Clipping Diário

23 | Janeiro | 2025

SIDERURGIA

Portal Fator Brasil - RJ   23/01/2025

Para discutir tendências políticas e econômicas globais. Maior empresa brasileira produtora de aço estará presente pelo segundo ano consecutivo no evento que reúne as principais lideranças políticas e empresariais na Suíça; Companhia estará também na Brazil House, onde o CEO Gustavo Werneck falará sobre futuro dos negócios.

A Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, retorna ao Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), que acontece em Davos, Suíça, entre os dias 20 e 24 de janeiro(segunda a sexta-feira). Em sua 55ª edição, o evento reunirá a elite empresarial, CEOs, chefes de Estado e representantes da sociedade civil de diversos países para debater o tema “Colaboração para a Era Inteligente”, além de outras tendências para a economia e a política global.

Em segunda participação no evento, os executivos da Gerdau acompanharão discussões e debates alinhados à temática principal do fórum e que se aprofundam em novos tópicos. Este ano, os painéis abordarão temas como a reimaginação do crescimento econômico; o papel das indústrias na era inteligente; o investimento em pessoas e o desenvolvimento do capital humano; a proteção ao planeta e o avanço nos sistemas energéticos; e a reconstrução da confiança, com o objetivo de ampliar a colaboração internacional e mitigar os efeitos do protecionismo. O objetivo do Fórum é explorar as implicações da convergência tecnológica para as sociedades, economias e o planeta.

Para Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, retornar ao Fórum Econômico Mundial é uma oportunidade de reafirmar o compromisso da empresa em contribuir com soluções para os desafios da sociedade. —A Gerdau completará 124 anos de história poucos dias antes do início do Fórum, e para nós, estar presente no primeiro grande encontro global do ano, onde se discutem questões que vão reger o ano é muito importante. Além disso, Davos é um ponto de encontro acolhedor para a criação de novas conexões, que nos inspira a continuar nossa jornada como protagonistas nas regiões em que atuamos, sempre visando moldar um futuro melhor — afirma.

Pela primeira vez, o Brasil terá um espaço exclusivo no Fórum Econômico Mundial, a Brazil House, localizada na Promenade, a principal rua da cidade. Organizada pelo BTG Pactual, em parceria com diversas empresas, incluindo a Gerdau, o espaço será um ponto estratégico para encontros entre lideranças das iniciativas privada e pública, com o objetivo de fortalecer o papel do Brasil no cenário global de negócios.

Na Brazil House, o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, falará em um painel sobre o “Capital Cibernético e Capital Moral – Dois Grandes Desenvolvimentos no Futuro dos Negócios”, que também conta com a presença de Subramanian Rangan, professor de estratégia e gestão do Insead Business School. O painel ocorrerá no dia 22 de janeiro (quarta-feira), às 11h15 (horário local).

IstoÉ Dinheiro - SP   23/01/2025

A promessa de elevação de tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve aumentar as restrições para as exportações brasileiras não apenas de produtos siderúrgicos, mas possivelmente também de sucos e de carnes. A avaliação é do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta quarta-feira, 22, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

“Nesse cenário, além de produtos de siderurgia, lobbies protecionistas podem demandar restrições para sucos e carne. No caso de petróleo, não é claro se a promessa de aumentar a exploração do petróleo no território dos Estados Unidos será acompanhada de restrições, pois o preço aumentaria. A imprevisibilidade de Trump cria um cenário desfavorável para as transações comerciais”, apontou a FGV.

No ano passado, as principais commodities brasileiras exportadas para os Estados Unidos foram: o petróleo bruto (participação de 14% no total das exportações brasileiras para o país); semimanufaturados de ferro ou aço (8,8%); café (4,7%); óleos combustíveis (4,3%); celulose (4,2%); ferro gusa (4,4%); sucos (3%) e carne (2,3%).

A FGV lembra que o governo Trump ainda não anunciou o pacote de tarifas de importações, mas uma elevação tem potencial para pressionar a inflação e valorizar o dólar. Para o Brasil, um eventual tarifaço americano poderia “trazer mais dificuldades” para o controle da inflação e da desvalorização do real ante o dólar.

“Ademais, como já mencionado, a imprevisibilidade do presidente Trump em relação à questão do pacote tarifário traz custos para o comércio internacional. Quanto à China, é preciso esperar para observar quais serão as medidas protecionistas que além de tarifas devem incluir restrições às empresas”, observou a FGV.

A balança comercial brasileira encerrou o ano de 2024 com um superávit de US$ 74,6 bilhões, ante um saldo positivo de US$ 98,9 bilhões em 2023. O superávit mais brando foi resultado de um recuo de 0,8% no valor exportado acompanhado de um aumento de 9,0% no valor importado. O volume exportado cresceu 2,8% em 2024 ante 2023, enquanto os preços caíram 3,4%. Já o volume importado aumentou 15,8% em 2024 ante 2023, enquanto os preços encolheram 5,8%.

Na passagem de 2023 para 2024, o volume exportado pela indústria extrativa cresceu 6,8%, o da indústria da transformação avançou 3,2%, e o da agropecuária caiu 1,4%. O volume importado da agropecuária cresceu 31,6% em 2024, o da indústria de transformação aumentou 16,3%, e o das extrativas expandiu 5,9%.

“O aumento no volume importado de máquinas e equipamentos e de bens intermediários na indústria de transformação comparado com os resultados para a agropecuária atesta a melhora do desempenho da indústria, em 2024”, ressaltou a FGV.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   23/01/2025

Quando o presidente dos EUA, Donald Trump, não cumpriu sua promessa de impor imediatamente novas tarifas em seu primeiro dia no cargo, executivos de empresas que atuam no comércio internacional deram um suspiro de alívio.

Esse alívio durou pouco. Na segunda-feira à noite, 20, poucas horas após seu discurso de posse, Trump disse que planejava aplicar uma tarifa de 25% sobre produtos do Canadá e do México a partir de 1º de fevereiro, alegando que os países estavam permitindo que “grandes números de pessoas e fentanil (um opioide)” entrassem nos Estados Unidos.

Na terça-feira à noite, 21, Trump disse que também aplicaria uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses até a mesma data, acusando a China de enviar fentanil para o México e o Canadá, que então cruzaria para os Estados Unidos.

As ameaças de Trump deixam menos de 10 dias para que impostos significativos entrem em vigor nos três maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos, uma medida que pode desorganizar as relações diplomáticas americanas e as cadeias de suprimentos globais.

México, China e Canadá respondem por mais de um terço dos bens e serviços importados ou comprados dos Estados Unidos, sustentando dezenas de milhões de empregos americanos. Juntos, os países compraram mais de US$ 1 trilhão em exportações dos EUA e forneceram quase US$ 1,5 trilhão em bens e serviços em 2023, ano dos dados governamentais mais recentes.

Embora as tarifas tenham sido usadas há muito tempo pelos EUA como punição por práticas comerciais desleais, o primeiro uso delas por Trump visa a um resultado totalmente diferente: reforçar as fronteiras americanas contra imigrantes e drogas ilegais.

Essas metas podem significar que as tarifas de Trump têm menor probabilidade de entrar em vigor — ou que maior probabilidade de serem removidas se entrarem em vigor. Isso contrasta com outras tarifas que sua equipe está planejando, que buscariam reordenar as cadeias de suprimentos globais e aumentar a receita para o governo.

Também não está claro a quais produtos as tarifas se aplicariam se fossem impostas. Uma pessoa familiarizada com as deliberações do governo Trump disse que eles estavam considerando tarifas sobre todas as importações desses países, bem como analisando tarifas sobre bens específicos, como carros, aço e alumínio. O governo Trump não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Os mercados de ações ignoraram as declarações tarifárias de Trump e fecharam na terça-feira, 21, em níveis quase recordes.

Autoridades do Canadá, do México e da China têm trabalhado para elaborar listas de produtos americanos sobre os quais poderiam impor suas próprias tarifas em retaliação, caso Trump decida seguir em frente.
Respostas dos vizinhos sugerem que ameaças funcionam

Eles também estão respondendo a Trump de maneiras que sugerem que suas ameaças de tarifas estão funcionando. Os governos canadense e mexicano em particular têm se apressado para tentar impedir tarifas, despachando funcionários para tranquilizar a equipe de Trump de que eles estão tentando abordar suas preocupações.

O governo mexicano vem expandindo os esforços de dissuasão da migração e aumentando as apreensões de opioides ilícitos. O Canadá também comprometeu novos recursos para patrulhar sua fronteira, incluindo a implantação de dois novos helicópteros Blackhawk e a compra de 60 drones feitos nos EUA para vigiar a fronteira.

O Departamento de Imigração do Canadá disse que nos últimos dois meses as travessias irregulares de migrantes caíram 86%, um subproduto de um endurecimento de suas regras de visto. As travessias ilegais na fronteira EUA-México estão perto de uma baixa de quatro anos .

Não está claro se o governo chinês tomou alguma nova medida em resposta às recentes ameaças tarifárias de Trump, mas o presidente americano disse que discutiu a questão do fentanil, bem como temas comerciais, em um telefonema na sexta-feira passada, 17, com o líder chinês Xi Jinping.

O governo chinês assumiu compromissos com os Estados Unidos, tanto durante os governos Trump quanto Biden, para conter as exportações de fentanil. Durante o primeiro mandato de Trump, a China introduziu uma proibição ao fentanil e começou a coordenar esforços com os Estados Unidos para capturar traficantes. Em 2023, Xi e o ex-presidente Joe Biden concordaram com uma série de conversas bilaterais sobre narcóticos após se encontrarem em Woodside, Califórnia.

Questionada se os Estados Unidos e a China haviam conversado sobre a possibilidade de tarifas de 10% sobre produtos chineses, Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse em uma entrevista coletiva em Pequim nesta quarta-feira, 22, que a China estava “disposta” a se comunicar com os Estados Unidos para expandir a cooperação e administrar as diferenças entre os dois países.

“Nós sempre acreditamos que não há vencedor em uma guerra tarifária ou comercial”, ela acrescentou. “Nós sempre salvaguardaremos firmemente nossos interesses nacionais.”

Em uma audiência de confirmação do Senado na semana passada, Scott Bessent, o indicado para secretário do Tesouro, listou três razões principais pelas quais a administração Trump pode implementar tarifas. Algumas podem ter como objetivo remediar práticas comerciais desleais, enquanto outras podem aumentar a receita para o orçamento federal.

Ele acrescentou que Trump, como um negociador habilidoso, havia “adicionado um terceiro uso de tarifas”. Tarifas poderiam ser usadas para negociações, inclusive para o México na crise do fentanil, ele disse.

Douglas A. Irwin, historiador econômico do Dartmouth College, disse que houve alguns casos na história em que líderes dos EUA vincularam ações comerciais a objetivos não relacionados ao comércio — como o presidente Nixon condicionando o retorno de Okinawa ao Japão à adoção de restrições à exportação de têxteis — mas que Trump foi “muito aberto e transacional em sua abordagem”. “É bem único e incomum”, disse ele.
Preocupação nos dois lados da fronteira

Empresários expressaram preocupação com a perspectiva de novas tarifas. Economistas estimaram que uma tarifa de 25% sobre produtos do Canadá e do México poderia encolher o tamanho da economia dos EUA em centenas de bilhões de dólares, bem como potencialmente anular o acordo comercial entre os três países, que exige que seus membros se abstenham de tais movimentos.

As economias do México e do Canadá em particular são intimamente integradas à economia dos EUA. As cadeias de suprimentos para vários bens vão de um lado para o outro através das fronteiras americanas, viajando entre campos, fábricas e lojas em cada país à medida que são transformadas de matérias-primas em produtos acabados.

“Os desafios da cadeia de suprimentos que enfrentamos nos últimos anos parecerão brandos em comparação ao que está por vir”, disse Jonathan Colehower, diretor administrativo de gestão global da cadeia de suprimentos da UST, uma empresa de consultoria.

As ameaças tarifárias relembram incidentes durante o primeiro mandato de Trump. Na primavera de 2019, ele prometeu fechar a fronteira dos EUA com o México, então ameaçou tarifas de 5% sobre todos os produtos mexicanos, que aumentariam para 25% a menos que o país contivesse o fluxo de migrantes e requerentes de asilo. Nada disso se concretizou.

