Clipping Diário

25 | Setembro | 2024

SIDERURGIA

Valor - SP   25/09/2024

Dia é positivo para as ações em função das medidas anunciadas pelo Banco do Povo da China (PBoC) para estimular a economia do país

As ações de companhias de siderurgia e de mineração brasileiras disparam na sessão desta terça-feira (24). Por volta das 10h45, os papéis da CSN Mineração avançavam 6,77%. Já as ações de Vale, Bradespar e Usiminas registravam alta de 5,16%, 4,43%, 3,75%, respectivamente.

O dia é positivo para as ações em função das medidas anunciadas pelo Banco do Povo da China (PBoC) para estimular a economia do país, ajudando a elevar os preços do minério de ferro, que subiram na Bolsa de Dalian e encerraram a terça-feira em alta de 4,64% a 699,5 yuan (US$ 99,19), a tonelada.

A China informou que cortará o compulsório bancário em 0,5 ponto percentual, de acordo com o presidente do PBoC, Pan Gongsheng. Além disso, a taxa de recompra reversa de sete dias, que é a principal taxa de política monetária da China, será reduzida para 1,5%, ante 1,7%, em medida que, conforme o dirigente, reduzirá os custos de empréstimo da linha de crédito de médio prazo do banco central em 0,3 ponto.

A China também informou que irá cortar as taxas de juros sobre os empréstimos hipotecários existentes, e a entrada mínima para a compra de um segundo imóvel será reduzida de 25% para 15%.

Valor - SP   25/09/2024

Prazo previsto para a conclusão da investigação era o início do ano que vem, e o novo prazo foi estabelecido em agosto de 2025

O governo federal prorrogou ontem, investigação sobre prática de dumping nas exportações feitaas pela China de “folhas metálicas de aço carbono, ligado ou não ligado, de qualquer largura com espessura inferior a 0,5 mm e de dano à indústria doméstica resultante de tal prática”. A decisão foi publicada em circular, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), no Diário Oficial da União (DOU). A pasta também informa na circular que, pelo menos até este momento, a investigação já verificou “preliminarmente a existência de dumping”.

O prazo inicial previsto ainda em março para a conclusão da investigação era o início do ano que vem. Já o novo prazo foi estabelecido em agosto de 2025, embora o Mdic preveja a apresentação do parecer final em março do próximo ano.

Na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), os produtos correspondem aos números 7210.12.00, 7210.50.00, 7212.10.00 e 7212.50.9.

Brasil Mineral - SP   25/09/2024

Apenas a China produziu 77,9 milhões de toneladas, um recuo de 10,4% na comparação com agosto do ano passado, enquanto a Índia produziu 12,3 milhões de toneladas

A worldsteel divulgou que a produção mundial de aço bruto alcançou 144,8 milhões de toneladas em agosto de 2024, uma queda de 6,5% em relação ao mesmo mês do último ano. A Ásia e a Oceania produziram 107,1 milhões de toneladas em agosto, 8% a menos sobre agosto de 2023. Apenas a China produziu 77,9 milhões de toneladas, um recuo de 10,4% na comparação com agosto do ano passado, enquanto a Índia produziu 12,3 milhões de toneladas no mês, um incremento de 2,6% sobre o mesmo mês do último ano. Japão e Coreia do Sul produziram 6,9 milhões t e 5,5 milhões de toneladas de aço bruto em agosto, respectivamente, com recuos de 3,9% e 2,2% na comparação com o mesmo mês de 2023.

Os países do Bloco Europeu produziram 9,1 milhões de toneladas de aço em agosto de 2023, ou 2,2% a mais que no mesmo mês de 2023. A Alemanha produziu 2,9 milhões de toneladas, com ligeiro aumento de 0,5% sobre agosto de 2023. Países europeus, como Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Noruega, Sérvia, Turquia e Reino Unido, produziram 3,7 milhões de toneladas e cresceram 8,4%, na comparação com agosto de 2023. A Turquia viu a produção disparar 13,8%, para 3,1 milhões de toneladas em agosto de 2024. A África – Egito, Líbia e África do Sul – produziu 1,9 milhão de toneladas de aço bruto em agosto, 7,2% inferior na comparação com agosto do último ano. Já os países da CIS produziram 7 milhões de toneladas, um retrocesso de 8,7%, com a Rússia registrando produção estimada de 5,8 milhões de toneladas, e despencando 11,5% sobre agosto de 2023.

Os países do Oriente Médio - Irã, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos – registraram produção de 3,4 milhões de toneladas de aço bruto e caiu 3,2% na comparação com agosto de 2023. O Irã produziu 1,4 milhões de toneladas, 9,9% inferior no mês.

A produção na América do Norte caiu 3,8% em agosto de 2024, somando 9 milhões de toneladas. Apenas os Estados Unidos produziram 7 milhões de toneladas, 0,7% a mais que o volume de agosto de 2023, enquanto a produção na América do Sul alcançou 3.6 milhões de toneladas, 0,8 a mais do que em agosto de 2023. O Brasil produziu 3 milhões de toneladas e registrou 7,3% superior a agosto do último ano. No acumulado do ano até agosto, a produção mundial de aço bruto somou 1,251 bilhão de toneladas, o que representa um retrocesso de 1,5% em relação ao mesmo período de 2023.

Valor - SP   25/09/2024

A Nippon havia adquirido uma participação na companhia coreana em 2000 por meio de um acordo de aliança estratégica

A Nippon Steel planeja vender sua participação na siderúrgica coreana Posco como parte de sua estratégia de aumentar a eficiência dos ativos.

A empresa japonesa pretende vender 2,89 milhões de ações da Posco, e o momento da venda será determinado por vários fatores, incluindo as tendências de mercado, disse nesta terça-feira (24).

Segundo a FactSet, os 2,89 milhões de ações que a Nippon Steel pretende se desfazer representam uma participação de 3,5% na Posco.

A Nippon havia adquirido uma participação na companhia coreana em 2000 por meio de um acordo de aliança estratégica.

A siderúrgica japonesa afirmou que o impacto da venda nos demonstrativos financeiros da Nippon Steel para o ano fiscal que termina em março de 2025 ainda não foi calculado.

Money Times - SP   25/09/2024

Depois de cair mais de 35% desde janeiro, as ações da CSN (CSNA3) tiveram um breve respiro nesta terça-feira (29).

Os papéis da companhia lideraram os ganhos do Ibovespa desde o início da sessão e avançaram quase 10% durante o pregão. CSNA3 terminou a sessão com alta de 9,39%, a R$ 12,12. Acompanhe o Tempo Real.

As ações também figuram entre as mais negociadas da B3, com cerca de 10,4 mil negociações.

E o motivo para a forte valorização das ações é o mesmo para a queda anual: o desempenho do minério de ferro.

Hoje (24), os preços dos contratos futuros da commodity registraram o maior ganho diário em mais de um ano, com uma melhora do sentimento de mercado em função de um pacote de novos estímulos monetários da China e do reabastecimento de estoques antes de feriados chineses.

O contrato de janeiro de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 4,64%, a 699,5 yuans (aproximadamente US$ 99,38 dólares) a tonelada — o maior aumento diário desde 29 de maio de 2023.

Uma ‘ajudinha’ de China

O Banco Central da China (PBoC, na sigla em inglês) lançou o maior pacote de estímulo desde a pandemia para tirar a economia de seu estado deflacionário e voltar a atingir a meta de crescimento do governo.

Com foco no mercado imobiliário, o BC reduziu as taxas de juros médias para hipotecas existentes 50 pontos-base e fez um corte na exigência de entrada mínima para 15% em todos os tipos de moradias, entre outras medidas.

O BC chinês também introduziu duas novas ferramentas para impulsionar o mercado de capitais.

A primeira é um um programa de swap com tamanho inicial de 500 bilhões de yuans, que permite que fundos, seguradoras e corretoras tenham acesso mais fácil a financiamento para comprar ações.

Já a segunda medida oferece até 300 bilhões de yuans em empréstimos ‘baratos’ do banco central a bancos comerciais para ajudá-los a financiar compras e recompras de ações de outras entidades.

O pacote mais amplo do que o esperado, que oferece mais financiamento e cortes nas taxas, marca a mais recente tentativa de Pequim de restaurar a confiança depois que uma série de dados decepcionantes levantou preocupações sobre uma desaceleração estrutural prolongada.

Na véspera, o Banco Central da China reduziu as taxas de juros para um período de 14 dias — iniciado na segunda-feira (23) —, que foi considerado um pequeno sinal de anúncio de novos estímulos monetários.

Além disso, o site chinês de informações financeiras Hexun Futures divulgou que a produção de minério de ferro no período de janeiro a agosto subiu 4,1% em relação ao ano anterior, citando dados do National Bureau of Statistics.

A segunda maior economia do mundo está passando por crescimento mais lento, apesar de uma série de políticas destinadas a estimular o consumo.
Alta do setor em bloco

CSN (CSNA3) encabeça as altas do setor de mineração e siderurgia.

Mas Usiminas (USIM5) também operou entre as maiores altas do Ibovespa com apoio do minério de ferro e em movimento de recuperação das perdas recentes.

Na véspera, os papéis da companhia terminaram a sessão como a segunda maior baixa do Ibovespa, com queda de quase 5%, após o JP Morgan rebaixar duplamente as ações de compra para a venda.

Nesta terça-feira (24), USIM5 terminou as negociações com avanço de 7,68%, a R$ 6,03.

Além disso, Vale (VALE3) também foi um dos destaques — e apoia o avanço de mais de 1% do principal índice da bolsa brasileira. Os papéis terminaram com alta de 4,88%, a R$ 60,34. A mineradora recuperou cerca de R$ 13 bilhões em valor de mercado.

