Valor - SP 16/01/2025
Embora o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tenha emitido uma ordem interrompendo a venda, por US$ 14,9 bilhões, da U.S. Steel para a Nippon Steel, a siderúrgica japonesa ainda tem um caminho a seguir para atingir o crescimento sem a aquisição, dizem analistas de mercado.
A Nippon Steel respondeu ao revés entrando com ações judiciais contra Biden e outras partes. Mas os investidores já estavam cautelosos com a compra devido à grande quantidade de dinheiro necessária. Também havia preocupações sobre os riscos de captação de recursos e operações comerciais pós-aquisição.
"Embora as expectativas de crescimento diminuíssem com o fracasso da aquisição, muitos investidores imaginaram que isso acabaria com as incertezas por enquanto", disse Atsushi Yamaguchi, analista sênior da SMBC Nikko Securities. "Havia uma perspectiva de a Nippon Steel não entrar com uma ação judicial, começar do zero e rapidamente dar os próximos passos, como fortalecer as operações na Índia."
Um futuro sem o acordo com a U.S. Steel ganhou força entre os participantes do mercado, em parte porque a Nippon Steel expandiu constantemente seu poder de ganho por meio de reformas estruturais e negócios mais fortes no exterior.
Muitos analistas acham que, mesmo que a aquisição não seja bem-sucedida, os lucros da empresa japonesa continuarão a aumentar moderadamente a partir do próximo ano fiscal, graças ao crescimento de suas operações indianas e do negócio de matérias-primas.
A suspensão de algumas operações de alto-forno e a proporção expandida de produtos de alto valor agregado também devem melhorar a sorte da Nippon Steel.
Yuji Matsumoto, analista sênior da Nomura Securities, ajustou sua previsão de lucros para a siderúrgica, removendo uma perda de 230 bilhões de ienes (US$ 1,46 bilhão) que teria sido incorrida pela separação da joint venture americana AM/NS Calvert se o acordo com a U.S. Steel tivesse sido concretizado.
Entre os anos fiscais de 2025 e 2029, uma U.S. Steel adquirida teria contribuído com 100 bilhões de ienes a 160 bilhões de ienes anualmente para o lucro da Nippon Steel, excluindo fatores únicos, estima Matsumoto. As sinergias geradas pela compra adicionariam aproximadamente 60 bilhões de ienes, mostram os cálculos.
Sem a U.S. Steel, os lucros da Nippon Steel ainda seriam impulsionados pela AM/NS Calvert, bem como por despesas menores com pagamentos de juros e depreciação.
Os lucros por ação da Nippon Steel cresceriam em média 3% ao ano se o acordo com a U.S. Steel fosse abandonado, projeta Matsumoto, em comparação com o crescimento de 5,9% com a U.S. Steel em mãos.
A empresa japonesa estabeleceu uma meta de atingir uma capacidade global de produção de aço bruto de 100 milhões de toneladas.
"Mesmo sem adquirir a U.S. Steel, isso poderia ser alcançado por volta de 2030 por meio de alternativas como a expansão dos negócios indianos", disse Yamaguchi.
A Nippon Steel enfrenta uma taxa de rescisão de US$ 565 milhões para a U.S. Steel se o acordo fracassar. Mas mesmo essa taxa "poderia ser absorvida por meio da venda de títulos ou outras vias", disse Yamaguchi.
Muitos acham que a Nippon Steel manterá pagamentos generosos de dividendos mesmo se a aquisição fracassar. O dividendo anual da siderúrgica japonesa está definido em 160 ienes por ação para este ano fiscal. Isso equivale a um rendimento de dividendos robusto acima de 5% e uma taxa de pagamento de dividendos de 51%.
Além disso, espera-se que o dividendo anual atinja 180 ienes no ano fiscal de 2026 e 190 ienes no ano fiscal de 2027, disse Shinichiro Ozaki, analista sênior da Daiwa Securities.
A Nippon Steel fechou a negociação na quarta-feira a 3.033 ienes, queda de 21% em relação ao pico mais recente, em março de 2024. As ações também estão 5% abaixo do fechamento em 30 de dezembro, antes de Biden bloquear o negócio.
A deterioração do mercado de aço teve um impacto parcial, mas a Nippon Steel ostenta uma capacidade de lucro relativamente alta dentro da indústria. No entanto, o preço das ações da empresa teve desempenho inferior devido em grande parte à forte sensação de incerteza em torno da aquisição planejada da U.S. Steel.
"Um certo número de investidores expressou sua relutância em colocar as mãos na Nippon Steel até que uma conclusão definitiva seja alcançada sobre a compra", disse Ozaki.
Ozaki expressou compreensão com o desejo da Nippon Steel de comprar a U.S. Steel, dizendo que não sentiu "nenhuma dissonância" com o processo. No entanto, ele acha que os investidores continuarão a ter uma atitude de esperar para ver em relação às ações da Nippon Steel, pois as dúvidas persistem.
Exame - SP 16/01/2025
Em janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, bloqueou a aquisição da U.S. Steel pela japonesa Nippon Steel, citando razões de segurança nacional.
Enquanto as empresas recorrem da decisão, o CEO da Cleveland-Cliffs, o brasileiro Lourenço Gonçalves, declarou na segunda-feira, 13, que adquirir a U.S. Steel é uma questão de “quando”, e não de “se”. Gonçalves afirmou ter uma “solução totalmente americana” para salvar a U.S. Steel, mas não revelou detalhes sobre a nova oferta.
Em 2023, a Cleveland-Cliffs já havia feito uma proposta pela U.S. Steel, rejeitada pelo conselho da concorrente, que alegou estar avaliando “alternativas estratégicas” para o futuro da empresa.
Quem é Lourenço Gonçalves?
Lourenço Gonçalves, carioca, é conhecido por seu estilo direto e sua aversão a convenções corporativas. Ele mesmo afirma não ser como os "cookie-cutter CEOs" — expressão usada para executivos padronizados — e diz: “Se você gosta, ótimo. Se não gosta ótimo!”.
Desde 2014, lidera a Cleveland-Cliffs, revertendo a crise financeira da empresa e posicionando-a como um dos principais players do setor nos EUA.
Com mais de 30 anos no setor metalúrgico, é engenheiro pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e mestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No Brasil, atuou na CSN antes de assumir cargos de destaque internacionais, como CEO da California Steel Industries e Metals USA Holdings, além de integrar o conselho da Ascometal SAS em Paris.
O que vai acontecer agora?
Apesar do interesse declarado de Gonçalves pela U.S. Steel, a empresa tem mostrado resistência à negociação, mesmo após suas ações subirem 10% com o anúncio da proposta.
Após o bloqueio da aquisição pela Nippon Steel, as companhias recorreram da decisão, e a ordem executiva foi suspensa até junho para análise judicial. Ambas afirmam que a transação seria o melhor caminho para o setor siderúrgico americano.
Enquanto isso, a Nippon e a U.S. Steel processaram a Cleveland-Cliffs, Gonçalves e David McCall, presidente do sindicato dos metalúrgicos dos EUA, acusando-os de conspirar para barrar a compra. Com o adiamento, o destino da U.S. Steel permanece incerto, assim como a possibilidade de um acordo com a Cleveland-Cliffs caso a transação com a Nippon seja cancelada.
Revista Mineração - SP 16/01/2025
A St George e a siderúrgica Liaoning Fangda assinaram um acordo comercial para colaborar no desenvolvimento do Projeto Araxá de terras raras de nióbio de alto teor em Minas Gerais.
O acordo assinado com a subsidiária Beijing Fangda Carbon-Tech Co, prevê, entre outras iniciativas, a concessão de direitos exclusivos para a aquisição de 20% dos produtos de nióbio pela Fangda em um período de cinco anos.
Os termos incluem oportunidades de marketing, aquisição e financiamento com o objetivo de avançar o ativo de classe mundial através de estudos de viabilidade para uma decisão final de investimento.
A Fangda também fornecerá apoio financeiro para o desenvolvimento de Araxá por meio de um investimento em St George ou de um empréstimo pré-pago. O acordo não vinculativo permitirá à St George prosseguir parcerias adicionais com outros investidores estratégicos e celebrar outras transações envolvendo o projeto.
Para o presidente executivo da St George, John Prineas, a parceria com a Fangda reconhece a importância estratégica de Araxá como potencial fornecedor global de produtos de nióbio e contribui para reduzir o risco do projeto.
“A nossa capacidade de atrair gigantes globais como Fangda fala muito sobre o potencial deste projecto e reconhece a gestão nacional de alto desempenho que St George estabeleceu para impulsionar o seu desenvolvimento”, disse.
Além do fornecimento de apoio financeiro para o desenvolvimento do Projeto Araxá, por meio de um empréstimo como pré-pagamento pela aquisição da produção, o acordo entre a Fangda e a St George inclui consultoria técnica com suporte para o desenvolvimento e a construção da mina na cidade de Araxá.
“Com a extensa mineralização próxima à superfície já confirmada por perfurações históricas, bem como pelo acesso à infraestrutura existente, continuamos a posicionar St George para se tornar o próximo player global de nióbio”, concluiu John Prineas.
IstoÉ Dinheiro - SP 16/01/2025
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou que a taxa neutra de juros nos Estados Unidos é mais baixa do que o patamar atual. O comentário foi feito em participação do dirigente em fórum na Associação de Banqueiros de Wisconsin nesta quarta-feira.
Em observações associadas ao mercado imobiliário, Goolsbee citou que a taxa de juros não deve voltar ao observado durante a pandemia, quando chegou a ficar negativa ao se considerar o nível de inflação.
O dirigente citou ainda que o Fed acompanha as taxas de inadimplência, mas pontuou que a inadimplência tende a se concentrar nas faixas de renda mais baixas da população.
Inflação e meta
O presidente do Federal Reserve de Chicago afirmou que segue bem confiante de que a inflação voltará à meta de 2% e que essa é a promessa que o Fed fez. Para o dirigente, a inflação desacelerou nos Estados Unidos mesmo com as pressões dos ganhos salariais.
Goolsbee atribuiu essa dinâmica à recuperação das cadeias de abastecimento.
Sobre os preços da energia, o dirigente diz que os banqueiros tendem a olhar para o núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como energia. Preços elevados de energia são problemáticos quando você está no inverno, mas o Fed tem de olhar no longo prazo, afirmou.
CPI
O presidente do Federal Reserve de Chicago disse ainda que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) reflete um quadro encorajador, destacando que ainda vê progresso no processo de desinflação.
O dirigente, contudo, citou que o índice também trouxe informações desencorajadoras, diante da repetição do padrão sazonal observado no primeiro trimestre.
Goolsbee disse que a tendência ainda mostra a melhora na inflação.
O dirigente afirmou que segue otimista sobre uma cenário de aterrissagem suave da economia em 2025.
Declarou ainda que se o Congresso e o presidente dos EUA começarem a elaborar políticas que aumentem os preços, a Fed terá de pensar nisso. “O que importa é o impacto das políticas como um todo”, afirmou.
O dirigente reforçou ainda que a inflação caiu dramaticamente das máximas de dois anos.
Investing - SP 16/01/2025
As importações dos Estados Unidos provenientes da China terminaram o ano passado em alta depois que algumas empresas estocaram itens de vestuário, brinquedos, móveis e eletrônicos antes do plano do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de impor novas tarifas que podem reavivar uma guerra comercial entre as superpotências econômicas.
Trump, que ameaçou impor tarifas de 10% a 60% sobre os produtos da China, assume o cargo em 20 de janeiro. Durante seu primeiro mandato, ele visou principalmente peças e componentes chineses. Economistas e especialistas em comércio preveem que sua próxima onda de tarifas poderá se aplicar a produtos finais.
