Diário do Comércio - MG 21/02/2025
Diante do recuo do dólar e do elevado nível de importações de aço, as siderúrgicas brasileiras devem encontrar dificuldade para implementar aumento nos preços dos aços planos em março, como praticaram em janeiro, afirmou o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, nesta quinta-feira (20).
Segundo ele, os reajustes praticados no primeiro mês do ano variaram de 7% a 8% e aproveitaram a forte valorização do dólar em relação ao real no final do ano passado. Porém, com o recuo da moeda norte-americana este ano, isso não deve se repetir.
“Falou-se um pouquinho dessa segunda onda de aumento de preços para fevereiro e março, mas com a queda do dólar, perdeu-se um pouco a força, principalmente, frente aos preços da importação. Por outro lado, não vejo os preços caindo, na medida que nossas usinas estão bem vendidas. Então, não vejo isso acontecer”, disse Loureiro.
Em janeiro deste ano, as vendas de aços planos registraram queda de 2,9% se comparadas ao mesmo mês do ano passado, atingindo um montante de 320,3 mil toneladas contra 329,9 mil toneladas.
A queda em relação a 2024 foi atribuída ao menor número de dias úteis em 2025. “Avaliando as vendas diárias, vendemos, em janeiro, 16 mil toneladas por dia, só perdendo para janeiro de 2021. O menor número de dias fez com que as vendas caíssem, mas as vendas em janeiro foram muito boas”, avaliou Loureiro.
Quando comparadas a dezembro, as vendas contabilizaram alta de 28,4%, superando o índice de 15% esperado pelo Inda. “Tivemos uma reunião com a rede de associados para discutir o mercado e observamos que na última semana de janeiro as vendas deram uma melhorada, superando nossas previsões”, afirmou.
De acordo com o Inda, diferente de outros meses, a alta na última semana de janeiro não foi impulsionada por rumores de aumento de preços para fevereiro, mas, sim, por um movimento dos distribuidores em acelerar as vendas, mesmo com margens menores, a fim de manter o giro dos estoques em um nível semelhante ao de janeiro do ano passado.
Importações de aço continuam alta no País
Ainda conforme a apresentação do Inda sobre o setor, realizada nesta quinta, as importações de aços planos para o Brasil encerraram o mês de janeiro com alta de 83% em relação ao mesmo mês do ano anterior (2024).
O volume total importado de aço no primeiro mês do ano no País foi de 241,5 mil toneladas contra 131,8 mil em janeiro do ano passado. O avanço já era esperado pelo Instituto, segundo Carlos José Loureiro.
“A gente já esperava este aumento sabia que havia um volume de materiais siderúrgicos estocado no Porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, que é o principal porto de entrada de material importado, e que não pode desembarcar em dezembro por falta de espaço nos armazéns. Então, só começou a ser nacionalizado este ano”, explicou.
Por isso, esse não deverá ser o ritmo de crescimento de importação durante o ano, mas a prática de trazer o aço da China, em constante crescimento, continua sendo um problema para as indústrias nacionais. “Isso mostra que realmente não estamos tendo um desafogo com relação à importação”.
O presidente do Inda lembra ainda que estes materiais deverão ser taxados em 25% ao entrarem no País, já que as cotas de importação já foram ultrapassadas.
Comparando com as importações do mês de dezembro de 2024, as importações registraram alta ainda maior, de 95,5%, saltando de 123,5 mil toneladas em dezembro para 241,5 mil toneladas em janeiro deste ano.
Taxações de Trump não afetarão diretamente mercado brasileiro
As taxações de importações praticadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não afetarão diretamente o mercado de distribuição de aço brasileiro, na opinião do presidente do Inda, Carlos Loureiro.
“O grande problema não é nosso. O grande problema é do consumidor americano. São eles que pagarão os 25% de impostos”, afirmou Loureiro.
Loureiro avalia que se o acordo com os Estados Unidos realmente não for renovado com o governo brasileiro e os 25% passarem a ser cobrados, as usinas americanas continuarão a comprar o aço.
“Eles não têm oferta de placas no mercado interno para suprir a demanda. O preço da placa no Brasil pode até cair um pouco, mas vamos continuar exportando”, pontuou.
Por outro lado, “os americanos vão ter que subir o preço dos produtos, ou vão ter prejuízo”, avaliou Loureiro. Não conseguindo comprar toda a demanda no mercado interno, ele acredita que eles continuarão importando, aumentando o custo para as próprias empresas americanas.
No mês de janeiro, o Brasil exportou cerca de 555 mil toneladas de aço plano para os EUA, valor que correspondeu a 84% das exportações do aço do País naquele mês.
IstoÉ Dinheiro - SP 21/02/2025
O presidente-executivo da Gerdau, uma das maiores siderúrgicas das Américas, fez nesta quinta-feira uma defesa enfática por mais medidas de defesa comercial no Brasil, sinalizando que a companhia poderá rever em breve investimentos no país diante do que considera como demora do governo federal em adotar medidas mais amplas contra importações de aço da China.
Gustavo Werneck tem sido um dos executivos do setor industrial do Brasil mais vocais pela ampliação dos mecanismos de proteção do país contra o elevado fluxo de importações de aço e de produtos que levam a liga, como veículos e máquinas.
Segundo o executivo, o primeiro trimestre é fundamental para que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforce as defesas comerciais do Brasil, sob pena da Gerdau iniciar um processo de revisão de seus projetos no país.
“Se não colocar medidas de defesa comercial, vamos repensar nosso nível de investimento no Brasil”, afirmou Werneck, em entrevista a jornalistas após a publicação dos resultados do quarto trimestre da Gerdau na noite da véspera.
“O primeiro trimestre deste ano é prazo importante para que possamos perceber movimentos adicionais do governo brasileiro…o primeiro trimestre é muito decisivo. Temos quatro ou cinco semanas pela frente para uma solução”, disse Werneck. Ele citou “frustração” com o fato do governo federal não ter implementado medidas adicionais contra importações de aço além das decididas em abril e que criaram um sistema de cota-tarifa sobre alguns produtos siderúrgicos.
Segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelos distribuidores de aços planos reunidos na associação Inda, as importações de aço pelo Brasil em janeiro dispararam 83% sobre o mesmo mês de 2024, para 241,5 mil toneladas. Em 2024 como um todo, as importações de aços planos e longos do Brasil saltaram 18%, para quase 6 milhões de toneladas, segundo dados da associação de siderúrgicas Aço Brasil.
No ano passado, a Gerdau decidiu paralisar as usinas de Barão de Cocais (MG) e Cearense(CE) e Werneck afirmou nesta quinta-feira que não há condições de se falar em uma retomada da instalação mineira no curto prazo.
O executivo voltou a repetir que o sistema cota-tarifa adotado pelo Brasil não funcionou e que o Brasil deveria lançar mão de uma ação semelhante ao tarifaço irrestrito de Trump.
O prazo do primeiro trimestre citado por Werneck também ganha relevância diante da expectativa da Gerdau de iniciar as operações comerciais do novo laminador de bobinas a quente instalado na usina da empresa em Ouro Branco (MG), que ampliou a capacidade da instalação em 250 mil toneladas por ano após um investimento de R$1,5 bilhão.
“Vamos começar a operar o laminador com dificuldade para vender porque está entrando produto importado no Brasil”, disse Werneck.
As ações da Gerdau exibiam queda cerca de 5% nesta tarde.
O executivo citou que a possibilidade de revisão de planos de investimento no Brasil envolveria os anos após 2025, que tem uma previsão global de desembolsos da empresa de R$6 bilhões, praticamente estável sobre o montante aplicado em 2024.
E diante das incertezas causadas pela guerra comercial iniciada por Trump e dificuldades macroeconômicas do Brasil, o vice-presidente financeiro da Gerdau, Rafael Japur, citou que uma das melhores alternativas de alocação de capital para o grupo atualmente é a recompra de ações da própria companhia. A empresa recomprou 3,4% das ações em circulação no ano passado e renovou o programa para este ano, de olho em um volume equivalente a 3,2%, disse Japur.
MÉXICO
Além da incerteza sobre o Brasil, Werneck afirmou que a Gerdau decidiu reavaliar o projeto de construção de uma usina de aços especiais no México que seria dedicada em grande parte a abastecer a indústria automotiva dos EUA.
A empresa deveria ter tomado a decisão sobre se iria em frente com os planos mexicanos no final do ano passado, mas adiou o prazo para julho deste ano, disse o presidente da Gerdau.
“Estamos revendo todas as análises à luz do que está acontecendo agora”, disse Werneck. A Gerdau fez o anúncio sobre a pretensão de investir cerca de US$600 milhões para erguer a nova usina no México em maio passado.
Segundo Werneck, entre as possibilidades no radar estão a desistência do projeto no México e uma ampliação de instalações nos EUA ou ir adiante com a usina, mas em fases.
MERCADO AMERICANO
Nos EUA, a Gerdau atualmente utiliza 70% de sua capacidade de laminação, o que gera vendas de cerca de 4 milhões de toneladas anuais, disse Japur. Com isso, há espaço na empresa naquela país para vendas adicionais de 1,5 milhão de toneladas de laminados por ano sem necessidade de novos investimentos, afirmou.
Segundo Werneck, o tarifaço de Trump deve contribuir para a uma maior ocupação da capacidade da companhia nos EUA, o que deve elevar a rentabilidade da companhia na região por meio de uma combinação de volume maior de vendas formadas por produtos com mais valor agregado.
“Com muita entrada de material importado, tivemos um mix mais pobre (de produtos vendidos)”, disse Japur sobre a operação nos EUA. Segundo ele, enquanto o nível histórico da empresa no país é de um nível de vendas de vergalhões ocupando 10% do volume total vendido com o restante sendo de produtos de maior valor agregado, nos últimos trimestres a fatia de vergalhões foi de 20%.
Questionado sobre as exportações da operação da Gerdau no Canadá para os EUA e o risco para elas representado pelas tarifas de Trump, Werneck afirmou que “não são uma preocupação” no momento para a empresa uma vez que representam 7% das vendas da Gerdau na América do Norte.
IstoÉ Dinheiro - SP 21/02/2025
O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou que, se o governo brasileiro não tomar medidas de defesa econômica, a empresa irá repensar o nível de investimentos no Brasil.
O executivo lembrou que a companhia anunciou na quarta-feira, 19, uma previsão de investimentos de R$ 6 bilhões no País em 2025, mantendo o nível do ano anterior. Assim, ele diz que, para este ano, essa cifra deve ser mantida.
Eventuais reduções viriam para os próximos anos e, na visão de Werneck, o primeiro trimestre de 2025 é estratégico para que o governo brasileiro tome essa decisão. “É frustrante ver que o governo brasileiro não é célere para tomar medidas de defesa comercial”, disse.
Ele pontuou que o governo norte-americano tem sido mais ágil nesse sentido.
Werneck disse que a companhia deixou de usar o termo proteção e passou a preferir o termo “defesa comercial”, por entender que a empresa é competitiva em cenários isonômicos, mas que a atual conjuntura exige mecanismos de defesa contra importações que não respeitam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). “Sempre competimos de igual para igual. Nunca precisamos de proteção. A questão é defender a indústria contra uma competição desleal”, afirmou.
Ele afirmou ainda que as empresas chinesas exportam aço subsidiado com dinheiro público.
O CFO da companhia, Rafael Japur, disse que a empresa poderia estar vendendo cerca de 10% a mais de aço no Brasil se importações não tivessem dobrado nos últimos anos.
Werneck afirmou que a empresa tem pela frente a conclusão do laminador de bobinas laminadas a quente em Ouro Branco (MG), com início previsto para fevereiro. “Vamos começar a operar laminador com dificuldade de vender”, disse, em referência à sobreoferta de aço importado no Brasil.
Ele explicou que a empresa já hibernou outra fábrica em Barão dos Cocais (MG), devido ao excesso de importações.
Investimento no México
Werneck afirmou ainda que a companhia segue estudando a possibilidade de investir em uma nova planta no México.
Japur diz que as condições mudaram desde que a companhia anunciou, em meados de 2024, que avaliaria esse investimento até o fim do ano.
O novo prazo para a decisão, agora, é junho de 2025.
Diário do Aço - MG 21/02/2025
Em assembleia promovida nesta quarta-feira (19), nas três portarias da Usiminas, 72,57% dos trabalhadores votantes aprovaram a última contraproposta das empresas Usiminas, Usirrol e Unigal, apresentada durante audiência no Tribunal Regional do Trabalho dia 12 de fevereiro. Sem acordo desde novembro, quando venceu a data base da categoria, o caso tinha ido parar na Justiça do Trabalho. Na audiência de conciliação, representantes da empresa fizeram o que foi apresentado como última contraproposta, antes do julgamento. O resultado da assembleia será apresentado em nova audiência no TRT, na tarde desta quinta-feira.
Conforme apurado pelo Diário do Aço junto à assessoria do TRT-MG, a proposta da empresa é a seguinte: reajuste salarial de 5,20% (abrangendo INPC + aumento real), retroativo a 1º de novembro de 2024, sobre a remuneração (salário mais vantagem pessoal), a ser pago em fevereiro de 2025 ou em até sete dias úteis após a assinatura do acordo. Para os empregados com remuneração (salário mais vantagem pessoal) superior a R$ 11.500, o reajuste será linear, em valor fixo.
O piso salarial passa a R$ 2.169,20, retroativo a 1/11/24, com pagamento em até sete dias úteis após a assinatura do acordo; pagamento do vale-alimentação até o dia 21 de cada mês, no valor de R$ 600, para os empregados ativos, sendo que a implementação será feita a partir de março de 2025, retroativo a 1º de novembro do ano que passou; e carga extra no cartão-alimentação no valor de R$ 600 para empregados ativos, com pagamento de uma única vez, até sete dias após a assinatura do acordo.
