Clipping Diário

19 | Dezembro | 2024

SIDERURGIA

IstoÉ Dinheiro - SP   19/12/2024

A Nippon Steel Corporation anunciou a assinatura de um acordo com a Champion Iron Limited para assumir 30% do projeto de minério de ferro Kami, no Canadá. A Sojitz assumirá outra fatia de 19% no mesmo projeto localizado em Newfoundland e Labrador.

Em comunicado, a Nippon Steel, maior grupo siderúrgico do Japão, afirmou que busca assegurar suprimentos de longo prazo de minério de ferro de alta qualidade. O projeto tem reservas estimadas de aproximadamente 600 milhões de toneladas.

“Para garantir matéria-prima para redução direta de minério necessário para as futuras operações EAF, decidimos realizar uma parceria e colaborar com a CI e a Sojitz para desenvolver o projeto Kami e dar andamento a um estudo de viabilidade”, informou a companhia em comunicado.

“Garantir o fornecimento de minério de ferro de qualidade de redução direta é uma vantagem estratégica crítica para a Nippon à medida que buscamos nossa transição para reduzir as emissões na siderurgia. Kami se beneficia de um dos melhores recursos e é um dos projetos de minério de ferro de qualidade de redução direta mais avançados do mundo”, disse o diretor executivo da Nippon, Ryuichi Nagai, em comunicado separado divulgado pela Champion Iron.

A Champion Iron informou que os parceiros contribuirão inicialmente com US$ 245 milhões pela participação de 49% e que a companhia pode receber pagamentos futuros com base no desempenho financeiro do projeto, quando a operação for iniciada.

Caso a empresa e os parceiros tomem uma decisão final de investimento positiva após a conclusão de um estudo de viabilidade definitivo, os parceiros compartilharão os custos de desenvolvimento e construção do projeto de acordo com suas respectivas fatias na propriedade, de acordo com a Champion Iron.

“Por meio da transação e futuras contribuições pro-rata dos parceiros, o projeto se beneficiará de até $ 490 milhões em contribuições antes que a Champion exija financiamento de capital adicional para sua parcela pro-rata do projeto”, informou a companhia.

Valor - SP   19/12/2024

Multinacionais brasileiras expandem campo de pesquisas para explorar novas ideias de produtos e processos

Costa, do Cubo Itaú: presença em Montevidéu para atrair mais players da América Latina — Foto: Divulgação

Polos efervescentes de inovação globais atraem cada vez mais grandes multinacionais brasileiras com investimentos robustos em centros de pesquisas no exterior, especialmente nos Estados Unidos, China, Reino Unido e Alemanha. Esses hubs de inovação, mais do que atrair startups, são iniciativas de “contaminação e validação” para novas ideias, tanto para produtos como para novas rotas de processos.

Carlos Alberto Fonseca de Moraes, diretor-executivo de P&D Investimentos da farmacêutica EMS, destaca que o principal centro de inovação disruptiva (radical) da companhia está em Atlanta, nos Estados Unidos, com as suas controladas Brace Pharma e Vero Biotech. “O olhar da empresa está voltado para quatro principais frentes de inovação hoje: remédios genéricos de alta complexidade; inovação incremental (novas associações e formas farmacêuticas); biotecnológicos (com a Bionovis, empresa de alta tecnologia na qual a EMS possui participação) e a inovação radical, nos Estados Unidos”, elenca Moraes.

A EMS detém hoje o maior centro de P&D farmacêutico da América Latina, em Hortolândia (SP), com mais de 650 pesquisadores. Para 2025, os investimentos locais da EMS em P&D estão previstos em pelo menos R$ 700 milhões, quando o número de pesquisadores e PhDs deve saltar para 914, em Hortolândia. “O grande marco da inovação da EMS em 2024 aconteceu em agosto, quando inauguramos a Rio Biopharmaceuticals Brasil Ltda. (RBBL).

Carlos Alberto Fonseca de Moraes, diretor-executivo de P&D investimentos da EMS: "O Lyberdia introduziu a EMS em uma nova era na neurociência" — Foto: Divulgação

A fábrica é a primeira com tecnologia de ponta para produzir e comercializar, no mundo, moléculas como liraglutida e semaglutida, destinadas ao tratamento de obesidade e diabetes tipo 2. A RBBL irá garantir à EMS inovação na produção de peptídeos, especialmente os análogos de GLP-1 injetáveis. O GLP-1 é um hormônio fisiológico produzido pelo intestino (incretinas), liberado na presença de glicose, que sinaliza ao cérebro que estamos alimentados, diminuindo o apetite. Ele aumenta os níveis de insulina e equilibra os níveis de açúcar no sangue”, diz Moraes.

O mais recente projeto de inovação da EMS, em 2024 foi o lançamento do Lyberdia, indicado para o tratamento do TDAH e transtornos alimentares, que, além de portfólio completo em cápsulas da molécula de dimesilato de lisdexanfetamina, trouxe também para o mercado nacional a versão em gotas (inédita no mundo), que permite individualizar a dosagem conforme a necessidade terapêutica de cada paciente. O Lyberdia introduziu a EMS em “uma nova era” na neurociência e reforça o portfólio da empresa para o sistema nervoso central e amplia a sua atuação em psiquiatria e neurologia.

As multinacionais brasileiras têm projetos de inovação de ponta no exterior que já conseguiram, inclusive, investimentos diretos dos governos locais. É o caso da centenária Gerdau, maior produtora de aço do Brasil. Segundo Gustavo França, diretor global de TI e digital da Gerdau, a companhia participa de um projeto nos Estados Unidos que pesquisa o uso de hidrogênio em escala industrial na produção de aço. A iniciativa recebeu um investimento de US$ 10 milhões — o maior valor já destinado pelo governo norte-americano a estudos de descarbonização sobre o uso do hidrogênio em escala industrial. A pesquisa está sendo conduzida pela Purdue University, com o apoio da Linde (líder global em gases industriais) e de empresas produtoras de aço. Os testes são realizados na planta da Gerdau em Monroe, Michigan.

França, da Gerdau: uso de hidrogênio em escala industrial na produção de aço — Foto: Divulgação

Na Gerdau, as projeções de Capex estratégico e Ebitda potencial anual somam R$ 9,2 bilhões. Desses valores, R$ 3,4 bilhões já foram investidos e R$ 5,8 bilhões estão projetados para os próximos anos, até 2027. A Gerdau destina o equivalente a 5% de sua receita para a área de inovação.

A aproximação com o ecossistema de startups amplia a inovação aberta dentro da siderúrgica. Entre as iniciativas significativas está a Gerdau Challenge FIEMG LAB, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. Há ainda associação com outros parceiros, como o Distrito, a maior plataforma de transformação e inovação aberta do país, e o Conecta Caldeira, programa de inovação aberta do Instituto Caldeira, onde a Gerdau lança desafios corporativos para resolução por startups no ecossistema de inovação. Além disso, desde sua criação, em 2020, a Gerdau Next, tornou-se o braço de novos negócios, adjacentes ao aço, em quatro clusters estratégicos: construtech, sustentabilidade, mobilidade e tecnologia. “Nos últimos anos, temos ampliado a sinergia entre as empresas que compõem o portfólio Next e startups, que inclui, por exemplo, cinco empresas de propriedade integral e oito joint ventures com grandes empresas no Brasil, México e América do Norte. Através da Gerdau Next Ventures, com o fundo de ‘corporate venture capital’, já realizamos investimentos em startups brasileiras, mexicanas, colombianas e norte-americanas”, conta França.

A Gerdau está investindo também em um programa de conectividade pioneira na indústria de produção de aço, dentro dos aportes do conceito da indústria 4.0. Recentemente, finalizou a implantação da tecnologia 5G privada na unidade de Ouro Branco (MG), a maior operação da companhia no mundo. Com a tecnologia 5G, houve um salto na digitalização da empresa, o que permitirá à Gerdau expandir seus investimentos em avanços como veículos autônomos e telecontrolados, internet das coisas e inteligência artificial.

Outra multinacional, a WEG, de Jaraguá do Sul (SC), mantém seu ritmo de investimentos anual em P&D em 2,6% da sua receita líquida. Em 2023 esse montante foi de R$ 832,5 milhões, segundo Rodrigo Fumo, diretor-superintendente da WEG Motores Industriais. Desde 2020, a WEG iniciou mais de cem projetos em parcerias com universidades do Brasil e do exterior, principalmente na Alemanha, China, Estados Unidos e Portugal. O foco de inovação dessas parcerias são mobilidade elétrica, soluções digitais e conectividade, eficiência energética e industrial, energias renováveis e soluções sustentáveis.

No momento, em andamento na inovação na WEG, estão os motores ultracompactos com uso de material nanocristalino (parceria com a CBMM, líder de nióbio). Esses motores de fluxo axial apresentam projeto compacto e, nos testes, o material nanocristalino com nióbio reduziu em 53% as perdas totais do motor, aumentando em 6,7% seu rendimento. Há também projeto de aerogerador (eólico) de 7 MW (parceria com a Petrobras), que se tornará a maior máquina em operação no mercado brasileiro. Outra parceria é com a Horse, para aprimoramento da tecnologia Range Extender, que combina a propulsão de um veículo elétrico (EV) com um motor de combustão interna para comerciais leves. A WEG possui atualmente 32 centros de pesquisa e customização de produtos espalhados pelo mundo com cinco mil engenheiros.

A centenária Suzano, líder global de celulose, tem sete centros de pesquisa, sendo quatro no Brasil e três no exterior: Limeira (SP), com foco em biorrefinaria; Aracruz (ES), com foco no desenvolvimento de celulose; Jacareí (SP), com foco em P&D florestal; Itapetininga (SP), unidade da nova subsidiária Futuragene, de biotecnologia florestal; Burnaby (Canadá), voltado a biorrefinaria, como o desenvolvimento de aplicações para lignina celulose microfibrilada; Rehovot (Israel), destinado a estudos avançados em biotecnologia florestal; Xangai (China), inaugurado em 2023, de desenvolvimento de soluções para clientes na Ásia e conexão ao ecossistema de inovação chinês. A Suzano emprega 195 cientistas e PhDs na área de P&D, sendo 30 deles no exterior, e gasta 1% da sua receita líquida em inovações.

A vocação florestal da Suzano a levou expandir sua atuação para produção de fibras têxteis a partir da árvore como alternativa natural ao poliéster, derivado do petróleo, e ao algodão. “Nesse segmento temos uma joint venture com a finlandesa Spinnova, chamada Woodspin, e neste ano adquirimos participação na Lenzing, empresa austríaca especializada em fibras sustentáveis. Também adquirimos da Pactiv Evergreen duas fábricas localizadas nos Estados de Arkansas e Carolina do Norte, nos Estados Unidos”, enumera Fernando Bertolucci, vice-presidente-executivo de sustentabilidade, pesquisa e inovação da Suzano, que destina 1% da sua receita líquida anualmente para P&D.

Na Volvo, baseada em Curitiba (PR), o maior quinhão dos investimentos no Brasil é para P&D. Entre 2023 e 2025, os aportes programados são de R$ 1,5 bilhão, voltados principalmente para o desenvolvimento de produtos e serviços, além de melhorias no complexo industrial de caminhões, ônibus, motores, transmissões e cabines. “O maior montante está indo para projetos de descarbonização, com veículos pesados elétricos ou movidos a combustíveis menos impactantes, como o biodiesel”, comenta Alexandre Parker, diretor de assuntos corporativos da Volvo.

Entre os projetos inovadores “nascidos no Brasil”, está o primeiro ônibus urbano biarticulado elétrico do país, que será produzido no Paraná a partir de 2025 e que foi desenvolvido pelas engenharias brasileira e sueca. Batizado de BZRT (Bus Zero Rapid Transit), é o maior veículo elétrico do mundo (até 28 metros/250 passageiros), com zero emissões de CO2. A fábrica de Curitiba será a base de exportações desse modelo.

Um dos maiores “hubs” privados do Brasil, o paulistano Cubo Itaú, inaugurou em setembro o Cubo de Montevidéu para atrair mais atores do ecossistema da América Latina. O Uruguai foi escolhido, segundo Paulo Costa, CEO do Cubo, pelo seu potencial de casos de startups bem-sucedidas como a dLocal, o primeiro unicórnio do país que agora tem capital aberto e demonstra bom desempenho na Nasdaq. Outro passo importante foi o lançamento do Cubo AI, hub em colaboração com AWS, Microsoft, Itaú, Google, Nvidia e Oracle e apoio da McKinsey & Company, cujo objetivo é acelerar o amadurecimento do ecossistema por meio do fomento da adoção da inteligência artificial generativa. O Cubo AI terá quatro pilares: o primeiro focado em conteúdo para educar o público sobre as possibilidades dessa tecnologia; o segundo são iniciativas práticas para execução de testes e trocas de experiências. “Olhamos com mais atenção para 11 setores por meio dos hubs: Cubo Agro, Cubo AI, Cubo Smart Mobility, Cubo Construliving, Cubo Health, Cubo Logistics, Cubo Retail, Cubo Education, Cubo Fintechs, Cubo Maritime & Port e Cubo ESG”, informa Costa.

