Revista Mineração - SP 27/01/2025
Fabricada com aço 100% reciclado e 100% de energia renovável certificada, a Barra Chata Mola XCarb® , da ArcelorMittal, chega ao mercado automotivo.
Desenvolvida na unidade de Barra Mansa (RJ), a nova solução garante redução de mais de 60% nas emissões de CO2 e faz parte do programa global XCarb® , que visa reunir esforços e investimentos do grupo com a missão de reduzir e neutralizar as emissões de gases de efeito estufa na cadeia do aço.
Primeiro produto da linha XCarb® para o setor automotivo, a Barra Chata Mola é utilizada na produção de feixes de mola para a suspensão de veículos pesados, como caminhões.
A Barra Chata Mola XCarb© foi elaborada em parceria com a AESA, fabricante de feixes de molas para o setor automotivo e que também busca reduzir suas emissões de CO2.
A gerente de Desenvolvimento de Produtos Indústria e Assistência Técnica da ArcelorMittal, Francieli Scatolin, ressalta que a parceria contribui para a redução da pegada de carbono no processo produtivo industrial.
“Essa é mais uma demonstração do comprometimento da ArcelorMittal com um produto de alta qualidade, produzindo de maneira sustentável aços para as pessoas e o planeta”, afirma.
Além do aço com baixa pegada de carbono da ArcelorMittal, o processo realizado pela AESA na produção final da peça – transformando o aço em feixes de mola – não utiliza energia fóssil, reforçando o atributo sustentável.
A energia utilizada na produção tem como fonte o biometano, um combustível gasoso, renovável e com propriedades semelhantes ao gás natural, produzido a partir da purificação do biogás.
O biogás utilizado pela AESA no processo da Barra Chata Mola XCarb é feito a partir da vinhaça, um resíduo líquido gerado durante o processamento da cana. A AESA é o primeiro cliente industrial da primeira geradora de biometano no Brasil.
“A utilização de eletricidade proveniente de fontes renováveis, o uso de biometano e a adoção de aço com menor pegada de carbono são medidas concretas para mitigar os impactos negativos do processo industrial. Nossa busca por mais sustentabilidade continua, e estamos empenhados em explorar a remanufatura”, explica o diretor de inovação da AESA, Fabio Bearzi.
O objetivo da AESA é trabalhar o produto no modo retornável, implementando uma rede de recolhimento da mola para fornecer à ArcelorMittal uma sucata selecionada, com liga de qualidade e sem mistura, fechando todo o ciclo de maneira sustentável.
Brasil Mineral - SP 27/01/2025
A Ásia e a Oceania produziram 106,3 milhões de toneladas em dezembro, um crescimento de 9% sobre dezembro de 2023. A China produziu 76 milhões de toneladas, 11,8% a mais.
A worldsteel divulgou que, em 2024, a produção mundial de aço bruto somou 1,839 bilhão de toneladas, o que representa uma ligeira queda de 0,9% em relação ao ano anterior. No mês de dezembro de 2024, a produção alcançou 144,5 milhões de toneladas, um aumento de 5,6% em relação ao mesmo mês de 2023. A Ásia e a Oceania produziram 106,3 milhões de toneladas em dezembro, um crescimento de 9% sobre dezembro de 2023. A China produziu 76 milhões de toneladas, 11,8% a mais que em dezembro de 2023, enquanto a Índia produziu 13,6 milhões de toneladas no mês, um incremento de 9,5% sobre o mesmo mês de 2023. Japão e Coreia do Sul produziram 6,9 milhões de toneladas e 5,2 milhões de toneladas de aço bruto em dezembro, respectivamente, com recuos de 1,1% e 3,2% na comparação com o mesmo mês de 2023.
Os países do Bloco Europeu produziram 9,6 milhões de toneladas de aço em dezembro de 2024, ou 7,2% a mais do que um ano antes. A Alemanha produziu 2,7 milhões de toneladas, o que representou uma elevação de 4,1%. Países europeus, como Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Noruega, Sérvia, Turquia e Reino Unido, produziram 3,3 milhões de toneladas em dezembro, 14,3% a menos do que em dezembro de 2023. A Turquia produziu 3 milhões de toneladas, 7,6% inferior a dezembro de 2023.
A África – Egito, Líbia e África do Sul – produziu 1,9 milhão de toneladas de aço bruto em dezembro, decréscimo de 1% na comparação com dezembro de 2023. Já os países da CIS produziram 6,8 milhões de toneladas, queda de 6,8% sobre o mesmo mês de 2023, com destaque para a Rússia, que teve um volume de produção estimado em 5,7 milhões de toneladas, e caiu 8,6% no mês. Os países do Oriente Médio - Irã, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos – registraram produção de 4,6 milhões de toneladas de aço bruto, 4,5% a menos quando comparado a dezembro de 2023. O Irã produziu 2,6 milhões de toneladas no mês, um retrocesso de 8,2%.
A produção na América do Norte caiu 4,3% em dezembro de 2024, somando 8,8 milhões de toneladas. Apenas os Estados Unidos produziram 6,7 milhões de toneladas, 2,4% a menos que em dezembro de 2023, enquanto a produção na América do Sul alcançou 3,1 milhões de toneladas, 3,8% inferior a dezembro de 2023. O Brasil produziu 2,6 milhões de toneladas, um crescimento de 1,8% sobre o mesmo mês de 2023.
Valor - SP 27/01/2025
A Usiminas, que abriu um programa de recompra de bonds que venceriam em 2026, informou na noite de quinta-feira que recebeu propostas válidas com relação a US$ 224,06 milhões. O pagamento deve ser feito no dia 28 de janeiro.
Os detentores dos bonds que ofereceram validamente os papéis são elegíveis a receber US$ 1.005 por US$ 1.000 do valor principal das notas.
Na última quarta-feira (22), a mineradora precificou uma nova emissão de US$ 500 milhões. A taxa ficou em 7,75%. A estimativa no início da oferta era de uma remuneração perto de 8%. O prazo dos títulos é de sete anos, com a possibilidade de recompra após três anos.
A Usiminas vai usar os recursos para financiar o programa de recompra. O restante será destinado para propósitos corporativos gerais, incluindo a gestão de passivos.
O Estado de S.Paulo - SP 27/01/2025
O tom ameno visto nesta semana entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a China vem ajudando a tirar o ímpeto do dólar globalmente. No Brasil, a moeda americana registrou nesta sexta-feira, 24, nova queda, vista como um alívio pelo governo Lula diante da preocupação com a inflação dos alimentos, conforme recentes falas do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Sob a pressão da disparada nos preços dos alimentos, Haddad ressaltou, na quinta-feira, 23, que as matérias-primas (commodities) estão associadas à variação do dólar e que, por isso, esperava que um recuo na moeda americana, associado à esperada supersafra deste ano, viessem aliviar a inflação na mesa dos brasileiros — embora especialistas como o pesquisador Felippe Serigati, do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro), relativizem o efeito de uma queda do dólar como freio para a disparada de preços.
Nesta sexta-feira, 24, o dólar recuou no mercado à vista, pelo sexto dia seguido, e fechou a R$ 5,9186, com queda de 0,12%. O tom mais brando do republicano ameniza receios com a inflação americana e global, ao mesmo tempo que Trump já está pressionando o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) a continuar baixando juros, explicam especialistas (leia análises mais abaixo).
Na quinta-feira, 23, ao discursar por vídeo no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o presidente americano disse querer uma relação comercial justa com o regime de Pequim e garantiu que terá uma boa convivência com o presidente Xi Jinping.
Nesta sexta-feira, 24, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que a cooperação comercial e econômica entre os dois países é “mutuamente benéfica e vantajosa para ambos os lados” e destacou o potencial de diálogo para resolver as diferenças, sinalizando uma abertura para negociação com o presidente dos Estados Unidos.
“A China nunca buscou deliberadamente um superávit comercial com os EUA. Apesar das diferenças e fricções, os dois países têm grandes interesses comuns e amplo espaço para cooperação, o que pode ser fortalecido por meio de diálogo e consultas”, ressaltou Mao Ning.
A China tem mostrado disposição em negociar com Trump, apesar das ameaças do presidente americano. Após falar em tarifa de 10% sobre os importados chineses, Trump reiterou, em entrevista à Fox News, na quinta, a ameaça de elevar a taxação sobre itens fabricados no país asiático, mas amenizou o discurso ao dizer que preferiria não impor a punição comercial.
Uma possível adoção de tarifas sobre importados da China pelos EUA deve tornar bem mais difícil para o país oriental repetir em 2025 o crescimento de 5% registrado em 2024. Tais taxas deverão prejudicar as exportações da China, sobretudo de manufaturados, que foram extremamente importantes para a expansão do seu Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos 12 meses.
