Clipping Diário

20 | Janeiro | 2025

SIDERURGIA

Diário do Aço - MG   20/01/2025

A Campanha Salarial 2024/2025 na Usiminas, que tem como data base o dia 1º de novembro do ano passado, parece estar longe de ter um fim. As duas partes continuam sem chegar a um consenso sobre uma nova contraproposta que atenda aos anseios de ambas as partes, e que possa ser levada em assembleia e ser apreciada pelos trabalhadores.

Nem mesmo o Ministério Público do Trabalho (MPT) conseguiu, por meio de uma reunião promovida na segunda-feira (13), em Coronel Fabriciano, um acordo entre entidade e empresa. A última proposta apresentada aos trabalhadores foi recusada por quase 80% dos votantes no início de dezembro.

A Usiminas afirma que sua última contraproposta nem sequer foi levada pelo sindicato, à apreciação pelos trabalhadores.

Correção salarial
O grande impasse gira em torno da correção salarial. A Usiminas ofereceu 5,17% sobre o salário de novembro, retroativo a este mesmo mês de 2024, mais um Vale Alimentação de R$ 600 e um adicional no mesmo valor. No entanto, o sindicato exige um ganho real de 7%, portanto, acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) calculado em 4,6%,.

“O que nós temos da pauta de reivindicação é o 7% de ganho real. Isso foi aprovado na pauta de reivindicação, mas nós estamos exigindo que a empresa aumente esse reajuste para trazer para a Assembleia novamente”, afirmou Geraldo Magela, presidente do Sindipa.
Marcelo Costa
A última proposta apresentada aos trabalhadores foi recusada por quase 80% dos votantes no início de dezembro

Além disso, Magela classificou que representantes da siderúrgica fizeram um “teatro” na segunda-feira. “Pediram um intervalo de 10 minutos para discutir com a diretoria e trazer uma nova proposta, e trouxeram o que tinha retirado na carga extra [do Vale Alimentação]. A carga extra que tinha sido rejeitada era de R$ 550, ela voltou para R$ 600”, explicou.

Já um comunicado entregue aos trabalhadores nas portarias da empresa acusa a entidade sindical de arbitrariedade. “O Sindipa se recusa a levar essa proposta aos trabalhadores, sem nenhuma justificativa. Onde está a democracia? Onde está o respeito aos trabalhadores? São eles, os metalúrgicos, que têm que decidir e não a diretoria do Sindipa arbitrariamente”, está escrito em um dos parágrafos.

À espera de agenda de uma nova reunião
Em entrevista ao jornal, Magela deixou claro que não há perspectiva para uma nova reunião. “O Ministério Público propôs já agendar uma outra mediação para essa próxima sexta-feira (17), mas a Usiminas não garantiu que faria uma nova proposta, por isso não foi agendado”, garantiu.

Contraproposta da empresa foi seguidas vezes recusada pelos representantes dos trabalhadores e pelos metalúrgicos em assembleia

Estado de greve desde dia 3
Por causa do impasse na negociação, os metalúrgicos aprovaram em assembleia, dia 3/1, a implementação do estado de greve, conforme noticiado pelo Diário do Aço. Magela reiterou a possibilidade de mobilização dos trabalhadores para parar a produção industrial.

“A insatisfação é muito grande dos trabalhadores. Então, é possível sim. Eu acredito que a Usiminas vai fazer uma nova proposta para não chegar a esse ponto, porque isso não é bom pra ninguém, principalmente pra ela. Mas se não, nós vamos sim insistir até parar a produção na Usiminas”, respondeu.

O que diz a Usiminas
“A Usiminas informa que apresentou, na última segunda-feira (13), uma nova proposta ao Sindipa para fechamento do Acordo Coletivo 2024/2025, durante reunião de conciliação realizada no Ministério Público do Trabalho (MPT). Novamente, a proposta foi recusada em mesa pelos representantes do sindicato, sem promover a oportunidade dos empregados avaliarem em assembleia”, se posicionou a empresa, por meio de nota.

Infomoney - SP   20/01/2025

A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, nesta segunda-feira (20), gera grandes expectativas para o mercado sobre os efeitos de suas políticas na economia global, com atenção especial para o Brasil. Especialistas ouvidos pelo InfoMoney projetam 12 setores brasileiros que devem ser impactados diretamente pelas propostas econômicas do republicano.

Eles apontam que enquanto algumas empresas se beneficiam de políticas protecionistas e valorização do dólar, outras enfrentam empecilhos com o aumento dos custos e a pressão sobre suas margens de lucro. A adaptação do mercado a essas mudanças, segundo os especialistas, será determinante para garantir a competitividade no novo cenário internacional nos próximos quatro anos.

O setor de aço, por exemplo, já sente os efeitos das propostas de Trump, que prevê aumentos nas tarifas sobre produtos importados, inclusive o aço. Empresas brasileiras como CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) podem ser impactadas negativamente, com o risco de perda de competitividade no mercado americano. Já a Gerdau (GGBR4), que tem uma forte presença nos Estados Unidos, pode se beneficiar de um aumento na demanda interna por aço, favorecida pelas políticas protecionistas de Trump.
O analista Felipe Papini, da One Investimentos, alerta que empresas dependentes de insumos importados ou com dívidas em moeda estrangeira são as mais vulneráveis a esse cenário. Entre elas estão os varejistas Lojas Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3), que podem ver suas margens de lucro pressionadas devido à alta do dólar. A valorização da moeda americana, além de aumentar o custo das importações, também encarece o pagamento de dívidas em dólar, fator que afeta diretamente essas empresas.

O aumento no preço do dólar também pode afetar negativamente o setor de aviação. Com o aumento do custo do querosene de aviação, cotado em dólar, empresas como Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), diz ele, enfrentam uma pressão adicional sobre seus custos operacionais. Além disso, a possível alta nos preços das passagens aéreas para cobrir esses custos pode reduzir a demanda.
Quem deve se dar bem

Nem todos os setores do Brasil estão em risco, observam os especialistas. O agronegócio, por exemplo, tende a se beneficiar com a posse de Trump. É o que aponta João Piccioni, analista da Empiricus Gestão. Segundo ele, as tarifas mais altas sobre os produtos chineses podem afetar o mercado americano, mas a demanda da China por produtos como soja e carne pode crescer, abrindo novas oportunidades para os exportadores brasileiros. Empresas como SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3) estão entre as que podem se beneficiar com o aumento da demanda por commodities.

Outro setor que deve aproveitar o cenário de alta do dólar é o de exportação de commodities, como petróleo. A Petrobras (PETR4) se encontra em uma posição favorável, já que grande parte de sua receita vem da exportação de petróleo, que é cotado em dólares. No entanto, a política energética de Trump pode gerar volatilidade. Enquanto as políticas de estímulo à produção de petróleo nos EUA podem aumentar a oferta global e pressionar os preços para baixo, as empresas exportadoras brasileiras podem ser beneficiadas pela alta do dólar.

A Braskem (BRKM5), por sua vez, com suas operações nos Estados Unidos e estrutura de receita em dólar, é vista como uma das empresas que mais pode se beneficiar da alta do câmbio. Seu posicionamento no mercado global de petroquímicos permite uma proteção contra as pressões das tarifas protecionistas, além de ter custos mais baixos em reais.
Oportunidades e riscos

Por outro lado, o setor industrial brasileiro, com empresas dependentes de insumos importados, pode sentir uma pressão maior. Rafael Weber, estrategista de ações da RJI Investimentos, diz que setores como alimentos e vestuário, que dependem de matérias-primas dolarizadas, enfrentam dificuldades. Empresas como a Intelbras (INTB3), por exemplo, que depende de componentes eletrônicos importados, podem sofrer com o aumento dos custos de produção.

O setor financeiro brasileiro também deve sentir os impactos das políticas de Trump. A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mantenha os juros elevados por mais tempo, com o aumento da inflação nos Estados Unidos. Isso atrairia investidores para ativos americanos, tornando os mercados emergentes, como o Brasil, menos atraentes. Com o fluxo de capital externo diminuindo, o valor do real tende a cair frente ao dólar, tornando mais difícil a gestão de ativos para empresas com dívidas em moeda estrangeira.

Em relação ao setor de energia, a Petrobras pode ter um alívio momentâneo com o fortalecimento do dólar. Porém, o aumento da produção interna de petróleo nos Estados Unidos pode gerar uma pressão sobre os preços globais. Assim, a empresa brasileira precisaria ajustar suas estratégias para manter sua competitividade no mercado internacional, uma vez que a margem de lucro pode ser reduzida se os preços do petróleo caírem.

O analista Jeff Patzlaff, especialista em investimentos, também aponta que a política energética de Trump, que favorece o setor de óleo e gás nos EUA, pode trazer oportunidades e riscos para o Brasil. Embora a Petrobras possa se beneficiar inicialmente da alta do petróleo, a maior produção americana pode aumentar a oferta global, pressionando os preços e afetando as margens de lucro.

Além disso, o aumento das tarifas comerciais propostas por Trump deve afetar diretamente as exportações brasileiras de produtos agrícolas, especialmente se os Estados Unidos implementarem barreiras mais severas. No entanto, o aumento da demanda por commodities brasileiras por parte de mercados como a China pode compensar essa perda de competitividade.

Patzlaff diz que, no setor de consumo interno, o aumento dos custos operacionais devido à alta do dólar torna as varejistas vulneráveis porque a inflação gerada pela valorização da moeda americana pode reduzir o poder de compra do consumidor, prejudicando as vendas no mercado interno e afetando a rentabilidade dessas empresas.

Enquanto isso, empresas do setor de tecnologia, como WEG (WEGE3), podem se beneficiar com a valorização do dólar, uma vez que suas operações internacionais proporcionam uma vantagem cambial. A Embraer (EMBR3), com forte presença global, também está bem posicionada para tirar proveito das condições favoráveis, com sua receita predominantemente em dólar.

O mercado de commodities também tende a se beneficiar da valorização da moeda americana, com empresas exportadoras como Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) se beneficiando da alta do dólar. Essas empresas possuem operações globais que ajudam a mitigar os impactos das flutuações cambiais.

No entanto, o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos pode elevar os custos de financiamento para empresas brasileiras endividadas em dólares, o que aumenta ainda mais a pressão sobre setores vulneráveis, como o varejo. Por isso, empresas como Lojas Renner e Magazine Luiza precisam considerar alternativas para mitigar os riscos, como a utilização de hedge cambial e a renegociação de dívidas.
Outro cenário

Com a perspectiva do novo governo Trump, muitas análises indicam um fortalecimento do dólar, o que poderia resultar em um enfraquecimento do real. Mas Paulo Feldmann, professor da Fia Business School, discorda dessa visão. Para ele, embora um fortalecimento inicial da moeda americana seja possível, as políticas implementadas por Trump podem gerar problemas para os Estados Unidos. A restrição à imigração, por exemplo, poderia aumentar os custos com mão de obra, o que impactaria a produção e geraria inflação.

Além disso, a postura desrespeitosa de Trump em relação a diversas instituições norte-americanas, segundo Feldmann, poderia gerar instabilidade interna, afetando negativamente a confiança na moeda americana.

Em relação às tarifas que Trump prometeu durante a campanha, o professor acredita que não haverá um tarifaço tão expressivo como muitos imaginam. Embora as tarifas sejam uma ameaça para países como a China, que pode reagir com a desvalorização do yuan, esse movimento pode neutralizar o impacto das medidas.
Empresas beneficiadas

Agronegócio e commodities

SLC Agrícola (SLCE3): beneficiada pela possível alta da demanda por produtos agrícolas devido às tarifas mais altas sobre produtos chineses.
BrasilAgro (AGRO3): aumento da demanda por soja e carne pode favorecer os exportadores brasileiros.
Petrobras (PETR4): beneficiada pela alta do dólar, já que parte de sua receita vem da exportação de petróleo.
Braskem (BRKM5): aumento da demanda por petroquímicos e sua receita em dólar favorecem a empresa.

Tecnologia e exportação

WEG (WEGE3): a valorização do dólar pode beneficiar empresas com operações internacionais como a WEG.
Embraer (EMBR3): beneficiada pela valorização do dólar, com forte presença global e receita predominantemente em dólar.
Suzano (SUZB3): a valorização da moeda americana favorece empresas exportadoras de commodities como a Suzano.
Klabin (KLBN11): operações globais ajudam a mitigar os impactos das flutuações cambiais.
Empresas que correm riscos

Setor de aço

CSN (CSNA3): pode ser impactada negativamente pelas tarifas de Trump, afetando sua competitividade no mercado americano.
Usiminas (USIM5): enfrenta risco de perda de competitividade devido às políticas protecionistas dos EUA.

Varejo

Lojas Renner (LREN3): pode sofrer pressão sobre as margens de lucro devido à alta do dólar, que aumenta o custo das importações e o pagamento de dívidas em dólar.
Magazine Luiza (MGLU3): enfrenta os mesmos desafios que Lojas Renner com o aumento do custo das importações e da dívida em dólar.

Setor de Aviação

Gol (GOLL4): pode enfrentar uma pressão adicional sobre seus custos operacionais devido ao aumento do preço do querosene de aviação cotado em dólar.
Azul (AZUL4): também enfrenta os mesmos problemas de aumento de custos com o querosene de aviação.

Setor industrial e financeiro

Intelbras (INTB3): pode ser impactada pela alta nos custos de componentes eletrônicos importados.
Setor financeiro: empresas com dívidas em moeda estrangeira podem enfrentar desafios com a alta do dólar, tornando mais difícil a gestão de ativos.
Outros impactos

Petrobras: apesar do alívio momentâneo com a alta do dólar, pode enfrentar volatilidade no setor de energia com o aumento da produção interna de petróleo nos EUA, que pode pressionar os preços globais.
Fluxo de capital externo: o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos pode diminuir o apetite por ativos emergentes, tornando o mercado brasileiro menos atraente. Isso afetaria o valor do real e tornaria mais difícil para empresas brasileiras com dívidas em dólar gerenciar seus custos.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   20/01/2025

A China encerrou 2024 com dois feitos notáveis. O primeiro: o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu no ano passado os 5% que o governo tinha como meta, ligeiramente abaixo dos 5,2% de 2023. Trata-se de crescimento invejável para a maioria dos países, mas muito aquém daquele que o gigante asiático já produziu em um passado não tão distante.