Veja - SP   23/01/2025

Reflexos das mudanças econômicas promovidas por Donald Trump já são percebidos em Brasília. Empresários brasileiros passaram a cobrar do governo Lula iniciativas de defesa no comércio com China. Querem aumento na taxação das importações de alguns produtos industriais chineses — entre eles, químicos e sideríurgicos.

É resultado preliminar e colateral da nova política comercial dos Estados Unidos. Depois da posse, na segunda-feira (20/1), Trump assinou decreto para revisão de todas as exportações para o mercado americano da China, classificada como “rival geopolítico”, e, também, de países considerados como competidores comerciais estratégicos em segmentos econômicos específicos, caso do Brasil em algumas matérias-primas e produtos industriais.

Ele autorizou a criação de um Serviço de Impostos Externos (ERS, na sigla em inglês) para centralizar a arrecadação todo tipo de taxas vinculadas ao comércio que julga “injusto e desequilibrado” com os Estados Unidos.

O objetivo, na prática, é restringir o acesso da China ao mercado e à tecnologia desenvolvida nos EUA, e, ao mesmo tempo, empurrar outros países à execução de políticas setoriais que provoquem aumento de custo dos produtos chineses em relação ao padrão americano.

O “efeito Trump” no Brasil foi automático em alguns setores industriais. Empresas de química e de siderurgia intensificaram a pressão sobre o Ministério da Indústria e do Comércio para liquidar o regime de cotas de importação, adotados recentemente. Querem substituí-los por aumentos lineares (acima de 25%) da taxação sobre todas as importações chinesas, inclusive na Zona Franca de Manaus. Temem eventuais prejuízos no acesso ao mercado americano.

No conjunto, as vendas do setor industrial brasileiro aos EUA somaram 32 bilhões de dólares no ano passado — equivalentes a 78% do valor total das exportações para o mercado americano.

As reações na indústria local à nova política comercial dos Estados Unidos sugerem uma equação política complexa para o governo Lula. Entre outras razões, porque na última década o país duplicou a sua dependência comercial da China, destino de um terço do valor total das exportações brasileiras no ano passado.

As vendas do Brasil ao mercado chinês somaram 104,3 bilhões de dólares em 2024. Foram 62% maiores que as realizadas para os para os EUA.

Exame - SP   23/01/2025

O investimento direto não financeiro da China no exterior (ODI) alcançou US$ 143,85 bilhões em 2024, registrando um aumento de 10,5% em comparação ao ano anterior. O valor foi divulgado pelo Ministério do Comércio chinês em 21 de janeiro e inclui um recorde de US$ 267,3 bilhões em novos contratos de projetos realizados por empresas chinesas no exterior.

De importador a exportador de capital: uma mudança estratégica

A China está consolidando sua transição de importador para exportador de capital, uma estratégia que reflete a busca por diversificação e oportunidades globais. Enquanto o investimento estrangeiro direto (FDI) na China enfrenta pressão de queda desde 2023, o ODI mantém sua trajetória de crescimento.

De acordo com a Ping An Securities, embora o fluxo de investimentos externos da China tenha atingido um pico em 2021, o país permanece líder global no setor. Entre 2019 e 2024, destinos como ASEAN, Estados Unidos e México se tornaram focos estratégicos, enquanto Hong Kong e Europa tiveram participações reduzidas.

Setores e regiões estratégicas do ODI chinês

A região da ASEAN tem sido um dos principais focos do investimento chinês, com destaque para setores relacionados à cadeia industrial e proximidade com a China. Já os Estados Unidos apresentam uma recuperação gradual no fluxo de capital, enquanto a Europa teve um leve declínio, exceto pelo aumento de investimentos no Reino Unido.

No âmbito setorial, os investimentos chineses têm priorizado:

Alta tecnologia: telecomunicações, manufatura avançada e saúde; Recursos naturais: mineração, petróleo e gás, energia elétrica e serviços públicos.

Esses movimentos refletem a estratégia de explorar novos mercados e fortalecer a presença global em setores estratégicos.

Indústria manufatureira: um destaque no ODI

Nos últimos anos, o ODI direcionado à indústria manufatureira cresceu de forma significativa, contrastando com o declínio do FDI na China. Países como Vietnã e México têm incentivado a internacionalização das empresas chinesas na área de manufatura, enquanto a participação do setor no PIB chinês diminui.

Essa dinâmica demonstra como as mudanças na demanda global e os novos polos industriais estão redirecionando a estratégia de investimentos do país. A China busca consolidar sua liderança global, aproveitando a expansão em setores de alto valor agregado e regiões de crescente importância econômica.

Exame - SP   23/01/2025

Apesar das ameaças fortes de Donald Trump em relação à China, uma nova guerra comercial entre os americanos e chineses ainda pode ser evitada, porque o republicano tem dado sinais de que está disposto a negociar.

A avaliação é de Robert Daly, diretor do Kissinger Institute on China and The United States, uma divisão do think tank Wilson Center, baseado em Washington. Trump, afinal, ainda não confirmou que implantará novas tarifas ao país asiático, que é hoje o segundo maior parceiro comercial dos EUA.

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Na terça, 21, o presidente americano disse que está avaliando colocar 10% de tarifas adicionais sobre produtos do país, a partir de 1º de fevereiro, mas ainda não oficializou a medida.

"A situação vai se desenrolar em fases. Vai se tentar chegar a um acordo, e depois se voltar a uma guerra comercial depois de algum tipo de pausa", disse Daly, durante um debate acompanhado pela EXAME.

"A China vê um caminho para um possível acordo agora. Eles vêm se preparando para um segundo governo Trump, eles têm protegido sua economia contra sanções da maneira que podem, ao desenvolver novos mercados, especialmente no Sul Global, e ao aumentar sua liderança em certas indústrias-chave, especialmente em energia verde.

Para Daly, a China tem visto sinais positivos nos últimos dias. "Trump disse que está interessado em ir à China em seus primeiros 100 dias. A China acredita muito em reuniões entre os líderes. Eles esperam que se ele for, há mais espaço para algum tipo de acordo", avalia.

Um acerto possível seria a China rever compromissos que assumiu durante o primeiro mandato de Trump, quando o país concordou com algumas medidas, como comprar mais produtos dos EUA, em troca da retirada de novas tarifas.

A China, no entanto, não cumpriu todos os compromissos feitos à época. Apesar disso, poderia assumir novas promessas em troca da suspensão das novas tarifas que Trump quer implantar.

Embate global

Um dos pontos ainda sem resposta é o quanto de fato Trump pretende confrontar a China no cenário global. A questão é se ele buscará de fato tentar superar o país asiático em outras áreas ou se contentará apenas em resolver o desequilíbrio da balança comercial.

Trump tem falado mais sobre ações domésticas, como conter a imigração, e em temas que envolvem países e territórios próximos, como Canadá, Panamá e Groenlândia.

"Isso dá à China grande esperança de que ele persiga uma agenda no hemisfério [Ocidental]. Assim, veríamos um acordo na frente econômica que também comportaria um acordo geoestratégico em direção à esferas de influência", diz Daly.

Mesmo que um acordo seja fechado, no entanto, Daly aponta que a China não deixaria de lado outros movimentos, como o de ganhar influência global, especialmente nos países do Sul, como o Brasil, e em buscar dominar algumas indústrias.

"A China tem um histórico muito variado na relação com a África e a América Latina. Muitos países ficaram com dívidas e destruição ambiental, mas houve investimentos chineses tremendos em novos negócios, hospitais e universidades. No Peru, eles acabaram de construir um grande porto de águas profundas. A questão é: onde nós [EUA] estamos?", disse Daly.

Diário do Comércio - MG   23/01/2025

Devido às concessões e parcerias público-privadas (PPPs), Minas Gerais receberá mais de R$ 100 bilhões em investimentos em infraestrutura entre este ano e 2031, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Nesse intervalo, segundo a entidade, o volume de empregos, diretos e indiretos, gerados no Estado chegará a 730 mil.

Um dos projetos que vai atrair aportes significativos é a concessão do trecho da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, cujo contrato foi assinado nessa quarta-feira (22) pelo governo federal e a concessionária Nova 381. A expectativa é que a companhia assuma, de fato, a operação no início de fevereiro.

A gestão da empresa está prevista para durar 30 anos, período em que terá que investir mais de R$ 9 bilhões na estrada. Já nos primeiros 24 meses, conforme antecipado pelo Diário do Comércio, o segmento receberá aproximadamente R$ 900 milhões em inversões que incluem, por exemplo, a recuperação do pavimento, bastante deteriorado atualmente.

Além da BR-381, outras concessões, como as de trechos das BRs-040 e 262 e do metrô de Belo Horizonte, e a PPP do Rodoanel Metropolitano serão responsáveis por alavancar e transformar a infraestrutura mineira no decorrer dos próximos sete anos. Somam-se a estes projetos, os investimentos em ferrovias e os aportes da União e do governo estadual.

O vice-presidente da Fiemg e presidente do Conselho de Infraestrutura da instituição, Emir Cadar Filho, destaca que é um momento único para Minas Gerais, com todos os planos saindo do papel ao mesmo tempo. Na avaliação dele, em uma década, Minas Gerais será totalmente diferente do que é no momento no que se refere a infraestrutura e mobilidade.

Acordo de Mariana e investimentos de prefeituras elevam valores

Cadar Filho ressalta que o acordo de reparação aos danos da tragédia de Mariana reserva recursos para infraestrutura e não fazem parte da estimativa de mais de R$ 100 bilhões em investimentos na área até 2031. De acordo com ele, os aportes dos municípios também não constam na somatória. Ou seja, os valores são superiores ao computado.

“Se pegarmos o montante investido pelas dez maiores cidades do Estado, os investimentos em obras de infraestrutura são de, no mínimo, R$ 5 bilhões ao ano, o que, em sete anos, totalizaria R$ 35 bilhões”, afirma. “Fora o que as prefeituras menores investem”, reitera.

Mão de obra é desafio para o Estado

Com o avanço da infraestrutura em Minas Gerais e o consequente aquecimento do mercado de trabalho, o Estado terá o desafio de atender à demanda por mão de obra qualificada.

Conforme Cadar Filho, haverá uma explosão de geração de empregos, algo positivo, porém, em paralelo, são serviços que precisam de profissionais capacitados, o que preocupa.

“A Fiemg e o Sicepot (Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais) estão realizando o movimento da escola da construção para poder treinar muita gente para poder ser contratado. É um papel importante nesse cenário”, salienta.

O projeto citado pelo executivo trata-se do desenvolvimento de cursos específicos para a construção pesada. Como resultado da parceria entre as entidades, está prevista para 2025, a inauguração da nova unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Betim, onde serão incluídos campos de treinamentos práticos para a formação de operadores de máquinas pesadas, além de diversos outros cursos com foco no setor.

BOL - SP   23/01/2025

Há uma clara assimetria na relação entre Brasil e Estados Unidos, com maior peso para os americanos. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, tanto em importações quanto em exportações. Já o Brasil é o nono país que mais importa dos EUA, e o 18º país que mais exporta para os americanos.

O presidente dos EUA Donald Trump disse nesta terça-feira (21) que são os brasileiros que precisam da economia americana. "Eles precisam de nós. Nós não precisamos deles. Todos precisam de nós", disse. Para especialistas ouvidos pelo UOL, é verdade que o Brasil precisa mais dos Estados Unidos do que eles precisam dos brasileiros, mas o papel do Brasil não deve ser desprezado.

Comércio entre Brasil e EUA

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o país teve uma participação de 12% nas exportações brasileiras e de 15,5% nas importações feitas pelo Brasil. Foram cerca de US$ 40,3 bilhões em exportações e US$ 40,5 bilhões em importações dos Estados Unidos no ano passado, segundo dados do governo brasileiro.

Relação comercial com os EUA cresceu no último ano. Em 2024, as exportações brasileiras para os Estados Unidos tiveram um crescimento expressivo de 9,2%. Já as importações cresceram 6,9%. Os Estados Unidos ficam atrás apenas da China, que é de longe o principal parceiro do Brasil, de onde importamos US$ 94,4 bilhões em 2024.