Economistas entrevistados pelo Estadão/Broadcast em Hong Kong e Sydney estimam que o PIB da China deve subir ao redor de 4,5% em 2025. Tal patamar indica que, se o governo de Xi Jinping decidir manter a meta de crescimento do país de 5% neste ano, precisará adotar medidas bem mais audaciosas nas áreas fiscal e monetária para estimular o consumo doméstico, muito afetado pela forte crise do setor imobiliário que já dura quatro anos.
Por que o dólar está caindo, na visão de especialistas
O mercado de câmbio acompanha a fragilidade da moeda americana no exterior após os mais recentes comentários de Trump. Nesta sexta, o dólar voltou a recuar ante a maioria das moedas e perdeu força, principalmente, frente ao euro.
“Trump adotou um discurso mais brando em relação à China, sabendo da dependência dos Estados Unidos de produtos importados e do impacto de aumento de tarifas sobre a política monetária americana”, avalia o superintendente da mesa de derivativos do BS2, Ricardo Chiumento, para quem o Fed, dependendo das ações de Trump, pode ter espaço para redução adicional da taxa de juros nos Estados Unidos. “No caso do real, é positivo o fato de Trump não ter citado o Brasil como alvo da política de aumento de tarifas”, acrescenta.
O economista Gustavo Rostelato, da Armor Capital, afirma que o recuo recente do dólar reflete, em grande parte, desmonte de posições compradas na moeda americana por investidores estrangeiros, dada a melhora do apetite ao risco no exterior.
Assim, a moeda americana caiu ante a grande maioria das moedas, com efeito no câmbio doméstico. Os dados mais positivos do setor externo brasileiro em dezembro colaboram para fortalecer a moeda local.
Globo Online - RJ 27/01/2025
A economia dos Estados Unidos terminou o ano passado em um ritmo sólido, impulsionada por um consumo equilibrado, ampliando ainda mais a diferença em relação a outras economias globais. Isso deve reforçar a aposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não deve mexer nos juros, dias depois de o presidente Donald Trump afirmar que iria “exigir” a redução da taxa básica.
Economistas consultados pela Bloomberg projetam que a estimativa inicial do governo para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre indicará um aumento anualizado de 2,7%. Esse resultado daria sequência a dois trimestres consecutivos de crescimento próximo a 3%.
O cálculo do desempenho do PIB nos EUA usa uma metodologia diferente da do Brasil.
O relatório sobre a atividade econômica dos EUA, a ser divulgado na próxima quinta-feira (30), virá um dia após a conclusão da primeira reunião do Fed em 2025. Com uma demanda robusta e uma inflação persistente, espera-se amplamente que os responsáveis pela política monetária mantenham as taxas de juros inalteradas. Na reunião de dezembro, o Fed indicou apenas dois cortes de juros este ano.
Segundo projeções, os dados do PIB mostrarão que o consumo pessoal de bens e serviços superou uma taxa anualizada de 3% pelo segundo trimestre consecutivo, impulsionado por um mercado de trabalho forte. Isso ajuda a explicar como os EUA continuam superando economias avançadas na Europa e ao redor do mundo.
Em contraste, os números da próxima semana devem revelar estagnação da economia francesa no fim de 2024, além de uma leve retração na Alemanha. Os dados do PIB da zona do euro, também previstos para quinta-feira, devem mostrar crescimento modesto, prolongando uma tendência de vários anos de baixa expansão.
Os números mensais de gastos domésticos dos EUA, na sexta-feira (31), provavelmente indicarão um impulso para 2025. Economistas esperam que o relatório de renda e gastos pessoais mostre uma leve alta no índice de inflação em relação ao mês anterior.
"Embora as taxas de inadimplência de empréstimos tenham aumentado — especialmente para famílias de baixa renda —, as mais ricas, que representam cerca de 40% dos gastos dos consumidores, se beneficiaram da alta no mercado de ações e na valorização de ativos. Incorporamos esse sinal em nossa previsão de consumo para 2025 e, agora, esperamos que os gastos desacelerem de forma mais gradual do que anteriormente previsto", avaliam Anna Wong, Stuart Paul, Eliza Winger, Estelle Ou e Chris G. Collins, analistas da Bloomberg Economics.
Europa e América Latina
O Banco Central Europeu deve cortar sua taxa em 25 pontos na quinta-feira. Enquanto isso, economias como Alemanha, França e Itália apresentarão desempenhos mistos no PIB do quarto trimestre, com baixo crescimento geral na região.
Na América Latina, no mesmo dia da reunião do Fed o Banco Central do Brasil deve aumentar a taxa básica em 1 ponto percentual, chegando a 13,25%, com a inflação acima da meta de 3%. Outros bancos centrais da região também terão reuniões importantes, incluindo os do Chile e da Colômbia.
Ásia
A semana será relativamente tranquila na Ásia, com grande parte da região — incluindo China, Hong Kong e Coreia do Sul — celebrando o Ano Novo Lunar a partir de quarta-feira.
A China divulgará na próxima segunda-feira (27) dados de manufatura de janeiro, bem como lucros industriais de dezembro, que devem mostrar nova queda.
No Japão, cujo banco central elevou, na última sexta-feira, sua taxa básica ao maior nível em 17 anos, será divulgada uma série de dados a partir da terça-feira.
O Estado de S.Paulo - SP 27/01/2025
As contas externas do Brasil registraram um déficit de US$ 55,9 bilhões em 2024, o equivalente a 2,55% do Produto Interno Bruto (PIB), informou o Banco Central nesta sexta-feira, 24.
O valor mais que dobrou em relação a 2023, quando o déficit foi de US$ 24,516 bilhões. Além disso, trata-se do maior rombo desde 2019, quando o saldo foi negativo em US$ 65 bilhões. Em dezembro do ano passado, o saldo foi negativo em US$ 9 bilhões.
As contas externas, chamadas de transações correntes, incluem as contas da balança comercial, balança de serviços e transferências unilaterais - por exemplo, o recebimento de dólares que brasileiros que trabalham no exterior mandam para os seus parentes e o que estrangeiros que trabalham no Brasil mandam para seus parentes nos seus países.
Em 2024, a balança comercial teve superávit de US$ 66,218 bilhões, segundo a metodologia do BC. A conta de serviços teve déficit de US$ 49,707 bilhões, enquanto a conta de renda primária ficou negativa em US$ 75,403 bilhões. A conta financeira teve déficit de US$ 80,916 bilhões.
Alta da demanda
O chefe-adjunto do departamento de estatísticas do Banco Central, Renato Baldini, disse que o déficit nas contas externas é o reflexo da alta da demanda por bens e serviços. Isso significa que o País importou mais e enviou mais dinheiro para fora do que recebeu do exterior.
Baldini explicou que pesou nesta conta a elevação do déficit em transações correntes. “De modo geral, o que motivou essa diferença foi o aumento da demanda por bens e serviços do exterior, e ele pode ser visto na balança comercial e na conta de serviços. Na balança comercial, que é normalmente superavitária e continuou sendo, o que vimos foi uma redução do saldo do superávit”, destacou.
Ele disse que o déficit na conta de serviços em 2024 é o maior desde 2014 e foi puxado pela rubrica de transportes. No ano passado, o déficit da conta de serviços foi de US$ 49,7 bilhões, que representou um aumento de 24,7% em relação ao déficit acumulado em 2023, que havia sido de US$ 39,9 bilhões.
“Nós vemos que a rubrica de transportes foi a que mais contribuiu, em termos absolutos, para o déficit acumulado em 2024. O déficit nessa rubrica foi de US$ 15,1 bilhões e teve um crescimento de 18,8% em relação a 2023. Em seguida, o aluguel de equipamentos, que foi deficitário em US$ 10,9 bilhões, os serviços de propriedade intelectual, com um déficit de US$ 8,7 bilhões, e as viagens internacionais, com um saldo deficitário de US$ 7,5 bilhões”, citou.
Baldini destacou, dentro dos componentes de investimento estrangeiro no Brasil, os reinvestimentos de lucros no País. “No resultado acumulado de 2024, sobressaíram os ingressos ativos ao reinvestimento de lucros no Brasil. Somaram US$ 33,2 bilhões e foram 57% maiores do que em 2023", explicou.
Ao comentar as taxas de rolagem, que fecharam 2024 em 106%, Baldini destacou o desempenho das empresas brasileiras na captação de recursos. “Esses porcentuais alcançados no ano mostram que as empresas brasileiras, de forma geral, continuaram com bom acesso à captação de recursos no mercado internacional”, disse.
Agência Brasil - DF 27/01/2025
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), também conhecido como prévia da inflação oficial, marcou em janeiro 0,11%, uma desaceleração em relação ao registrado em dezembro de 2024 (0,34%).