Os ganhos começaram antes mesmo da abertura das negociações. Os recibos de ações (ADRS, na sigla em inglês) de Vale, negociadas sob o ticker VALE, dispararam mais de 5% no pré-mercado de Nova York. Os papéis negociados em Nyse terminaram com avanço de 6,39%, a US$ 11,07.

ECONOMIA

IstoÉ Dinheiro - SP   25/09/2024

A diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman, estima que os juros neutros norte-americanos estão em nível mais elevado do que no período pré-pandemia, o que sugere riscos de nova aceleração nos preços se o BC americano cortar juros rápido demais. Em discurso divulgado nesta terça-feira, 24, Bowman argumenta que este é o motivo pelo qual não vê o pico do último ciclo de aperto monetário como “muito restritivo”, ao contrário de outros dirigentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês).

“Ainda existe em segundo plano uma quantia significativa de demanda reprimida, pronta para acelerar conforme os juros se movem para baixo”, apontou a dirigente. “Uma postura mais comedida ao flexibilizar a política monetária evitaria impulsionar a demanda desnecessariamente ou reacelerar pressões inflacionárias.”

Bowman reforçou que ainda vê a inflação como uma preocupação, diante de riscos “proeminentes” de alta nos preços devido a greves de trabalhadores, aumento nas tensões geopolíticas, efeitos inflacionários nos mercados de commodities e expansão de gastos fiscais. “Não é meu cenário base, mas não posso descartar risco de que o progresso na inflação pode estagnar”, alertou.

Por outro lado, a dirigente ponderou que as poupanças estão esgotando, apesar da resiliência dos consumidores, e que a desaceleração do mercado de trabalho não reflete um enfraquecimento preocupante – por exemplo, o aumento na taxa de desemprego reflete contratação lenta, não demissões.

“Minhas decisões levarão em conta os riscos para o mandato duplo de estabilidade de preços e emprego máximo”, concluiu Bowman, destacando que até a próxima decisão, em novembro, os dirigentes terão mais dados sobre inflação, emprego e atividade econômica. “Se dados apontarem deterioração do mercado de trabalho, apoiarei ajustes necessários na política monetária.”

O Estado de S.Paulo - SP   25/09/2024

O Comitê de Política Monetária (Copom) repetiu, na ata da sua mais recente decisão, que os próximos ajustes na Selic e a magnitude total do ciclo de aumento dos juros serão determinados pelo seu “firme compromisso de convergência da inflação à meta”, assim como já constava no comunicado da última quarta-feira, 18. O documento foi divulgado nesta terça-feira, 24, pelo Banco Central e detalha o que levou a cúpula da instituição a realizar o primeiro aumento da taxa no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

“O cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista”, diz o documento, repetindo o mesmo texto usado no comunicado.

Na semana passada, o colegiado aumentou a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, de 10,5% para 10,75% ao ano. Na segunda-feira, 23, o relatório Focus mostrou que o mercado voltou a aumentar as projeções para o aperto monetário, estimando elevação da taxa Selic até 11,75% ao ano em janeiro de 2025, com altas de 0,25 a 0,5 ponto porcentual nas três próximas reuniões. Mesmo assim, as expectativas de inflação também voltaram a aumentar.

Na ata, o comitê repetiu que os próximos ajustes na taxa Selic dependerão, também, “da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

O BC também trouxe novamente as mesmas projeções de inflação que já constavam no comunicado. A estimativa para o IPCA acumulado em quatro trimestres no primeiro trimestre de 2026 — o horizonte relevante da política monetária — é de 3,50% no cenário de referência, com a trajetória de juros extraída do Focus (até 13 de setembro) e dólar partindo de R$ 5,60 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Essa estimativa considera uma alta de 3,90% para os preços administrados e de 3,40% para os livres.

A autoridade monetária espera que o IPCA feche 2024 em 4,30%, com alta de 4,20% para os preços administrados e de 4,40% para os livres, e desacelere a 3,70% no próximo ano, considerando uma taxa de 4% para os preços administrados e de 3,60% para os livres. O BC repetiu a tabela inaugurada no comunicado recente.

As projeções do BC para a inflação de todos os anos estão abaixo das medianas do mercado, que indicam inflação de 4,37% em 2024, 3,97% em 2025 e 3,88% nos 12 meses encerrados em março de 2026, conforme o relatório Focus.

Busca por transparência

O Copom dividiu em três “dimensões” a dinâmica de como se deu a discussão sobre a condução da política monetária, que levou à alta da Selic para 10,75% ao ano na semana passada.

“Em primeiro lugar, o comitê avaliou que o cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista. O comitê ao longo do tempo tem delineado sua função de reação, tornando transparente sua forma de agir, e perseguirá plenamente seu mandato”, explicou o documento.

Em segundo lugar, o comitê relatou que julgou que o início do ciclo deveria ser gradual de forma a, por um lado, se beneficiar do acompanhamento diligente dos dados, ainda mais em contexto de incertezas, tanto nos cenários externo como doméstico, mas, por outro lado, permitir que os mecanismos de transmissão da política monetária que possibilitarão a convergência da inflação à meta já comecem a atuar. “Todos os membros do comitê concordaram em iniciar gradualmente o ciclo de aperto de política monetária”, explicitou a ata.

Em terceiro lugar, o comitê informou que debateu o ritmo e a magnitude do ajuste da taxa de juros, bem como sua comunicação. “Em virtude das incertezas envolvidas, o comitê preferiu uma comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos, insistindo, entretanto, no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta”, trouxe o documento.
Convergência mais desafiadora

O Copom afirmou que segue avaliando que a atividade econômica e o mercado de trabalho domésticos vêm apresentando maior dinamismo do que esperado, levando a uma reavaliação do hiato do produto para o campo positivo.

Na ata, foi relatado que vários membros enfatizaram que a dinâmica da atividade foi uma dimensão bastante relevante no período recente, enfatizando as surpresas para o comitê e para os analistas de mercado, tal como retratado na pesquisa Focus. “Esse ritmo de crescimento da atividade, em contexto de hiato agora avaliado positivo, torna mais desafiador o processo de convergência da inflação à meta”, considerou.

O colegiado observou que a conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito às famílias segue indicando um suporte ao consumo e consequentemente à demanda agregada. “Em síntese, à luz da atualização dos dados de atividade do período e dos modelos apresentados, o comitê concluiu que o hiato está em campo positivo.”

O comitê salientou também que houve manutenção do dinamismo no mercado de trabalho, verificando-se ganhos reais nos salários nos últimos meses. “Como não há evidência de aumento significativo de produtividade, tais ganhos podem refletir pressão no mercado de trabalho”, cogitaram.

A esse respeito, conforme o documento, alguns membros enfatizaram a evidência de falta de oferta de trabalho em alguns setores. A ata explicou que os integrantes do Copom discutiram, então, o impacto potencial do mercado de trabalho sobre a inflação. “Argumentou-se que não há evidência ainda de que pressões salariais estejam impactando preços, mas ressaltou-se que o crescimento real de salários, em se mostrando persistente e acima de ganhos de produtividade, acabará tendo impacto sobre preços.”

O comitê pontuou, porém, que o momento e a magnitude desse canal de transmissão permanecem incertos.

Política fiscal crível

O esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com “impactos deletérios” sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade, afirmou o Copom.

O comitê repetiu que monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. “Ademais, notou-se que a percepção mais recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente, junto com outros fatores, vem tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas”, escreveram os diretores do colegiado.

A cúpula do BC voltou a dizer que uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados, em conjunto com a persecução de estratégias fiscais que sinalizem e reforcem o compromisso com o arcabouço fiscal nos próximos anos são importantes elementos para a ancoragem das expectativas de inflação. Também são essenciais para a redução dos prêmios de riscos dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária, de acordo com o documento.

O comitê informou que incorpora em seus cenários uma desaceleração no ritmo de crescimento dos gastos públicos ao longo do tempo. “Políticas monetária e fiscal síncronas e contracíclicas contribuem para assegurar a estabilidade de preços e, sem prejuízo de seu objetivo fundamental, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.”

Desancoragem das expectativas

Informação que vem sendo repetida por vários porta-vozes do Banco Central recentemente, a ata do Copom reforçou que a desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do colegiado. “A reancoragem das expectativas é um elemento essencial para assegurar a convergência da inflação para a meta ao menor custo possível em termos de atividade”, enfatizou o documento.

O comitê também avaliou que a condução da política monetária é um fator fundamental para a reancoragem das expectativas. O colegiado se comprometeu a continuar tomando decisões que salvaguardem a credibilidade e reflitam o papel fundamental das expectativas na dinâmica de inflação.

Sobre o ciclo de crédito, a avaliação da cúpula do Banco Central é a de que segue com expansão em volume e redução de taxas na maior parte das linhas, tanto nas concessões às famílias quanto às empresas. “Observa-se maior apetite ao risco na oferta de crédito, mas a leve piora na qualidade das concessões de crédito às famílias ainda não se transformou em aumento de materialização de riscos”, ponderaram os integrantes do colegiado, acrescentando que as captações no mercado de capitais seguem fortes.
Aumento das projeções de inflação

O Copom concluiu que o cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas em uma trajetória de taxa de juros mais elevada.

“O comitê avaliou que os dados referentes à inflação sugerem uma deterioração da composição da inflação, ainda que o número agregado não tenha divergido significativamente do que era esperado no trimestre anterior”, pontuaram os integrantes do colegiado.

Eles salientaram também que identificaram uma interrupção no processo desinflacionário no período mais recente: as taxas de inflação de bens industriais e de alimentação no domicílio cresceram na margem, possivelmente refletindo a depreciação cambial e um cenário mais desafiador advindo do clima. Concomitante a isso, ressaltaram que a inflação de serviços, que tem maior inércia, assumiu papel preponderante na dinâmica desinflacionária no estágio atual.

