. A importação, diz Edson Bouer, líder da prática de Oil & Gás na Accenture do Brasil, é uma opção mais acessível no curto prazo, mas não resolve os desafios do setor.

“A criação de novas infraestruturas, transparência nas tarifas de transporte e, por consequência, o incentivo a novos players, são fundamentais para a competitividade e a redução do custo do gás no país”, salienta o consultor.

A oferta doméstica está suprindo cerca de 75% das necessidades de 2024. Dados de outubro de 2024 da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que as importações de gás natural aumentaram 111,5% no acumulado do ano sobre igual período de 2023. A alta é reflexo das secas que afetam a produção hidrelétrica e o início de operações de novos terminais de GNL. Em fevereiro, um deles foi inaugurado no Pará.

Para Rodrigo Mariani, sócio de energia do escritório BMA Advogados, a Petrobras ainda detém controle expressivo sobre a cadeia do gás, limitando a competitividade. No entanto, o número de contratos assinados subiu de 72 em 2021 para mais de 400 em 2023 e o de carregadores, de 18 para mais de 40. “Isso mostra o potencial. Mas ajustes regulatórios, redução da concentração de mercado e expansão da infraestrutura são cruciais para o setor”, afirma.

Valor - SP   14/11/2024

Estudos de regiões fazem parte da estratégia de longo prazo do país de diversificar portfólio e recompor reservas

Além da Margem Equatorial, nova fronteira petrolífera em águas profundas e ultraprofundas entre o Amapá e o Rio Grande do Norte – e que enfrenta polêmicas ambientais por envolver uma área sensível como a Amazônia –, o Brasil começa a prestar atenção a outra região promissora: a bacia de Pelotas (RS).

Em meados de outubro, a Petrobras assinou os três contratos restantes de concessão na bacia de Pelotas, do total de 29 blocos adquiridos no 4º Ciclo de Licitações da Oferta Permanente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A sessão pública desse ciclo ocorreu em dezembro de 2023 e teve 44 blocos dessa bacia arrematados no total.

A estatal será operadora nos 29 blocos. Em três deles, tem como parceiros a Shell e a chinesa CNOOC; nos demais 26, a sociedade é só com a Shell. Outra que também adquiriu ativos na bacia de Pelotas foi a Chevron, ficando com 100% de 15 blocos.

De acordo com a Petrobras, a área depende de dados e estudos de diversas naturezas para ter sua estratégia traçada. Os investimentos necessários para isso estão previstos no Planejamento Estratégico (PE) 2024-2028+, incluídos nos US$ 7,5 bilhões destinados às atividades exploratórias da companhia no período.

A fase exploratória na bacia de Pelotas, informa a estatal, deverá ser concluída em até sete anos. O interesse da Petrobras pela área segue a mesma trilha da Margem Equatorial, região para a qual reservou US$ 3,1 bilhões (de um total de US$ 73 bilhões para exploração e produção) em seu PE 2024-2028+. Ambas fazem parte de sua estratégia de longo prazo visando à diversificação de portfólio e recomposição de reservas.

A petroleira segue aguardando a licença de perfuração na bacia Foz do Amazonas – uma das cinco bacias que compõem a Margem Equatorial –, já negada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e em fase de reanálise. As outras bacias da Margem Equatorial são a do Pará-Maranhão, de Barreirinhas, do Ceará e a Potiguar.

Lúcio Prevatti, gerente-executivo de exploração da Shell, defende a importância da Margem Equatorial, onde a petroleira anglo-holandesa detém blocos nas bacias de Barreirinhas e Potiguar, para o crescimento da indústria no país. Segundo ele, o setor tem debatido a exploração na região e diz que, “em última análise, essa é uma decisão de governo”.

Já sobre a bacia de Pelotas, o executivo salienta que um melhor entendimento do potencial depende da sísmica 3D. “Somente com esses dados será possível avaliar e definir prazos para a perfuração.” O mundo, destaca ele, ainda vai precisar de petróleo e gás por algumas décadas. “Vemos isso como uma janela de oportunidade fundamental para o Brasil”, diz.