Reproduzir tal façanha nos próximos anos, contudo, parece cada vez mais improvável. Oficialmente, o governo chinês ainda persegue crescimento de 5% no futuro próximo, mas tal desempenho exigirá bem mais que os estímulos dados por Pequim e que garantiram o cumprimento da meta de crescimento em 2024.

Desafios como a queda dos preços das casas no obscuro mercado imobiliário chinês, desemprego acima de dois dígitos entre os mais jovens e consumo interno fraco são problemas estruturais com os quais Pequim vem tentando lidar com o gradualismo que lhe é característico.

Outro ponto de atenção é o encolhimento populacional, mesmo para um país com mais de 1 bilhão de habitantes. A China registrou declínio de população nos últimos três anos, indicativo de que os chineses, que contam com aparato muito reduzido de proteção social, têm optado por não ter filhos, ou seja, cai o número de trabalhadores e consumidores tão necessários a uma economia que precisará fortalecer cada vez mais a demanda interna.

Isto porque o segundo feito notável conquistado pela China no ano passado, o superávit comercial de quase US$ 1 trilhão (mais de R$ 6 trilhões), não apenas não deve se repetir, como certamente será utilizado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como mais um argumento para limitar as importações norte-americanas de produtos chineses.

Ainda que a retórica inflamada e o caráter imprevisível de Trump sejam inegavelmente um risco para a economia global, o modelo econômico chinês, de exportações volumosas sustentadas em parte por deflação interna, também o é, e não apenas para os Estados Unidos, mas também para emergentes como o Brasil, inundados por manufaturados chineses.

De acordo com a ONU, a produção manufatureira da China é superior ao que Estados Unidos, Japão, Alemanha, Coreia do Sul e Reino Unido produzem juntos.

Cerca de um terço do histórico superávit comercial chinês de 2024 deveu-se à exportação de bens para os Estados Unidos. Já o Brasil, que tem na China seu principal parceiro comercial, tem relação superavitária com os chineses, mas exporta sobretudo commodities, enquanto importa produtos de maior valor agregado.

A China sabe que precisa calibrar sua política econômica porque o modelo atual, em grande parte bem-sucedido até aqui, pode enfraquecer ainda mais seu mercado doméstico. Os Estados Unidos sabem que precisam diminuir seu déficit comercial gigantesco, pois ele elimina empregos bem remunerados para os norte-americanos, entre outros problemas.

Uma nova era se anuncia para a China. Ao Brasil, que sabiamente resistiu a aderir à Nova Rota da Seda e vem aumentando tarifas de importação sobre veículos elétricos chineses, será necessário ainda mais racionalidade. Do contrário, o País sairá chamuscado na guerra entre as duas potências econômicas globais.

IstoÉ Dinheiro - SP   20/01/2025

A inflação de serviços – que é acompanhada de perto pelo Banco Central para decidir a trajetória da taxa Selic – deve permanecer elevada ao longo do primeiro trimestre de 2025 e ser mais um vetor de aceleração para o IPCA como um todo no período, na avaliação de economistas consultados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado). Isso se dará pela perspectiva de uma atividade econômica e mercado de trabalho ainda resilientes, com perspectiva de desaceleração apenas para o segundo semestre deste ano.

A pressão na inflação de serviços também será mais um alerta para a dinâmica dos juros. A autoridade monetária já encara um cenário de depreciação cambial, expectativas de inflação desancoradas e de preços de alimentos mais elevados. Por ora, o Banco Central já contratou mais duas elevações de 1 ponto porcentual na taxa Selic, para as reuniões de janeiro e março, conforme forward guidance apontado no último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom). O juro básico deve atingir, no mínimo, o nível de 14,25% neste ano.

A economista para Brasil do BNP Paribas Laiz Carvalho avalia que o nível alto da inflação de serviços vai em linha com o guidance do Banco Central. “O cenário é parecido com o que a gente tinha. A inflação não vai dar, por ora, sinais de alívio”, enfatiza. Na média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada, métrica que ajuda a entender as tendências para a inflação no curto prazo, os serviços indicam uma alta de 6%, enquanto os serviços subjacentes, de 8,5%, muito acima da meta de inflação, de 4,5%, nos cálculos da economista.

“É uma preocupação nossa, do BC e do mercado como um todo. Isso é relacionado não só com o nível da atividade, mas com o nível de renda que permanece alto. Mostra que a economia ainda está muito aquecida, o que é ruim para a inflação, por preços mais pressionados, e para o BC, que deve manter os juros mais altos por mais tempo”, detalha. “O que aconteceu com a inflação no fim de 2024 vai se repetir no primeiro semestre, com serviços e serviços subjacentes pressionados”, alerta.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2024 com alta de 4,83%, estourando o teto da meta de 4,5%, como já era esperado por analistas. Agora, o presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, deve escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para explicar o descumprimento do alvo de inflação do último ano. O resultado se deu durante a gestão de Roberto Campos Neto, mas foi divulgado nesta sexta-feira já sob o comando de Galípolo.

O Santander Brasil corrobora a visão de que o mercado de trabalho robusto e a atividade econômica ainda impõem pressão sobre a inflação de serviços. “Continua preocupante”, frisa o banco, que chama atenção para a elevação das aberturas de serviços no encerramento de 2024. “Os serviços intensivos em mão de obra aumentaram de 5,5% para 6,5% na média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada – o nível mais alto desde o final de 2022”, salienta.

Já os serviços inerciais subiram de 7,2% para 9,5%, enquanto os serviços sensíveis à ociosidade saltaram de 6,8% para 8%, todos nessa mesma métrica, nos cálculos do banco.

Para a economista-chefe da Gap Asset, Anna Reis, ainda vai demorar para haver uma trégua na alta da inflação de serviços. “Apesar de esperarmos uma desaceleração no segundo semestre, com atividade mais fraca e efeitos do aperto monetário, não vemos uma melhora tão cedo em serviços”, afirma. Ela chama atenção para a dinâmica de serviços bancários, serviços ligados à ociosidade e serviços digitais neste primeiro trimestre.

A estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andrea Angelo, destaca que o IPCA de 2024 trouxe uma reaceleração já esperada para os núcleos de inflação, com destaque para os serviços. Ela avalia, por outro lado, que, embora permaneça em nível ainda elevado, a inflação de serviços não deve trazer uma piora expressiva para o primeiro trimestre.

“É esperada uma pressão no primeiro trimestre, sobretudo nos serviços subjacentes, por reajuste do salário mínimo, programas de transferência de renda, além do contexto de atividade e mercado de trabalho fortes”, analisa. “Porém, para ter outra piora na percepção da inflação de serviços, precisamos de uma depreciação cambial mais intensa ou algum problema de oferta”, detalha a economista, que tem alta em torno de 6,5% para serviços e de 7,7% para serviços subjacentes na média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada.

IstoÉ Dinheiro - SP   20/01/2025

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou na sexta-feira, 17, o relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês). No documento, a instituição aponta que a Índia deve ter o maior crescimento econômico do mundo no acumulado do ano de 2025, com alta de 6,5% no Produto Interno Bruto (PIB).

A projeção supera com folga a expectativa para o PIB global no ano de 2025, que é de 3,3%.

Logo em seguida no ranking de economias que mais vão crescer em 2025, segundo o FMI, aparecem Filipinas, com 6,1%, Cazaquistão com 5,5% e Argentina com 5%.

Na lista, o Brasil está na 18ª posição, com um crescimento de 2,2% do PIB para 2025.

A projeção para o crescimento econômico global é de 3,3% em 2025 e 2026, abaixo da média histórica (2000–19) de 3,7% – cenário que o FMI considera ‘divergente e incerto’.

Somente em março o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará os números do ano fechado de 2024.

O dado mais recente sobre o crescimento econômico brasileiro foi divulgado pela instituição em dezembro, mostrando um crescimento de 0,9% do PIB no terceiro trimestre de 2024 – acima das projeções do consenso, que miravam 0,8%.

A projeção do FMI para o PIB do Brasil em 2024 é de 3,7%, ante estimativa de 3% do último relatório, em outubro. A previsão é melhor do que a do próprio governo, que em novembro projetou avanço de 3,3% do PIB em 2024, e também fica acima da estimativa do Banco Central, de 3,5%.

Já a maior economia do mundo, os Estados Unidos, ficam na 16ª posição, com um crescimento de 2,7%.
Índia: 6,5% Filipinas: 6,1% Cazaquistão: 5,5% Argentina: 5,0% Indonésia: 5,1% China: 4,6% Malásia: 4,7% Egito: 3,6% Polônia: 3,5% Arábia Saudita: 3,3% Nigéria: 3,2% Irã: 3,1% Paquistão: 3,0% Tailândia: 2,9% Estados Unidos: 2,7% Turquia: 2,6% Brasil: 2,2% Austrália: 2,1% Coreia do Sul: 2,0% Canadá: 2,0% Espanha: 2,3% Reino Unido: 1,6% Holanda: 1,6% África do Sul: 1,5% Rússia: 1,4% México: 1,4% Japão: 1,1% França: 0,8% Itália: 0,7% Alemanha: 0,3%FMI cita “bolsões de inflação” que afetam América Latina

Ainda no relatório, o fundo aponta que há ‘bolsões’ de inflação elevada, refletindo uma série de fatores idiossincráticos – cenário que persiste em algumas economias de emergentes, incluindo Europa e América Latina.

“A desinflação global continua, mas há sinais de que o progresso está estagnando em alguns países e que a inflação elevada é persistente em alguns casos. A mediana global da inflação central sequencial está apenas um pouco acima de 2% nos últimos meses. O crescimento nominal dos salários está mostrando sinais de moderação, juntamente com indicações de normalização contínua nos mercados de trabalho”, diz a instituição.

“Embora a inflação dos preços dos bens essenciais tenha caído para ou abaixo da tendência, a inflação dos preços dos serviços ainda está acima das médias pré-COVID-19 em muitas economias, principalmente nos Estados Unidos e na área do euro”, completa.

O Estado de S.Paulo - SP   20/01/2025

Analisar o desempenho das contas públicas apenas com base nos resultados fiscais convencionais (RFC) pode levar a conclusões enganosas, principalmente se o objetivo for projetar seus impactos sobre a sustentabilidade da dívida do governo.

O ideal é acompanhar o resultado fiscal estrutural (RFE), que exclui do RFC os eventos não recorrentes, tanto nas despesas como nas receitas, bem como os efeitos advindos dos ciclos econômicos.

Em períodos em que o PIB efetivo supera o potencial (excesso de ocupação), as receitas inclinam-se a crescer acima da tendência e, teoricamente, há certo alívio em algumas despesas, como seguro-desemprego, por exemplo. Quando o ciclo econômico for de contração, com o PIB efetivo abaixo do potencial, ocorre o contrário, ou seja, as receitas caem atipicamente e há maior pressão para gastos.

Recentemente, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda apresentou relatório com as estimativas dos RFE, desde 1997 até o terceiro trimestre de 2024, empregando nova e acurada metodologia, e com abertura para União, Estados e municípios. Alguns números merecem destaque.

No período 2016-2022, o RFE da União registrou em média déficit de 0,95% do PIB potencial, tendo sido próximo a zero somente em 2021, muito ajudado pelo aumento da inflação naquele ano. Por exemplo, o decantado superávit fiscal de 2022 correspondeu na realidade a um déficit estrutural de 0,8% do PIB potencial. Ainda na União, em 2023, o déficit estrutural subiu para 2% do PIB potencial, em parte pela liberação de despesas represadas, mas caiu para 1,2% do PIB nos três primeiros trimestres de 2024 e tende a ser menor em 2025. Ou seja, a deterioração fiscal é evidente, mas o processo não é recente e os números atuais não são explosivos.

O economista Bráulio Borges (LCA Consultores e FGV Ibre) mostrou que todas as projeções de arrecadação, inclusive as do próprio governo, não levam em conta os efeitos potencialmente positivos do esgotamento do enorme estoque de compensações tributárias decorrente da decisão do STF de excluir, retroativamente a 2017, o ICMS da base de cálculo do Pis-Cofins, nem o fim, já aprovado em lei, de várias desonerações. Também não incluem o provável forte crescimento da arrecadação do óleo-lucro do pré-sal. Tudo somado, estamos falando em um aumento potencial de arrecadação (sobre 2024) de 1,5% a 2,0% do PIB, até o fim da década. E, a prazo mais longo, a reforma dos impostos indiretos poderá reduzir expressivamente as renúncias de receitas dos Estados e municípios.

Além disso, apesar das dificuldades políticas atuais, há espaço para racionalização das regras de evolução das despesas obrigatórias e o juro real, hoje em quase 10% ao ano, mais cedo ou mais tarde, voltará para o neutro (entre 4,5% e 5,0% ao ano).

A situação fiscal preocupa, mas a trajetória da dívida pública não é necessariamente explosiva.

IstoÉ Dinheiro - SP   20/01/2025

A economia da China cresceu 5% em 2024, um dos crescimentos mais baixos em décadas, em uma economia sobrecarregada pelo fraco consumo e por uma prolongada crise imobiliária.

O Gabinete Nacional de Estatísticas anunciou, nesta sexta-feira (17), um crescimento do Produto Interno Bruto de 5% no ano passado, ligeiramente abaixo dos 5,2% em 2023.

Embora atinja a meta de crescimento de “cerca de 5%” definida pelas autoridades, é o pior desempenho da economia chinesa desde 1990, se deixar de lado os anos de pandemia.

Segundo analistas consultados pela AFP, essa desaceleração continuará nos próximos dois anos, com crescimento de 4,4% em 2025 e uma queda abaixo de 4% no ano seguinte.

Esse desenvolvimento ocorre “em uma situação séria e complicada, na qual as pressões externas e as dificuldades internas aumentam”, disse a agência estatística.

“Os efeitos adversos causados pela conjuntura externa estão aumentando, a demanda interna é insuficiente, algumas empresas têm problemas de produção e operação, e a economia ainda enfrenta dificuldades e desafios”, disse.

A segunda maior economia do mundo não conseguiu se recuperar da pandemia, apesar do levantamento das medidas restritivas contra a covid-19 que prejudicaram a atividade durante anos.

O consumo interno não se recupera, a crise no crucial setor imobiliário continua e os governos locais se afundam em dívidas.