“Debateu-se então o papel da dinâmica do mercado de trabalho e das expectativas de inflação para a determinação da inflação de serviços”, explicaram sobre o andamento do encontro. “Concluiu-se que a inflação corrente, medida pelo índice cheio ou por diferentes medidas de núcleo, em níveis acima da meta, em contexto de dinamismo da atividade econômica, torna a convergência da inflação à meta mais desafiadora.”

Como já adiantado no comunicado da semana passada, o comitê avaliou que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

Entre os riscos de baixa, a ata ressaltou apenas dois pontos: uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
Desinflação, com IPCA acima da meta

O Copom reconheceu textualmente que, embora espere uma trajetória de desinflação, as suas projeções continuam indicando que o IPCA permanecerá acima da meta, de 3%, ao longo de todo o horizonte relevante.

O colegiado espera que o IPCA atinja 3,5% no acumulado de 12 meses até março de 2026, considerando a trajetória de juros embutida no Focus (até 13 de setembro) e uma taxa de câmbio que parte de R$ 5,60 e evolui conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC), o chamado “cenário de referência.”
Dúvidas sobre os EUA

O Copom reforçou que o ambiente externo permanece desafiador, em função do momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, o que “suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”.

O colegiado enfatizou que os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. “O comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, alertou.

Em relação ao cenário doméstico, a cúpula do Banco Central citou que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior do que o esperado, o que levou a uma reavaliação do hiato para o campo positivo. A ata ressaltou também que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cheio assim como medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes. O documento lembrou que as expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,4% e 4,0%, respectivamente.
Incerteza global

O Copom enfatizou que a taxa de câmbio do real apresentou volatilidade entre as duas últimas reuniões do colegiado, refletindo as diversas alterações no cenário doméstico e internacional. O documento pontuou que “movimentos abruptos” exigem mais cautela na condução da política monetária local.

O comitê reiterou que não há relação mecânica entre a condução da política monetária norte-americana e a determinação da taxa básica de juros doméstica, tampouco entre a taxa de câmbio e a determinação da Selic. “Como usual, o comitê focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo”, trouxe o documento.

“Reforçou-se, ademais, que um cenário de maior incerteza global e de movimentos cambiais mais abruptos exige maior cautela na condução da política monetária doméstica”, continuou.

O Estado de S.Paulo - SP   25/09/2024

Durante a maior parte dos últimos 25 anos, a política econômica brasileira se baseou em três pilares: câmbio flutuante, meta de inflação, e meta fiscal. Esse modelo foi respeitado por Lula em seus dois primeiros mandatos e segue vigente no governo atual. Lula manteve a meta de inflação em 3%, e sua equipe econômica deve reduzir o déficit do orçamento para dentro da margem de tolerância da meta fiscal em 2024.

Ainda assim, a credibilidade da política econômica deste governo continua baixa, e piorou nas últimas semanas. As queixas são muitas. As reclamações mais recentes têm a ver com a insistência em permitir que gastos obrigatórios continuem crescendo a uma velocidade insustentável, ao mesmo tempo em que se discutem subterfúgios para viabilizar investimentos ou programas sociais às margens do limite de gastos. Também há problemas na política monetária, com críticas sobre uma falta de sintonia entre a mais recente decisão do Banco Central por um aumento gradual dos juros (0,25 ponto percentual) e os argumentos apresentados na comunicação oficial do banco, que justificariam uma elevação mais contundente.

A frustração da equipe econômica é nítida. A aposta, no início do ano, era de que o cumprimento da meta fiscal calaria os críticos. O governo, de fato, está caminhando para entregar um resultado dentro da margem de tolerância em 2024. Mas o impacto tem sido nulo. A opinião geral entre credores da dívida brasileira, hoje, é a de que a meta se tornou irrelevante diante das dúvidas sobre a sustentabilidade do limite de gastos e das manobras contábeis que são debatidas em diversos ministérios.

Uma reação comum dentro do governo é interpretar essa dissonância como prova de viés político do mercado. Ao PT, não seria dado o benefício da dúvida que outros governos teriam tido, e esse seria um grande obstáculo para uma melhora do ambiente financeiro.

Como escapar dessa situação? No caso da política fiscal, para além da necessidade de reduzir incentivos fiscais e corrigir a estrutura de gastos, vale a provocação sobre o papel da própria meta de resultado primário. O governo diz que é déficit zero, mas está formalmente mirando o limite inferior, de quase 30 bilhões de reais. Além disso, para cumpri-la “custe o que custar”, lançou mão de medidas heterodoxas como a recuperação de depósitos judiciais, mas evitou ao máximo uma das ferramentas mais previsíveis - embora dolorosas - de ajuste fiscal: os contingenciamentos.

Para transmitir confiança sobre os próximos anos, seria importante que o governo não só mirasse o centro da meta, mas mostrasse que as ferramentas comuns previstas na lei de responsabilidade fiscal estão plenamente à disposição, sem deixar os investidores especulando sobre novas medidas heterodoxas de eficácia incerta. Nesse contexto, é até plausível que um eventual (mas improvável) descumprimento da meta de 2024 pudesse ter o efeito contraintuitivo de aumentar a credibilidade do governo, se - e somente se - isso disparasse as medidas automáticas de ajuste previstas no arcabouço fiscal.

Por fim, outra reflexão é sobre a comunicação do Banco Central. Transparência é bom, mas investidores têm se queixado de que o excesso de falas do presidente do Banco Central e de diretores em um contexto de maior incerteza tem servido apenas para exacerbar a volatilidade do mercado. É difícil saber a dose certa de interação, ainda mais quando isso está a cargo de um colegiado de diretores com opiniões naturalmente distintas. Mas, a julgar pela reação recente do mercado, um pouco mais de prudência e foco na comunicação oficial ajudaria a serenar os ânimos no curto prazo.

MINERAÇÃO

Investing - SP   25/09/2024

Os preços dos contratos futuros de minério de ferro subiram nesta terça-feira, registrando o maior ganho intradiário em mais de um ano, com uma melhora do sentimento de mercado em função de um pacote de novos estímulos monetários da China e do reabastecimento de estoques antes de feriados chineses.

O contrato de janeiro de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 4,64%, a 699,5 iuanes (99,38 dólares) a tonelada, registrando o maior aumento diário desde 29 de maio de 2023.

O minério de ferro de referência de outubro na Bolsa de Cingapura subiu 5,8%, a 94,65 dólares a tonelada.

O banco central da China lançou o maior pacote de estímulo desde a pandemia para tirar a economia de seu estado deflacionário e voltar a atingir a meta de crescimento do governo, mas os analistas alertaram que mais ajuda fiscal é vital para atingir essas metas.

O pacote mais amplo do que o esperado, que oferece mais financiamento e cortes nas taxas, marca a mais recente tentativa de Pequim de restaurar a confiança depois que uma série de dados decepcionantes levantou preocupações sobre uma desaceleração estrutural prolongada.

"Os fundamentos do mercado de importação de minério de ferro na China melhoraram na semana passada, já que o aumento da produção nas usinas siderúrgicas locais significou que a demanda pela matéria-prima permaneceu firme", disse a consultoria chinesa Mysteel em nota.

As siderúrgicas chinesas aumentaram lentamente a produção de metais quentes depois que os lucros sobre vendas de aço se recuperaram devido à retomada do consumo do usuário final, e espera-se que a demanda de minério de ferro para reabastecimento das usinas antes do próximo feriado do Dia Nacional, de 1º a 7 de outubro, melhorará ainda mais os fundamentos, disse a Mysteel.

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Money Times - SP   25/09/2024

Os recibos de ações (ADRS, na sigla em inglês) de Vale, negociadas sob o ticker VALE, dispararam mais de 5% no pré-mercado de Nova York em meio aos estímulos chineses. Na B3, os papéis VALE3 iniciaram o pregão com alta de 4,64%, a R$ 60,21. Acompanhe o Tempo Real.

A ação da companhia vem sofrendo nas últimas semanas em meio ao preço fraco do minério de ferro.

Já os preços dos contratos futuros de minério de ferro subiram nesta terça-feira, registrando o maior ganho intradiário em mais de um ano, com uma melhora do sentimento de mercado em função de um pacote de novos estímulos monetários da China e do reabastecimento de estoques antes de feriados chineses.

O contrato de janeiro de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 4,64%, a 699,5 iuanes (99,38 dólares) a tonelada, registrando o maior aumento diário desde 29 de maio de 2023.

O banco central da China lançou o maior pacote de estímulo desde a pandemia para tirar a economia de seu estado deflacionário e voltar a atingir a meta de crescimento do governo, mas os analistas alertaram que mais ajuda fiscal é vital para atingir essas metas.

O pacote mais amplo do que o esperado, que oferece mais financiamento e cortes nas taxas, marca a mais recente tentativa de Pequim de restaurar a confiança depois que uma série de dados decepcionantes levantou preocupações sobre uma desaceleração estrutural prolongada.

“Os fundamentos do mercado de importação de minério de ferro na China melhoraram na semana passada, já que o aumento da produção nas usinas siderúrgicas locais significou que a demanda pela matéria-prima permaneceu firme”, disse a consultoria chinesa Mysteel em nota.

BB recomenda compra em Vale

Na última segunda, o BB cortou o preço-alvo da Vale para R$ 74, potencial de alta de 30%, mas manteve a recomendação de compra.

Segundo os analistas, apesar das incertezas com relação ao cenário para minério de ferro curto prazo em razão principalmente da desaceleração do ritmo de crescimento da economia da China, que podem continuar pressionando os preços da commodity e as ações da Vale, a tese de investimento da companhia continua atrativa em uma visão de longo prazo.

“Além disso, após a forte desvalorização das ações nos últimos meses, observamos que as ações estão sendo negociadas com desconto de 23% sobre o múltiplo EV/EBITDA médio dos últimos 5 anos, o que reforça nossa recomendação de Compra para o papel, corroborada também pelo upside para nosso novo preço-alvo 2025e e pela expectativa de retorno adicional via dividendos”, discorre.