"Portanto, houve um aumento nas exportações de produtos finais da China para os EUA, já que os importadores pretendem se antecipar a possíveis tarifas sobre itens de consumo", disse Frederic Neumann, economista-chefe para a Ásia do HSBC em Hong Kong.
Na segunda-feira, as autoridades comerciais chinesas informaram que as exportações de dezembro atingiram níveis recordes e citaram preocupações com a escalada do protecionismo comercial nos EUA e na Europa.
O equivalente a 451.000 contêineres de mercadorias da China desembarcaram nos portos marítimos dos EUA em dezembro, um aumento de 14,5% em relação ao ano anterior, de acordo com o fornecedor de dados comerciais Descartes Systems Group.
Isso encerrou um ano em que as importações norte-americanas de roupas de cama, brinquedos de plástico, maquinário e outros produtos da China aumentaram 15% em relação a 2023, de acordo com a Descartes.
Embora alguns varejistas dos EUA tenham se apressado em comprar produtos para evitar o impacto do custo de possíveis novas tarifas, é difícil descobrir o verdadeiro efeito sobre os ganhos gerais de importação porque os importadores mantêm esses dados em sigilo.
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Para complicar ainda mais a análise, os compradores dos EUA têm alimentado a demanda e alguns importadores garantiram estoques de segurança para se protegerem contra as interrupções causadas pelos ataques dos Houthi aos navios perto do Canal de Suez e uma disputa trabalhista nos portos marítimos da Costa Leste dos EUA e do Golfo do México.
Trump também prometeu tarifar produtos de muitos outros países, incluindo os vizinhos norte-americanos México e Canadá.
Como resultado, várias categorias de importações dos EUA de todas as origens geográficas registraram ganhos significativos durante o quarto trimestre, de acordo com a S&P Global Market Intelligence.
Têxteis e vestuário saltaram 20,7%; produtos de lazer, principalmente brinquedos, ganharam 15,4%; móveis domésticos aumentaram 13,4%; e eletrodomésticos e eletrônicos de consumo registraram altas de 9,6% e 7,9%, respectivamente, de acordo com a S&P.
As categorias de bens de consumo básicos, como produtos de higiene pessoal e domésticos, bem como alimentos e bebidas, aumentaram 14,2% e 12,5%, segundo a S&P.
O Estado de S.Paulo - SP 16/01/2025
O presidente Lula mantém um entendimento contraditório, para não dizer confuso, em relação à inflação. E isso cobra seu preço.
Tem um lado do presidente que considera a alta de preços normal e quase inofensiva. Tem outro que mostra preocupação com seu impacto sobre a popularidade do governo, especialmente quando disparam, como agora, os preços de produtos essenciais, como carne, café, arroz e feijão.
Algumas vezes, quando desancou a política de juros do Banco Central, Lula mostrou que não dá grande importância à inflação. Chegou a dizer que está só um tantinho mais alta do que a meta, como se esse tantinho não fizesse diferença. Uma febre de 39 graus também só é um tantinho mais alta do que os 36,5 graus considerados ideais para o organismo.
Persiste entre as esquerdas brasileiras a ideia de que a inflação não é tão importante, desde que o País esteja em crescimento e que aumentem os empregos. Nos anos 1960, o economista Celso Furtado, um dos gurus das esquerdas de então, entendia que, na condição de subdesenvolvimento, não há crescimento econômico sem inflação.
O mau entendimento das lições de Celso Furtado parece ter sido o fator que gerou a excessiva tolerância à alta de preços pelas esquerdas.
A questão central está na qualidade da política fiscal. Furtado ensinava que o crescimento econômico exige investimentos em infraestrutura e em capacidade de produção e que a inflação acaba por ser seu efeito colateral que, lá na frente, seria compensado com mais renda. Mas o presidente Lula quer a gastança não para investir e para criar empregos, mas para o consumo. Poupança e investimento não passam de 15% ou 16% da renda nacional. Nessas condições, a inflação acaba por esmerilhar patrimônio e renda da população, especialmente nos segmentos dos salários mais baixos, sem a contrapartida por mais crescimento econômico e de renda.
Essa confusão inicial gera outras. Se, com sua irresponsabilidade fiscal, o governo opera contra o Banco Central na sua tarefa de empurrar a inflação para dentro da meta, é inevitável que os juros avancem, não por conspiração dos banqueiros, como tantos no governo vêm alegando, mas porque é preciso evitar o estouro com dinheiro mais curto.
Até agora, o presidente Lula não parece ter entendido a importância da austeridade fiscal até mesmo para definição de sua política social. Com um rombo nominal (que inclui os juros da dívida) entre 7% e 9% do PIB, não há como estimular aumento na capacidade de produção nem como assegurar o grau de investimento para os títulos do Tesouro, situação que atrairia capitais externos.
Não adianta reclamar da qualidade da comunicação do governo, quando as cotações do dólar ultrapassam os R$ 6, quando a cesta da feira chega em casa cada vez mais vazia e quando as pesquisas passam a captar o mau humor da população.
O que está em questão é a qualidade das opções de política adotadas pelo governo.
O Estado de S.Paulo - SP 16/01/2025
Quando o jornalista americano Thomas Friedman, colunista do New York Times, lançou o livro O mundo é plano, em 2005, no qual mostrava a nova realidade trazida pela hiperglobalização e analisava seus efeitos em países, empresas, grupos sociais e indivíduos, era difícil imaginar que o quadro que ele traçava fosse sofrer uma alteração significativa nas décadas que se seguiriam.
A impressão que se tinha na época era de que o mundo caminhava de forma irremediável para uma integração econômica cada vez maior, com menos barreiras comerciais, menos obstáculos à movimentação de capitais e ao investimento estrangeiro e maior liberdade para a circulação de ideias e de pessoas. Predominava também a percepção de que os países que seguissem por um caminho alternativo estavam destinados ao fracasso na arena global, com efeitos perversos no crescimento econômico e na prosperidade de seus cidadãos.
Hoje, porém, passados 20 anos do lançamento do livro de Friedman, o que está ocorrendo é um ajuste considerável na rota que se delineava para a economia mundial entre o fim do século 20 e o início do século 21. As mudanças ainda estão em curso, sem um norte definido, mas já se tornou praticamente um consenso entre os analistas que a hiperglobalização, centrada na busca da eficiência e no aumento de produtividade além das fronteiras nacionais, vem perdendo tração nos últimos anos.
Embora o aprofundamento da globalização tenha contribuído de forma decisiva para viabilizar um ciclo de crescimento econômico robusto, durante o qual mais de 1 bilhão de pessoas deixaram a pobreza extrema, seus benefícios, de repente, pareceram insuficientes para atender plenamente aos interesses das nações, colocando em xeque a continuidade do processo, que ganhou força no pós-guerra e se acentuou após a liberalização econômica da China, em meados dos anos 1970, e a queda do Muro de Berlim, em 1989.
Diante do novo cenário, multiplicaram-se pelo mundo, em maior ou menor grau, conforme o caso, iniciativas que vão na direção oposta da integração, destinadas a adaptar a economia dos países às mudanças. O fenômeno, chamado de “desglobalização”, inclui a adoção de medidas de restrição ao livre comércio e aos investimentos estrangeiros, a realocação de plantas industriais localizadas em outros países e até a reavaliação de parceiros nos negócios internacionais, com base em fatores geográficos e geopolíticos.
Impulsionada por um discurso nacionalista e populista e por uma preocupação crescente com questões de segurança nacional, a desglobalização vem reconfigurando aos poucos a economia mundial e poderá afetar, se ela se acentuar, como parece ser a tendência no momento, as conquistas alcançadas com o aprofundamento da integração.
“A ordem econômica internacional do pós-guerra foi construída em cima da ideia de que a interdependência entre as nações, por meio do aumento de laços comerciais e econômicos, estimularia a paz e o compartilhamento da prosperidade”, diz a diretora-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Ngozi Okonjo-Iweala, ex-ministra de Finanças da Nigéria. “Por mais de 75 anos, esta ideia guiou políticos, autoridades e reguladores e contribuiu para assentar as bases para uma era de crescimento sem precedentes, melhoria do padrão de vida e redução da miséria. Hoje, esta visão está ameaçada, assim como o futuro de uma economia global aberta e previsível.”
Agora, com a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em 20 de janeiro, e o provável anúncio das medidas de aumento de tarifas sobre as importações que ele prometeu na campanha, especialmente contra a China, mas não só contra ela, a expectativa é de que o quadro se agrave, gerando retaliações em cascata que poderão provocar estragos generalizados.
Um acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China – deflagrada no primeiro mandato de Trump (20/1/2017 a 20/1/2021) e mantida por Joe Biden, apesar das críticas que o democrata fazia a seu opositor neste quesito antes de chegar à Casa Branca – já deverá, isoladamente, “espirrar” nos demais países, inclusive no Brasil.
“Eu acredito que, nos próximos meses, haverá um aumento das tarifas americanas, mas não deve ser numa tacada só”, afirma Tony Volpon, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e professor adjunto da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos. “A gente não pode olhar para essa questão tarifária de forma isolada. A tarifa é um instrumento de pressão, de negociação. Nós temos de entender que isso será parte de uma de uma estratégia maior do governo Trump, de diminuir o que eles acreditam ser as ‘assimetrias’ existentes no relacionamento dos Estados Unidos com certos países, principalmente com a China, mas também com o México, o Canadá e outros. Essas assimetrias já diminuíram muito, mas ainda existem.”
Apesar de Trump ter dado uma contribuição relevante para intensificar as tensões econômicas internacionais em seu primeiro mandato e de a sua volta à presidência representar um risco palpável de a situação se complicar ainda mais, não dá para jogar a metamorfose que está acontecendo na economia global só na sua conta. A transformação ocorrida nos últimos 15 a 20 anos é decorrente de vários fatores que pouco ou nada têm a ver com Trump, e deve ser entendida dentro de um contexto histórico do qual ele próprio faz parte.
O quadro vem se deteriorando, de forma lenta e gradual, desde a crise global de 2008, que escancarou os efeitos negativos que uma economia superconectada e interdependente pode espalhar pelo mundo. Mais recentemente, com a pandemia, entre o fim do primeiro mandato de Trump e o início do governo Biden, o processo se aprofundou.
Com as restrições à circulação e a falta de produtos de primeira necessidade fabricados no exterior, principalmente na China, ficaram claros os limites do modelo baseado nas cadeias internacionais de valor, pelo qual a produção é fragmentada em várias etapas e cada uma delas é realizada pelos mais capazes de entregar os melhores resultados, pelo menor custo. Um número crescente de empresas que haviam pulverizado a produção pelo mundo afora passou a realocá-la – no todo ou em parte – para países mais próximos (nearshoring, em inglês) ou voltou a concentrá-la em suas bases (reshoring).
Tudo isso está projetando uma globalização muito menos aberta, muito menos ambiciosa do que aquela que a gente viu nas páginas do livro do Thomas Friedman 20 anos atrás
Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco do Brics
Por fim, já na gestão Biden, a deterioração do cenário foi turbinada pela guerra entre a Rússia de Vladimir Putin e a Ucrânia, que afetou o fornecimento de alimentos e de energia, provocando um aumento de preços no mercado internacional, com efeito inflacionário em todo o mundo e também no Brasil.
O conflito ainda levou a um rearranjo das trocas entre os países, em decorrência das sanções econômicas impostas pelo Ocidente à Rússia, que desintegrou as redes comerciais estabelecidas até então. Isso sem falar da guerra entre Israel e o Hamas, no Oriente Médio, que reforçou a importância do fator geopolítico no comércio global.