Esse resultado é o menor para um mês desde julho de 2023, quando houve inflação negativa de 0,07%. É também o menor para um mês de janeiro em todo o Plano Real, iniciado em 1994. Em janeiro de 2024, o IPCA-15 registrou 0,31%.
Dados foram divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado dos últimos doze meses, o IPCA-15 soma 4,5%, exatamente no limite máximo da meta de inflação do governo. Em dezembro, esse acumulado era 4,71%.
A desaceleração de janeiro significa que a inflação perdeu força, isto é, os preços subiram em média, porém em menor velocidade. Os preços dos alimentos e das passagens aéreas exerceram pressão de alta no IPCA-15. Por outro lado, o custo da habitação recuou, puxado por queda na conta de luz.
Pressão de alimentos
Oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta. As maiores influência vieram de alimentos e bebidas, que subiram 1,06%, representando peso de 0,23 ponto percentual (p.p.) no índice. O efeito dos alimentos na inflação tem motivado discussões no governo.
Dentro do grupo dos alimentos, os itens que pressionaram a inflação para cima foram a refeição (0,96% e peso de 0,04 p.p.), o café moído (7,07% e peso de 0,03 p.p.) e o tomate, que subiu 17,12%, representando peso de 0,03 p.p.
Os transportes foram o segundo grupo com maior pressão no custo de vida, com expansão de 1,01% e peso de 0,21 p.p.
Alívio na luz
O único grupo com taxa negativa foi a habitação, com queda de 3,43% e peso de -0,52 p.p. A explicação está na energia elétrica, que regrediu 15,46%, beneficiada pelo Bônus de Itaipu, um desconto na conta de luz dos consumidores. Essa variação significou diminuição de 0,6 p.p. na prévia da inflação.
Determinado em lei, o bônus é uma forma de distribuir com a sociedade os lucros da empresa estatal responsável por geração de energia.
Transportes
Em termos individuais, a maior alta de toda a inflação ficou com as passagens aéreas, que subiram 10,25% no mês, impactando o IPCA-15 em 0,08 p.p.
Ainda no grupo transportes, os combustíveis subiram 0,67%. No mês em que diversas capitais tiveram reajuste nas tarifas rodoviárias, o subitem ônibus urbano apresentou variação de 0,46%.
Meta
A diferença do IPCA 15 para o chamado IPCA fechado é o período de apuração de preços e a abrangência. A prévia pesquisou valores no período de 13 de dezembro de 2024 a 14 de janeiro de 2025, em 11 localidades, sendo nove regiões metropolitanas.
Já o IPCA fechado trará dados de 16 localidades e em datas dentro do mês de referência somente. Ambos os índices levam em conta o custo de vida de famílias com renda até 40 salários mínimos. Atualmente o salário mínimo é de R$ 1.518.
O IPCA fechado será divulgado no dia 11 de fevereiro. É com base nele que o Banco Central monitora a meta de inflação. Para 2025, o objetivo é 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Em 2024, o país, terminou com o IPCA de 4,83%, acima da meta, que também tinha limite em 4,5%.
A partir deste ano, a perseguição da meta se dá em relação aos 12 meses imediatamente passados e não apenas no resultado final de dezembro. A meta só será considerada descumprida se estourar o intervalo de tolerância por seis meses seguidos.
IstoÉ Dinheiro - SP 27/01/2025
O desafio para o chair do Fed, Jerome Powell, e seus colegas será determinar o quanto permitir que a incerteza sobre o que está por vir influencie as decisões de política monetária e o quanto orientar sobre as perspectivas do Fed.
A orientação do Fed “é uma previsão, e hoje em dia qualquer previsão tem a ver com economia política. Isso é difícil de ser feito por uma agência independente”, disse Vincent Reinhart, ex-membro do Fed e atual economista-chefe do BNY Investments.
“Não se pode mudar a política monetária com base na suposição de que haverá tarifas ou legislação tributária até o final deste ano. Neste momento, há muitas partes em movimento.”
O que o Fed deve avaliar para definir juros
A velocidade e a direção das medidas de Trump nos próximos meses provavelmente influenciarão o que o Fed espera que seja a última fase de sua luta para conter a inflação, que atingiu o maior nível em 40 anos em 2022, mas agora está a cerca de meio ponto percentual de sua meta de 2%.
Depois de reduzir a taxa de juros em um ponto percentual no ano passado, o Fed se reúne na terça e na quarta-feira, e é provável que mantenha os juros na faixa atual de 4,25% a 4,50%.
Os dados desde a última reunião do Fed, em 17 e 18 de dezembro, mantiveram intacta a visão central entre as autoridades de que a inflação continuará se movendo de forma constante, ainda que lentamente, em direção a meta 2%, com uma taxa de desemprego baixa e a continuidade das contratações e do crescimento econômico.
As autoridades do Fed já acenaram para os possíveis efeitos das políticas comerciais e de imigração e outras políticas de Trump, com a reunião de dezembro prevendo um crescimento um pouco mais lento, maior desemprego e pouco progresso na inflação para o próximo ano.
A ata dessa reunião mostraram que “vários” membros passaram por um exercício semelhante, com uma projeção mediana atualizada deles mostrando menos progresso na inflação e um ritmo mais lento de cortes até 2025 – apenas meio ponto percentual em comparação com o ponto inteiro visto em setembro.
Inflação parece que vai melhorar
O último relatório de preços ao consumidor mostrou que a inflação aumentou ligeiramente em dezembro, mas foi impulsionada pela volatilidade dos preços de energia, algo que o Fed tenta levar em conta em sua análise das tendências subjacentes de preços.
O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, caiu ligeiramente. O mais importante para o Fed é que os preços ao consumidor e outros componentes do índice PCE sugerem que o núcleo subiu a uma taxa anual de quase 2% até dezembro e tem estado próximo da meta do Fed em uma base de três a seis meses.
Além disso, as autoridades do Fed acham que os dados devem se mostrar favoráveis este ano. Como a inflação foi inesperadamente alta no início de 2024, à medida que esses meses fortes caírem dos cálculos anuais, os chamados “efeitos de base” ajudarão a ancorar a inflação em um nível menor.
Ganhos de empregos se mantém
“Os riscos de queda no mercado de trabalho parecem ter diminuído”, disse o chair do Fed, Jerome Powell, após a reunião de dezembro. Embora o mercado de trabalho ainda esteja esfriando, ele disse que permanecia “sólido”, uma situação que o Fed esperava manter.
Desde então, os dados têm se mantido positivos, com a economia acrescentando cerca de 250.000 empregos em dezembro e a taxa de desemprego caindo para 4,1% – outro motivo pelo qual as autoridades se sentem confortáveis em interromper os cortes nos juros, pelo menos por enquanto.
Exame - SP 27/01/2025
O governo brasileiro estimou que são necessários investimentos de R$ 68 bilhões para criar a infraestrutura necessária para integrar a América do Sul. O cálculo levou em conta 190 obras mapeadas como essenciais para interligar o Brasil aos demais países sul-americanos, além das construções necessárias nos territórios das nações vizinhas. Desse total, 150 dependem de recursos públicos e 40 são concessões.
Os dados fazem parte do projeto “Rotas de Integração Sul-America”, do Ministério do Planejamento, que mapeou no Brasil os investimentos necessários em rodovias, portos, aeroportos, infovias, ferrovias, hidrovias e linhas de transmissão de energia elétrica.
A política pública começou a ser construída pela pasta após o Consenso de Brasília, reunião realizada na capital federal em maio de 2023, com os presidentes dos 12 países da América do Sul, para revitalizar a integração regional.
Em declarações recentes, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, projetou que a integração entre os países da América do Sul tem potencial de adicionar anualmente 1 ponto percentual ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil com a expansão do comércio e do turismo na região.
O secretário de Articulação Institucional do Ministério do Planejamento, João Villaverde, afirma que enquanto os países europeus transacionam entre si 68% dos bens e os asiáticos quase 60%, os países sul-americanos e caribenhos transacionam apenas 14% entre si.
Em 2023, segundo dados do governo, o Brasil exportou quase US$ 43 bilhões para os países da América do Sul e importou pouco mais de US$ 28 bilhões – o que corresponde, respectivamente, a 12,6% e 11,7% do total comercializado pelo país no período. Do valor exportado, 46,5% correspondem aos produtos que saíram do Brasil por via rodoviária.
No entanto, apesar dos mais de 15 mil quilômetros de fronteira terrestre, parte considerável da exportação (44,6%) foi realizada por via marítima. A indústria de transformação respondeu por 78,7% das exportações e por 68,6% das importações, o que demonstra, segundo o Ministério do Planejamento, que o comércio regional do Brasil com os vizinhos se concentra em produtos de maior valor agregado.