Brasil está em 18º lugar dentre os exportadores para os Estados Unidos. A importância do Brasil para os Estados Unidos é bem menor. O país foi o nono maior importador de produtos americanos em 2024 (até novembro), segundo dados do governo americano. Entre os exportadores, o Brasil cai para 18º lugar, atrás de países como Singapura, Malásia, Vietnã e Tailândia.

Brasil exporta petróleo bruto e importa máquinas. O principal produto exportado pelo Brasil para os Estados Unidos é petróleo bruto (14% das exportações em 2024). Seguido por produtos semiacabados de ferro e aço (8,8%), aeronaves (6,7%) e café não torrado (4,7%). Na outra ponta, o Brasil importou dos americanos principalmente motores e máquinas (15%), óleos combustíveis de petróleo (9,7%), aeronaves e suas partes (4,9%) e gás natural (4,1%).

Investimentos e turismo

Estados Unidos são o principal investidor estrangeiro no Brasil. Em 2022, os americanos respondiam por quase 30% do total de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, com um estoque de mais de US$ 228 bilhões. Já em 2023 o número de investimentos de empresas americanas anunciados no Brasil foi 50% maior que o anunciado em 2022, o que mostra que o interesse dos americanos no país vem crescendo. Os principais focos de investimento são tecnologia e economia verde. Os dados são de um estudo da Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) em parceria com a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

Brasil é o quinto país que mais envia turistas aos Estados Unidos. O Brasil enviou 1,5 milhão de turistas aos Estados Unidos em 2024 (dados até outubro). Com isso, é o quinto país de outro continente que mais enviou turistas aos EUA, segundo dados do governo americano. A conta não inclui Canadá e México. O Brasil fica atrás de Reino Unido, Índia, Alemanha e Japão.

Estados Unidos são o segundo país que mais envia turistas ao Brasil. Ainda assim, o número absoluto é um terço do número de brasileiros que visitaram os EUA. Até outubro de 2024, cerca de 572 mil americanos visitaram o Brasil, o que coloca o país em segundo lugar dentre os que mais enviaram turistas ao Brasil em 2024. O primeiro lugar fica com a Argentina, que enviou mais de 1,5 milhão de visitantes ao Brasil no ano passado.
A economia americana

Economia americana é de longe a maior do mundo. O PIB americano é de US$ 28 trilhões, enquanto o brasileiro é de US$ 2 trilhões, destaca o professor de relações internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan. "Se desconsiderar a China, cujo PIB é de cerca de US$ 19 trilhões, é preciso somar o PIB dos oito países seguintes e ainda não chegamos no PIB americano. Eles são o grande comprador do mundo, os mais ricos", diz.

Estados Unidos são muito mais importantes para o Brasil do que o Brasil para os EUA. Os dados evidenciam a assimetria existente na relação entre Brasil e Estados Unidos, com maior peso para os americanos, diz Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Estudos de Negócios Globais da FGV EESP.

Se analisar do ponto de vista econômico e geopolítico, é evidente que há uma assimetria que explica a declaração de Trump. Os EUA são muito mais importantes para nós do que nós para eles.
Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Estudos de Negócios Globais da FGV EESP

Tarifas de importação brasileiras são maiores que as cobradas pelos EUA. Segundo Ferraz, há hoje na relação Brasil-EUA uma assimetria tarifária. "As tarifas de importação brasileiras são muito maiores do que as que eles cobram de nós. Isso foi mencionado pelo Trump em campanha e o Brasil tem que estar atento a possíveis medidas protecionistas", diz.

Estados Unidos têm força para buscar substituição de produtos brasileiros. Para o professor da FGV, os produtos exportados pelo Brasil podem ser substituídos pelos EUA. "Para uma economia tão grande quanto a americana, é difícil ser zero a possibilidade de substituição. Não dá para ficarmos tranquilos e achar que temos produtos únicos que exportamos para os Estados Unidos", diz.
O papel do Brasil

Brasil é um aliado histórico e tem papel importante para empresas americanas. Ainda que a economia americana seja gigantesca, o Brasil tem papel importante na cadeia de produção de empresas americanas, que fabricam partes de seus produtos aqui. Dentre os setores nos quais o Brasil atua estão a indústria automobilística e a de equipamentos eletrônicos.

Empresários americanos que têm relações de negócios com o Brasil não repetiriam a frase de Trump. O Brasil tem um histórico de décadas de integração de cadeias produtivas e isso é muito importante para os dois lados. Ele poderia encontrar isso em outro lugar, mas pagaria mais caro e abriria mão de décadas de relacionamento. Seria um incômodo significativo.
Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais da ESPM

Trump já ameaçou taxar produtos estratégicos vindos do Brasil, mas voltou atrás. Em seu primeiro mandato, Trump ameaçou aumentar a taxação do aço e do alumínio vindos do Brasil. Os produtos estão entre os principais itens da relação comercial entre os dois países. Após conversa com o então presidente Bolsonaro, o republicano voltou atrás. Americanos têm interesse em investir em energia limpa e tecnologia no Brasil. Trevisan destaca também o interesse de investidores americanos em atuar no Brasil, e diz que, caso o país deixe de investir aqui, há o risco de o espaço ser ocupado pelos chineses. "Os americanos têm feito bons negócios aqui. Precisaria perguntar a eles se estão interessados em ficar longe do hidrogênio verde do Brasil e das cadeias de infraestrutura e telecomunicações. Se eles não entrarem, os chineses vão entrar, e os EUA não querem isso", diz.

Brasil pode aproveitar o momento para estreitar laços com outros países. Para Ferraz, da FGV, o momento de maior conflito comercial promovido por Trump pode gerar oportunidades para o Brasil. Um exemplo é a maior disposição da União Europeia para fechar um acordo com o Mercosul. Outros mercados que podem estar no radar do Brasil são Canadá e México. "Existem riscos, mas também podemos aproveitar esse momento e diversificar as nossas exportações e aumentar o acesso a novos mercados", diz.

MINERAÇÃO

Valor Investe - SP   23/01/2025

Cenário internacional de disputa entre China e EUA impacta preço do minério de ferro

Os papéis da Vale (VALE3) despencaram na bolsa nesta quarta-feira (22), fechando com queda de 2,52%, cotadas a R$ 52,76, perto das mínimas do dia. Na máxima do pregão, a ação chegou a ser negociada a R$ 54,29, enquanto o menor valor foi de R$ 52,42.

Na bolsa de Nova York, o recibos de ação (ADRs) também registraram desvalorização, mas menos intensa, recuando 1,2%, a US$ 8,87.

Segundo alguns operadores, a diferença vista no movimento das ações da Vale pode ter sido intensificada pela liquidação de papéis por parte de um vendedor relevante.

Nesta quarta, após nove pregões consecutivos de valorização, os contratos futuros do minério de ferro fecharam em queda na Bolsa de Dalian, na China.

A expectativa dos analistas é de que a commodity mantenha a volatilidade diante do possível cenário de batalha comercial entre China e Estados Unidos.

Os contratos para maio, os mais negociados, fecharam em queda de 0,44%, a 800,5 yuan (US$ 110,07) a tonelada.

Com informações do Valor PRO, serviço de notícia em tempo real do Valor Econômico.

O Estado de S.Paulo - SP   23/01/2025

O nível de incerteza no cenário global está elevado, e a expectativa é de mais volatilidade à frente dadas as medidas prometidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A avaliação é do executivo-chefe da Vale, Gustavo Pimenta, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, a primeira desde que assumiu o comando da mineradora em outubro do ano passado. A despeito da situação mais desafiadora, ele considera ainda haver espaço para a companhia avançar.

Para Pimenta, há fatores que ajudam a afastar o pessimismo em torno das questões geopolíticas. Além disso, mesmo com ofensiva do presidente americano em prol dos combustíveis fósseis e em detrimento do combate às mudanças climáticas, “os EUA seguiram implementando um volume enorme de energia renovável” e as grandes empresas não conseguirão se afastar demais da descarbonização - área que está no foco do executivo e da Vale.

O executivo destacou que, nos últimos anos, houve um movimento que definiu metas de descarbonização ultra-agressivas, mas, talvez, pouco realista. “Vários líderes estão percebendo que não é possível descarbonizar certas indústrias porque o custo é desproporcional.”

Confira, a seguir, a entrevista.

É sua primeira vez em Davos. Quais são as suas impressões, enquanto os olhos estão todos voltados para os Estados Unidos, com a volta de Donald Trump à Casa Branca?

Estão quase todos os presidentes de mineradoras aqui. A pauta deste ano fala muito sobre o conhecimento em uma era inteligente, tentando mostrar os benefícios da implementação e disrupção da transição da inteligência artificial. A segunda grande temática, que segue muito presente, apesar de todos os discursos, é a questão das mudanças climáticas e o que significa para os negócios. O que percebi foi um nível de compromisso bastante grande dos líderes desses negócios para essa agenda, o que me deixou otimista, porque é uma pauta importante para a Vale.

E quanto ao cenário macro?

O nível de incerteza dada a questão geopolítica é elevado. Por outro lado, o Brasil tem um posicionamento muito único de ser um país neutro. Pode capturar bastante oportunidade. Percebo muita gente falando de aproximação de Europa com Brasil e tanto os Estados Unidos quanto a China também olhando o Brasil com outro olhar.

Este ano, o Fórum está sendo pautado pela nova era Trump. E aqui há duas correntes, uma mais negativa e outra mais otimista. De qual lado o sr. está?

O Trump tem sido pragmático em várias das ações e cumprido com aquilo que diz, concordemos ou não. Se a gente olhar no primeiro governo dele, acredito que o segundo vai ser semelhante. Apesar de todas as discussões relativas, por exemplo, à saída do Acordo de Paris, os EUA seguiram implementando um volume enorme de energia renovável.
E no âmbito dos negócios?

No mundo empresarial, medidas de apoio, subsídios, sempre têm efeito. A trajetória (de descarbonização) vai seguir, talvez com menos apoio e mais volatilidade. Uma palavra que podemos esperar é volatilidade. Mas eu não estou negativo.

Por quê?

Apesar de todos os desafios e retórica, no geral, tem sinais positivos, porque as empresas estão seguindo as suas políticas, porque esses caminhos (rumo à descarbonização) são necessários. Companhias como a Vale, por exemplo, têm de ser mais resilientes no médio e no longo prazos, e a gente está aqui para operar em diferentes governos e modelos. O primeiro governo Trump teve um bom desempenho econômico, teve ali uma questão tarifária com a China, com o México, mas as economias avançaram. Eu não diria que estou otimista ou negativo. Tenho uma visão mais balanceada, que vamos seguir avançando, mesmo nesse cenário mais desafiador.
A China está no centro de tudo isso. Quais impactos o sr. vê?

Há visões muito distintas em relação ao futuro. Eu não acho que vai ser tão negativo. Uma das razões é que são duas economias enormes, extremamente interconectadas, inclusive, com enorme interesse americano na China. Quando a gente fala das relações, a Tesla, do Elon Musk, tem uma dependência e uma importância relativa grande em relação à China. Então, não acho que vai ser uma relação que deteriore tanto, vão ter setores estratégicos, mas a agenda do (presidente Joe) Biden já era protecionista.
Mas essa ameaça do Trump vem em um momento que a China tenta reaquecer a sua economia...

A China vem em um período de recuperação, mas ainda crescendo 5% com poder de ativar a economia. Tem capacidade de endividamento, política monetária para ser feita, eles conseguem baixar a taxa de juros, em um momento de deflação. Se a China tomar a decisão de incentivar a economia via fiscal tem um desafio menor, porque tem capacidade de absorver.
Qual o efeito para a Vale?

Para a Vale, é um cenário construtivo, não diria ultra otimista, mas construtivo.

Na agenda de descarbonização, o sr. mencionou que empresas globais estão reafirmando os seus compromissos. Como a Vale está posicionada?

Foi feito um movimento de definição de metas e objetivos ultra-agressivo, e talvez em alguns cenários, pouco realista, dada a realidade de algumas indústrias. Vários líderes estão percebendo que não é possível descarbonizar certas indústrias porque o custo é desproporcional.
Bancos estão saindo das iniciativas de financiamento climático. Já é um retrocesso?