Estudo do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), indica que os investimentos em petróleo e gás somam cerca de US$ 180 bilhões entre 2022 e 2031. Para Cláudio Nunes, diretor de exploração e produção do IBP, a bacia de Pelotas, como uma nova fronteira, oferece oportunidades únicas para empresas de grande porte ou com domínio de tecnologias de ponta, apesar da escassez de dados geológicos. “A expectativa é boa, porém nenhuma afirmação pode ser feita quanto ao sucesso exploratório”, observa Nunes.

Ele ressalta que as atividades na região ainda estão numa fase inicial. Nunes diz que até se chegar na perfuração do primeiro poço “há um caminho a percorrer”, e nem sempre o primeiro poço exploratório é o poço descobridor. “Há necessidade de perfurar outros até que se possa configurar verdadeiramente uma descoberta, se houver”, afirma.

De acordo com a ANP, as recentes e relevantes descobertas de hidrocarbonetos offshore do sul da África, na bacia de Orange, costa da Namíbia, trazem expectativa de encontrar algo similar na porção brasileira, na bacia de Pelotas. Porém, por aqui, ainda há poucos e antigos dados sísmicos bidimensionais, não adequados para se falar em volumetria ou reservas.

Em junho passado, a empresa global de geociências e tecnologia marinha Shearwater, em parceria com a Searcher Seismic – a mesma dupla que atuou na bacia de Orange, na Namíbia –, iniciou uma pesquisa sísmica 3D na bacia de Pelotas. O projeto, apoiado pela indústria petroleira, terá 3.800 quilômetros na fase inicial e ampliará o conhecimento sobre a área.

Manuel Fernandes, sócio-líder do setor de energia e recursos naturais da KPMG no Brasil e na América do Sul, lembra que a demanda por petróleo e gás continuará crescendo no mundo. “Monetizar as reservas existentes e explorar novas é urgente”, diz.

Para ele, as descobertas de grandes volumes na costa da Namíbia, que, segundo geólogos, apresenta similaridade grande com a bacia de Pelotas, pode ter motivado a Petrobras e seus parceiros a adquirir as 29 concessões no fim de 2023.

“É importante considerar também que a Agência de Petróleo e Gás do Uruguai (Ancap) já licitou sete blocos exploratórios offshore na parte deles na bacia de Pelotas”, diz Fernandes. Esses blocos, acrescenta o consultor, com reservas estimadas de 30 bilhões de barris de óleo equivalente (boe), que inclui gás natural, prevê investimentos de US$ 129 bilhões.

Ele lembra que a atividade exploratória efetuada até agora na bacia de Pelotas não revelou acumulações comercialmente viáveis. Por isso, representa alto risco para os investidores. “Mas, considerando a expertise das operadoras nacionais e internacionais, espera-se sucesso”, diz Fernandes.

Edson Bouer, líder da prática de Oil & Gás na Accenture do Brasil, aponta um foco maior das petroleiras em direção à Margem Equatorial em detrimento da bacia de Pelotas. Isso por conta de descobertas significativas e reservas mais comprovadas nas proximidades da Margem Equatorial, na Guiana e no Suriname.

A Guiana fez descobertas consistentes há mais de uma década, o que a levou a incorporar 11 bilhões de barris em reservas. O Suriname, seu vizinho, também já encontrou cerca de quatro bilhões de barris.

“A bacia de Pelotas está em fase de estudos iniciais. Mas, por ser em uma região menos sensível do ponto de vista ambiental do que a Amazônia, pode atrair investimentos, oferecendo uma alternativa menos polêmica”, diz Bouer. Ele lembra que o mercado segue aguardando a aprovação de licenças ambientais pelo Ibama para iniciar a perfuração na Margem Equatorial.

E comenta que o cenário após a reunião do G-20, em 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro, em que o Brasil reforçará seu compromisso com a sustentabilidade, sugere que o governo pode buscar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e as pressões ambientais. “No entanto, a proximidade da COP30 em Belém, no meio da Amazônia, no ano que vem, torna essa decisão sensível e politicamente delicada”, diz .