AUTOMOTIVO

Automotive Business - SP   25/09/2024

A outrora empolgação com a eletrificação não para de esfriar as expectativas de negócios das montadoras. A Hyundai é a bola da vez ao revisar para baixo a sua projeção de vendas globais até o fim da década.

Acompanhe o lançamento do relatório Tendências para o Setor Automotivo

Segundo a imprensa europeia, relatórios indicam que a fabricante sul-coreana agora prevê atingir 5,5 milhões de veículos/ano até 2030. A nova projeção representa queda de 6% em relação à expectativa anterior (5,9 milhões).

A revisão teria sido influenciada pelas incertezas no mercado de carros elétricos, que não cresce no ritmo esperado - e, em algumas regiões, ainda registra retração nos licenciamentos. Sem falar na concorrência das fabricantes chinesas.

Apesar da revisão para baixo, os 5,5 milhões de carros negociados da Hyundai almejados para 2030 representarão 30% a mais que as 4,2 milhões de unidades comercializadas em 2023.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   25/09/2024

“Sou favorável ao Banco Central independente, mas acho que tem certo ‘empirismo’ na decisão do BC”, afirma fundador da MRV

Fundador da MRV, Rubens Menin — Foto: Claudio Belli/Valor

Em painel no Incorpora, fórum da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), realizado nesta terça-feira (24), em São Paulo, o fundador da MRV, Rubens Menin, destacou que a taxa de juros real em 7,5% ao ano impede uma indústria competitiva no país e é “o grande inimigo do setor”. Ele criticou a forma pela qual a política monetária nacional tem sido conduzida.

“Sou favorável ao Banco Central independente, mas acho que tem certo ‘empirismo’ na decisão do BC”, disse. Ele analisou que o discurso monetário do país não vai bem, e que, ao pressionar para reduzir a demanda do mercado, a oferta também pode cair.

“Primeiro, descemos os juros com rapidez maluca, não podiam ter chegado a 2%”, disse. “Fizemos igual ao governo Dilma, descemos erradamente”. Depois, disse Menin, o aumento de juros também ocorreu com “rapidez maluca”, o que resultou em “discurso errático”.

Apesar dessa questão, o empresário se disse otimista com o setor e o país, mas ressaltou que poderia ser “muito melhor” do que está hoje, com mais consumo de residências, aço e concreto.

Menin afirmou que a indústria imobiliária ainda vai se beneficiar de uma troca mais frequente de residências. Enquanto uma casa, no Brasil, dura 90 anos, nos Estados Unidos, a vida útil seria de 45 anos. “A partir do momento que o país enriquece, a casa própria passa a durar menos”, disse.

O fundador da MRV dividiu o painel com Elie Horn, fundador da Cyrela. Horn destacou que, se o mundo está difícil hoje, para os negócios, “já foi pior”, e que dominar o fluxo de caixa da empresa é o seu maior conselho para conseguir crescer.

Questionado sobre a escassez de mão de obra no país, Menin afirmou que a situação é pior em São Paulo, mas que essa falta de profissionais para as obras deve impulsionar o setor a buscar mais tecnologia e se tornar mais eficiente. “Não é problema, é solução”.

Money Times - SP   25/09/2024

O PIB do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre do ano, superando as expectativas do mercado, que projetava um avanço de 0,9%. Esse resultado foi o mais forte desde o quarto trimestre de 2020.

Nesse ritmo, as projeções para a expansão do PIB no ano devem se aproximar de 3% contra os 1,59% projetados pelo relatório Focus em janeiro.

Assim, trago observações relevantes sobre este tema inspirada em um texto do José Urbano Duarte:

“O mercado imobiliário anda de lado há 10 anos. E a razão não é falta de demanda ou incapacidade de produzir e ofertar mais. Nove em cada dez transações imobiliárias de compra e venda regularmente efetuadas no mercado brasileiro são realizadas com financiamentos habitacionais tradicionais. Nesse contexto, é simples afirmar que o mercado não cresce, especialmente porque as condições de financiamento impedem.”

O crescimento do PIB na construção civil

A atual condição do país que afeta a dinâmica é objetiva e estrutural, diferentemente das anteriores que tinham perfil mais conjuntural.

Qualquer medida que não enfrente o desafio estrutural será paliativa. Importante, mas paliativa. Ainda inspirada nas palavras de José Urbano Duarte, a liberação do compulsório é relevante, mas não a solução como um todo.

O financiamento da produção com recursos de mercado também é uma medida temporária e arriscada, pois oferece uma solução de curto prazo e exige 1,5 vezes mais funding direcionado do que o alocado à produção.

Sobre as estruturas, ele cita duas.

A primeira é o mercado secundário, que exige a renúncia de algumas premissas exclusivas de rentabilidade, especialmente quando se tem uma visão de curto prazo focada apenas no produto (financiamento/agentes financeiros). Isso pode representar uma mudança importante na maneira como o negócio é visto, principalmente para incorporadoras e construtoras.

A segunda é a necessidade de foco no funding tradicional, sendo essencial direcionar os dois principais fundos de maneira clara conforme seu propósito principal. O FGTS deve continuar voltado ao público de baixa renda (popular), enquanto a Poupança deve atender o segmento de Média e Alta Renda (MAP).

Como o setor imobiliário pode aproveitar o aumento do PIB

As vantagens do aumento do PIB são várias, mas só vamos conseguir aproveitá-las se estivermos preparados. Nesse contexto, as empresas devem adotar algumas medidas estratégicas para surfar essa onda, em vez de apenas a observar.

A primeira delas é investir na análise de demanda dos imóveis. Aqui, os comitês de gestão devem abrir o olho para o monitoramento dos indicadores de consumo, intenção de compra e o crescimento populacional das regiões. A partir disso, é possível entender o que o mercado pede: se é habitação popular, médio padrão ou alto luxo.

Outro ponto importante é realizar um estudo de viabilidade e preço de insumos.

Com a demanda de imóveis aumentando, a busca por materiais de construção acompanha o movimento — o que impacta e muito no preço. O cimento, o aço e o vidro são os primeiros da lista a serem avaliados. Assim, se houver sinais de que o PIB e os preços continuarão crescendo, as construtoras podem decidir antecipar compras de materiais ou adotar práticas que reduzam a dependência de insumos tradicionais.

Não podemos esquecer de manter um olhar atento e cauteloso nesses momentos. É interessante fazer uma análise macro de riscos, pois cenários de crescimento do PIB podem vir acompanhados de volatilidade em outras áreas, como inflação, câmbio ou pressões políticas.

Então, nada melhor do que se precaver e fazer uma avaliação cuidadosa dos riscos envolvidos nos projetos, considerando tanto o crescimento do PIB quanto outros fatores macroeconômicos.

O desafio por trás de um crescimento ainda maior

Em relação a funding, um dos pontos principais recai sobre a necessidade de adotarmos uma postura proativa, priorizando planejamento e processos em vez de reagir às emergências previstas. Ainda mais em um contexto que afeta tanto a perenidade do acesso à moradia quanto a previsibilidade do setor.

Promover uma ampla discussão sobre medidas estruturais, consistentes e que gerem resultados permanentes é imprescindível. Poucos setores da nossa economia impactam tanto a população quanto a construção civil, seja no ambiente, na inovação ou na geração de empregos em diferentes níveis.

Em um país como o Brasil, em que o déficit habitacional é de sete milhões de pessoas, criar mecanismos que reduzam o custo do capital para linhas de crédito imobiliário é uma boa saída.

Se quisermos, de fato, mudar o gráfico acima para promover um crescimento significativo, é necessário que as agendas conjunturais sejam priorizadas por todos os envolvidos do setor. Mas, é ainda mais importante que as questões estruturais recebam a devida atenção.

Os ventos precisam soprar a favor. Que eles não resolvam mudar a direção!

Valor - SP   25/09/2024

Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, a meta de contratar 2 milhões de novas moradias no programa Minha Casa, Minha Vida, no governo Lula, deve ser ultrapassada

O ministro das Cidades, Jader Filho, prevê que a meta de contratar dois milhões de novas moradias no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), durante o governo Lula, deve ser ultrapassada.

Segundo ele, o primeiro milhão de novas moradias, que somam unidades que serão construídas com recursos da União e também financiadas com recursos do FGTS, deve ser atingido ainda neste mês. O ministro participou nesta terça-feira (24) de evento da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em São Paulo.

A Pasta prevê terminar 2024 com um número de novas contratações entre 600 mil e 650 mil, após ter encerrado 2023 com 450 mil novas moradias contratadas.

No evento, foram assinadas contratações de 1.088 unidades residenciais pelo MCMV Cidades, que utiliza recursos da União. O ministro disse querer atrair mais incorporadoras para essa modalidade do programa, que contempla pessoas com renda mais baixa do que no financiamento com recursos do FGTS, no qual os imóveis são vendidos no mercado.

Algumas incorporadoras preferem evitar a modalidade desde que, na década passada, houve atrasos no repasse de pagamentos e projetos deixados sem finalização.

Ele ressaltou que o governo não tem intenção de ampliar as faixas de renda do MCMV, algo que Lula havia defendido no ano passado, para atingir a classe média. A visão é de que o programa já está suficientemente aquecido. Atualmente, o MCMV contempla famílias com renda mensal de até R$ 8 mil.

Saque aniversário

O ministro disse ser a favor do fim do saque aniversário, modalidade na qual o dono de contas no fundo pode receber parte dos recursos uma vez por ano, mas fica impedido de retirar o valor total do seu FGTS por pelo menos dois anos.

Há uma campanha, apoiada pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e por entidades do setor imobiliário, como a Abrainc, para encerrar essa modalidade e também o adiantamento do saque aniversário. Eles alegam que os saques colocam em risco a saúde financeira do fundo, ao retirar para consumo rápido recursos que seriam investidos em habitação e infraestrutura.