“Tudo isso está projetando uma globalização muito menos aberta, muito menos ambiciosa do que aquela que a gente viu nas páginas do livro do Thomas Friedman 20 anos atrás”, diz o economista, sociólogo e diplomata Marcos Troyjo, ex-presidente do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), mais conhecido como Banco do Brics. “Hoje, tirando talvez o (Javier) Milei (presidente da Argentina), não há grandes líderes defendendo a implementação de mais economia de mercado no mundo.”
Antes, a oposição à globalização vinha principalmente da esquerda internacional, que sempre a “satanizou”, por ela reforçar os princípios do liberalismo econômico e do capitalismo, ser dominada por grandes multinacionais e levar, na sua visão, a um aumento da desigualdade. Agora, a oposição vem também da direita nacionalista e populista, da qual Trump é a maior estrela, que está ganhando espaço político em todo o mundo, em meio à retração dos grupos que têm uma visão mais liberal em relação ao comércio exterior e aos investimentos estrangeiros. Isso engrossou o contingente dos “contras”, tornando ainda mais incerto o quadro que se desenha para a economia mundial em 2025 e nos próximos anos. “O mundo hoje está mais perto de uma guerra comercial”, afirmou recentemente o economista Barry Eichengreen, professor da Universidade da Califórnia, em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Ironicamente, com base na letra fria dos números, a globalização tem mostrado até o momento uma resiliência surpreendente. Embora o ritmo de crescimento do comércio internacional tenha diminuído sensivelmente, sugerindo até certa estagnação, os dados mostram que o volume de negócios entre os países não encolheu, como sugere o termo “desglobalização”.
A desglobalização ainda é mais uma questão de retórica, mas seu risco é real e significativo
Relatório da Standard & Poor's sobre a questão
De acordo com estimativa da OMC, o valor global de exportações de bens deve ter fechado 2024 em US$ 24,4 trilhões, com um crescimento de 2,7%, pelas projeções mais recentes, em relação a 2023. É um crescimento modesto, mas não é um recuo. Desde a crise financeira de 2008, as exportações mundiais de bens cresceram nada menos que 50% e desde 2019, um ano antes da pandemia, 28,4%, segundo os dados da OMC, o que está longe de mostrar uma retração nas trocas internacionais (veja os gráficos).
No caso dos serviços, também conforme a OMC, o aumento foi de 23% ante 2019 e de 91% desde 2008. No primeiro semestre de 2024, último dado disponível, a alta nas importações e exportações de serviços chegou a 7% em relação a igual período de 2023.
Além disso, mesmo com a reavaliação das cadeias internacionais de valor no pós-pandemia, a participação de fabricantes estrangeiros na produção de bens apresenta um crescimento notável quando se leva em conta um período de análise mais longo. Entre 1990 e 2022, o valor adicionado por fabricantes estrangeiros nas exportações globais passou de 19% para 28% do total, segundo dados divulgados pelos economistas Adam Jakubik e Elizabeth Van Heuvelen, do FMI (Fundo Monetário Internacional), em artigo publicado na revista Finance & Development, editada pela própria instituição.
Caminho sinuoso
“A desglobalização ainda é mais uma questão de retórica do que uma tendência econômica. Mas o risco da desglobalização é real e significativo”, diz um relatório sobre o tema produzido pela Standard & Poor’s (S&P), uma das principais agências internacionais de classificação de risco.
“Quando a gente fala em desglobalização, não significa que, de repente, você vai apertar um botão, e todo o comércio internacional e todo o fluxo global de investimento estrangeiro direto vão estancar. Não é isso”, afirma Troyjo. “O que eu acho que a gente está vivendo é uma desaceleração da globalização, tal como nós a conhecemos. É como um veículo que tem de reduzir a sua velocidade, porque o caminho é sinuoso ou porque há muita neblina. Isso não quer dizer que ele parou.” Na avaliação de Troyjo, o mundo deve ser visto hoje como um arquipélago, e não como um conjunto de ilhas totalmente isoladas umas das outras. “Entre uma ilha e outra não há transporte terrestre, mas você tem pontes, veículos anfíbios, ferry boat”, diz.
Agora, se a globalização não andou para trás, como mostram os números, os sinais de que ela está passando por uma transformação substancial vêm de todos os lados. Nos últimos dois anos, as exportações globais, que atravessaram um longo período crescendo mais do que a economia mundial, ficaram para trás.
Enquanto a economia global cresceu 3,3%, em média, em 2023, segundo o FMI, o valor das exportações mundiais teve uma queda de 4,4% no período, depois da forte alta registrada em 2021 e 2022, no pós-pandemia. Em 2024, conforme as projeções, a economia global deve ter crescido 3,2% e as exportações, 2,7%. A mesma defasagem em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global já havia ocorrido no período de 2012 a 2017 e em 2020.
De acordo com o Banco Mundial, o total de exportações e importações de bens e serviços, que chegou ao pico de 61% do PIB global em 2008, vem caindo desde então. A exceção foi 2022, no pós-pandemia, quando o crescimento do comércio alcançou 63% do PIB, um recorde histórico. Só que, em 2023, o índice voltou a cair, para 59%, indicando uma acomodação, com viés de baixa, nos negócios globais.
No caso dos investimentos estrangeiros diretos, não foi diferente. Depois de atingir o pico de US$ 3,2 trilhões em 2007, também conforme o Banco Mundial, o volume global de investimentos teve uma queda de 73%, para US$ 867 bilhões, em 2023, o menor nível desde 2003. Em 2023, o investimento direto, que representava 5,4% do PIB mundial em 2007, ficou em apenas 0,8% do PIB global.
Ao mesmo tempo, o número de medidas protecionistas, como barreiras tarifárias e não tarifárias e de restrições ao investimento estrangeiro, deu um salto. Desde 2018, elas triplicaram, segundo os economistas Adam Jakubik e Elizabeth Van Heuvelen, do FMI. Na mesma linha, outro levantamento, realizado pelo ex-economista-chefe da instituição Raghuram Rajan, mostra que a adoção de medidas protecionistas desde a crise de 2008 foi cinco vezes maior do que a de medidas liberalizantes.
De acordo com a OMC, as medidas de restrição ao livre comércio em vigor afetam, hoje, US$ 2,9 trilhões em negócios, o equivalente a 11,8% das importações mundiais. Só nos 12 meses entre novembro de 2023 e outubro de 2024, os países adotaram um total de 169 novas medidas restritivas, afetando US$ 887,7 bilhões em importações e exportações, mais do que o dobro que no ano anterior. “O ambiente comercial global parece cada vez mais frágil, incerto e precário, em meio a tensões geopolíticas e a adoção de medidas unilaterais”, afirmou Ngozi, da OMC, durante o lançamento do Relatório do Comércio Mundial 2024, em dezembro.
Países ‘amigos’
Há, ainda, outros sinais que reforçam a percepção de que a desglobalização está avançando, mesmo que em marcha lenta. Embora o valor das exportações tenha aumentado no ano passado, ele está crescendo de forma mais rápida entre blocos de países “amigos” e alinhados ideologicamente, o que, em geral, tem levado a um aumento de custos de produção. Segundo um estudo realizado pela OMC, com base nas votações dos países na Assembleia-Geral da ONU, o fluxo de comércio entre dois blocos geopolíticos hipotéticos está crescendo de 4% a 6% mais devagar do que dentro deles, desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.
Já um levantamento realizado pela revista Chief Executive com presidentes de empresas dos Estados Unidos, também em 2022, apontou que 58% dos CEOs cujas companhias mantinham operações no exterior estavam pensando em trazer de volta a produção para o país, movidos principalmente pela “menor exposição a riscos políticos” e pela “maior resiliência a crises nas cadeias de suprimentos”. Destes, 18% consideravam a repatriação de três quartos ou mais de suas operações. Outra pesquisa, realizada com 150 executivos de empresas americanas e publicada pela revista Forbes em 2023, mostrou que 82% dos entrevistados haviam repatriado fábricas localizadas no exterior para os Estados Unidos nos últimos anos ou estavam no processo de fazê-lo.
“A desaceleração da globalização (slowbalization) parece estar caminhando para a desglobalização”, afirmaram Christian Keller, que comanda a área de pesquisa econômica, e Renate Marold, diretor da área de Ciências de Investimento, do Barclays Bank, uma das principais instituições financeiras britânicas, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. A afirmação foi feita no início de 2023, bem antes da vitória de Trump nas eleições americanas, mas parece mais atual do que nunca.
Se a desglobalização se acentuar, a economia global como um todo deverá ter um subdesempenho
Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco do Brics
Se eles estiverem certos e a desaceleração realmente se transformar em desglobalização, o risco de que os benefícios da globalização sejam revertidos nos próximos anos, ao menos parcialmente, é apreciável, o que deverá gerar mais incerteza e mais instabilidade no mundo, com o aumento das tensões políticas entre os países.
De acordo com o relatório da S&P sobre o assunto, a redução no fluxo de comércio global terá efeitos negativos no crescimento econômico, na inflação, em razão do aumento de custos de produção, nos juros, no emprego, na pobreza, na produtividade e na taxa de inovação e de investimento. “Se a desglobalização se acentuar, a economia global como um todo deverá ter um subdesempenho”, diz Marcos Troyjo. “A maré vai baixar para todo mundo.”
Em sua visão, este ambiente hostil, em que nuvens negras pairam no horizonte, “não será necessariamente ruim para o Brasil”, porque haverá mais insegurança alimentar e energética no mundo, em meio à transição para a chamada “economia verde” – campos nos quais o País tem vantagens competitivas relevantes. “Hoje, a posição relativa do Brasil se tornou mais visível e potencialmente mais atraente”, afirma. “O mundo hoje é mais complexo do que era há 20 anos, mas, curiosamente, traz mais oportunidades para o Brasil.”
Derrapagem fiscal
Troyjo afirma que o País tem seus problemas, mas os outros países também têm. Para ilustrar o significado disso na economia mundial, ele conta uma história, que viu num documentário sobre o general Charles de Gaulle (1890-1970), ex-presidente da França, no qual um de seus filhos diz que a frase preferida do pai era a seguinte: “Quando me olho no espelho, eu me preocupo. Mas, quando me comparo com os outros, eu me tranquilizo”.
O problema, segundo Troyjo, é que, hoje, quando muitos países estão tentando organizar os orçamentos públicos, aumentar a participação do setor privado nos investimentos, melhorar a governança de empresas estatais e de economia mista e atrair riqueza, “para não ter qualquer tipo de derrapagem monetária ou fiscal”, o Brasil está fazendo exatamente o contrário.
“Como diz a famosa frase do filósofo espanhol José Ortega y Gasset,’eu sou eu e minhas circunstâncias’”, afirma. “Se você faz tudo que tem de fazer e as circunstâncias não são favoráveis, o efeito positivo é limitado. E, se as circunstâncias são muito favoráveis, mas você não faz o que se espera, os efeitos positivos também são limitados.”
Avant-première
Como lembra o cientista político americano Ian Bremmer, presidente da Eurasia, consultoria especializada em riscos políticos e econômicos, o Brasil já teve uma “avant-première”, com a explosão recente da cotação do dólar ante o real, do que pode acontecer com países relapsos do ponto de vista fiscal no atual cenário global.
“Quando o Brasil teve um desempenho um pouco abaixo do esperado em termos de gestão fiscal sob (o presidente) Lula, os mercados puniram o País pesadamente”, afirmou Bremmer ao Estadão/Broadcast, durante conversa com jornalistas em Nova York, no início de dezembro. “Este é o tipo de coisa que vamos ver muito mais nos países em desenvolvimento, porque tanto os Estados Unidos quanto a China não estão buscando coordenar e estabilizar seu relacionamento ou melhorar a globalização.”