Em uma rara notícia positiva, os dados oficiais desta semana mostraram que as exportações da China atingiram um recorde no ano passado.

No entanto, a sombra das tarifas prometidas por Donald Trump quando tomar posse como presidente dos EUA na semana que vem ameaça esse pilar da economia chinesa.

– “Crise de confiança” –

As autoridades introduziram uma série de medidas nos últimos meses para impulsionar a economia, incluindo cortes de taxas, flexibilização da dívida para governos locais e subsídios para a moradia.

O banco central do país indicou recentemente que os cortes nas taxas de juros continuarão até 2025 sob uma nova política monetária “moderadamente flexível”.

Mas analistas alertam que mais esforços são necessários para impulsionar o consumo interno, especialmente devido às nuvens escuras que pairam em Washington sobre o comércio exterior.

“É improvável que o apoio da política monetária por si só consiga consertar a economia”, disse Harry Murphy Cruise, da Moody’s Analytics, à AFP.

“A China sofre uma crise de confiança, não de crédito. Famílias e empresas não confiam na economia o suficiente para pegar empréstimos, não importa o quão barato seja”, disse ele.

Dados publicados pelo Gabinete Nacional de Estatística confirmam o problema do consumo interno.

As vendas no varejo, um indicador-chave do sentimento do consumidor, cresceram 3,5% em 2024, um declínio significativo em relação aos 7,2% do ano anterior.

A produção industrial, por outro lado, melhorou de 4,6% em 2023 para 5,8% no ano passado.

Money Times - SP   20/01/2025

O Federal Reserve manterá a taxa de juros inalterada ao fim de sua reunião em 29 de janeiro e retomará os cortes em março, de acordo com uma maioria de economistas consultados pela Reuters, à medida que as autoridades digerem uma série de novas políticas econômicas nos Estados Unidos.

A mais recente pesquisa, realizada na semana anterior à posse do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, em 20 de janeiro, também sugere que as pressões inflacionárias persistentes podem permitir que o Fed corte os juros apenas mais uma vez.

As preocupações com as promessas de Trump, que vão desde tarifas de importação generalizadas até cortes de impostos e deportação em massa de imigrantes ilegais, já contribuíram para um aumento nos rendimentos dos Treasuries antes da posse.

As perspectivas para uma economia já forte e para a trajetória da taxa do Fed dependerão da agressividade com que o novo governo cumprir essas promessas.

“Se eles cumprirem algo próximo do que prometeram em relação às tarifas, provavelmente veremos uma estagnação das pressões desinflacionárias e o Fed não fará cortes”, disse Jonathan Millar, economista sênior do Barclays para os EUA.

Desde que o Fed cortou os juros pela última vez em dezembro, a inflação desacelerou e o mercado de trabalho mostrou resiliência, o que sugere que um estímulo econômico adicional pode não ser necessário para uma economia que já está funcionando a todo vapor.

Todos os 103 economistas da pesquisa previram que o Comitê Federal de Mercado Aberto manterá a taxa de juros estável na faixa de 4,25% a 4,50% na reunião de 28 e 29 de janeiro. Uma maioria de quase 60% dos economistas, 61, esperava que o Fed faça um corte em março.

Quase 65% dos economistas, 65 de 102, previram dois ou menos cortes este ano. Isso mudou em relação a três ou mais, uma visão que os economistas mantinham desde agosto de 2024.

De acordo com a pesquisa, a taxa estará na faixa de 3,75% a 4,00% no final de 2025, muito mais alta do que os 3,00% a 3,25% previstos há alguns meses.

Mas as chances de uma pausa prolongada estão aumentando em meio a preocupações de que políticas iminentes, especialmente grandes tarifas sobre os maiores parceiros comerciais do país, possam reacender as pressões inflacionárias.

A mediana da pesquisa mostrou que a inflação permanecerá acima da meta do Fed de 2% pelo menos até 2027, enquanto uma forte maioria dos economistas — 40 de 49 — disse que a inflação provavelmente será mais alta do que esperavam este ano, e não mais baixa.

Ainda assim, uma esmagadora maioria dos entrevistados, 43 de 49, disse que é improvável que o Fed eleve os juros este ano.

Investing - SP   20/01/2025

É preciso criar as condições necessárias para que os juros no país não fiquem em um patamar elevado por muito tempo, e a atual trajetória de alta da dívida pública preocupa o governo, disse nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Em entrevista à CNN Brasil, Haddad afirmou não acreditar que a atuação do Banco Central no combate à inflação perdeu potência sob impacto do quadro fiscal e disse esperar que o efeito da política de juros será muito maior do que as pessoas imaginam.

"No que diz respeito à Fazenda, é trabalhar o fiscal estruturalmente", disse, quando questionado sobre como pretende tratar o endividamento público ascendente.

"Você tem que criar as condições também para que esses juros não fiquem nesse patamar por muito tempo", acrescentou, em referência ao fato de o Tesouro estar adotando taxas mais elevadas em suas negociações de títulos públicos, para rolagem da dívida.

Em um ambiente de inflação acima da meta, expectativas desancoradas e desconfiança do mercado com a gestão fiscal do governo, o BC elevou os juros básicos em 1 ponto percentual em dezembro, a 12,25% ao ano, prevendo mais duas altas equivalentes, em janeiro e março.

Para o ministro, a política monetária terá efeito, enquanto a política fiscal "tem que ser mais perseverante".

“Não acredito em dominância fiscal neste momento, eu acredito que a política monetária vai fazer efeito sobre a inflação”, afirmou.

Perguntado sobre a possibilidade de apresentação de novas medidas de ajuste nas contas públicas, ele afirmou que não pode antecipar iniciativas que sequer apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, argumentando que seu trabalho diário é "arrumar a bagunça" que herdou do governo passado e melhorar o ambiente de negócios".

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O ministro acrescentou que o governo tem que "pensar bem" ao formular projetos porque as iniciativas de ajuste precisam penalizar menos as pessoas mais pobres, que dependem mais dos serviços públicos.

Na entrevista, Haddad disse que o país provavelmente cresceu 3,5% em 2024. Na semana passa, ele havia afirmado que a projeção da pasta para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024 era de 3,6%. A previsão oficial mais recente da Fazenda, de novembro, apontava para uma alta de 3,3%.

O Estado de S.Paulo - SP   20/01/2025

O mandato de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos chega ao fim na segunda-feira, 20, de uma maneira melancólica. Com a popularidade em baixa após desistir de disputar a reeleição e uma insatisfação da população com a maneira com que ele lidou com os preços altos provocados pelo pós-pandemia e com o apoio às guerras da Ucrânia e de Gaza, o democrata deixa a Casa Branca mais lembrado pelos erros que pelos acertos.

Com isso, o republicano Donald Trump herdará uma América dividida, com a economia aquecida, mas com o poder de compra da população ainda afetado pela alta inflação dos últimos anos. No front externo, as guerras em Gaza e na Ucrânia ainda representam um desafio.

Biden deixa a Casa Branca aprovado por apenas 37% dos americanos. Quando chegou ao poder, esse número era de 53,4%, segundo a média de pesquisas do site FiveThirtyEight. Por trás desses números, estão insatisfações com a economia e com o apoio incondicional às duas maiores guerras da atualidade, segundo analistas consultados pelo Estadão.

“O Biden começa o mandato dele com uma agenda doméstica bastante ambiciosa, quase tentando repetir o governo Roosevelt, mas essa ambição toda foi prejudicada pela questão da inflação. O aumento do custo de vida marcou o governo Biden e foi responsável pela derrota democrata.”, avalia o cientista político Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, nos Estados Unidos.

Um admirador de Roosevelt

A história política americana desde a 2ª Guerra é marcada por três momentos: O Estado de bem-estar social criado por Franklin D. Roosevelt, no qual o Partido Democrata dominou a política americana por mais de 30 anos, a revolução conservadora de Richard Nixon e Ronald Reagan, que levaram o liberalismo econômico de volta ao topo da agenda do país, nos anos 70 e 80, e a globalização dos anos Clinton e Bush, quando a Guerra Fria tinha acabado e a América era a única superpotência mundial.

Com a crise de 2008, a tribalização das sociedades conectadas nas redes sociais e a pandemia de covid-19, uma sucessão de eventos em cascata agravou a polarização política que fermentava nos EUA desde o segundo mandato de Bill Clinton. Os republicanos foram mais para a direita, e os democratas, mais para a esquerda.

“Para julgar o legado do Biden é preciso entender sua concepção de mundo: ele é de uma época de uma visão ‘Plano Marshall’, dos anos dourados dos Estados Unidos, com os aliados crescendo junto. Ele tentou impor isso ao governo dele, e é o último elo dessa visão de integração do mundo democrático à ideia americana”, diz Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais da ESPM.

“No cenário doméstico, o Biden fala para uma classe média na qual ele viveu e viu crescer. Essa classe média está diminuindo. Nos anos 90, ela compunha 80% da população, e hoje é de 50%. Ele ainda vê uma possibilidade de o sonho americano crescer dentro de uma lógica distributivista”, acrescenta Trevisan, em uma referência ao modelo de bem-estar social adotado por Roosevelt a Lyndon Johnson.

Promessas rompidas

Em 2020, o ano em que o coronavírus paralisou o mundo, Donald Trump era o presidente dos Estados Unidos. Seu populismo digital, o uso frequente de mentiras e a resposta ineficaz à pandemia fizeram com que os democratas escolhessem um candidato que representasse a normalidade para desafiá-lo.

Biden disputou a presidência prometendo ser um líder de transição, que tiraria o país da sensação de crises constantes que marcaram o mandato republicano. Muitos americanos brincavam à época que seu maior ativo eleitoral era “não ser Donald Trump”.

“No momento em que ele decide concorrer à reeleição e quebrar a promessa de ser um presidente de transição, isso acabou sendo desastroso, com a desistência dele por conta da idade e do debate ruim que fez com o Trump”, avalia Poggio.

Seu primeiro desafio foi controlar a pandemia. Com a vacina criada já no fim do mandato do antecessor, coube a Biden liderar o esforço para que ela chegasse aos braços dos americanos. Deu certo: 250 milhões de pessoas foram vacinadas e a doença, que chegou a matar mais de 3 mil pessoas por dia no ápice da crise, foi controlada.

O segundo passo foi recuperar a economia da recessão provocada pela pandemia. Biden conseguiu no começo do mandato, quando ainda tinha maioria nas duas Casas do Congresso, aprovar um pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão.

Graças à injeção de recursos, a economia se recuperou do tombo de 2020, quando se contraiu 2,2%, e cresceu 5,8% em 2021, 1,9% em 2022 e 2,3% em 2023. A taxa de desemprego caiu de 8% em 2020 para 5,3% em 2021 e depois se estabilizou em torno de 3,6% nos dois anos seguintes.

Como parte do plano para recuperar a economia, Biden também investiu numa agenda legislativa para reconstruir a infraestrutura produtiva americana, sobretudo pontes, estradas, aeroportos e portos. O pacote de US$ 1 trilhão foi aprovado pelo Congresso em 2021. A maioria das obras desse projeto são de execução lenta e devem ser entregues apenas nos próximos anos.

Ele também conseguiu aprovar uma lei para reduzir o custo de remédios para aposentados, sobretudo a insulina, que nos EUA era cobrada a preços muito altos. Hoje, ela está limitada a US$ 35.

“O Biden teve um papel importante na gestão da pandemia, sobretudo no primeiro ano de mandato. Retomar a ciência na gestão de políticas públicas foi fundamental”, lembra Lucas de Souza Martins, historiador da Temple University, nos EUA. “Ele também recuperou os EUA nos fóruns internacionais, com a volta ao acordo de Paris e participação ativa no G-20.”

Inflação, o calcanhar de Aquiles

Na economia, no entanto, o calcanhar de Aquiles de Biden foi a inflação. Os pacotes de estímulo, aliados aos gargalos de produção que afetaram o mundo todo no pós-pandemia, fizeram os EUA ter a pior inflação desde os anos 70, justamente quando os democratas foram enxotados do poder por Reagan. Em 2021, os preços subiram 4,7%, e em 2022, 8%.

Os preços pararam de subir na segunda metade do mandato, mas seguiram num patamar elevado. Como a renda do trabalhador não cresceu o suficiente para gerar uma sensação de que o poder de compra melhorou, os democratas foram punidos nas urnas.

Mas só a alta dos preços não explica os erros de Biden. Na política externa, o democrata colecionou equívocos. O primeiro deles foi a conturbada retirada do Afeganistão. Negociada ainda no governo Trump, os EUA se comprometeram a deixar o país em 2021.

Mas a execução foi caótica. O Taleban invadiu a capital, Cabul, e assumiu o controle do país. Treze soldados americanos morreram em um atentado suicida no aeroporto da cidade, e as imagens de afegãos desesperados perseguindo aviões americanos que rolavam pela pista para decolar deixaram os Estados Unidos envergonhados.

Guerras impopulares

O desastre de Cabul foi um prenúncio de que tempos mais duros estariam por vir. Meses depois da retirada, o líder russo, Vladimir Putin, começou a ameaçar a Ucrânia e reunir tropas na fronteira. Uma guerra no coração da Europa parecia impensável àquela altura, mas foi exatamente isso que aconteceu.

Em fevereiro de 2022, Kiev foi atacada.

Em muitos sentidos, Joe Biden é tudo que Trump não é: um político profissional, habituado a Washington, nascido em uma família de classe média americana, religioso e, principalmente, um defensor do papel desempenhado pelos EUA na política internacional nas últimas oito décadas.

Uma vez na Casa Branca, coube a ele tentar reconstruir esse papel, que tinha sido parcialmente danificado por Trump em seu primeiro mandato, sobretudo a aliança entre Washington e os países europeus.

“Na política externa, o Biden tenta reconstruir o papel dos EUA na ordem internacional e isso explica o apoio que ele deu à Ucrânia. Para ele, defender a Ucrânia é defender o sistema internacional e defender a ordem mundial patrocinada pelos EUA desde 1945", explica Poggio.

O apoio de Biden à guerra, tanto financeiro quanto militar, fortaleceu a Otan, que tinha sido questionada por Trump. Suécia e Finlândia se juntaram ao bloco, que viu o investimento em armas aumentar sensivelmente após a invasão.