Não vejo ninguém dizendo ‘acabaram os meus planos’, ‘eu não vou fazer’. Inclusive, bancos. O que todo mundo diz é que precisa ser realista. Não dá para a gente prometer algo que o acionista não vai aceitar porque a sociedade não vai topar pagar. Eu me sinto — e vejo que o setor também está — mais confortável em relação às metas. Descarbonização é o nosso negócio. Essa é a parte interessante do negócio da Vale.
Como o sr. vê a transição no setor de mineração?

A transição para uma indústria que a gente acredita profundamente vai levar tempo, com aço verde como base, porque é uma matriz capital intensiva. Isso talvez leve duas décadas, mas esse futuro vai chegar, porque os nossos clientes estão nessa direção, do aço verde, que vai gerar uma enorme mudança na dinâmica de produção de aço global.

E como a Vale pode ser beneficiada?

A Vale produz esse minério de alta qualidade, que para essa rota é muito favorável. A descarbonização é realmente um negócio que a gente vê com ótimos olhos, e estamos trabalhando para fazer com que os nossos clientes possam acelerar o processo de descarbonização. Muitas vezes o que eles precisam é de ajuda. Eu sempre digo isso, ninguém emite porque gosta. Você emite porque é a solução mais econômica para poder sustentar o seu negócio naquele determinado momento. A Vale está trabalhando muito intensamente para buscar soluções que facilitem essa transição e o briquete verde, que gera menos emissão na ponta, é um exemplo.
A Vale vai ampliar os seus investimentos nessa frente?

Quando olhamos o mix de produção da Vale, queremos que a participação dos produtos de alta qualidade que são favoráveis à transição energética cresça. Temos as duas plantas de briquete em Vitória e estamos olhando para coinvestimentos com os nossos clientes, por exemplo, no Oriente Médio. A ideia é criar um megahub no Oriente Médio e no Brasil, no Norte e Nordeste, onde há maior penetração de energia renovável.
No Oriente Médio, tem um pipeline de aquisições?

Tem um pipeline lá. Estamos atuando em três mercados, Omã, onde já temos uma operação há 15 anos, Arábia Saudita e Emirados. São três mercados importantes, com disponibilidade de gás, e todos eles buscando o desenvolvimento de uma indústria a partir do gás, de aço verde ou mais verde, nesse caso. Temos tido avanços concretos como alocação de terra para a Vale na semana passada, na Arábia Saudita. E trazido nossos clientes, sejam chineses ou japoneses.

O sr. assumiu a presidência da Vale em outubro, como enxerga a Vale à frente?

Sou otimista em relação ao futuro da Vale por algumas questões. Mesmo com as incertezas, estamos muito posicionados nas commodities. Temos um portfólio muito único no níquel, inclusive do ponto de vista de posicionamento geopolítico, apesar do momento bastante ruim de preço. Produzimos no Canadá e no Brasil. A visão para cobre é muito positiva e construtiva no médio e longo prazo. Queremos crescer em cobre. Estamos fazendo 350 mil toneladas por ano e dobrar até 2035. O Brasil tem um potencial de liderar essa transição energética a partir dos minerais críticos, especialmente o cobre, de uma forma muito única, porque Carajás tem muito potencial.
E no minério de ferro?

A nossa vantagem é a habilidade de trazer volume com pouco capital. O capital intensivo é 20% do que é um projeto normal. Quando trouxermos os projetos de descarbonização, o nosso custo unitário, o famoso C1, vai cair bastante abaixo de US$ 20 e vamos ser um dos players mais eficientes. A Vale produzindo entre 340 e 360 milhões de toneladas será o maior produtor de minério de ferro do mundo, com a maior proporção de produtos de alta qualidade e um custo abaixo de US$ 20, é a melhor plataforma de minério de ferro do mundo, sem a menor dúvida. Conseguimos ter êxito em qualquer situação de mercado, e esse é um dos nossos grandes objetivos estratégicos. Quando eu olho o nosso mapa de ativos, isso me deixa otimista, apesar das questões macroeconômicas.
Mas as expectativas de preços para minério neste ano não são tão positivas e estão em média na casa de US$ 95 a tonelada. Como isso afeta a Vale?

O preço do minério recuou, mas segue acima de US$ 100 por tonelada, o que é um bom valor. Modelando a oferta e a demanda no longo prazo, US$ 90 por tonelada é um preço de equilíbrio. Mesmo se em algum momento o preço começa a cair, vários dos players menos eficientes começam a sair do mercado e o preço sobe. Esse mercado é sempre ajustado por oferta e demanda. Então, tem muita gente que a US$ 90 por tonelada já começa a perder dinheiro. Não é o nosso caso. Conseguimos ver uma curva bastante sustentável, mesmo com o minério de ferro a US$ 90 por tonelada. Hoje, está em US$ 104. É um bom preço, conseguimos gerar um bom resultado e seguir avançando nas nossas prioridades estratégicas.
Outro tema muito presente no fórum é a política monetária global. Alguns bancos veem o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mantendo os juros neste ano. No Brasil, a Selic deve bater os 15% ao ano. Como esse ambiente de juros altos pune a Vale?

O custo do dinheiro está mais alto para todo mundo, globalmente, no Brasil não é diferente. Temos a capacidade de nos financiar em dólares internacionalmente, dada a natureza do nosso negócio, mas mesmo esse financiamento internacional está mais caro. Por termos um balanço muito saudável, uma qualidade de crédito, grau de investimento, isso nos permite ter um acesso mais amplo a capital e de forma competitiva.

Não inviabiliza investimentos?

Não é um inviabilizador dos nossos investimentos. Obviamente, gostaríamos que o custo estivesse mais barato, mas temos uma alavancagem financeira muito baixa, a nossa dívida líquida financeira é de US$ 9 bilhões, que, para o tamanho da companhia, é pouco. Conseguimos nos financiar com uma certa facilidade como fizemos no ano passado.
Algum plano de captação para este ano?

Não. Nós estamos com um calendário de amortização (de dívida) muito bacana. Quando assumi, olhamos todo o plano de amortização e refinanciamos tudo, fizemos dívida. No ano passado, fizemos, depois de muitos anos, uma dívida de 30 anos. Mas o time está todo dia olhando. O dia que tiver oportunidade de refinanciar e jogar para frente, faremos.
Na semana passada, tivemos a saída da Cosan da Vale. Muda algo para a companhia?

Não muda. A estratégia está posta, aprovada pelo Conselho. Seguimos na mesma direção. A Cosan teve as suas razões. Ficou muito claro, acho que o Rubens (Ometto, dono da Cosan) disse publicamente que não foi nada em relação à tese da companhia, muito pelo contrário, que ele gostaria de seguir, mas foi levado a ter que tomar uma decisão.
Neste ano em Davos, novamente, houve muita crítica à ausência do governo brasileiro. Qual a sua visão?

Do ponto de vista de iniciativa privada, a cobertura tem sido muito boa. Pela primeira vez na história, temos a Brazil House. Estamos falando com muita gente, temos sido procurados. Davos continua sendo um fórum muito relevante para nós. Claro que quanto mais representatividade, melhor. Do governo, dos seus agentes.

Quais são as preocupações que têm ouvido no Fórum sobre o Brasil?

O Brasil é sempre um país observado com muito carinho e cuidado pela sua relevância na região. E, no atual ambiente geopolítico, vários players estão olhando para o Brasil como está no momento de entrar. A Bolsa caiu bastante, o próprio valor da ação da Vale caiu bastante nos últimos 12, 18 meses. Isso aconteceu com vários dos ativos brasileiros. Então, o que começamos a perceber são vários dos investidores internacionais começando a olhar o Brasil.
Mas o fiscal não afasta?

Obviamente o fiscal, que é uma questão importante, é algo que eles olham, porque isso tem um impacto direto sobre câmbio e taxa de juros. Os investidores estão observando para onde o mercado vai para tomar as suas decisões. Mas, de fato, os ativos brasileiros estão baratos e a gente vem escutando isso dos investidores internacionais.
O pacote de medidas fiscais aumentou ainda mais a aversão do estrangeiro ao Brasil. Isso está mudando?

Acho que o preço caiu tanto que tem muita gente agora dando um passo atrás e olhando: será que é o momento de entrar? Os investidores sempre buscam ser contracíclico. E, de fato, acho que os ativos realmente estão em um ponto de entrada muito favorável. Eu posso dizer pela Vale. Como nessa transação da Cosan, começamos a ver um interesse internacional de fundos sofisticados que entendem de macro, de Brasil. Se a gente acertar essa direção do ponto de vista macro, o Brasil pode se posicionar e ter um bom ano.
O que precisa ser feito?

O principal ponto é a sustentabilidade fiscal. Avançando no que está colocado, executando, acho que vai trazer de novo esse conforto para os investidores poderem apostar no Brasil e voltar a entrar. A grande vantagem do Brasil é que é um mercado enorme, com muita liquidez. Então, o investidor quando quer fazer grandes apostas, é um mercado mais fácil de entrar do que outros mercados.

Infomoney - SP   23/01/2025

Os contratos futuros do minério de ferro caíram nesta quarta-feira, pressionados por preocupações de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderia impor tarifas mais altas sobre as importações chinesas.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com recuo de 0,44%, a 800,5 iuanes (109,94 dólares) a tonelada, encerrando uma trajetória de ganhos de nove sessões.

O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura caiu 1,1%, para 103,6 dólares a tonelada.
Trump não impôs tarifas imediatamente após sua posse, o que deu suporte aos preços na terça-feira, disse a consultoria chinesa Galaxy Futures.

No entanto, Trump disse mais tarde que seu governo estava discutindo uma tarifa punitiva de 10% sobre importações chinesas, ressaltando o desejo de longa data de uma tarifação mais ampla.

A incerteza sobre as políticas tarifárias está fazendo com que o mercado se retraia, disse a Galaxy Futures.

Em meio a possíveis aumentos nas tarifas, formuladores de políticas chineses estão intensificando esforços para estimular a economia vacilante que enfrenta uma crise imobiliária prolongada, dívida elevada de governos locais e fraca demanda do consumidor.

Uma abordagem mais conservadora e ponderada de Trump implica que as autoridades chinesas podem reduzir os pacotes de estímulos, disse Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities.

As ações chinesas e de Hong Kong também se enfraqueceram após as ameaças de tarifas de Trump, com o setor imobiliário, liderando as quedas onshore com uma retração de 3,4%.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   23/01/2025

A Toyota ficou em 20º lugar em um ranking de 22 montadoras que classifica suas habilidades de digitalização, demonstrando o quão longe as montadoras japonesas têm que ir para alcançar a primeira colocada, a americana Tesla.

O Índice de Fabricantes Digitais de Automóveis de 2024, apurado pela empresa de pesquisa americana Gartner. Outras montadoras japonesas ficaram perto do fundo. Honda ficou em 16º, Nissan terminou em 19º e Mazda em 21º.

O índice classifica as montadoras em cerca de 14 mil pontos de dados em oito categorias, incluindo liderança, talento humano e tecnologia instalada em veículos. As empresas também foram avaliadas em quão bem integram software em suas decisões de negócios, juntamente com o quão digitalizados seus veículos são.

A Toyota ficou bem abaixo da média nas áreas que o índice mais priorizou: liderança e cultura.

O maior desafio é a escassez de pessoas no topo que entendam as estratégias e operações das empresas de software em um momento em que as montadoras estão se transformando em negócios de software, disse Pedro Pacheco, vice-presidente da Gartner, acrescentando que o problema se aplica a várias outras montadoras.

A Woven by Toyota, subsidiária responsável pela tecnologia de mobilidade avançada, relatou um crescimento de seis vezes nas vendas no ano encerrado em março de 2024. As perdas líquidas diminuíram, mas a empresa ainda carrega 25,8 bilhões de ienes (US$ 164 milhões) em dívidas excedentes.

Em contraste, a Tesla ficou em primeiro lugar em termos de liderança, talento e satisfação do cliente com a tecnologia de bordo. O Model Y foi o carro mais vendido do mundo em 2023, apesar de estar disponível apenas em um número limitado de mercados.

A Tesla prioriza inteligência artificial e direção autônoma como “drives” de crescimento de vendas. Um exemplo é o Cybercab com inteligência artificial que a empresa revelou no ano passado.