A Margem Equatorial tem 34 blocos sob concessão. Para 2024 e 2025, a estimativa de investimento, só na fase de exploração, é de cerca de US$ 1 bilhão em cada ano. A Petrobras, que obteve licença para perfurar na bacia Potiguar, já encontrou indícios de hidrocarbonetos.

Infomoney - SP   14/11/2024

Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta nesta quarta-feira (13). Em uma sessão volátil, a commodity resistiu ao dólar fortalecido e permaneceu no positivo, enquanto as tensões no Oriente Médio continuam, com um ataque de Israel deixando seis mortos em Beirute, capital do Líbano, hoje.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para dezembro fechou em alta de 0,45% (US$ 0,31), a US$ 68,43 o barril, enquanto o Brent para janeiro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), teve alta de 0,54% (US$ 0,39), a US$ 72,28 o barril.

Pela manhã, o petróleo recuava, pressionado pela baixa demanda chinesa e pela previsão de aumento da oferta entre países fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), segundo o relatório da Opep publicado ontem.

“As preocupações com a demanda, especialmente da China, continuam a ofuscar os riscos geopolíticos”, afirma Homayoun Falakshahi, da Kpler. “Apesar das recentes melhorias nas margens de refino, a perspectiva continua fraca.”

Segundo Falakshahi, a Opep e aliados não devem aumentar a produção durante a maior parte do próximo ano, a menos que as exportações de petróleo do Irã diminuam, pois parecem priorizar o apoio aos orçamentos fiscais em detrimento da participação no mercado.

A possível decisão do governo Trump de endurecer a aplicação de sanções é um risco iminente que poderia oferecer às nações da Opep+ o espaço para devolver esses barris ao mercado. No entanto, ainda faltam alguns meses para que isso impacte os saldos entre oferta e demanda, acrescenta o banco de investimento canadense.

Globo Online - RJ   14/11/2024

Em meio ao impasse envolvendo a liberação da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a estatal zela pelo clima e que as ações socioambientais fazem parte de seu planejamento estratégico.

— A Petrobras zela pelo clima, e as ações socioambientais fazem parte do nosso planejamento estratégico — disse Magda.

Ela participou nesta quarta-feira da assinatura do protocolo de intenções com o BNDES, que prevê investimentos de R$ 100 milhões no programa Restaura Amazônia, destinado à recuperação de terras e à geração de renda e emprego na Amazônia Legal. A estatal destinará R$ 50 milhões; e o Banco, os R$ 50 milhões restantes.

Perguntada sobre os questionamentos feitos recentemente pelo Ibama para que a Petrobras possa perfurar o primeiro poço na Bacia da Foz do Amazonas, Magda disse que a estatal continuará esclarecendo todas as questões “possíveis e imagináveis”:

— Um executivo não deve ficar frustrado (com a demora na obtenção da licença), principalmente quando respeitamos as instituições. A Petrobras vai continuar esclarecendo porque acreditamos ser possível a exploração da Foz do Amazonas. Se essa licença não saiu ainda, é porque não fomos capazes de explicar tudo. Vamos nos aprimorar e continuar explicando. Recebemos os questionamentos e estamos nos preparando para responder. Será ainda este mês, após o dia 15 de novembro. Todas as perguntas serão respondidas.

Magda citou a atuação da estatal em Urucu, na Amazônia, onde produz petróleo e gás como exemplo de atuação responsável.

— A atuação da Petrobras em relação ao clima e à Amazônia pode ser resumida pela frase da ministra Marina Silva: "política pública boa é aquela que se continua". Nossa atuação na Amazônia vem desde a década de 1980, com a produção de petróleo e gás em Urucu, em uma operação impecável e em convívio harmonioso. Catalogamos a fauna e a flora da Amazônia desde então. É um trabalho de décadas, que envolve estufas, mudas e replantio de floresta.

Para ela, Urucu é um projeto que traz “orgulho e reconhecimento de atuação em floresta”.

— Nossa atuação não é incongruente com as ações de preservação ambiental. Nossa estratégia é enfrentar o desafio climático, e estamos comprometidos em ser net zero em 2050. Vamos continuar investindo e reflorestando. Tudo isso leva a Petrobras a ter certeza de que é possível e desejável uma transição energética justa e a exploração responsável de petróleo e gás.