Pelo andar da carruagem, porém, parece pouco provável que o governo Lula dê uma guinada em sua política econômica, para enfrentar as turbulências que se anunciam na economia global e aproveitar da melhor forma possível as oportunidades que se apresentam para o País.
O Estado de S.Paulo - SP 16/01/2025
As contas do Governo Central registraram déficit primário em novembro. A diferença entre as receitas e as despesas (sem considerar os juros da dívida) ficou negativa em R$ 4,515 bilhões no período. O resultado sucedeu o superávit de R$ 40,811 bilhões em outubro.
O saldo em novembro, que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, foi o melhor desempenho em termos reais para o mês desde 2021. A série histórica do Tesouro foi iniciada em 1997. Em novembro de 2023, o resultado havia sido negativo em R$ 38,071 bilhões, em valores nominais.
O resultado veio próximo ao teto das expectativas do mercado financeiro, que variavam de déficit de R$ 30,4 bilhões a déficit R$ 4,50 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast. A mediana apontava um déficit de R$ 6,50 bilhões.
No acumulado do ano até novembro, o Governo Central registrou déficit de R$ 66,827 bilhões, o melhor resultado para o período desde 2022. Em igual intervalo de 2023, esse mesmo resultado era negativo em R$ 112,466 bilhões, em termos nominais.
Em novembro, as receitas tiveram alta de 13,8% em relação a 2023. No acumulado, houve alta real de 8,1%. Já as despesas caíram 6,3% em novembro, já descontada a inflação, em comparação com o mesmo período de 2023. No acumulado dos 11 meses, a variação foi positiva em 4,6%.
Em 12 meses até novembro, o Governo Central apresenta déficit de R$ 188,5 bilhões, equivalente a 1,56% do PIB. Desde janeiro de 2024, o Tesouro passou a informar a relação entre o volume de despesas sobre o PIB, uma vez que o arcabouço fiscal busca a estabilização dos gastos públicos. No acumulado dos últimos 12 meses até novembro, as despesas obrigatórias somaram 18% em relação ao PIB, enquanto as discricionárias do Executivo alcançaram 1,6% em relação ao PIB no mesmo período.
Para 2024, o governo perseguiu duas metas. Uma é a de resultado primário, que deve ser neutro (0% do PIB), permitindo uma variação de 0,25 ponto porcentual para mais ou menos, conforme estabelecido no arcabouço. O limite seria um déficit de até R$ 28,8 bilhões. A outra é de limite de despesas, que é fixo em R$ 2,089 trilhões neste ano.
No último Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, publicado de forma extemporânea, o Ministério do Planejamento e Orçamento estimou um resultado deficitário de R$ 27,746 bilhões nas contas deste ano.
Déficit abaixo de 1% do PIB
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta quarta-feira, 15, que o governo deve fechar o resultado primário de 2024 no limite da banda do arcabouço fiscal, mais próximo do centro da meta. Ele destacou ainda que, com o resultado de dezembro, a relação despesa/PIB voltará para um dos menores patamares da década.
A declaração foi dada durante entrevista à imprensa para apresentação dos dados do Resultado do Tesouro Nacional (RTN) de novembro, que foram divulgados, segundo ele, com defasagem devido a um atraso nos dados da Receita Federal. Os números de dezembro do ano passado, no entanto, sairão no fim deste mês, sem atraso.
Ceron destacou que o déficit vem caminhando para ficar em patamar abaixo de 1% do PIB, em meio à recuperação fiscal adotada pelo atual governo. Segundo o RTN de novembro, o resultado primário acumulado de janeiro de 2023 a novembro de 2024 atingiu o patamar negativo de 1,36%.
Em novembro, segundo o secretário, a receita não administrada teve crescimento expressivo de 39% decorrente de pagamentos de concessões, permissões e dividendos. Neste mês, inclusive, houve entrada de dividendos do BNDES, assim como em dezembro.
CNN Brasil - SP 16/01/2025
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta quinta-feira (15) que vê uma necessidade de desaceleração da atividade econômica para conter a alta da inflação.
“Há uma necessidade de desaceleração para garantir que não tenhamos um descolamento do processo inflacionário. É saudável ter uma atividade econômica dinâmica, com crescimento, mas ela tem que ser compatível com o bom equilíbrio inflacionário”, declarou Ceron.
Em 2024, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do país, encerrou em 4,83%, acima da meta de 3%, com margem de tolerância de 1,5% — ou seja, até 4,5%.
Uma das formas de desacelerar a atividade econômica, que é a utilizada pelo Banco Central, é o aumento da taxa básica de juros, a Selic.
Com uma taxa mais alta, o crédito encarece e desestimula o consumo e os investimentos, reduzindo a pressão sobre os preços.
Segundo Ceron, o trabalho conjunto entre BC e Fazenda deve continuar em 2025.
“Quanto antes agirmos, mais rápido e menos doloroso é o processo. Precisamos ter o cuidado para garantir que o BC cumpra seu papel o mais rápido possível, para termos taxas de juros mais civilizadas. Essa harmonização entre o trabalho do BC e da política fiscal como um todo vai ser muito reforçada em 2025”, afirmou.
Exame - SP 16/01/2025
Os gestores, investidores e especialistas que apoiam a estruturação de projetos de infraestrutura preveem para os próximos seis meses um cenário favorável para investimentos no setor brasileiro. É o que revela a 12ª edição do Barômetro da Infraestrutura divulgada nesta quarta-feira, 15.
O estudo mostra que 52,9% desses agentes do mercado apontaram como favorável a promoção de investimentos em infraestrutura no primeiro semestre deste ano.
A pesquisa é realizada semestralmente pela empresa de consultoria EY com a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB) com o objetivo de identificar o ânimo de empresários e especialistas dos setores de infraestrutura sobre os temas que impactam a realização de investimentos, ambiente de negócios e o desenvolvimento de projetos. Ao todo, foram realizadas 353 entrevistas, de forma digital, entre os dias 22 de outubro a 11 novembro de 2024.
O índice positivo segue a tendência já identificada no levantamento anterior, referente ao último semestre do ano passado, quando 52,2% também estavam com boas expectativas.
O dado atual alcançou o melhor resultado das 12 edições da pesquisa, superando em mais de 12 pontos percentuais a média histórica de 40,66%. Esse otimismo reforça o potencial de retomada do setor, mesmo diante de desafios econômicos.
A pesquisa aponta que o cenário global se mostra desafiador para o crescimento econômico. Dentre os obstáculos mencionados, cita o ciclo de juros elevados, que persiste nas economias mundiais, e a intensificação dos conflitos geopolíticos, que potencializa as incertezas.
A EY e ABDIB também acrescentam que a política monetária restritiva impacta diretamente as economias emergentes, resultando em uma maior dificuldade para aquisição de crédito por meio de financiamentos externos, por exemplo.
Em nível local, a maioria dos stakeholders entrevistados (49,3%) avalia que a expectativa de crescimento econômico no próximo semestre está estável, mas caiu o total que se diziam otimista, de 36,4% para 31,7%. Para esses agentes, o principal desafio é a alta dos juros, que coloca um cenário desfavorável para investimentos, como apontam 69,9% dos entrevistados.
A lista de desafios é seguida pela insegurança jurídica-regulatória, apontada por 62%, e a falta de mecanismos de financiamento mais adequados às necessidades do setor, segundo 50,2%. Assim como os obstáculos ao aprimoramento dos investimentos a insuficiência de entidades estruturadoras em atender às demandas de infraestrutura do país (41,3%) e a necessidade de maior participação dos bancos de desenvolvimento no financiamento (31,3%).
O estudo também registrou um ligeiro aumento na proporção de participantes com uma visão desfavorável sobre o cenário de investimentos em infraestrutura, que passou de 18,5% para 20,4%.
Apesar de modesto, esse crescimento interrompeu a sequência de três edições consecutivas de queda nesse indicador, refletindo a influência de incertezas macroeconômicas que ainda preocupam parte dos investidores.
Gustavo Gusmão, sócio da EY na área de Infraestrutura e responsável pelo estudo, explica que a manutenção de boas expectativas para o setor, apesar do receio sobre o cenário econômico, mostra a resiliência do setor de infraestrutura, acostumado, segundo ele, a "momentos de dificuldade".
Com base nas entrevistas com os agentes do mercado, Gusmão observa que projetos de longo prazo e a estruturação avançada de iniciativas, impulsionadas por instituições como o BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Fundo de Investimento em Infraestrutura Social (FIIS), tornam os investimentos menos vulneráveis às incertezas econômicas de curto prazo. Além de manterem um pipeline crescente e diversificado.
Embora a situação econômica atual preocupe, o baixo custo de elaboração de projetos frente ao retorno potencial sustenta a confiança dos investidores, observa o executivo. No entanto, se o cenário econômico adverso persistir por mais tempo, pode haver a mudança para uma percepção mais pessimista.
"A nossa percepção é que a tendência, dado [o intervalo de tempo] da pesquisa até hoje, se a situação fiscal, econômica, ainda continuar nebulosa, sem uma sinalização clara de reversão desse quadro, e permanecendo assim por mais dois, três meses, a possibilidade das percepções da próxima edição do Barômetro, que sai no meio do ano, se deteriorar é grande", avalia Gusmão, apontando para um risco.
"O setor é resiliente até certo ponto. Se começar a ficar uma percepção contínua de desconfiança, isso pode impactar o nível de interesse e de atração para o mercado de infraestrutura", completa.
Infraestrutura social de volta à agenda
Outro aspecto positivo retratado no estudo é sobre o grau de concretização das expectativas em relação à promoção de investimentos nos últimos seis meses, com 49,3% afirmando que essas expectativas foram parcialmente alcançadas e 7,4% indicando a concretização total delas.
Pela quarta edição consecutiva, os setores de saneamento básico, energia elétrica e rodovias assumem as três primeiras posições na pesquisa, respectivamente, com potencial de intenções de investimento nos próximos anos.
A colocação, de acordo com o responsável pelo estudo, mostra que setores, por serem mais consolidados e maduros no mercado brasileiro, trazem maior previsibilidade para os investidores. Além de historicamente terem forte demanda e, com isso, necessidade de aprimoramentos.
Mas a nova edição do barômetro, contudo, trouxe uma novidade no ranking: a infraestrutura social mostrando-se como um dos destaques para 2025.
O setor cresce na esteira em que os investimentos por meio de PPPs (Parceria Público-Privada) e concessões também ganham fôlego. Segundo o sócio da EY, por conta da estruturação de projetos e financiamento o foco na agenda social pelo governo federal.
"Percebemos, conversando também com o BDDES e a Caixa, que já existe uma demanda muito grande dos entes subnacionais por receber apoio para esse tipo de projeto em infraestrutura social. Estamos prevendo que 2025 e 2026, de fato, terão um crescimento muito grande para esse setor, principalmente escolas", destaca Gusmão.
'Ano dos leilões'
As expectativas positivas de investimento apontadas no relatório também refletem a quantidade recorde de leilões para este ano. Após um 2024 de recorde de investimentos privados na infraestrutura — R$ 197 bilhões —, o Brasil vê um cenário virtuoso de leilões em 2025.
O estudo não direcionou aos agentes do mercado de infraestrutura uma pergunta específica sobre o tema.
Mas, em conversas com o setor, Gustavo Gusmões observa que o volume de leilões e investimentos em infraestrutura, ainda que sejam um sinal positivo do avanço dos projetos, levantam desafios relacionados ao cronograma dos leilões.