As montadoras chinesas chegaram perto do topo do ranking. A Nio foi a segunda colocada, seguida pela Xpeng em terceiro lugar. As duas empresas eram comparáveis à Tesla em termos de arquitetura de veículos, mas a Xpeng ficou em primeiro lugar em tecnologia de direção autônoma.

As únicas montadoras tradicionais entre as dez primeiras do ranking foram Ford, General Motors e BMW. O restante são empresas mais jovens, como a chinesa BYD e a americana Rivian Automotive.

As montadoras ocidentais estabelecidas estão lutando para acompanhar o desenvolvimento de software. A Volkswagen fez planos em 2023 para cortar milhares de empregos em sua unidade de software, de acordo com a mídia alemã. A montadora está investindo até US$ 5,8 bilhões na Rivian, e os dois lados estão desenvolvendo em conjunto "veículos definidos por software".

Em janeiro de 2024, a montadora francesa Renault descartou uma oferta pública inicial (IPO) planejada para seus negócios de veículos elétricos e software.

As vendas geradas pela tecnologia digital — incluindo serviços de mobilidade, aplicativos e robotáxis — devem representar mais de 30% de todas as vendas das montadoras em 2040, de acordo com uma estimativa da Accenture, o que seria o triplo dos atuais 10%.

FERROVIÁRIO

Diário do Comércio - MG   23/01/2025

O Ministério dos Transportes promete revelar já no próximo mês todo o conteúdo do “pacote” de investimentos do setor ferroviário – o Plano Nacional de Ferrovias –, com investimentos que poderão somar R$ 100 bilhões, em regime de concessão para uma malha de, pelo menos, 4,7 mil quilômetros. No papel pelo menos não será pouca coisa, somando investimentos privados, recursos levantados com a repactuação de concessões envolvendo a mineradora Vale e as operadoras Rumo e MRS, totalizando R$ 21 bilhões, além de verbas públicas equivalentes a 20% de cada projeto.

Conforme já antecipado pelo Diário do Comércio, a ideia central é consolidar troncos ferroviários que cortariam o País nos sentidos horizontal e vertical, desdobrados em 5 grandes projetos. Partindo da Ferrovia Norte-Sul, o primeiro deles consolidaria a ligação entre Açailândia, no Maranhão, e Barcarena, no Pará. Na Ferrovia Transnordestina seria concluída a ligação entre Eliseu Martins, no Piauí, até Estreito, no Maranhão, malha de 600 quilômetros que seria interligada à Ferrovia Norte-Sul. No sentido horizontal está previsto traçado de 2,4 mil quilômetros, de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, até Mara Rosa, em Goiás, seguindo em direção a Barreiras e Ilhéus, na Bahia. Também está previsto o Anel Ferroviário do Sudeste, ligando Vitória, no Espírito Santo, a Itaboraí, no Rio de Janeiro, conectado à malha da Ferrovia Vitoria a Minas. O quinto projeto seria a ligação de pouco menos de mil quilômetros entre Sinop, no Mato Grosso, e Miritituba, no Pará.

Para além da integração plena do sistema ferroviário, o que se pretende é melhorar as condições de escoamento de cargas de grãos, soja principalmente, que poderiam ser embarcadas também em portos do Norte-Nordeste do País, o mesmo acontecendo com embarques de minerais. Poderá ser um avanço relevante, implicando em mais eficiência e ganhos de tempo e custo, mas o projeto tal como apresentado agora não basta para disfarçar uma visão limitada.

Parece faltar ambição, se não uma visão integrada de toda a infraestrutura de movimentação de cargas no País, que prossegue excessivamente dependente do transporte sobre rodas. Não parece fazer sentido, economicamente, que os investimentos agora programados tenham como objetivo único a movimentação de cargas de commodities agrícolas e minerais, sem que nada seja dito sobre a movimentação de cargas em geral, secas e contêineres, muito menos transporte de passageiros. Nesse sentido, o “pacote” por ser revelado parece ainda distante do ideal para um país com as características e necessidades do Brasil.

Revista Ferroviaria - RJ   23/01/2025

A VLI – companhia de soluções logísticas que opera ferrovias, portos e terminais – finalizou o processo de captação de R$ 1 bilhão em debêntures, preparando-se para realizar investimentos na malha da Ferrovia Centro-Atlântica, previstos no processo de renovação antecipada da concessão que está em curso no Ministério dos Transportes. Os recursos serão utilizados para modernização da via permanente, construção e modernização de pátios e melhorias no material rodante que circula na FCA.

“Desde sua criação, em 2011, a VLI, dentro do seu propósito desenvolvimentista visando a transformação da logística do Brasil, já investiu mais de R$ 14 bilhões, em valores corrigidos, diretamente na FCA. Esse valor corresponde a mais do que 100% do caixa gerado na operação da concessão, sendo que o excedente de investimento foi feito com aportes de capital”, afirma Fábio Marchiori, CEO da VLI.
POD NOS TRILHOS
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Além desses valores, diversos investimentos foram realizados para a construção e a modernização de terminais integradores que conectam o modal rodoviário ao ferroviário, aumentando a eficiência da logística de grãos, açúcar, fertilizantes, celulose, insumos e produtos siderúrgicos, minérios e outras cargas diversas.

Somado a tudo isso, desde sua privatização, em 1996, a FCA já transferiu cerca de R$ 17,5 bilhões – em valores corrigidos pelo CDI/SELIC – aos cofres públicos, referentes à outorga/arrendamento da concessão, contribuindo para o desenvolvimento de outras infraestruturas da logística nacional.

“Essa captação de debêntures nos prepara para fazer novos investimentos na FCA assim que ocorrer a renovação da concessão, esperada para 2026. Novas captações só devem ocorrer após a concretização do processo, que já passou por audiência públicas”, completa Marchiori.

Na operação, o BTG Pactual, o BNDES e o ABC Brasil coordenaram a emissão, sendo que o BNDES subscreveu 50% do valor, na tranche de mais longo prazo. Ao todo, o projeto de investimento habilitado pela portaria do Ministério dos Transportes é estimado em R$ 3,9 bilhões.

Obras na FCA

Os recursos poderão ser aplicados na construção de sete pátios ferroviários, que contribuirão com a eficiência da operação na Ferrovia Centro-Atlântica. Os pátios estão localizados nos Corredores Sudeste – ligação entre o DF e os portos da Baixada Santista – e Leste, que conecta o Triângulo Mineiro aos portos do Espírito Santo.

Cerca de R$ 600 milhões poderão ser aplicados na manutenção de trilhos e dormentes em todos os corredores logísticos da FCA. O projeto também contempla a manutenção de material rodante, com a substituição planejada de mais de 6 mil unidades de rodeiros de vagões, a um custo estimado de R$ 100 milhões.

Renovação FCA

A proposta de renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica, em análise pelo poder público, poderá gerar uma nova onda de investimentos que incluem a modernização da malha da FCA, aquisição de vagões e locomotivas e o aumento de carga transportada para segmentos de grande peso no PIB brasileiro. Além disso, há previsão de dezenas de obras de solução de conflitos urbanos, gerando impactos positivos para a economia nacional e comunidades do entorno da ferrovia.

“Após as audiências públicas realizadas no fim de 2024, fizemos alterações em nossa proposta inicial para renovação antecipada, escutando atentamente as demandas que nos foram apresentadas por diversos stakeholders relevantes. Estamos confiantes de que nossa proposta evoluiu ainda mais. Nossa estratégia é seguir conectando as estruturas da FCA aos outros negócios da VLI, atendendo de forma abrangente diversas geografias e segmentos produtivos, apoiando o crescimento de negócios nos setores primário e secundário da economia e fomentando a expansão da Balança Comercial. Ampliar nosso horizonte de atuação é essencial para mantermos investimentos”, declara Marchiori.

O CEO destaca, ainda, que, de forma isolada, a FCA é uma operação deficitária, cujos investimentos têm sido viabilizados pela sinergia e fomento de todo o ecossistema da VLI, que incorpora os terminais integradores, terminais portuários, ferramentas digitais para integração rodoviária e compartilhamento de tecnologia, P&D, custos operacionais e despesas administrativas com os outros negócios da empresa. “Nossa proposta para renovação antecipada tem por objetivo trazer um equilíbrio para o negócio, garantindo um novo ciclo com investimentos de dezenas de bilhões de reais, criação de milhares de empregos e sustentabilidade para a operação”, conclui.

NAVAL

O Estado de S.Paulo - SP   23/01/2025

O governo do Panamá iniciou uma auditoria para investigar a subsidiária da empresa chinesa Hutchison Holdings, que opera diversos portos no Canal do Panamá. A investigação ocorre em meio a declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vem ressaltando a necessidade de Washington retomar o controle do canal. O republicano também afirma que Pequim controla a via marítima e não descartou tomar o canal à força.

O diretor de Portos e Indústrias Marítimas Auxiliares da Autoridade Marítima do Panamá (AMP), Max Florez, disse à AFP que os funcionários desta entidade se reuniram com o controlador-geral, Anel Flores, para tratar da auditoria nos portos controlados pela Panamá Ports Company.

Essa empresa é subsidiária da Hutchison Holdings, com sede em Hong Kong, e opera os portos de Balboa e San Cristóbal, na entrada do canal do Pacífico e do Atlântico, respectivamente.

“Em nome da AMP já notificamos a administração da Panama Ports Company, que a controladoria iniciaria a auditoria”, indicou Florez. “Os auditores chegaram à Companhia Portuária do Panamá para iniciar uma auditoria exaustiva que visa garantir o uso eficiente e transparente dos recursos públicos”.

A Controladoria busca “determinar se os contratos de concessão acordados entre a Panama Ports Company e o Estado panamenho são cumpridos, verificando se a empresa está reportando adequadamente suas receitas, pagamentos e contribuições ao Estado”, disse ele.

Em um comunicado, a Hutchinson Ports, apontou que “manteve e continuará mantendo uma relação transparente e colaborativa” com as autoridades panamenhas.

Soberania

Após o inicio da auditoria, o governo do Panamá seguiu ressaltando que o Canal do Panamá faz parte do país. O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, afirmou nesta quarta-feira, 22, no Fórum de Davos, na Suíça, que o Canal não é “uma concessão e nem um presente”.

Em uma mesa redonda no Fórum Econômico Mundial, Mulino afirmou que “rejeita tudo o que Trump disse, primeiro porque é falso e, segundo, porque o Canal do Panamá pertence ao Panamá e continuará a pertencer ao Panamá”.

Em seu discurso de posse na segunda-feira, o presidente americano reiterou sua intenção de assumir o controle da hidrovia interoceânica. “A China está operando o Canal do Panamá e nós não o demos à China. Nós o demos ao Panamá e vamos tomá-lo de volta”, disse Trump.

No entanto, o presidente panamenho defende que o canal “não foi uma concessão de ninguém”, mas o resultado de lutas populares e dos tratados assinados em 1977 pelo então presidente Jimmy Carter, segundo os quais o controle do canal foi entregue ao Panamá em dezembro de 1999.

“Não se pode passar por cima do direito internacional público para impor critérios em uma era muito distante da de Teddy Roosevelt”, disse o presidente panamenho em Davos, referindo-se ao presidente dos EUA que supervisionou a construção do canal interoceânico há mais de um século.

Mulino pediu cooperação com Washington em outras questões, principalmente de segurança.

“A partir dessa crise, vamos chamá-la de crise, também deve haver oportunidades de trabalhar em outras questões que nos interessam com os Estados Unidos e nas quais temos trabalhado ao longo do tempo, questões de segurança”, disse ele. “Temos um enorme problema de migração na fronteira com a Colômbia”, disse ele.

O Canal do Panamá, que foi construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, tem os Estados Unidos e a China como seus dois maiores usuários.

China nega interferência no Canal do Panamá

Em um comunicado nesta quarta-feira, a China insistiu que “nunca interferiu” no Canal do Panamá.

“A China não participa na gestão e operação do canal e nunca interferiu nos assuntos do canal”, disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.

PETROLÍFERO

IstoÉ Dinheiro - SP   23/01/2025

A plataforma de produção de petróleo Cidade de Angra dos Reis, a primeira de grande capacidade a operar nos campos de pré-sal da Bacia de Santos, litoral do Sudeste, terá a vida útil estendida por mais cinco anos.