Parceria com BNDES

No evento realizado nesta quarta-feira na sede do BNDES, a Petrobras e o BNDES deram mais detalhes do projeto Arco da Restauração na Amazônia, que tem como objetivo proteger a área da Floresta Amazônica que vai do Acre ao Pará. A primeira fase do projeto prevê restaurar 6 milhões de hectares até 2030. A segunda fase prevê restaurar outros 18 milhões de hectares até 2050. Com o aporte da Petrobras, o programa já conta com recursos que somam R$ 500 milhões, dos quais R$ 450 milhões provenientes do Fundo Amazônia.

A previsão é que o Arco da Restauração gere até 10 milhões de empregos na Amazônia. Assim, o projeto prevê reflorestar, ao todo, 24 milhões de hectares até 2050. O Arco da Restauração é um dos pilares para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontece em novembro de 2025, no Pará.

Nessa primeira fase, a Petrobras e o BNDES vão aportar recursos de forma conjunta em torno de 15 mil hectares de vegetação nativa, cujos editais serão publicados ainda neste ano.

— Essa iniciativa traz benefícios tanto para a mitigação da mudança climática quanto para as comunidades locais, estruturando a cadeia de restauração e gerando renda e emprego no próprio território. Além de criar um cinturão de proteção para conter o avanço do desmatamento, restaurar as florestas é a forma mais eficiente e barata de promover a captura de carbono, em escala — explicou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Tereza Campello, diretora socioambiental do Banco, disse que, além dos R$ 500 milhões, há um esforço para obter mais R$ 450 milhões para os projetos de recuperação na Amazônia.

BNDES vai criar área para tragédias ambientais

Mercadante disse ainda que o BNDES está criando uma área específica para responder a tragédias ambientais:

— As consequências (do aquecimento global) estão cada vez mais visíveis. Estamos criando no BNDES uma área só para responder a tragédias ambientais, que é uma demanda crescente. Estamos contratando consultoria para reconstruir o Rio Grande do Sul. Saímos de uma situação como essa e enfrentamos os incêndios. E estamos trabalhando na compra de dois aviões especializados em combate a incêndios. Precisamos prevenir e mudar a legislação para punir com rigor — disse Mercadante.

Além da assinatura do protocolo de intenções do Restaura Amazônia, a Petrobras e o BNDES também anunciaram projetos selecionados para restauração de biomas no edital Corredores de Biodiversidade, da iniciativa Floresta Viva, que contará com investimentos de R$ 58,6 milhões das duas empresas nos próximos cinco anos. Foram selecionados 12 projetos de restauração ecológica com área total de 2.744 hectares para a conservação do Cerrado e do Pantanal. A área atinge 18 unidades de conservação e comunidades tradicionais, como o território calunga.

RODOVIÁRIO

InfraRoi - SP   14/11/2024

Para fortalecer a infraestrutura de Mato Grosso do Sul e apoiar o crescimento socioeconômico do Estado, o governo do MS, através da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), vinculada à Seilog (Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística), anunciou a abertura de quatro licitações para obras em rodovias estaduais. Juntas, as licitações preveem investimentos de R$ 476,45 milhões.

As iniciativas visam restaurar e pavimentar trechos estratégicos de quatro rodovias, facilitando o escoamento da produção agrícola, promovendo estradas mais seguras para a população e acompanhando o desenvolvimento econômico regional.
Quais as rodovias do MS que serão restauradas?

A Agesul lançou a licitação nº 018/2024 para a obra de restauração do pavimento e melhorias na rodovia MS-276, no trecho entre o final do perímetro urbano de Indápolis e o início do perímetro urbano de Deodápolis, com extensão de 30,80 km. A obra abrange os municípios de Dourados, Fátima do Sul e Deodápolis, e conta com um investimento estimado em R$ 83.813.236,46. A sessão de abertura desta licitação está marcada para o dia 2 de dezembro de 2024.