Diário do Comércio - MG   19/12/2024

A indústria de transformação de Minas Gerais tem apresentado um desempenho inferior ao do Brasil neste ano. O que explica esse resultado é a performance negativa da metalurgia, atividade considerada como a mais importante para a indústria de base do Estado.

Levantamento realizado pela Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria de transformação mineira no acumulado dos três primeiros trimestres de 2024 cresceu, em média, 2,2%. No País, o crescimento médio chegou a 3,2%.

Entretanto, nos últimos anos o cenário era diferente. Entre 2021 e 2023, o PIB da indústria de transformação de Minas Gerais teve um incremento médio de 1,6%. Enquanto isso, o segmento patinou nacionalmente, com uma média de avanço no período de 0,6%.

O economista-chefe da entidade, João Pio, chama a atenção para essa inversão de comportamento, e explica que a atividade metalúrgica é a responsável por isso.

Entenda por que PIB de Minas Gerais cresce abaixo do Brasil no ano

“Minas só teve um desempenho abaixo da média nacional por conta da metalurgia, porque quase todas as suas atividades importantes tiveram performances superiores”, afirma.

Conforme ele, entre janeiro e outubro, a produção das indústrias de alimentos, bebidas, químicos, produção de metal e materiais não metálicos, por exemplo, avançou mais em Minas Gerais do que no Brasil. Por outro lado, o volume produzido pelo setor metalúrgico no Estado caiu 3,2%, ao passo que no País apresentou um aumento de 1,8%.

Pio explica que a produção da metalurgia tem sido impactada pela importação de aço da China, embora fatores operacionais das próprias empresas possam ter influenciado.
Baixa do setor metalúrgico reflete na cadeia

Outro ponto de atenção, segundo o economista, é que a metalurgia tem um forte encadeamento, e a baixa na produção já está refletindo em outras atividades da cadeia.

“Por exemplo, a indústria de máquinas e equipamentos acumula queda na produção de quase 9%, e quando se olha no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o que influenciou esse recuo foi a produção de máquinas e equipamentos para a metalurgia”, diz, ressaltando que outros setores já começam a sentir efeitos da situação do setor metalúrgico.

Ano de 2025 será desafiador para a indústria

Na avaliação de Pio, 2025 provavelmente será desafiador para a indústria, assim como para a economia como um todo. Segundo ele, deverá ser um ano de crescimento econômico mais modesto, e a indústria, sobretudo, de transformação sofrerá com as altas da Selic.

“O Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa de juros, e sinalizou mais dois aumentos de um ponto-base. Se, de fato, esse aumento for implementado, já em março do ano que vem teremos uma taxa de juros acima de 14%, o que é muito penoso para a economia e, especialmente, para a indústria, que depende de investimentos sólidos”, pontua.

Com relação às expectativas diante do cenário internacional, o economista-chefe da Fiemg diz que depende das políticas a serem implementadas por Donald Trump nos Estados Unidos. O republicano, que voltará à presidência em 2025, quer intensificar as medidas protecionistas, incluindo uma tarifa de 60% sobre os produtos importados da China.

Conforme o economista-chefe da Fiemg, se a promessa de Trump se cumprir, poderá haver uma inundação de produtos industrializados chineses em outros mercados, afetando a competitividade da indústria de transformação dos países que receberem as mercadorias. No caso do Brasil, ele afirma que dependerá do comportamento da indústria nacional a respeito.

Investing - SP   19/12/2024

A proposta de aquisição de 14,9 bilhões de dólares da Nippon Steel (TYO:5401) pela U.S. Steel não recebeu aprovação do Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS), de acordo com uma carta vista por fontes. Isso ocorre apesar dos esforços contínuos da Nippon Steel para aliviar preocupações de segurança nacional através de reuniões, chamadas com autoridades dos EUA e três propostas revisadas.

A carta, enviada no sábado, abre caminho para o Presidente dos EUA, Joe Biden, que tem se oposto consistentemente ao acordo, potencialmente bloqueá-lo. O CFIUS, que avalia transações quanto a riscos de segurança nacional, tem até 23 de dezembro para aprovar o acordo, estender o período de revisão ou sugerir a Biden que o rejeite.

A carta indica que se as agências que compõem o painel continuarem em desacordo, elas encaminharão a questão a Biden para ação.

As tentativas persistentes da Nippon Steel de obter aprovação para a fusão controversa desde o início de setembro incluíram quatro reuniões presenciais com o CFIUS, três discussões telefônicas, uma das quais na sexta-feira com os secretários dos departamentos do Tesouro e Comércio, e três propostas de acordos de mitigação. Todos esses detalhes estão capturados na carta datada de sábado enviada à Nippon Steel pelo CFIUS, que não havia sido reportada anteriormente.

A carta sugere que o acordo possivelmente está em risco, apesar dos extensos esforços das empresas para obter aprovação.

O CFIUS conclui na carta que não chegou a um consenso sobre se as medidas de mitigação propostas pelas partes seriam eficazes ou se abordariam o risco à segurança nacional dos EUA decorrente da transação. A carta afirma ainda que o Presidente tem a autoridade de suspender ou proibir uma transação que ameace prejudicar a segurança nacional pelo tempo que considerar apropriado.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   19/12/2024

Nas últimas semanas, os economistas começaram a debater se o Brasil enfrenta uma situação bastante delicada, em que o Banco Central perde a capacidade de operar na economia por meio da alta de juros.

O processo em que o BC vê a potência da política monetária não trazer o resultado esperado é chamado de “dominância fiscal”. Nessa situação, a economia vive um ciclo perverso. A alta de juros piora o custo da dívida - já bastante elevada -, a percepção de risco dos investidores com a economia aumenta, o que desvaloriza ainda mais o câmbio e, consequentemente, traz impacto para a inflação.

“Quando o BC sobe a taxa de juros, tende a atrair capital, porque o País fica mais atrativo, oferece mais retorno (para o investidor). O dólar cai, e isso ajuda a trazer a inflação para baixo”, afirma Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank. “Mas não estamos vendo isso acontecer. Dado que a dívida é muito elevada, quando aumenta a taxa de juros, o impacto fiscal que isso tem é significativo, não é desprezível.”

No início deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual - para 12,25% ao ano - e adotou um tom considerado duro e surpreendente por parte do mercado: assegurou mais duas altas da mesma magnitude.

Mas, ao contrário de outras ocasiões, o que se observou foi um avanço do dólar em relação ao real. A moeda norte-americana bateu R$ 6,20 na terça-feira, 17. A disparada do dólar tem obrigado o BC a intervir no mercado, como uma tentativa de controlar a cotação da divisa.

“Esse tema (da dominância fiscal) entrou em discussão, porque o BC tem sido agressivo, anunciou uma alta de juros forte, fez intervenção no câmbio e, mesmo assim, nada aconteceu”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

O que os investidores olham e se preocupam - e muito - é com a dificuldade de o Brasil conseguir interromper o endividamento crescente. O País tem uma dívida considerada elevada para uma economia emergente. Em 2024, deve encerrar em 78,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e subir a 81,9% do PIB no próximo ano, de acordo com as projeções coletadas pelo sistema de expectativas do Banco Central, que dá base para o relatório Focus, elaborado semanalmente pela instituição. A dívida só deve deve estabilizar em 2030, quando terá ultrapassado o patamar de 90% do PIB.

Hoje, a desvalorização do câmbio já leva a uma piora das projeções de inflação. No relatório Focus, as previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os próximos anos estão acima da meta de inflação, que é de 3%.

Mas o País está em dominância fiscal? Por ora, a avaliação é de que não, embora haja sinais de perda de potência da política monetária não só no câmbio, mas também na atividade econômica, que continua aquecida neste fim de ano. Juros mais alto encarem o crédito para famílias e empresas, resultando num desaquecimento da economia.

“Não vemos a possibilidade de estar em dominância fiscal como sim ou não. São vários graus. E como a gente entende a dominância fiscal? É o ponto em que a política monetária para de fazer efeito. Já chegamos nesse ponto? Ainda não. Você sobe o juro e a atividade vai desacelerar um pouco. Bem ou mal, também contém o dólar. Mas esse impacto é mais fraco”, afirma Salles, do C6 Bank.

Na leitura de Vale, da MB Associados, um cenário mais definitivo de dominância fiscal pode ser alcançado num próximo governo se não houver nenhuma medida de acerto das contas públicas. “São dois anos em que essa tensão pode aumentar, infelizmente. E um ajuste mais definitivo, para evitar que entre nesse cenário (de dominância fiscal), só em 2027”, afirma Vale.

Incerteza crescente

A incerteza do mercado cresceu depois da apresentação do pacote de contenção de gastos pela equipe econômica. A leitura é de que as medidas anunciadas pelo governo, numa tentativa de recuperar a confiança sobre o rumo da política fiscal e garantir a sobrevivência do arcabouço fiscal, ficaram abaixo do esperado. Houve um ruído grande também com a apresentação da proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Embora o governo tenha anunciado a taxação para quem ganha mais de R$ 50 mil como forma de compensar essa isenção, há preocupação de que a proposta possa gerar uma perda bilionária de arrecadação em um país que precisa ajustar as contas públicas.

O nó se dá porque a equipe econômica só vai conseguir estancar o crescente endividamento brasileiro se colocar o País numa rota de superávits primários. Ou seja, fazer com que as receitas superem as despesas, sem levar em conta o pagamento de juros.

Em abril, no entanto, o governo anunciou uma mudança nas metas para as contas públicas em 2025 e 2026. Os alvos foram reduzidos de um superávit de 0,5% do PIB para 0% em 2025, a mesma meta deste ano, que foi mantida; e de um superávit de 1% do PIB para 0,25% em 2026. As metas de 2027 e 2028 – já no mandato do próximo presidente –, que ainda não haviam sido fixados, ficaram em saldos positivos de 0,50% e 1% do PIB, respectivamente.

“A questão da dominância fiscal é o grande tema”, disse José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central, no IV Seminário de Análise Conjuntural, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), em parceria com o Estadão.

“Se não houver um sinal muito forte de uma mudança de postura, no sentido de mais austeridade na condução das contas públicas, seja da parte do Executivo, da parte do Congresso - de preferência os dois em conjunto -, eu acho que a coisa pode se deteriorar de forma irreversível. Estamos vivendo um momento extremamente importante da história econômica do País”, disse Senna, que é chefe do Centro de Estudos Monetários da FGV/Ibre.

IstoÉ Dinheiro - SP   19/12/2024

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que há incertezas elevadas sobre os riscos de novas pressões inflacionárias nos Estados Unidos. “A inflação diminuiu significativamente nos últimos dois anos, mas continua um pouco elevada em relação às nossas estimativas de meta de longo prazo de 2% ao ano”, disse ele, em coletiva de imprensa, nesta tarde. Por outro lado, Powell destacou que o crescimento econômico acima de 2% nos EUA sinaliza uma “economia forte”.

Conforme ele, a proximidade do nível neutro dos juros permite uma postura cautelosa do Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês). “A política está bem posicionada para lidar com os riscos e incertezas que enfrentamos ao perseguir ambos os lados do nosso mandato duplo”, disse.

Confiança

Powell afirmou que está confiante que a inflação está em uma trajetória de queda nos Estados Unidos, embora em um ritmo mais lento. Segundo ele, os preços deveriam estar caindo, mas estão “intactos” por diversos motivos como, por exemplo, pressões dos setores de morarias e de serviços. “Ainda estamos nos desfazendo dos grandes choques que a economia teve em 2021 e 2022, por exemplo, em habitação, serviços e agora também em seguros, em particular onde os custos aumentaram, e agora estão sendo refletidos mais tarde no seguro habitacional”, explicou.

Na sua visão, pode levar mais um ou dois anos para inflação alcançar meta de 2%. Os indicadores, conforme ele, não apontam uma inflação “persistentemente alta” nos EUA, apenas uma “queda lenta”. “É inflação real, mas não pressagia uma inflação persistentemente alta. Então, nós ainda sentimos que estamos no caminho certo para chegar a 2%, e isso pode levar mais um ou dois anos a partir daqui”, projetou Powell.

Ele afirmou ainda que o Fed segue monitorando de perto o mercado de trabalho. De acordo com Powell, a redução acumulada de 100 pontos-base nos juros americanos feita até o momento foi suficiente para apoiar a maior economia do mundo. “Precisamos ver os efeitos que nossas decisões recentes terão sobre a economia”, concluiu o banqueiro central.