“Não podemos matar a galinha dos ovos de ouro”, disse Jader Filho, ressaltando que o FGTS é única fonte de recursos “baratos” para financiar esses setores.

Inês Magalhães, vice-presidente de habitação da Caixa, também presente no evento, reforçou que é preciso estar “atento” a vários projetos de lei que querem usar o FGTS “de maneira heterodoxa”, citando que houve uma evolução na discussão sobre saque aniversário.

Segundo Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, a discussão sobre o saque aniversário está acontecendo. “Provavelmente vamos apresentar algo ao Congresso neste ano.”

Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, o primeiro milhão de novas moradias pelo programa Minha Casa, Minha Vida deve ser atingido ainda em setembro — Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

CNN Brasil - SP   25/09/2024

Uma pesquisa inédita divulgada nesta terça-feira (24) pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e Brain Inteligência Estratégica revela que mercado de médio padrão registrou queda na participação de unidades lançadas neste segmento, um dos mais importantes para o setor.

Os dados envolvem cerca de 10.500 empresas do mercado imobiliário nacional.

Segundo os dados da pesquisa, no segundo trimestre de 2024, o mercado de médio padrão foi responsável por 50% do total do Valor Global Lançado (VGL), contra 26% do mercado de alto padrão e 24% do Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

No mesmo período do ano passado, essa participação do médio padrão era de 60%. Isso ressalta a importância da classe média para o mercado imobiliário, mostrando que esse segmento tem um papel crucial para o desempenho do setor e para a geração de emprego e renda.

Considerando apenas a capital paulista, o maior mercado imobiliário do Brasil, a queda foi ainda mais acentuada. O VGL do segundo trimestre deste ano representou 50% no período, contra 66% no intervalo anterior.

O aumento do custo de financiamento bancário é, sem dúvida, o grande responsável pela queda dessa participação relativa, argumenta o setor. Ainda assim, a classe média é o principal mercado para o setor imobiliário.

“A classe média tem interesse em comprar imóveis, mas encontra dificuldade em obter crédito devido aos juros elevados e ao alto custo do funding. Isso não só compromete o orçamento das famílias, que enfrentam obstáculos para financiar a casa própria, como também inibe o lançamento de novos projetos pelas incorporadoras, afetando todo o setor,” afirmou Luiz França, presidente da Abrainc.

A declaração foi dada na 7ª edição do Fórum Incorpora, no evento que reúne os nomes das maiores incorporadoras do país, empresários e agentes do mercado financeiro.

França disse que, mesmo com uma melhora no cenário econômico do Brasil, a taxa Selic, que hoje está em 10,75% ao ano, vem dificultando a vida dos empresários e das pessoas físicas.

“Verificamos a menor taxa de desemprego da história – desde o início da série da Pnad em 2012 – e com inflação sob controle, temos o desafio da taxa de juros que dificulta tanto os empresários quanto as pessoas físicas”, afirmou.

Números da pesquisa mostram ainda que essa queda também é notada quando observa uma alta intenção de compra: 48% dos entrevistados em geral, de acordo com os dados da BRAIN (maior número já registrado). Porém, esse patamar de intenção é menor (40%) justamente na faixa de renda entre R$ 10 a R$ 20 mil por mês.

No último dia 18 de setembro, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa Selic para 10,75%, o que, segundo França, “tem efeito negativo sobre os tomadores de crédito em todos os setores da economia, encarecendo os empréstimos e financiamentos.”

FERROVIÁRIO

Valor - SP   25/09/2024

Renan Filho, ministro dos Transportes, contou que nos últimos 15 dias se encontrou com o novo presidente da mineradora, Gustavo Pimenta, que sucederá Eduardo Bartolomeo a partir de 1º de outubro

O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse nesta terça-feira (24) que as negociações para a renovação das concessões ferroviárias da Vale devem ser concluídas de forma “mais sólida e duradoura” com a entrada de Gustavo Pimenta no comando da companhia. Ele disse esperar que o desfecho das negociações se dê “o quanto antes”.

O ministro contou que nos últimos 15 dias se encontrou com o novo presidente da mineradora, que sucederá Eduardo Bartolomeo a partir de 1º de outubro.

Para o ministro, a revisão da renovação antecipada é um dos maiores acordos firmados com o governo, já que a empresa reconheceu que havia pago pelas outorgas um valor aquém do que efetivamente valeriam.

Pimenta manteve a proposta de aportes adicionais relativos à renovação dos contratos de concessão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), segundo o ministro.

Segundo Renan, havia uma “certa instabilidade” na Vale com a mudança de comando, o que dificultava o avanço das negociações.

“Um assunto dessa relevância, com a transição da presidência [da companhia] é sempre delicado”, disse Renan, após participar de cerimônia de assinatura de contrato de logística entre a VirtuGNL e a Yara Fertilizantes, na feira ROG.e, antiga Rio Oil & Gas.

Ele não quis cravar o valor a ser desembolsado pela Vale, mas a expectativa é de algo “bem próximo” de R$ 20 bilhões, entre recursos financeiros e obras para investimentos.

No governo de Jair Bolsonaro houve uma renovação antecipada das concessões das ferrovias da mineradora, cujos valores foram aprovados pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Apesar disso, o ministro Renan Filho tem manifestado publicamente insatisfação por considerar que os valores pagos foram aquém do que deveriam ter sido.

“Não estou falando de valor porque esse é um tema que está em negociação e isto demonstra a importância do tema, porque é um valor que a Vale deixou de pagar ao país, era direito do povo brasileiro. Se fossem alguns reais [a mais] já seria meritório”, afirmou.

Valor - SP   25/09/2024

Recentemente, o Ministério dos Transportes protocolou no Supremo mudanças no traçado da ferrovia para tentar driblar a ação judicial que questiona os impactos ambientais da ferrovia e, assim, retomar o projeto

O projeto da Ferrogrão poderá ter leilão dentro do prazo de um ano após o aval do Supremo Tribunal Federal (STF), o que viabiliza uma licitação em 2025, segundo o diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Rafael Vitale.

Recentemente, o Ministério dos Transportes protocolou no STF mudanças no traçado da ferrovia para tentar driblar a ação judicial que questiona os impactos ambientais do empreendimento e, assim, retomar o projeto.

O prazo projetado por Vitale parte da premissa de que não será necessário fazer nova audiência pública do projeto, que já foi realizada no passado, antes das mudanças recentes. “Como já foi feita audiência pública, vai direto para protocolar no TCU [Tribunal de Contas da União], como manda o rito, e aí sim temos autorização do TCU e possibilidade de abrir edital e leilão”, disse ele, em evento promovido pelo banco Safra, em São Paulo, nesta terça-feira (24).

O avanço do projeto está travado neste momento, devido a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pelo Psol, que contesta a mudança no perímetro do Parque Nacional Jamanxim por meio de uma medida provisória, durante a gestão do ex-presidente Michel Temer.

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Diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Rafael Vitale Rodrigues — Foto: Lula Marques/Agência Brasil

NAVAL

TN Petróleo - RJ   25/09/2024

A Petrobras assinou contratos de Afretamento e de Prestação de Serviços com a empresa Constellation no valor de US$ 1.027 bilhão. Serão dois navios-sondas de alta especificação que atenderão a campanha de perfuração e completação de poços do campo de Roncador, na bacia de Campos, a partir de 2025 e alcançam lâminas d’água entre 1.200 metros e 2.000 metros. As unidades Laguna Star e Tidal Action serão afretadas por um período de dois anos e meio cada.

Essa contratação, que resulta na execução simultânea de um contrato de Afretamento e um contrato de Prestação de Serviços, prevê o compromisso mínimo de 30% de conteúdo local, considerando os dois contratos. Além disso, 250 empregos diretos e indiretos devem ser criados na Tidal Action e 250 mantidos na Laguna Star durante a vigência do contrato, segundo informação das empresas.

Essas embarcações são projetadas para realizar uma ampla gama de serviços de perfuração, completação e intervenção em poços submarinos com foco principal no desenvolvimento da produção. Possuem especificações e equipamentos de alta tecnologia para operar em águas Ultraprofundas, com veículo operado remotamente (ROV) e capacidade de atendimento a operações de resposta a emergências.

Campo Roncador

O campo de Roncador é uma parceria estratégica juntamente com a Equinor. A Petrobras detém 75% da participação do campo de Roncador e a Equinor detém 25%.

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   25/09/2024

No Rio de Janeiro para a maior feira de petróleo do País, o secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Haitham Al-Ghais, disse ao Estadão/Broadcast que o mercado global de petróleo segue equilibrado. Segundo ele, a organização e os países produtores vão zelar por isso, eventualmente esticando os cortes de produção em seus países-membros por mais tempo, de maneira a evitar excesso de oferta.

O secretário reconhece o aumento de produção fora da Opep, sobretudo por EUA, Guiana, Brasil e Canadá e falou que existe “excesso de preocupação” com a economia chinesa, que segue crescendo a boas taxas. Para além disso, lembrou que outros países como a Índia devem manter a demanda global em alta e que a urbanização crescente até 2030 também vai pesar para sustentar o consumo de combustíveis fósseis. Para Al Ghais, a solução não é redução de investimento na indústria, mas sim uma lógica mais sustentável apoiada em tecnologia. A seguir, trechos da entrevista:
Relatórios mais conservadores falam em aumento da demanda global de 1 MMbpd (milhão de barris de petróleo/dia) em 2025 com aumento maior da produção fora da Opep e possível fim de cortes na organização, o que poderia levar a um desequilíbrio, com queda de preços. Como o sr. vê?