As cinco rotas de integração
A partir do mapeamento e de reuniões com os governos das nações da América do Sul, o Ministério do Planejamento traçou cinco rotas para conectar o Brasil aos países vizinhos. São elas:
Rota 1: Ilha das Guianas: Conecta Roraima e Amapá à Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, com foco no desenvolvimento de infraestrutura rodoviária e fluvial. Rota 2: Amazônica: Conecta o Brasil (Amazonas, Acre, Rondônia e Mato Grosso) ao Peru e Colômbia, com foco na melhoria da infraestrutura fluvial e na construção de novas rodovias. Rota 3: Quadrante Rondon: Conecta Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul ao Peru, Bolívia e Chile, com foco na expansão da malha rodoviária e na construção de pontes internacionais. Rota 4: Bioceânica de Capricórnio: Conecta Mato Grosso do Sul ao Paraguai, Argentina e Chile, com foco na pavimentação de rodovias e na modernização de infraestrutura de fronteira. Rota 5: Bioceânica do Sul: Conecta Rio Grande do Sul ao Uruguai, Argentina e Chile, com foco na duplicação de rodovias e na melhoria da conectividade com os portos do Pacífico.
Villaverde diz que o projeto começou em junho de 2023, com o debate com os 11 secretários de Planejamento ou de Desenvolvimento Econômico dos estados brasileiros que fazem fronteira com os países da América da Sul. Além disso, foram realizadas reuniões com os governos dos países vizinhos para traçar as rotas.
Nas conversas foram identificadas as obras necessárias para essa integração, além de outras demandas necessárias, como a criação ou o reforço de aduanas nas fronteiras, com presença da Receita Federal, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro).
Rota Amazônica será a primeira entregue
A primeira que será totalmente concluída é a Rota Amazônica, até novembro de 2025, quando ocorrerá a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém, no Pará. Uma das pernas das outras quatro rotas será concluída até dezembro de 2026.
Segundo Villaverde, para concluir a rota do lado brasileiro é necessário terminar a dragagem do Rio Solimões e instalar uma aduana que funcionará todos os dias em Tabatinga (AM). Dos três trechos em que era necessário aumentar o calado, dois já foram concluídos em 2024 e o último terminará em março de 2025.
No caso da aduana de Tabatinga, o secretário afirma que o servidor da Receita Federal que faz o desembaraço das mercadorias mora em Manaus e vai ao local uma vez por semana. Com o funcionamento diário da aduana, a tendência é de aumento expressivo do comércio pela região.
“Por Tabatinga, em 2024, mesmo sem aduana 100% do tempo, o volume de exportações do Brasil para os países vizinhos foi maior do que nos últimos oito anos somados", diz. "As forças de mercado já estão vendo que essa rota é uma realidade.”
A rota Amazônica, conta Villaverde, tem potencial de aumentar o volume de vendas de produtos industriais fabricados na Zona de Manaus, desde eletrodomésticos a veículos. Atualmente, os produtos consumidos no Peru, no Equador e na Colômbia, por exemplo, precisam sair de Manaus para o porto de Santos e passar pelo canal do Panamá até chegarem ao destino. Com a rota concluída, o tempo de viagem será consideravelmente reduzido e o volume exportado tende a aumentar.
“Não temos mais capacidade de exportar bens industriais para a China. Mas os nossos vizinhos que estão aqui compram o que a gente vende a partir da Zona Franca. E eles podem comprar muito mais com essa rota de escoamento”, diz.
Além dos industrializados, Villaverde aponta que os produtos da bioeconomia, como castanhas, açaí e cosméticos, têm potencial de serem exportados para os países vizinhos que estão no mesmo bioma.
“Toda essa produção que é da floresta e que depende da floresta de pé para existir pode ser exportada. Os nossos vizinhos estão no mesmo bioma vestem-se do mesmo jeito que os brasileiros, torcem para times de futebol, assistem as nossas novelas, comem as mesmas coisas e são potenciais consumidores do que a gente vende aqui”, diz.
Outras obras em andamento
Em uma das pernas da rota 1, que liga o Brasil às Guianas pelo Amapá, a pavimentação asfáltica de rodovia de 104 quilômetros deve ser entregue até o fim de 2026. "O Brasil nunca teve uma conexão rodoviária com a França. A Guiana Francesa é a França", diz. A obra começou em dezembro de 2024.
Em 2025, o governo brasileiro deve assinar a ordem de serviço para construir a ponte binacional Brasil-Bolívia, sobre o rio Mamoré, que ligará a cidade de Guajará-Mirim, em Rondônia, à sua irmã Guayaramerín, do lado boliviano, na província de Bêni. A obra faz parte da rota 3, terá duração de três anos e, segundo Villaverde, é uma dívida histórica do Brasil com a Bolívia.
A obra está prometida desde 1903, quando o Brasil incorporou o que hoje é o Acre. Naquela ocasião, quando o Barão de Rio Branco anexou o Acre ao país, ele se comprometeu, por meio de um tratado, a fazer uma ferrovia na região, o que nunca foi feito. Em 1966, no início da ditadura militar, durante o governo Castelo Branco, o governo brasileiro voltou a conversar com a Bolívia e decidiram substituir o projeto ferroviário por uma ponte, financiada 100% pelo Brasil. Entretanto, a obra também não foi realizada.
"Isso nunca saiu do papel e agora vai. Em 2025, estaremos em Guajará-Mirim para assinar a ordem de serviço para começar a obra da ponte, que é uma das mais caras do PAC, no valor de R$ 475 milhões", diz.
Na rota 4, a Bioceânica de Capricórnio, estão em construção 205 quilômetros de rodovia no Paraguai que leva à ponte binacional em Porto Murtinho (MS), que também está em obras. A infraestrutura deve ficar pronta em março de 2026.
A ponte binacional é parte da ligação entre os portos brasileiros de Santos (SP), Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC) e Itajaí (SC) com os portos chilenos de Iquique e Antofagasta, através do Paraguai e da Argentina.
Carteira de financiamento
As obras no Brasil e em outros países serão financiadas com recursos públicos e de bancos de desenvolvimento. Em 2024, o governo brasileiro desembolsou R$ 4,1 bilhões e prevê investir outros R$ 4,5 bilhões em 2025.
Além disso, as concessões devem contar com financiamentos de US$ 3 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em valores convertidos com a cotação média do dólar a R$ 6, são R$ 18 bilhões.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (DIB), o Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) oferecerão financiamentos US$ 7 bilhões em financiamentos aos países da América do Sul, segundo Villaverde. Em valores corrigidos são R$ 42 bilhões em recursos disponíveis para investimentos.
Monitoramento das Rotas de integração
Em dezembro de 2024, na Colômbia, uma reunião de ministros e vice-ministros de todos os países da América do Sul sobre rotas de integração sul-americanas definiu, em comunicado final, que será criado um observatório na internet para que qualquer pessoa monitorar o andamento das obras das cinco rotas.
A previsão é de que o site fique pronto até o fim de 2025. Será possível consultar, segundo Villaverde, o status da obra, a modalidade e o preço. O observatório será financiamento pelo consórcio de bancos de desenvolvimento.
O observatório será gerenciado pelos 12 países da região, por meio do Consenso de Brasília. A próxima reunião para verificar o andamento do observatório será em Quito, no Equador.
Money Times - SP 27/01/2025
A menos de uma semana da decisão do Banco Central sobre a taxa básica de juros (Selic), uma série de indicadores importantes da economia apontam para uma freada da atividade.
Em um relatório, o BTG Pactual compilou os dados mais recentes e destacou a desaceleração em dezembro, em particular em setores mais cíclicos, como a indústria.
A redução no ritmo aconteceu desde os indicadores antecedentes, com a queda de 4,2% na produção de papelão ondulado, até o tráfego de veículos pesados nas estradas, que recuou 3,3% — ambos em relação ao mês anterior.
A comparação anual e a média móvel dos últimos três meses também indicam a desaceleração dos indicadores de atividade, ainda de acordo com o BTG, que projeta um recuo de 2,8% nos dados de manufatura em dezembro.
A economia e a decisão sobre a Selic
Os números da economia ganham ainda mais importância conforme se aproxima a reunião do Banco Central para definir a taxa básica de juros (Selic).
O Comitê de Política Monetária (Copom) deve promover na próxima quarta-feira (29) mais uma alta de um ponto percentual nos juros. Assim, a Selic deve passar dos atuais 12,25% para 13,25% ao ano.
Se confirmada, essa será a primeira das duas altas que o BC sinalizou na reunião anterior. A dúvida, portanto, é sobre o que Gabriel Galípolo e os diretores que formam o Copom farão a partir de março.