Efeitos de tarifas e inflação

O presidente do Federal Reserve afirmou que os efeitos de possíveis aumentos de tarifas comerciais na inflação durante a gestão do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, serão enfrentados quando aparecerem. “Não podemos antecipar decisões sobre políticas que ainda não foram implementadas, não teremos respostas definitivas por algum tempo”, disse.

Segundo Powell, o que o Comitê está fazendo é discutir caminhos para entender como as tarifas poderiam impactar a inflação, e ainda não está claro como o tema vai pesar sobre os preços no país, e se será um efeito prolongado. “Estamos tentando entender como a inflação pode ser impulsionada por tarifas, como as tarifas podem afetar a inflação na economia”, disse.

O aumento de tarifas comerciais foi uma das principais bandeiras de campanha de Trump, que tem reforçado o tema desde que foi eleito, tendo a China como um dos principais alvos. Nesta semana, ele usou a palavra reciprocidade para justificar a posição que os EUA terão em se tratando de comércio em seu governo. Trump chegou a dizer que a Índia e o Brasil taxavam o país demais e que os EUA também responderiam na mesma dose.

O Estado de S.Paulo - SP   19/12/2024

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) cortou a taxa dos Fed Funds (a taxa base de juro nos EUA) em 0,25 ponto porcentual, para a faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano, em comunicado divulgado nesta tarde de quarta-feira, 18.

O presidente do Fed, Jerome Powell, comentou que as projeções da instituição apontam para juros de 3,9% no fim de 2025, mas ponderou que essas estimativas não conduzem as decisões de política monetária do FOMC.

“Essas projeções, no entanto, não são um plano ou a decisão do Comitê, pois, à medida que a economia evolui, a política monetária se ajustará para promover melhor nossas metas de emprego máximo e estabilidade de preços”, explicou Powell a jornalistas, nesta tarde.

Entre os 19 dirigentes do Fed presentes na reunião desta quarta-feira, 18, dez acreditam que os juros terminarão 2025 entre 3,75% e 4%, ou seja, 0,50 ponto porcentual abaixo do nível determinado agora.

Outros três dirigentes acreditam que a taxa terminará 2025 entre 3,5% e 3,75%, enquanto apenas dois banqueiros centrais defendem que os juros devem encerrar o próximo ano entre 3,5% e 3%. A mediana das projeções para a taxa em 2025 subiu de 3,4% em setembro para 3,9%.

A mediana das projeções para a taxa dos Fed Funds em 2025 subiu de 3,4% em setembro para 3,9%. Segundo Powell, o aumento está consistente com uma inflação mais resistente nos EUA.

Expectativa com a inflação

O presidente do Fed disse que estar confiante que a inflação está em uma trajetória de queda nos Estados Unidos, embora em um ritmo mais lento.

Segundo ele, os preços deveriam estar caindo, mas estão “intactos” por diversos motivos como, por exemplo, pressões dos setores de morarias e de serviços. “Ainda estamos nos desfazendo dos grandes choques que a economia teve em 2021 e 2022, por exemplo, em habitação, serviços e agora também em seguros, em particular onde os custos aumentaram, e agora estão sendo refletidos mais tarde no seguro habitacional”, explicou o presidente do Fed, a jornalistas, nesta tarde.

Na sua visão, pode levar mais um ou dois anos para inflação alcançar meta de 2%. Os indicadores, conforme ele, não apontam uma inflação “persistentemente alta” nos EUA, apenas uma “queda lenta”. “É inflação real, mas não pressagia uma inflação persistentemente alta. Então, nós ainda sentimos que estamos no caminho certo para chegar a 2%, e isso pode levar mais um ou dois anos a partir daqui”, projetou Powell.

Ele afirmou ainda que o Fed segue monitorando de perto o mercado de trabalho. De acordo com Powell, a redução acumulada de 100 pontos-base nos juros americanos feita até o momento foi suficiente para apoiar a maior economia do mundo. “Precisamos ver os efeitos que nossas decisões recentes terão sobre a economia”, concluiu o banqueiro central.

Powell reafirmou que o Fed segue comprometido em fazer tudo o que for possível para derrubar a inflação americana de volta à meta de 2% ao ano. Quanto ao mercado de trabalho, o presidente do Fed disse que a temperatura do mercado de trabalho no país arrefeceu e que ainda deve desacelerar mais.

No mês passado, em 7 de novembro, o Fed já havia feito um corte de 0,25 ponto porcentual.

Analistas consultados pelo Estadão/Broadcast esperavam amplamente para a reunião desta quarta-feira, 18, a redução de 0,25 pontos porcentual, mas alertaram que há incerteza sobre decisões futuras do BC americano.
Apostas para a reunião de janeiro

Para a próxima reunião, a do dia 29 de janeiro, o mercado ampliou as apostas para a manutenção dos juros pelo Fed, conforme aponta a plataforma de monitoramento do CME Group.

Por volta das 16h50 (de Brasília), a ferramenta mostrava 88,5% de probabilidade de os juros serem mantidos no nível de 4,25% a 4,50% no próximo mês, ante 79,9% registrado antes da divulgação da decisão monetária desta tarde. Por outro lado, a possibilidade de corte mais brando, de 0,25 ponto porcentual estava em 11,2%, ante 19% antes da publicação.

Na redução acumulada até a reunião de maio, as apostas majoritárias eram de manutenção, a 44,3%, o que representa uma alta ante 30,8% antes da decisão. A projeção de corte de 0,25 ponto porcentual caiu de 47,3% para 43,6%.

Em relação ao próximo ano, o cenário que tem mais força é de a taxa terminar 2025 na faixa entre 4,00% e 4,25%, com essa hipótese em 35,8%. A chance de uma redução para o nível de 3,75% a 4,00% aparecia logo atrás, em 29,3%.

Infomoney - SP   19/12/2024

2024 está deixando um legado ruim para 2025 e azedou as perspectivas dos economistas para o comportamento do câmbio, da inflação e da taxa de juros para o próximo ano.

Há um consenso de que o câmbio e a inflação vão passar ainda algum tempo bem acima do patamar ideal e que a Taxa Selic terá de permanecer mais alta e por mais tempo. Isso num cenário de risco até de dominância fiscal, situação na qual nem uma política econômica mais restritiva consegue domar a escalada de preços.

O quadro não poderia ser mais divergente do que o projetado na virada de 2023 para 2024, quando se esperava que a desinflação aproximaria o IPCA da meta de 3,0% ao ano, o dólar ficaria menos instável e o Banco Central poderia reduzir a taxa básica de juros para um patamar inferior a dois dígitos.
Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, afirma que o que mudou fundamentalmente em 2024 desde o início do ano foi uma piora no cenário global.

“Havia uma expectativa de inflação nos EUA recuando para a meta de 2%, portanto teria corte de juros pelo BC americano e sustentação do crescimento global. O que a gente percebeu, no entanto, foi uma outra história. Uma preocupação com a não convergência da inflação”, lembra.

Padovani comenta que houve um alívio em meados do ano, até por medo de recessão nos EUA, mas que esse tema voltou novamente no radar depois da eleição do Trump. “Então, a primeira história que mudou foi a história que se possa ter juros mais altos nos Estados Unidos”, reforça.

A segunda história que o ano contou foi uma preocupação muito grande com o crescimento na China, além das volatilidades geopolíticas. “O que a teve foi uma piora do cenário global, os juros de 10 anos , por exemplo, que a gente usa como referência, desde janeiro tem uma trajetória de alta”, justifica.

Com esse ambiente de maior aversão ao risco global, o economista diz que é natural que os investidores olhem com mais cautela as histórias de cada país. E, no caso brasileiro, um tema que já estava presente ganhou destaque e começou a ser acompanhado com mais atenção: a insuficiência da regra fiscal para estabilizar a dívida.

“O governo deu um choque de gastos em 2023, aumento a despesa pública em R$ 320 bilhões e isso fez com a dívida desse um salto. Mas a regra fiscal, o arcabouço, propõe um ajuste muito gradual. Tinha uma incompatibilidade com dívida subindo rápido e sem perspectivas de curto prazo para a estabilização”, comenta.

Padovani acredita que esse tema, que não é novo, passou a ganhar mais destaque quando o ambiente global mudou. Ele só estava em segundo plano porque havia fluxos para os mercados emergentes. “Quando esses fluxos foram interrompidos, ou ficaram mais instáveis, a questão entrou no radar. Essa foi a história de 2024, basicamente”, afirma.

Para Caio Megale, economista-chefe da XP, o próximo ano deve ser desafiante e exigirá um “freio de arrumação”, com políticas monetária e fiscal mais restritivas.

De acordo com relatório “Onde Investir em 2025”, elaborado pela equipe do economista-chefe da XP, com inflação acima do limite da meta (5,0%), câmbio desvalorizado em 20% e os sinais de superaquecimento, o país precisa desse ajuste para evitar um ciclo de desancoragem de expectativas que pode desestabilizar o mercado e pressionar ainda mais o custo de vida dos brasileiros.

“Sem um ajuste fiscal e monetário mais firme, a economia brasileira pode entrar em um ciclo de desancoragem de expectativas, dificultando a previsibilidade de câmbio e inflação. Cabe ao Banco Central e ao governo adotar medidas tempestivas para trazer estabilidade ao mercado”, destacou o economista na apresentação do relatório.

Por conta desse quadro mais incerto, houve várias revisões para as variáveis macroeconômicas por parte dos economistas nas últimas semanas. Veja baixo, algumas das projeções e cenários traçados pelos especialistas, a pedido do Infomoney.
Câmbio

No último relatório Brasil Macro Mensal, da XP, o economista Rodolfo Margato destaca que a depreciação cambial no Brasil é de aproximadamente 20% no acumulado do ano e que a recente piora – o dólar rompeu a barreira dos R$ 6,0 – reflete a intensificação de preocupações fiscais e políticas, após o pacote de contenção de despesas ser considerado insuficiente

“Fatores externos, como a eleição de Donald Trump nos EUA e a queda dos preços das commodities este ano contribuem para o movimento. Entendemos que os vetores que levaram à depreciação recente do real não se dissiparão no curto prazo, mantendo os prêmios de risco elevados”, escreve.

Para Margato, haverá relativa estabilização nominal tanto em 2025 como em 2026, em meio à ampliação de riscos. Continuamos a ver espaço para alguma apreciação do real no ano que vem, como reflexo, principalmente, da reação mais tempestiva do Banco Central.

“Projetamos a taxa de câmbio em R$ 5,85 por dólar no final de 2025. Entretanto, incertezas no ambiente macroeconômico doméstico – especialmente sobre a condução das políticas fiscal e parafiscal – podem novamente trazer alta volatilidade à taxa de câmbio, especialmente à medida que se aproxima o período eleitoral. Assim, projetamos R$ 6,00 por dólar no final de 2026”, projeta.

Já Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, tem um expectativa de que haja uma ligeira apreciação do câmbio no 1º  trimestre do ano, puxado pela perspectiva dos juros ultrapassarem 13,00% a.a. e pelo fluxo de dólares vindo das exportações de mais uma safra recorde.

Para ele, o maior risco para esse cenário mais positivo será o início do governo de Donald Trump. “Não sabemos o quão forte e o quão rápido ele vai implementar as suas políticas de imposição de tarifas, de deportação de imigrantes e perseguição dos seus rivais. Portanto, podemos dizer sem muito medo de errar que o governo de Trump vai ser a maior fonte de volatilidade dos mercados ao longo de 2025”, comenta.

A G5 estima um câmbio indo para R$ 5,90 no 1º trimestre de 2025, avançando para R$ 6,20 ao final do ano.

Roberto Padovani, do Banco BV, observa que o câmbio está inserido num contexto mais amplo de perda de referências. “A gente entende que o câmbio mudou de patamar e ( ) a trajetória para o câmbio é para cima. A gente está com R$ 6,30 para este ano e R$ 6,50 para 2026”, afirma.

Na opinião de André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, é essencial destacar que o novo ano começa com um diferencial de juros ainda mais expressivo em relação aos EUA e que existe uma previsão do Tesouro do Brasil de um superávit orçamentário expressivo para dezembro, o que poderia trazer alívio à cotação do dólar.

“No entanto, acreditamos que essas influências favoráveis à moeda brasileira sejam apenas temporárias. Embora os fatores internos tenham dominado a dinâmica cambial nos últimos meses, os desdobramentos no cenário externo também devem desempenhar um papel crucial ao longo de 2025”, pondera.

Ramalho diz ainda que o aumento das tensões comerciais deve intensificar o clima de incerteza, impactando negativamente mercados emergentes como o Brasil. “Considerando uma relativa retomada do movimento de ‘desglobalização’, já observado durante o primeiro governo Trump, sobre os mercados financeiros e cambiais, é provável que o dólar ganhe força adicional frente às principais moedas globais nos próximos meses”, adverte.