Prevista para restaurar a rodovia MS-436, a licitação Nº 019/2024, refere-se a obra que abrange o trecho entre o limite municipal de Camapuã e Figueirão (ponte sobre o Ribeirão da Pontinha) até a entrada da Rodovia MS-223, com uma extensão de 49,90 km. O investimento do Governo nesta obra está estimado em R$ 102.860.085,88. A abertura da concorrência para esta licitação ocorrerá em 3 de dezembro de 2024.

A Agesul também abriu a licitação nº 020/2024 para a implantação e pavimentação da rodovia MS-347, incluindo obras de arte especiais (OAEs). O trecho compreende o limite municipal entre Dois Irmãos do Buriti e Anastácio, até a entrada da BR-419, com extensão de 31,18 km, abrangendo os municípios de Anastácio e Nioaque. Com um valor estimado de R$ 155.713.395,36, a sessão de abertura será realizada em 4 de dezembro de 2024.

A licitação nº 021/2024 visa à restauração e melhorias da rodovia MS-436, no trecho entre a entrada da BR-060 e o limite municipal de Camapuã e Figueirão, com extensão de 61,60 km no município de Camapuã. A obra está orçada em R$ 134.079.892,17 e a sessão de abertura acontecerá no dia 5 de dezembro de 2024.
Indústria da celulose pede por mais infraestrutura

A expansão da indústria de celulose está pedindo passagem no Mato Grosso do Sul. Para atender às demandas desse crescimento, o governo estadual está intensificando investimentos em obras na região que abriga a megafábrica de celulose da Arauco, próxima ao município de Inocência. As rodovias MS-377 e MS-320 estão no planejamento para receber melhorias e facilitar o transporte de insumos e a circulação de produtos da fábrica, prevista para operar em 2028.

Entre as principais obras, destaca-se a restauração de 48 km da rodovia MS-377, que liga Inocência a Água Clara, com previsão de licitação para o início de 2025. Em paralelo, um estudo de Parceria Público-Privada (PPP) com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) está em andamento para a recuperação e manutenção de outros trechos da MS-377 e da MS-240, facilitando o trânsito entre Água Clara até Paranaíba.

A Agesul também desenvolve o projeto de pavimentação de 63 km da MS-320, atualmente uma estrada de terra. Esse novo asfalto, com terceira faixa em pontos estratégicos e substituição de três pontes de madeira por estruturas de concreto, facilitará o tráfego entre a MS-377 até Três Lagoas, melhorando a segurança e conectividade da região até Inocência. Para garantir acesso seguro à fábrica da Arauco, o Governo do Estado também construirá um novo acesso rodoviário pela MS-377.

Valor - SP   14/11/2024

Se todos os certames forem bem-sucedidos, 2024 será recorde em concessões rodoviárias - e 2025 também pode ser agitado

Os investidores contam com uma recheada agenda de leilões rodoviários no fim de 2024 e início de 2025. Em 28 de novembro, o governo de São Paulo programa levar ao martelo a concessão da Nova Raposo, um trecho de 92 quilômetros entre a capital paulista e Cotia, abrangendo dez municípios. O edital prevê R$ 7,3 bilhões em investimentos ao longo de 30 anos. Em dezembro, o Ministério dos Transportes programa cinco certames com lotes que reúnem trechos de rodovias federais e estaduais.

A maratona tem início no dia 5 de dezembro com o leilão da Rota da Celulose no Mato Grosso do Sul, 870 quilômetros ligando Três Lagoas, Campo Grande, Bataguassu e Nova Alvorada do Sul, com capex (despesas de capital) de R$ 6 bilhões. No dia 12 estão previstos dois leilões. Um é o da Rota Verde em Goiás, que conecta Rio Verde, Goiânia e Itumbiara, com investimento de R$ 4 bilhões. O outro é o leilão do Lote 3 da Rodovias Integradas do Paraná, que faz a ligação da região norte do Estado com o porto de Paranaguá, com capex de R$ 9,8 bilhões.

No dia 19 será a vez do Lote 6 das rodovias do Paraná, que vai da região oeste do Estado, na fronteira com Paraguai e Argentina, até o porto de Paranaguá, e demandará R$ 12,6 bilhões. O Ministério dos Transportes pretende realizar no mesmo dia o leilão da ponte que liga São Borja, no Rio Grande do Sul, a Santo Tomé, em Corrientes, na Argentina.