Além disso, a contraproposta mantém a concessão das férias pelo critério até então adotado, ou seja, sem divisão em três períodos e manutenção dos demais benefícios do acordo anterior.
Ao fim da audiência no dia 12, representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga se comprometeram a levar a oferta da empresa para apreciação pelos trabalhadores, o que de fato ocorreu nesta quinta-feira.
Conforme apurado pela reportagem, na contagem dos votos, encerrada na parte da noite, 1.524 trabalhadores aprovaram a contraproposta da empresa (72,57%), enquanto 576 a rejeitaram. Foi registrado um voto nulo.
O que diz o Sindipa
Em entrevista ontem ao Diário do Aço, o presidente do Sindipa, Geraldo Magela, informou que a assembleia abrangeu trabalhadores nas três portarias da Usiminas: Centro, Cariru e Bom Retiro (Doap).
O Sindipa queria que a Usiminas ampliasse a contraproposta, principalmente em relação ao ganho real (correção dos salários acima do índice da inflação): “Nós sugerimos que os trabalhadores rejeitassem [a proposta] para melhorar, porque não melhorou praticamente nada essa proposta feita na audiência, do tribunal. Mas o que sair das urnas é o que nós vamos apresentar”.
Geraldo Magela também detalhou que os acordos já foram assinados nesta quinta-feira antes mesmo da audiência. “Mas não ficará por isso mesmo, porque a campanha salarial continua com as terceirizadas. O que é possível fazer a respeito é a mesma luta que fizemos até agora”, afirmou.
Usiminas divulga nota
Para a Usiminas, a aprovação do Acordo Coletivo 2024/2025 de Ipatinga em 72% demonstra o entendimento dos trabalhadores em relação ao cenário no qual a empresa está inserida. A proposta está entre os maiores valores negociados no mercado do aço nacional, mesmo diante dos desafios enfrentados pela crescente invasão de aço importado. O Acordo se destaca, principalmente, pelo aumento real nos salários e reajuste de 20% no vale-alimentação, em reconhecimento ao empenho de toda equipe que segue tendo como pilares a segurança, o meio ambiente e a eficiência operacional.
Infomoney - SP 21/02/2025
A siderúrgica Gerdau (GGBR4) divulgou na noite de quarta-feira (19) um lucro líquido ajustado de R$ 666 milhões no quarto trimestre de 2024 (4T24), uma queda de 9% ao valor reportado no mesmo período de 2023.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 2,391 bilhões, 3% acima do consenso e 7% acima da estimativa do Morgan Stanley de R$ 2,234 bilhões.
Segundo o Morgan Stanley, o desempenho do Ebitda foi impulsionado por maiores receitas líquidas, apesar de despesas gerais e administrativas ligeiramente maiores.
A Gerdau também anunciou sua orientação de capex para 2025 de R$ 6 bilhões, o que ficou 4% abaixo do consenso de R$ 6,3 bilhões e 7% abaixo da previsão R$ 6,5 bilhões do Morgan. O Morgan ressalta que o valor orientado não inclui transações de fusões e aquisições (M&A), como a recente aquisição das PCHs Garganta da Jararaca e Paranatinga II.
O Morgan Stanley reiterou recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 27.
Com a rentabilidade mais fraca amplamente esperada na América do Norte como o principal ponto negativo dos resultados, a XP Investimentos comenta em relatório que as incertezas sobre o momento de um potencial ponto de inflexão nos preços/demanda (se for o caso) nos EUA permanecem como o principal ponto de interrogação dos investidores antes de 2025.
Além disso, embora os riscos de uma desaceleração macro no Brasil não devam ser negligenciados, a XP acredita que as iniciativas de redução de custos da Gerdau ao longo de 2024 poderiam mitigar parcialmente um ambiente de preços mais fraco no mercado interno. Por fim, reiterou a classificação de compra na Gerdau, com a companhia sendo negociada em um nível de valuation assimétrico (e descontado) abaixo de 4 vezes Valor da Firma (EV)/Ebitda para 2025.
Para o BBI, a Gerdau relatou tendências desafiadoras, como esperado para o 4T24, com desempenhos sequencialmente mais fracos em todas as geografias em que atua. O banco observa que suas margens nos Estados Unidos atingiram o menor nível desde o quarto trimestre de 2020 (4T20), impactadas pela combinação de volumes e preços mais baixos. Enquanto isso, a geração de caixa caiu para R$ 427 milhões.
O BBI reiterou sua postura cautelosa e a recomendação neutra para as ações da Gerdau.
A Genial Investimentos, por sua vez, destaca que a companhia manteve sua trajetória de recuperação operacional no Brasil, impulsionada tanto pelos embarques, que chegaram a 1,284 milhão de tonelada, com uma alta suave de +1,3% na base anual, apesar da desaceleração sequencial de -0,5% com o trimestre anterior, típica da sazonalidade, como também pelo incremento marginal no preço realizado.
Por outro lado, a unidade de negócios da América do Norte enfrentou um trimestre de pressão temporária na rentabilidade, como reflexo da queda no preço realizado, impactado por um cenário mais desafiador para o consumo de aço, em meio a (i) taxas de juros elevadas nos EUA, (ii) paradas programadas para manutenção, e (iii) concorrência acirrada com importados por participação de mercado.
Como resultado, as vendas somaram 914 mil toneladas, em linha com as estimativas da Genial, refletindo o cenário adverso. A Receita Líquida consolidada ficou em R$ 16,8 bilhões, 3,2% acima das expectativas da corretora, sustentada parcialmente pela valorização da taxa de câmbio, que ajudou a atenuar o impacto da queda de preço realizado na ON América do Norte em dólares, na conversão para o real.
A Genial manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 23,40.
De acordo com o Itaú BBA, os resultados foram marcados por uma deterioração sequencial nas margens em todos os níveis, seguindo a fraca sazonalidade do final do ano. A Gerdau projetou um capex de R$ 6,0 bilhões em 2025, em linha com a estimativa do banco.
“Olhando para o futuro, todos os olhos estão voltados para o equilíbrio entre a piora do desempenho do segmento de aço longo brasileiro (principalmente devido aos preços mais baixos) e a melhora do ambiente operacional nos EUA, com volumes sequencialmente maiores e custos mais baixos com paradas para manutenção”, comenta o BBA.
IstoÉ Dinheiro - SP 21/02/2025
O presidente do Federal Reserve de St. Louis, Alberto Musalem, destacou nesta quinta-feira os dois riscos de aumento das expectativas de inflação e de estagflação difícil de lidar, em comentários que enfatizaram as escolhas potencialmente difíceis que o banco central dos EUA enfrenta.
Embora muitos de seus colegas digam que consideram as expectativas de inflação ancoradas, Musalem disse estar preocupado com dados recentes que mostram que elas podem estar aumentando — um acontecimento que pode forçar o Fed a seguir um caminho mais restritivo.
“No ambiente atual, os riscos são maiores do que seriam se a inflação estivesse na meta ou abaixo dela”, disse Musalem em comentários preparados para o Economic Club of New York.
“O risco de que as expectativas de inflação possam se tornar desancoradas é maior do que seria se a economia estivesse operando com folga e se os consumidores e empresas não tivessem passado recentemente por um período de alta inflação.”
Embora tenha dito que ainda sente que a inflação convergirá para a meta de 2% do Fed, ele afirmou que “o mercado e algumas medidas de pesquisa indicam que as expectativas de inflação de curto prazo aumentaram notavelmente nos últimos três meses”.
Se a inflação ficar presa nos níveis atuais acima da meta ou as expectativas aumentarem, “um caminho mais restritivo de política monetária em relação ao caminho de base pode ser apropriado”, disse.
Os comentários de Musalem falavam sobre as possíveis complicações em torno da narrativa principal do Fed, de queda da inflação e eventuais novos cortes nas taxas — uma perspectiva que continua sendo a base mesmo quando as autoridades reconhecem o possível impacto nos preços dos novos impostos de importação e regras de imigração do governo Trump.
Essa também continua sendo a perspectiva central de Musalem, com a política monetária permanecendo restritiva “até que a convergência da inflação seja garantida”.
Mas mudanças políticas vindouras “podem afetar materialmente o caminho da economia”, disse. “Os riscos de inflação estagnar acima de 2% ou subir parecem enviesados para cima… Um cenário alternativo e plausível em que a inflação deixa de convergir, ou sobe, ao mesmo tempo em que o mercado de trabalho enfraquece também deve ser considerado.”
A combinação de crescimento lento e inflação alta é o pior cenário possível para os banqueiros centrais, deixando o Fed com tensão entre suas metas de emprego e inflação e forçado a escolher qual priorizar.
Globo Online - RJ 21/02/2025
Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta quinta-feira, mostra que as importações de produtos americanos que entraram no mercado brasileiro, em 2023, tinham uma tarifa real, ou seja, que de fato é aplicada, de 2,7%. O percentual é quatro vezes menor do que o imposto nominal de 11,2% que o Brasil assumiu como compromisso na Organização Mundial do Comércio (OMCV).
Esse é um dos argumentos a serem usados em uma negociação com o governo dos Estados Unidos, para que as exportações brasileiras não sejam afetadas por novas tarifas. O presidente americano, Donald Trump, anunciou que seu país aumentará as alíquotas nas importações de fornecedores que cobrarem imposto maior do que os EUA.
Segundo a CNI, a diferença entre a tarifa efetiva aplicada pelo Brasil às importações dos EUA e a tarifa nominal ocorre devido ao uso de regimes aduaneiros especiais, como drawback e ex-tarifário. O levantamento indica que produtos como motores e máquinas não elétricas, adubos e fertilizantes químicos, óleos combustíveis de petróleo e gás natural não têm a incidência de alíquotas de importação.
O estudo foi elaborado com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O material foi produzido em um momento em que a indústria brasileira monitora, com atenção, as atualizações na política comercial dos EUA.
Além da adoção, sem data prevista, de tarifas recíprocas — o imposto é elevado ao mesmo nível da cobrada sobre as exportações dos EUA — nas importações de todos os países, Trump determinou a aplicação de uma sobretaxa de 25% nas compras externas de aço e alumínio, medida que atinge diretamente o Brasil.
Os EUA são o principal parceiro da indústria de transformação brasileira. Entre 2019 e 2024, as vendas do setor para o mercado americano somaram US$ 159,5 bilhões. Além disso, os EUA ocupam o primeiro lugar no ranking de comércio de serviços e investimentos diretos no país.
A balança comercial bilateral é favorável aos americanos. Nos últimos cinco anos, os EUA acumularam um superávit de US$ 58,3 bilhões. Com outros parceiros internacionais, como China, União Europeia, Canadá e México, o Brasil registra saldos positivos.
— A CNI continuará trabalhando para manter a melhor relação comercial com os EUA, que são o principal destino dos produtos manufaturados do Brasil. Empenharemos esforços para dialogar com o governo brasileiro e o governo americano, conciliar os interesses dos setores produtivos e demonstrar que o relacionamento bilateral é altamente positivo para ambos os países — disse o presidente da CNI, Ricardo Alban.
O Estado de S.Paulo - SP 21/02/2025
A Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito (PTC), divulgada pelo Banco Central (BC) na quinta-feira passada (13/2), mostrou claramente que o aperto nas condições financeiras da economia brasileira - do qual o ciclo de alta da Selic é um dos componentes - está "funcionando" no mercado de crédito, que sinalizou retração em quase todas as suas modalidades.
O "funcionando", devidamente entre aspas, refere-se ao fato de que, para tentar fazer com que a inflação convirja para a meta, o BC efetivamente quer esfriar a economia, e a piora das condições de crédito é uma das facetas desse processo.
A consultoria LCA 4intelligence estendeu até o início da série o indicador de oferta de crédito da PTC recentemente divulgada, o que mostra que, numa perspectiva mais longa - precisamente, desde o primeiro trimestre de 2011 -, os sinais de retração de crédito no quarto trimestre de 2024 e no primeiro de 2025 são efetivamente muito expressivos.
No caso do quarto tri de 2024, os respondentes fizeram avaliações; para o primeiro tri de 2025, informaram suas expectativas.
Para cada item da pesquisa sobre oferta e demanda de crédito, os respondentes (instituições financeiras) fazem avaliações que vão de -2 (o pior possível) a 2 (o melhor possível). A escolha é entre -2, -1, zero, 1 e 2, em que o zero, obviamente, é o ponto neutro. As consultas são sobre diferentes fatores que afetam a oferta e a demanda de crédito, em quatro categorias de crédito: consumo, habitacional, grandes empresas e MPMEs (médias, pequenas e micro empresas).
Para o quarto trimestre de 2024, relativamente à oferta de crédito, os índices de todas as categorias, com exceção de consumo (+0,07), foram negativos. Os números foram os piores desde 2023 (diferentes trimestres daquele ano, dependendo da categoria). A média ponderada das categorias no quarto trimestre do ano passado (-0,03) foi a pior desde o terceiro trimestre de 2023 (-0,05).
Quando se analisa as respostas sobre oferta de crédito para o primeiro trimestre de 2025 (que, no caso, ainda são expectativas), o índice ponderado de todas as categorias, de -0,38, é a pior leitura desde o primeiro trimestre de 2023 (-0,44). O mesmo ocorre com a categoria de grandes empresas (-0,55 nas expectativas para o primeiro trimestre deste ano, e -0,57 no 1º tri de 2023); e a categoria de consumo (-0,27 e -0,44, respectivamente).
Mas a coisa piora no caso das MPME e, especialmente, no crédito habitacional. Para as primeiras, a leitura de -0,38 do primeiro trimestre de 2025 é a pior desde o segundo trimestre de 2020 (-0,53), em plena pandemia. Já o -0,86 das expectativas das condições de crédito do setor habitacional para o primeiro trimestre de 2025, se confirmado, será a pior avaliação do segmento na PTC desde que o indicador começou a ser divulgado, para o primeiro trimestre de 2011.