A informação foi divulgada nesta quarta-feira (22) pela Petrobras, empresa majoritária no consórcio que opera o Campo de Tupi, a 300 quilômetros da costa do Rio de Janeiro.

O navio-plataforma é modelo FPSO, sigla em inglês para Floating Production Storage and Offloading, que significa unidade flutuante com capacidade para produção, armazenamento e transferência de óleo.

A FPSO está em operação desde outubro de 2010 e tem potencial de produção superior a 50 mil barris por dia. A Petrobras informou que acertou um aditivo ao contrato de afretamento e prestação de serviços da plataforma com as empresas Tupi Pilot MV 22 B.V. e Modec Serviços de Petróleo do Brasil Ltda, de forma a prorrogar o prazo de utilização da FPSO até 2030.

A extensão do prazo contratual viabiliza adequações para aumentar a confiabilidade e a eficiência de produção, manter a integridade da plataforma, a segurança da operação e a redução das emissões de gases do efeito estufa, causadores do aquecimento global.

“A celebração destes aditivos está aderente ao Plano de Negócios 2025-2029 e reforça o compromisso da Petrobras e de seus parceiros com a continuidade e expansão de suas operações no campo de Tupi”, afirmou a estatal em comunicado.

O consórcio que produz em Tupi afirma que o navio-plataforma será descomissionado (interrupção definitiva das operações) em 2030. De acordo com a Petrobras, o descomissionamento acontece quando as instalações de produção atingem o final de sua vida útil ou a capacidade produtiva dos campos é reduzida, tornando-os economicamente inviáveis.

Saiba como funciona uma plataforma de petróleo
Pré-sal

A entrada do Cidade Angra dos Reis em operação é considerada pela Petrobras um dos marcos na produção de petróleo do pré-sal no país.

O pré-sal são reservatórios perfurados há uma profundidade de 5 mil a 7 mil quilômetros. Para se ter uma ideia, 7 mil quilômetros é aproximadamente o ponto mais alto da Cordilheira dos Andes.

Em 2024, o pré-sal ajudou o petróleo a se tornar o principal produto de exportação do país.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de janeiro a novembro – último dado disponível, o país produziu 36,9 milhões de barris de petróleo por dia (Mbbl/d), sendo 71,5% originários do pré-sal. Observando apenas dados do segundo semestre, esse percentual salta para 80,3%.

Além da Bacia de Santos, também há produção de petróleo na Bacia de Campos, litoral do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

O consórcio de Tupi é formado pela Petrobras (67,216%), a anglo-holandesa Shell (23,024%), a portuguesa Petrogal (9,209%) e a Pré-Sal Petróleo (PPSA), que representa o governo brasileiro, que detém 0,551%.

 

TN Petróleo - RJ   23/01/2025

Nos últimos anos, a discussão sobre o futuro da matriz energética tem ganhado força, principalmente em face das mudanças climáticas e da busca por fontes de energia mais sustentáveis.

Em meio a esse cenário, o gás natural (GN) surge como uma alternativa viável e promissora. Mas, afinal, o que o torna uma opção tão relevante para um futuro sustentável?

O que é o gás natural?

O GN é uma fonte de energia fóssil composta principalmente por metano (CH4). Ele é encontrado em reservatórios subterrâneos e é extraído através de perfurações.

É um combustível fósseis que se forma a partir da decomposição de matéria orgânica, como plantas e animais, ao longo de milhões de anos.

O GN é considerado uma fonte de energia limpa em comparação a outros combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, devido à sua queima mais eficiente e à menor emissão de poluentes.

A urgência da transição energética

O mundo enfrenta uma crise energética e ambiental sem precedentes. As emissões de gases de efeito estufa (GEE) estão em níveis alarmantes, e a necessidade de uma transição para fontes de energia mais limpas é mais urgente do que nunca.

As Nações Unidas alertam que, se não agirmos rapidamente, os efeitos das mudanças climáticas podem ser irreversíveis.

Nesse contexto, o gás natural se destaca como uma ponte entre as fontes de energia tradicionais e as renováveis.

A importância da sustentabilidade

Você já parou para pensar no impacto que suas escolhas diárias têm no meio ambiente?

Em um mundo onde as mudanças climáticas e a degradação ambiental estão se tornando cada vez mais evidentes, a sustentabilidade não é apenas uma tendência passageira; é uma necessidade urgente.

Por que a sustentabilidade é urgente?

Imagine um futuro em que as próximas gerações herdam um planeta devastado por nossas ações imprudentes.

Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), se não agirmos rapidamente, poderemos ultrapassar o limite de aumento de temperatura de 1,5°C em apenas alguns anos.

O que é sustentabilidade?

Sustentabilidade é a capacidade de atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades.

Isso envolve uma abordagem holística que incorpora aspectos ambientais, sociais e econômicos.

Para empresas, isso significa adotar práticas que minimizem o impacto ambiental, promovam a justiça social e sejam economicamente viáveis.

O diferencial da sustentabilidade no mercado

Hoje, os consumidores estão cada vez mais conscientes e exigentes. Eles não apenas preferem produtos e serviços sustentáveis, mas também estão dispostos a pagar mais por eles.

De acordo com uma pesquisa da Nielsen, 66% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por marcas que se comprometem com a sustentabilidade. Isso significa que, ao adotar práticas sustentáveis, as empresas não apenas contribuem para um mundo melhor, mas também podem aumentar sua lucratividade.

Os consumidores valorizam marcas que são transparentes sobre suas práticas. Conectar-se com sua comunidade local é uma maneira poderosa de mostrar seu compromisso com a sustentabilidade.

A sustentabilidade como um imperativo de negócios

Para as empresas, a sustentabilidade não é apenas uma questão ética; é uma questão de sobrevivência.

Com a crescente pressão de consumidores, investidores e reguladores, as marcas que não adotarem práticas sustentáveis podem se ver em desvantagem no futuro.

Além disso, a sustentabilidade pode gerar eficiência operacional, reduzir custos e minimizar riscos.

O gás natural como matriz energética

O gás natural pode ser visto como um "combustível de transição". Ele não é apenas uma alternativa ao carvão e ao petróleo, mas também desempenha um papel crucial na integração das energias renováveis.

Com sua capacidade de gerar eletricidade de forma rápida e limpa, o gás natural pode compensar a intermitência das fontes renováveis, como a solar e a eólica.

Vantagens do gás natural

Menor Emissão de Gases de Efeito Estufa: Comparado ao carvão e ao petróleo, a queima de GN resulta em até 50% menos emissões de CO2.

Isso significa que, ao substituir combustíveis mais poluentes pelo gás natural, podemos reduzir significativamente a pegada de carbono.

Eficiência Energética: o GN é altamente eficiente na geração de eletricidade. Usinas termelétricas a gás têm uma taxa de eficiência que pode ultrapassar 60%, enquanto as usinas a carvão geralmente ficam abaixo de 40%.

Flexibilidade e Armazenamento: o gás natural pode ser armazenado e utilizado conforme a demanda, o que o torna uma opção ideal para equilibrar a oferta e a demanda de energia. Isso é particularmente importante em um cenário onde as fontes renováveis são variáveis.

Custo Competitivo: o preço do GN tem se mostrado competitivo em relação a outras fontes de energia, principalmente em regiões onde as infraestruturas de gás já estão desenvolvidas. Essa competitividade pode tornar a transição para o GN mais atraente para investidores e consumidores.

Desenvolvimento Econômico: a exploração e o uso do gás natural podem gerar empregos e estimular economias locais. Desde a extração até a distribuição, o setor de GN pode oferecer diversas oportunidades de trabalho.

Gás natural e energias renováveis

O GN não é apenas uma alternativa ao carvão e ao petróleo; ele também pode trabalhar em conjunto com as energias renováveis.

Mas, como o gás natural complementa as renováveis?

Garantia de suprimento: as energias renováveis, são intermitentes. O GN pode ser utilizado para garantir a continuidade do suprimento, especialmente em períodos de baixa geração a partir das renováveis.

Redução de emissões: ao utilizar gás natural como um complemento às energias renováveis, é possível reduzir ainda mais as emissões de GEE, contribuindo para um futuro mais sustentável.

Tecnologia de armazenamento: novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para armazenar energia proveniente de fontes renováveis. O GN pode ser uma alternativa para armazenar energia em larga escala, permitindo que a energia gerada durante o dia seja utilizada à noite, por exemplo.

A importância da gestão sustentável

Para maximizar os benefícios do gás natural e minimizar seus impactos, é crucial que haja uma gestão sustentável em todas as etapas do processo, desde a extração até a utilização.

Isso inclui o uso de tecnologias que previnam vazamentos de metano durante a extração e o transporte é fundamental. Políticas governamentais que exijam práticas sustentáveis e responsáveis na indústria do gás são essenciais. Além disso, é essencial informar o público sobre os benefícios e os desafios do gás natural pode contribuir para uma transição mais equilibrada.

O papel do gás natural em políticas públicas

A implementação de políticas públicas que incentivem o uso do GN como uma transição para energias mais limpas é vital. Isso pode incluir:

Incentivos fiscais: oferecer incentivos para a adoção de tecnologias que utilizem GN pode estimular investimentos.

Investimento em infraestrutura: a construção de infraestruturas de gás natural que sejam seguras e eficientes é fundamental para garantir o acesso à energia.

Programas de pesquisa e desenvolvimento: investir em pesquisa para melhorar a eficiência do GN e desenvolver tecnologias complementares é essencial.

Gás natural e ação individual

Embora as políticas e as indústrias desempenhem um papel crucial na transição energética, ações individuais também podem fazer a diferença. Aqui estão algumas maneiras de contribuir:

Apoiar iniciativas sustentáveis: escolha fornecedores de energia que utilizem GN e se comprometam com práticas sustentáveis.

Educando-se e educando outros: compartilhe informações sobre a importância do gás natural na transição energética e como ele se encaixa na luta contra as mudanças climáticas.

Apoiar políticas sustentáveis: engaje-se em discussões e apoie políticas que promovam o uso responsável do GN e a transição para energias renováveis.

O gás natural apresenta-se como uma solução viável e necessária na busca por um futuro energético sustentável.

Suas vantagens, como menor emissão de poluentes, eficiência energética e papel de apoio às energias renováveis, tornam-no uma escolha inteligente em tempos de crise climática.

No entanto, é essencial que sua utilização seja acompanhada por práticas sustentáveis e políticas públicas que garantam uma transição justa e eficiente.

O futuro do planeta depende das decisões que tomamos hoje em relação à nossa matriz energética.

O gás natural pode ser a ponte que precisamos para um mundo mais limpo e sustentável.

TN Petróleo - RJ   23/01/2025

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), por meio do seu hub de inovação, o iUP, assume a gestão da primeira edição do NAVE, programa de empreendedorismo da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O programa tem como objetivo acelerar a inovação tecnológica no setor nacional de energia, oferecendo suporte a startups inovadoras. Para isso, serão investidos cerca de R$ 28 milhões até o final desta primeira edição.

As empresas Petrogal Brasil, TotalEnergies, China National Petroleum Corporation (CNPC), Shell, ExxonMobil, Equinor, Repsol Sinopec e Petrobras participam do programa, contribuindo com recursos financeiros e compartilhando sua expertise.

Os investimentos do NAVE são viabilizados pela cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) existente nos contratos de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil. Essa cláusula exige que uma porcentagem da receita bruta de campos com grande produção seja destinada a projetos de PD&I, promovendo avanços tecnológicos no setor.

A primeira edição conta com 67 desafios tecnológicos que abrangem temas como aumento da eficiência operacional e otimização de custos de produção ao refino, desenvolvimento de novos combustíveis low carbon, tecnologias híbridas e aumento na eficiência energética, novos usos da indústria 4.0, blockchain, IoT e IA para o aumento da eficiência de processos, além de confiabilidade de sistemas, segurança operacional e proteção ambiental.

A primeira edição do programa, atualmente em fase de seleção de projetos, alcançou uma expressiva adesão: 331 inscrições de 215 empresas localizadas em 18 estados, com 262 inscrições já validadas. Ao todo, 85% dos desafios receberam propostas de soluções tecnológicas, com destaque para o macrotema "M3 - Tecnologias em transformação digital", que liderou com 104 inscrições válidas, seguido do "M2 -Tecnologias para segurança energética, armazenamento de energia e fontes alternativas", com 53.