Se todos os leilões forem bem-sucedidos, 2024 será o ano recorde em concessões rodoviárias. Até outubro já foram realizados quatro leilões federais e dois do governo de São Paulo. O primeiro em abril, com a concessão de 213 quilômetros de rodovias que ligam a região do Alto Tietê, na Grande São Paulo, ao litoral sul do Estado. O consórcio Novo Litoral, liderado pela Companhia Brasileira de Infraestrutura (CBI), assumiu compromisso de investir R$ 4,3 bilhões em 30 anos.

No fim de outubro, o governo paulista leiloou a Rota Sorocabana, um total de 460 quilômetros de rodovias localizadas na região sudoeste paulista. O vencedor foi o grupo CCR, que se comprometeu com investimentos de R$ 8,8 bilhões em 30 anos.

A temporada 2024 de concessões federais teve início em abril, quando o consórcio EPR Mineira, formado pelas empresas Perfin e Equipav, assumiu o compromisso de investir R$ 8 bilhões em 30 anos no trecho de 232 quilômetros da BR-040/MG entre Belo Horizonte e Juiz de Fora. Em agosto foi realizada a concessão do trecho de 296,3 quilômetros da BR-381/MG, entre Belo Horizonte e Governador Valadares. A 4UM FIP em Infraestrutura de Responsabilidade se comprometeu com um investimento de R$ 9,34 bilhões.

Em setembro foi a vez da concessão da Rota dos Cristais, trecho de 594,8 quilômetros da BR-040 que vai de Cristalina, em Goiás, à capital mineira, Belo Horizonte. A vencedora foi a francesa Vinci Highways, a primeira empresa estrangeira a arrematar uma rodovia federal desde 2007. O investimento em 30 anos é de R$ 12 bilhões.

No último dia de outubro, foi batido o martelo para a concessão da Rota do Zebu, trecho de 439 quilômetros da BR-262 em Minas Gerais entre Uberaba e Betim. A proposta vencedora foi da gestora de investimentos Kinea em parceria com a Way Brasil, que se comprometeram com um capex de R$ 4,4 bilhões em 30 anos.

Para 2025 o Ministério dos Transportes já tem programado seis leilões até julho: as BRs-040 e 495, entre Juiz de Fora (MG) e Rio de Janeiro (RJ), a BR-364 em Rondônia, a Rota do Agro entre Rio Verde (GO) e Rondonópolis (MT), a Rota do Agro Central entre Vilhena (RO) e Cuiabá (MT) e os Lotes 4 e 5 da Rodovias Integradas do Paraná.

O governo paulista prevê outras três concessões no próximo ano: a Rota Paranapanema, a Rota Mogiana e o Circuito das Águas.

“O modal rodoviário conta hoje com um pipeline de projetos e fluxo de leilões. Isso permite ao setor privado planejar seus investimentos”, diz Natália Marcassa, CEO da MoveInfra, movimento pró-infraestrutura que reúne CCR, EcoRodovias, Rumo, Santos Brasil, Ultracargo e Hidrovias do Brasil.

Uma característica dos leilões rodoviários nos últimos seis anos é o baixo nível de concorrência, com poucas propostas para cada ativo, uma ou duas. As exceções foram os leilões da Rota dos Cristais e da Rota Sorocabana, com quatro propostas em cada um. No certame da Rota do Zebu, foram apenas dois proponentes.

“Não falta interesse no mercado. O que existe é uma grande oferta de ativos e uma atuação mais seletiva dos investidores”, diz o advogado Bruno Aurélio, sócio-especialista em infraestrutura do escritório Demarest.

Segundo Aurélio, o modal rodoviário se destaca entre as oportunidades de investimentos no Brasil em infraestrutura de transportes por apresentar aos investidores um ambiente maduro de negócios, com concessões sendo realizadas desde os anos 1990. “O investidor conhece o custo operacional e as taxas de retorno. Mais importante, a remuneração vem do recolhimento de pedágio, não depende de repasses do governo”, diz o advogado. “A tendência é que os bons projetos rodoviários sempre atraiam interessados, mesmo que em pequeno número”, afirma.