"Muitos não têm uma estrutura para estudar tanta coisa ao mesmo tempo. E mesmo que tenham tempo para estudar... imagina se ganha três projetos de grande porte ao mesmo tempo. Muitas vezes, ele [estruturador] não vai ter uma estrutura de funding para poder também comportar os três projetos. É uma boa notícia que tenham muitos projetos, mas é preciso um cronograma espaçado para que possam ter o tempo de preparo", comenta o executivo da EY.
A previsão para este ano, que ainda deve ser atualizada, é de mais de 90 certames e mais de R$ 200 bilhões em investimentos contratados, como revelou a EXAME na edição de dezembro da revista.
IstoÉ Dinheiro - SP 16/01/2025
O índice de preços ao consumo (IPC) subiu pelo terceiro mês consecutivo nos Estados Unidos, de acordo com números oficiais divulgados nesta quarta-feira (15), que estavam alinhados com as expectativas.
O IPC, uma medida da inflação, subiu para 2,9% nos 12 meses encerrados em dezembro, um pouco acima dos 2,7% em novembro, informou o Departamento do Trabalho.
O resultado está de acordo com o que economistas entrevistados pela Dow Jones Newswires e pelo The Wall Street Journal esperavam.
A explicação se deve em grande parte ao aumento dos preços da energia.
O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, cortou as taxas de juros em um ponto percentual desde setembro e monitora de perto o mercado de trabalho e a inflação. Seus dois objetivos são alcançar o pleno emprego e controlar o aumento dos preços.
A recente alta dos preços aumenta as expectativas de que as taxas de juros serão mantidas nos níveis atuais na reunião de política monetária no final do mês.
A boa notícia para o Fed é que a inflação anual subjacente, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, ficou em 3,2% no mês passado, abaixo do esperado, um leve declínio em relação a novembro.
“Esse declínio na inflação subjacente é um alívio, mesmo que permaneça bem acima da meta de 2% do Fed”, disse Jochen Stanzl, analista da CMC Markets, em nota.
Para o analista, os dados reforçam a visão do mercado de que o Fed não fará muitos cortes de taxas em 2025, “principalmente porque a situação do mercado de trabalho não gera preocupações”.
“Os dados da inflação de hoje confirmam que o Fed está certo em ser cauteloso com sua política monetária”, acrescentou.
O Federal Reserve cortou suas taxas de juros de referência em suas últimas três reuniões. Reduzir as taxas significa tornar o crédito mais barato e, assim, liberar o consumo e o investimento, o que alimenta a dinâmica da economia.
Com o mercado de trabalho forte, a necessidade de novos cortes em um contexto de inflação crescente é reduzida.
O mercado espera que o Fed interrompa seus cortes de juros, principalmente para evitar o superaquecimento da economia.
Os operadores de futuros dão ao Fed 97% de chances de manter as taxas na faixa de 4,25-4,50% em sua reunião de 28 e 29 de janeiro.
– Causas –
Na comparação mensal, os preços subiram 0,4% entre novembro e dezembro, e 0,2% quando se exclui alimentos e energia.
Os analistas, de acordo com o consenso compilado pelo MarketWatch, esperavam um aumento menor na medição mês a mês, de 0,3%. No entanto, o IPC subiu um pouco mais do que o esperado, impulsionado pelos maiores preços de imóveis, passagens de avião, preços de carros usados e seguros de automóveis, disse o comunicado.
O Fed prioriza outra medida de inflação, o índice PCE, que será publicado no final do mês. A meta do banco central é levar esse índice para 2% ao ano.
O aumento dos preços pode complicar as coisas para o presidente eleito Donald Trump, que se prepara para retornar à Casa Branca na segunda-feira.
Trump apresentou algumas ideias, como aumentos generalizados de tarifas e deportações em massa de imigrantes irregulares, que muitos economistas acreditam que terão um impacto inflacionário por aumentar os preços e reduzir a disponibilidade de mão de obra.
Infomoney - SP 16/01/2025
Após os dados do setor de serviços revelarem um recuo de 0,9% em novembro, analistas financeiros das principais casas de investimento indicam uma desaceleração na atividade econômica no último trimestre de 2024 (4T24).
O resultado, divulgado nesta quarta-feira (15), veio abaixo das expectativas do mercado, que previa uma queda de 0,5%, e interrompeu uma sequência de dois meses de alta, acumulando uma expansão de 2,3% no período anterior.
Apesar do desempenho mais fraco no final do ano dar sinais de desaceleração da atividade econômica, analistas ainda projetam crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, amparados por setores-chave, como serviços de informação e comunicação, que se mantêm 27,4% acima do nível pré-pandemia. Cabe ressaltar que serviços é o maior setor do PIB do Brasil, representando cerca de 70% da economia nacional.
Para Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, o resultado de novembro do setor de serviços surpreendeu negativamente; entretanto, é difícil falar nesse momento em ponto de inflexão, com a queda no volume de serviços prestados muita concentrada em duas atividades, além da base de comparação do mês anterior (outubro) ser elevada.
“O setor de serviços é muito heterogêneo e, na verdade, sua trajetória depende não somente do ambiente macroeconômico, mas também (e, possivelmente, em peso até maior) da dinâmica natural dos negócios. ( )”, avalia Leal.
No comparativo anual, o setor apresentou crescimento de 2,9%, menor que a estimativa de 3,3%. O desempenho mais fraco foi atribuído a resultados negativos concentrados em dois segmentos: transportes, que recuou 2,7%, e serviços profissionais, administrativos e complementares, com queda de 2,6%. Nicolas Borsoi, da Nova Futura Investimentos, também aponta que essa concentração reforça o fraco desempenho observado no mês.
O segmento de transportes foi fortemente impactado pela retração de 13,7% no transporte aéreo, reflexo direto do aumento de 22,65% nos preços das passagens em novembro. Já os serviços técnicos e profissionais, que incluem áreas como consultoria empresarial e engenharia, recuaram 5,1%. Para Matheus Pizzani, da CM Capital, as condições econômicas adversas devem continuar pressionando o setor no início deste ano.
Por outro lado, serviços prestados às famílias e outros serviços apresentaram crescimento de 1,7% e 1,8%, respectivamente. Esse resultado foi impulsionado principalmente pelo setor de alimentação e alojamento, que avançou 2,5% no mês. Economistas destacam que a demanda interna ainda encontra suporte no mercado de trabalho aquecido e nas políticas de estímulo ao consumo.
Heliezer Jacob, do C6 Bank, acredita que o setor de serviços encerrou 2024 com um crescimento próximo a 3%, sustentado pelo consumo doméstico. No entanto, ele projeta uma expansão mais modesta para 2025, de 2%, devido ao impacto de juros elevados e maior incerteza econômica.
De acordo com Igor Cadilhac, do PicPay, o mercado de trabalho forte e o aumento da massa salarial continuam oferecendo suporte à economia, apesar das pressões inflacionárias e da elevação da taxa de juros. Ele aponta que a desaceleração no setor de serviços é gradual e faz parte de uma tendência natural de ajuste após fortes avanços pós-pandemia.
Dados revelam que o setor de serviços ainda está 16,9% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020), com destaque para os avanços em serviços de informação e comunicação (+27,4%) e transporte (+19,8%). Mesmo com a recente retração, os especialistas afirmam que o setor mantém uma base equilibrada, o que pode suavizar os impactos de uma possível desaceleração mais ampla na economia.
Economistas da Genial Investimentos sugerem cautela na avaliação dos dados de novembro, ressaltando que os resultados negativos foram pontuais e limitados a poucos segmentos. O crescimento em categorias voltadas ao consumo, segundo a corretora, indica que o setor ainda possui capacidade de resposta em meio às adversidades.
O Itaú BBA aponta que os números reforçam um viés de baixa para o PIB no último trimestre do ano. A projeção inicial de crescimento de 0,5% pode ser revisada para baixo, dependendo da performance econômica nos meses seguintes.
Crescimento modesto
Apesar do desempenho mais fraco em novembro, analistas mantêm uma perspectiva de crescimento modesto para o PIB em 2025, com estimativas variando entre 2% e 2,5%. Matheus Pizzani diz que fatores sazonais, como o Carnaval e o reajuste do salário mínimo, podem beneficiar o setor de serviços nos primeiros meses deste ano.
A G5 Partners avalia que, embora o dado de novembro tenha surpreendido negativamente, não há evidências claras de uma mudança de tendência no setor. Eles acreditam que a desaceleração será gradual e influenciada por fatores estruturais e macroeconômicos, incluindo as taxas de juros elevadas.
Com os números fechados de novembro, a CM Capital projeta uma queda de 0,4% no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), indicando que o arrefecimento observado nos serviços, indústria e varejo deve pesar no desempenho geral da economia no mês. Os economistas concordam que, embora a desaceleração seja evidente, a atividade econômica brasileira continua bem posicionada em setores específicos, como o consumo.
Infomoney - SP 16/01/2025
Os contratos futuros do minério de ferro ampliaram os ganhos nesta quarta-feira, auxiliados pelos dados de crédito da China melhores do que o esperado, mas o aumento foi limitado pelos temores de uma escalada nas tensões comerciais depois que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, assumir o cargo na próxima semana.
Trump se comprometeu a impor uma tarifa de 60% sobre os produtos chineses.
O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 0,71%, a 782,5 iuanes (106,73 dólares) a tonelada, depois de atingir o maior valor desde 2 de janeiro, a 787,5 iuanes a tonelada, no início da sessão.
O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura subiu 0,26%, para 100,6 dólares a tonelada, depois de alcançar 101,15 iuanes, o maior valor desde 2 de janeiro, no início do dia.
Os bancos chineses concederam 990 bilhões de iuanes (135,03 bilhões de dólares) em novos empréstimos no mês passado, acima do valor previsto em novembro de 2024, superando as previsões dos analistas e impulsionando o sentimento no mercado de ferrosos.
Os preços do principal ingrediente da fabricação de aço subiram cerca de 4% até o momento nesta semana, devido às maiores apostas de estímulo e aos dados fortes do comércio de aço.
“O mercado também continua esperançoso quanto a novas medidas de estímulo após os recentes comentários do vice-ministro das Finanças, Liao Min, de que a China tem poder de fogo fiscal suficiente para responder aos desafios externos”, disseram os analistas do ANZ.
No entanto, os ganhos do preço do minério de ferro foram reduzidos devido às preocupações com a demanda em meio aos persistentes problemas do setor imobiliário da China e à desaceleração do crescimento econômico em função de possíveis aumentos tarifários pelos EUA.
O crescimento econômico da China provavelmente desacelerará para 4,5% em 2025 e esfriará ainda mais em 2026, para 4,2%, mostrou uma pesquisa da Reuters.
Valor - SP 16/01/2025
O Brasil exportou 389,1 milhões de toneladas de minério e concentrados em 2024; com o volume, o país volta a se aproximar do patamar em 2018, quando vendeu ao exterior 389,8 milhões de toneladas
As exportações de minério de ferro tiveram um aumento de 2,9% em 2024 em relação ao ano anterior e retomaram o patamar visto antes da tragédia de Brumadinho (MG), em 2019. Conforme analistas consultados pelo Valor, a tendência é que, em 2025, os embarques continuem a trajetória crescente.
Confira os resultados e indicadores da Vale e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360
Conforme dados consolidados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), o Brasil exportou 389,1 milhões de toneladas de minério de ferro e seus concentrados em 2024. Com o volume, o país volta a se aproximar do patamar visto em 2018, quando vendeu ao exterior 389,8 milhões de toneladas do produto.
Esse volume recuou 10% em 2019, para 350,8 milhões de toneladas, quando houve o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da Vale, em 25 de janeiro daquele ano.