Uma desaceleração mais forte da economia tem como contrapartida uma menor necessidade de alta da Selic. Isso porque a redução da atividade tende a reduzir a pressão sobre a inflação.
Investing - SP 27/01/2025
Os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian subiram nesta sexta-feira, fechando com leve ganho na base semanal, auxiliados pela demanda chinesa resiliente, mesmo com investidores preocupados com as crescentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 0,69%, a 806,5 iuanes (111,26 dólares) a tonelada, marcando um ganho semanal de 0,31%.
O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura avançou 1,34%, a 105,1 dólares a tonelada. Na semana, o contrato perdeu 0,14%.
A atividade industrial da China deve ter crescido em janeiro pelo quarto mês consecutivo, segundo uma pesquisa da Reuters, mesmo com o país se preparando para aumentos de tarifas por parte dos EUA.
Além disso, o programa de troca de bens para consumidores da China impulsionou o crescimento do consumo em mais de 1% em 2024, disse o vice-ministro do Comércio, Sheng Qiuping, na sexta-feira.
Os estoques totais de minério nos portos caíram 0,17% em relação à semana anterior, para 145,65 milhões de toneladas, em 24 de janeiro, de acordo com dados da Steelhome.
Na quinta-feira, Washington apresentou um projeto de lei que revogaria o status de comércio preferencial da China com os EUA, introduziria gradualmente tarifas elevadas e acabaria com a isenção "de minimis" para importações chinesas de baixo valor.
O presidente dos EUA, Donald Trump, também prometeu mais tarifas contra as importações chinesas.
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Apesar das crescentes tensões comerciais, Trump disse que sua conversa com o presidente chinês, Xi Jinping, foi "amigável" e que acredita que poderia chegar a um acordo comercial com a China.
Valor - SP 27/01/2025
Gustavo Pimenta, presidente da mineradora desde outubro, diz que o cobre é o produto mais visado pelo setor
Gustavo Pimenta, presidente da Vale, participa pela primeira vez do Fórum Econômico Mundial e vê Brasil competitivo na corrida pela transição energética — Foto: Mônica Scaramuzzo/Valor
Sob nova gestão, a Vale vai buscar recuperar o valor de seus ativos, altamente descontados nos últimos anos, e seguir na estratégia para que a companhia avance em minerais críticos, como cobre, além de recuperar sua posição principal como produtora de minério de ferro. O grupo também pretende rever seu portfólio. Ao Valor, Gustavo Pimenta, presidente da companhia, afirmou que a mineração global está em transformação, com gigantes em consolidação, e que a Vale não vai ficar de fora desse movimento. No sábado (25), a tragédia ambiental de Brumadinho (MG), que matou 272 pessoas, completou seis anos, e o caso ainda aguarda o julgamento criminalmente.
“Existe hoje, de fato, um movimento, principalmente nos últimos 12 meses, das grandes mineradoras, os ‘majors’, tentando avançar o portfólio de minerais críticos de uma forma mais acelerada. Vimos a BHP em relação a Anglo American, a Glencore com a Teck, e mais recente a Rio Tinto [comprando a Arcadium ]. Ou seja, isso é relativamente novo na indústria e o que está por trás disso é a tentativa de crescer em minerais críticos, essencialmente”, afirmou o executivo.
Para Pimenta, o cobre é o mineral mais visado pelas companhias. “O cobre é um mineral que todos têm uma visão muito positiva em relação ao futuro da demanda e a toda a equação de equilíbrio de médio e longo prazo dessa indústria. No caso da Vale, nós somos um ‘major’, e como um dos principais grupos do mundo, a gente tem uma vantagem em relação a outros competidores, porque temos um ‘endowment’ natural”, disse o executivo, reforçando a posição da Vale em Carajás (PA).
Em sua primeira visita ao Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em Inglês), Pimenta participou de painéis para falar de transição energética e fez rodadas de conversas com empresários e investidores. A Vale foi uma das companhias que colocaram de pé a Brazil House, no centro da avenida Promenade, para sediar debates sobre temas relevantes para indústria.
Pimenta, que assumiu o comando da Vale em outubro do ano passado, após um tumultuado processo sucessório, é visto pelo mercado com um executivo que pode voltar a colocar a mineradora brasileira na rota de expansão dentro e fora do país. No governo, o nome do executivo também é visto como pacificador, diante das tensões que pairavam nos últimos meses na relação entre o grupo e o Planalto.
Empresa conseguiu endereçar assuntos importantes. Agora o foco é na operação”
— Daniel Sasson
A empresa tem, entre os desafios, recuperar o valor de seus ativos. Levantamento do Valor Data mostra que a Vale ocupa a 14ª posição de mineradora global em valor de mercado, abaixo do potencial da companhia. Na semana passada, fechou avaliada em US$ 38,3 bilhões.
“Efetivamente, esse ‘valuation’ está errado. Não reflete o valor intrínseco da companhia. Quando eu olho os meus pares, todo mundo caiu por algumas razões. De fato, o setor de mineração, de certa forma, está muito descontado.”
A instabilidade com a China, maior consumidora de minério, está entre os pontos sensíveis. Além disso, pesa a posição geográfica desfavorável do Brasil em relação aos concorrentes, sobretudo australianos, no mercado chinês.
Mas não é só isso. Daniel Sasson, analista do Itaú BBA e especializado em mineração, concorda que a Vale está mais exposta à China sobre seus rivais, mas ressalta outros pontos que pressionaram o valor de mercado da brasileira nos últimos anos. Segundo o analista, as tragédias ambientais (de Mariana e Brumadinho), a demora na renovação das concessões das ferrovias, além das discussões ruidosas durante o ano passado sobre a sucessão - com potencial ingerência do governo - criaram fatores de instabilidade. Agora, mais recente, a saída da Cosan do quadro de acionistas ajudou a dirimir especulações que giravam em torno de quando as ações da companhia seriam vendidas.
E, pela primeira vez, Sasson vê a Vale, depois de muitos anos, dando foco na área operacional, com a companhia buscando estabilizar os níveis de produção de metais básicos e perseguindo a iniciativa de redução de custos, o que vai criar condições para crescer.
No cobre, a Vale quer dobrar a capacidade de produção de 350 mil toneladas para 700 mil toneladas
“A empresa conseguiu endereçar, nos últimos trimestres, assuntos importantes, da sucessão, repactuação do acordo de Mariana, resolver as concessões de ferrovias. Agora o foco dos executivos será na operação”, disse Sasson.
À frente da mineradora, Pimenta, que era o principal executivo financeiro da Vale antes de se tornar o CEO, vê um novo momento para a mineradora, sobretudo após fechar o acordo de Mariana, de R$ 170 bilhões, e está otimista com o cenário para 2025.
No ano passado, a Vale tinha “guidance” de produção de minério de ferro entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas e esse volume foi revisado de 320 milhões a 330 milhões, com potencial de atingir o topo desse range, conforme a companhia informou no Vale Day, com mix de produtos orientado à transição energética.
“Estou muito otimista e confortável com o plano que a gente desenhou e com a capacidade de execução desse plano. Depois de muitos anos, a Vale começa a reagir de forma muito sólida, tendo a capacidade de entregar todos os seus planos”, disse o executivo.
Segundo Pimenta, a mineradora conseguiu administrar os temas controversos nos quais estava envolvida, o que, de certa forma, também afastavam os investidores.
A venda da fatia da Cosan na Vale mostra que os investidores internacionais têm interesse pela mineradora, com a compra de boa parte dos papéis colocados à venda.
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“[Sobre a tragédia ambiental de Brumadinho] a gente conseguiu fazer, alguns anos atrás, o acordo, mas ainda havia alguns temas relevantes [em relação a Mariana]. Desde que eu estou à frente [da Vale], a gente conseguiu limpar essa pauta”, disse.
Em fevereiro de 2021, a Vale fechou acordo de Brumadinho no valor de R$ 37,68 bilhões. O de Mariana foi assinado em outubro do ano passado.
O passo daqui para frente, segundo ele, é entregar o que prometeu ao mercado e aos “stakeholders”. A expansão, segundo Pimenta, está focada em Carajás e em outros mercados onde a Vale atua, como Canadá e Indonésia. “Então o grande foco nosso, nesse próximo ciclo, vai ser acelerar o desenvolvimento desses projetos de minerais críticos.”
Na noite de quinta-feira (23), a Vale soltou um comunicado informando que avaliava alternativas estratégicas para parte dos seus ativos no Canadá, que pode levar uma venda ou entrada de um sócio. Sasson, do Itaú BBA, disse que o mercado já aguardava um posicionamento de venda de parte desses ativos no Canadá.