Internamente, no entanto, o apoio foi visto com ceticismo, principalmente por coincidir com o momento em que o custo de vida nos Estados Unidos estava aumentando.

A fama de belicista de Biden piorou em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas realizou o pior atentado da história de Israel. O apoio incondicional à invasão de Gaza que se seguiu ao ataque provocou inúmeros protestos nos EUA, sobretudo de jovens ligados à esquerda democrata, críticos da guerra.

No último ano de mandato, Biden tentou, em vão, convencer Binyamin Netanyahu a aceitar um cessar-fogo, ou até mesmo permitir a entrada de volumes significativos de ajuda humanitária no território palestino.

A frustrada tentativa à reeleição, marcada pela desistência da candidatura após ter a sua agilidade mental questionada num debate com Donald Trump, marcou o início do período de “pato manco” de Biden — que é como os americanos chamam os presidentes em fim de mandato.

Nas últimas semanas, ele perdeu ainda mais apoio por perdoar preventivamente o filho Hunter de qualquer crime, temendo perseguições por parte do sucessor.

IstoÉ Dinheiro - SP   20/01/2025

Em novo relatório, o Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve a projeção para o crescimento econômico brasileiro para este ano, mas cortou as estimativas para 2026.

Na sua revisão de cenário no documento World Economic Outlook (WEO), o FMI manteve uma projeção de 2,2% para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025, ao passo que a projeção para 2026 foi cortada em 0,1 ponto percentual (p.p.), para 2,2%. Com isso, a projeção do PIB do Brasil pela instituição fica abaixo da projeção de crescimento econômico global.

A projeção para o crescimento econômico global é de 3,3% em 2025 e 2026, abaixo da média histórica (2000–19) de 3,7% – cenário que o FMI considera ‘divergente e incerto’.

Segundo a instituição, a previsão para 2025 é praticamente inalterada em relação à World Economic Outlook (WEO), relatório de outubro de 2024, especialmente por conta de uma revisão para cima nos Estados Unidos compensando revisões para baixo em outras grandes economias. Veja aqui as projeções para os países.

“A inflação global deve cair para 4,2% em 2025 e para 3,5% em 2026, convergindo de volta à meta mais cedo em economias avançadas do que em mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Riscos de médio prazo para a linha de base são inclinados para o lado negativo, enquanto a perspectiva de curto prazo é caracterizada por riscos divergentes”, diz o FMI.

Além disso, a instituição aponta que riscos de alta podem elevar o crescimento já robusto nos Estados Unidos no curto prazo, ao passo que riscos em outros países estão no lado negativo por conta de incertezas políticas.

A visão é de que interrupções geradas por políticas no processo de desinflação em andamento podem interromper um ‘pivô’ para flexibilização da política monetária, com implicações para a sustentabilidade fiscal e estabilidade financeira.

FMI cita ‘bolsões de inflação’ que afetam América Latina

Ainda no relatório, o fundo aponta que há ‘bolsões’ de inflação elevada, refletindo uma série de fatores idiossincráticos – cenário que persiste em algumas economias de emergentes, incluindo Europa e América Latina.

“A desinflação global continua, mas há sinais de que o progresso está estagnando em alguns países e que a inflação elevada é persistente em alguns casos. A mediana global da inflação central sequencial está apenas um pouco acima de 2% nos últimos meses. O crescimento nominal dos salários está mostrando sinais de moderação, juntamente com indicações de normalização contínua nos mercados de trabalho”, diz a instituição.

“Embora a inflação dos preços dos bens essenciais tenha caído para ou abaixo da tendência, a inflação dos preços dos serviços ainda está acima das médias pré-COVID-19 em muitas economias, principalmente nos Estados Unidos e na área do euro”, completa.
FMI projeta que PIB do Brasil cresceu 3,7% em 2024

Somente em março o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará os números do ano fechado de 2024.

O dado mais recente sobre o crescimento econômico brasileiro foi divulgado pela instituição em dezembro, mostrando um crescimento de 0,9% do PIB no terceiro trimestre de 2024 – acima das projeções do consenso, que miravam 0,8%.

A projeção do FMI para o PIB do Brasil em 2024 é de 3,7%, ante estimativa de 3% do último relatório, em outubro. A previsão é melhor do que a do próprio governo, que em novembro projetou avanço de 3,3% do PIB em 2024, e também fica acima da estimativa do Banco Central, de 3,5%.

Globo Online - RJ   20/01/2025

A China não conseguiu romper um ciclo deflacionário e agora caminha para a maior sequência de declínios de preços em toda a economia desde os anos 1960, segundo analistas. Isso evidencia uma vulnerabilidade importante que pode ter sido mascarada pela retomada do crescimento no final do ano passado.

A deflação persistiu pelo segundo ano consecutivo em 2024, como devem mostrar dados oficiais que serão divulgados na sexta-feira, de acordo com a maioria dos economistas. Alguns dos maiores bancos de Wall Street, incluindo o JPMorgan e o Citigroup, preveem que a tendência continuará em 2025 — marcando um período sem precedentes desde o fim da campanha do Grande Salto para Frente, de Mao Zedong, que levou a China à recessão e causou uma fome que matou dezenas de milhões de pessoas.

Embora ainda se espere que a economia tenha crescido em um ritmo mais rápido em termos reais no último trimestre, o deflator do produto interno bruto — a medida mais ampla das mudanças de preços em uma economia — atingirá -0,2% em 2025, de acordo com a mediana das previsões de 15 analistas consultados pela Bloomberg. Isso se compara a uma média de 3,4% na década anterior à pandemia.

“Estímulo, estímulo, estímulo, particularmente no lado fiscal, é muito necessário na China”, disse Frederic Neumann, economista-chefe para a Ásia do HSBC Holdings, em Hong Kong. “Vimos em outras economias que um grande impulso político é necessário para sair permanentemente da desinflação. E isso é algo que acreditamos que acontecerá gradualmente na China, mas muito gradualmente de fato.”

Uma iminente guerra comercial com os EUA pode agravar a situação da China se os exportadores precisarem encontrar compradores domésticos devido a obstáculos no exterior. Os dados de sexta-feira, que também fornecerão um panorama do problemático mercado imobiliário e do setor de varejo, chegam poucos dias antes de Donald Trump retornar à Casa Branca, ameaçando tarifas de até 60% que podem devastar o comércio com a segunda maior economia do mundo.

A China não consegue sair de seu estupor deflacionário em grande parte devido a uma crise habitacional que eliminou um valor estimado de US$ 18 trilhões em riqueza das famílias, levando as pessoas a poupar em vez de gastar. Mesmo assim, as exportações crescentes e uma melhoria nas vendas de imóveis e no consumo varejista provavelmente deram impulso suficiente para ajudar a atingir a meta de crescimento de Pequim de cerca de 5% no ano passado.

Economistas consultados pela Bloomberg estimam que o crescimento real do PIB da China alcançou 4,9% em 2024, após uma mudança de sentimento nos últimos meses, graças a mais estímulos do governo.

No entanto, em um reflexo do persistente desequilíbrio entre a produção doméstica e a fraca demanda, o crescimento da produção industrial provavelmente superou a recuperação nas vendas no varejo. O investimento imobiliário está em contração há mais de dois anos e certamente quase caiu novamente no fim de 2024.

“Uma característica estrutural da economia chinesa é que muitas empresas estão dispostas e são capazes de manter, ou até expandir, a produção e a capacidade em circunstâncias de lucratividade baixa ou negativa”, disse Louis Kuijs, economista-chefe para a Ásia-Pacífico da S&P Global Ratings. “As coisas não mudarão rapidamente nessa frente.”

O deflator do PIB provavelmente permaneceu em território negativo durante o período de outubro a dezembro pelo sétimo trimestre consecutivo, igualando o recorde anterior estabelecido durante a crise financeira asiática no final dos anos 1990.

O indicador, que mede a diferença entre o crescimento nominal e real do PIB da China, deve melhorar para 0,9% em 2026, e 1,4% em 2027, mostrou a pesquisa da Bloomberg.

“Os dados de dezembro provavelmente mostrarão que a economia chinesa atingiu a meta de crescimento de 5% bem no alvo, mas o momentum foi fraco no final do ano. Pode haver alguma aceleração nos investimentos, refletindo um adiantamento antes do Ano Novo Lunar em janeiro e as medidas de crescimento do governo”, disseram Chang Shu, economista-chefe para a Ásia, e David Qu, economista, da Bloomberg Economics.

Agência Brasil - DF   20/01/2025

O Monitor do PIB-FGV aponta crescimento de 0,6% na atividade econômica em novembro na comparação com outubro. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (17), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em termos monetários, estima-se que o PIB acumulado até outubro - em valores correntes - tenha sido de R$ 10,708 trilhões.

O consumo das famílias cresceu 5,7% no trimestre móvel encerrado em novembro. “O desempenho do consumo das famílias segue sendo de forte crescimento, embora, pela primeira vez, desde maio de 2024, o crescimento da taxa trimestral móvel tenha desacelerado”, explica a FGV.

O crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) de 10% no trimestre móvel findo em novembro é explicado pelo desempenho do segmento de máquinas e equipamentos, porém, todos os componentes contribuíram positivamente para o resultado da FBCF.

Apesar disso, nota-se redução do crescimento comparado às taxas dos meses anteriores. O setor de máquinas e equipamentos manteve contribuição similar, contudo, os setores da construção da FBCF reduziram suas contribuições positivas.
Exportações crescem 4,4%

Após um ano de clara tendência de desaceleração, as exportações cresceram 4,4% no trimestre móvel que terminou em novembro. É a maior taxa desde o trimestre móvel fechado em abril de 2024.

Os bens de consumo e os bens intermediários foram os principais segmentos colaborando para a manutenção da variação das exportações em terreno positivo, que não foi maior devido ao desempenho negativo das exportações de produtos agropecuários, o que atenuou essa expansão.

O expressivo crescimento da importação de 18,8% no trimestre móvel fechado em novembro resulta da expansão em todos os seus segmentos. Destaca-se que apenas a importação de bens intermediários respondeu por metade da alta das importações.

Apesar disso, nota-se uma menor expansão trimestral móvel observada em novembro do que a anotada em outubro.
Desempenho da indústria e da agropecuária

Segundo Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, o crescimento da economia em novembro, em comparação com outubro, é resultado do bom desempenho da agropecuária e da indústria.

Embora a indústria de transformação tenha ficado estagnada, a indústria extrativa, a construção e os serviços de eletricidade e relacionados cresceram de forma robusta. No setor de serviços, observou-se estagnação pelo segundo mês consecutivo, mesmo padrão observado no consumo das famílias.

"Os principais destaques positivos da ótica da demanda são os investimentos (formação bruta de capital fixo) e as exportações. O crescimento dos investimentos em novembro é, em parte, uma recuperação da forte queda ocorrida em outubro. Já as exportações cresceram fortemente após apresentarem taxas negativas ou de crescimento muito baixas em 2024. Esses resultados mostram que o crescimento forte e disseminado da economia persiste, embora algumas sinalizações de possível esgotamento em alguns segmentos, como o setor de serviços e o consumo das famílias, possam dar indícios de certa dificuldade em manter o forte ritmo de crescimento que vinha sendo observado nesses componentes do PIB”, finaliza Juliana.

MINERAÇÃO

Money Times - SP   20/01/2025

O ano de 2025 tende a continuar sendo difícil para a China com desafios econômicos e tensões geopolíticas, afirma em relatório a Genial investimentos. E os tradicionalmente fortes setores de mineração e siderurgia podem sofrer mais com a dificuldade do país de manter seu ritmo de crescimento.

Ainda que 2024 tenha registrado um superávit comercial de US$ 992 bilhões, aumento de 21% em relação ao ano anterior, a China enfrenta uma demanda interna fraca, o que a torna mais dependente das exportações para continuar em crescimento.

Por outro lado, a produtividade permanece estável, com as importações registrando um crescimento de 1% ao comparar dezembro de 2024 com o mesmo período de 2023.

Cenário internacional

Em 2024, as exportações chinesas atingiram US$ 3,6 trilhões, aumento de 10,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Agora, a China vive a expectativa de sofrer com sanções comerciais, em função da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

A União Europeia avalia adotar tarifas de 45% sobre veículos elétricos chineses, o que pode pressionar fabricantes chineses a direcionar suas exportações para outros mercados. Esse movimento pode pressionar as margens do setor industrial de vários países.

Os números de inflação na China indicam as dificuldades enfrentadas para manter a demanda aquecida. Em novembro, a inflação ao consumidor (CPI) desacelerou para uma alta anual de 0,2%, enquanto os preços ao produtor (PPI), que indicam a inflação industrial, caíram para 2,5%.
Mineração e siderurgia

Com essa perspectiva de mercados mais protecionistas nos países desenvolvidos, a corretora pontua que os setores de siderurgia e mineração podem sofrer mais, com os preços do minério de ferro e do aço mais pressionados.

Para as empresas brasileiras, a Genial aponta que a solução é aumentar a eficiência operacional e diminuir os custos. Os analistas apontam a Vale (VALE3) como exemplo nesse sentido, pois vem cortando as despesas por tonelada de produção de minério. A CSN Mineração (CMIN3) também pode se beneficiar neste cenário global mais competitivo, segundo a corretora.

IstoÉ Dinheiro - SP   20/01/2025

Perto de completar 6 anos da ruptura de uma barragem sobre Brumadinho (MG), que matou 272 pessoas, a Vale informa que assumiu cerca de R$ 64,5 bilhões em compromissos de reparação. Desse total, a mineradora diz já ter desembolsado R$ 48,55 bilhões.

Ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a diretora de reparação da companhia, Gleuza Jesué, lembra que ainda é preciso localizar o corpo de três vítimas e reconhece as limitações da reparação de perdas humanas. “A Vale tem a obrigação de fazer o melhor pelos familiares que ficaram, dar qualidade de vida para a região”, diz.

Além de indenizações (R$ 3,8 bilhões para 17 mil pessoas), melhorias físicas e projetos de desenvolvimento da economia da região tocados pela Vale, a executiva argumenta que a qualidade da água na bacia do Rio Paraopeba já estaria “igual ou melhor” do que antes da tragédia.