"A inovação aberta é um caminho natural para o setor de petróleo e gás, especialmente em tempos de transição energética. Acreditamos que parcerias com startups têm o potencial de acelerar o desenvolvimento de soluções de baixo carbono e promover troca de conhecimento essenciais para inovações de curto prazo", destaca Melissa Fernandez, gerente de tecnologia e inovação do IBP.

Novo cronograma

O edital da primeira edição do NAVE foi publicado em setembro de 2024. Recentemente, a ANP alterou o cronograma da primeira edição do programa devido ao sucesso da iniciativa. Foi necessário estender os prazos das próximas etapas, já que o número de inscrições recebidas excedeu as expectativas, exigindo mais tempo para a etapa de seleção de projetos, que antecede a escolha das startups vencedoras.
Consulte a novo cronograma e acompanhe as próximas etapas da primeira edição do NAVE: Link

Money Times - SP   23/01/2025

Os preços do petróleo estenderam as perdas pela quinta sessão consecutiva e atingiram o menor nível desde 9 de janeiro. Os investidores seguem calibrando os efeitos do governo Trump após a sinalização de que os Estados Unidos devem aumentar a produção do óleo nos próximos anos.

Nesta quarta-feira (22), os contratos mais líquidos do petróleo Brent, referência para o mercado internacional, para março, caíram 0,36%, a US$ 79,00 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.

Já os contratos do petróleo West Texas Intermediate (WTI) para março registraram baixa de 0,51%, a US$ 75,44 o barril, em New York Mercantile Exchange (Nymex).

O que mexeu com o petróleo hoje?

O petróleo teve mais um dia de perdas ainda na expectativa de aumento da produção do óleo nos Estados Unidos.

Na última segunda-feira (20), Donald Trump disse que declarará uma emergência energética nacional, durante a cerimônia de posse à presidência dos Estados Unidos.

Ele ainda prometeu ampliar a perfuração de petróleo e gás sob o slogan “drill, baby, drill”, também deve assinar uma ordem executiva com foco no Alasca.

Caso a ampliação da produção de petróleo nos EUA aconteça, o mercado projeta um excesso de oferta neste ano — o que deve derrubar os preços do barril do óleo.

“A atenção do mercado de petróleo está lentamente se afastando das sanções dos EUA contra a Rússia e se voltando para a potencial política comercial do presidente Trump”, disseram analistas do ING, acrescentando que o complexo energético está sob pressão com a crescente ameaça de tarifas.

Em segundo plano, a commodity seguiu pressionada pelo alívio nas tensões no Oriente Médio com o acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo palestino Hamas, que entrou em vigor no último domingo (19).

RODOVIÁRIO

Investing - SP   23/01/2025

O governo federal formalizou nesta quarta-feira, 22, a cerimônia de assinatura do contrato de concessão da BR-381/MG. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou o contrato no Palácio do Planalto, em Brasília.

A rodovia será administrada pela Concessionária Nova 381, do grupo 4UM Investimentos, com previsão de investimento de R$ 10 bilhões em 30 anos de concessão, já considerando aportes amortizados no longo prazo (Capex) e despesas operacionais (Opex).

O trecho tem extensão total de 303,4 km e abrange 21 cidades mineiras. A concessionária vai oferecer um pedágio gratuito no primeiro ano, seguido de desconto para usuários frequentes e a opção de pagamento automático para motoristas. A classificação de "usuários frequentes" considera quem percorre os trechos da rodovia diversas vezes por mês. Há um tráfego médio de 24,7 mil veículos ao dia.

Serão realizadas 51 mudanças no traçado da BR-381, com a duplicação de 106 quilômetros de rodovia ao longo de 13 cidades.

O projeto de readequação também prevê 83 quilômetros de faixas adicionais, 51 correções de traçado, áreas de escape, Pontos de Parada e Descanso (PPD) para caminhoneiros e 23 passarelas para a travessia de pedestres.

O governo fala em previsão de 4 milhões de pessoas beneficiadas e criação de 83,5 mil empregos diretos e indiretos. O Planalto, em nota, menciona ainda que a rodovia é um importante "corredor logístico" para o escoamento de produtos industriais, passando pelo chamado Vale do Aço, no interior de Minas Gerais.

A BR-381/MG, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, é popularmente conhecida como a "rodovia da morte".

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Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) entre os anos de 2018 e 2023, foram registrados 3.960 acidentes ao longo do trecho. Baixa manutenção da estrutura e ausência de iluminação e sinalização são alguns dos problemas registrados.

Monitor Digital - RJ   23/01/2025

O ano de 2024 foi marcado por grande investimento nas rodovias do país. De acordo com dados da Agência Gov, foram cerca de R$ 6,5 bilhões de reais investidos na matriz de transportes brasileira, ou seja, um aumento de 26% em relação ao mesmo período de 2023. Também, o tráfego pedagiado nas rodovias concedidas cresceu 6% em relação ao ano anterior.

Contudo, 2024 também foi marcado por grandes desafios no setor, como por exemplo as enchentes do Rio Grande do Sul, que não apenas desalojaram famílias e provocaram extensos danos, mas também exerceram um peso significativo sobre o setor de transporte de cargas e logística. Ou então, as queimadas por todo o Brasil, que proporcionaram perigo à segurança dos motoristas e também rotas alteradas.

“As enchentes no sul do país e as queimadas em diversas regiões tiveram um impacto severo na logística rodoviária brasileira. No sul, as inundações destruíram colheitas e comprometeram grandes transportadoras, que perderam cargas e enfrentaram bloqueios nas estradas. Já as queimadas agravaram o cenário, com interdições causadas pelo fogo e pela fumaça, obrigando motoristas a buscar rotas alternativas e aumentando os custos e atrasos nas operações rodoviárias”, afirma Kassio Seefeld, CEO da TruckPag, startup de meios de pagamento com soluções completas para frota pesada.

O modal rodoviário, responsável por mais de 60% do transporte de mercadorias no Brasil, enfrentou um outro desafio crítico em 2024: o roubo de cargas. Esse tipo de crime tornou-se um dos principais obstáculos para o setor, com o modal sendo o alvo preferencial dos criminosos. Dados recentes da Secretaria de Segurança Pública indicam que o país registra, em média, 10 mil ocorrências desse tipo por ano, representando uma séria ameaça tanto à segurança pública quanto à economia nacional.

“Esse tipo de crime afeta diretamente o setor logístico, elevando os custos do transporte e comprometendo a eficiência das operações. O aumento da violência no transporte de cargas está associado à fragilidade das medidas de segurança nas rodovias e à falta de uma fiscalização eficaz. Para minimizar os riscos, é fundamental que os motoristas sigam os planos traçados pelas transportadoras, que geralmente incluem monitoramento constante e ações rápidas para lidar com imprevistos”, destaca Seefeld.
Modernização

Para 2025, o Conselho Consultivo do Ramo Transporte debateu o foco na modernização e sustentabilidade do setor. O plano de ação para 2025 visa fortalecer o setor por meio de metas claras, melhorias na infraestrutura de apoio e fortalecimento financeiro das cooperativas.

“O transporte rodoviário de cargas é fundamental para a economia brasileira, gera milhões de empregos diretos e indiretos, sendo um dos pilares do desenvolvimento regional e da integração econômica. É importante que tudo esteja regularizado nas estradas, pois é um serviço fundamental para o nosso país e que não pode carecer de atenção”, enfatiza o CEO da TruckPag.

Apesar dos desafios enfrentados no setor, a TruckPag registrou um crescimento de 59% no período, além de expandir seu portfólio de clientes na solução de abastecimento, carro-chefe da companhia, em 62% ao longo de um ano. A empresa também alcançou a marca de mais de 100 mil transações mensais de abastecimento, lançou um produto para gestão de manutenção, e, em parceria inédita com a DAF no Brasil, se tornou a plataforma de pagamento oficial do Programa Frotas.

AGRÍCOLA

O Estado de S.Paulo - SP   23/01/2025

A safra brasileira de grãos na temporada 2024/25, estimada em recorde de 322,42 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é sinônimo de alívio para os agricultores, após a quebra no ciclo passado, mas também música para os ouvidos dos macroeconomistas.

Uma safra maior no campo neste ano deve significar uma maior contribuição do agronegócio à economia brasileira, segundo analistas de mercado, representantes do governo e do setor privado ouvidos pelo Estadão/Broadcast.

No Produto Interno Bruto (PIB), o resultado é imediato. Após um ano de retração, acumulada em 3,5% até setembro, o PIB do agro deve voltar a crescer neste ano, impulsionado pela previsão de colheita de grãos 8,2% maior. No último ano, a menor produção de soja e milho, em virtude do clima adverso, se refletiu no PIB da Agropecuária. Para este ano, as previsões compiladas pelo Estadão/Broadcast apontam para aumento de 2,5% a 6% no PIB agro.

Para os economistas, a maior produção de grãos, que responde por uma fatia relevante do PIB agro, deve compensar a retração na pecuária e as menores safras de café e açúcar. “Estimamos crescimento de 2,6% para o PIB agro neste ano, com viés de alta. 2024 foi um ano ruim para a produção de grãos e bom para carnes, após um 2023 de combinação de pecuária e produção agrícola fortes. Neste ano, veremos grãos puxando o desempenho, mas as carnes limitando o crescimento do setor”, avalia a analista da Tendências Consultoria, Gabriela Faria, economista responsável por agropecuária e biocombustíveis.

O melhor desempenho da agropecuária deve compensar a desaceleração da indústria e dos serviços, segundo estimativas do Ministério da Fazenda. No seu boletim macrofiscal mais recente, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda projeta crescimento de 6% no PIB agropecuário em 2025, ante aumento de 2,5% do PIB geral. Com isso, o setor tende a ampliar sua participação no PIB nacional, historicamente entre 6,5% e 7%.

Do lado da inflação dos alimentos, a supersafra deve ajudar a aliviar os preços mais elevados de carnes, café e açúcar, alimentos que devem ficar mais caros ao consumidor e pressionar a inflação em geral. Com a expectativa de maior produção e preços dentro da média, de estabilidade à queda, os grãos tendem a ter impacto neutro sobre a inflação.

“Não há perspectiva de altas acentuadas nas cotações de soja e milho, o que ameniza a pressão sobre a inflação de alimentos. Dos produtos básicos, o trigo vai depender muito do dólar, já o arroz tende a ter uma ótima safra e o feijão deve ficar com produção dentro da média”, apontou o gerente da consultoria Agro do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves.

A contribuição é bem-vinda em meio aos sinais de uma inflação de alimentos resistente, o que preocupa o governo em virtude da pressão sobre a inflação geral e consequente atraso no ciclo de corte de juros. Os números mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os preços de alimentação e bebidas aumentaram pelo quarto mês seguido, para uma alta de 1,47% em dezembro. A Tendência Consultoria projeta aumento de 9,1% no IPCA alimentos de 2024 e de 6,2% para este ano, com viés de alta.

Reflexos positivos da maior produção de grãos serão observados também, segundo os economistas, na balança comercial brasileira, com potencial crescimento das exportações do agronegócio neste ano.

Em 2024, as exportações do setor recuaram 1,3% para US$ 164,4 bilhões, refletindo a quebra na safra de soja e milho 2023/24 e o arrefecimento dos preços internacionais. Neste ano, o agronegócio brasileiro deve ter um cenário mais favorável para as exportações do setor, com o volume impulsionado pela safra e o valor nominal das vendas externas beneficiado pelo dólar forte ante o real. Do lado da receita gerada com as exportações agropecuárias, a previsão de preços das commodities dentro da média corrobora a perspectiva de uma maior contribuição do setor à balança comercial nacional.

Apenas de soja e milho, o Brasil deve exportar 16,9 milhões de toneladas mais neste ano, projeta a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Os embarques de carnes também devem crescer e contribuir para uma balança comercial mais firme. Além dos volumes robustos, o dólar forte ante o real, na faixa de R$ 6, tende a puxar a geração de divisas com a comercialização internacional dos produtos agropecuários.