Entendemos que a economia global está indo muito bem, vai crescer 2,9%, 3% e, com isso, a demanda por petróleo vai crescer mais ou menos 2 milhões de barris por dia na comparação com 2023, o que vai nos permitir alcançar uma média de 104,5 MMbpd, o que é ótimo. Por outro lado, temos sim mais oferta de Estados Unidos, Guiana, Brasil e Canadá. Mas isso não significa que teremos um desbalanceamento, porque a Opep e Opep+ vão equilibrar esse mercado. Por isso, estamos continuando com os cortes de produção.
Esses cortes na produção da Opep podem ser estendidos novamente?

Sim, podem. Porque nós operamos com muita flexibilidade. Dessa vez estendemos por dois meses, mas temos sempre a possibilidade de continuar como planejado ou continuar estendendo os cortes, dependendo da situação do mercado.

Qual é a tendência?

Ninguém sabe agora exatamente, porque ainda está cedo. Vamos nos reunir em 1º de dezembro e avaliar a situação. Esses cortes em vigor envolvem oito países — Arábia Saudita, Iraque, Emirados, Kuwait, Lúcia, Cazaquistão, Oman e Argélia e são cortes voluntários — extras, e equivalem a 2,2 milhões de barris por dia.

Há rumores de que alguns países não gostariam de manter os cortes. Há resistência?

Não vou chamar de resistência. Quando nos reunimos, nós discutimos tudo, mas vemos a fotografia maior. Se um país tiver uma opinião diferente dos outros, não significa que há um problema de resistência. Isso é normal, operamos com espírito de família. Você pode pedir uma coisa, seu irmão pede outra e a irmã uma terceira coisa. É normal.
Então um país pode passar a vender um pouco acima do previsto?

Não. Todos os países que fazem este acordo têm de cumprir a cota que está definida. Às vezes têm aspectos logísticos que forçam o país a aumentar um pouco a produção em um mês, mas depois, no mês seguinte, abaixam para ficar em linha com a cota.

O barril do Brent chegou a US$ 68 e vem se recuperando. Como vê o equilíbrio do mercado?

Acreditamos que o mercado está bem equilibrado. Quando você compara o mercado de petróleo com o de outras commodities, ele está bem mais balanceado, não tem a mesma volatilidade afetando consumidores, como nos mercados de minério, gás e carvão. O mercado está forte, com demanda crescente.
Mas esse último movimento de queda nos preços não foi ruim?

A gente não fecha a visão por preço. Têm muitos fatores que influenciam esse preço, às vezes, interesses dos mercados financeiros, especulação. Para nós, o importante é o equilíbrio entre demanda e oferta. Nós não olhamos essas coisas (queda de preço), porque são como interrupções em um caminho. Tem um semáforo aqui e ali. Você para no sinal vermelho e depois continua.
Analistas dizem que a demanda chinesa decepciona...

Temos ouvido muito que a China está desacelerando, mas temos de colocar isso em contexto: 4,5% de crescimento para o segundo maior mercado do mundo não é lá uma desaceleração. Não tem mercado que esteja crescendo assim. A exceção é a Índia, mas o mercado indiano ainda é bem menor do que o mercado da China. Hoje (terça-feira, 24), o governo chinês anunciou mais estímulos para acelerar a economia, com um ‘target’ de crescimento de 5%. Então, eu acho que muita gente está ‘overthinking’ (pensando demais) sobre o desempenho da China. Vemos uma China forte. Assim como a Índia, demanda de petróleo na Índia, outros países da África e do Oriente Médio.
O senhor menciona a Índia, que pode compensar eventual queda na demanda da China. A Índia pode ser o fiel da balança no futuro?

Esse é um bom ponto. A Índia está crescendo muito rápido e estão construindo muitas refinarias novas consumindo mais petróleo. A aviação da Índia vai comprar mais de 800 aviões daqui até 2030. O ministro de energia da Índia estava aqui no Brasil. Eles também têm boa relação com os nossos países membros, muitos contratos para fornecer petróleo. Então estimamos que a Índia vai responder por 30% do crescimento na demanda por energia até 2050, que vai chegar a 120 milhões de barris por dia ou mais. E, além da Índia, isso também vai crescer no Oriente Médio, África e América Latina, principalmente fora da OCDE.

Por isso o sr. se refere à ideia de eliminar gradualmente o consumo de petróleo como uma fantasia?

Sim, é uma fantasia. Daqui até 2030, quase 600 milhões de pessoas vão entrar em cidades no mundo inteiro, uma grande urbanização. Isso é quase 60 vezes a população do Rio de Janeiro. Como vão reduzir o consumo de petróleo daqui a 2030?
Esses cenários são colocados, por exemplo, pela Agência Internacional de Energia (IEA)...

Sim, e nós não concordamos. Nossas previsões são mais realistas. Precisamos de mais realismo, pragmatismo no que dizemos a chefes de Estado e ministros mundo afora. É errada a mensagem de que não se precisa investir em O&G (óleo e gás) e refinarias, porque depois quem paga o preço é o consumidor. O que precisamos é investir mais, mas de forma mais sustentável, mais amigável ao meio ambiente, com tecnologias que temos hoje e outras que virão para reduzir emissões.

Valor - SP   25/09/2024

Para atender a essa demanda, Opep espera uma expansão em todas as fontes de energia, com exceção do carvão

A coexistência do petróleo e gás com fontes renováveis de energia dá o tom do caderno anual de perspectivas para o setor elaborado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Lançado nesta terça-feira (24) na ROG.e, evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) no Rio, o estudo reforça a necessidade de combinar a produção da commodity com a busca por redução das emissões de gases de efeito estufa.

Conforme a publicação, a Opep estima que a demanda por energia global deve aumentar 24% até 2050, induzida pelo crescimento dos países de fora da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Para atender a essa demanda, o cartel espera uma expansão em todas as fontes de energia, com exceção do carvão: “Só para o petróleo, a demanda deve atingir 120 milhões de barris por dia até 2050, com potencial para ser maior. Não há pico de demanda por petróleo no horizonte”, diz trecho do documento.

Em entrevista ao Valor, o secretário-geral da Opep, Haitham Al Ghais, afirma que o que embasa os estudos da Opep são os dados: “Temos base técnica, sem ideologias. Nosso mandato é garantir o fornecimento do petróleo e da energia que o mundo irá precisar.”

Segundo Al Ghais, uma visão realista das expectativas de crescimento da demanda exige investimentos em petróleo e gás. A estimativa da Opep é que, só para o petróleo, o mundo terá necessidade de investimento de US$ 17,4 trilhões até 2050.

A Opep reforça que as petroleiras estão desempenhando importante papel no desenvolvimento de novas tecnologias em busca de reduzir emissões, o que prova, na visão do cartel internacional, que é possível avançar em busca de zerar os poluentes ao mesmo tempo que continua produzindo o petróleo que o mundo precisa.

“O caderno também destaca a necessidade de intensificar os esforços para reduzir as emissões, melhorar continuamente a eficiência e introduzir soluções de baixo carbono. Neste sentido, a indústria já está desempenhando um papel”, afirma a organização no documento.

A publicação reforça ainda a necessidade de encontrar uma forma de unir o desenvolvimento de ferramentas que reduzam emissões, e as necessidades energéticas ao redor do mundo.

“Durante o ano passado, houve um reconhecimento adicional de que o mundo só pode introduzir novas fontes de energia em escala quando estiverem genuinamente prontas, economicamente competitivas, aceitáveis aos consumidores e com a infraestrutura adequada instalada. Além disso, é necessário continuamente reconhecer as diferentes circunstâncias e abordagens nacionais para todas as nações, tendo em mente inclusão e o princípio de que há responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, ressalta a Opep.

O documento reforça também a importância a médio prazo dos volumes de líquidos totais, que somam petróleo e condensados de gás natural, produzidos por países fora do acordo de cotas da Opep, que devem sair de um nível de 51,7 milhões de barris por dia em 2023 para 58,8 milhões de barris por dia em 2029.

Os Estados Unidos lideram esse grupo, com expectativa de crescimento de 2,3 milhões de barris por dia de 2023 a 2029. O Brasil está na segunda posição, com expectativa de aumento de 1 milhão de barris por dia.

No horizonte mais longo, até 2050, a organização internacional estima que a produção esteja em 57,3 milhões de barris por dia, considerando um declínio da produção americana depois de atingir um pico em 2030.

“Isso [o declínio dos Estados Unidos] é mais do que compensado por uma produção maior na América Latina, Canadá, Oriente Médio [fora da Opep] e ganhos globais de processamento de refinaria. Outras regiões terão apenas uma mudança modesta”, diz a publicação.

TN Petróleo - RJ   25/09/2024

A descoberta de vastas reservas de petróleo na Guiana e no Suriname tem redefinido o panorama energético na região, com impacto nas perspectivas de produção de petróleo em novas fronteiras no Brasil, onde recente a descoberta na costa do Rio Grande do Norte indica o potencial da região. Para a diretora-executiva de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, a Margem Equatorial está nos planos e a companhia vem trabalhando para obter a licença que permita estudar a viabilidade de exploração na região.

"Temos confiança nessa nova fronteira, inclusive, para patrocinar as novas fontes de energia", disse ela, em painel na ROG.e, um dos maiores eventos de energia do mundo que acontece de segunda (23) a quinta-feira (26), no Boulevard Olímpico, no Rio de Janeiro.

De acordo com o vice-presidente sênior de Águas Profundas da ExxonMobil, Hunter Farris, o Brasil tem uma posição única, ótimos profissionais e um potencial de oportunidades no futuro com a Margem Equatorial. "De 55% a 60% da matriz global energética é proveniente hoje de petróleo e gás, que são necessários para atender à motivação de melhoria de qualidade de vida das pessoas, o que demanda novas descobertas e novas tecnologias", disse o executivo.

Já para a diretora-geral da COPPE/UFRJ, Suzana Kahn Ribeiro, os problemas relacionados à emissão de carbono são um estímulo à inovação. "Sabemos que vamos utilizar petróleo nas próximas décadas, portanto, o melhor óleo será aquele com a menor emissão.