O rio, entretanto, ainda não foi liberado pelo poder público para qualquer tipo de uso. Dos 10 milhões de metros cúbicos de lama que caíram sobre Brumadinho e ganharam o leito de rios, marca aparente da tragédia, a Vale alega já ter removido 88% do material. O destino final dessa lama será a própria cava da Mina do Feijão, desativada.

No que diz respeito às operações da Vale, Gleuza Jesué diz que a companhia segue eliminando barragens de rejeitos de mineração, hoje uma obrigação legal, e já tem 70% da produção com tecnologia de processamento a seco, ou seja, sem uso de água e, portanto, sem barragens.

Acordo de 2021

Em uma espécie de balanço sobre o Acordo de Reparação Integral firmado com governo, Ministério Público e Defensoria Pública de Minas Gerais em 2021, a Vale alega já ter desembolsado 75% ou R$ 32,05 bilhões, dos R$ 37,7 bilhões fixados.

Gleuza explica que o acordo se divide em três frentes. A primeira, de R$ 6,3 bilhões, diz respeito aos custos do poder público com o acidente integralmente devolvidos ao orçamento pela Vale. Depois, há R$ 19,9 bilhões na forma de “obrigações a pagar”, dos quais 91% já foram desembolsados para obras e intervenções feitas em conjunto com governo e prefeituras de Brumadinho e outros 25 municípios atingidos.

A terceira e última parte perfaz R$ 11,4 bilhões para o que a Vale chama de “obrigações a fazer”. Desse montante, foram desembolsados 39% até o momento. Trata-se de um pacote com projetos prioritários em áreas como saúde, educação, agricultura, transporte e energia.

O porcentual menor, segundo Gleuza, se deve ao tempo de discussão e aprovação final dos projetos com comunidades e participantes do acordo. Os projetos, diz ela, só começaram a sair do papel em meados de 2022 e têm até 2031 para serem concluídos.

Em números, a Vale fala em 373 projetos aprovados, sendo 104 concluídos e 164 em andamento. Os outros 105 projetos entram na segunda frente, como “obrigação de pagar”. Eles acontecem nas áreas de educação; envolvem obras de creches, escolas, hospitais, unidades básicas de saúde e casas populares; equipagem de unidades de saúde com materiais e veículos; e apoio à agropecuária e melhoria de serviços rurais.

Diversificação econômica

A diretora explica ainda que para compensar a desativação da Mina do Feijão e não deixar a economia local minguar, a Vale desenvolve o Programa de Turismo de Brumadinho, que assessora 39 empreendimentos, e prepara um terreno para abrigar indústrias a um investimento previsto de R$ 170 milhões.

Trata-se de uma área de 1,2 milhão de metros quadrados em fase de terraplanagem.

Infomoney - SP   20/01/2025

Os preços futuros do minério de ferro subiram nesta sexta-feira, atingindo o valor mais alto em mais de quatro semanas, e caminhavam para fechar com ganhos em base semanal, já que uma série de dados melhores do que o esperado da China impulsionou o sentimento e a demanda chinesa permaneceu resiliente.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) na China encerrou as negociações do dia com alta de 1,71%, a 803,5 iuanes (109,65 dólares) a tonelada, com aumento de 6,6% na semana.

No início do dia, o contrato atingiu o maior valor desde 13 de dezembro de 2024, a 807 iuanes.
O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura subiu 1,19% para 103,9 dólares a tonelada, o maior valor desde 18 de dezembro de 2024.
A economia da China encerrou 2024 em situação melhor do que a esperada, ajudada por uma enxurrada de medidas de estímulo. O crescimento anual de 5% atingiu a meta do governo, embora os analistas tivessem previsto 4,9%.

Os dados do setor imobiliário, incluindo as vendas de casas novas e o início de novas construções, medido pela área construída, mostraram alguma melhora, impulsionando o sentimento.

A média diária de produção de metal quente entre as siderúrgicas pesquisadas pela consultoria Mysteel subiu 0,05% em relação à semana anterior, para 2,24 milhões de toneladas, em 16 de janeiro, depois de oito semanas de quedas.

Os dados sugerem que a demanda pelo principal ingrediente da fabricação de aço permaneceu resiliente em uma temporada de folga. A produção de metal quente, um produto de alto-forno, é normalmente usada como termômetro para a demanda de minério de ferro.

Apesar de um declínio anual de 1,7%, a produção de aço bruto da China em 2024 ficou acima de 1 bilhão de toneladas. A produção total em 2025 ficará abaixo desse nível, segundo analistas.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   20/01/2025

Concorrência aumentou e boa parte dos jovens não sonham em ter carro

O mercado automotivo brasileiro, que responde por 20% do PIB industrial, deu um salto no ano passado, com aumento de 9,7% na produção. Para animar o consumidor a gastar, o investimento em marketing já havia subido no ano anterior, na faixa de 25%. Neste ano, a projeção do setor é produzir 6,3% mais, enquanto as estratégias de marketing seguem em constante revisão. Isso porque as montadoras tradicionais têm novas rivais, em especial as marcas chinesas, e boa parte do público jovem não tem o carro como sonho de consumo.

A televisão ainda é um canal relevante para o setor, mas assim como outras empresas de consumo, a comunicação das montadoras passou a ser feita em diversos canais como digital, eventos, mobiliário urbano etc.

No ano passado, cinco montadoras investiram mais de R$ 330 milhões em publicidade televisiva em São Paulo, segundo a Tunad, empresa que captura sinais de TV aberta e paga. O executivo de estratégia e operações da Tunad, Ricardo Monteiro, diz que “as duas montadoras chinesas BYD e GWM [focadas em veículos elétricos] vieram com força. E TV paga mostra forte atividade”.

O setor é representativo para a publicidade e em 2023 seu investimento cresceu 25% em comparação com 2022, segundo a Kantar Ibope Media (ver mais no infográfico). “O varejo continua liderando os investimentos na publicidade, mas o setor automotivo - impulsionado pela entrada de marcas chinesas e outras novidades - também ganhou destaque”, indica o sócio presidente da agência de publicidade Artplan, Antonio Fadiga. “É um setor que certamente vai ter um ano movimentado, ainda que com desafios de crescimento dentro de um cenário mais incerto de economia”, diz o presidente da agência Galeria, Eduardo Simon.

Para o vice-presidente sênior e chefe de marketing da BYD Brasil, Alexandre Baldy, a perspectiva para 2025 é otimista, “mesmo diante de possíveis oscilações econômicas”. “A empresa enxerga o Brasil como seu principal mercado estratégico fora da China e projeta crescimento expressivo em receita e volume de vendas no país para este ano. Em 2024, implementamos uma estratégia ousada, com o lançamento de um novo modelo a cada dois meses”, afirma. Para ele, “o crescimento dos investimentos publicitários no Brasil teve impacto direto no fortalecimento do reconhecimento da marca. A receptividade dos brasileiros às nossas tecnologias demonstra que nossa comunicação está atingindo seu objetivo.”

Além dos novos concorrentes, atrair o consumidor jovem, que vê o carro muito mais como uma opção de mobilidade ao transporte público do que como um bem, é outro desafio para as montadoras. “O carro pode não ser a opção número um na cabeça dos jovens porque há opções como [aplicativos de] compartilhamento”, diz o diretor de marketing da Renault, Aldo Costa. "Além disso, o carro está mais caro hoje em dia e há um cenário de inflação que dificulta o acesso do público jovem.”

Programas de carros compartilhados, locação e assinatura de veículos têm sido explorados, de olho nas novas gerações. “Há uma crescente demanda por soluções de uso flexíveis”, nota o diretor comercial da Toyota do Brasil, José Ricardo Gomes. Desde 2020 a montadora oferece serviços de locação e assinatura de veículos a pessoas físicas.

O diretor de marketing da General Motors na América do Sul, dona da Chevrolet, Guilherme Arruda, aponta que, há cerca de uma década, as pessoas faziam cerca de cinco a seis visitas às concessionárias até fecharem uma compra. Hoje, são menos de duas. A montadora, por isso, investe cada vez mais na automatização de processos de atendimento com o uso da inteligência artificial (IA) em canais como o WhatsApp. “Cada segundo no atendimento pode acarretar na perda de uma venda”, diz. Neste ano, a empresa completa 100 anos e, com isso, trabalha com um planejamento robusto de publicidade, incluindo campanha com a atriz Fernanda Torres.

Em uma estratégia voltada para o digital e para o setor de esportes, o vice-presidente das marcas Fiat e Abarth, da Stellantis, na América do Sul, Frederico Battaglia, acredita que a força das marcas ganha relevância em um cenário cada vez mais competitivo. “A personalidade de marca tem que ter muita constância ao longo do tempo. Temos buscado uma comunicação bastante plural. O digital também ajuda a trazer essas diferentes perspectivas e pontos de vista, enquanto nossos investimentos em futebol dão oportunidade de explorar essa atenção para criar vínculos e atingir público-alvo que permanece majoritariamente masculino”, afirma ele.

Apesar de ser um setor um pouco mais conservador na forma de se comunicar com o consumidor, há inovações. Entre elas, a campanha Gerações, da Volkswagen, que, em junho de 2023, uniu a cantora Maria Rita com a mãe, Elis Regina (1945-1982), por IA. “Isso ajudou a reconectar nossa marca com as pessoas. Por ter sido algo pioneiro, existiram críticas, mas os resultados positivos foram surpreendentes”, diz a diretora de Marketing da Volkswagen do Brasil e América do Sul, Livia Kinoshita. A empresa também explora o território da música, e já patrocinou por cinco anos os festivais Rock in Rio, The Town 2023 e o Circuito Sertanejo em 2024, para se aproximar do público jovem. “Precisamos estar onde o consumidor está. Hoje, tudo comunica, não é só propaganda”.

Em novembro de 2024, a Jaguar, marca de alto luxo da JLR, também causou burburinho nas redes sociais ao veicular campanha na qual informava que estava aposentando o icônico logotipo do jaguar. “Não somos uma marca de carros e sim uma marca de luxo que vende carros. Isso muda toda lógica e dinâmica. Temos uma segmentação de público muito específica e queremos atingir uma parcela de pessoas que quer ser singular e se diferenciar. Estamos muito apoiados no futuro”, diz a diretora de Marketing da JLR para o Brasil, Camila Yu Mateus.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Infomoney - SP   20/01/2025

Brasileiros que começaram 2025 pensando em renovar algum de seus produtos eletrodomésticos e eletroeletrônicos podem estar reavaliando os planos. Com um dólar alto, a tendência é de um aumento nos preços, embora especialistas considerem uma disparada ainda incerta, ao menos nos primeiros meses do ano.

A moeda americana fechou 2024 cotada a R$ 6,179, alta anual na casa dos 27%. O movimento poderia ter sido mais intenso, não fosse um recuo na última semana do ano que segue até hoje — a divisa fechou em R$ 6,06 na última sexta-feira (17).

Normalmente, um alta como essa tende a ser repassada em produtos como eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Mesmo quando são fabricados no Brasil, muitos dos componentes desses bens de consumo são importados em negociações feitas em dólar.
“Há um impacto grande [entre dólar e preço de eletroeletrônicos], particularmente quando se trata de celular, televisão, computador e notebook”, diz o professor de gestão financeiras na Fundação Vanzolini e da Poli-USP, Michael Roubicek. “Em utensílios domésticos, como linha branca, o impacto não é tão grande porque a indústria local é mais forte”, conta.
O que fica mais caro?

No caso de notebooks, por exemplo, o preço mediano aumentou 28% entre janeiro e dezembro de 2024; para smartphones, a elevação foi de 41%, segundo um levantamento da plataforma de comparação de preços Zoom. Já a variação de um aparelho de ar-condicionado foi de aproximadamente 9%.

Embora um aumento no preço já tenha sido observado em 2024, especialistas consultados pelo InfoMoney ainda consideram difícil cravar se a disparada do dólar no fim do ano deve ter uma influência grande nos preços a curto prazo.

“Eu acho que no primeiro trimestre a gente não vai ter grande mudança em relação à precificação de produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos”, diz o economista especialista em varejo e consumo e professor de MBAs da FGV, Roberto Kanter.

Sua avaliação é a de que no caso dos eletrodomésticos, há maior chance de segurar os preços, já que as margens costumam ser elevadas e não são produtos aos quais o consumidor costuma ter muita fidelidade às marcas. Assim, a preferência é por apertar margens e seguir competitivo.
Rota do dólar define próximos meses

Paira a dúvida sobre como o comportamento do dólar deve seguir pelos próximos meses, no entanto. Como a moeda americana tem ficado estável nas últimas semanas, pode ser que o efeito seja menos sensível quando as varejistas renovarem seus estoques. Além do mais, muitos dos contratos fechados são pagos a prazo e ainda seguirão pelo valor do dólar na contratação

“O varejo que teve uma boa Black Friday, teve um Natal mais ou menos, tem um relativo estoque razoável de produtos, está jogando as compras para frente. Ocorre tanto para a compra do componente importado quanto para a compra do produto acabado”, diz Kanter.

Para Roubicek, será inevitável, no entanto, que preços de componentes sejam repassados quando a renovação dos estoques começar. “Certamente haverá uma queda nas vendas, e é ainda mais complicado com os juros, já que a maior parte dessas vendas é a prazo”, afirma.

Em nota, a Eletros, Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, demonstra preocupação com o cenário. Em nota, a entidade disse que a alta na variação cambial “impacta significativamente os custos de produção no Brasil” por conta dos insumos importados.

Para os consumidores que pensam em comprar um novo produto, um eventual aumento pode limitar as alternativas. Como explica Kanter, o Brasil tem cada vez mais similaridade com mercados maduros, em que a quantidade de componentes eletrônicos dos eletroeletrônicos modernos aumenta o custo de um conserto.

O economista defende que os preços devem se manter estáveis no primeiro trimestre, e o comportamento do dólar nos próximos meses é que vai definir uma eventual guinada.

CONSTRUÇÃO CIVIL

O Estado de S.Paulo - SP   20/01/2025

A Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, lidera como o bairro com o maior número de apartamentos lançados e não vendidos, de acordo com levantamento da empresa de inteligência Brain. Os “imóveis de estoque”, como são chamados no jargão de mercado, chegam a 2.170 na região, segundo dados de dezembro. Vila Mariana e Pinheiros são o segundo e o terceiro bairro com maior estoque, com 2.060 e 2.024, respectivamente (veja lista abaixo).