Os ativos que podem ser avaliados são o de mineração e exploração em Thompson, Manitoba. A revisão faz parte de um processo de otimização da base de ativos da Vale Base Metals, com o objetivo de garantir a competitividade de seu portfólio.
No cobre, a Vale quer dobrar a capacidade de produção dos atuais 350 mil toneladas para 700 mil toneladas para ser um “player” relevante desse mineral.
Pimenta ressalta que a companhia já é um dos maiores operadores de níquel do mundo. “A grande vantagem competitiva que a Vale tem na indústria hoje é o fato de ter o potencial de crescer com os nossos próprios recursos, sem ter que efetivamente ou eventualmente fazer uma transação de aquisição.”
De acordo com Pimenta, o Brasil é uma potência mineral e sai em vantagem diante das discussões geopolíticas globais. E o país segue firme em transição energética, embora os sinais do governo de Donald Trump indiquem o oposto.
“Apesar de toda a discussão geopolítica, todo esse caminho de transição energética vai seguir acontecendo. O Brasil tem um potencial enorme de ser um dos grandes ofertantes desses minerais críticos, que são fundamentais para a transição energética, no cobre e vários outros que a gente tem”, afirmou.
Pela relevância da Vale, Pimenta ressalta que há uma expectativa tanto para o governo brasileiro como para agentes de mercado de que empresa esteja bem posicionada. “Como a Boeing para os Estados Unidos, ou Volkswagen para a Alemanha. São companhias muito relevantes para as suas operações nacionais. O Brasil assumiu um papel de liderança em transição energética e na oferta de minerais críticos. É bom para a Vale, é bom para o país. Vejo uma enormidade de pontos de convergência na pauta do que é importante para a Vale e para o Estado”, disse o executivo, sem entrar no mérito em relação às expectativas do governo federal sobre a companhia.
Em Davos, Pimenta também teve oportunidade de conversar com importantes interlocutores sobre a COP30, que vai ser sediada no Pará. “Será um ano muito importante para o Brasil e para a Vale. A Vale opera no Pará há 40 anos, na região de Carajás, e eu acho que a gente conseguiu mostrar que é possível, sim, fazer mineração de forma sustentável.”
Globo Online - RJ 27/01/2025
A venda de carros elétricos bateu todos os recordes no Brasil em 2024. Foram 177.358 veículos emplacados ao longo do ano, ante 93.927 em 2023, de acordo com a Associação Brasileira de Veículos Elétricos. É verdade que ainda é uma fração pequena dos 2,6 milhões de carros novos vendidos no Brasil. O modelo elétrico de maior sucesso, o chinês BYD Dolphin Mini, com perto de 22 mil unidades, é o 35º na lista de mais vendidos (liderada pelo Fiat Strada, com 145 mil). Mesmo assim, o crescimento de 89% dos elétricos foi mais de seis vezes o da indústria, que ficou em 14%. E a tendência é inequívoca.
No mundo todo, as vendas de elétricos — incluídos veículos movidos apenas a bateria e modelos híbridos — ficaram ao redor de 17 milhões, dos quais 10 milhões apenas na China. A proporção de elétricos no total vendido tem crescido em praticamente todos os países. Foram 18% na Tailândia, 12% na Costa Rica e no Vietnã, 10% nos Estados Unidos e 7% no Brasil. No mercado americano, onde o crescimento arrefecera, eles cresceram perto de 20% no ano passado, ante estagnação nos veículos movidos a combustão.
O êxito crescente dos elétricos tem um motivo simples: o preço das baterias tem despencado, em razão de avanços na capacidade de armazenamento de energia e da queda no preço dos metais usados na produção. Um estudo do banco Goldman Sachs estima que, entre 2019 e 2024, o custo caiu de US$ 180 para US$ 110 por quilowatt-hora armazenado — e desabará para US$ 60 até 2030. A evolução na capacidade das baterias tem sido comparada à Lei de Moore, que prevê queda de preço e aumento na capacidade dos chips a cada dois ou três anos. Sempre que isso acontece com uma nova tecnologia, ela entra em ritmo irresistível de adoção, movida pela força econômica. “Quando as baterias cruzarem certo ponto, a revolução dos veículos elétricos adquirirá força própria”, escreve o economista Noah Smith. “Será simplesmente mais barato comprar um carro elétrico que um a combustão.”
As vantagens já são sentidas em cidades brasileiras, onde motoristas têm preferido gastar um pouco mais na compra do carro para economizar na recarga, realizada com o veículo plugado na tomada durante a noite. Com o tempo, o investimento inicial se paga. A autonomia é mais que suficiente para trajetos urbanos. Nas estradas, têm surgido mais postos de recarregamento. Ainda não há rede nacional de abastecimento, mas é questão de tempo. A manutenção tende a ser mais barata, pois elétricos têm menos peças e mecânica mais simples. Além da vantagem de emitirem menos gases poluentes, são mais potentes e mais silenciosos.
Por enquanto, a China tem dominado a produção e sido agressiva no marketing, com facilidades para a manutenção e na instalação de estações domésticas de recarga. Não é outro o motivo que levou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a declarar já no dia de sua posse que adotará tarifas e outras medidas para proteger a ultrapassada e combalida indústria automotiva americana. O protecionismo também move as montadoras brasileiras em gestões para assegurar subsídios e benefícios. Mas tudo isso só significará atraso. Ao final, prevalecerá a inexorável realidade econômica. Assim como o filme fotográfico, a máquina de escrever ou o mimeógrafo, o motor a combustão será relegado aos nichos de saudosistas e aos livros de História.
Auto Industria - SP 27/01/2025
Não de hoje as montadoras instaladas no Brasil têm encontrado dificuldade para negociar seus veículos em outros países. No ano passado, somente 398,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus cruzaram as fronteiras rumo ao exterior, número que representou oscilação negativa de 1,3% sobre os embarques de 2023.
Mas se no conjunto a indústria tem mesmo que lamentar, individualmente alguns fabricantes estão felizes. A Stellantis, por exemplo. Em 2024 a montadora exportou 116 mil automóveis e comerciais leves, melhor resultado desde sua constituição oficial em janeiro de 2021, com a fusão da PSA e FCA.
O número chama a atenção ainda por representar crescimento de 17% ante os embarques de 2023 e, mais ainda, um salto de nada menos do que 94% nos últimos quatro anos, a partir portanto da pandemia da covid- 19.
“É uma conquista que deve ser celebrada”, afirma Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul.
Veículo mais vendido no Brasil nos últimos quatro anos, a Strada também liderou as exportações da Stellantis. A picape compacta da Fiat somou 26 mil unidades embarcadas, o dobro do Jeep Renegade (13,2 mil).
Depois vieram, pela ordem de vendas externas, Jeep Compass (10,6 mil), os Fiat Fiorino e Pulse, ambos com 8,8 mil unidades cada, Mobi (6,5 mil), Ram Rampage (5,9 mil), e os também Fiat Toro (5,7 mil) e Fastback (5,2 mil).
A empresa tem três fábricas no País. Pouco mais da metade dos embarques, 57 mil unidades, deveu-se aos veículos Fiat montados em Betim, MG, 8 % a mais do que em 2023.
Avanço maior das exportações, da ordem de 18%, foi registrado pela unidade de Porto Real, RJ, base produtiva da marca Citroën.
De lá saíram 20 mil automóveis para diversos mercados latino-americanos, destino historicamente prioritário da indústria automobilística brasileira.
Valor - SP 27/01/2025
Ações do presidente dos EUA atingem indústria automobilística em meio a robustos programas de investimentos em eletrificação e afetam o maior exportador para o mercado americano
Pelo menos duas das decisões tomadas pelo presidente Donald Trump em seu primeiro dia de governo dos Estados Unidos acendem um sinal vermelho na indústria automobilística. A iniciativa de taxar produtos importados do México provoca impacto direto em uma das principais fontes de abastecimento do setor nos EUA. Além disso, a suspensão de subsídios para carros elétricos obriga as montadoras a rever planos de investimentos e de desenvolvimento de produtos que haviam se baseado num programa que Joe Biden, antecessor de Trump, preparou para durar até 2032.
Com quase 4 milhões de veículos, o México encerrou 2024 como o quinto maior produtor de veículos do mundo, atrás de China, Estados Unidos, Japão e Índia. Mas quase 80% dos veículos que saem de suas fábricas seguem para os Estados Unidos. Em 2024, 2,8 milhões cruzaram a fronteira. Um volume maior do que toda a produção do Brasil no mesmo ano (2,5 milhões.
Elaboradas pela Associação Mexicana da Indústria Automobilística (Amia), as estatísticas do setor indicam que apesar de os dois países estarem entre os maiores fabricantes (Brasil foi oitavo), o destino da produção os diferencia. Enquanto em 2024 a indústria automobilística instalada no Brasil destinou ao mercado interno 85% dos veículos que produziu, a mexicana embarcou 87% para o exterior.