Transição energética justa
A transição energética justa e acessível foi tema do Strategic Talks com Anders Opedal, CEO da Equinor. O executivo destacou a estratégia da companhia de operar um portfólio mais enxuto e otimizado, com baixas emissões e alto valor. "Precisamos ter certeza que estamos alocando capital da maneira certa. Fizemos uma avaliação de todos os países e de onde queremos continuar investindo. O Brasil é um deles. Mas a forma que produzimos mudou. Diminuímos emissões em nossos ativos, ao mesmo tempo que colaboramos para garantir energia para nossos consumidores", completou Opedal.

Soluções da transição
Da eletrificação de frotas, passando pela produção de combustíveis menos poluentes até a precificação do carbono. Essas são algumas alternativas apontadas por especialistas para o que eles chamam de transição energética justa. Para o CEO da Raízen, Ricardo Mussa, a transição energética justa representa uma oportunidade para o Brasil. "Nesse tema, estamos na liderança, mas, agora, de um processo com regras mais claras. Isso tem mais a ver com a dinâmica do país do que o mercado", diz.

Já o CEO da Brava Energia, Décio Oddone, entende que a transição energética é o desafio mais complexo da humanidade. "Não será simples, nem fácil ou rápida. Precisamos pensar em um conjunto de soluções, que vai envolver o uso de tecnologia, inovação, entre outras medidas, como a precificação de carbono."

Compromisso para um futuro de baixo carbono
"A estratégia da Chevron é simples: entregar energia com baixo índice de carbono", comentou a vice-presidente de Exploração da Chevron, Liz Schwarze, ao ser questionada sobre a contribuição da indústria para um futuro de baixo carbono. A executiva disse que a companhia está investindo em novas fronteiras e ressaltou que vem reduzindo o impacto na emissão de gases nessas operações globais.

O vice-presidente de Exploração da ExxonMobil, John Ardill, afirmou que a empresa tem a meta de entregar uma produção adicional de 5 milhões de barris até 2030, definidas no escopo 1 e 2. Segundo Ardill, o sucesso na Guiana é o principal exemplo dos investimentos em geologia e força de trabalho coletiva.

Descarbonização no downstream
No último painel do primeiro dia ROG.e, William França da Silva, diretor executivo de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, destacou as ações de descarbonização e melhoria em eficiência energética da companhia. "Temos programas como o RefTOP e próGás que visam reduzir as metas da empresa, de 36 para 30 kgCO2e/CWT de intensidade de emissões de gases de efeito estufa."

Juliano Prado, vice-presidente executivo de comercial B2B da Vibra, destacou que a empresa aposta em ser uma plataforma multienergia, com investimentos mais de R$ 4 bilhões na transição energética. "Com a aquisição da Comerc Energia são cerca de R$ 7 bilhões. Essa parceria objetiva descarbonizar nossas operações e dos nossos parceiros."

Já Pietro Mendes, secretário nacional de petróleo, gás natural e biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, reforçou o empenho do governo em manter a produção campos maduros, no pré-sal e explorar novas fronteiras "Temos de seguir nesse caminho e buscando ainda derivados mais renováveis", ressaltou Mendes revelando que o PL Combustível do Futuro será sancionado no início de outubro.

Gás para a transição
O gás natural vai continuar tendo um papel fundamental como combustível de transição na migração para uma energia mais limpa, ao menos até 2050. Essa é a visão de Sindre Knutsson, vice-presidente da área de gás da Rystad Energy. "Em muitos países não é possível fazer transição energética sem o uso do gás natural", disse.

Já o gerente executivo de gás e energia da Petrobras, Álvaro Tupiassú destacou o investimento de R$ 7 bilhões que a Petrobras vai fazer para expansão de infraestrutura de escoamento de gás no país. "A Petrobras espera continuar oferecendo soluções competitivas na venda de gás".

Jovens no setor de energia
Na abertura do Young Summit, evento paralelo da ROG.e voltado à estudantes e jovens profissionais, Haitham al-Ghais, secretário-geral da OPEP, ressaltou a importância de estar em contato com a 'geração do futuro'. "As projeções indicam que a economia global vai dobrar de tamanho até 2050. Vamos precisar de aumento de 24% na produção de energia em todo o mundo e de mais pessoas trabalhando nesse setor e os jovens têm um papel essencial".

Roberto Ardenghy, presidente do IBP, mostrou preocupação com a atual demanda da indústria. "Preocupação enorme com o amanhã. A indústria vai continuar endereçando as preocupações legítimas da sociedade. E, para isso, queremos discutir, analisar e refletir sobre o papel do jovem na indústria de energia", destacou.

O risco de apagão de talentos no setor também foi tema de painel na ROG.e. Em síntese, os impactos destacados pelos especialistas estão relacionados à geração baby boomer que está se aposentando, aos avanços tecnológicos que demandam especialização, ao baixo interesse dos mais jovens por trabalhar no setor de energia.

Sobre a ROG.e - A ROG.e é um dos maiores eventos do segmento de energia no mundo. Organizado pelo IBP, deverá receber mais de 70 mil visitantes de 65 países diferentes como lideranças do setor, autoridades, investidores, acadêmicos, entre outros públicos. Serão 8 armazéns ocupados com mais de 550 expositores, 7 eventos paralelos e o Congresso.

A ROG.e 2024 conta com patrocínio da Petrobras, Shell, TotalEnergies, Equinor, Galp, Origem, Brava, Petronas, Prio, bp, Chevron, ExxonMobil, Modec, Repsol Sinopec Brasil, SBM Offshore, Acelen, Eletrobras, Excelerate Energy, Ipiranga, Pan American Energy, Vibra, Dell, Nvidia, Naturgy, TechnipFMC, TBG, Trident Energy, ABB, Construtora Elevação, Compass, Foresea, Huawei, Karoon Energy, OceanPact, Perbras, Subsea7, TAG, Transpetro, Vallourec, Renave, além da participação do Governo Federal.

Infomoney - SP   25/09/2024

A oferta total de combustíveis líquidos pelo Brasil, que incluem petróleo, biocombustíveis e gás natural líquido, deve subir de 4,2 milhões de barris por dia, em 2023 para 5,1 milhões de barris por dia em 2029, segundo estimativas da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

O relatório Perspectiva Mundial de Petróleo 2024, divulgado hoje, diz que a expansão da oferta do país nos próximos anos continuará  focalizada em áreas do pré-sal, de águas ultraprofundas.

“Isto inclui os próximos estágios de desenvolvimento nos campos Mero e Búzios, que devem contribuir de forma significativa com a capacidade de produção”, apontou o relatório.
“É esperado que Mero 3 e 4, cada um com 180 mil barris por dia de capacidade, devem ver a primeira (extração de) petróleo em 2024 e 2025, respectivamente.” Segundo a Opep, “os campos Búzios 6 a 10, com capacidade nominal de 180-225 mil barris por dia, devem começar a produzir entre 2025 e 2028.” O estudo destaca que a exploração de petróleo do Brasil offshore tem aumentado, incluindo na margem equatorial.

De acordo com o relatório, outros campos de produção de petróleo que merecem destaque são Bacalhau, com 220 mil barris por dia, que tem uma previsão de começar a extrair o combustível em 2025, e Bacalhau Norte, cuja atividade pode iniciar em 2029, também com 220 mil barris por dia.

“Em suma, uma nova capacidade (de produção) próxima de 2,3 milhões de barris por dia está prevista para (ocorrer) no médio prazo.” De acordo com a Opep, no longo prazo é esperado que modere a expansão da oferta de petróleo pelo Brasil, “uma vez que muitos dos principais recursos do pré-sal terão sido explorados.”

Devido à desaceleração da produção de petróleo e de etanol no longo prazo, a Opep estima que a oferta total de combustíveis líquidos pelo Brasil deve subir de 5,1 milhões de barris por dia em 2029 para o pico ao redor de 5,5 milhões de barris por dia no final da década de 2030 e deve alcançar 5,2 milhões de barris por dia em 2050.
Demanda global de energia

A Opep estima no relatório a demanda por fontes de energia deverá crescer até a metade do século, com exceção para o carvão mineral. “É esperado que a maior expansão virá de [fontes] renováveis, principalmente eólica e solar, com aumento próximo de 43 milhões de barris equivalente por dia, de 9,6 milhões de barris equivalente por dia em 2023 para 52,4 milhões de barris equivalente por dia em 2050.”

Na sequência, ocorrerá o aumento da procura por gás natural, que passará de 69,1 milhões de barris equivalente por dia em 2023 para 89,6 milhões de barris equivalente em 2050.

Para o mesmo período, a demanda para energia nuclear deverá subir de 14,8 milhões de barris equivalente por dia para 24,3 milhões de barris equivalente por dia, enquanto para biomassa deverá ter uma elevação de 29,1 milhões de barris equivalente por dia para 37,4 milhões de barris equivalente por dia.

A demanda por energia hidrelétrica subirá de 7,6 milhões de barris equivalente por dia em 2023 para 11,6 milhões de barris equivalente por dia em 2050. Por outro lado, a procura por carvão mineral baixará de 78 milhões de barris equivalente por dia em 2023 para 49,1 milhões de barris equivalente por dia em 2050.
Demanda por petróleo

A Opep elevou suas previsões para a demanda mundial de petróleo para o médio e longo prazos no relatório de perspectiva anual, citando o crescimento liderado pela Índia, África e Oriente Médio e um aumento mais lento da mudança para veículos elétricos e combustíveis mais limpos.

A organização vê a demanda crescendo por um período mais longo do que outras avaliações feitas pela BP e a Agência Internacional de Energia, que veem o uso de petróleo atingindo o pico nesta década.