Em geral, os apartamentos de estoque são aqueles que ficam em andares mais baixos ou que por algum motivo não têm uma boa vista ou têm problemas relacionados a barulho excessivo, o que dificulta a venda. Em outros casos, os apartamentos de estoque podem refletir uma oferta acima da demanda na região ou da capacidade de compra dos interessados. Por isso, a compra de imóveis de estoque deve ser feita com cautela.

Na Barra Funda, atuam empresas como Econ, Cury, Plano&Plano e Living (esta última, marca da Cyrela voltada à classe média). Na Vila Mariana, atuam construtoras como Living, Cyrela, Benx e Trisul. Já em Pinheiros, Idea!Zarvos, Stan, Setin e Trisul fazem ou fizeram empreendimentos. Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain, conta que o número de lançamentos em um bairro é o que determina se ele terá ou não um número elevado de estoque.

“A velocidade de vendas cresceu muito em 2024 em relação a 2023 na cidade de São Paulo, o que ajudou a escoar o estoque. Na capital paulista, no período de 12 meses até novembro, foram 106 mil unidades lançadas e 113 mil unidades vendidas. Nessa velocidade, em 7,8 meses (7 meses e 24 dias), o estoque acabaria. Esse é um dos menores patamares já vistos na cidade”, afirma. Vale notar que os números se referem apenas a imóveis novos, e não a usados.

Dados da Brain mostram que poucos dos bairros com maiores preços médios de transações imobiliárias estão entre aqueles com maior estoque. As exceções são Pinheiros, Perdizes, Moema e Brooklin, que são bairros com preço médio de imóveis acima de R$ 1 milhão.

O diretor de relações com investidores da Lopes, Cyro Naufel, lembra que o número de lançamentos no mercado imobiliário dobrou nos últimos cinco anos em São Paulo por conta do novo Plano Diretor, que impulsionou as vendas no escopo do programa Minha Casa Minha Vida, e da queda na taxa de juros, que chegou a 2% em 2021, barateando o lançamento de prédios e o financiamento de apartamentos.

“O estoque de imóveis não deixa de ser igual ao de uma loja de roupas. Se você vendeu bem a coleção de verão, a prateleira ficou vazia e você pode lançar a coleção de inverno. Se não, não há espaço para a coleção nova e é preciso fazer promoção”, afirma.

Segundo especialistas, as unidades de estoque podem ter descontos negociados com mais facilidade, especialmente quando estão há muito tempo disponíveis e reduzindo a margem de lucro dos projetos. Para o comprador, além do preço, há o benefício de o apartamento já estar disponível para uso imediato após a compra.

Segundo o planejador financeiro, Carlos Castro, em entrevista ao Estadão no ano passado, a compra de imóveis de estoque, especialmente os que já foram construídos e entregues, podem representar uma boa oportunidade de compra para o consumidor, desde que sejam tomados cuidados como avaliação de rede elétrica e hidráulica, bem como da infraestrutura da região.

“Quando há estoque, é comum que os imóveis sejam comercializados com desconto porque o incorporador precisa melhorar o fluxo de caixa. Nessa situação, há vantagens, como condições mais flexíveis de pagamento e negociação de taxas e financiamento. Se o imóvel já estiver pronto, a entrega é rápida e pode ser visitado mesmo antes da compra para entender se atende ou não às necessidades do consumidor. Por outro lado, é preciso ter cuidado com imóveis de estoque. É preciso entender por que eles não foram vendidos. Pode haver alguma condição que não atraiu o consumidor ou o valor de venda não condiz com o valor de mercado da região”, disse.

Segundo Cyro Naufel, apesar de todo esse crescimento em lançamentos e em vendas, o estoque de apartamentos disponíveis na capital paulista se manteve praticamente estável, chegando até mesmo a ter falta de empreendimentos de alto padrão com mais de 65 metros quadrados.

Aumento da taxa de juros

Para Araújo, o atual ciclo de alta na taxa de juros pode reduzir ainda mais a quantidade de imóveis de estoque em mercados como o da cidade de São Paulo, porque as construtoras podem ter dificuldades para fechar a conta de novos prédios.

“O cliente, para imóveis na planta, tem mantido um apetite muito forte. Não vemos problema para esse segmento em 2025. Já para imóveis usados, pode ser um problema. O volume de lançamentos pode diminuir também por causa da viabilidade de alguns empreendimentos, que usam financiamento de Selic mais alguma taxa. Se isso se confirmar, e a velocidade de vendas atual se manter, o estoque pode ficar ainda menor do que hoje”, diz.

Em nota, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) afirma que a decisão do Copom de elevar os juros no País nas últimas reuniões intensifica os desafios enfrentados pela economia brasileira e que “os juros elevados restringem o acesso ao crédito, dificultam investimentos e ampliam as despesas financeiras de famílias e empresas”.

Com isso, a recomendação de especialistas para quem deseja comprar imóvel em 2025 é entrar rapidamente no financiamento imobiliário em vez de optar pelo repasse na planta, de modo a garantir um menor custo efetivo total da aquisição. Porém, em imóveis de estoque, é preciso entender os motivos que levaram os apartamentos em questão a não serem vendidos rapidamente. Ou seja, é preciso avaliar questões como barulho, falta de vista, a posição da vaga de garagem ou o tamanho da planta e ver se, mesmo assim, eles atendem às necessidades.

FERROVIÁRIO

Valor - SP   20/01/2025

A operação do "people mover" aeromóvel, como é chamado o sistema de trem, deveria ter sido entregue no primeiro semestre de 2024, mas atrasou

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou nesta sexta-feira (17) que em março deve ser entregue o trem que ligará a última estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) aos três terminais de embarque e desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

A operação do "people mover" aeromóvel, como é chamado o sistema de trem, deveria ter sido entregue no primeiro semestre de 2024, mas atrasou. Depois, o prazo passou para o segundo semestre, o que não ocorreu.

"Ao longo deste ano, provavelmente em março, a gente vai entregar aquela linha do monotrilho que une a última estação da CPTM até o terminal 3 do aeroporto de Guarulhos", disse o governador.

Segundo ele, o plano é que, no futuro, o sistema interligue os três grandes aeroportos do Estado de São Paulo. Ou seja, que haja uma conexão entre os aeroportos de Guarulhos, Congonhas e Viracopos.

A Aerom Sistemas de Transporte, responsável pela implantação do projeto, disse, no fim de dezembro, que todo o sistema está entregue e a pré-operação seria iniciada nas primeiras semanas de janeiro.

Na ocasião, a empresa afirmou que ainda há um processo de certificação pela frente e que não era possível estabelecer uma data precisa para a operação plena com passageiros.

A estação de trem nas imediações do aeroporto foi inaugurada pelo então governador e atual vice-presidente Geraldo Alckmin (na época no PSDB e, hoje, no PSB) dias antes de ele deixar o Palácio dos Bandeirantes para disputar a Presidência da República, em 2018, mas sem chegar aos terminais do aeroporto, que ficam a cerca de 2,5 km da estação.

Assim obriga os usuários a pegarem um dos ônibus gratuitos cedidos pela GRU Airport para completar o deslocamento.

Multa por atraso

A estação Aeroporto-Guarulhos chegou a ser prometida para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, mas só foi entregue a 75 dias da competição sediada na Rússia, em 2018.

O "people mover" foi inserido como obrigação do contrato de concessão do aeroporto e, por isso, a Anac abriu um processo administrativo sancionador, que pode culminar com a aplicação de multa pelo atraso.

Conforme a agência, como o processo está sob análise em primeira instância, ainda não há um valor estimado para eventual autuação.

Os atrasos, diz a agência, estão relacionados a questões construtivas, de implantação da tecnologia e internas do consórcio responsável.

"A Agência Nacional de Aviação Civil segue acompanhando a implantação do investimento por meio de relatórios, reuniões e visitas técnicas a fim de buscar os esforços necessários para a conclusão das obras com agilidade, qualidade e presteza", diz trecho da nota da Anac.

Testes

Os testes com os três aeromóveis circulando começaram em junho. Em 27 de setembro, foi completada pela primeira vez a passagem pela área de mudança de via.

"A mudança de via é um componente essencial nos modais ferroviários, exigindo manobras rápidas e segura", afirmou a Aerom, líder do consórcio AeroGRU, na época.

O aeromóvel terá capacidade para transportar 2.000 usuários por hora em cada direção. A ligação terá uma extensão de 2,7 km.

O trem, que circula por meio de propulsão pneumática, é composto por dois carros articulados que pesam 16 toneladas e deverá levar até 200 passageiros por viagem. Eles chegam a 24,7 metros. Cada partida é estimada em quatro minutos.

Nos testes, o veículo atingiu 57 km/h. Ele será equipado com wi-fi e monitores informativos.

A operação terá dois trens circulando simultaneamente e um ficará como reserva, mas com um rodízio.

O primeiro deles, na cor azul, foi entregue em março do ano passado. O segundo, com faixas verdes, em maio, e o terceiro, laranja, em setembro. Todos já rodaram em testes.

PETROLÍFERO

Petro Notícias - SP   20/01/2025

A Petrobrás está celebrando alguns feitos realizados no último ano. A companhia revelou hoje (17) que as produções de gasolina e diesel S-10 da Petrobras alcançaram novos recordes históricos em 2024. Além disso, ainda no ano passado, a petroleira conseguiu patamares inéditos de processamento do óleo do pré-sal.

A produção total de gasolina atingiu 24,4 bilhões de litros, superando a marca anterior de 2014 (24,2 bilhões de litros). No caso do diesel S-10, o volume chegou a 26,3 bilhões de litros, ultrapassando o recorde de 2023. Entre as refinarias, a Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná, destacou-se na produção de gasolina, atingindo 3,5 bilhões de litros em 2024. Já a Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em São Paulo, foi a líder na produção de diesel S-10, com 3,8 bilhões de litros.

Outro marco histórico foi registrado no processamento de petróleo do Pré-Sal, que representou 70% do total processado pela Petrobras em 2024, superando os 66% registrados no ano anterior. Além disso, o Fator de Utilização das Refinarias (FUT) anual atingiu 93,2%, superior aos 92% realizados em 2023. O FUT mede a relação entre o volume de petróleo processado e a capacidade das refinarias, considerando parâmetros de segurança, meio ambiente e qualidade dos produtos.

A Petrobrás também reduziu as emissões de gases de efeito estufa no seu parque de refino. Em 2024, a companhia registrou 36,1 KgCO2 por carga equivalente, a menor intensidade de emissões da série histórica (medição desde 2019). Assim, foi evitada a queima de 475 mil m³/dia de gás natural e a emissão de 365 mil toneladas de CO2.

“Estamos aprimorando o parque de refino, como a inauguração do Complexo de Energias Boaventura, no Rio de Janeiro; realizando importantes investimentos, como a entrada em operação da unidade de abatimento de emissões atmosféricas (SNOX) da RNEST, em Pernambuco. São exemplos de iniciativas que resultam no excelente resultado global do parque de refino da Petrobrás, que está focado em eficiência, segurança e operação rentável dos ativos”, afirma o diretor de Processos Industriais e Produtos da Petrobrás, William França

Valor - SP   20/01/2025

Os mercados estão especulando que Trump pode realmente manter as medidas de Biden

Depois de quase três anos acenando para as exportações de petróleo da Rússia, o presidente dos Estados Unidos Joe Biden deu um golpe significativo contra o setor energético da Rússia duas semanas antes de deixar o cargo. Isso, claro, se o presidente eleito Donald Trump mantiver a decisão.

Os mercados estão especulando que Trump pode realmente manter as medidas de Biden. O preço do petróleo Brent subiu 5% desde que os EUA anunciaram as últimas sanções contra a Rússia em 10 de janeiro.

"Essas são as sanções mais significativas que vimos" desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, diz Edward Fishman, ex-oficial de sanções dos EUA e agora membro do Centro de Políticas Globais de Energia da Universidade de Columbia.

O novo pacote impõe "sanções bloqueadoras" a cerca de metade da "frota secreta" de petroleiros que Moscou reuniu para contornar o limite de preço de US$ 60 por barril, imposto no início de 2023 por países das sete principais economias ricas (G7).

As ações americanas também miram as empresas petrolíferas nº 3 e nº 4 da Rússia, Surgutneftegas e Gazprom Neft, além de suas duas principais seguradoras. Qualquer cliente dessas entidades seria excluído de transações financeiras baseadas em dólar. Atualmente, o Brent é negociado a cerca de US$ 81 por barril.

Se aplicada à risca, a decisão de Biden abrangeria mais de 40% das exportações marítimas de petróleo da Rússia, segundo Matt Wright, analista de transporte marítimo da consultoria logística Kpler. Isso significa cerca de dois milhões de barris por dia, ou 2% do fornecimento global.

Os principais clientes da frota secreta, Índia e China, estão sinalizando que irão acatar a ameaça dos EUA. O Shandong Port Group da China, um dos principais portais para importações de petróleo, anunciou em 7 de janeiro que proibirá qualquer embarcação sancionada. "Fiquei surpreso ao ver o anúncio de Shandong", diz Wright. "É significativo."

Trump poderia anular a ação de Biden pelo mesmo motivo pelo qual Biden nunca a tomou antes: manter os preços da gasolina nos EUA baixos. Mas o novo presidente também tem razões para não fazer isso.

Trump poderia usar as sanções de Biden como moeda de troca contra o presidente Vladimir Putin antes de negociações para acabar com a guerra na Ucrânia. O indicado de Trump para secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarou durante sua audiência de confirmação no Senado que está "100% a favor de elevar as sanções a níveis que levem a Federação Russa à mesa de negociações".

A eficácia das medidas depende de quão entusiasticamente elas são aplicadas, no entanto, diz Craig Kennedy, associado do Centro Davis de Estudos Russos e Eurasianos de Harvard. "O que conta são as conversas diplomáticas discretas sobre se isso está em conformidade ou não", diz ele.

A inflação nos EUA caiu e a produção doméstica de petróleo aumentou — em cerca de dois milhões de barris por dia — desde 2022, acrescenta Joseph Webster, membro sênior do Atlantic Council.

Trump pode ver as restrições à Rússia como um estímulo para os produtores dos EUA, ou como um presente para seu tradicional aliado, a Arábia Saudita. O novo governo americano pode tentar retomar o acordo de normalização de relações entre o governo saudita e Israel, e a ação no mercado de petróleo pode ajudar no movimento.