Conforme Mary Silva, analista do BB Investimentos, as exportações oscilaram desde 2019, mas só conseguiram recuperar o patamar anterior ao acidente em 2024. A Vale representou cerca de 70% das exportações totais no ano passado, segundo a analista.
O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) atribui o aumento das exportações em 2024 à retomada da produção por empresas que enfrentaram interrupções nos últimos anos, à entrada de novos “players” no mercado brasileiro e à expansão das operações por companhias consolidadas.
“O período prolongado para recuperação era esperado, dado o impacto significativo do acidente de Brumadinho nas operações e na cadeia produtiva”, afirma o Ibram, em nota.
A China foi o principal destino do minério brasileiro, com 67%, distante do segundo maior comprador, a Malásia, com 5,4%.
Entre os Estados brasileiros responsáveis pelas exportações, o Pará respondeu por 43,2% das vendas de minério de ferro do país para o exterior em 2024, com Minas Gerais ocupando o segundo lugar, com 42,4%.
Apesar do aumento do volume exportado, o Brasil arrecadou menos com a venda de minério de ferro para o exterior em 2024: US$ 29,8 bilhões, um recuo de 2,4% em relação a 2023. Os preços do minério de ferro oscilaram entre US$ 90 e US$ 145 em 2024, conforme o BB Investimentos. Para este ano, o banco estima um preço médio de US$ 92 por tonelada.
O Ibram afirma que, para 2025, a expectativa é de que o cenário seja de aumento no volume de produção, acompanhado por uma tendência de alta nos preços do minério. Em contrapartida, a analista do BB Investimentos pondera que o nível dos embarques em 2025 deve depender da evolução operacional dos principais produtores e das condições climáticas ao longo do ano, principalmente de chuvas, que foram favoráveis em 2024.
A expectativa de redução do consumo de aço na China também é um fator relevante para esse cenário. “Não enxergamos espaço para uma expansão da atividade siderúrgica chinesa a curto prazo, o que pode limitar as importações de minério de ferro na China, principal destino do minério brasileiro”.
A analista do BB Investimentos diz que os embarques devem continuar elevados neste ano, mas sem um aumento significativo em relação a 2024.
“Não é esperado um incremento relevante na capacidade de produção de minério no Brasil. A Vale tem uma meta de produção de 325 [milhões} a 335 milhões de toneladas, ante 328 milhões de toneladas em 2024. A CSN Mineração estima uma produção de 42 [milhões] a 43,5 milhões de toneladas, incluindo compras de terceiros, similar à esperada para 2024”.
Valor - SP 16/01/2025
Embarques de minério de ferro de 2024 ficaram dentro das projeções; para 2025, está mantida expectativa de embarques, igual à do ano anterior, de entre 323 milhões e 338 milhões de toneladas
A produção de minério de ferro da Rio Tinto chegou a 86,5 milhões de toneladas no quarto trimestre de 2024, uma queda de 1% na comparação anual, segundo prévia operacional divulgada nesta quarta-feira (15). Os embarques de minério de ferro também caíram 1% na mesma base de comparação, para 85,7 milhões de toneladas.
A queda na produção também foi vista na divisão de alumínio, que registrou uma diminuição de 1% no ano, para 837 mil toneladas.
Por outro lado, a produção de cobre alcançou as 202 mil toneladas e a de bauxita chegou a 15,4 milhões de toneladas, incrementos de 26% e 2%, respectivamente, ante o quarto trimestre de 2023.
“Estamos fazendo um forte progresso na entrega de crescimento orgânico de nossos principais projetos. A mina subterrânea de cobre Oyu Tolgoi, na Mongólia, continua crescendo com sucesso, enquanto o projeto de minério de ferro de alto teor Simandou, na Guiné, e nossa mina Western Range, em Pilbara, estão dentro do cronograma para a primeira produção este ano”, declarou o presidente-executivo da Rio Tinto, Jakob Stausholm.
No acumulado de 2024, a produção de minério de ferro da Rio Tinto somou 328 milhões de toneladas, queda de 1% em relação a 2023, enquanto os embarques também encolheram 1% no ano, para 328,6 milhões de toneladas.
Os embarques de minério de ferro de 2024 ficaram dentro das projeções divulgadas. Para 2025, a Rio Tinto manteve a sua expectativa de embarques, que é igual à do ano anterior, de entre 323 milhões e 338 milhões de toneladas de minério de ferro.
Auto Industria - SP 16/01/2025
Desta vez os cálculos se inverteram. A associação dos fabricantes prevê crescimento nas vendas de 6,3% sobre 2024, enquanto a federação das concessionárias estima em 5% (mas pode revisar, trimestralmente, ao longo de 2025). De acordo com a Anfavea, a comercialização de veículos novos no ano passado (2,635 milhões de unidades, apesar de dezembro abaixo do esperado) subiu 14,1% sobre 2023, contra apenas 2% da média mundial apontada pela OICA (Organização Internacional da Fabricantes de Veículos, na sigla em francês).
A soma de veículos leves novos e usados em 2024 alcançou 14,4 milhões de unidades, recorde histórico. A recomposição da frota gaúcha destruída pelas enchentes teve peso neste resultado. O Brasil se manteve, porém, como sexto maior mercado mundial de modelos novos, atrás de China, EUA, Japão, Índia e Alemanha. Com produção de 2,550 milhões de veículos (mais 9,7%), o País superou a Espanha, passando ao oitavo lugar.
Apesar da reação no segundo semestre e da desvalorização de quase 30% do real que reduziu preços de vendas ao exterior, exportações caíram 1,3%. Anfavea prevê que exportações subam 7,4% em 2025 com ajuda do câmbio favorável e da aceleração do mercado argentino em contínua recuperação. Por outro lado, as importações se elevaram em 32,5% no ano passado (em valores, R$ 30 bilhões, maior nível desde 2014) puxadas por marcas chinesas.
Este ano os primeiros meses devem ser bons em vendas porque o estoque nas fábricas e concessionárias diminuíram de 29 para 27 dias, de novembro para dezembro de 2024. SUVs continuaram a crescer no ano passado (mais 19,4%), seguidos por picapes (mais 17,9%). Nominalmente SUVs avançaram mais que o dobro de hatches e sedãs (mais 8,1%).
Por tipo de motorização e combustível, flex representou 77%; diesel, 9,8%; gasolina, 4,4%; híbrido plugável, 3,9%; híbridos básico e pleno, 3,2%; elétrico, 1,8%. A queda de veículos elétricos foi expressiva, cerca de 30% no último trimestre de 2024. Este cenário reflete o que já acontece no exterior.
Na Alemanha, maior mercado europeu de veículos, elétricos desmoronaram 27% em 2024 com fim de subsídios e já se cogita de voltar parte destes. Até na China, volume mais importante do mundo, há tendência de estagnação e crescimento de híbridos plugáveis. Nos EUA, a Chrysler desistiu de produzir um crossover elétrico. Algumas estatísticas erradas somam vendas de elétricos e híbridos plugáveis (como se fossem elétricos).
SPVAT, extintores e IPVA: imbróglios de 2025
Quando questões técnicas se juntam à política entre Governo Federal e o Congresso Nacional, tudo desanda mesmo. A começar pelo Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidente de Trânsito (SPVAT). Sem dúvida é necessário e nos países civilizados são regulamentados e por conta da consciência de quem dirige. O antigo DPVAT era coordenado por um pool de seguradoras e o que tinha de errado, principalmente, era cobrar de quem já fazia o seguro em favor de terceiros, ter de pagar de novo um valor pequeno. DPVAT era uma grande soma quando considerada a frota rodante.
Este é o principal ponto a se resolver. Cada proprietário deveria, obrigatoriamente, contratar um seguro específico e comprovar junto aos Detrans ou, quando solicitado por agente de trânsito, mostrar a apólice adquirida com indenizações até maiores. Todavia, simplificação passa longe da cabeça dos políticos. Outro imbróglio: Caixa Econômica Federal administrar o seguro obrigatório, pois é instituição bancária. Do jeito que está, não pode ficar.
Outra polêmica, esta inacreditável, é tentar trazer de volta a obrigatoriedade de extintores de incêndio para veículos leves. Para piorar, lobistas de carros elétricos difundem estatísticas maliciosas sobre risco de fogo. Há 1,4 bilhão de veículos com motor a combustão em circulação no mundo. Frota de elétricos não passa de 5% disso, quase todos praticamente novos, sem histórico do que pode ocorrer depois de 20 anos de uso ou acidentes. Tipo de discussão inócua insuflada por fabricantes de extintores.
Por fim, qual o problema de o governo de São Paulo reduzir provisoriamente o IPVA para veículos híbridos flex fabricados no Estado por apenas dois anos? Nenhum. Afinal, gera empregos, estimula os híbridos e a alíquota anterior voltará paulatinamente de 2027 a 2030. Elétricos são todos importados com alíquotas “camaradas”. Tão cedo não vão gerar muitos empregos no País, até que se crie uma rede capilar de recarga e de produção local de baterias.
CES não é salão de automóveis, mas estes têm seu espaço
Las Vegas, apelidada nos EUA de “cidade do pecado”, demonstra sua aura além dos cassinos. Alguns fabricantes de automóveis e autopeças aparecem por lá todos os anos (são apenas 10% entre mais de 4.000 expositores). Procuram chamar a atenção em um evento que tem abrangência impressionante. Na CES (Consumer Electronics Show) palestras se sucedem quase sem fim (mais de 300 de 1.200 apresentadores), espremidos entre 170.000 visitantes, de 7 a 10 de janeiro deste ano.
Fabricantes europeus tiveram presença discreta, ao contrário das asiáticas e de empresas de tecnologia americanas focadas em direção autônoma. BMW sempre prestigia e desta vez com iDrive de nova geração que inclui projeção de dado de uma ponta a outra, acima do para-brisa. Será que ninguém vai se distrair com isso? Mercedes-Benz anunciou acordo com a Sony, dona da Columbia Pictures, para suas telas a bordo. Hyundai Mobis partiu para um interessante projetor de dados holográfico.
Toyota avançou no seu ambicioso projeto de cidade-laboratório, no interior do Japão, para várias tecnologias com inauguração este ano, demonstrada mais uma vez pelo presidente do Conselho, Akio Toyoda. Foco na IA (Inteligência Artificial) que está no cerne dos táxis autônomos da Waymo (Google). Estes, aliás, flagrados em um recente vexame: um deles se atrapalhou em uma rotatória da qual não conseguia sair e o passageiro quase perdeu seu voo.
Honda destacou-se na reapresentação evoluída de um SUV e um sedã elétricos, batizados de Série 0 (zero), a serem produzidos nos EUA, além do Afeela 1, em parceria com a Sony, na faixa de US$ 100 mil (R$ 600.000). Suzuki estreou na CES apresentando novo people mover autônomo para transporte de pessoas em espaços controlados e, no futuro, igualmente em cidades.
C3 You! resgata experiência de compactos rápidos
Um hatch compacto — 3.981 mm de comprimento, 2.540 mm de entre-eixos, 1.734 mm de largura e 1.587 mm de altura — com motor tricilindro turbo flex de 1 L, 130 cv (E)/125 cv (G), 20,4 kgf·m e massa em ordem de marcha de 1.115 kg torna-se combinação atraente para quem gosta de acelerar. E isso o C3 You! faz bem, mas exige certa atenção em curvas. Afinal, com o mesmo vão livre do solo de 180 mm, suspensão levemente mais firme e pneus de mesma seção (195/65 R15) das outras versões, não se pode esperar muito nesse mister.