Outro aspecto citado que o aumento desmedido da Selic, que deveria, em teoria, favorecer a moeda brasileira em relação ao dólar e demais divisas, pode implicar em mais desvalorização do real. “O Brasil normalizou pagar quase 10% do PIB em encargos da dívida pública e perdas com operações de swap cambial, o que se mostra, obviamente, insustentável no médio e longo prazo”, comenta.

Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank, por sua vez, cita que boa parte do mercado já projeta o dólar a R$ 6,25 em 2025, refletindo crescentes preocupações com a sustentabilidade da dívida pública e a condução da política econômica brasileira nos próximos trimestres

Ele argumenta que, embora o fortalecimento global do dólar tenha influenciado a alta recente, fatores internos são os principais responsáveis pela desvalorização do real.

“Uma parcela minoritária da alta do dólar pode ser atribuída a fatores externos. O desempenho do real em relação a outras moedas emergentes, como as de países exportadores de commodities, reforça a percepção de que a política fiscal e monetária do Brasil está sendo observada com cautela pelos investidores.”

Bazzo alerta que medidas que prejudiquem a credibilidade fiscal, aumentem gastos parafiscais ou envolvam intervenções no mercado cambial podem acelerar ainda mais a desvalorização do real. “Se os problemas fiscais e econômicos persistirem, o dólar pode ultrapassar os R$ 7. O ano que vem será decisivo para alinhar as expectativas do mercado e evitar que a crise cambial se agrave”, argumenta.

A equipe de macroeconomia do Itaú vê alguns fatores de atenuação em suas projeções. “Prevemos a taxa de câmbio em R$ 5,70 por dólar em 2025 e 2026.  A apreciação da moeda é limitada por um dólar forte globalmente; um prêmio de risco doméstico mais alto que reflete incertezas fiscais e a deterioração das contas externas –déficit em conta corrente de -3,3% do PIB. na margem”.
Inflação

O câmbio fora do eixo em relação ao que era estimado antes ajuda a contar parte da história prevista para a inflação de 2025. Padovani, do BV, por exemplo, afirma que, dada a trajetória de desvalorização da moeda, a inflação também mudou de patamar, mesmo uma provável desaceleração econômica.

“A briga agora não é pelo centro da meta [3%], mas para se manter no teto de 4,5%. A gente acha que, no ano que vem, consegue, e recua um pouco para 2026 também, porque a atividade desacelera”, prevê.

Já o Itaú vê a inflação com uma composição ruim e balanço de riscos ainda assimétrico, com mais possibilidade de alta. O banco está mantendo suas projeções recentemente revisadas, de um IPCA de 4,9% em 2024, de 5,0% em 2025 e de 4,3% em 2026.

“A depreciação cambial e o mercado de trabalho apertado persistem como principais riscos de alta, apenas parcialmente compensados pela possibilidade de preços de alimentos mais ameno, particularmente as proteínas”, afirma o banco em relatório recente.

Ou seja, o balanço de riscos para o IPCA em 2025, sempre citado nas comunicações do BC, está inclinado para o lado positivo, por conta tanto do real mais fraco como pelo preços subjacentes de serviços sob maior pressão devido ao mercado de trabalho apertado.

Para Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5, a inflação vai depender muito do comportamento do câmbio. “Se ele continuar nos patamares atuais, ao redor R$ 6,00 poderemos ver um repasse relativamente forte para os preços, o que podemos ver já no primeiro trimestre do ano, quando as novas tabelas dos fornecedores forem reajustadas, o que pode acrescentar 0,2 p.p. aos preços”, destaca.

Para ele, a inflação deverá ficar ente 4,00% e 4,50%, com tendência maior de ficar próxima do teto.

A projeção para a inflação de 2025 feita por Alexandre Maluf, economista da XP, subiu de 4,7% para 5,2% recentemente, por motivos já conhecidos. “Em primeiro, lugar, o enfraquecimento do real deve pressionar a inflação de bens industriais. Elevamos a projeção para o grupo, de 2,7% para 3,3%. Trata-se de uma variação historicamente baixa, mas acima da meta de inflação”, destaca.

Outro ponto citado por Malu são os preços dos alimentos mais pressionados. A XP já havia alertado antes sobre o impacto da forte alta no preço do boi gordo sobre as proteínas e incorporou agora aumentos ainda mais expressivos no preço do óleo de soja – em resposta à depreciação cambial e impactos do Projeto de Lei do Combustível do Futuro, que eleva a mistura de biodiesel no diesel – e em bebidas e infusões, refletindo o cenário de oferta apertada para os preços do café.

Por fim, é citada a inflação de serviços deve seguir em alta, uma vez que os fundamentos econômicos indicam aceleração desses preços. “As expectativas de inflação se distanciam cada vez mais da meta, enquanto a atividade econômica e o mercado de trabalho apresentam dinâmica além do esperado. Por exemplo, os salários reais voltaram a subir em outubro, após virtual estabilidade nos meses anteriores”, lista o economista da XP em relatório.

Maluf também coloca na conta a maior inércia inflacionária, que deve pesar sobre os preços de aluguéis, enquanto o grupo de alimentação fora do domicílio deve responder à inflação mais alta em alimentos. “Tudo considerado, ajustamos nossa projeção para a inflação de serviços em 2025, de 5,2% para 5,6%.”
Selic

Dado o desarranjo que as contas públicas trouxeram para as expectativa do mercado e para as demais variáveis econômicas, o Banco Central vai ter um trabalho redobrado em 2025, segundo os especialistas. Padovani, do Banco BV comenta que, ao elevar a taxa Selic em um ponto percentual na última reunião do Copom e contratar ao menos mais duas altas no mesmo nível, o BC tentou dar um choque de credibilidade. “Mas ele sozinho não consegue fazer muita coisa porque o problema é eminentemente fiscal, em particular de dívida pública”, explica.

O economista prevê que os próximos meses serão de “perda de referências” e de muita imprevisibilidade. “A gente está imaginando que posso ter um pico de taxa de juros de 15,25%. Como são juros reais muito elevados, isso favorece o corte no final do ano ( ) entre 100 pontos e 200 pontos”, afirma. E

Para Padovani, esse processo de corte de juros entra por 2026. “É possível que feche o ano [2025] com uma taxa de 13,50 a 14%. A ideia é que tenha um pico de juros e algum recuo no 2º semestre.”

Na opinião de Joaquim Gomes, especialista em renda fixa da RJ+Investimentos, o cenário fiscal será crucial em 2025. “Medidas que reforcem o compromisso com o equilíbrio das contas públicas podem trazer uma reviravolta nas expectativas, possibilitando maior estabilidade econômica e uma eventual queda da Selic”, comenta.

Caso isso ocorra, ele acredita que os mercados podem experimentar um realinhamento, com novas oportunidades tanto na renda fixa quanto em outras classes de ativos.

Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, diz acreditar que a Selic vai atingir 14% no final de 2025, o que deve levar a uma desaceleração do PIB no próximo ano. Para ele, os cortes só devem começar em 2026 e, diante desse contexto, a estratégia de investimentos deve ser conservadora, priorizando aplicações pós-fixadas e atreladas ao IPCA.

Após a divulgação na terça-feira (17) da Ata da última reunião do Copom, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, avaliou que é cada vez mais provável que a taxa se aproxime de 15% em 2025, com uma chance crescente de ultrapassar esse nível, diante do comportamento recente dos preços dos ativos brasileiros. “Há uma forte preocupação com a deterioração recente das expectativas fiscais e com o câmbio, temas que ganharam destaque em comparação com atas anteriores”.

Para a XP, o tom mais firme da Ata foi consistente o cenário de uma taxa Selic atingindo 15,00% no pico do ciclo de aperto, até maio de 2025. “No entanto, os riscos permanecem inclinados para cima, uma vez que a incerteza em relação à condução da política fiscal continua; e a recente deterioração nos preços dos ativos”.

O Itaú também prevês a taxa básica de juros em 15,00% ao ano em 2025 e em 13,00% ao ano em 2026. “Na sua última reunião de política monetária, o Copom elevou a taxa Selic em 100 pontos-base para 12,25% ao ano, indicando que, a menos que o cenário mude, pretende aumentar a Selic em mais 100 pontos-base duas vezes. A decisão foi motivada pela acentuada deterioração nas expectativas de inflação e pela surpresa com a atividade no terceiro trimestre deste ano, resultando em um hiato de produção positivo mais amplo”, diz o banco em relatório.

O Estado de S.Paulo - SP   19/12/2024

O Brasil está em meio a um intenso processo de aperto monetário para tentar controlar pressões inflacionárias que levaram o IPCA e as expectativas para níveis muito superiores à meta de 3%. Alguns críticos da postura agressiva do Banco Central alegam que a alta da inflação aconteceu em boa parte por choques de oferta, como, por exemplo, os que afetam os alimentos e, em particular, a carne.

A doutrina atual dos bancos centrais é de que a política monetária não deve combater os efeitos diretos (ou primários) dos choques de oferta, já que os instrumentos de que a autoridade monetária dispõe tem impacto apenas pelo lado da demanda. Porém, é certo combater os efeitos secundários do choque de oferta, isto é, a contaminação dos preços da economia em geral pela alta de preços nos segmentos afetados (por exemplo, alimentos e carne). No caso dos efeitos secundários, os instrumentos pelo lado da demanda dos BCs, como a taxa básica de juros, funcionam.

Um estudo recém-publicado pelo Banco para Compensações Internacionais (BIS na sigla em inglês, instituição que reúne os bancos centrais do mundo) mostra que os sistemas de metas de inflação em diversos países desenvolvidos estão cumprindo bem a doutrina descrita de forma simplificada acima. Suas políticas monetárias têm se voltado muito mais para combater choques de demanda do que choques de oferta.

Embora o trabalho não inclua bancos centrais de países emergentes, ainda assim se trata de uma boa notícia. A pesquisa mostra que sistemas de meta de inflação bem implementados e com bom funcionamento - o que se pode dizer que seja o caso brasileiro - "entregam" o que se espera deles: uma política monetária sofisticada, que não pune injustificadamente a economia e o emprego para tentar neutralizar na marra os choques de oferta.

O nome do estudo é (tradução do inglês) "Regras de Taylor com metas: respostas de política monetária à inflação puxada pela demanda e pela oferta". Os autores são os economistas Boris Hofman, Cristina Manea e Benoit Mojon.

A regra de Taylor, de forma bem simplificada, prescreve alta dos juros quando a inflação se eleva acima da meta ou o crescimento vai acima do potencial, e vice-versa.

Os bancos centrais incluídos no 'paper' são os de Austrália, Canadá, zona do euro, Coreia do Sul, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos. Analisando as décadas recentes, os autores usam um fato diferenciador entre choques de demanda e de oferta para discriminar a ocorrência de ambos (que frequentemente coincidem no tempo) naqueles países.

Essa diferença é que o choque de demanda move a inflação e o produto na mesma direção, enquanto o de oferta os move em direções opostas. Por exemplo, um choque de demanda provocado pelo expansionismo fiscal tanto acelera a inflação quanto turbina a atividade econômica. Já uma grande alta do preço da gasolina, se tomada apenas pelo seu efeito específico, aumenta a inflação de forma imediata, mas se constitui num freio à atividade. A razão para esse segundo impacto é que o aumento da renda consumida em combustível significa uma queda equivalente na renda que é consumida no restante dos produtos.

Os autores analisaram também a política monetária daqueles países no surto inflacionário pós-Covid, que teve como característica combinar poderosos choques de oferta e de demanda. Nesse caso, nesses países desenvolvidos, a reação da política monetária inicialmente foi lenta, mas se acelerou até o nível adequado do ponto de vista da regra de Taylor.

Seria interessante estender essa pesquisa para BCs de países emergentes, como o Brasil (que, aliás, saiu na frente no combate ao surto inflacionário da Covid). A indicação, de qualquer forma, como já mencionado, é que a moderna prática de política monetária em sistemas de meta de inflação está bem calibrada em termos do inevitável - e politicamente complicado - equilíbrio entre combater a inflação e não prejudicar demais a atividade econômica e o emprego.

Isso é mais um sinal de que, ao contrário da declaração recente de Lula de que o único problema do Brasil é a taxa de juro (com a implicação de que o responsável pelo único problema é o Banco Central), é bem provável que a política monetária seja das poucas coisas no Brasil de hoje que não são problemáticas. Os juros estão altos por causa da política fiscal, de responsabilidade do governo e do Congresso, e na qual o BC não apita nada.