Os sauditas têm cerca de três milhões de barris por dia de capacidade ociosa para a produção de petróleo, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

"Trump tem incentivos para tirar parte do petróleo russo do mercado, para que a Arábia Saudita possa adicionar algumas centenas de milhares de barris", disse Webster.

O presidente eleito provavelmente adotará um curso moderado e manterá suas opções abertas, concorda Bob Yawger, estrategista de futuros de energia da Mizuho Americas. "Ele não precisa seguir a decisão de Biden agressivamente", diz ele. Os evasores das sanções russas continuam inovadores, acrescenta, transferindo petróleo da frota secreta para embarcações "legítimas" no meio do oceano, entre outras táticas.

Ainda assim, o risco extra e os transtornos causados pelas novas sanções devem, pelo menos, ampliar os descontos que a Rússia tem que aceitar para vender seu petróleo, de US$ 6 para US$ 10 por barril, prevê Yawger.

Com o orçamento militar de Putin (oficialmente) programado para aumentar 25% este ano, essa redução na receita pode ser prejudicial.

Valor - SP   20/01/2025

Com a iniciativa, José Cotello renunciou ao cargo de presidente da Seacrest, empresa norueguesa com sede nas Bermudas

À espera de um desfecho das discussões com a Petrobras sobre o pagamento de parcelas adicionais relativas à compra de dois campos terrestres de petróleo no Espírito Santo, a petroleira independente Seacrest Petróleo teve o controle acionário assumido por credores, que nomearam novos executivos para a companhia. Com a iniciativa, José Cotello renunciou ao cargo de presidente da Seacrest, empresa norueguesa com sede nas Bermudas.

A Seacrest informou em comunicado divulgado na Bolsa de Oslo, onde é listada, que credores da empresa anunciaram, na quarta-feira (15), o vencimento antecipado das dívidas, que totalizam US$ 300 milhões (R$ 1,830 bilhão), sem aviso prévio ou discussão com a empresa. Também executaram garantias sobre as ações de uma subsidiária, a Seacrest Petróleo Cricaré Bermuda Limited.

A linha de crédito de US$ 300 milhões havia sido contratada em maio de 2023 junto a um sindicato de bancos, coordenado pelo Morgan Stanley, para financiar a compra do campo Norte Capixaba, no Espírito Santo. A emissão ocorreu meses após a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da empresa na Bolsa de Oslo, em fevereiro de 2023.

“Conforme divulgado pela empresa [Seacrest] em seus anúncios feitos em 9 de novembro, 11 de dezembro e 23 de dezembro de 2024, os credores haviam firmado previamente acordos de tolerância [...] e a empresa estava em discussões ativas com os credores sobre a extensão desses acordos de tolerância”, disse a petroleira em comunicado.

“Acordo de tolerância”

A decisão dos credores ocorreu três semanas após a Seacrest ter firmado a terceira extensão de um “acordo de tolerância”, no qual os dententores dos créditos haviam aceitado não exercer quaisquer direitos de voto ou adotar medidas relacionadas a eventuais inadimplências sobre parcelas do crédito de US$ 300 milhões. A inadimplência seria configurada se subsidiárias da Seacrest não efetuassem pagamento de juros ou não cumprissem com “certos outros acordos”.

Além dos US$ 300 milhões contratados com o sindicato de bancos, a Seacrest havia assinado no fim de outubro um acordo com a empresa de “commodities” Trafigura para a concessão de uma linha de crédito de pré-pagamento de US$ 40 milhões, referente a cargas de petróleo a serem vendidas pelas subsidiárias da petroleira independente.

Na ocasião, a Seacrest havia informado que a linha de crédito com a Trafigura estava sujeita a condições precedentes, “incluindo, entre outras, a execução de acordos definitivos e a Trafigura se tornando uma parte do acordo intercredor do grupo [Seacrest] com os credores sob sua linha de crédito de US$ 300 milhões”.

Procuradas, Seacrest, Trafigura e Morgan Stanley disseram que não comentam o caso. A tomada da empresa pelos credores é mais um capítulo no impasse envolvendo a compra dos campos Norte Capixaba e Cricaré da Petrobras.

Compra de campos terrestres

A Seacrest começou operações no Brasil em 2020, quando adquiriu da Petrobras 27 campos de petróleo do Polo Cricaré. Em 2022,a companhia expandiu o negócio com a compra dos campos do Polo Norte Capixaba. A produção da Seacrest no país é 8 mil barris de óleo equivalente por dia (boe/dia).

No fim de dezembro, a Seacrest Petróleo entrou com uma ação no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) alegando quebra de contrato pela Petrobras na venda dos campos Norte Capixaba e Cricaré, no Espírito Santo. A estatal, diz a Seacrest, não teria realizado reparos em oleodutos submarinos, o que constava do contrato de compra e venda dos campos terrestres. A Petrobras nega ter descumprido o contrato e diz estar executando os serviços de manutenção previstos.

Em 26 de dezembro, o desembargador Jose Roberto Portugal Compasso, da 8ª Câmara de Direito Público do TJRJ, concedeu liminar em favor da Seacrest impedindo a estatal de tomar qualquer medida, por 30 dias, para cobrar US$ 70,5 milhões (R$ 430,3 milhões) da empresa norueguesa.

O pagamento pela Seacrest à Petrobras deveria ter sido feito até 31 de dezembro de 2024. Do total, US$ 59,5 milhões (R$ 363,2 milhões) correspondiam ao campo Norte Capixaba e US$ 11 milhões (R$ 67,1 milhões) a Cricaré.

Em paralelo, a Seacrest recorreu a uma arbitragem contra a Petrobras. O pedido para a resolução arbitral foi impetrado, em 5 de janeiro, junto à Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (ICC).

Em 8 de janeiro, a Seacrest obteve uma segunda decisão, desta vez da 11ª Vara Cível da Comarca da Capital, que ampliou o escopo da primeira liminar: manteve suspenso o pagamento dos US$ 70,5 milhões e impediu que a Petrobras a incluísse em cadastros de inadimplentes, públicos ou privados, além de aplicar penalidades contratuais, declaração de vencimento antecipado de obrigações ou medidas que caracterizem mora ou “default” (calote).

A Petrobras não respondeu até o fechamento desta reportagem. Na semana passada, quando o Valor publicou reportagem sobre o impasse, a estatal havia afirmado que está adotando as medidas contratuais e legais cabíveis para a defesa dos interesses da companhia no processo e “para a cobrança dos valores determinados e incontestavelmente exigíveis da Seacrest pelo não cumprimento de obrigação contratual de pagamentos relacionados à venda de campos terrestres no Polo Cricaré e Polo Norte Capixaba”.

Sobre os reparos dos oleodutos, a Petrobras disse que “está cumprindo a obrigação contratual, executando os serviços previstos. Eventuais pleitos da Seacrest são analisados e, em caso de desacordo, acionados os mecanismos previstos no contrato, no caso a arbitragem”.

No mercado, a expectativa era de um aumento de produção para níveis em torno de 20 mil barris/dia, o que ainda não se concretizou. Em julho de 2024, o Itaú BBA havia divulgado comunicado no qual apontava que “contratempos operacionais” e “eventos externos” afetaram plano da companhia de aumentar a produção.

Havia na época a expectativa de desembolso de recursos para investimentos e do pagamento das parcelas adicionais para a Petrobras, da compra dos campos Norte Capixaba e Cricaré,

As ações da Seacrest vinham sendo negociadas na Bolsa de Oslo nesta sexta-feira (17) a 0,07 coroas norueguesas, o que corresponde a menos de um centavo de euro. Em julho, o Itaú BBA projetava um preço-alvo de 3,10 coroas norueguesas.

O Estado de S.Paulo - SP   20/01/2025

A petrolífera Prio está montando uma equipe para avaliar a sua possível primeira participação no leilão de oferta permanente de áreas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Segundo o presidente da companhia, Roberto Monteiro, como a empresa ainda não tem experiência em exploração, está sendo necessário convocar geólogos especialistas na área para analisar os blocos em oferta. A ideia é adquirir áreas próximas aos ativos da companhia, aproveitando a sinergia entre os sistemas.

“A gente está montando um time pequeno de pessoas que possam olhar essas oportunidades de blocos vizinhos aos nossos, pra a gente poder montar isso”, explicou Monteiro. “Desde o começo, tanto o nosso modelo de contratação, como nosso modelo de capex (investimento) e de desenvolvimento sempre copiou o Golfo do México e os Estados Unidos. E uma coisa que a gente nunca fez, que é o que eles chamam lá de Infrastructure Led Exploration, nada mais é do que você olhar as áreas que são contíguas aos seus campos e começar a analisar oportunidades ali”, acrescentou.

De acordo com Monteiro, o foco da Prio não será buscar grandes reservatórios, “não precisa ter 300 milhões de barris recuperáveis para fazer alguma coisa, 50 milhões de barris já está ótimo, é só ligar na nossa infraestrutura”, explicou. “Você começa a olhar coisas muito menores, 20 milhões, 30 milhões de barris, que dependendo da localização, funciona”, acrescentou.
Distância entre os blocos será avaliada

Outro detalhe que será avaliado será a distância dos blocos. A experiência campo de Wahoo, que terá seu óleo levado até o navio plataforma do campo de Frade, a 35 km de distância, será um aprendizado, na avaliação de Monteiro. “Vamos ver como Wahoo vai se comportar, a gente estudou muito e tem musculatura para fazer isso. Talvez não sejam blocos a 40 km de distância, mas podemos ver a 10, 20 km”, avaliou.

O leilão da Oferta Permanente da ANP, programado para o primeiro semestre de 2025, é uma espécie de banco de blocos de petróleo e gás natural onde o investidor escolhe as áreas que pretende explorar.

Infomoney - SP   20/01/2025

O Bradesco BBI revisou suas projeções para empresas do setor de petróleo, reduzindo os preços-alvo de diversas companhias e elevando apenas de algumas, mas mantendo suas recomendações para este ano. As ações de todas as empresas possuem recomendações equivalentes à compra, com exceção da Ultrapar (UGPA3), que possui recomendação neutra.

A análise considerou fatores como a volatilidade no preço do barril, os custos operacionais e o impacto de questões geopolíticas, resultando em ajustes nas expectativas para as perspectivas dessas empresas.

O preço-alvo médio das empresas do setor foi reduzido em 24% para o final deste ano, com preferência por exportadoras, como Petrobras (PETR3) e PRIO (PRIO3), em detrimento de empresas domésticas mais cíclicas, como Raízen (RAIZ4), Cosan (CSAN3) e distribuidoras de combustíveis.
Os analistas destacam que as exportadoras estão mais protegidas contra a depreciação do real e riscos de uma desaceleração econômica, além de apresentarem menor exposição a dívidas atreladas ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI). “O principal risco para nossa atual preferência por exportadores seria a perspectiva de cortes futuros nas taxas do Tesouro dos Estados Unidos, o que poderia reforçar a tese de cortes nas taxas de juros no Brasil, levando empresas domésticas a superar (especialmente Cosan)”, alertam.

Apesar das valorizações atraentes, o banco indica que as empresas do ciclo doméstico devem ser evitadas no curto prazo, pois, desde o anúncio do pacote fiscal do Brasil em novembro, essas empresas têm apresentado desempenho abaixo das expectativas. Embora as valorizações atuais estejam significativamente descontadas em relação aos níveis históricos, o risco de inflação superior à meta pode impactar negativamente a atividade econômica, o que limita o interesse no setor.

Para a Petrobras (PETR3;PETR4), a recomendação de outperform (acima da média do mercado) foi mantida, com preço-alvo ajustado para US$ 17 por ADR (American Depositary Receipt, ou recibo de ações negociado nos EUA) PBR, equivalente ao ON. Especificamente para PETR4, o preço-alvo foi elevado de R$ 48 para R$ 51.

O banco acredita que a estatal se beneficia de uma base de receita dolarizada e dívidas atreladas ao dólar, o que minimiza os impactos de um ambiente doméstico mais adverso. No entanto, a política de preços de combustíveis pode ser um ponto de atenção, com o diesel sendo comercializado abaixo da paridade de exportação.

A recomendação outperform também vai para a PRIO, com preço-alvo de R$ 29 por ação. A companhia, de acordo com os estrategistas, segue como uma das principais apostas no setor de exploração e produção (E&P), beneficiada pelo crescimento da produção, especialmente com o campo de Peregrino e a expectativa de aprovação das licenças para o campo Wahoo.

O BBI também ajustou o preço-alvo da Oceanpact (OPCT3) para o final deste ano, de R$ 14 para R$ 10 por ação. A revisão, de acordo com o relatório, foi motivada por um aumento na taxa de custo de capital de 12% para 13%, maior estimativa de capex (investimento) anual, agora em R$ 400 milhões contra R$ 300 milhões anteriores, e o adiamento de novos contratos, impactando negativamente as projeções de Ebitda em 7% para 2025-2026.

Outros ajustes incluem o adiamento do recebimento de R$ 262 milhões provenientes de uma disputa com a Petrobras para 2026 e o impacto de despesas financeiras mais altas, que devem manter a empresa sem geração de caixa até 2026. A desvalorização do real, no entanto, pode beneficiar os novos contratos em moeda local. O banco manteve a recomendação de compra, apontando um crescimento expressivo impulsionado por taxas diárias mais altas, que devem reduzir o índice P/L (preço/lucro) de 10 vezes neste ano para 4 vezes em 2026.

No caso da Braskem (BRKM5), o preço-alvo foi revisado para o final deste ano, passando de R$ 24/ação para R$ 26/ação. O banco vê um ponto de entrada como favorável, dado o fraco desempenho recente das ações e um provável melhor momento de lucros em 2025 do que em 2024.
Distribuidoras

Para as distribuidoras de combustíveis, a recomendação de compra para Vibra (VBBR3) foi mantida, mas o preço-alvo foi cortado de R$ 37 para R$ 30 por ação, refletindo custos financeiros mais altos devido ao CDI elevado e ao aumento no Wacc (Custo Médio Ponderado de Capital). Para Ultrapar (UGPA3), a recomendação neutra foi mantida, com o preço-alvo reduzido de R$ 33 para R$ 23 por ação. O relatório aponta que, apesar das avaliações atraentes, faltam fatores de curto prazo que justifiquem maior interesse no setor.

Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) também tiveram seus preços-alvo reduzidos, para R$ 3,50 e R$ 12 por ação, respectivamente, ante R$ 5 e R$ 23. Para a Raízen, o banco revisou para baixo a projeção de produção de cana-de-açúcar e considerou o impacto do maior custo da dívida. No caso da Cosan, a mudança na metodologia de avaliação para um modelo de dividendos descontados resultou em um ajuste mais conservador, mesmo com a expectativa de alívio nas despesas financeiras após a venda da participação na Vale.

O BBI também observa que o cenário de oferta e demanda para o petróleo aponta para uma tendência de alta nos preços. Essa perspectiva é impulsionada por fatores como o receio de que Donald Trump, caso avance em seu protagonismo político, intensifique sanções contra o Irã e a Rússia, além da redução dos estoques em grandes economias e do aumento da demanda por petróleo devido às temperaturas frias no Hemisfério Norte.

RODOVIÁRIO

Investing - SP   20/01/2025

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aprovou nesta sexta-feira publicação do edital de concessão do sistema formado pelas rodovias BR-040/495/MG/RJ, entre Juiz de Fora (MG) e o Rio de Janeiro.

O leilão dos 220 quilômetros do trecho está programado para 30 de abril, afirmou a agência em comunicado à imprensa.

"Estamos com uma expectativa muito positiva sobre esse certame. Temos recebido interesse de diversos atores do mercado que estão estudando o projeto, e estamos confiantes de que haverá uma competição interessante na B3 (BVMF:B3SA3)", afirmou o diretor da ANTT Felipe Queiroz, no comunicado da agência.

O edital deve ser publicado na edição de segunda-feira do Diário Oficial da União. O critério de escolha de vencedor do leilão será o de maior desconto sobre a tarifa de pedágio.

O contrato prevê investimento de 8,8 bilhões de reais em investimentos, sendo 5 bilhões em melhorias e novas infraestruturas e 3,8 bilhões em manutenção.

InfraRoi - SP   20/01/2025

A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística do Mato Grosso (Sinfra-MT) adiou o leilão para concessão de seis lotes de rodovias estaduais, inicialmente previsto para 7 de fevereiro. A nova data está marcada para o dia 14 de março de 2025, na bolsa de valores B3, em São Paulo. A alteração atendeu a solicitações de interessados em obter mais tempo para analisar os lotes. Os editais permanecem disponíveis para consulta no site da Sinfra-MT.

Serão concedidos à iniciativa privada 2,1 mil quilômetros de estradas estaduais, com um investimento previsto de R$ 8 bilhões ao longo de 30 anos. O critério para a escolha das concessionárias será o menor valor da tarifa de pedágio, combinado com uma curva de aportes crescentes, conforme os descontos oferecidos pelos licitantes.

Entre as inovações previstas, está a implantação de pedágio free-flow, que permite a passagem sem paradas em cancelas, e a pesagem de caminhões em movimento. Além disso, o projeto deve gerar mais de 90 mil empregos, diretos e indiretos, e aumentar a arrecadação de impostos em mais de R$ 1 bilhão para os municípios.
Concessão é uma forma de aumentar investimentos em rodovias

As concessões buscam garantir a manutenção e operação de rodovias já asfaltadas, enquanto o Governo do Estado continua investindo em novos trechos. Desde 2019, mais de 4,2 mil quilômetros de rodovias foram asfaltados, mas ainda restam quase 20 mil quilômetros sem pavimentação.

A obra de maior valor licitada pela Sinfra-MT em 2024 foi para elaboração de projetos e execução das obras do lote 5 da MT-418, a antiga BR-174 em Colniza. Com um investimento de R$ 153,2 milhões, a obra para asfaltar 50,8 quilômetros da rodovia já está em andamento.

Entre outras obras de grande valor estão o asfalto da MT-247, ligando Barra do Bugres até Lambari D’Oeste, licitada por R$ 153 milhões para asfaltar 89,1 km; a pavimentação de outros 44,1 km da antiga BR-174, licitada por R$ 141,1 milhões; e o asfalto da MT-419, ligando Novo Mundo até Carlinda, licitada por R$ 103,4 milhões.

AGRÍCOLA

IstoÉ Dinheiro - SP   20/01/2025

O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos no próximo dia 20 deve acentuar a concorrência no agronegócio entre Brasil e Estados Unidos. Trump volta ao poder com o anúncio de políticas comerciais protecionistas que, por um lado, podem favorecer o comércio de produtos agropecuários brasileiros a países importadores, como a China mas, de outro lado, tendem a embaraçar negociações para ampliações e aberturas de mercados entre os países. Para especialistas em comércio exterior, representantes de entidades privadas e do governo, ouvidos pelo Broadcast Agro, o agronegócio brasileiro pode ganhar com as políticas protecionistas de Trump nas exportações a outros países, mas perder no próprio comércio com os Estados Unidos.

Nessa equação, um dos principais fatores é a potencial retomada da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Trump promete aplicar tarifas elevadas sobre produtos importados pelos Estados Unidos e repetir o conflito com o gigante asiático – tônica da sua primeira gestão. Em eventual troca de retaliações entre os países, o Brasil pode se favorecer do redirecionamento da demanda chinesa de soja e milho, embora em menor grau ao observado na primeira fase da guerra comercial sino-americana no primeiro mandato de Trump.

A tendência é o Brasil ocupar mais espaço no fornecimento de grãos ao mercado asiático, se confirmada uma escalada do conflito comercial sino-americano, pelo menos no curto prazo. “Hoje exportamos 64% de soja, carne, algodão e milho para a China, enquanto os Estados Unidos exportam 34%. Portanto, os ganhos não seriam tão grandes como foram na primeira fase da guerra comercial, mas pode haver benefícios no curto e médio prazo”, avalia o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank. Jank pondera que a China, entretanto, tende a não querer abrir mão da possibilidade de adquirir soja do Hemisfério Sul e do Hemisfério Norte em diferentes períodos do ano a preços mais competitivos. “Outra preocupação a médio prazo seria um eventual acordo de trégua entre os países, o que faz parte do jogo político de pressão e ameaças do Trump em uma possível cessão da China”, pontua Jank.

Na avaliação da diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, o Brasil tem condições de ampliar o fornecimento de alimentos para a China e demais destinos, seja a demanda adicional gerada por uma guerra comercial ou por questões climáticas adversas. Mori pondera que a disputa sino-americana pode ser mais crítica em comparação com a primeira fase. “A composição do governo Trump 2 será diferente do Trump 1 pela situação geopolítica global. Trump volta com maior legitimidade, apoio político interno e liberdade para, inclusive, intensificar uma guerra comercial com a China. Por outro lado, a China mantém uma influência geopolítica muito grande”, observou. “Temos de aguardar a chegada de Trump ao governo para ver as medidas implementadas e também como o Brasil vai se comportar nesse cenário. Defendemos o pragmatismo nas relações porque o agronegócio brasileiro vende para o mundo inteiro”, argumenta Mori.

Já na relação com o Brasil, além do distanciamento ideológico entre os governos Trump e Lula – que declarou apoio à democrata Kamala Harris -, a postura de Trump de maior protecionismo à produção local pode atrapalhar as tratativas para aberturas e ampliações de mercados entre os países. Diplomatas que atuam nos Estados Unidos avaliam que a possibilidade de ampliar a cota de carne bovina (hoje de 65 mil toneladas ao ano) e de açúcar brasileiro (volumes estipulados por ano) vendidos ao mercado norte-americano dependerão de contrapartida brasileira – como a redução da tarifa sobre importação de etanol dos EUA. O Brasil quer também vender mais frutas aos Estados Unidos, como limão taiti, enquanto os Estados Unidos querem ampliar vendas de vinhos, carnes premium, peras, cerejas americanas, salmão selvagem e proteína de leite.

Os Estados Unidos foram o segundo principal destino dos produtos agropecuários brasileiros no ano passado, com exportações de US$ 12,092 bilhões, respondendo por 7,4% do total exportado pelo agronegócio no ano. Os embarques concentram-se em café verde, celulose, carne bovina in natura, suco de laranja e couro, segundo dados do sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro. Já o Brasil importou US$ 1,028 bilhão em produtos do agronegócio dos Estados Unidos no último ano.

Do lado do governo brasileiro, a intenção é manter as negociações bilaterais em andamento e a relação comercial “de confiança, a despeito de posições políticas”, segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua. “Os Estados Unidos são um importante parceiro do Brasil também do ponto de vista de investimentos e com um ecossistema de inovação agropecuária importante. A ideia é manter uma relação fluida, exportando produtos complementares à pauta, como o café, entre outros, e aprofundando a relação no que for possível”, afirmou Rua. “Dependendo da política comercial que for adotada pelo presidente Trump, o Brasil sempre estará disponível aos demais países do mundo para prover eventuais necessidades que esses países possam ter em virtude de uma possível escalada protecionista nos Estados Unidos com reflexo nos produtos exportados pelos norte-americanos”, acrescentou Rua, em entrevista recente à reportagem.

Para Jank, o Brasil não é um país que apresenta ameaça à política comercial de Trump, por ser uma balança comercial geral deficitária para os produtos brasileiros – em 2024, exportações totais atingiram US$ 40,330 bilhões ante importações de US$ 40,583 bilhões. “Os americanos vão escolher amigos e inimigos para as políticas comerciais. Do ponto de vista do Brasil, não há fatores comerciais que possam afetar as relações bilaterais, pelo contrário, há potenciais similaridades e contribuições em biocombustíveis e tecnologia agrícola”, afirmou o professor do Insper. Em contrapartida, Jank vê possibilidade de maior pressão dos Estados Unidos para a diminuição da tarifa aplicada sobre o etanol exportado ao Brasil, hoje de 18%. Ele enxerga também fundamentos de mercado para o Brasil buscar o aumento da cota de carne bovina exportada aos EUA em virtude da crise na pecuária local.

Para Mori, da CNA, o interesse do agronegócio brasileiro em ampliar o comércio com os Estados Unidos continua. “A expectativa é que o pragmatismo seja mantido. Não há sinalizações de que isso vá mudar. Historicamente, já vimos outros momentos de desgaste entre governos e ausência de impactos em números da balança comercial”, pontuou.

Já representantes da indústria da carne e do setor sucroenergético não esperam avanços nas negociações para ampliar a cota de exportação sem tarifas de carne bovina e açúcar brasileiros ao mercado norte-americano. “Os Estados Unidos tendem a continuar recorrendo à carne brasileira em virtude dos problemas domésticos de oferta, mas a redução de tarifas é pouco provável. O cenário atual já é favorável ao Brasil”, observou fonte do setor exportador. Em 2024, o Brasil exportou 229 mil toneladas de carne bovina aos Estados Unidos, somando US$ 1,35 bilhão em divisas.

Os Estados Unidos são hoje ainda o principal destino do café brasileiro, com 471,539 mil toneladas (7,859 milhões de sacas) exportadas no ano passado. Interlocutores da indústria acreditam que tende a prevalecer a “racionalidade comercial” baseada no pragmatismo e no bom relacionamento entre os traders.

O professor emérito da Fundação Getúlio Vargas e ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues avalia que as demandas de mercado devem prevalecer sobre as questões ideológicas na relação entre os países. “O que importa é o mercado funcionar adequadamente para que a gente continue participando dele também adequadamente”, diz Rodrigues. Para o professor, “pode haver mais protecionismo” em relação aos produtos agropecuários do Brasil. “Mas o Brasil tem de negociar. Nossa diplomacia tem de negociar com parcimônia e competência e estar aberta para todo mundo e para o mundo todo”, ressalta. Na avaliação do ex-ministro, se considerado o primeiro mandato de Trump, os efeitos sobre o agronegócio tendem a incluir a tendência é de maior “desglobalização”, com implicação no enfraquecimento de organizações multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial do Comércio (OMC). “Isso é ruim para todo mundo, inclusive para o Brasil também. Sem organismos multilaterais, não há rumo”, conclui.

O Estado de S.Paulo - SP   20/01/2025

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 52,3 bilhões em financiamentos para o agronegócio no ano passado, segundo informou o banco em nota. O valor é 26% superior ao liberado em 2023 (R$ 41,5 bilhões) e 92% maior que o aprovado em 2022 (R$ 27,2 bilhões).

Segundo a instituição, os recursos foram destinados a produtores rurais, cooperativas, agricultores familiares e agroindústrias, para custeio e investimento em finalidades como ampliação da produção, aquisição de máquinas e equipamentos, armazenagem e inovação.

No último ano, foram firmadas 191.231 operações diretas e indiretas de empréstimos do BNDES ao agronegócio, segundo o banco, 27,9% mais que no ano anterior e 60% que em 2022. O número inclui contratos dos Programas Agropecuários do Governo Federal (PAGFs), disponibilizados com taxas de juros subsidiadas pelo Tesouro Nacional — e recursos do Fundo Social.

“O BNDES é um dos principais apoiadores do setor agropecuário brasileiro, financiando os investimentos tanto do agro empresarial quanto dos pequenos agricultores e das cooperativas. Importante destacar que incremento ao nosso crédito agrícola é acompanhado de políticas públicas de fomento à economia de baixo carbono e de preservação ambiental”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, na nota.

Do montante total disponibilizado pelo BNDES em financiamentos ao agronegócio no ano passado, R$ 38,2 bilhões foram destinados a 183.822 operações dos Programas Agropecuários do Governo Federal. No segundo semestre do Plano Safra 2023/24, de janeiro a junho de 2024, foram firmadas 57.001 operações com valor de R$ 10,25 bilhões. Outros R$ 27,9 bilhões em 126.821 operações foram referentes ao primeiro semestre do Plano Safra 2024/25, de julho a dezembro de 2024.

O banco destacou que, do total de recursos aprovados para o agro em 2024, R$ 7,9 bilhões foram liberados por meio de soluções próprias do BNDES, por meio de 7.328 operações da linha BNDES Crédito Rural.

Entre as operações do BNDES para o setor agropecuário em 2024, o banco aprovou R$ 5,9 bilhões em financiamentos para o Rio Grande do Sul em 3.523 operações por meio do programa BNDES Emergencial RS. Segundo o banco, o programa é voltado para ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e retomada das atividades econômicas no Estado.

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