O problema é que a quantidade de bons projetos rodoviários capazes de atrair investidores privados é declinante, segundo os especialistas. “Nem toda rodovia possui um fluxo de passagem capaz de gerar retorno financeiro ao investidor apenas com a cobrança de tarifas”, diz Marcassa. “Algumas rodovias vão precisar de uma contrapartida pública.”

Uma alternativa seria o estabelecimento de Parcerias Público-Privadas (PPPs) para as rodovias menos atrativas. Esse já é um tema que frequenta as rodas de discussões entre os especialistas em infraestrutura rodoviária. “A dificuldade é o governo federal apresentar aos investidores uma engenharia financeira crível”, diz Marcassa.

As concessões rodoviárias possuem contratos de 30 anos. O governo precisaria garantir sua contrapartida de recursos para uma PPP com esse prazo. Uma alternativa seria a emissão de títulos da dívida pública vinculados aos recursos comprometidos. Outro mecanismo seria estabelecer uma reserva para essa finalidade no orçamento federal pelo período de duração da concessão. “Algo um tanto improvável na conjuntura política atual”, admite Marcassa. “Mas não falta benchmarking internacional sobre o tema.”

Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) feita em 2023 detectou que 76,6% das rodovias sob gestão pública no país apresentam qualidade regular, ruim ou péssima. Entre as rodovias sob concessão, o patamar de desaprovação é bem menor, de 23,4%.

Valor - SP   14/11/2024

Obras que desafogam o tráfego nas grandes metrópoles e facilitam o fluxo de transporte de mercadorias avançam pelo país

A construção de anéis rodoviários e contornos é uma alternativa importante para desafogar o trânsito nas grandes metrópoles e possibilitar a melhoria no fluxo do transporte de mercadorias por todo o país. Projetos desse tipo se espalham por vários Estados brasileiros, nem sempre com a velocidade desejada e muitas vezes com paralisações inesperadas. Foi o que aconteceu em São Paulo, com as obras do Trecho Norte do Rodoanel Mário Covas, que ficaram paralisadas durante seis anos e só foram retomadas neste ano a partir de novo leilão realizado em março de 2023.

Com 44 quilômetros de extensão e investimentos de R$ 2,3 bilhões pela concessionária Via Appia e R$ 1,07 bilhão do governo do Estado, o trecho vai conectar a avenida Raimundo Pereira de Magalhães, em São Paulo, à rodovia Presidente Dutra, passando pelos municípios de Arujá, Guarulhos e São Paulo. Segundo a Secretaria de Parcerias em Investimentos do Governo de São Paulo, a conclusão da obra vai reduzir os congestionamentos, bem como promover a retirada do tráfego de veículos pesados nas marginais, melhorando a qualidade do ar e reduzindo o tempo de viagem, além de facilitar o acesso ao porto de Santos.

Brendon Ramos, CEO da Via Appia, responsável pela construção e futura operação do Trecho Norte do Rodoanel, diz que há mais de 1.200 trabalhadores em campo e que a meta é entregar o trecho entre as rodovias Dutra e Fernão Dias até o fim de 2025 e a totalidade da obra em setembro de 2026, dentro do prazo contratual.

Além do Trecho Norte do Rodoanel, está em andamento, sob supervisão da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), o Contorno Sul da rodovia dos Tamoios, com entrega prevista para este mês de novembro. Com investimento de R$ 3 bilhões, o trecho de 22,7 quilômetros ligará Caraguatatuba ao porto de São Sebastião, devendo receber 10,2 mil veículos diariamente. A obra visa melhorar o tráfego para cidades como São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba e aliviar a SP-055, com redução de meia hora para fazer o percurso.