MINERAÇÃO

Investing - SP   19/12/2024

Os preços futuros do minério de ferro caíram nesta quarta-feira, à medida que as preocupações com a oferta diminuíram e a demanda desacelerou marginalmente devido à manutenção de mais altos-fornos por siderúrgicas na China, maior mercado consumidor do minério.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 2,63%, a 778,5 iuanes (106,86 dólares) a tonelada, o nível mais baixo desde 27 de novembro.

O minério de ferro de referência para janeiro na Bolsa de Cingapura perdeu 1,57%, para 102,9 dólares a tonelada, depois de atingir mais cedo o valor mais baixo desde 9 de dezembro, a 102,6 dólares a tonelada.

A BHP, uma das maiores fornecedoras de minério de ferro do mundo, retomou as operações em duas minas na Austrália Ocidental após uma pausa devido às fortes chuvas, aliviando as preocupações com o fornecimento.

"A movimentação de preços do minério reflete a precificação de menores preocupações com a oferta após as notícias", disse Pei Hao, analista da corretora internacional Freight Investor Services (FIS).

O minério de ferro também sofreu pressão da redução das margens de siderúrgicas e das exigências de proteção ambiental, disseram os analistas da Galaxy Futures em uma nota.

A expectativa é de que os preços sejam negociados entre 100 e 110 dólares por tonelada, levando em conta a demanda de reabastecimento de inverno entre as siderúrgicas, disseram os analistas da Huatai Futures.

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Analistas da Macquarie disseram que 33% das usinas consultadas planejam aumentar as compras de minério de ferro no próximo mês, contra 28% anteriormente.

IstoÉ Dinheiro - SP   19/12/2024

A Vale informou nesta quarta-feira, 18, que a barragem Campo Grande, localizada na mina Alegria, no município de Mariana (MG), teve seu nível de emergência encerrado pela Agência Nacional de Mineração (ANM) na última segunda-feira. A estrutura recebeu “Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) positiva”, atestando a sua segurança, destacou a mineradora.

“A melhora das condições de estabilidade foi possível graças ao avanço do processo de descaracterização, que está previsto para ser concluído em 2026. A barragem Campo Grande é uma das 30 estruturas incluídas no Programa de Descaracterização de Barragens a Montante da Vale, que recebeu mais de R$ 10 bilhões em investimentos desde 2019”, disse a Vale em nota.

Segundo a companhia, a estrutura da barragem de Campo Grande permanecerá em nível de alerta e receberá acompanhamento dos órgãos competentes, até que haja a conclusão de toda a documentação necessária.

Ao todo, 16 barragens da empresa deixaram o nível de emergência desde 2022. Das 15 que ainda mantêm algum nível de emergência, nenhuma delas opera recebendo mais rejeitos.

Além disso, todas as barragens construídas pelo método a montante estão em processo de descaracterização. As estruturas são monitoradas permanentemente e recebem ações contínuas para aprimorar a segurança.

A Vale informou ainda, que aderiu ainda ao Padrão Global da Indústria para a Gestão de Rejeitos (GISTM), que tem o objetivo de garantir dano zero às pessoas ou ao meio ambiente durante todo o ciclo de vida das barragens.

Lançado em 2020, a partir de uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI) e do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), foi o primeiro padrão global do setor mineral e um marco mundial para a segurança de barragens.

AUTOMOTIVO

Auto Industria - SP   19/12/2024

Apesar de toda a festa em torno de resultados bem melhores do que eram esperado no início deste ano, neste fim de 2024 completa-se dez anos que o mercado nacional não ultrapassa a barreira de 3 milhões de veículos emplacados, também há uma década a indústria automotiva instalada no Brasil não produz este volume, que todos dizem ser o mínimo ideal para o País que tem fábricas com capacidade de produzir mais de 4 milhões/ano.

Nestes dez anos os volumes de vendas domésticas variaram do mínimo de pouco mais de 2 milhões de unidades, em 2016, ao máximo de quase 2,8 milhões, em 2019. O período atravessou uma crise política seguida de recessão econômica, com forte retração do PIB em 2015 e 2016, entremeada por recuperação pífia da economia em governo de exceção até novo e expressivo tombo do PIB causado pela pandemia de covid, em 2020. Logo depois faltaram chips eletrônicos e a produção não conseguiu atender toda a retomada da demanda.

Um novo caminho de crescimento mais sustentado só começou a ser traçado a partir do ano passado, mas em velocidade ainda insuficiente para o País voltar a ter mercado acima de 3 milhões de veículos por ano.

BC rebaixa expectativas

Segundo a Anfavea, que representa os fabricantes instalados no País, a barreira psicológica dos 3 milhões tinha tudo para ser atingida em 2025, dois a três anos antes do que previam os analistas. E isto aconteceria, na visão da entidade, se o juro básico da economia, a taxa Selic, fosse de 9,25% ao ano, como estava previsto no início de 2024 por economistas que respondem toda semana ao Boletim Focus, do Banco Central.

Mas no dia anterior à divulgação das projeções da Anfavea o BC deu mais um cavalo-de-pau na economia, com um chute para o alto de 1 ponto na Selic, aumentando a taxa anual a 12,25%, prometendo novas elevações para o próximo trimestre, podendo chegar a 14,25% já em março, e assim jogou água na fervura do mercado.

Com isto a entidade baixou sua expectativa para 2,8 milhões de veículos vendidos em 2025, um bom número dadas as condições, diga-se, mas uma alta porcentual modesta de 5,6% sobre o fechamento projetado de 2024 – que terminou surpreendendo com crescimento de 15%, índice maior que o dobro do esperado no início do ano pela Anfavea, só acertado pela Fenabrave, que representa os concessionários.

E poderia ser ainda mais do que isto se os consumidores fossem adequadamente irrigados com crédito mais farto e mais barato. As vendas financiadas representaram só 45% dos negócios, ainda muito abaixo do índice normal de 70% verificado até 2019 – e que a Anfavea esperava que voltasse a acontecer a partir de 2025.

Sabotagem

Enquanto o mercado financeiro seguir sabotando o desenvolvimento do País, vendendo crise para colher lucros com juros pagos pelo governo, com a ajuda fundamental do BC nesta tarefa, fica difícil sustentar qualquer crescimento econômico por muito mais tempo.

O Brasil é um país de muitas demandas reprimidas, faltam recursos a mais da metade da população para comprar muitas coisas. Por isto quando o dinheiro começa a fluir na economia, na forma de pleno emprego e aumento de renda – dois fatores que o BC parece execrar em suas explicações sobre necessidade de aumentos da Selic – é normal uma corrida às compras que fomentam picos inflacionários, que deveriam ser melhor digeridos com metas mais realistas para evitar juros estratosféricos que condenam o País ao desaquecimento econômico, ao desemprego e ao empobrecimento da população.

O BC deve explicações plausíveis aos viventes nacionais sobre o porquê precisa combater inflação na casa dos 5% com a maior taxa de juros do mundo. E o mercado financeiro deveria também explicar porque continua encarteirando títulos do Tesouro, que pagam os melhores rendimentos do mundo, se existe tanta desconfiança e risco sobre a capacidade de o Estado honrar sua dívida pública – algo que jamais aconteceu neste século e ninguém em pleno juízo acredita que acontecerá.

Portanto, estariam os agentes financeiros manipuladores do mercado exercendo gestão temerária ou arbitrando o quanto querem ganhar ao jogar dúvidas sobre o pagamento da dívida que estão comprando?

Dominância do mercado financeiro

Não à toa as nações mais desenvolvidas do planeta são chamadas de países industrializados, porque é a indústria que agrega valor aos bens, o que gera desenvolvimento, empregos melhor remunerados e evolução tecnológica. Quanto mais bens de alto valor agregado a população pode comprar significa que melhor é a distribuição de renda e o desenvolvimento social de um país.

É precisamente por este motivo que países civilizados dão mais importância ao desenvolvimento industrial e social do que à dominância do mercado financeiro.

No Brasil, embora o atual governo federal seja claramente pró-indústria, o mercado financeiro é contrário a esta lógica, quer para si todos os ganhos e consolida desigualdades sociais.

Ainda que seja difícil livrar o País desse círculo vicioso que há mais de três décadas puxa seu desenvolvimento para baixo, após dois anos consecutivos de crescimento que foge às expectativas dos mercadores do mau agouro, resta para 2025 a esperança de que a economia real, aquela que acolhe demandas reprimidas com aumento do emprego e da renda, siga superando a sabotagem do mercado financeiro.

Uma pausa até 2025
Esta é a última coluna Observatório Automotivo de 2024. Este colunista fará uma pausa para recarregar as energias até a segunda semana de janeiro. Agradeço os veículos de comunicação que publicam e a leitura qualificada de todos os leitores, desejando boas festas e um ano novo repleto de realizações. Feliz 2025!

Globo Online - RJ   19/12/2024

As ações da Nissan dispararam até 24% nesta quarta-feira, o maior salto em pelo menos cinco décadas, com esperanças de que uma possível parceria com a Honda possa salvar a montadora japonesa da crise financeira.

As ações foram o destaque no Índice Nikkei 225 da Bolsa de Tóquio, enquanto os investidores receberam com otimismo as notícias para a montadora em dificuldades, cujas ações vinham apresentando o pior desempenho em 50 anos sob a atual liderança.

“Considerando que a Nissan está prestes a receber apoio de um parceiro financeiramente e operacionalmente mais forte, isso deve ser considerado uma boa notícia”, escreveu Julie Boote, analista sênior da empresa de pesquisa Pelham Smithers Associates, sediada em Londres, em uma nota.

Os problemas da Nissan ganharam as manchetes no início de novembro, quando a empresa reduziu drasticamente sua previsão de lucro e anunciou que precisaria eliminar 9.000 empregos em todo o mundo. A montadora também revelou um corte de 20% na produção global, à medida que os consumidores rejeitam sua linha de veículos pouco atraente, deixando os modelos da Nissan acumulando poeira nas concessionárias.

A Honda está avaliando várias opções, incluindo uma fusão, parceria de capital ou a criação de uma holding, disse o vice-presidente Executivo Shinji Aoyama nesta quarta-feira, após relatos sobre negociações entre as montadoras.

A Mitsubishi, apontada como um possível participante na parceria, também registrou alta, com suas ações subindo até 20%, o maior aumento desde 2013.

Por outro lado, as ações da Honda caíram até 3,4%, devido à preocupação de que a montadora precise resgatar a Nissan. Uma parceria “não traria benefícios de curto prazo” para a Honda, disse Tatsuo Yoshida, analista sênior da Bloomberg Intelligence.

Essa diferença de reação também foi observada no mercado de crédito, com os spreads dos títulos em dólar da Nissan apresentando o maior estreitamento já registrado, enquanto os prêmios dos swaps de crédito da Honda dispararam, refletindo a preocupação dos investidores.

A medida seguiria uma decisão das duas empresas, no início deste ano, de trabalhar juntas no desenvolvimento de baterias e software para veículos elétricos. Naquela ocasião, o CEO da Honda, Toshihiro Mibe, levantou a possibilidade de uma união de capital com a Nissan.

Se o acordo for fechado, deixaria as duas montadoras em uma posição melhor para competir no país e no exterior com a Toyota, a maior montadora do mundo. A Toyota adquiriu participações na Subaru, Suzuki Motor e Mazda, criando uma potência de marcas apoiada por sua classificação de crédito de alto nível.

Aval da Renault

A Renault está aberta a ideia de a Nissan prosseguir com negociações de fusão com a Honda , enquanto a montadora francesa busca maneiras de se proteger da crise que afeta sua parceira de longa data, segundo fontes familiarizadas com a situação.

De acordo com as fontes, a montadora francesa está ansiosa para que a japonesa encontre formas de se fortalecer, já que não está disposta a injetar dinheiro na Nissan. Com uma participação de 36%, a Renault continua sendo a maior acionista da montadora japonesa, e sua aprovação será crucial para qualquer acordo, afirmaram.

Embora a Renault seja, em princípio, favorável a um acordo que fortaleça a Nissan, avaliará cuidadosamente qualquer oferta feita à empresa japonesa, visando proteger seus próprios interesses, acrescentaram as fontes, lembrando que as conversas entre Nissan e Honda ainda estão em estágio inicial. Procurado pela reportagem, um porta-voz da Renault se recusou a comentar.

As montadoras enfrentam desafios crescentes, incluindo a queda na demanda por veículos elétricos na Europa e a crescente concorrência na China por parte de fabricantes locais, liderados pela BYD. A transição para longe do motor a combustão, que ocorre em ritmos diferentes dependendo do mercado, está perturbando modelos de fabricação e negócios que existiam há décadas.

Valor - SP   19/12/2024

Diante dos desafios dos ônibus e caminhões elétricos, montadoras investem também em híbridos e movidos a biocombustíveis

Mais do que uma tendência, a descarbonização no setor de transporte no Brasil é hoje extremamente necessária. Mas a adoção de modalidades de transporte mais sustentáveis, especialmente a transição para caminhões elétricos, não deve se limitar à pura troca de veículos, avalia Roberto Cortes, presidente e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, uma das maiores montadoras de veículos da América Latina.