Essa piora do crédito habitacional tem algumas causas bem conhecidas. Em novembro, a Caixa Econômica Federal introduziu novas regras mais restritivas para o financiamento de imóveis, como entrada maior, financiamento de uma parcela menor do valor do imóvel e valor máximo para o imóvel financiado. As regras aplicam-se a novos imóveis financiados.
A tendência de queda do saldo das cadernetas de poupança é um fator limitativo do funding para empréstimos da Caixa, que domina esse mercado - e a altíssima taxa de juros, da qual o aplicador pode se beneficiar em diversas modalidades de fundos e títulos, evidentemente torna a caderneta de poupança menos competitiva.
De qualquer forma, como notado no início desta coluna, o crédito mais restritivo faz parte da receita que a política econômica - e com destaque a política monetária - tenta aplicar na economia brasileira hoje, para desacelerar a atividade e reduzir a inflação, numa tentativa de "pouso suave".
Nesse sentido, nota-se que as diversas áreas do governo continuam a "bater cabeça" e trabalhar em sentidos opostos, com alguns freando enquanto outros aceleram. Um exemplo típico é a tentativa do governo de ampliar o crédito consignado, com a extensão da modalidade para 40 milhões de trabalhadores do setor privado com carteira assinada; e a ampliação do prazo do crédito consignado do INSS de 84 para 96 meses, afetando mais de 15 milhões de beneficiários.
Tentar evitar a desaceleração necessária de uma economia que opera superaquecida vai apenas trazer juros e inflação ainda mais altos.
CNN Brasil - SP 21/02/2025
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que existe espaço para negociar a taxação de 25% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à importação de aço e alumínio.
“A taxação é algo natural, o comércio exterior é sempre um ‘toma lá da cá’. […] Mas nós vamos procurar o governo norte-americano e negociar, trabalhar. Da outra vez [primeiro mandato de Trump] já houve isso, aí foi estabelecido uma cota para o aço. Então, existe espaço para negociar”, disse Alckmin.
Ainda foi avaliado pelo vice-presidente que a balança comercial entre Brasil e Estados Unidos é bastante equilibrada, inclusive com superávit aos norte-americanos.
“Se a gente pegar Brasil e Estados Unidos, a balança é equilibrada. Nós exportamos US$ 40 bilhões e eles US$ 40,7 bilhões. Além disso, dos dez produtos que eles mais vendem para nós, oito possuem alíquota zero, são ex-tarifário”, explicou.
No início de fevereiro, Trump anunciou tarifas de até 25% para todo o aço e alumínio importado pelos Estados Unidos com o intuito de fortalecer o mercado nacional.
A medida trouxe impactos ao Brasil, já que o país é o segundo maior exportador de aço ao país.
CNN Brasil - SP 21/02/2025
O investimento estrangeiro na China caiu para uma mínima de quatro anos em janeiro, enquanto a segunda maior economia do mundo enfrenta uma série de obstáculos.
O Ministério do Comércio informou na quarta-feira (19) que 97,6 bilhões de yuans (US$ 13,4 bilhões) em investimento estrangeiro direto foram utilizados no mês passado, uma queda de 13% em relação ao mesmo período do ano passado.
O começo fraco do ano veio após uma queda acentuada de 27,1% no investimento estrangeiro direto (IED) anual total no ano passado para 826,3 bilhões de yuans (US$ 113,4 bilhões). Foi o menor número desde 2016.
“O declínio diminuiu em comparação ao ano passado, mas ainda está em tendência de queda”, disse Ling Ji, vice-ministro do Comércio da China, em uma entrevista coletiva na quinta-feira, onde vários departamentos governamentais revelaram um plano de ação de 20 pontos para atrair capital estrangeiro.
Ling atribuiu o lento investimento estrangeiro a uma lenta recuperação econômica global, crescentes tensões geopolíticas e protecionismo.
Mudanças nas estratégias de negócios multinacionais também levaram a um declínio no investimento estrangeiro nas principais indústrias da China, como automotiva, maquinário e vestuário, disse ele.
O setor imobiliário em crise arrastou o crescimento econômico para baixo e pesou sobre os gastos do consumidor.
Ao mesmo tempo, em setores como automóveis e produtos de consumo , marcas estrangeiras enfrentam intensa competição de campeões nacionais cada vez mais populares devido ao avanço tecnológico e ao crescente sentimento patriótico.
A China tem buscado repetidamente atrair investimentos estrangeiros, um importante impulsionador do crescimento econômico. O novo plano de ação abriria ainda mais a economia, melhoraria o suporte regulatório e atrairia investimentos de longo prazo nas empresas listadas publicamente da China, disse Ling.
Pequim prometeu expandir um programa piloto dando propriedade estrangeira total em setores como telecomunicações, assistência médica e educação.
Também prometeu formular novas políticas para encorajar o reinvestimento de empresas estrangeiras dentro do país e suspender restrições ao uso de empréstimos domésticos por empresas estrangeiras.
O êxodo de capital estrangeiro é um indicador do aprofundamento dos problemas econômicos do país.
Os desafios enfrentados pela economia chinesa certamente aumentarão à medida que o crescimento desacelera, deixando Pequim com muito menos contramedidas potenciais em sua caixa de ferramentas contra um segundo mandato de Trump.
Desde que voltou ao cargo, o presidente dos EUA não perdeu tempo em reacender velhas tensões comerciais. No início deste mês, ele promulgou uma tarifa de 10% sobre importações da China, à qual Pequim respondeu com medidas econômicas direcionadas. Observadores dizem que ainda é possível que os dois lados possam elaborar um acordo comercial mais amplo na mesa de negociações.
Uma pesquisa anual da Câmara de Comércio Americana na China publicada no mês passado descobriu que mais da metade das empresas dos EUA esperam uma piora nas relações bilaterais, com um recorde de 30% considerando ou já transferindo operações para fora da China.
Enquanto isso, a diversificação das cadeias de suprimentos além da China, desencadeada pela guerra comercial que começou durante o primeiro mandato do presidente dos EUA, Donald Trump, foi acelerada pela pandemia global de Covid-19, que causou interrupções para empresas com bases de fabricação no país.
Além disso, a crescente tensão política na China tornou o investimento no país menos atraente. Uma série de leis de segurança estatal mais rígidas e leis de contraespionagem introduzidas nos últimos anos abalaram empresas estrangeiras, com a detenção de executivos e funcionários estrangeiros levantando preocupações entre a comunidade empresarial.
O Estado de S.Paulo - SP 21/02/2025
O Ministério da Fazenda acredita que deve conseguir votar depois do feriado de carnaval uma de suas prioridades na agenda do mercado de crédito no Senado, segundo apurou o Estadão/Broadcast. A proposta trata da consolidação legal das infraestruturas do mercado financeiro e já foi aprovada pela Câmara dos Deputados em novembro do ano passado.
Na avaliação da equipe econômica, o projeto irá reduzir a complexidade das operações e melhorar as condições para obtenção de crédito, em especial por micro e pequenas empresas, já que o texto possibilita a entrada de novas companhias para atuar no registro de ativos financeiros, como os recebíveis de arranjos de pagamento e as duplicatas escriturais.
A expectativa é de que o texto passe pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) – agora comandada por Renan Calheiros (MDB-AL) – e pelo plenário no Senado. O líder do governo na Casa, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), deve ser o relator da proposta.
O projeto de lei trata sobre as chamadas Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMFs), que estão sujeitas à supervisão do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A proposta aprimora a competência entre os dois órgãos e regula os administradores das infraestruturas quanto à organização, governança e obrigações, incluindo o tratamento do gerenciamento de riscos gerais do negócio e dos inerentes à liquidação. A proposta também consolida e atualiza as normas legais aplicáveis às IMFs.
Outra medida na área do crédito gestada pelo Ministério da Fazenda diz respeito ao uso de pagamentos eletrônicos como garantia para empresas e a ampliação de garantias em operações de crédito (open asset). Nesse caso, as ações não dependem do Congresso, apenas da regulamentação e operacionalização já em discussão no governo.
Em entrevistas recentes, o secretário de Reformas Econômicas da Fazenda, Marcos Pinto, já citou que a autorização para que empresas ofereçam a receita gerada com Pix como garantia na contratação de empréstimos irá reduzir o custo e facilitar o crédito para pequenos empreendedores.
Na empreitada de tentar recuperar a popularidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer nesta quinta-feira, 20, que tem três medidas engatilhadas para o crédito e citou que elas irão favorecer o pequeno e médio empreendedor, além do pequeno empresário.
“Será a maior política de crédito deste País. Na minha opinião, o dinheiro tem que circular para gerar desenvolvimento e crescimento”, afirmou sem dar mais detalhes sobre as propostas. Lula e a equipe econômica já anunciaram o novo consignado para trabalhadores do setor privado, que deve chegar por Medida Provisória (MP) até março.
IstoÉ Dinheiro - SP 21/02/2025
A demanda por minério de ferro está aquecida na China e em outros países, incluindo nas nações do Sudeste Asiático, o que deve resultar em um mercado em equilíbrio em 2025, disse o presidente-executivo da Vale, Gustavo Pimenta, em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira.
“China segue sendo nosso principal mercado,” disse Pimenta, apontando que o mercado de manufatura e infraestrutura avançaram substancialmente no país.
“Vemos 2025 nesta mesma trajetória, a China tendo uma demanda importante em relação ao minério de ferro e outros mercados acelerando, o mundo segue em crescimento”.
“Vemos a Índia com um crescimento importante, tem um reflexo no mercado… Vemos outros mercados crescendo de uma forma um pouco mais acelerada ano contra ano, o que faz com que a gente veja um mercado em equilíbrio em 2025”, acrescentou, citando também o Sudeste Asiático.
O minério de ferro negociado na bolsa chinesa de Dalian atingiu o maior valor desde outubro, nesta quinta-feira, à medida que os dados fortes sobre consumo de aço da China impulsionaram o sentimento altista.
Pimenta disse ainda, após o lançamento do programa Novo Carajás neste mês, que a companhia está criando uma diretoria para cuidar de sua principal região produtora de minério de ferro.
A expansão das operações em Carajás, fruto de investimentos de R$70 bilhões que serão realizados nos próximos cinco anos, permitirá que a produção de minério de ferro da área chegue a um ritmo de 200 milhões de toneladas ao ano em 2030, informou a empresa anteriormente.
A Vale considera que Carajás, que também tem reservas “únicas” de cobre, posicionando o Brasil como um player chave em minerais críticos e um líder em descarbonização.
“O Brasil tem potencial de ser um grande ofertante de minerais críticos”, disse Pimenta.
A Vale citou em apresentação nesta quinta-feira que Carajás tem reservas de 5,2 bilhões de toneladas de minério com alto teor de ferro e 1,2 bilhão de toneladas de cobre.
GUERRA TARIFÁRIA
A Vale avalia como limitados os impactos de eventual guerra tarifária, se os Estados Unidos impuserem alguma tarifa ao minério de ferro, já que praticamente não vende o produto para os norte-americanos, disse o executivo.
Ele ainda minimizou a possibilidade de qualquer tarifa para o níquel, comentando que os EUA são grandes importadores do metal.
O CEO afirmou ainda que a Vale poderia sim ser afetada no caso de uma eventual guerra tarifária levar a arrefecimento de crescimento global. “Mas não estamos lá ainda.”
Ao comentar redução de investimentos, o executivo destacou que a Vale observou sobreoferta de níquel na operação da Indonésia e por isso decidiu realizar otimização para melhorar a rentabilidade da unidade.
“Onça Puma continua sendo um ativo estratégico para a gente… Então o trabalho que estamos fazendo com o time de ‘base metals’ é olhar a base de ativos e avaliar formas de otimizar esta base de ativos para trazer este negócio para um nível de rentabilidade melhor do que ele está hoje”, completou.
A Vale informou na quarta-feira que a projeção de capex da mineradora em 2025 foi atualizada para US$5,9 bilhões, redução ante a meta prévia de US$600 milhões, segundo fato relevante.
A projeção de investimento no segmento de metais para transição energética teve um corte para US$2 bilhões em 2025, versus até US$3 bilhões, enquanto em soluções de minério de ferro foi revisada para US$3,9 bilhões, ante até US$4 bilhões.
O vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Marcelo Bacci, explicou que a redução da previsão de investimento em 2025 ocorreu por conta das otimizações de operações, e que o movimento “não significa que a Vale vai investir menos em escopo”.
Valor - SP 21/02/2025
China continua com demanda “importante” em relação ao produto, afirma Gustavo Pimenta
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou que a companhia espera um mercado equilibrado para o minério de ferro em 2025. Em coletiva de imprensa sobre os resultados do quarto trimestre e o ano de 2024, Pimenta destacou que a China continua com demanda “importante” em relação ao produto.
Pimenta destacou que a China segue com uma produção de aço superior às 1 bilhão de toneladas anuais, mas com uma mudança no mix de compras. Antes, o setor imobiliário puxava a demanda, mas, nos últimos anos, esse segmento se enfraqueceu.
Agora, explicou o executivo, a maior parte da demanda por aço vem da manufatura e da infraestrutura. “O mercado imobiliário [chinês] caiu substancialmente nos últimos anos. Por outro lado, a manufatura e a infraestrutura avançaram. A demanda equilibrou e vemos 2025 na mesma trajetória”, disse Pimenta.
Tarifas do governo Trump
O presidente da Vale também foi questionado sobre o efeito, para a empresa, da política de elevação de tarifas do governo Donald Trump. Pimenta destacou que o país não compra minério de ferro da Vale, porque é autossuficiente no produto.