A decoração tem apliques azuis exclusivos externos e internos que fogem do tradicional vermelho, sem nenhum atrativo em especial. Também não ajudam uma posição alta demais ao volante e a sentida ausência de simples conta-giros no modesto quadro de instrumentos. Para compensar há uma boa tela multimídia de 10 pol. e câmera de ré, além de conexão sem fio (AndroidAuto e Apple CarPlay) para celulares.
As limitações do projeto deixaram de lado a regulagem de distância do volante. Mas o espaço interno é muito bom, em especial no banco e trás. Porém, os comandos dos vidros elétricos traseiros ficam no console em posição recuada, inadequada. Porta-malas oferece bons 315 litros, acima da média dos compactos.
Não dá para considerá-lo um hot hatch, contudo o desempenho mostra-se razoável com aceleração de 0 a 100 km/h em 8,4 s (só consegui 9 s). Motor funciona em boa harmonia com o câmbio automático CVT de sete marchas. É pouco suave, como todos de três cilindros, todavia seleção do modo Sport proporciona um pouco mais de emoção nas respostas ao acelerador.
Auto Industria - SP 16/01/2025
Apesar do balanço positivo de vendas e produção em 2024, a Anfavea segue preocupada com a enxurrada de carros chineses elétricos que entram no País com Imposto de Importação reduzido.
A entidade insiste na necessidade de as atuais alíquotas, de 18% para elétricos e 25% para híbridos, voltarem ao patamar normal de 25%, o que está previsto apenas para 2026.
Balanço de 2024 mostra que as vendas de carros chineses praticamente triplicaram em um ano, com alta de 187% sobre 2023, de 42 mil para 120,3 mil unidades.
Globo Online - RJ 16/01/2025
O Brasil deixou de arrecadar R$ 6 bilhões em tributos em 2024 por não taxar a importação de veículos elétricos e híbridos em 35% como fazem outros países. O cálculo foi feito pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entidade que representa as montadoras que produzem no país.
— Não podemos ficar reféns das importações. Precisamos atenção para que os investimentos não desmoronem — disse Leite, lembrando que o setor anunciou investimentos de R$ 180 bilhões no país até 2030.
No ano passado, apesar do juro elevado, o setor automotivo teve bom desempenho: 2,6 milhões de unidades vendidas (alta de 14,1% em relação a 2023), 2,5 milhões produzidas (alta de 9,7%) e 398 mil veículos exportados (queda -1,3%).
As importações alcançaram 467 mil unidades (alta de 32,5%), sendo 200 mil desses veículos movidos a eletricidade. O Brasil tomou o oitavo lugar como maior produtor global de veículos da Espanha. Após divulgar os números, Lima Leite, que deixa o comando da Anfavea em abril deste ano, falou ao GLOBO.
Como será possível recuperar, este ano, o patamar de vendas de 3 milhões de unidades com juro alto, e dólar a R$ 6?
Em dezembro, as nossas projeções estavam em 3 milhões. Mas houve o dólar e o aumento dos juros, já sinalizando mais dois pontos de aumento em 2025. Então, recuamos nossas previsões. Hoje, o cenário mais provável é que a gente vai bater na trave, mas não vai chegar nos 3 milhões. Talvez em 2026.
O crédito é a chave para atingir esse número?
O nosso setor vive de crédito. Historicamente, 70% das vendas eram a prazo e 30% à vista. Ano passado, foram 45% de vendas a prazo e 55% à vista. Em 2024, a oferta de crédito cresceu 36%, chegando a R$ 200 bilhões, com inadimplência baixa. E agora há garantia, com a retomada do bem.
Então, se a oferta de crédito continuar, a gente chega lá. E,claro, com produtos que caibam no bolso. No ano passado, a venda de usados e novos somou 14,2 milhões de unidades, recorde histórico. E isso é importante para nós, porque muita gente que vende o carro usado pega um novo.
No ano passado, a balança comercial do setor fechou negativa pela primeira vez em uma década. E para este ano?
Esse quadro só vai mudar se a alíquota de importação dos veículos elétricos e híbridos for elevada para 35% (hoje está em 18% e só chega aos 35% em 2026). A conta é simples: o mercado no mundo está se reduzindo, mas cresce no Brasil. O aumento da capacidade instalada em outros países, especialmente a China, tem que ter um destino. O foco é aumentar a exportação e não produzir fora da China. E o Brasil é o principal foco da China para exportação.
E quais as consequências disso? Este ano, os chineses começam a produzir também no Brasil...
Nós precisamos ter uma atenção muito grande para que isso não desmorone os investimentos de R$ 180 bilhções anunciados. É natural que uma empresa que chegue ao Brasil comece com CKD (sistema usado para importar veículos desmontados de outros países, que são montados no país de destino).
O que o Brasil não deve aceitar é que tenha esse aumento de produção sem a nacionalização das etapas fabris. É isso que traz geração de empregos. Temos visto um movimento tímido de comprar de fornecedores nacionais. Muitos dizem que não foram nem contatados por essas empresas que estão chegando. Eu não sei dizer se é verdade, mas é fundamental que isso aconteça.
Existe sinalização do governo para rever a alíquota de importação para 35%?
Nós tivemos uma reunião com o presidente Lula, com o ministro Geraldo Alckmin, com o ministro Fernando Haddad. Estavam lá vários sindicatos de trabalhadores, indústria de peças. Houve uma compreensão muito clara de que era necessário restabelecer a alíquota com urgência por que isso poderia impactar esse ciclo virtuoso do setor automotivo. A sinalização que a gente vem tendo é positiva para acelerar a recomposição do imposto de importação.
A Anfavea fez um cálculo da renúncia fiscal sem o aumento de imposto...
Sim, são R$ 6 bilhões em 2024, ou US$ 1 bilhão. É muita coisa. E para favorecer quem? Essa é a questão. Tanto nas importações quanto nas exportações, nós precisamos ter um olhar de governo. Não podemos ficar reféns das importações. Quando as importações impactam a realidade do país, a economia, ela acaba sendo um elemento de desequilíbrio.
Nós queremos que haja investimento no Brasil, independente de ser chinês, europeu, americano. Quando se investe no país, as empresas passam a ter acesso às tecnologias, e a gente passa a ter fornecedores capacitados.
Como aumentar as exportações de veículos?
Para eu lançar um produto na Argentina, além da homologação que é feita no Brasil, eu levo seis meses. O mesmo no Chile. A China coloca em 15 dias. Precisamos avançar em relação à harmonização regulatória. O Brasil precisa ter acordos com esses países, não só de questões tarifárias, mas regulatórias. Então, até eu lançar um produto nesses países, as novidades vêm de outros mercados. Com isso, o Brasil perde participação.
Sua gestão na Anfavea ocorreu num momento de chegada de novas tecnologias, a elaboração do Mover, a vinda das montadoras chinesas. Como foi a relação com o governo?
A Anfavea teve uma atuação não com foco lobista, mas nos propusemos a mostrar a força da indústria. Fizemos um salão do automóvel em Brasília para apresentar ao poder público um carro elétrico e híbrido, e como isso impacta a cadeia de suprimentos. Apresentamos as novas tecnologias também para os governadores. Levamos conteúdo técnico. A gente percebia uma distância muito grande da indústria para o poder público.
O Programa Mover, por exemplo, contemplou tudo o que a indústria automotiva queria?
Ele é referência mundial. Podia ser mais ou menos incentivo fiscal, mas o grande mérito do programa foi trazer previsibilidade ao setor. Isso permitiu o investimento de R$ 180 bilhões. E serão R$ 60 bilhões só em pesquisa e desenvolvimento. As montadoras chinesas já se habilitaram no Mover e a vantagem é essa. Qualquer um que queira investir no Brasil tem os requisitos a serem cumpridos.
O que você aprendeu como presidente da Anfavea?
O quão importante é ter uma interlocução saudável com o poder público. Quem está de fora tem uma ideia de lobista. E eu tinha essa ideia, muitas vezes equivocada. E aprendi também que o que falta são propostas. Muitas vezes as pessoas reclamam muito. Uma vez eu apresentei as nossas dificuldades, a chegada de chineses, a burocracia do Brasil. E a resposta que tive foi: então qual é a sua proposta. É preciso ir ao governo com propostas efetivas.
Revista Ferroviaria - RJ 16/01/2025
O Nordeste terá, pelos próximos dois anos, uma das maiores fatias de investimentos do Novo PAC em obras de mobilidade, incluindo não só rodovias, mas ferrovias também. Segundo dados do Ministério dos Transportes, dos 302 empreendimentos previstos para o país, 125 estão em estados nordestinos e têm previsão de receber R$ 27 bilhões em investimentos. Além da Transnordestina, o Governo Federal pretende ainda realizar estudos técnicos sobre a antiga malha ferroviária e iniciar outras obras para garantir melhoria na mobilidade em diversas cidades da região, além de melhorar as condições de rodovias.
Uma das grandes obras em andamento é a Transnordestina, que após a liberação de R$ 3,6 bilhões, por meio do crédito do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), permitirá à concessionária Transnordestina Logística S. A. (TLSA) avançar na etapa final da ferrovia. Segundo informações da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário (SNTF), no último mês foi contratado mais um lote do trecho Missão Velha-Pecém (MVP 07) e está para ser contratado o lote MVP 11. Os demais segmentos (MVP 8, 9 e 10) serão contratados ao longo de 2025.
Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário TIC Trens: o sonho começa a virar realidade SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Paralelo às obras desta ferrovia, o Ministério dos Transportes deu início a um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental, por meio da Infra S.A., em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para avaliar as condições dos 7.200 quilômetros de ferrovia sucateados e que cortam os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
Ferrovias no Nordeste
A Malha Nordeste está concessionada à Ferrovia Transnordestina Logística S.A. (FTL) desde 1997. “O objetivo desse processo é avaliar a condição de cada trecho e determinar a melhor alternativa de aproveitamento, considerando sua viabilidade para uso ferroviário ou outras finalidades. Neste cenário, será possível potencializar o uso das ferrovias existentes na região. Além disso, o ministério criou grupo de trabalho para avaliar os trechos a serem devolvidos e a respectiva indenização, bem como o escopo de novo modelo para racionalização da malha operacional. Os debates já foram finalizados e agora o relatório desse GT está em fase de validação na pasta”, informou a Secretaria ao Movimento Econômico.
Trens de passageiros entram no radar de obras em 2025
Segundo a SNTF, ao longo deste ano, haverá a retomada das obras do trecho pela Infra S.A. no trecho Salgueiro-Suape, em Pernambuco e a continuidade de estudos técnicos, realizados pela Infra S.A. para avaliar a possibilidade de implantação de trens de passageiros nos trechos de Fortaleza- Sobral, no Ceará, e entre São Luís e Itapecuru-Mirim, no Maranhão.
Já no tocante à malha rodoviária, o Ministério dos Transportes desenvolverá, em 2025, estudos focados na melhoria da infraestrutura de rodovias na região.
O Nordeste está contemplado com uma das maiores parcelas de investimentos no Novo PAC, contando com um total de 125 empreendimentos dos 302 previstos para todo o país. Dentre os 125 empreendimentos da região Nordeste, contabilizam-se 52 estudos e projetos e 73 obras previstas na carteira completa do programa. Ao todo, o Novo PAC tem previsão de receber R$ 27 bilhões em investimentos. Também serão investidos outros R$ 52,6 bilhões em mais 15 projetos dentro do Novo PAC Ferrovias, segundo informou o MT ao Movimento Econômico.
Segundo o Ministério, em 2024, foram executados mais de 3.243,6 quilômetros de obras rodoviárias, incluindo obras de pavimentação, adequação, duplicação, restauração e revitalização, sendo 180 quilômetros de obras de construção e 52 Obras de Arte Especiais (OAEs).