“Mais do que tudo, exige um ecossistema completo, com investimentos em infraestrutura de carregamento, desenvolvimento de novas tecnologias de baterias e criação de políticas públicas que incentivem a adoção desses veículos, tornando o processo mais desafiador”, afirma o executivo.

Mesmo com todos os desafios — infraestrutura deficitária, alto custo das baterias e a inexistência de incentivos fiscais —, a montadora, segundo Cortes, já fez sua aposta. “A Volkswagen acredita que o futuro da modalidade é elétrico”, diz ele, lembrando que a empresa também realiza esforços na área de bicombustíveis, com veículos a biodiesel, diesel de fontes renováveis ou biometano.

Tavares, da FPT Industrial: investimento de R$ 127 milhões em P&D de novas tecnologias de propulsão — Foto: Divulgação

Prova dessa confiança em soluções elétricas, assinala Cortes, foi o lançamento, durante a edição 2024 da Feira Internacional do Transporte de Carga (Fenatran), realizada em novembro, em São Paulo, do e-Delivery, o primeiro caminhão elétrico 100% desenvolvido e fabricado no Brasil, voltado para entrega de mercadorias no perímetro urbano.

“Os caminhões elétricos ainda são bem mais caros que os modelos a combustão”, ressalta. “No entanto, essa diferença diminuirá com os avanços tecnológicos e a economia de escala, além do menor custo de manutenção em comparação à mesma categoria diesel”, explica Cortes.

Fabricante de veículos pesados, caminhões, ônibus e utilitários leves, com sede em Turim, na Itália, a Iveco também considera o desenvolvimento de caminhões elétricos como um marco essencial na jornada rumo à descarbonização do transporte. “Nosso objetivo é oferecer soluções que alinhem sustentabilidade e produtividade, focadas nas necessidades específicas de nossos clientes”, confia Marcio Querichelli, presidente da Iveco para América Latina.

O furgão eDaily é um exemplo claro dessa estratégia, salienta. Movido por propulsão elétrica e adaptado à realidade das diversas aplicações urbanas de carga, o eDaily foi projetado com uma plataforma modular e autonomia de até 300 quilômetros, garantindo um desempenho superior, diz Querichelli.

Alcides Cavalcanti, diretor da Volvo Caminhões: "Temos trabalhado e investido fortemente no desenvolvimento de motores a combustão de alta eficiência" — Foto: Pablo Vaz/Divulgação

“A prova de nosso compromisso com a redução de emissões é o investimento de R$ 100 milhões em produtos elétricos para o período de 2024 a 2026”, afirma. Esse aporte será destinado à importação dos primeiros lotes de produtos, aos esforços em pesquisa e desenvolvimento local para adaptação ao mercado, à localização de peças e serviços, ao treinamento das equipes de vendas e assistência, ao lançamento comercial e à promoção do produto.

A Iveco oferece também uma ampla gama de veículos com propulsões alternativas, incluindo HVO (biodiesel de segunda geração), gás natural, biometano, eletricidade e hidrogênio. “Recentemente, lançamos dois veículos elétricos a bateria: o S-eWay, caminhão rodoviário, e o eMoovy, veículo urbano de carga desenvolvido em parceria com a Hyundai”, diz.

Papel importante para o avanço da descarbonização são as tecnologias denominadas “epowertrain”, que incluem eixos, pacote de baterias e sistemas de acionamento elétrico, fundamentais no campo da eletrificação dos veículos pesados. Um dos principais fornecedores dessas soluções no Brasil, é a FPT Industrial, uma marca do Iveco Group. A empresa possui fábrica de epowertrain na Itália, dedicada à produção de eixos elétricos, pacotes de baterias, sistema de gerenciamento de baterias e central drives (eMotor), mas anuncia que investirá R$ 127 milhões no Brasil, em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias de propulsão, para os segmentos rodoviário e de mecanização agrícola. “Vamos continuar a investir em motores ainda mais sustentáveis, multicombustíveis, e nos posicionar a longo prazo como fornecedores de soluções de zero emissão, ampliando a cadeia de valor para a área de eletrificação, por meio de epropulsions e soluções de armazenamento de energia”, diz Carlos Tavares, presidente da FPT Industrial para América Latina.

A sueca Volvo foi umas das primeiras fabricantes a oferecer caminhões pesados 100% elétricos, com zero emissão, na Europa, em 2019, mas considera o mercado brasileiro muito restrito para esse tipo de veículo. “A Volvo optou por não vender caminhões elétricos no Brasil, mas sim oferecê-los através de locação, no conceito truck-as-a-service”, conta Alcides Cavalcanti, diretor-executivo da Volvo Caminhões. Os planos para produção no país de caminhões elétricos pesados estão em desenvolvimento, de acordo com o executivo, mas sem data determinada para início. “Tudo dependerá da escala de mercado”, afirma.

Segundo ele, no Brasil, no cenário atual, o mais viável para descarbonizar são os veículos movidos a biocombustíveis. “Temos trabalhado e investido fortemente no desenvolvimento de motores a combustão de alta eficiência, seja do ponto de vista da sustentabilidade, seja na eficácia operacional”, assinala. A montadora lançou recentemente o caminhão B100 Flex, que pode rodar com qualquer proporção de diesel ou biodiesel, chegando até 100% desse combustível renovável. “Quando abastecido com biodiesel puro, as reduções de CO2 podem chegar a 90%. É uma alternativa já disponível e viável para um transporte de baixas emissões”, afirma.

No segmento de transporte de passageiros, a gaúcha Marcopolo reforça sua estratégia de investir em veículos movidos a energia elétrica, hidrogênio e híbridos, no Brasil e no exterior. Lançado em 2021, o Attivi Integral, o primeiro ônibus da Marcopolo com chassi próprio e 100% elétrico, com itens predominantemente fabricados por empresas nacionais, inclusive componentes eletroeletrônicos, já vendeu 130 unidades. Neste ano, a empresa apresentou ao mercado o primeiro micro-ônibus híbrido (elétrico/etanol), o Attack 9 híbrido, que deve ser comercializado a partir do segundo semestre de 2025. O modelo é inédito para o mercado brasileiro, segundo a Marcopolo, sendo o primeiro micro-ônibus elétrico com energia das baterias recarregadas por um motor a etanol.

“Para ampliar nossa produção de modelos elétricos, estamos realizando um investimento de R$ 50 milhões ao longo de 2024 para a expansão e modernização da operação em São Mateus, no Espírito Santo”, comenta André Armaganijan, CEO da Marcopolo. Com isso, indica ele, a fábrica estará habilitada para produzir veículos elétricos, tanto o Attivi Integral, com chassi e carroceria próprios, quanto carrocerias para chassis de empresas parceiras. Além de São Mateus, os modelos elétricos também são fabricados na unidade de Caxias do Sul (RS). “O Brasil, assim como muitos outros países do mundo, tem muito a evoluir para a implantação e eletrificação plena da frota de ônibus das cidades e, portanto, deve ser buscada uma solução adequada para cada região nesta transição”, diz Armaganijan. “Por isso, temos trabalhado no desenvolvimento de veículos movidos por outras fontes sustentáveis.”

Infomoney - SP   19/12/2024

As gigantes automotivas japonesas Nissan e Honda estão explorando conversas para construir um relacionamento mais próximo que poderia incluir uma fusão, segundo relatos. Combinadas, as segunda e terceira maiores montadoras do Japão se aproximariam em tamanho da Toyota, que continuaria sendo a maior montadora do mundo.

Uma fusão potencial também sugere mudanças no cenário automotivo. Os fabricantes de automóveis estão lutando com a transição para veículos elétricos e a possibilidade de que o comércio global possa ser alterado caso o presidente eleito Trump imponha as tarifas gerais que ele prometeu durante a campanha.

Para as empresas de automóveis que fabricam produtos fora dos EUA, a possibilidade de ter que pagar um imposto sobre importações poderia ter um impacto significativo em seus negócios. A fusão da Honda e da Nissan aumentaria sua presença combinada de fabricação nos EUA, o que reduziria sua possível exposição a importações de veículos fabricados no Japão ou no México. A Nissan possui três fábricas de manufatura nos EUA, em Smyrna e Decherd, Tennessee, e em Canton, Mississippi. A Honda, por sua vez, tem 12 instalações nos EUA.

Até outubro deste ano, a Nissan fabricou 460.338 veículos nos EUA, uma queda de 10,6% em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados de vendas. A Honda tem capacidade suficiente para produzir 1 milhão de carros por ano nos EUA, segundo um comunicado à imprensa de junho.

As conversas sobre uma possível fusão foram relatadas pela primeira vez no Nikkei. Um porta-voz da Honda disse à Fortune que os relatos não vieram de indivíduos da empresa. A Nissan não respondeu a um pedido de comentário.

Em março, a Honda e a Nissan anunciaram que colaborariam no desenvolvimento de software e certos componentes de carros para veículos elétricos. “A Honda e a Nissan estão explorando várias possibilidades de colaboração futura, aproveitando as forças uma da outra. Informaremos nossos stakeholders sobre qualquer atualização em momento apropriado”, disse o porta-voz da Honda.

Durante toda a sua campanha presidencial e, agora, durante o processo de transição, Trump repetiu sua proposta de impor tarifas de 20% sobre todos os bens importados para os EUA. Essas tarifas se aplicariam a qualquer veículo da Honda ou da Nissan fabricado no exterior e, em seguida, enviado para venda nos EUA. O objetivo declarado das tarifas é induzir as empresas a aumentar sua fabricação americana. Embora até que ponto as empresas farão isso—em vez de simplesmente pagar as tarifas e repassar os preços aos consumidores—permaneça a ser visto.

Trump propôs tarifas direcionadas a países específicos, incluindo China, México e Canadá. A Nissan fabrica mais carros no México do que nos EUA. A Nissan aumentou sua produção no México em 9,8%, totalizando 575.366 veículos até outubro, de acordo com os mesmos dados de vendas da empresa. No mês passado, Trump propôs uma tarifa de 25% sobre todas as importações do México. Devido à sua significativa presença de manufatura no México, a Nissan poderia ser ainda mais afetada drasticamente caso Trump siga adiante com sua intenção de direcionar tarifas ao país.

A capacidade da Nissan de navegar por tarifas que poderiam ser devastadoras é especialmente crítica para seu futuro, dado suas dificuldades nos últimos anos. No mês passado, o Financial Times relatou que a montadora estava em busca de um investidor principal de longo prazo e estava considerando “todas as opções”. A montadora francesa Renault anteriormente possuía uma grande participação na Nissan, mas, segundo relatos, está buscando vender sua participação.

As conversas da Nissan e da Honda são apenas o mais recente movimento da indústria automotiva enquanto se prepara para um futuro incerto. As montadoras europeias já estão preocupadas com as tarifas de Trump, que veem como uma ameaça crucial. As empresas alemãs já estão lidando com uma economia estagnada e um setor de manufatura em dificuldades. “Eu quero que as empresas de carros alemãs se tornem empresas americanas. Quero que construam suas fábricas aqui”, disse Trump em setembro durante um evento de campanha em Savannah, Georgia.

CONSTRUÇÃO CIVIL

A Tribuna - SP   19/12/2024

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil, projetado para este ano em 4,1%, é robusto e reflete a conjunção de fatores favoráveis a investimentos no setor. Em 2025, o setor foi estimulado pela expansão do emprego e da renda, viabilizando a tomada de financiamento habitacional, prefeitos aceleraram as obras em ano eleitoral e os juros caíram de agosto de 2023 a setembro último.

Mas foi fundamental a injeção de dinheiro público via Minha Casa, Minha Vida. Com 900 mil moradias lançadas pelo programa desde 2023, o segmento popular é o que mais cresce, estimulando a expansão das construtoras especializadas em imóveis de baixo custo.

Conforme a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), entidade que fez o balanço do PIB do setor, de 985 mil moradias financiadas de janeiro a outubro, 516 mil contaram com dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), geralmente de programas do governo, e 469 mil com recursos da caderneta de poupança.

Ainda conforme a CBIC, os lançamentos (imóveis que serão vendidos e construídos) somaram 260 mil unidades no ano até setembro, 17% acima do que foi verificado em igual período de 2023. O estudo aponta ainda que as vendas estão em nível acima da construção, sinalizando redução de estoques e pressão sobre os preços.

O desempenho da construção é fundamental para o PIB geral por movimentar diversos outros setores. Conforme a CBIC, de janeiro a outubro, as obras geraram 230 mil empregos com carteira no País, sendo que 91 mil foram voltados à produção de edifícios (o restante se divide em obras de infraestrutura e serviços especializados de construção).