Ele ponderou que a política de elevação de tarifas, a depender do nível da escalada, pode ter um impacto nos mercados, mesmo que secundário, mas que precisa ser acompanhada.
Preço de equilíbrio em US$ 90 por tonelada
Segundo o CEO da Vale, a companhia vê o nível dos US$ 90 por tonelada como o preço de equilíbrio do minério de ferro a longo prazo.
“Se ficar abaixo dos US$ 90, aproximadamente 150 milhões de toneladas de minério se tornariam não-econômicas. Se ficar de forma sustentada abaixo de US$ 90, mineradores menos eficientes podem sair do mercado”, disse. “Não há espaço para o preço ficar substancialmente abaixo desse nível.”
Segundo Pimenta, o minério de ferro tem ficado acima das expectativas dos analistas: “O mercado mostra resiliência que deixa nossa indústria ser construtiva no médio e longo prazo.”
Questionado sobre as iniciativas de transição energética, Pimenta afirmou que vê o briquete verde competitivo a nível de custo: “Queremos desenvolver o briquete verde esse ano, temos ouvido retorno positivo dos clientes.”
20/02/2025 14:24:07
Valor - SP 21/02/2025
No entanto, seus lucros líquidos, que consideram amortizações e vendas de ativos, chegaram a US$ 11,6 bilhões, um aumento de 14% em comparação com 2023
A gigante de mineração Rio Tinto anunciou nesta quinta-feira que seus lucros subjacentes caíram no ano passado devido à queda nos preços do minério de ferro.
A empresa, grande produtora de minério de ferro e alumínio, registrou uma queda de 7% em seus lucros subjacentes, totalizando US$ 10,9 bilhões em 2024. No entanto, seus lucros líquidos, que consideram amortizações e vendas de ativos, chegaram a US$ 11,6 bilhões, um aumento de 14% em comparação com 2023.
O grupo de mineração, listado tanto na Austrália quanto em Londres, viu o preço médio de sua principal commodity para a fabricação de aço cair 11%, mas essa queda foi parcialmente compensada pelo aumento nos preços do cobre e do alumínio, que subiram 8% cada, e da bauxita, que teve um aumento de 26%.
A Rio Tinto está diversificando seu portfólio, o que, segundo o CEO, Jakob Stausholm, proporciona alguma proteção à empresa em um cenário de fraqueza no mercado de minério de ferro, que também afetou os lucros de sua concorrente BHP.
“Nossos resultados financeiros são sólidos e continuam a demonstrar a resiliência do nosso negócio”, disse Stausholm.
Stausholm está em Washington tentando entender as políticas tarifárias do governo do presidente Donald Trump e como elas podem impactar os negócios de alumínio da empresa, que contribuíram com 16% do Ebitda do grupo após um crescimento de 61% nos lucros em relação a 2023. Trump anunciou uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio para os EUA e também ameaçou, mas depois adiou, a aplicação de uma tarifa de 25% sobre todos os produtos do México e do Canadá.
A Rio Tinto é uma grande produtora de alumínio no Canadá, que exporta para os EUA. A empresa também tem operações nos Estados Unidos.
“Mas, no final das contas, somos um grande produtor nos EUA, mas também produzimos materiais que são importados para os EUA. Alguns podem gerar mais lucro para nós, enquanto outros podem ser impactados”, disse Stausholm em uma entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira.
“No balanço geral, não sei se será positivo ou negativo. Ainda é muito cedo para prever.”
As operações na Austrália, onde está concentrado o negócio de minério de ferro da empresa, foram impactadas pelo aumento dos custos. O minério de ferro representou 69% dos US$ 23,3 bilhões do Ebitda do grupo no ano passado, abaixo dos 83% em 2023.
A empresa afirmou que sua joint venture de minério de ferro em Simandou, na Guiné, em parceria com a chinesa Chalco e o governo guineense, continua no caminho certo para iniciar a produção ainda este ano.
Os lucros da divisão de cobre do grupo cresceram 75% em comparação com 2023, impulsionados pela maior concentração de minério no projeto Escondida, no Chile, onde a Rio Tinto detém 30% de participação, e pelo aumento contínuo da produção na mina Oyu Tolgoi, na Mongólia.
No ano passado, a Rio Tinto fez um grande movimento no setor de lítio, adquirindo a Arcadium por US$ 6,7 bilhões e destinando US$ 2,5 bilhões para seu projeto Rincon, na Argentina.
Stausholm disse que continua confiante no avanço da transição energética, na qual o lítio terá um papel essencial devido ao seu uso em baterias de veículos elétricos, apesar da decisão do governo Trump de eliminar os subsídios para esses veículos.
“A questão é que, ao longo do tempo, os veículos elétricos serão os melhores carros. Pergunte a qualquer CEO de montadora e eles dirão que é possível fabricar carros melhores”, afirmou.
“Então, os veículos elétricos são o futuro, e não temos dúvidas sobre a demanda de longo prazo por lítio.”
A empresa pagou um dividendo final de US$ 4,02 por ação, o menor valor em sete anos.
Globo Online - RJ 21/02/2025
As maiores mineradoras do mundo, que lucraram com a demanda outrora desenfreada da China por minério de ferro, estão começando a sentir o impacto das dificuldades econômicas de seu principal cliente.
A BHP, a Rio Tinto e a Fortescue, da Austrália, e a Vale registraram lucros mais fracos esta semana, depois que os preços do produto básico para fabricação de aço recuaram em face à prolongada crise imobiliária da China e seu impacto na demanda de construção na segunda maior economia do mundo. As empresas mais expostas ao minério de ferro foram as mais afetadas.
Anteontem, a Vale reportou lucro de R$ 31,6 bi em 2024, queda de 21% em relação ao ano anterior.
O minério de ferro foi uma das principais commodities com pior desempenho em 2024, perdendo mais de um quarto de seu valor, e com o preço médio dos futuros de referência caindo cerca de 7% em relação ao ano anterior.
O mercado de Singapura atingiu o pico acima de US$ 140 a tonelada antes de cair para cerca de US$ 100 a tonelada. Analistas preveem que mais perdas para menos de US$ 90 por tonelada são prováveis até o final de 2025.
Agora, acredita-se amplamente que a demanda por aço na China tenha atingido seu pico, e seu declínio significa menos necessidade de minério de ferro. Embora o país ainda importe mais de 1 bilhão de toneladas por ano, um ponto de inflexão está atrasado.
Pressão nas siderúrgicas
As siderúrgicas estão sob crescente pressão financeira e é improvável que o governo injete estímulos que impulsionariam significativamente o setor de construção. O crescente protecionismo em todo o mundo também deve prejudicar as exportações de aço do país.
A piora da demanda não é o único peso nos preços do minério de ferro. A oferta também deve aumentar, com o gigante projeto Simandou, na Guiné, previsto para entrar em operação ainda este ano, além de expansões na Austrália e no Brasil.
Mineradoras menores e de custo mais alto serão as mais prejudicadas, disse Jiang Mengtian, analista chefe de minério de ferro da consultoria Horizon Insights, com sede em Xangai.
“O processo de compressão de lucros mudará gradualmente para a parte superior da cadeia, especialmente porque a capacidade de produção das minas de minério de ferro deve aumentar em cerca de 46 milhões de toneladas em 2025”, disse ela.
Empresas têm caixa
As maiores mineradoras estão relativamente protegidas em função de seus custos mais baixos, mas ainda estão sentindo o aperto. A BHP registrou ganhos recordes no ano até junho de 2022, com o aumento significativo da demanda por minério de ferro, mas, desde então, os lucros anuais caíram mais da metade.
Os ganhos anuais da Rio Tinto com o insumo siderúrgico caíram 19% em relação a 2023, embora a produção tenha permanecido estável.
As duas potências australianas passaram décadas ampliando suas operações nas minas de minério de ferro para permitir que elas tivessem lucro mesmo que os preços caíssem. As companhias também são mais diversificadas do que alguns de seus pares, com a maior parte da receita da BHP e mais de 40% da Rio Tinto vindo de outros metais.
“A Rio Tinto está posicionada para continuar a gerar forte fluxo de caixa de seu negócio de minério de ferro, ao mesmo tempo em que retém e aumenta sua alavancagem para a valorização dos preços de cobre e alumínio quando o próximo ciclo de demanda começar”, disse Chris LaFemina, analista no Jefferies Financial Group, em relatório.
A BHP e a Rio viram seus lucros principais caírem em 23% e 8%, respectivamente, porém, mineradoras mais expostas ao ferro, como a Vale e a australiana Fortescue, estavam em uma posição pior.
A empresa brasileira depende do minério de ferro para 80% de sua receita e viu um indicador de seu último lucro trimestral cair 41%, enquanto a Fortescue, cuja operação é focada no minério de ferro, registrou uma queda de 53% no primeiro semestre.
O Estado de S.Paulo - SP 21/02/2025
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, disse nesta quinta-feira, 20, que o aumento de tarifas do governo Donald Trump, nos Estados Unidos, não tem efeitos imediatos na Vale, mas traz impactos secundários ligados ao arrefecimento da atividade econômica mundial.
“Já tivemos essa experiência (com o governo Trump) no passado, e precisamos ver onde isso vai terminar, quais os níveis de aumento das tarifas. Não vendemos minério para os Estados Unidos, que é autossuficiente nisso. Mas entendemos que tem efeitos secundários, de arrefecimento e demanda mundial, e que podem gerar impacto. Não vemos impacto relevante agora, mas seguimos monitorando”, disse Pimenta.
Ele falou a jornalistas em entrevista na sede da mineradora, no Rio. Com relação à China, Pimenta disse que o país segue sendo o principal mercado da Vale e deve manter ou ter leve crescimento na demanda este ano, ligada a diversificação da economia.
“Eles (China) tiveram boa performance este ano, crescimento acima de 5%, demanda em torno de um bilhão de toneladas de aço. A China deve seguir com ritmo de produção forte, pouco acima de 1 bilhão de toneladas”, disse Pimenta.
Ele lembrou que a demanda do país asiático tinha uma dependência muito forte do segmento imobiliário, que caiu substancialmente, mas vem sendo compensada pelos setores de manufatura e infraestrutura.
“Isso fez com que a demanda chinesa por minério de ferro se equilibrasse. E a gente vê outros mercados acelerarem. Há outros mercados na Ásia crescendo ano contra ano, o que faz com que vejamos equilíbrio em 2025", disse ao citar especificamente a Índia.
Pimenta disse ainda que os preços atuais do minério de ferro respondem a um mercado de equilíbrio e, se as cotações caírem abaixo de US$ 90, cerca de 150 milhões de toneladas deixarão de ser oferecidas globalmente e o preço se corrigirá.
“A gente vê que os preços atuais respondem a um mercado em equilíbrio, e acho difícil imaginar grandes variações estruturais neste momento. A gente acha que US$ 90, hoje, é o preço de equilíbrio de longo prazo”, afirmou. “Abaixo de US$ 90, (a produção de) aproximadamente 150 milhões de toneladas de minério ficam ineconômicos.”
Desempenho sólido
O presidente da Vale definiu o desempenho da companhia em 2024 como “sólido” e se disse satisfeito com os resultados alcançados pela gestão até o momento.
“Estou feliz com os resultados que alcançamos até aqui. Concluímos 2024 com desempenho sólido, reduzimos a taxa de frequência de lesões e alcançamos 57% do programa de descaracterização de barragens a montante. Não queremos ter mais barragens de nível três até o fim de 2025", disse. Ele mencionou, ainda, a assinatura e acordos de reparação, como o relativo ao acidente de Mariana.
Pimenta também destacou a entrega de projetos que adicionaram 30 milhões de toneladas de minério de ferro a baixo custo, em referência aos projetos de Capanema e Vargem Grande, ambas em Minas Gerais.
Ele também disse que a empresa pretende concluir no segundo trimestre deste ano a revisão dos ativos da Vale Base Metals (VBM), subsidiária voltada à produção de minerais não ferrosos, como níquel e cobre.
Pimenta sublinhou, ainda, o foco da gestão em otimizar dispêndios de capital, ao que associou redução na orientação e capex.
Na quarta-feira, 19, a Vale comunicou ao mercado novas projeções de investimentos para 2025: o capex total caiu de US$ 6,5 bilhões para US$ 5,9 bilhões, sendo o investimento em crescimento de US$ 1,6 bilhão, ante US$ 2 bilhões a US$ 2,5 bilhões anteriormente, e o investimento em manutenção de US$ 4,3 bilhões, ante US$ 4 bilhões a US$ 4,5 bilhões.
Valor - SP 21/02/2025
Investidores concordaram com análises otimistas, e ação subiu 2,35% nos primeiros minutos do pregão – entre as maiores altas do Ibovespa, e com o maior volume negociado da bolsa
A Vale anunciou, na quarta-feira (19), perto das 23h, seus piores resultados desde 2019, ano da tragédia de Brumadinho. No entanto, tudo dentro da expectativas, segundo os analistas, e com um bônus: a promessa de dividendos de quase US$ 2 bilhões.
Confira os resultados e indicadores da Vale e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360
No quarto trimestre, queda de preços e volumes de minério de ferro e uma baixa contábil das operações de níquel Canadá, que estão à venda, levaram a mineradora a um prejuízo líquido de R$ 4,68 bilhões, o pior para um trimestre desde os últimos três meses de 2019.
No ano passado todo, a empresa fechou com um lucro de R$ 31,59 milhões, ainda assim, o menor desde a perda de R$ 6,67 bilhões em 2019, que incluiu um impacto de quase R$ 30 bilhões relacionado ao rompimento da barragem de rejeitos na mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que matou 272 pessoas. O segundo pior resultado foi em 2020, ano da pandemia de covid-19, segundo a base de dados do Valor Data.