O México é o quinto maior exportador de veículos do mundo. Perde para Alemanha, em primeiro lugar, seguida de Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul.
Em território mexicano se espalham 37 fábricas de veículos, motores e transmissões de montadoras que estão também nos EUA e no Brasil, entre as próprias americanas, europeias e asiáticas, num total de 84 mil empregos. Sem contar as dezenas de fabricantes de componentes que também abastecem linhas de montagem nos EUA.
Em entrevista ao Valor, publicada na sexta-feira, 24, o presidente da General Motors International, Shilpan Amin, disse que a manufatura das quatro fábricas que a companhia possui no México é bastante flexível.
O custo de produção no México tem sido repetidas vezes apontado pelos executivos do setor como um dos mais baixos do mundo. Essa vantagem pode diminuir sensivelmente à medida que Trump anunciou a intenção de aplicar uma taxa de 25% em produtos mexicanos.
Seria, então possível transferir as linhas mexicanas para as fábricas dos EUA ou outros países caso não seja mais interessante produzir no país vizinho? A decisão não é tão simples. É difícil imaginar que o Brasil poderia se beneficiar. As raras tentativas brasileiras de exportar para os EUA fracassaram.
Mais sofisticados, os veículos produzidos no México, foram desenvolvidos, em sua maioria, para atender ao padrão americano, embora uma parte seja também exportada para o Brasil. Por meio de acordo de livre comércio, 10% dos carros importados pelo Brasil em 2024 vieram do México.
Das quase 34 milhões de unidades produzidas pelos mexicanos em 2024 apenas 510 mil foram vendidas no próprio país. O mercado mexicano se assemelha muito mais ao nosso. Aparece como segundo destino das exportações de veículos do Brasil em 2024.
Carro elétrico
Durante discurso de posse, Trump provocou apreensão de ambientalistas e da comunidade científica ao enaltecer os combustíveis fósseis. “Vamos perfurar”, disse, mais de uma vez, referindo-se à extração de petróleo.
Se por um lado, a postura do novo presidente dos Estados Unidos pode ter sido um alívio para as montadoras, pressionadas por legislações cada vez mais rígidas, por outro, atinge o setor em meio a robustos programas de investimentos em eletrificação.
E, ainda, põe por terra um ousado e meticuloso programa preparado por Biden para conduzir os Estados Unidos a uma posição de destaque entre os países mais comprometidos com as metas de redução dos gases de efeito estufa no transporte.
Do total de US$ 1 trilhão destinados ao chamado “Inflation Reduction Act” (IRA), Biden destinou US$ 370 bilhões para o clima e energia limpa, o que abrangia a eletrificação dos carros.
O ex-presidente traçou planos para que, até 2030, 50% dos veículos vendidos nos EUA fossem 100% elétricos ou híbridos “plug-in” (que, além do suporte dado pelo motor a combustão, permite carregamento das baterias também em tomadas). Hoje, a fatia desses veículos no mercado norte-americano está próxima de 8%.
Dois pontos do programa de Biden, agora cancelado por Trump, podem provocar uma drástica redução da demanda pelos elétricos. Se o novo presidente americano não quer dar incentivos para a eletrificação é certo que também vai cancelar a aplicação de recursos públicos em pontos de recarga. Biden havia previsto US$ 5 bilhões para ampliar a rede pública e garantir um ponto de recarga de baterias, no mínimo, a cada 80 quilômetros.
Mas o que mais impacta esse planejamento elaborado pela gestão democrata é o incentivo direto aos consumidores. O fim do subsídio anunciado por Trump elimina o bônus de U$ 7,5 mil na compra de carros elétricos, que Biden imaginava poder estender até 2032.
O benefício não era aplicado a qualquer carro elétrico. Para ser elegível, o veículo tinha que ser produzido nos EUA, seguindo quantidade mínima de itens fabricados no país, incluindo baterias e até minerais.
A eletrificação é uma tendência e não há decreto que consiga freá-la. Mas, ao mesmo tempo, deixar de ter um desconto de US$ 7,5 mil faz muita diferença para quem vai comprar um carro.
Os planos de Biden foram considerados insuficientes pelos ambientalistas. Diziam que medidas adicionais, principalmente voltadas aos veículos pesados, de carga, deveriam ser anunciadas para que o país pudesse atender aos compromissos do Acordo de Paris. Mas, agora, qualquer esforço será em vão. Porque Trump também decidiu que EUA deixam o Acordo de Paris.
Infomoney - SP 27/01/2025
A Tesla vai lançar uma atualização de software para cerca de 1,2 milhão de carros na China — cerca de metade da frota vendida no país — para corrigir problemas com a direção elétrica e câmeras de ré dos veículos que podem representar riscos de segurança.
O problema na direção decorre de um problema de software que pode causar falha no sistema de direção elétrica, informou a Administração Estatal para Regulação do Mercado em um comunicado na sexta-feira. Uma possível falha nas câmeras de ré dos carros pode, por sua vez, prejudicar o campo de visão dos motoristas ao dar ré, aumentando o risco de colisões.
A Tesla implantará uma correção de software over-the-air para 871.087 veículos Model 3 e Model Y produzidos domesticamente para resolver a falha na direção elétrica. Outros 335.716 carros — uma mistura de veículos elétricos Model S e Model X importados e Model 3 e Model Y produzidos domesticamente — receberão uma atualização para a falha da câmera.
Proprietários de veículos que não puderem receber a atualização de software remotamente serão contatados para substituições gratuitas. A Tesla apresentou um aviso de recall semelhante nos EUA no início deste mês, envolvendo cerca de 240 mil carros.
A fabricante de veículos elétricos de Elon Musk havia vendido cerca de 2,3 milhões de carros na China até o final de 2024, de acordo com o Centro de Pesquisa e Tecnologia Automotiva da China. A empresa enfrenta uma concorrência sem precedentes de players chineses como a BYD no maior mercado automotivo do mundo. Fabricantes locais de automóveis estão inovando rapidamente, oferecendo alternativas atraentes em vários pontos de preço.
A Tesla registrou seu primeiro declínio anual nas entregas de veículos em todo o mundo em mais de uma década no ano passado e manteve por pouco sua liderança sobre a BYD como a maior vendedora de carros totalmente elétricos em 2024. Também testemunhou a primeira queda nas remessas anuais de sua fábrica em Xangai desde que a instalação começou a produção em massa em 2020.
Sua participação de mercado também está diminuindo na China, com os Teslas representando cerca de 10,6% das vendas totais de veículos elétricos a bateria no varejo no ano passado, mostram dados do CATRC compilados pela Bloomberg Intelligence. Em 2020, a Tesla detinha uma participação desse mercado mais próxima de 16%.
Separadamente, na sexta-feira, a Xiaomi fez o recall de 30.931 sedãs elétricos SU7 que foram produzidos entre fevereiro e novembro do ano passado devido a um problema de software que representava um risco potencial de segurança em torno do recurso de estacionamento inteligente do carro, informou a Administração Estatal para Regulação do Mercado em outro comunicado.
Money Times - SP 27/01/2025
O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos é marcado por anúncios de medidas que, segundo o presidente, visam proteger a indústria do país. E elas podem ter impatos relevantes para os setores automotivo e petroleiro.
Nesta quinta-feira (23), durante o Fórum Econômico Mundial, Trump disse que as empresas devem fabricar seus produtos nos EUA se quiserem evitar tarifas.
“Minha mensagem para todas as empresas do mundo é muito simples: venham fabricar seu produto nos Estados Unidos e nós lhes daremos um dos impostos mais baixos de qualquer nação do mundo.” disse.
Já durante seu discurso de posse ocorrido nesta segunda-feira (20), o presidente criticou o ‘’New Deal Green’’, programa que tem como objetivo reduzir impactos ambientais e emissões de gases estufa.
Além disso, reiterou que o México deve enfrentar tarifas de 25% e a China de 60%, dar detalhes sobre eventuais produtos a serem taxados. Mas já se espera que um dos principais alvos pode ser os carros elétricos chineses.
‘’Sem dúvida alguma vai acontecer uma desaceleração do crescimento da venda de carros elétricos’’, disse Pedro Rodrigues, diretor e sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Durante sua gestão, o agora ex-presidente Joe Biden aprovou um subsídio de US$1,7 bilhão destinado à produção de veículos elétricos e híbridos. Ele também estabeleceu padrões para diminuir a emissão de gases de efeito estufa pela indústria automobilística do país.
Trump pretende incentivar a utilização de combustíveis fósseis, como gás natural e gasolina, com a justiticativa de diminuir os custos para a população.