A expansão construtiva também reflete nas vendas de cimento, que aumentaram mês a mês durante o ano, acumulando 64 milhões de toneladas até novembro – 4% a mais do que mesmo período de 2023. A comercialização de insumos e materiais aumentou 5% na soma de janeiro a outubro sobre 2023. Como aquecimento da economia anima a inflação, a CBIC alerta ainda que os custos do setor subiram 6,34%, superando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,87%, em 12 meses até novembro.

Porém, no próximo ano, as condições serão mais difíceis não só para o setor como para o País. A Selic, recém-ampliada para 12,25% ao ano, deverá ser esticada para 14,25% em março, o que vai encarecer o custo dos empréstimos e deverá desacelerar o mercado de trabalho e a renda.

Assim, a CBIC prevê que o PIB da construção crescerá 2,3% em 2025, menos do que em 2024, mas ainda uma expansão em bom nível. Mas há ainda o problema paralelo da perda de recursos da caderneta de poupança devido ao baixo rendimento e da insuficiência do FGTS para dar conta dos empréstimos habitacionais populares. São questões que o governo precisa resolver para manter a construção como um dos motores do País em 2025.

Valor - SP   19/12/2024

Tecnologias mais recentes buscam contribuir para a contenção do aquecimento global, mas projetos ainda são embrionários

Materiais inovadores, sustentáveis, de baixo impacto ambiental e até soluções que otimizam a eficiência e a durabilidade de obras estão mudando a forma de construir e ajudando a resolver problemas do passado. Nos últimos anos foram criados hidrocerâmicas, isolamentos térmicos, telhas solares, espuma de alumínio, tijolos biológicos, madeira transparente e até concreto biológico que usa bactérias para resolver, também, problemas de fissuras e rachaduras em estruturas urbanas.

“As principais inovações do setor estão ligadas às tentativas de redução de CO2, alinhando a construção com práticas mais sustentáveis e modernas. São inúmeras opções. Mas, aqui no Brasil, ainda estão em estágios iniciais, sem participação expressiva no mercado nacional”, explica Valter Frigieri Júnior, diretor de desenvolvimento e mercado da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Marcos Serafim, gerente de design e inovação do Centro Cerâmico do Brasil (CCB), diz também que, embora algumas dessas tecnologias estejam disponíveis no país, muitas delas são ainda embrionárias, limitadas a pesquisas acadêmicas, projetos experimentais ou nichos específicos de mercado. Serafim e Frigieri concordam que essas inovações têm potencial para transformar o setor da construção nacional.

“Há um esforço contínuo de investimentos das indústrias de cimento e de aço para que se ofereça ao mercado produtos de menor emissão”, aponta Frigieri. No caso do cimento, envolve não apenas a produção deste material com menor pegada ambiental, mas também com foco em processos que facilitam e agilizam a construção. Um desses está relacionado à impressão 3D para a produção de estruturas de concreto.

O diretor da ABCP informa que, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), além da participação de empresas do setor, players do mercado imobiliário, indústria de materiais e de equipamentos e uma startup, foi criado um hub de inovação para estudar e desenvolver aplicações práticas de impressão 3D na construção. O desafio do projeto, denominado hubIC 3D, é estruturar soluções para viabilizar essa técnica.

“Nos últimos 12 meses, obtivemos avanços significativos, incluindo a impressão do protótipo de uma cozinha”, diz Ronaldo Motta, vice-presidente de engenharia e produção da MRV. Segundo ele, os custos iniciais têm se mostrado promissores e, mantendo o ritmo de desenvolvimento, é possível que em dois a três anos essa tecnologia poderá atingir um nível de competitividade “muito interessante”.

O executivo da MRV acrescenta que um dos principais desafios superados até agora é o desenvolvimento da tecnologia da argamassa, que analogamente funciona como a “tinta” de uma impressora. “Melhorar a eficiência desse material é crucial para reduzir custos e aumentar a velocidade da impressão em 3D, consolidando a viabilidade [técnica e econômica] desse sistema construtivo no mercado”, diz Motta.

A MRV vem incorporando em suas obras soluções que permitem e ampliam o acesso de seus clientes à energia limpa e renovável. Até agora, segundo o executivo, mais de 250 obras já foram entregues com sistemas de energia solar fotovoltaica nas áreas comuns dos empreendimentos. “A empresa alcançou uma redução superior a 20% nas emissões de CO2, resultado do investimento em soluções de baixo carbono, como a energia renovável e concreto ecoeficiente”, afirma Motta.

A Construtora Tenda inovou na agilidade. Criou uma divisão de casas pré-fabricadas que batizou de Alea. O modelo consiste na construção off-site, em que partes da casa são produzidas em uma fábrica e, depois, montadas no canteiro, com potencial de reduzir o uso de mão de obra em até 94%. Luiz Garcia, CFO da empresa, explica, por exemplo, que o método tradicional de construção de uma casa de 44 metros quadrados em alvenaria exige, em média, oito pessoas e um mês de trabalho. “Com o método off-site e tecnologia woodframe, uma casa do mesmo tamanho utiliza no máximo uma pessoa e precisa de metade do tempo”, afirma .

A Tenda incorporou ainda a “kitização” de materiais no seu centro de distribuição e transformação (CDT). Os materiais recebidos no CDT são agrupados em kits específicos para cada apartamento e atividade, como distribuição de água, ramal de gás, ramal de esgoto e itens de fixação de esquadrias de alumínio, entre outros. “Isso tem permitido a diminuição da área de armazenamento no canteiro de obras e melhorado a logística”, explica Garcia.

No segmento de materiais de acabamento, a Roca desenvolveu cubas de bordas finas e de alta resistência (30% acima das tradicionais) para banheiros, possibilitando soluções estéticas e alinhadas às tendências de arquitetura e design. Sérgio Melfi, diretor do grupo Roca no Brasil, diz ainda que a empresa começou a usar neste ano novos fornos para a produção de louças sanitárias. “Esses avanços tecnológicos reforçam nosso compromisso com a eficiência operacional e a sustentabilidade, reduzindo o consumo de gás e otimizando os processos”, diz.

A inteligência artificial (IA) vem sendo usada por praticamente todos os principais players do setor para melhorar a eficiência, a gestão, o monitoramento e a segurança de canteiros de obras, além de reduzir custos e desperdícios. Nos últimos dois anos, a empresa de engenharia SH, que aluga equipamentos (andaimes e escoramentos metálicos, entre eles), investiu R$ 100 milhões em inovação, em tecnologia e IA. Neste campo, criou uma plataforma digital para a consulta e gestão de contratos a partir de qualquer lugar e dispositivo. Com isso, o cliente pode acompanhar seu contrato de locação e visitas técnicas virtuais, entre outros.

FERROVIÁRIO

Grandes Construções - SP   19/12/2024

A movimentação de cargas por ferrovias no Brasil atingiu, em 2023, o maior nível dos últimos cinco anos, com o transporte de 530,6 milhões de toneladas úteis, conforme dados da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).

Paralelamente, os sistemas metroferroviários brasileiros transportaram 1,25 bilhão de pessoas nos primeiros seis meses de 2024, um aumento de 4,4% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados da Associação Nacional de Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).

Esses números destacam o papel estratégico do transporte metroferroviário para a economia e reforçam a importância das inspeções técnicas acreditadas para garantir eficiência e segurança neste setor.

A atividade de inspeção acreditada é o mecanismo pelo qual um Organismo de Inspeção (OIA), reconhecido pela Coordenação Geral de Acreditação (Cgcre) do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), verifica se um empreendimento de infraestrutura (projeto de engenharia, execução de obra, operação e desempenho) está em conformidade com normas, diretrizes e regulamentos previamente estabelecidos. Este mecanismo se aplica a qualquer área da infraestrutura, como ferrovias, rodovias, portos, aeroportos, energia, habitação e outros.

A inspeção acreditada abrange todas as etapas da infraestrutura de um empreendimento metroferroviário, desde sua concepção até a operação e manutenção.

Além de melhorar a infraestrutura, a inspeção acreditada atua na segurança operacional e na prevenção de acidentes, assegurando que a infraestrutura implantada atenda aos requisitos estabelecidos e seja mantida de forma segura e ambientalmente correta.

A Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (ABRAC) destaca o papel essencial da inspeção acreditada para o desenvolvimento do setor metroferroviário no Brasil.

“O transporte metroferroviário é um motor para o desenvolvimento econômico e social do país, e a inspeção acreditada permite assegurar que esse potencial seja realizado com conformidade e eficiência, além de segurança técnica e jurídica”, aponta Jefferson Carvalho, Vice-presidente da entidade.

“A conformidade da infraestrutura e de sua manutenção contribui para que cargas sejam transportadas sem avarias e acidentes e que a população que utiliza o sistema metroviário diariamente, chegue ao seu destino e volte para casa em segurança. A inspeção acreditada colabora também para o desenvolvimento sustentável, no sentido que as obras e manutenções das infraestruturas assegurem o cumprimento da legislação ambiental”, conclui Carvalho.

NAVAL

InfraRoi - SP   19/12/2024

O governo do Paraná enviou o processo de concessão do Canal de Acesso Aquaviário ao Porto de Paranaguá ao Tribunal de Contas da União (TCU), que será responsável pela análise antes da construção do edital, que deve ser feita pelo Ministério de Portos e Aeroportos. Caso tudo dê certo, o Paraná deve se tornar o primeiro Estado a implantar um modelo de concessão deste tipo na América Latina, cujo modelo deverá ser seguido por outros portos do País.

A concessão abrangerá a ampliação, manutenção e exploração do canal de acesso aquaviário pelo prazo de 25 anos, com possibilidade de prorrogação até 70 anos. Entre as principais melhorias previstas no projeto estão o aprofundamento, ampliação e alargamento do canal, o alargamento da bacia de evolução e o aprofundamento da área de fundeio nº 6.

Com isso, a previsão é passar para 12,8 metros de profundidade média ainda na fase de implantação e chegar a 15,5 metros após a concessão, o que viabiliza a atracação de navios de maior porte. O futuro concessionário executará todos os investimentos necessários para atingir a meta estabelecida, incluído serviços de dragagem, derrocagem, sinalização náutica, batimetria, programas e monitoramentos ambientais, dentre outros. O investimento previsto é de R$ 1,07 bilhão.

Inédita no Brasil, a concessão do Canal de Acesso Aquaviário passou por audiência pública em novembro do ano passado e foi aprovado pela Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) em agosto deste ano. Ela é uma das prioridades do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do governo federal, que já pensa em fazer a mesma coisa com o canal de Santos.
Expectativas

A Portos do Paraná diz que o aumento das medidas no Canal de Acesso fará com que Paranaguá seja o porto mais acessível para grandes embarcações no Brasil, já que o porto de Santos e os portos catarinenses têm, em média, 14,5 metros de profundidade.

A União, poder concedente, será responsável pelo leilão e a assinatura do contrato, a Antaq será responsável pela fiscalização e a Portos do Paraná estabelecerá diretrizes e orientará as concessionárias, fazendo a gestão estratégica portuária. Não haverá alteração na forma da cobrança dos armadores, que é feita por meio da Tarifa Inframar, com a transferência da taxa para iniciativa privada.

PETROLÍFERO

Petro Notícias - SP   19/12/2024

A Petrobrás faz novos movimentos exploratórios na camada do pré-sal. A empresa iniciou recentemente a perfuração de dois novos poços na região, nos blocos Norte de Brava e Aram, que ficam localizados nas bacias de Campos e Santos, respectivamente.

Em Aram, o poço exploratório pioneiro adjacente 4-BRSA-1395-SPS está em lâmina d’água de 1.757 metros, com a perfuração sendo realizada pela sonda DS-4, da Valaris. O objetivo é testar a ocorrência de petróleo ou gás natural em área adjacente a uma descoberta, em prospecto com similaridade geológica e proximidade geográfica, porém sem conectividade hidráulica àquela descoberta.

Como noticiamos, a Petrobrás já fez duas descobertas de óleo no bloco de Aram, sendo a primeira em 2021 e a segunda em 2023. Na ocasião do anúncio da segunda descoberta da área, a empresa disse que “Aram constitui um importante ativo para a exploração do potencial remanescente do Pré-Sal, em particular na bacia de Santos”. Além disso, à época, a companhia acrescentou que encontrou “um fluido de excelente qualidade, confirmando os baixos teores de contaminantes”.

Já no bloco Norte de Brava, o poço pioneiro 1-BRSA-1394-RJS fica em lâmina d’água de 575 metros e está sendo perfurado pela sonda Deepwater Aquila, de propriedade da Transocean. Os poços exploratórios pioneiros têm como objetivo testar a ocorrência de petróleo ou gás natural em um ou mais objetivos de um prospecto geológico ainda não perfurado.