Os números não são corrigidos pela inflação, que, no período de 2019 a 2024, ficou perto de 40%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Tudo isso é história para os analistas. De olho em indicadores de resultados não contábeis — o Ebitda ajustado veio “dentro do consenso”, disse a XP —, gostaram do que viram, especialmente na questão de controle de custos, e comemoraram a “boa notícia de dividendos maiores do que os esperados, expansão no programa de recompra de ações e redução nos investimentos que deve impulsionar geração de caixa”, segundo o Citi.
Os investidores concordaram com as análises otimistas, e a ação subiu 2,35% nos primeiros minutos do pregão, entre as maiores altas do Ibovespa, e com o maior volume negociado da bolsa.
De oito bancos que divulgaram relatórios na manhã desta quinta-feira (20), Bradesco BBI, Citi, Goldman Sachs, Itaú BBA e Jefferies recomendam compra da ação, enquanto BTG Pactual, UBS BB e XP estão neutros.
(Colaboraram Ana Beatriz Bartolo e Felipe Laurence)
Valor - SP 21/02/2025
Prefeituras têm até 6 de março para decidir; há a possibilidade de que municípios desistam do acordo no Brasil e esperem resultado da ação no Reino Unido contra a BHP
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, disse, nesta quinta-feira (20), que a companhia acredita que o acordo firmado para reparar as perdas com o acidente da barragem de Mariana (MG) é a melhor alternativa para todas as partes. Na teleconferência referente aos resultados do quarto trimestre, Pimenta foi questionado sobre a possibilidade de os municípios atingidos pela tragédia de 2015 não aderirem ao acordo firmado entre a Vale, Samarco, BHP, a União e os Estados.
As prefeituras têm até 6 de março para decidir. Há a possibilidade de que os municípios desistam do acordo no Brasil e esperem o resultado da ação no Reino Unido contra a BHP.
Se aderirem ao acordo no Brasil, as prefeituras abrem mão de todas as demais ações judiciais, inclusive no exterior. Ainda há uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) em que o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que representa as mineradoras, questiona a possibilidade de municípios ingressarem na Justiça fora do Brasil. A depender do que for decidido, a indenização pode ficar inviabilizada.
Na teleconferência desta quinta (20), Pimenta disse que a Vale tem estrutura para honrar todos os compromissos: “O acordo no Brasil é abrangente e é a melhor alternativa para a operação. É a melhor alternativa para todas as partes. Temos estrutura para cumprir todos os compromissos.”
A Vale informou, em outubro de 2024, que fechou o acordo para o pagamento de uma indenização de R$ 170 bilhões relativos à tragédia de Mariana. O acordo incluía R$ 100 bilhões a serem pagos ao longo de 20 anos para o governo federal, os Estados do Espírito Santo e Minas Gerais e para os municípios.
Valor - SP 21/02/2025
Segundo Gustavo Pimenta, esse aumento das vendas deve resultar da estratégia adotada no fim de 2024
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, disse, nesta quinta-feira (20), que a companhia deve apresentar vendas mais fortes de minério de ferro no primeiro trimestre de 2025. Em teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2024, o executivo afirmou que esse aumento das vendas deve resultar da estratégia adotada no fim de 2024.
Vice-presidente-executivo comercial e de desenvolvimento da Vale, Rogério Nogueira disse que a companhia tem optado por flexibilidade de estoques, nos últimos trimestres. Por questões estratégicas, conforme Nogueira, os estoques têm aumentado até alcançarem um nível considerado favorável: “Não vamos aumentar estoques sem limites. A palavra-chave é flexibilidade.”
Questionados sobre outros projetos, Pimenta disse que a companhia pode ser um investidor importante em minerais críticos. “Temos visto apoio [do governo] nessas conversas”, disse Pimenta.
“Estamos otimistas e vamos convergir [com o governo]; estamos buscando investimentos que fazem sentido para empresa e país”, disse o presidente.
"Equilíbrio entre recompra de ações e pagamento de dividendos"
O vice-presidente-executivo de finanças e relações com investidores da Vale, Marcelo Bacci, disse que a companhia deve buscar um equilíbrio entre recompras de ações e pagamentos de dividendos no futuro.
O conselho de administração da mineradora aprovou na quarta (19) um novo programa para a aquisição de até 120 milhões de ações ordinárias em um prazo de 18 meses, contados a partir da data, representando cerca de 3% do número de ações em circulação.
“A aprovação do novo programa de recompra de ações demonstra a contínua confiança dos administradores nas perspectivas de negócio da Vale, a disciplina da administração na alocação de capital e o compromisso com a criação e o compartilhamento de valor com os acionistas da companhia”, disse o comunicado da empresa.
O informe acrescentou que a decisão de iniciar um novo programa “ponderou a proximidade do término do programa de recompra em curso”, por meio do qual a Vale recomprou aproximadamente 34 milhões de ações até o momento.
Também na quarta, ao divulgar os resultados do ano, a Vale informou o pagamento de dividendos no valor total bruto de R$ 2,1418 por ação, apurados conforme o balanço de 31 de dezembro de 2024 e equivalentes a R$ 9,14 bilhões no total.
Investimento só será feito se “fizer sentido”
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou que qualquer investimento só será feito pela empresa se “fizer sentido”. O executivo fez o comentário em resposta a uma pergunta sobre o projeto da Bamin, mineradora controlada pelo Eurasian Resources Group (ERG), com sede em Luxemburgo.
A Bamin tem expectativa de chegar a 26 milhões de toneladas por ano de capacidade em 2026, mas tem operado com cerca de 1 milhão de toneladas.
A mineradora tem entre seus ativos a mina de ferro de Caeité (BA), um trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul, em Ilhéus (BA), mas o mercado estima necessidade de investimento de até US$ 5 bilhões.
“ É nossa obrigação analisar oportunidades que surgirem”, disse Pimenta.
"Otimistas em relação ao futuro"
Gustavo Pimenta, por mais de uma vez, disse que a atual administração está otimista em relação ao futuro da companhia: “Do ponto de vista operacional, nunca estivemos na posição em que estamos”, disse Pimenta.
Ele fez referência à excelência operacional, conceito que considera a operação da empresa no chão de fábrica, nas minas e ao longo da cadeia de suprimentos, o que envolve a logística (ferrovias e portos). Esse é um conceito que a Vale persegue desde a gestão anterior e que se tornou prioridade ainda maior depois da tragédia de Brumadinho (MG), em 2019.
O conceito considera melhorar indicadores de produtividade e reduzir custos. “Quando olhamos os indicadores, a empresa está no melhor momento em termos de excelência operacional”, disse Pimenta.
Essa situação vai permitir à empresa, segundo ele, ter boa situação financeira e operacional. “Isso nos deixa confiantes em relação ao futuro da companhia no minério de ferro e no cobre [no negócio de metais]”.
Nível de dívida líquida expandida e pagamento de dividendos
Marcelo Bacci afirmou que a decisão sobre pagar um volume maior de dividendos ou recomprar ações vai depender do nível da dívida líquida expandida. A dívida líquida expandida inclui compromissos já assumidos, como a reparação por Brumadinho.
A meta da dívida líquida expandida é um valor entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões, com objetivo de ficar perto do centro, em US$ 15 bilhões. No fim de 2024, a companhia fechou com o indicador em US$ 16,5 bilhões.
“Olhamos sempre onde estamos nessa métrica e isso determina a capacidade de fazer recompra e pagar dividendos”, disse Bacci, para quem a perspectiva atual é “favorável” para ficar no centro da meta da dívida, e a disposição maior para realizar recompra de ações ou pagamento de dividendos extraordinários dependerá da capacidade da companhia de gerar caixa. “Nesse momento, não temos como dizer o quanto será feito de cada coisa”, disse.
O executivo acrescentou que a redução da projeção de investimentos para esse ano, que caiu de US$ 6,5 bilhões para US$ 5,9 bilhões, não significa que a empresa vai desenvolver menos projetos, mas apenas que os projetos serão desenvolvidos de forma mais eficiente.
Projeto Bamin e novas fusões e aquisições
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, disse que a companhia ainda analisa o projeto da Bamin, mineradora controlada pelo Eurasian Resources Group (ERG). “Entendemos que é um projeto estruturante de país, mas nossa avaliação independe disso”, disse.
“Para esse projeto virar investimento, com decisão de alocação de capital, precisa passar por diversas etapas. Precisamos ver se estrategicamente entrega a qualidade de minério que podemos fazer. É cedo para dizer se é um projeto que vamos seguir adiante”, afirmou Pimenta.
Questionado sobre planos de realizar novas fusões e aquisições, o presidente da Vale disse que, por enquanto, a ideia é desenvolver ativos que a companhia já tem: “Nossa rota de atuação, é priorizar o potencial minerário que temos, em vez de buscar novas fusões e aquisições. Não significa que vamos deixar de olhar operações, mas prioridade agora é desenvolver potencial que já temos.”
IstoÉ Dinheiro - SP 21/02/2025
A montadora francesa Renault anunciou nesta quinta-feira lucro operacional recorde para 2024, superando ligeiramente as expectativas do mercado, à medida que custos mais baixos e novos lançamentos impulsionaram os resultados.
A empresa, uma das poucas do setor que não revisou suas metas no ano passado, informou um lucro operacional de 4,3 bilhões de euros (US$4,49 bilhões), um aumento de 3,5% em relação ao ano anterior e acima da previsão da empresa, de 4,2 bilhões de euros.
A receita aumentou 7,4%, chegando a 56,2 bilhões de euros, acima dos 54,5 bilhões de euros esperados, impulsionada por lançamentos, incluindo o veículo elétrico compacto R5 e uma série de novos carros híbridos.
As ações da companhia registravam queda no início do pregão na bolsa de Paris, mas acumulam alta de 9% desde o início do ano. Analistas do JPMorgan descreveram os resultados como “um forte conjunto de números”.
A Renault informou uma margem operacional de 7,6% para 2024, atingindo a previsão fixada em pelo menos 7,5% para o ano, mas reduziu as expectativas para 7% em 2025.
Segundo a montadora, novas metas europeias de emissão de carbono reduziram a estimativa em 1 ponto percentual, um impacto equivalente a cerca de 500 milhões de euros de lucro operacional.
No entanto, a Renault segue “esperançosa” de que as regras sejam flexibilizadas, disse o diretor financeiro, Thierry Pieton, a jornalistas.
A empresa planeja oferecer descontos para vender mais veículos elétricos e, ao mesmo tempo, prevê aumentar os preços dos carros a combustão para ajudar a atingir mas metas, disse Pieton.
Por enquanto, a montadora descarta a possibilidade de agrupar suas emissões de carbono com outras montadoras.
“Consideramos um pouco surreal o fato de termos que pagar dinheiro a concorrentes não europeus”, disse o presidente-executivo, Luca De Meo, a analistas, dizendo que a empresa tem uma estratégia “mais inteligente”.
A Renault foi uma das únicas grandes montadoras de automóveis que não emitiu alertas sobre perspectivas de lucro no ano passado, em meio ao declínio global na demanda por carros novos e problemas operacionais que atingiram empresas do setor, como a Volkswagen e a Stellantis.
Sob a liderança de Luca de Meo desde julho de 2020, a companhia se uniu a outras empresas para dividir custos de investimento e também renovou sua linha de veículos, lançando 10 novos modelos em 2024 e planos para mais sete neste ano.
Os custos diminuíram em quase 800 milhões de euros em 2024, com cerca de 500 milhões economizados em processos de compras, além de custos mais baixos de matéria-prima.
O lucro líquido com base nas ações do grupo caiu para 752 milhões de euros em 2024, em comparação com 2,2 bilhões de euros no ano anterior, após a contabilização da alienação de ações da montadora japonesa Nissan.
De Meo disse que a empresa continuará a reduzir sua participação acionária na Nissan “no momento certo”, tomando cuidado para não prejudicar o valor de ativos construídos em conjunto.
A Renault disse que pagará um dividendo de 2,2 euros, em comparação com 1,85 euro em 2023.
Valor - SP 21/02/2025
A tarifa de 25% a ser anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre veículos importados, juntamente com outras taxas, pode custar a seis grandes montadoras japonesas até 3,2 trilhões de ienes (US$ 21 bilhões) em impostos adicionais, dificultando a competição de empresas como Mazda e Subaru.
Trump disse na terça-feira que tarifas "na casa de 25%" podem ser impostas já em abril. Os automóveis representam 28% das exportações do Japão para os Estados Unidos, com veículos de passageiros atualmente sujeitos a uma taxa de 2,5%.
Em 2024, 46% dos cerca de 16 milhões de veículos vendidos nos Estados Unidos foram importados, de acordo com a GlobalData, sediada no Reino Unido. O México foi a maior fonte, respondendo por 16% das vendas totais, seguido pela Coreia do Sul com 9% e Japão com 8%.
As tarifas são pagas principalmente pela empresa importadora. As montadoras geralmente importam carros por meio de uma subsidiária local e depois os vendem no atacado para concessionárias. Se as tarifas forem repassadas por meio de preços de venda mais altos, os carros importados se tornam menos competitivos. A Nomura Securities estima que a demanda caia 2% para cada aumento de 1% no preço médio de veículos novos.
Com o apoio de Seiji Sugiura, analista sênior do Laboratório de Inteligência Tokai Tokyo, o “Nikkei Asia” estimou o total de tarifas adicionais que seis montadoras japonesas enfrentariam sob os aumentos anunciados, com base nos preços no atacado. A tarifa de 25% sobre automóveis levaria a um avanço de 1,42 trilhão de ienes, saltando para mais de 3,2 trilhões de ienes se as taxas agora suspensas por Trump sobre México e Canadá entrarem em vigor.