Capitais e cidades polo do Nordeste terão obras de mobilidade
O crescimento das capitais e cidades da região Metropolitana tem ocasionado uma tendência pelo país: trânsito para quem chega ou sai e piora na mobilidade em vários trechos da cidade. Em Alagoas e Pernambuco, por exemplo, as obras do Arco Metropolitano pretendem dar fluidez para quem trafega, seja na locomoção ao trabalho ou para empresas que precisam escoar mercadorias.
A mesma problemática também vem ocorrendo em cidades maiores e que possuem polos industriais, por exemplo. As cidades de Recife, Abreu e Lima, ambas em Pernambuco, e Fortaleza, no Ceará, estão inclusas em estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, realizados pelo Ministério dos Transportes, a fim de promover obras que melhorem a mobilidade urbana nas rodovias federais que cortam estas cidades.
No escopo do novo PAC, das 73 obras previstas na carteira do programa, a Secretaria Nacional de Transportes Rodoviário (SNTR) disse ao Movimento Econômico que há destaque para empreendimentos de melhoria da mobilidade urbana em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, onde está previsto obras de adequação da Travessia Urbana de Petrolina. Já no interior da Bahia, a cidade de Feira de Santana tem previsto obras do contorno Leste.
Já nas capitais, o Ministério dos Transportes vai construir o Arco Metropolitano de João Pessoa, na Paraíba, realizar a adequação da travessia em Teresina, no Piauí, e executar as obras do Contorno Oeste, na cidade de Balsas, no Maranhão.
Infomoney - SP 16/01/2025
O Deutsche Bank indicou nesta quarta-feira que os preços do petróleo Brent podem potencialmente subir para 87 a 90 dólares por barril (bbl) se a produção russa de petróleo sofrer uma interrupção de 1 milhão de barris por dia (mmb/d) entre o segundo e o quarto trimestres, potencialmente inflacionando os preços do petróleo.
No entanto, o banco alemão observou que esse cenário também poderia levar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, incluindo a Rússia (Opep+), a acelerar os aumentos de oferta planejados, o que exigiria concessões às autoridades russas, limitando assim a alta do preço do petróleo.
O Tesouro dos EUA anunciou na sexta-feira sanções novas e abrangentes contra o setor energético russo, incluindo as grandes petroleiras Gazprom Neft e Surgutneftegaz, para tentar impedir Moscou em sua guerra com a Ucrânia.
Na semana passada, o Deutsche Bank revisou a previsão média para o Brent em 2025 de 66 dólares/barril para 72 dólares/barril, citando a decisão da Opep+ de dezembro, bem como os sinais da Autoridade Portuária de Shandong de que começaria a restringir a atracação e o descarregamento de navios sancionados pelos EUA.
O chinês Shandong Port Group emitiu um aviso em 6 de janeiro proibindo a entrada de navios petrolíferos sancionados pelos EUA em sua rede de portos, de acordo com três traders, potencialmente restringindo os navios da lista negra a utilizarem a rede dos principais terminais da costa leste da China.
“Embora a extensão das sanções seja surpreendente, o Departamento do Tesouro dos EUA deixou espaço para endurecer ainda mais se as negociações entre os EUA e a Rússia chegarem a um impasse após a posse do presidente eleito Donald Trump”, disse o Deutsche Bank.
Infomoney - SP 16/01/2025
Em dia repleto de catalisadores, os contratos futuros do petróleo voltaram nesta quarta-feira (15) a fechar em alta forte com previsão da Opep de aumento da demanda, redução dos estoques americanos e ainda sob o efeito de sanções dos EUA à Rússia. Esses fatores se sobrepuseram ao anúncio de cessar-fogo entre Israel e Hamas em Gaza.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março fechou em alta de 3,06% (US$ 2,34), a US$ 78,71 o barril, enquanto o Brent para mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 2,64% (US$ 2,11), a US$ 82,03 o barril.
Pouco antes do fechamento, os mediadores das negociações entre Israel e o Hamas (Israel, Catar e Egito) confirmaram o fechamento do acordo para cessar-fogo na Faixa de Gaza. A trégua começa oficialmente no próximo domingo, 19.
Israel pode aliviar a pressão em Gaza para fortalecer seus laços com os EUA e aumentar a pressão sobre o Irã – que é um grande exportador de petróleo. Dessa forma, as tensões geopolíticas permanecem altas nas frentes da Rússia e do Oriente Médio, diz Ipek Ozkardeskaya, analista sênior do Swissquote Bank.
O anúncio chegou a desacelerar levemente os ganhos do petróleo, mas longo o ritmo de ganhos voltou a ganhar fôlego. As tensões entre EUA e Rússia seguem fazendo preço. Nesta quarta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, sugeriu que a Rússia pode adotar ações retaliatórias em resposta às recentes sanções americanas direcionadas ao seu setor de energia. No radar, a BP e o governo do Iraque concordaram com a maioria dos termos comerciais necessários para revitalizar o campo de petróleo de Kirkuk.
Também em foco, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manteve a previsão para o crescimento da demanda e oferta global para a commodity este ano. Além disso, a Agência Internacional de Energia (AIE, na sigla em inglês) ainda espera crescimento forte da demanda de petróleo em 2025 devido aos preços mais baixos e a uma perspectiva econômica melhor nos países desenvolvidos.
Já nos EUA, os estoques de petróleo tiveram queda de 1,962 milhão de barris, informou o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês).
Analistas consultados pelo The Wall Street Journal previam queda menor, de 1,1 milhão de barris. De qualquer forma, a Capital Economics continua com a sua previsão abaixo do consenso de que o Brent cairá para US$ 70 no final de 2025 e US$ 60 no final de 2026.
Grandes Construções - SP 16/01/2025
Uma ponte planejada para unir dois importantes estados brasileiros – Paraná e Mato Grosso do Sul – poderá mudar drasticamente o cenário do transporte de cargas no país.
Com a promessa de reduzir custos logísticos, encurtar distâncias e impulsionar a economia regional, o projeto da ponte sobre o Rio Paraná avança para etapas decisivas, acendendo as expectativas de setores como o agronegócio.
Homologado em abril de 2023, o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) está em sua fase final e deve ser concluído dentro de dois meses, segundo informações do Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Esse estudo, crucial para determinar a viabilidade da construção, foi financiado pela Itaipu Binacional, que investiu cerca de R$ 3 milhões nessa etapa inicial.
Características da obra – A ponte será uma estrutura monumental, com cerca de 1.800 metros de extensão e 13 metros de largura.
Ela contará com 7,2 metros de pistas, 2,5 metros de acostamentos e barreiras de segurança do tipo New Jersey de 40 centímetros, além de vigas pré-moldadas para garantir robustez.
O vão central, responsável por permitir a navegação, será construído utilizando a técnica de balanços sucessivos, considerada uma das mais modernas e eficazes em projetos desse porte.
Segundo o DER, a construção da ponte não será o único investimento previsto no projeto.
Estão planejadas melhorias nas rodovias do lado paranaense e a implantação de novas vias no Mato Grosso do Sul, somando um investimento estimado em R$ 1,4 bilhão.
Essas obras complementares serão essenciais para aproveitar ao máximo o potencial da nova rota.
Impactos econômicos e logísticos – Uma das principais promessas da nova ponte é a redução de distâncias.
Atualmente, o transporte de grãos das regiões do Centro-Oeste até o Porto de Paranaguá, no Paraná, precisa passar pelas rodovias de São Paulo, tornando o trajeto mais longo e caro.
Com a conclusão da ponte, a distância será reduzida em pelo menos 100 quilômetros, o que representará um ganho logístico significativo para o escoamento da produção agrícola brasileira.
Além disso, a obra deve aliviar o tráfego nas rodovias paulistas, distribuindo melhor o fluxo de veículos pesados e prolongando a vida útil dessas vias.
Para o setor agrícola, essa economia logística poderá se traduzir em maior competitividade no mercado internacional, ao reduzir custos de transporte para as exportações que saem pelo Porto de Paranaguá.
A ligação entre Paraná e Mato Grosso do Sul será feita via Distrito de Porto São José, localizado no município de São Pedro do Paraná.
Essa localização estratégica não apenas beneficia os estados diretamente envolvidos, mas também fortalece o corredor logístico que conecta o Centro-Oeste às regiões portuárias do Sul.
Avanço do projeto – Após a conclusão do EVTEA, o próximo passo será a realização de estudos de impacto ambiental.
Esses levantamentos são essenciais para garantir que a obra atenda às exigências ambientais e minimize possíveis danos à fauna e à flora da região.
Somente depois dessa etapa é que os projetos de engenharia poderão ser finalizados e, posteriormente, licitados para a execução da construção.
De acordo com as autoridades estaduais, o andamento do projeto dependerá de uma articulação eficiente entre os governos do Paraná, Mato Grosso do Sul e federal.
A cooperação entre essas esferas será crucial para garantir o financiamento e a execução da obra no menor prazo possível.
O futuro da ponte – Embora o projeto esteja avançando, desafios ainda precisam ser superados.
Questões relacionadas ao financiamento completo da obra e à coordenação entre os governos podem atrasar o cronograma previsto.
No entanto, a expectativa de que essa ponte represente um marco na infraestrutura de transportes do Brasil mantém o otimismo entre as partes interessadas.
A conclusão dessa obra monumental representará um divisor de águas para o transporte de cargas e o agronegócio brasileiro.
A redução de custos logísticos, a melhoria das condições das rodovias e o fortalecimento da integração regional são apenas alguns dos benefícios esperados.
Agrolink - RS 16/01/2025
A tecnologia de drones está transformando o futuro da aviação agrícola, abrindo novas possibilidades para o setor e ampliando a eficiência no manejo das lavouras. Com sua capacidade de aplicação de insumos de forma precisa e em áreas de difícil acesso, os drones surgem como uma alternativa promissora aos aviões agrícolas tradicionais, especialmente em pequenas e médias propriedades.
Os drones agrícolas destacam-se pela versatilidade. Equipados com sensores e câmeras avançadas, eles permitem o mapeamento detalhado do solo, identificam focos de pragas e doenças e aplicam defensivos com precisão cirúrgica. Essa tecnologia não só reduz custos com insumos, mas também minimiza impactos ambientais, ao evitar a aplicação excessiva de produtos químicos.
Segundo dados de mercado, o uso de drones na agricultura vem crescendo exponencialmente nos últimos anos, impulsionado por inovações tecnológicas e pela busca por soluções mais sustentáveis. Empresas especializadas no desenvolvimento de drones agrícolas relatam um aumento expressivo na demanda, especialmente em culturas como soja, milho e café, onde a precisão e a agilidade são cruciais.
Embora os drones não substituam completamente os aviões agrícolas, que ainda são indispensáveis para grandes áreas de cultivo, eles se consolidam como uma ferramenta complementar, atendendo propriedades menores e oferecendo suporte em operações específicas. Além disso, sua operação demanda menor custo inicial e menor impacto ambiental, tornando-os acessíveis a um maior número de agricultores.
Apesar das vantagens, o setor ainda enfrenta desafios, como a regulamentação do uso de drones e a capacitação de operadores. No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) regula o uso de aeronaves não tripuladas, exigindo treinamento específico e cumprimento de normas de segurança. Especialistas acreditam que, à medida que a tecnologia avance, esses desafios serão gradualmente superados.
Com perspectivas otimistas, o futuro da aviação agrícola passa pela integração de drones e aeronaves tripuladas, promovendo uma agricultura mais eficiente, sustentável e tecnológica. A inovação promete transformar a forma como os agricultores lidam com a produção, garantindo maior produtividade e conservação dos recursos naturais.