As projeções de analistas de mercado consultados pelo Estadão/Broadcast apontam para aumento de cerca de 5% nas exportações do setor. “O aumento será puxado mais por volume e câmbio que por preços e, principalmente, por vendas externas de soja e milho”, observou o sócio-diretor da consultoria MB Agro, José Carlos Hausknecht. Em termos de participação, o agronegócio deve manter uma fatia de 50% na pauta exportadora nacional.

Em meio às incertezas no quadro fiscal, aumento de juros e câmbio firme, a economia brasileira volta a ter maior dependência do campo. Com uma supersafra, o agronegócio deve dar fôlego ao crescimento econômico e aos principais indicadores do Brasil. Caso a safra não seja excepcional, mas supere a do ano passado, a agropecuária ao menos conseguirá sustentar a economia.

Agrolink - RS   23/01/2025

O mercado de máquinas agrícolas no Brasil fechou 2024 com uma significativa queda nas vendas, conforme dados da FederUnacoma, com base nos registros do Ministério dos Transportes. Todos os principais tipos de máquinas sofreram retração, com destaque para os tratores, que tiveram uma diminuição de 12,3%, com 15.448 unidades vendidas (contra 17.613 em 2023), o pior desempenho desde 1952. As colheitadeiras também apresentaram uma redução de 31,8%, totalizando 266 unidades registradas, enquanto os transportadores caíram 14,9%, com 525 unidades comercializadas.

A queda se estendeu a manipuladores telescópicos e reboques. Os manipuladores reduziram em 14,4%, com 977 unidades vendidas (contra 1.141 no ano anterior), enquanto os reboques sofreram uma retração de 2,8%, com 7.504 unidades comercializadas (7.718 em 2023). Esse cenário é reflexo da alta nos custos de produção e das taxas de juros elevadas, que dificultam o acesso ao crédito, além da estagnação da renda agrícola. Este é o terceiro ano consecutivo de queda para o setor, após o pico de 2021.

O impacto também foi sentido na Europa e na América do Norte. Na União Europeia, países como França (-10,1%), Alemanha (-3,4%) e Reino Unido (-11,9%) apresentaram redução nas vendas, assim como os Estados Unidos (-13,2%) e o Canadá (-15,8%).

Na Itália, a situação foi ainda mais desafiadora devido ao esgotamento dos incentivos para tecnologias 4.0, que impulsionaram o setor em 2021. Os programas de incentivo, como o PNRR, focados em tratores elétricos e movidos a metano, têm impacto limitado. Para a FederUnacoma, é essencial o fortalecimento de novos planos estruturais para enfrentar os desafios econômicos atuais.

O Estado de S.Paulo - SP   23/01/2025

Puxado pelas carnes, café, milho e açúcar, o agronegócio deve continuar carregando o saldo da balança comercial brasileira neste ano. Entre exportações e importações, as transações com produtos do campo devem atingir US$ 126,8 bilhões. Essa cifra equivale a quase o dobro do saldo da balança comercial de US$ 67 bilhões projetado para 2025 pela consultoria MacroSector.

Não é de hoje que a balança comercial do País seria deficitária, caso não contasse com a contribuição do agronegócio. “Mas desde 2022 não havia uma relação tão forte entre o saldo comercial do agronegócio e o da balança comercial”, observa o economista Fabio Silveira, sócio da MacroSector e responsável pelas projeções.

Naquele ano, o saldo comercial do agronegócio correspondeu a duas vezes o saldo da balança comercial total, porém com resultados menores do que os projetados para 2025. Em 2022, o saldo do agronegócio somou US$ 123,9 bilhões e o da balança comercial geral foi de US$ 61,5 bilhões.

Já nos anos seguintes, 2023 e 2024, a relação entre o saldo comercial do agronegócio e da balança como um todo recuou para 1,3 vezes e 1,6 vezes, respectivamente.

Silveira atribui o fortalecimento do papel do agronegócio previsto para este ano a vários fatores combinados. Entre eles estão a escalada de preços das matérias-primas, o ritmo ainda acelerado de crescimento das economias asiáticas, em especial a da China - o grande comprador de carnes e grãos - e a forte liquidez global.

Os programas de transferência de renda feitos por vários países para reverter a paralisia econômica provocada pela pandemia resultaram na aceleração dos preços das commodities que tem ajudado as exportações do agronegócio.
Dois lados

O lado bom do vigoroso desempenho da balança comercial do agronegócio é o acúmulo de reservas em dólares para o País, o que garante a estabilização da moeda. Esse aspecto ganhou relevância sobretudo nos últimos meses por conta da forte desvalorização do real em relação ao dólar. “O acúmulo de reservas ajudou a conter a disparada do dólar e evitou que a moeda americana chegasse a R$ 7”, afirma Silveira.

O economista pondera que a inflação está hoje acima do teto da meta (4,5%), mas ressalta que não vê risco de descontrole. “São poucos os países atualmente que têm essa sobra de dólar no mercado financeiro que o Brasil tem.”

No longo prazo, porém, a forte dependência do agronegócio e da exportação de matérias-primas no resultado comercial preocupa porque não gera dinamismo na economia e limita o crescimento, avalia o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. “O que exportamos (commodities) é o que alguém quer e os preços são determinados pelo mercado: apenas embarcamos o que foi decidido no exterior.”

Tanto Silveira como Castro alertam que, do ponto de vista estratégico, um desdobramento negativo da forte dependência do agronegócio nas exportações é a baixa geração de empregos qualificados. “Mão de obra qualificada seria demandada se as exportações fossem focadas em segmentos de densidade tecnológica, como a indústria automobilística, eletroeletrônica e nos bens de capital”, observa Silveira.

Nas contas de Castro, devido ao déficit na balança comercial de manufaturados de US$ 135 bilhões alcançado no ano passado, o País deixou de gerar 4 milhões de empregos qualificados diretos e indiretos ligados à indústria.

Silveira diz que a fragilidade da indústria brasileira, que não consegue gerar saldo comerciais, é resultado dos juros altos, da falta de investimentos e de políticas direcionadas para o setor. “Não conseguimos exportar bens de consumo, bens intermediários e bens de capital.”

No vermelho

Para este ano, as projeções da consultoria indicam um déficit comercial de US$ 13,1 bilhões para bens de consumo. As importações de máquinas e equipamentos, por sua vez, devem crescer, passando de US$ 81,2 bilhões em 2024 para US$ 87,8 bilhões em 2025. Isso deve resultar em um déficit de US$ 64,5 bilhões. “O segmento mais sofisticado em termos de tecnologia é o de bens de capital e aí a gente apanha: quase todo o déficit da balança esperado para 2025 é de bens de capital”, diz Silveira.

A perspectiva para o grupo petróleo e derivados, que despontou em 2024 como principal produto exportado pelo País e superou a soja, é de praticamente repetir neste ano o saldo comercial de 2024, com superávit de US$ 21,1 bilhões. Já no caso dos bens intermediários, a expectativa é de empate. Isto é, tanto as exportações como as importações devem girar em torno US$ 83,5 bilhões em 2025.
Novas estrelas

Apesar de a soja ser isoladamente o principal produto de exportação do agronegócio em volume e receita, a perspectiva para este ano é de que o grão não contribua para o aumento do saldo comercial do setor comparado a 2024.

O saldo da balança comercial da soja projetado para este ano é de US$ 39,2 bilhões, ante US$ 42,6 bilhões em 2024, com recuo de US$ 3,4 bilhões.

O motivo da retração é o preço baixo do grão devido ao aumento dos estoques internacionais. Ao final da safra 2023/24, o estoque mundial de soja era de 112 milhões de toneladas e a projeção é de que atinja 132 milhões de toneladas ao final da safra 2024/25.

Aumentos das safras dos Estados Unidos e do Brasil, esta última estimada em 166,3 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) neste ano, um recorde da série histórica iniciada em 2009, depreciaram preços, apesar da forte desvalorização do real.

Na última quinta-feira, 16, a saca de 60 quilos de soja no Porto de Paranaguá (PR) estava cotada para pagamento à vista em R$ 134,20, ante R$ 140,96 na mesma data de dezembro. É um recuo de quase 5% em 30 dias, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

O produtor e pecuarista Guilherme Pinezzi, do Mato Grosso, que iniciou nesta semana a colheita de 5,6 mil hectares de soja espalhados entre os municípios de Bom Jesus de Araguaia e Serra Nova Dourada, no nordeste do Estado, vive realidades diferentes dos produtos com os quais ele trabalha. A soja está no terceiro ano de baixa de preços e a pecuária deu uma virada a partir do segundo semestre do ano passado, com uma valorização inesperada do boi gordo. “Commodity é cíclica”, afirma.

Anos atrás quando comprou a fazenda, ele conta que surfou no ciclo de alta da soja. Agora, no entanto, os preços estão em queda por causa da grande oferta mundial. Mesmo assim, ele expandiu a área plantada com o grão em 6% nesta safra. Foi um ritmo bem menor do que o plano inicial, que era crescer 20% a área.

Apesar do risco de expandir o cultivo num cenário desfavorável de preços, Pinezzi explica que os produtores que plantam soja não têm alternativas de outras lavouras anuais para substituir o grão em grande escala.

A expectativa é tirar a diferença da queda de preços com aumento da produtividade para voltar a ter margem positiva. Neste ano, ele espera colher 70 sacas de 60 quilos por hectare, ante 62 no ano passado.

Além da expectativa de aumento da produtividade da soja, o produtor comemora o cenário favorável da pecuária. A arroba (15 quilos) do boi na sua região hoje está em R$ 320, ante R$ 220 no mesmo período do ano passado. Hoje Pinezzi está investindo no estoque de animais.

De acordo com as projeções da consultoria, as exportações de carnes, que incluem frango, suínos e bovinos, devem ser uma das alavancas do saldo comercial do agronegócio. A projeção é de um saldo de US$ 25,6 bilhões para as carnes neste ano, ante US$ 24,2 bilhões em 2024.

Além da carne, outros dois destaques da balança comercial do agronegócio são o milho e o café. No caso do milho, a expectativa é de que o grão gere um saldo comercial de US$ 9,5 bilhões este ano, com um aumento de US$ 1,6 bilhão em relação a 2024.

Ao contrário da soja, o preço do grão voltou a crescer em escala global pelo declínio dos estoques em razão de problemas na produção dos Estados Unidos e aumento da demanda da China. Na última quinta-feira, 16, a saca de 60 quilos do grão estava cotada à vista a R$ 74,42, segundo Indicador Esalq/BM&FBovespa. É uma alta de quase 20% em 12 meses.
Café no topo

Mas a grande ajuda no saldo comercial do agronegócio tem vindo do café. Em 2024, o saldo comercial do café em grão atingiu US$ 11,3 bilhões, com avanço de US$ 4,1 bilhões ante 2023 ou crescimento de quase 60%.

Para 2025, a expectativa é de que esse cenário continue. A consultoria projeta que o saldo comercial do café em grão atinja US$ 12,8 bilhões.

Márcio Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), observa que o País bateu recorde anual de exportação em 2024, com o embarque de 50,4 milhões de sacas e alta 28,5% nos volumes ante 2023.

A receita de exportação de US$ 12,5 bilhões no período também foi recorde e avançou 55,4% ante 2023.

Ferreira atribui esse forte desempenho das exportações de café à oferta restrita e ao aumento de preços. Em dezembro de 2024 o preço médio de exportação atingiu US$ 300,64 por saca, com alta de 54,7% ante dezembro de 2023, o maior nível em cinco anos.

Por conta de problemas climáticos, Vietnã e Indonésia colheram safras menores e o Brasil, mesmo com um volume aquém do previsto de produção, atendeu a demanda deixada pelos concorrentes.

“O agro salvou o saldo comercial do País e, com certeza, o café é um dos grandes guerreiros para manter esse superávit”, afirma o diretor do Cecafé, Marcos Mattos. No ano passado, o café respondeu por 7,6% das exportações do agronegócio e 3,7% das exportações totais brasileiras. Em ambos os casos, são as maiores marcas em dez anos.

Em menor proporção comparado ao café e às carnes, o açúcar também deve contribuir para impulsionar o saldo do agronegócio. A projeção é de um saldo de US$ 19,6 bilhões em 2025, com avanço de US$ 0,9 bilhão ante 2024.

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