As importações representaram 44% das vendas da Subaru nos Estados Unidos em 2024, 52% das da Mazda e 17% das da Nissan, de acordo com a empresa de pesquisa japonesa MarkLines. Em um esforço para minimizar o impacto das tarifas, essas empresas buscarão distribuir o fardo do aumento de custos em suas cadeias de suprimentos.
A Nissan, que gera quase 30% de suas vendas globais em volume nos Estados Unidos, tem duas fábricas de montagem de veículos no país. Mas modelos como seu utilitário esportivo Kicks são feitos no México, enquanto alguns de seus SUVs Rogue são importados do Japão.
As tarifas dos Estados Unidos sobre importações de automóveis do México "teriam um grande impacto em nossos negócios", disse o executivo-chefe (CEO) da Nissan, Makoto Uchida. Ele indicou que a empresa poderia considerar realocar a produção de alguns modelos importados.
As tarifas podem forçar a Nissan a reconsiderar os planos anunciados em janeiro para cortar a produção nos Estados Unidos em 25% como parte de seu programa de reestruturação.
A Subaru importa quase metade dos carros que vende nos Estados Unidos. O diretor Katsuyuki Mizuma não deu uma resposta clara sobre o efeito esperado das tarifas, dizendo que as "informações mudam de um dia para o outro".
A Toyota exportou 530 mil veículos do Japão para os Estados Unidos em 2024, representando 23% de suas vendas no país, com outros 20% ou mais aparentemente vindos do México e Canadá. O impacto das tarifas provavelmente será diferente de modelo para modelo. O popular sedã Camry, por exemplo, é feito nos Estados Unidos, mas a picape Tacoma é produzida no México. Alguns modelos de sua divisão de carros de luxo Lexus vêm do Canadá.
O quadro seria ainda mais complicado por quaisquer tarifas sobre peças automotivas individuais, bem como as tarifas de aço e alumínio recentemente anunciadas por Trump, elevando os custos mesmo se a montagem for transferida para os Estados Unidos.
O Estado de S.Paulo - SP 21/02/2025
Um novo tipo de bateria pode tornar os carros elétricos (EVs) americanos mais baratos e seguros, dizem especialistas. Mas, primeiro, ela terá que superar barreiras comerciais entre os Estados Unidos e a China.
Se você comprasse um veículo elétrico com uma bateria de lítio-ferro-fosfato (LFP), você poderia esperar pagamentos mais baixos pelo carro, menor risco de incêndio e mais anos de uso do seu veículo. Porém, você não conseguiria ir tão longe com uma única carga quanto poderia com as baterias de níquel-manganês-cobalto (NMC), comumente encontradas em carros elétricos americanos e europeus.
Essa compensação fez das baterias de LFP a escolha preferida para EVs de alcance padrão na China, ajudando a tornar os carros elétricos mais acessíveis e a limitar a poluição.
Agora, as empresas americanas estão começando a construir suas próprias baterias de LFP para alcançar seus rivais chineses. “Eu definitivamente suspeito que haverá algumas químicas LFP próprias nos próximos anos. E que começaremos a ver isso crescer bastante rapidamente nos próximos cinco a dez anos”, disse Scott Moura, professor de engenharia ambiental na Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Mas existem muitas barreiras para as empresas dos EUA que querem adotar uma tecnologia dominada por empresas chinesas.
Tarifas e restrições de crédito fiscal tornaram muito caro para a maioria dos fabricantes de automóveis americanos importar baterias de LFP da China e preocupações de segurança nacional tornaram difícil que as empresas americanas se associem a fabricantes de baterias chinesas para construir fábricas nos Estados Unidos.
Esses desafios podem se tornar mais difíceis sob a presidência de Donald Trump, que ameaçou aumentar tarifas e barreiras comerciais com a China.
“Se houver tarifas, restrições, seja qual for o caso, isso torna a mudança para LFP provavelmente muito mais difícil”, disse Alex Holland, diretor de pesquisa na empresa de inteligência de mercado IDTechEx.
Uma bateria dos EUA torna-se chinesa
Embora cientistas americanos tenham inventado as baterias de LFP em 1997, montadoras dos EUA não investiram na tecnologia. Em vez disso, apostaram nas baterias NMC porque elas têm maior alcance, uma grande preocupação para os compradores americanos de carros elétricos.
“Todos no Ocidente pensavam que LFP era um ponto de partida inaceitável há cinco ou seis anos”, disse Adrian Yao, que fundou a STEER, um grupo de pesquisa tecnológica dentro da Universidade de Stanford. “Nós realmente tivemos um foco míope no alcance”, acrescentou ele.
Isso deixou a porta aberta para empresas chinesas aperfeiçoarem as baterias de LFP, que têm algumas vantagens.
Em vez de usar níquel e cobalto caros, elas usam ferro, o que as torna 20% mais baratas que as baterias NMC, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Enquanto as baterias NMC podem ser recarregadas até cerca de 1.000 vezes antes de falharem — o que é suficiente para rodar 200 mil milhas (321,8 mil quilômetros) na maioria dos veículos elétricos — as baterias de LFP podem durar duas ou três vezes mais, de acordo com Moura.
Além disso, a química das baterias de LFP as torna menos propensas a incêndios e mais fáceis de apagar em um eventual incidente. Uma bateria NMC, por outro lado, é tão inflamável que “você poderia colocá-la debaixo d'água ou no espaço, e continuaria queimando porque o oxigênio necessário para manter a chama acesa está embutido nela”, disse Moura.
Essa vantagem de segurança é fundamental, porque as empresas chinesas descobriram que podiam empacotar células LFP mais próximas umas das outras dentro de um pacote de baterias sem criar um incêndio. Isso significa que elas podem encaixar mais energia nas baterias de LFP e quase chegar no alcance das baterias NMC. No ano passado, o gigante chinês de baterias CATL fez a primeira bateria de LFP com mais de 600 milhas (965,6 quilômetros) de autonomia.
Uma vez que as baterias de LFP são feitas de materiais comuns e duram mais, elas também têm uma pegada ambiental menor que as baterias NMC.
No início, as montadoras chinesas usavam baterias de LFP baratas para reduzir o preço dos veículos elétricos de entrada projetados para viajar curtas distâncias dentro das cidades. “Mais condições de condução urbana na China fizeram isso fazer sentido”, disse Yao, da STEER.
Porém, à medida que as empresas aumentavam o alcance das baterias de LFP, a maior parte dos veículos elétricos chineses mudou para a química mais barata e segura nos últimos cinco anos. Agora, praticamente todas as baterias de LFP vêm da China, segundo a Agência Internacional de Energia. “Eles avançaram 20 passos mais do que o Ocidente jamais fez”, disse Yao.
Trazendo baterias de LFP de volta para casa
As baterias de LFP estão começando a aparecer em algumas das versões de alcance padrão dos veículos elétricos americanos: a Ford as estreou em seu sedã Mach-E, em 2023, e na picape F-150 Lightning, em 2024, e a Rivian começou a usá-las nas versões básicas de seu SUV R1S e da picape R1T este ano.
Mas há desvantagens em usar baterias de LFP da China. No ano passado, a Tesla parou de vender sua versão básica do Model 3 nos Estados Unidos porque usava baterias de LFP chinesas, o que significava que não se qualificaria para os créditos fiscais destinados a veículos elétricos nos EUA e forçava a Tesla a pagar tarifas.
Para evitar taxações, os fabricantes de automóveis americanos estão procurando construir suas próprias baterias de LFP nos Estados Unidos. Pouco depois de descontinuar seu Model 3 LFP, a Tesla divulgou uma vaga de emprego para um engenheiro sênior liderar uma equipe desenvolvendo baterias de LFP. A Tesla não respondeu a um pedido de comentário.
“Suspeito que a Tesla esteja olhando de perto para a química LFP e tentando descobrir como eles podem fabricá-las para reduzir a dependência de outros fornecedores”, disse Moura.
O plano problemático da Ford de fazer baterias de LFP nos Estados Unidos mostra por que será difícil para que outras montadoras sigam seu exemplo.
Dois anos atrás, a Ford anunciou um plano para construir uma fábrica de LFP que usaria a tecnologia da CATL, mas seria de propriedade e operada por uma subsidiária da Ford. Políticos dos EUA acusaram a empresa de ser “uma fachada para a China” e exigiram investigações. A China investigou o acordo devido a preocupações de que a CATL revelaria seus segredos tecnológicos. Após muitos atrasos, a Ford agora está construindo uma versão menor da fábrica em Michigan, com inauguração prevista para 2026.
Embora outras fábricas planejadas de LFP também tenham enfrentado resistência devido a suas ligações com empresas chinesas, fábricas americanas de LFP estão previstas para abrir este ano em St. Louis, e no próximo ano no Arizona.
Auto Industria - SP 21/02/2025
Em 2014 a China garantiu o título de maior exportador de veículos do mundo, ultrapassando Japão e Alemanha ao embarcar 4,7 milhões de automóveis a outros países – volume três vezes maior do que o registrado há apenas três anos e que, segundo recente estudo do Citigroup, em 2030 deverá chegar a 7,3 milhões.
Mas ao contrário do que possa fazer parecer o grande número de modelos híbridos e elétricos produzidos por fabricantes chineses, o grosso é vendido no próprio mercado chinês. São os carros equipados só com motor a gasolina os responsáveis por quase 80% das exportações do país, ao menos por enquanto.
Para além da própria China, de longe o maior mercado de veículos eletrificados, que concentra 67% das vendas globais de híbridos e elétricos, com quase 11 milhões de unidades registradas no ano passado, estes carros encontram barreiras tarifárias e culturais nos países ricos da Europa, os Estados Unidos, o Japão e a Coreia.
Assim sobra o resto do mundo para os fabricantes chineses, principalmente mercados que consomem mais carros a combustão porque a eletrificação encontra limites estruturais e de renda para avançar mais rápido.
Mas este resto do mundo é bastante relevante. Ainda que sejam mercados menores a soma desses países na América Latina, África, Oriente Médio e Sudeste Asiático representa vendas de cerca de 20 milhões de veículos/ano.
Além disso são mercados que, ao contrário das nações ricas e da própria China, estão crescendo e são tão ou mais lucrativos, ao passo que têm tarifas de importação menores ou até inexistentes, bem como legislação de emissões e de segurança mais lenientes, facilitando a entrada de carros mais baratos e menos sofisticados.
De dentro para fora
O empoderamento internacional dos fabricantes de veículos da China é recente, reflete mudanças substanciais do mercado interno e oportunidades externas surgidas nos últimos anos.
Primeiro os chineses venceram dentro de casa as grandes corporações estrangeiras que, a partir dos anos 2000, chegaram em massa ao país para produzir em sociedades meio a meio com companhias estatais.
Há cerca de dez anos as marcas tradicionais do setor automotivo global, Volkswagen e GM à frente, dominavam 80% das vendas. Hoje o quadro se inverteu: as marcas chinesas têm mais de 60% do mercado chinês de veículos, com BYD na liderança.
Esta virada no mercado doméstico não veio sem custos: a capacidade de produção do país, estimada hoje em 45 milhões de veículos/ano, cresceu demais e acima da demanda, que em 2024 ficou estagnada em 31,4 milhões de unidades, ocupando menos de 70% do potencial produtivo das fábricas.
Apesar de ser, por larga margem, o maior mercado de veículos do planeta, a China não consegue mais consumir tudo que produz, principalmente após o crescimento dos volumes dos fabricantes de marcas nacionais. Para compensar ao menos parte da imensa ociosidade, a saída, estimulada por incentivos e diretrizes do governo, foi aumentar as exportações.
Justamente neste momento histórico muitos mercados externos abriram espaços que foram ocupados pelos chineses. A crise da falta de chips eletrônicos, em 2021 e 2022, obrigou os fabricantes ocidentais a concentrar a produção nos veículos mais caros e rentáveis, o que deixou caminho livre para modelos mais baratos vindos da China.
Com este movimento a participação em outros mercados de veículos produzidos na China, que antes da pandemia de covid era quase zero, saltou em 2024 para 8% na África e Oriente Médio, 6% na América do Sul, 4% no Sudeste Asiático e relevantes 5% no conjunto de 28 países da Europa, para os quais a China, no ano passado, foi o sexto maior fornecedor de veículos e o maior deles fora do próprio continente, com cerca de 600 mil automóveis registrados, número acima de fornecedores como Turquia, Japão e Reino Unido.
Outra oportunidade foi a Rússia, que passou a ser o maior mercado externo de carros da China, a grande maioria só com motor a gasolina. Há três anos, depois da eclosão da guerra com a Ucrânia e do consequente êxodo de fabricantes europeus, a participação dos veículos chineses no mercado russo saltou de 9% em 2021 para 61% em 2023.
Mercado externo mais lucrativo
Enquanto a porta parece ter sido definitivamente trancada nos Estados Unidos com imposto de importação de 100% a veículos chineses, as tarifas adotadas pela União Europeia e a própria Rússia – que instituiu uma taxação de reciclagem para proteger o que restou de sua própria indústria – têm poder limitado de barrar fabricantes da China, que dominam toda a cadeia produtiva, têm os custos de produção mais baixos do mundo e encontraram no Exterior margens de lucro de 5 a 10 pontos porcentuais mais altas do que no seu próprio mercado interno.
Um exemplo: o elétrico BYD Dolphin é vendido na China por 99,8 mil yuans, o equivalente a US$ 12,6 mil, enquanto no Reino Unidos este valor é quase três vezes maior, chega a US$ 33 mil, mas lá é um carro considerado barato. Uma análise da consultoria Rhodium Group calcula que a BYD poderia cortar os seus preços em 30% na Europa e, ainda assim, teria o mesmo lucro que obtém na China.
No Brasil a lógica parece ser a mesma, pois mesmo após dois aumentos do imposto de importação sobre elétricos e híbridos, o Dolphin 2025 vendido com reajuste de R$ 10 mil, por R$ 159,8 mil, ou US$ 28 mil pela cotação desta semana, também apresenta margem folgada em relação à que o fabricante tem em seu país de origem.