Valor - SP   19/12/2024

O acordo de parceria vinculante compreende a aquisição de 50% da infraestrutura de escoamento e processamento de gás natural na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte

A PetroReconcavo assinou um acordo de parceria vinculante com a Brava Energia para a aquisição de 50% da infraestrutura de escoamento e processamento de gás natural na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte.

O valor da transação é de US$ 65 milhões e também prevê compromissos de suprimento de gás entre as companhias. O pagamento será realizado em duas parcelas, sendo que 35% do montante total será efetuado na data de assinatura dos acordos definitivos da transação e o remanescente, na data de fechamento.

A infraestrutura de escoamento e processamento, objeto da transação, contempla as Unidades de Processamento de Gás Natural II e III (UPGNs), com capacidade total de processamento de 3 milhões metros cúbicos por dia; o Gasoduto Livramento/Guamaré que interliga as instalações da PetroReconcavo ao Ativo Industrial de Guamaré da Brava Energia (AIG); e as Esferas de GLP, localizados no Rio Grande do Norte.

O acordo prevê a criação de comitês operacionais com membros de ambas as companhias, sendo a Brava Energia o operador do consórcio; o compartilhamento de utilidades e serviços do AIG que suportam a operação das UPGNs; e a assinatura de compromisso para aquisição de gás natural da PetroReconcavo pela Brava Energia por cinco anos em volumes contratados de média de 150 mil metros cúbicos diários a partir do segundo semestre de 2025.

TN Petróleo - RJ   19/12/2024

A Naturgy, distribuidora de gás natural, acaba de firmar com a Petrobras novo aditivo para reduzir ainda mais o custo do gás natural no estado do Rio de Janeiro. Os novos aditivos estão sendo apreciados pela Agência Reguladora (Agenersa) e, caso aprovados, entram em vigor em 1 de janeiro de 2025, com vigência de dois anos.

"A Naturgy buscou entendimento com a Petrobras para reduzir pela segunda vez este ano o preço do gás natural. Com o acordo, o estado do Rio mais uma vez é pioneiro e se firma como o primeiro a conquistar o segundo aditivo com um preço menor para a molécula. Com isso, ganha a população fluminense", explica Kátia Repsold (foto), country manager da Naturgy no Brasil.

Este é o segundo acordo negociado entre as empresas este ano. Conforme a nova regra, acima de 60% da quantidade contratada até 90% o valor da molécula fica em 11% do Brent. Já entre 90% e 115%, o valor cai para 10% do Brent. No primeiro, firmado em junho, houve uma redução do valor da molécula que ultrapassar 60% da quantidade contratada até o limite de 105% da mesma.

Entre os mercados beneficiados está o GNV. O Rio de Janeiro é líder no setor, com 1,7 milhão de veículos leves adaptados e 700 postos. Os novos preços poderão ser repassados ao cliente final pela distribuidora e pelos postos, estimulando ainda mais o consumo do combustível.

"As negociações com a Naturgy comprovam que o portfólio de venda de gás natural da Petrobras está, a cada dia, mais competitivo e flexível, permitindo a adequação às necessidades dos clientes e assegurando competitividade para a população e indústria", afirma o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim.

A Petrobras prevê investimentos de aproximadamente US$ 8 bilhões na ampliação das ofertas nacionais com a construção de novas infraestruturas, em projetos próprios e em parceria, que poderão agregar mais de 30 MMm³/dia de gás natural nacional ao mercado ao longo dos próximos anos. Além disso a Companhia prevê U$ 7,9 bilhões na exploração de novas fronteiras, que permitirão a reposição das nossas reservas de óleo e gás natural, de modo a garantir a perenidade e sustentabilidade de um mercado de gás natural com potencial de crescimento.

Infomoney - SP   19/12/2024

Os preços do petróleo fecharam em alta nesta quarta-feira (18), depois que os estoques de petróleo norte-americanos caíram e o Federal Reserve dos Estados Unidos cortou as taxas de juros, como esperado.

Mas os ganhos foram limitados, já que o Fed sinalizou que diminuiria o ritmo dos cortes.

Os contratos futuros do Brent subiram US$ 0,20, ou 0,27%, a US$ 73,39 por barril. O petróleo West Texas Intermediate dos EUA subiu US$ 0,50, ou 0,71%, a US$ 70,58. Ambos os índices de referência recuaram de ganhos de mais de US$ 1 por barril nas máximas da sessão.
Os estoques de petróleo e de derivados dos EUA caíram, enquanto os estoques de gasolina aumentaram na semana encerrada em 13 de dezembro, informou a Administração de Informações sobre Energia nesta quarta-feira.

O total de produtos fornecidos, um indicador da demanda, foi de 20,8 milhões de barris por dia (bpd), um aumento de 662 mil bpd em relação à semana anterior.

“O mercado parece ter dado uma guinada em relação a toda a negatividade que vimos há algumas semanas, pois há mais otimismo em relação à demanda”, disse Phil Flynn, analista sênior do Price Futures Group.

O Federal Reserve dos EUA reduziu as taxas de juros e sinalizou que diminuirá o ritmo de corte dos custos de empréstimos, devido a uma taxa de desemprego relativamente estável e pouco avanço recente na inflação.

Os futuros do Brent e do petróleo dos EUA reduziram os ganhos e ficaram negativos no pós-fechamento após o anúncio do Fed, que foi seguido pelo índice do dólar atingindo uma alta de 108,156 no acumulado do ano.

Um dólar mais forte torna o petróleo mais caro em outros países, o que pode reduzir a demanda.

RODOVIÁRIO

Canal Rural - SP   19/12/2024

Na operação, o banco subscreveu R$ 4,575 bilhões em debêntures e aprovou financiamento no valor de R$ 475 milhões, por meio do BNDES Finem. O projeto de duplicação desse trecho da rodovia, além da implementação de melhorias, tem investimento total de R$ 9 bilhões.
Duplicação da BR-163 até 2029

Com os investimentos, todo o trecho sob concessão, de 850 km, entre os municípios de Itiquira e Sinop, ambos em Mato Grosso, estará duplicado até 2029, impactando diretamente 19 municípios e dois terços da população do estado.
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A rodovia transporta mais de 20% da exportação agrícola do país (40 milhões de toneladas ou US$ 33 bilhões em 2023), escoando a produção para os portos das regiões Norte e Sudeste.

Segundo levantamento do BNDES, as obras têm potencial para gerar 3.400 empregos diretos e indiretos, e mais de 2.400 após a implantação. Quando concluída, a duplicação vai reduzir em 35% o número de acidentes e em 20% o tempo de viagem entre Cuiabá e Sinop.

“O apoio financeiro do BNDES para a duplicação da BR-163 reforça o compromisso do governo do presidente Lula com o pacto republicano, com o crescimento econômico, com o agronegócio brasileiro e com a população de Mato Grosso. Também é importante pois viabiliza o sucesso da primeira solução consensual do setor, destravando investimentos no país”, explica o presidente da instituição, Aloizio Mercadante.

Valor - SP   19/12/2024

Acordo foi assinado com a União, por intermédio do Ministério dos Transportes e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), com a interveniência do TCU

A CCR, por meio da sua controlada direta CCR MSVia, assinou um Termo de Autocomposição para solucionar as controvérsias relativas à readaptação e otimização do contrato de concessão da rodovia BR-163, no Mato Grosso do Sul.

O acordo foi assinado com a União, por intermédio do Ministério dos Transportes e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), com a interveniência do Tribunal de Contas da União (TCU).

Segundo a solução aprovada pelo TCU, após a assinatura do termo de autocomposição e de uma consulta pública, as ações da CCR MSvia serão ofertadas ao mercado, por meio de um processo competitivo na B3, sendo que a CCR participará do leilão.

Após a conclusão do processo competitivo, será celebrado o aditivo de modernização do contrato de concessão, preservando a continuidade da prestação do serviço público na BR-163.

AGRÍCOLA

Valor - SP   19/12/2024

Inovações incluem a produção do biometano a partir dos resíduos gerados nas propriedades agrícolas e seu uso em tratores

Veículos pequenos, com baixas demandas energéticas, deverão seguir a tendência de serem atendidos por eletrificação, de acordo com o compromisso estratégico da CNH, fabricante de tratores Case IH e New Holland, visando acelerar o caminho para uma agricultura com zero emissões de gases de efeito estufa. “Ano após ano, estamos demonstrando soluções sustentáveis de energia limpa, testando provas de conceito que estavam sempre à frente de seu tempo, estabelecendo novos padrões, explorando os limites da tecnologia e aprendendo sobre a viabilidade da introdução dos novos produtos no mercado”, destaca Flávio Mazetto, diretor de produtos e portfólio da CNH para a América Latina.

No ano passado, a CNH lançou a miniescavadeira elétrica E15X, um produto do setor de construção que também pode ser usado na agricultura. Na Agrishow 2024, realizada em Ribeirão Preto (SP), em maio, foram exibidos o Farmall 75C Elétrico, da Case IH, e o T4 Electric Power, da New Holland, os primeiros tratores totalmente elétricos da indústria brasileira. “Em nossa visão, este será um caminho a ser continuamente seguido pelos sistemas de propulsão no futuro”, afirma Mazetto.

Em relação aos veículos mais pesados, com maiores demandas energéticas, no entanto, segundo o executivo, a tendência é serem atendidos por biometano. “Isso ocorre porque os tratores movidos a gás natural oferecem os mesmos níveis de potência e torque que seus equivalentes a diesel, porém reduzem as emissões totais em até 80% e proporcionam economia de custo de combustível de até 30%”, explica.

Malevic, da Tupy: produção de biometano nas propriedades agrícolas, com o próprio resíduo — Foto: Divulgação

Fabricante multinacional de equipamentos agrícolas para 140 países, com sede em Duluth (Georgia), Estados Unidos, a AGCO acelera o desenvolvimento do trator movido a biometano, que envolve a adaptação de motores agrícolas para utilização de combustíveis alternativos, como etanol e biometano, informa Fabrício Nogueira Natal, vice-presidente global de engenharia da subsidiária brasileira.

“A inovação inclui o desenvolvimento de novos componentes para que funcionem eficientemente com biometano, combustível produzido a partir de resíduos orgânicos, como biomassa e resíduos agrícolas”, comenta.

Para Natal, o impacto do projeto é significativo, pois reduzirá custos operacionais devido ao menor preço dos combustíveis alternativos e diminuirá a dependência de combustíveis fósseis, o que proporciona maior segurança energética. “A entrada no mercado dos motores movidos a etanol e biometano deve gerar um volume de vendas substancial para a AGCO, tanto em veículos como na produção de motores que é realizada no Brasil”, ressalta.

Na avaliação de Cristian Malevic, diretor de engenharia responsável pela unidade de soluções em descarbonização da Tupy, multinacional brasileira do setor de metalurgia, as máquinas agrícolas utilizadas para plantio e colheita de cana-de-açúcar ainda carecem de versão de motores que possam compartilhar do combustível produzido pela própria usina — o etanol, o que viabilizaria a redução ainda maior da pegada de carbono para esse biocombustível.

Por isso, relata Malevic, a Tupy tem dedicado seus investimentos ao desenvolvimento da solução chamada “bioplanta”, destinada à produção de biometano, combustível renovável e fertilizante organomineral, a partir dos dejetos e resíduos gerados nas propriedades agrícolas.

As bioplantas, que trazem a marca MWM, adquirida pela Tupy no fim de 2022, são fábricas próprias de transformação de resíduos orgânicos da cadeia de alimentos em biometano, que tem substituído o diesel nos diversos caminhões e máquinas que já utilizaram o serviço de transformação veicular, oferecido pela companhia. “Em um dos clientes, uma importante usina do interior de São Paulo, na safra 2023/2024, mais de 685 mil litros de diesel foram substituídos por biometano oriundo da biodigestão da vinhaça, que move os caminhões e motobombas da empresa”, conta Malevic.

Pelo menos três fábricas estão em desenvolvimento, complementando o portfólio da Tupy para além da fabricação de motores e equipamentos movidos a biocombustíveis. A bioplanta de Ouro Verde do Oeste, próximo à cidade de Toledo (PR), iniciou suas operações em novembro, associada à Cooperativa Primato, afiliada à Frimesa. O projeto receberá diariamente em torno de 1,2 milhão de litros de dejetos suínos provenientes de 65 mil animais. Em Divinópolis, a pouco mais de cem quilômetros de Belo Horizonte (MG), segue em ritmo acelerado a instalação de uma segunda bioplanta, onde dejetos de aves poedeiras serão transformados em energia elétrica para atender ao Rancho da Lua, uma granja que vai operar com um milhão de animais, além da fábrica de ovos pasteurizados da empresa. A terceira planta será instalada na cidade de Seara (SC), em parceria com a Seara-JBS, e atenderá em torno de 80 propriedades da região.

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