Em Santa Catarina, a concessionária Arteris Litoral Sul, responsável pela operação da BR-101/SC, entregou o Contorno Viário de Florianópolis, inaugurado em 9 de agosto deste ano, com 50 quilômetros de extensão e custo de R$ 3,9 bilhões. “Mais de 80% do fluxo de veículos que circulam pela BR-101 no trecho da Grande Florianópolis já foi desviado para o contorno, o que melhora a fluidez e o tempo de viagem tanto para os veículos que se deslocam pelo novo traçado quanto para os que permanecem na BR-101, agora com tráfego reduzido”, diz Sérgio Garcia, diretor-presidente da Arteris.

Também em Santa Catarina está em andamento projeto que prevê a implantação em pista duplicada do Contorno Rodoviário de Palhoça/Santo Amaro da Imperatriz, na BR-282/SC, que está na fase de contratação de empresa para a elaboração de projetos de engenharia.

De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), vários outros projetos estão em andamento no país. No Paraná, na BR-376/PR, a implantação do Contorno Sul de Maringá, com 13 quilômetros de extensão, está em fase de projeto, com previsão de início das obras em dezembro. No Espírito Santo, na BR-101/ES, o Contorno Rodoviário do município de Serra, entre os quilômetros 249,0 e 268,7, já foi liberado ao tráfego.

Na Bahia, na BR-324/BA, a duplicação do Contorno Leste de Feira de Santana, entre os quilômetros 512,5 e 520, já teve a licitação publicada, com abertura das propostas no dia 25 de outubro. Na BR-235/BA, o Contorno de Campo Alegre de Lourdes e Angico (Distrito) está em fase de contratação integrada de empresa para prestação de serviços técnicos especializados de engenharia para a elaboração do projeto básico e executivo.

O Centro-Oeste também tem projetos para a construção de contornos. No Mato Grosso do Sul, na BR-262/MS, estão em execução duas obras de arte especiais (OAEs) no Contorno Rodoviário Três Lagoas, entre os quilômetros 0 e 16,2. Na BR-158/MS, estão em execução duas OAEs no Contorno Rodoviário Três Lagoas, entre os quilômetros 0 e 10. Já em Mato Grosso, na BR-163/MT, estão sendo executadas obras de drenagem, OAE e terraplanagem no Contorno Norte de Cuiabá/Várzea Grande, do quilômetro 0 ao 52,7.

AGRÍCOLA

Agrolink - RS   14/11/2024

No acumulado de janeiro a outubro de 2024, as exportações do agronegócio de São Paulo cresceram 11,2%, totalizando US$ 25,77 bilhões. Com isso, o estado atingiu um superávit comercial de mais de US$ 21 bilhões, impulsionado especialmente pelo aumento de 41,4% nas exportações de café. Os dados são do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA).

De acordo com a Secretaria de Agricultura, o café se destacou como um dos principais produtos agrícolas exportados pelo estado, com participação de 4,1% nas vendas internacionais, somando mais de US$ 1 bilhão no período. A maior parte das exportações de café paulista foi de grãos verdes, com 71,7% do total, seguida pelo café solúvel, que representou 24%.

Além do café, outros produtos agrícolas foram fundamentais para o desempenho da balança comercial paulista: sucos cresceram 30,6%; o complexo sucroalcooleiro teve alta de 23,9%; e produtos florestais, como celulose e papel, registraram aumento de 18,9%. Em contrapartida, o complexo soja apresentou uma queda de 35%, reflexo de oscilações no preço e no volume exportado, conforme os dados divulgados pela SAA.

Complexo Sucroalcooleiro: Com participação de 40,7% no agronegócio paulista, o setor registrou US$ 10,48 bilhões em exportações, dos quais o açúcar representou 93% e o etanol 7%. Carnes: O setor respondeu por 11,2% das exportações do agronegócio paulista, somando US$ 2,89 bilhões. A carne bovina foi responsável por 84,1% desse montante. Produtos Florestais: Representaram 10,3% das exportações, totalizando US$ 2,66 bilhões, com destaque para celulose (55,2%) e papel (37,2%). Sucos: Com 9,1% de participação, o setor registrou US$ 2,34 bilhões em exportações, sendo o suco de laranja responsável por 98,2% do valor. Complexo soja: Registrou 8,5% de participação, com US$ 2,18 bilhões em exportações. A soja em grão correspondeu a 77,1% do total.

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