China eletrifica emergentes
Ainda que seja mais lenta a penetração de carros eletrificados nos mercados em que os fabricantes da China têm seu melhor desempenho, as vendas externas de modelos chineses elétricos e híbridos – e principalmente destes últimos – também estão em franca expansão.
Ainda segundo o estudo do Citigroup, a estimativa é que os automóveis eletrificados vão aumentar sua representatividade nas exportações do país dos atuais 20% para 75% até 2030.
Esta presença mais marcante já acontece em alguns países como o Brasil, sexto maior mercado de veículos do mundo, no qual os carros elétricos e híbridos representam 7% das vendas e de cada dez modelos a bateria vendidos nove são provenientes da China.
Outros emergentes importantes também estão avançando na eletrificação, que já representa 6% dos automóveis comercializados na América Latina, 8% no México e 15% na Tailândia. São proporções em linha ou até maiores do que o de algumas nações ricas, como os Estados Unidos, onde 8% dos registros em 2024 foram de automóveis elétricos.
Mesmo na Europa, que está levantando barreiras tarifárias aos carros eletrificados da China, a proporção de modelos elétricos chineses, que era de 4% do mercado em 2021, saltou para 10% em 2024 e, a partir de agora, deverá crescer mais lentamente, não passando de 11%, segundo análise da Schmidt Automotive Research.
Mas é interessante notar que mesmo fabricantes europeus estão importando da China muitos modelos de marcas europeias. Em 2024 os chineses mais vendidos no continente foram da SAIC Motor, com a marca inglesa MG, da Geely, que é dona da sueca Volvo, e do Grupo BMW, que traz aos mercados europeus veículos produzidos em suas fábricas chinesas. Também foram bem vendidos aos europeus carros da BYD e Chery.
Fábricas em todos os cantos
Não são só carros prontos que navios da China trazem a novos mercados externos, mas também muitos partes de veículos desmontados ou semidesmontados. É assim, com linhas de montagem no Exterior, que os chineses tentam driblar as crescentes barreiras tarifárias.
A BYD é uma das pioneiras dessa estratégia: já tem linhas de montagem em operação na Tailândia e no Uzbequistão e está construindo novas na Hungria, Indonésia, Turquia, no México e também no Brasil, em Camaçari, BA, no mesmo terreno em que operou a Ford até 2021. Chery, Changan, GAC, Great Wall, Geely e SAIC também têm fábricas em construção no Exterior – e o Brasil está nos planos da maioria delas.
Ainda segundo o estudo do Citigroup, espera-se que até 2030 os fabricantes da China vão produzir 2,5 milhões de veículos fora de seu país de origem, 50% deles na Europa e o restante em países emergentes.
Mas que não se espere muita coisa além de linhas de montagem com partes importadas. Alguns fornecedores de componentes no Brasil relatam que, até o momento, fabricantes chineses que estão chegando ao País pouco ou nada conversaram sobre a nacionalização do fornecimento de peças. Pelos próximos três anos o plano seria só de montar carros com 100% de peças importadas das matrizes.
Isto porque a pressão do governo chinês é para que os fabricantes reduzam investimentos no Exterior, para ocupar a imensa ociosidade das fábricas no país e, também, como medida de proteção à tecnologia chinesa empregada em modelos elétricos e híbridos.
Ainda assim a consultoria Rhodium calcula que se forem concluídos 80% dos investimentos anunciados por montadoras da China na América do Sul, principalmente no Brasil, os carros chineses aumentarão sua penetração e poderão tomar cerca de 15% do mercado local, aumentando as dores de cabeça de fabricantes ocidentais tradicionais que dominaram a região até agora – e que já pedem aos governos proteções tarifárias e investigações antidumping.
Pelo visto os comunistas chineses souberam adotar o mais competitivo capitalismo para quebrar paradigmas capitalistas. Nem os mais ferrenhos liberais leitores de Adam Smith, defensores do livre mercado, conseguem competir com a China sem a sempre tão criticada intervenção do Estado na economia. É um mundo novo e cheio de contradições.
IstoÉ Dinheiro - SP 21/02/2025
A Mercedes-Benz anunciou nesta quinta-feira mais cortes de custos e mais carros a gasolina e diesel do que veículos elétricos em sua nova linha de produtos, em uma tentativa de recuperar margens de lucro.
A montadora alemã lançará 19 modelos com motor a combustão e 17 elétricos até o final de 2027, em um sinal de foco renovado na oferta de motores a combustão depois que as vendas de veículos elétricos caíram 25% no ano passado.
“A estratégia de valor sobre o volume continua em vigor – ela não foi abandonada”, disse o diretor financeiro, Harald Wilhelm, acrescentando que é uma boa notícia para a margem do grupo o fato de que os modelos a combustão ainda estejam superando em muito os elétricos.
A montadora também localizará mais produção na China e nos Estados Unidos, disse Wilhelm, protegendo-se das crescentes tensões comerciais, incluindo ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, de uma tarifa de 25% sobre todas as importações de veículos a partir de abril.
“O luxo e a China simplesmente não estão funcionando, e ambos são vitais para o sucesso comercial da montadora sediada em Stuttgart”, disse o estrategista de investimentos Jürgen Molnar, da corretora RoboMarkets.
PERSPECTIVA SOMBRIA
Depois de uma queda de 30% no lucro em 2024, e de 40% na divisão de automóveis, o rresultado de 2025 deve recuar mais, disse a Mercedes-Benz, esperando uma taxa de retorno em sua divisão de automóveis de apenas 6% a 8%.
O setor automotivo europeu enfrenta uma série de desafios este ano, com a Volkswagen e outras montadoras, bem como fabricantes de componentes, anunciando cortes profundos de custos.
A Mercedes-Benz planeja reduzir os custos de produção em 10% até 2027 e dobrar esse percentual até 2030, além de um plano em andamento lançado em 2020 para reduzir os custos em 20% entre 2019 e 2025.
A empresa não fechará fábricas na Alemanha, disse o diretor financeiro nesta quinta-feira, mas transferirá a produção de um de seus modelos do país para a Hungria, onde os custos são 70% menores.
A empresa também terceirizará áreas como finanças, recursos humanos e compras, além de reduzir o tamanho da força de trabalho por meio da não substituição de trabalhadores que se aposentam e da negociação de grandes planos de demissão voluntária, acrescentou.
O Estado de S.Paulo - SP 21/02/2025
O mercado imobiliário brasileiro foi surpreendido por uma notícia incomum. A incorporadora PDG Realty — que já foi a maior do País e encolheu após atravessar uma recuperação judicial — recebeu uma proposta não solicitada de aquisição.
A oferta, em caráter não vinculante, partiu da Sun Hung Kai Properties (SHPK), uma das maiores incorporadoras da Ásia, com atuação, principalmente, em Hong Kong e na China, onde ergue prédios residenciais para venda, além de possuir dezenas de escritórios, shopping centers e hotéis para obter renda com aluguéis.
Procuradas pelo Estadão/Broadcast, nenhuma das duas empresas quis conceder entrevista, mas o fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) traz detalhes sobre a proposta.
A oferta, revelada pela PDG Realty na noite de quarta-feira, 19, prevê a aquisição da totalidade das ações de emissão da companhia, com valor máximo de US$ 29,6 milhões, ou US$ 0,017 por ação.
Considerando uma taxa de câmbio de R$ 5,80, o valor máximo do negócio seria de R$ 171,680 milhões, correspondendo a R$ 0,0985 por ação. Os valores poderão ser ajustados após um processo de due diligence (investigação para avaliar os riscos da transação antes de fechar o negócio).
Por sua vez, a PDG tem valor de mercado de apenas R$ 1,5 milhão, com ações cotadas a R$ 0,02 (após oferta, dobraram de valor). Com tantos passivos, seu patrimônio líquido é de R$ 3,3 bilhões negativos.
A empresa brasileira tem oito canteiros paralisados dos tempos da recuperação judicial, encerrada em 2021. De lá para cá, ela luta para retomar lançamentos, o que é difícil pela falta de crédito na praça e pela desconfiança de consumidores com a marca. Nos últimos anos, fez apenas dois lançamentos. Em 2024, apurou vendas líquidas de R$ 116 milhões e um prejuízo de R$ 410 milhões (dados até setembro).
No fato relevante, a PDG destaca que se trata de proposta não solicitada apresentada sem qualquer contato prévio entre a administração da companhia e o remetente da proposta.
“A administração da companhia ressalta que providenciou a imediata publicidade da proposta, haja vista a natureza do assunto, e tentará contato com o remetente para obter detalhes sobre os termos e condições propostos”, diz a PDG.
Qual é o tamanho da interessada na PDG
Para se ter uma ideia de grandeza, as vendas contratadas de imóveis da SHPK foram equivalentes a R$ 27,5 bilhões no ano fiscal de 2023-2024, conforme mostra seu balanço. Isso dá mais que “duas” Cyrelas, maior do ramo no Brasil, cujas vendas totais no último ano foram de R$ 12,6 bilhões.
Se contar os shoppings, por exemplo, é maior que a Allos, grupo brasileiro que nasceu da fusão entre BrMalls e Aliansce. Neste momento, por exemplo, a SHPK está construindo um complexo com torres corporativas e shopping anexo à Estação West Kowloon, que liga Hong Kong à China pelo trem de alta velocidade. A estação é famosa pelas formas curvas do seu teto, onde foram plantadas árvores e com acesso ao público.
O grupo faz também obras de infraestrutura e tem subsidiárias no setor de telecom: uma operadora (SmarTone) e uma empresa de data centers (SUNeVision).
Quais são os motivos apresentados pela SHKP
Já a SHKP destaca, na proposta, que está engajada em uma forte campanha de internacionalização, fundamentada em um histórico de aquisição e reestruturação de empresas em dificuldades.
“Após uma avaliação preliminar dos documentos disponíveis através dos canais oficiais, bem como uma análise detalhada das informações financeiras e do portfólio imobiliário — com especial atenção ao land bank no Estado de São Paulo —, concluímos que a PDG Realty ainda possui bons ativos em seu balanço patrimonial e um potencial considerável para futuros lançamentos”, destaca a SHKP.
“Mesmo que a empresa esteja passando por um momento difícil, entendemos que o pior já ficou para trás, e os ativos atuais, alinhados à marca reconhecida e capacidade de execução, estão em sinergia com o atual momento da SHKP”, afirma o diretor de fusões e aquisições, Chen Wei, no documento.
“Nossa experiência em fortalecer estruturas de capital e retomar lançamentos com alta qualidade tem possibilitado a maximização do valor dos ativos e a liberação de significativas oportunidades de crescimento”, diz
Por que a oferta é incomum
A movimentação é incomum por vários aspectos. Primeiro porque a compra de incorporadoras é algo raro no Brasil. A maioria dos empresários entende que faz mais sentido adquirir os terrenos por conta própria e montar uma boa equipe de projetos em vez de se unir a outra empresa que pode carregar passivos de obras e vendas mal realizadas no passado.
O setor tem um ciclo longo desde a abertura do estande até a entrega da obra, e os problemas, como rescisões de vendas ou defeitos construtivos, costumam estourar só com o passar do tempo. A própria PDG Realty foi constituída a partir da compra e consolidação de três outras empresas, e o negócio saiu mal.
O segundo ponto é que o mercado imobiliário exige muito conhecimento local, passando pelas regras de licenciamento que variam a cada prefeitura, até a definição de qual é o melhor empreendimento para cada localização e público. Essa foi uma das maiores lições do passado.
Depois que as incorporadoras fizeram as primeiras ofertas de ações em Bolsa e se capitalizaram, nos idos de 2005 a 2010, houve uma corrida desenfreada para compra de terrenos. Tempos depois, muitos projetos não se mostraram viáveis.
Então, por que uma empresa estrangeira decidiu comprar uma incorporadora local, ainda mais a PDG, que carrega passivos?
Um analista de mercado imobiliário de um grande banco, que preferiu ficar no anonimato pelas regras de compliance, respondeu que não via “racional” por entender que construção seja um business local, “impossível estrangeiro tocar bem”. Na sua avaliação, tocar esse tipo de negócio requer “conhecer as esquinas de cada praça” e ter “boots on the ground (pé na lama)”.
Outro analista, com mesmo perfil, avaliou que, do “lado bom”, a empresa asiática largaria com toda a estrutura de uma empresa por um preço relativamente barato. Do “lado ruim”, entende que ela levaria junto todos os passivos, como dívida, obras atrasadas, contingências, disputas judiciais, entre outras, “que geralmente tornam o negócio inviável”.
Um terceiro analista ponderou que a empresa asiática talvez busque o negócio como forma de entrar no Brasil com uma marca conhecida. Segundo ele, parece ser um caso de pagar muito pouco para comprar uma empresa que já foi a maior do Brasil. Além disso, observa que a PDG seria um caso mais de reestruturação de passivos do que operacional.
Portal Fator Brasil - RJ 21/02/2025
Imagine um país com mais de oito mil quilômetros de costa e uma infinidade de oportunidades navegando diante dos olhos. Pois bem, esse país é o Brasil, e a cabotagem, uma joia logística pouco explorada, tem o poder de revolucionar nossa economia. Trata-se de um gigante ainda adormecido, mas que, aos poucos, acorda para sua verdadeira vocação.
Atualmente, 58 empresas operam nesse setor. Onze delas possuem uma frota de 99 navios que, juntos, transportam impressionantes 2,5 milhões de toneladas. Mas os números por si só não contam a história completa. A verdade é que, além de ser eficiente, a navegação costeira é também sustentável, uma vez que emite quatro vezes menos CO2 do que o transporte rodoviário, por exemplo. E o que isso significa? Que poderíamos aliviar as rodovias, reduzir acidentes e, ao mesmo tempo, impulsionar negócios de Norte a Sul do país.