Um período mais longo de aumento do consumo seria um impulso para a Opep, cujos 12 membros dependem da renda do petróleo. Para apoiar sua visão, a organização afirmou que espera mais resistência a metas “ambiciosas” de energia limpa e citou planos de várias montadoras globais para reduzir as metas de eletrificação.

“Não há pico de demanda por petróleo no horizonte”, escreveu o secretário-geral da Opep, Haitham Al Ghais, no prefácio do relatório que foi lançado no Brasil, um não membro da organização com o qual o grupo está buscando formar laços mais próximos.

“Ao longo do último ano, houve reconhecimento maior de que o mundo só pode introduzir novas fontes de energia em escala quando elas estiverem genuinamente prontas.”

A Opep espera que a demanda mundial por petróleo atinja 118,9 milhões de barris por dia (bpd) até 2045, cerca de 2,9 milhões de bpd a mais do que o esperado no relatório do ano passado.

O relatório lançou sua previsão para 2050 e espera que a demanda atinja 120,1 milhões de bpd até lá. Isso está muito acima de outras previsões da indústria para 2050. A BP projeta que o uso de petróleo atingirá o pico em 2025 e cairá para 75 milhões de bpd em 2050.

A Exxon Mobil espera que a demanda por petróleo permaneça acima de 100 milhões de bpd até 2050, semelhante ao nível atual.
Petróleo perderá força?

Segundo a Opep, a participação do petróleo na demanda mundial das principais fontes de energia baixará de 30,9% em 2023 para 29,3% em 2050, enquanto ocorrerá uma elevação da procura por gás natural, de 23,0% para 24,0% no período.

“Petróleo e gás continuarão cruciais para a oferta de energia no período até 2050.” A participação combinada destes dois combustíveis no mix total de energia deve continuar superior a 53% durante todo este intervalo de tempo.

A oferta total de combustíveis líquidos pelos países não alinhados à Opep deve subir de 51,7 milhões de barris por dia em 2023 para 58,8 milhões de barris por dia em 2029. Deste grupo, a maior expansão virá dos EUA, com uma alta de 20,9 milhões de barris por dia para 23,2 milhões de barris por dia, um aumento de 2,3 milhões de barris por dia no período.

Neste mesmo intervalo de tempo, o Brasil registrará o segundo maior salto, de 1 milhão de barris por dia, seguido pelo Canadá, com 600 mil barris por dia, Argentina, com 300 mil barris por dia, e Noruega, com 200 mil barris por dia.

De acordo com o relatório, o setor de petróleo precisará de investimentos totais de US$ 17,4 trilhões de 2024 até 2050 para atender a expansão da demanda mundial neste período.

A maior parte será requerida na área de upstream, com um total necessário de US$ 14,2 trilhões, sendo que downstream demandará US$ 1,9 trilhão e midstream US$ 1,3 trilhão.

Money Times - SP   25/09/2024

O petróleo recuperou as perdas da véspera e fechou em alta de mais de 1%, com apoio dos novos estímulos econômicos na China, a interrupção da produção da commodity no Golfo do México e a escalada das tensões no Oriente Médio.

Nesta terça-feira (24), os contratos mais líquidos do petróleo Brent, referência para o mercado internacional, para dezembro, terminaram a sessão com avanço de 1,72%, a US$ 74,47 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.

Já os contratos do petróleo West Texas Intermediate (WTI) para novembro subiram 1,69%, a US$ 71,56 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), nos Estados Unidos.

O que mexeu com petróleo hoje?

As commodities, em especial o petróleo, ganharam força com estímulos anunciados pelo Banco Central da China (PBoC, na sigla em inglês).

A autoridade monetária chinesa lançou o maior pacote de estímulos econômicos desde a pandemia de Covid-19 para tirar a economia da crise deflacionária e trazê-la de volta à meta de crescimento do governo.

Com foco no mercado imobiliário, o BC reduziu as taxas de juros médias para hipotecas existentes 50 pontos-base e fez um corte na exigência de entrada mínima para 15% em todos os tipos de moradias, entre outras medidas.

O BC chinês também introduziu duas novas ferramentas para impulsionar o mercado de capitais.

A primeira é um um programa de swap com tamanho inicial de 500 bilhões de yuans, que permite que fundos, seguradoras e corretoras tenham acesso mais fácil a financiamento para comprar ações.

Já a segunda medida oferece até 300 bilhões de yuans em empréstimos ‘baratos’ do BC a bancos comerciais para ajudá-los a financiar compras e recompras de ações de outras entidades.

Além disso, as petroleiras que atuam no Golfo do México, como Shell, BP e Chevron, estão paralisando as produções do petróleo com a proximidade da tempestade tropical Helene nos Estados Unidos, que pode evoluir para um furacão na região.

No Oriente Médio, a tensão permanece elevada.

Israel atacou centenas de alvos do Hezbollah em ataques aéreos que, segundo as autoridades de saúde libanesas, mataram pelo menos 492 pessoas na segunda-feira (23) — o dia mais mortal no Líbano em quase um ano de conflito com o inimigo apoiado pelo Irã.

Analistas do mercado de petróleo alertam há meses que uma guerra entre Israel e o Hezbollah, que até agora têm trocado disparos de foguetes, poderia forçar o Irã — membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) —, a intervir diretamente, aumentando o risco de interrupções no fornecimento de petróleo bruto no Oriente Médio.

Por fim, a OPEP elevou as previsões para a demanda mundial de petróleo para o médio e longo prazos em um relatório de perspectiva anual, citando o crescimento liderado pela Índia, África e Oriente Médio e um aumento mais lento da mudança para veículos elétricos e combustíveis mais limpos.

O cartel vê a demanda crescendo por um período mais longo do que outras avaliações feitas pela BP e a Agência Internacional de Energia, que veem o uso de petróleo atingindo o pico nesta década, segundo o relatório World Oil Outlook 2024 publicado nesta terça-feira (24).

Globo Online - RJ   25/09/2024

Magda Chambriard, presidente da Petrobras, afirmou que o Brasil não pode deixar explorar a Margem Equatorial, ou seja, a área do Amapá, Rio Grande do Norte, o mar que circunda a Amazônia. O ministro Alexandre Silveira foi além, disse que se o Brasil não explorar essa área vai se tornar importador de petróleo. Esse é um discurso esperado quando se está num evento tradicional de petróleo, ROG.e (antiga Rio Oil & Gas). Mas o que eles estão fazendo é ameaçar o país com uma escassez de petróleo, quando o que precisa ser feito é explicar onde está a diferença de opinião e o cumprimento de exigências ambientais que ainda impedem a exploração na região.

É preciso mais diálogo dentro do governo para que a Petrobras cumpra todas as exigências feitas pelo órgão ambiental, afinal não são determinadas por idiossincrasia, mas pela legislação. Cada órgão tem a sua preocupação, a do Ibama é proteger o meio ambiente. E é preciso se cercar de toda a proteção possível, de toda a segurança para que não haja desastre ambiental naquela área. O que não deveria é apostar na atitude de pressão.

A Petrobras precisa de um projeto para além de petróleo. Em algum momento, a exploração de petróleo terá que ser reduzida. Esse é um compromisso internacional que o Brasil assumiu. Aliás, todos os países que assinaram o Acordo de Paris se comprometeram com a redução das emissões de gás de efeito estufa, a redução do uso de combustível fóssil.

Na última reunião da COP, a COP28, foi firmado um novo compromisso de redução do uso do petróleo nas economias. E o Brasil assinou também esse compromisso. Isso exige que a Petrobras pense para além do petróleo, e isso a empresa não consegue fazer. A Petrobras ainda não conseguiu sair da caixa. A fóssil.

Outro dia o presidente Lula disse que a Petrobras não é uma empresa de petróleo, é uma empresa de energia. Sim, é o que ela deveria ser, uma empresa de energia, mas não é. Ainda. Ela só pensa fóssil, quer fazer o mesmo que sempre fez.

O ministro Alexandre Silveira disse que o Brasil tem muitas fontes de energia e não pode deixar de explorar todas elas. Não é verdade. Certas fontes são tão emissoras que deveriam sim ser abandonadas, como o carvão, que é altamente poluente. O Brasil tem ainda subsídio, o que estimula para essa fonte.

Em reportagem de Bruno Rosa, publicada no GLOBO, nesta terça-feira, Rodolfo Saboia, diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), disse que a agência pretende, até o fim do ano, avançar na agenda de fontes renováveis com o desenvolvimento de regras do hidrogênio e baixo carbono.

Fala-se muito e pouco é feito nessa área. A transição energética virou uma daquelas placas usadas para não dizer nada. É fundamental dar substância ao que é exatamente a transição energética, o que precisa ser feito para buscar esse futuro com menos petróleo.

Para abrir essa nova frente de exploração de petróleo, o da na Margem Equatorial, o país precisa ter a segurança de que não é um risco para a própria Amazônia. E é a Petrobras é que tem que dar essa garantia, ao mesmo tempo, em que se prepara para continuar existindo mundo além do petróleo.

RODOVIÁRIO

IstoÉ Online - SP   25/09/2024

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que a conclusão do Rodoanel Norte ocorrerá em setembro de 2026, com interligação à Rodovia dos Bandeirantes. As declarações ocorreram durante o painel “Brasil 2025/26: As oportunidades nos Estados”, em conferência do Banco Safra, em São Paulo, nesta terça-feira, 24.

Na ocasião, ele também disse que o investimento em infraestrutura é “uma prioridade absoluta” e que, em setembro do ano que vem, será possível iniciar a operação de parte do Rodoanel Norte.

“Final do ano, a gente está chegando em Guarulhos. Ano que vem, então, a gente vai ter a ligação Dutra-Fernão concluída, e isso já permite a funcionalidade do Rodoanel. E em setembro de 2026, a gente conclui o Rodoanel por inteiro. Então, a gente vai ter também a chegada à Bandeirantes, concluindo essa saga, essa jornada”, declarou.

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