Pense em um microempreendedor do Sul que quer vender seus produtos no Norte. Antes, os custos tornavam essa jornada quase impossível. Agora, com a cabotagem, as transações comerciais ganham uma nova perspectiva. Segundo o Plano Nacional de Logística e Transportes, os fretes podem ser reduzidos em até 62% com essa modalidade, algo que pode ser um divisor de águas para os negócios.
Além disso, a navegação costeira não se limita a grandes empresas. Do pequeno ao grande empreendedor, todos podem se beneficiar de um transporte porta a porta, seguro e competitivo. O risco de acidentes e roubos diminui consideravelmente, visto que os números provam isso: há cerca de 17 mil acidentes com veículos de carga registrados nas rodovias federais e mais de 18 mil roubos de mercadorias contabilizados até 2018, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal. Já no mar, o tráfego segue tranquilo, eficiente e previsível.
A cabotagem não chega para substituir ninguém. Pelo contrário. Todos os modais são essenciais para a logística do país. O segredo está em utilizar cada um no momento certo e na rota correta. Inclusive, é justamente aqui que a cabotagem brilha, afinal o Brasil é um país de dimensões continentais e, com isso, interligar cidades e estados de forma eficiente e sustentável não é luxo, mas sim necessidade.
Felizmente, as condições para que essa revolução aconteça são favoráveis. Nosso clima permite a navegação ao longo do ano todo, e os investimentos em portos e infraestrutura já começam a sair do papel. Programas como a BR do Mar incentivam o setor privado a apostar nesse modal, tornando o futuro mais promissor.
Nos próximos anos, veremos a modernização e a expansão dos portos, ampliando a interconexão entre os diferentes modais e facilitando o fluxo de mercadorias pelo país. No entanto, para que essa transformação aconteça de fato, precisamos de algo fundamental, isto é, uma mudança de mentalidade. Os tomadores de decisão precisam olhar para a navegação costeira como uma aliada estratégica. Lembrando que não basta enxergar o óbvio, é preciso agir.
Se quisermos um Brasil mais eficiente, sustentável e competitivo, precisamos repensar nossa logística. A cabotagem é uma oportunidade clara de alinhar nosso modelo de transporte às nossas vocações naturais e a hora de fazer isso acontecer é agora.
• Por: Fabian Lavaselli, diretor comercial e de atendimento ao cliente da Norcoast, onde lidera iniciativas comerciais focadas na excelência e satisfação do cliente. Com mais de 20 anos de experiência internacional em logística, Fabian tem um histórico comprovado de liderança de equipes e gestão de projetos em diversos países da América Latina. O executivo possui mestrado em gestão de projetos e fusões e aquisições, além de várias certificações de instituições renomadas. Fabian também é especialista em plataformas digitais para logística B2B, trazendo inovação e eficiência para a empresa.
Portos e Navios - SP 21/02/2025
O Ministério de Portos e Aeroportos e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) retomaram o projeto de concessão do Terminal de Contêineres Santos 10 (Tecon Santos 10), com o objetivo de transformar o Porto de Santos (SP) em um hub portuário para toda a América Latina. A Antaq abriu nesta quinta-feira (20) a Audiência Pública 02/2025 para aprimorar os documentos técnicos e jurídicos do certame licitatório, com prazo para contribuições até 24 de março de 2025.
O projeto do Tecon Santos 10 foi reestruturado e prevê investimentos de R$ 5,6 bilhões ao longo de 25 anos, incluindo melhorias na área arrendada e em áreas comuns do porto, como dragagens para ampliar a área de manobra e os berços de atracação. A expectativa é que o novo terminal aumente a capacidade do Porto de Santos em 50%.
A iniciativa faz parte de um conjunto de medidas estratégicas para o porto, como a concessão do canal de acesso e a construção do túnel subaquático entre Santos e Guarujá. Com um megaterminal moderno e de alta capacidade, o projeto busca consolidar o Porto de Santos como um centro logístico de referência na América Latina. Os documentos da consulta pública estão disponíveis no site da Antaq, e as contribuições podem ser enviadas exclusivamente por meio de formulário eletrônico até 23h59 do dia 24 de março de 2025.
Valor - SP 21/02/2025
Segundo a empresa, estes contratos responderam por 30% da produção nacional
Os contratos do regime de partilha do pré-sal registraram em 2024 uma produção total de 370,6 milhões de barris de petróleo, o que corresponde a um crescimento de cerca de 15% em relação a 2023, informou a Pré-Sal Petróleo (PPSA), em comunicado.
Segundo a PPSA, estes contratos responderam por 30% da produção nacional. O campo de Búzios foi o principal produtor no regime de partilha, com 193,79 milhões de barris de óleo, seguido de Mero, com 91,38 milhões de barris, e Sépia, com 33,67 milhões de barris.
"Ao longo do ano, oito contratos produziram óleo em regime de partilha com 66 poços e 14 plataformas, sendo que o FPSO Marechal Duque de Caxias entrou em produção em 2024", disse a PPSA, em comunicado.
Os campos dos contratos de partilha produziram 1,33 bilhão de metros cúbicos (m³) de gás natural, uma alta de 55% em relação ao ano anterior. Ainda de acordo com a PPSA, o campo de Búzios foi responsável por cerca de 80% desse volume (1 bilhão de m³), seguido de Sapinhoá (149 milhões de m³) e Sépia (82 milhões de m³).
Parcela da União
Do total extraído nos campos do pré-sal em 2024, a União teve direito a uma produção de 27,9 milhões de barris, o que inclui o óleo das áreas não contratadas (campos que não estão sob contrato de concessão, cessão onerosa ou partilha) de Atapu, Mero e Tupi. A parcela da União é 65% acima do apurado em 2023, quando foram produzidos 16,9 milhões de barris.
Neste caso, mais da metade da produção da União veio do Campo de Mero (17,39 milhões de barris), que opera hoje com quatro navios-plataformas (FPSO, na sigla em inglês).
Na sequência, estão os campos de Búzios, com 3,08 milhões de barris, e Entorno de Sapinhoá (2,97 milhões de barris).
"Desde 2017, a União acumula um total de 69,21 milhões de barris de óleo produzidos", observou a PPSA.
Produção em dezembro
Em dezembro de 2024, a parcela de óleo da União atingiu novo recorde mensal de produção, com 118 mil barris por dia (barris/dia), o que inclui a produção dos contratos de partilha e das áreas não contratadas de Atapu e Tupi.
O volume supera o recorde de 104 mil barris/dia registrados em outubro do ano passado.
"Em dezembro, a União teve direito a 201 mil m³ de gás natural por dia em cinco contratos de produção e no AIP de Tupi" ressaltou a PPSA.
A produção média dos campos dos contratos de partilha em dezembro foi e 1,078 milhão de m³/dia, 2% abaixo do verificado em novembro, por causa de paradas programadas nos FPSOs P-75 e Cidade de São Paulo, respectivamente, em Búzios e Sapinhoá.
Mero foi o maior produtor do pré-sal, com 418,18 mil barris/dia, seguido de Búzios, com 410,97 mil barris/dia.
Contratos de partilha
No contrato de partilha de produção, o Estado brasileiro é proprietário do petróleo e gás natural produzidos em áreas do pré-sal, de modo que as petroleiras atuam como operadoras. A PPSA é a responsável pela gestão dos contratos no regime de partilha.
Nos leilões passados e na chamada oferta permanente de partilha (OPP), as petroleiras disputam áreas no pré-sal e o critério para vitória é da oferta à União do excedente em óleo.
Excedente em óleo é a parcela da produção de petróleo e/ou gás natural a ser repartida entre a União e a empresa vencedora, segundo critérios definidos no contrato e o percentual ofertado na rodada.
Área não contratada
É uma jazida que está fora de uma área sob contrato. Quando um campo de petróleo inclui jazida que está dentro de uma área não contratada, é necessário os titulares dos direitos de exploração e produção das áreas adjacentes firmem com a União, o chamado "acordo de individualização de produção", para o desenvolvimento e produção de uma jazida compartilhada.
A União, por meio da PPSA, é a representante dessas áreas não contratadas.
Petro Notícias - SP 21/02/2025
O presidente Lula prometeu em um evento, no Amapá, que o governo daria gás de graça à população. Mas, pelo jeito, vai ser uma promessa que vai demorar a acontecer. A menos que a Petrobrás pague pelo gás e dê para o governo doar. Hoje (20) mesmo, a empresa anunciou que assinou um contrato de compra e venda de Gás Natural Liquefeito (GNL), de longo prazo, com a companhia britânica Centrica. A companhia justifica esta compra com o argumento de que este acordo é um passo importante na estratégia da empresa: “reduz a exposição aos preços spot, aumenta a competitividade e garante maior segurança de suprimento de gás natural ao Brasil.” O incrível é ver que a empresa brasileira tem reservas gigantescas de gás sem aproveitar, porque não consegue extrair e mandar para terra o suficiente, apesar de ter construídas duas UPGNs no Rio de janeiro e o gasoduto Rota 3. Resultado, acaba tendo que comprar de uma empresa inglesa, que enfrenta a queda acentuada de produção no Mar do Norte, sua origem. Com certeza, os britânicos também precisarão buscar o gás no mercado. Com a Bolívia não há mais segurança; com a Argentina, é preciso esperar que venha de Vaca Muerta.
O contrato prevê a compra pela Petrobrás de 0,8 milhão de toneladas por ano (mtpa) de GNL por 15 anos. O suprimento será feito a partir do portfólio da Centrica, incluindo as plantas de liquefação Sabine Pass e Delfin LNG. O acordo está sujeito à tomada de Decisão Final de Investimentos do projeto Delfin LNG, atualmente em desenvolvimento pela Delfin Midstream. “O contrato com a Centrica está alinhado às prioridades da Petrobrás de reduzir a sua exposição à volatilidade do mercado spot, aumentar a competitividade e ser a melhor opção nesse segmento para a composição do portfólio dos clientes. Também consideramos a contribuição desse importante insumo para a promoção da transição energética“, explica o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim.
Chris O’Shea, CEO do Centrica Group, disse que “A Centrica investe para fornecer as soluções de segurança energética, eficiência e descarbonização que nossos clientes precisam. Este acordo demonstra a nossa abordagem para construção de parcerias de longo prazo, ao mesmo tempo em que reduz o risco da exposição do nosso portfólio a médio prazo.” A fornecedora é uma das principais empresas globais de energia, com sede no Reino Unido. A companhia tem como foco o fornecimento de gás natural, eletricidade e serviços relacionados para clientes residenciais, comerciais e industriais em diversos países.
TN Petróleo - RJ 21/02/2025
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou, nesta terça-feira (18/2), a inclusão dos blocos Hematita, Siderita, Limonita e Magnetita para a licitação em regime de partilha de produção, no sistema de Oferta Permanente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Para esses blocos, a expectativa de arrecadação governamental é de mais de R$ 522 bilhões durante a vida útil dos projetos, dos quais R$ 923 milhões em bônus de assinatura, que podem ser arrecadados ainda em 2025, e previsão de R$ 511 bilhões em investimentos no período. A Presidente Interina da PPSA, Tabita Loureiro, participou da reunião, junto com Lucas Ribeiro, Chefe de Gabinete da Presidência e Artur Watt, Consultor Jurídico da empresa.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que a decisão reforça a estratégia de garantir segurança energética ao país. “A inclusão desses blocos no regime de partilha é um passo estratégico para assegurar a regularidade dos leilões de petróleo, garantindo investimentos robustos, geração de empregos e recursos expressivos para a União. É mais uma entrega do programa Potencializa E&P, que demonstra o compromisso do governo federal em ampliar oportunidades no setor e assegurar o abastecimento energético do Brasil”, afirmou.
Os quatro blocos estão localizados no polígono do pré-sal, especificamente na Bacia de Campos, localizada nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Eles se juntam aos outros vinte e quatro blocos já autorizados pelo CNPE anteriormente. Com isso, existe a possibilidade de que o próximo leilão, previsto para junho, seja o maior já realizado no regime de partilha de produção em quantidade de blocos disponíveis.
InfraRoi - SP 21/02/2025
O Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), homologou as licitações para a execução de obras que visam melhorar a infraestrutura rodoviária do Estado. No total, serão investidos R$ 282,9 milhões na execução de 92,78 quilômetros de rodovias, garantindo mais segurança e desenvolvimento regional no MS.
Uma das licitações homologadas foi a da implantação e pavimentação da rodovia MS-347, obra que contempla a execução do trecho que interliga o limite municipal entre Dois Irmãos do Buriti e Anastácio até a entrada da BR-419, abrangendo o subtrecho entre o km 75,46 e o km 106,64. Serão 31,18 km de intervenção e um investimento total de R$ 151 milhões.
A outra obra homologada é a restauração do pavimento com melhorias para adequação da capacidade e segurança da rodovia MS-436. O trecho contemplado abrange da entrada da BR-060 até o limite municipal entre Camapuã e Figueirão, somando 61,60 km de extensão e investimento total de R$ 131,86 milhões.
Investimento do MS em rodovias deve impulsionar economia
Os processos de homologação fazem parte do plano de desenvolvimento do Governo de Mato Grosso do Sul, que enxerga no investimento na malha viária como forma de impulsionar a economia e garantir mais qualidade de vida à população sul-mato-grossense.
Com as intervenções, será possível otimizar o fluxo logístico e promover maior integração entre os municípios, beneficiando diretamente moradores, produtores rurais e transportadores. Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Seilog), essas obras representam um avanço significativo para a infraestrutura do Estado para proporcionar melhorias essenciais para o escoamento da produção e mais segurança para os motoristas.