Além disso, segundo ele, o país possui ‘’algo que nenhuma outra nação industrial jamais terá: a maior quantidade de petróleo e gás de qualquer país da Terra”.
Na perspectiva de Rodrigues, apesar de ser visto como contrário à energia renovável, sua oposição se direciona aos subsídios que a tornam mais cara que os combustíveis fósseis.
Para ele, Trump busca aumentar a produção doméstica de petróleo e gás e reduzir os impactos das tensões geopolíticas mundias nos custos de energia nos EUA, com a retomada de exploração no Alasca, por exemplo. Ao aumentar a oferta e o estoque de petróleo no país, a tendência é que as cotações internacionais da commodity começem a cair.
Vai ficar mais caro: e não são só os carros
Segundo Bruno Cordeiro Santos, analista da Stonex, as medidas de Trump preocupam principalmente pelos possíveis efeitos na inflação, com o aumento dos preços de veículos elétricos, por exemplo.
Outro ponto de atenção, na opinião de Santos, é a relação com o Canadá, especialmente pensando no petróleo. “O Canadá é um grande exportador de petróleo para os EUA. Pode haver pressão sobre o custo de produção, e um aumento de preços no curto prazo”, diz.
Em 2024, a produção de petróleo e gás natural do Canadá somou algo próximo de 6 milhões de barris de óleo equivalente por dia, segundo a Associação Canadense de Produtores de Petróleo.
Se os Estados Unidos são os maiores produtores do mundo, tanto de óleo quanto de gás, o Canadá está em quinto no ranking global de gás, e em quarto quando se trata de petróleo, segundo dados da mesma associação. O país exporta cerca de 97% da sua produção para os Estados Unidos.
Em relação à China, o analista diz que o país está em uma posição favorável devido ao seu rápido avanço em tecnologias e capacidade para aumentar a sua produção nos próximos anos. Principalmente pelas vantagens em custos operacionais e mão de obra.
“Mas não podemos esquecer que os Estados Unidos também são referência em desenvolvimento de novas tecnologias”, complementa Santos.
O Estado de S.Paulo - SP 27/01/2025
A construtora e incorporadora mato-grossense São Benedito pretende ultrapassar R$ 1 bilhão em valor geral de vendas (VGV) este ano, ou seja, em faturamento potencial dos projetos, o que inclui lançamentos e empreendimentos já lançados pela empresa. A expectativa para os novos projetos em 2025 é de um VGV de R$ 862 milhões, o que inclui um condomínio horizontal e um prédio residencial em Cuiabá, capital de Mato Grosso. Em 2024, a companhia registrou VGV de R$ 417,1 milhões, um crescimento de 70% sobre 2023.
A São Benedito diz que o mercado imobiliário do Estado está em ascensão. “No mercado imobiliário local, temos observado um crescimento significativo impulsionado pelo agronegócio e pela infraestrutura regional. Nosso objetivo é manter a liderança em Cuiabá, enquanto expandimos nossa atuação com empreendimentos que integram qualidade, inovação e as melhores localizações”, disse o diretor de Novos Negócios, Marketing e Patrimônio da São Benedito, Amir Maluf.
Mato Grosso é o maior produtor de grãos, algodão e carne bovina do País. Os empreendimentos são voltados ao mercado de alto luxo.
Outras cidades estratégicas
A companhia está há 41 anos no mercado e planeja também em 2025 expansão para cidades que considera estratégicas no Estado, como Sinop e Chapada dos Guimarães, e outras em 2026. Não há previsão de projetos fora de Mato Grosso no momento.
A São Benedito capta recursos junto a bancos e ao mercado de capitais, normalmente por meio de certificados de recebíveis imobiliários (CRI). A primeira captação foi feita em 2021 e levantou R$ 390 milhões. A empresa diz que suas expectativas não devem ser frustradas pelo avanço dos juros e escassez de crédito imobiliário, pois todas as entregas previstas para este ano estão garantidas.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 24/01/2025, às 16:16.
A Tribuna - SP 27/01/2025
A privatização da Sabesp, no ano passado, jogou luz sobre a necessidade de melhoria em serviços. Não foram poucas as queixas de falta d’água nas cidades da região, e a “nova Sabesp”, uma bandeira defendida pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), é encarada como uma oportunidade concreta de avanços. Em entrevista exclusiva para A Tribuna, ele fala nos primeiros meses desse novo momento da companhia e na resposta ao recente surto de norovírus. Também responde sobre o prazo para o edital do túnel imerso Santos-Guarujá e o futuro do Trem Intercidades, para unir Capital e Baixada Santista.
Passados seis meses da conclusão da privatização da Sabesp, como o sr. avalia os primeiros efeitos dela, especialmente quanto ao Litoral paulista?
Os resultados são positivos. Estamos falando de um contrato da Sabesp de R$ 260 bilhões ao longo dos próximos anos, sendo R$ 68 bi até 2029. É o que vai garantir a universalização do saneamento nos municípios que têm a prestação de serviço por parte da Sabesp. Após a assinatura do novo contrato de concessão, a Sabesp já contratou para os municípios de todo o Litoral R$ 2,5 bilhões em obras. Isso é mais do que foi investido pela companhia entre 2017 e 2024, um total de R$ 2 bilhões. É investimento direto sendo injetado na infraestrutura da região. Além disso, programas específicos para a região ganharam impulso com a desestatização, como o Onda Limpa.
Quais investimentos foram previstos para a Baixada Santista para 2025, por exemplo?
Pelo cronograma, a Sabesp prevê investir aproximadamente R$ 1,6 bilhão em 2025 nos municípios do Litoral paulista. Ao todo, até 2029, serão destinados mais de R$ 8,4 bi em investimentos, dos quais R$ 4,9 bi serão aplicados em obras de coleta e tratamento de esgoto. Isso é só parte do que está previsto para a Baixada.
Já é observada redução de tarifas, por exemplo? E como está desenhada a universalização do abastecimento de água e do esgotamento sanitário na região?
A Sabesp vai incluir comunidades urbanas informais e áreas rurais que antes não eram contempladas. Isso vai garantir que todos os municípios tenham acesso aos serviços. Na Baixada Santista e no Litoral Norte, serão 185 mil ligações de esgoto regularizadas até o final de 2029. A desestatização também garantiu tarifa mais barata com a criação do Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento. Desde julho, houve redução de 10% na faixa básica de consumo para as tarifas social e vulnerável, que beneficia clientes cadastrados no CadÚnico. Todos os clientes tiveram diminuição, com queda de 1% na residencial e as demais, como comercial e industrial, com desconto de 0,5%.
Como o sr. analisa a reação à questão do norovírus, que afetou a Baixada Santista na virada e no início de 2025?
Logo nos primeiros dias de janeiro, a Secretaria (Estadual) da Saúde promoveu reuniões técnicas com autoridades de saúde dos nove municípios da Baixada, com foco nas medidas adotadas para prevenção e atendimento a casos de gastroenterocolite aguda. O Instituto Adolfo Lutz apontou que as amostras de água potável coletadas nos municípios de Guarujá e Praia Grande estavam normais. Porém, o norovírus foi identificado em amostras de fezes de pacientes das duas cidades. Assim, orientamos a população a redobrar cuidados.
Existe uma divergência entre Estado e Governo Federal no edital do túnel imerso, com o Governo de São Paulo pensando em fevereiro, e o Ministério de Portos e Aeroportos, em junho. Dá para conciliar expectativas?
O Governo de São Paulo trabalha em conjunto com o Governo Federal para que o edital do túnel imerso Santos-Guarujá seja lançado o mais breve possível. O diálogo é constante. Temos um grupo de trabalho que envolve diferentes órgãos e seguimos trabalhando juntos. O importante é que saia do papel.
E com relação à instalação do Trem Intercidades (TIC) entre a Baixada Santista e a Capital, quais os passos previstos e quando espera ver a operação dessa linha?
Nas próximas semanas, vamos finalizar o processo de contratação da consultoria que vai elaborar os estudos de viabilidade do projeto. Com base neles, será definido o traçado, a interligação com o sistema de trilhos da Região Metropolitana de São Paulo e os pontos de parada. Esperamos pelo menos dois anos de estruturação do projeto, dada sua complexidade. Depois temos as fases legais de audiência e consulta pública, o que deve levar mais um ano. Então, devemos soltar o edital de licitação por volta de 2028.
Valor - SP 27/01/2025
O objetivo é transportar grãos e açúcar para o terminal da empresa chinesa no Porto de Santos; os novos equipamentos começarão a chegar em março, com operação plena prevista para o início de 2026
A chinesa Cofco International, uma das maiores tradings agrícolas do mundo, está investindo R$ 1,2 bilhão na compra de 23 locomotivas e 979 vagões para a sua operação logística no Brasil. A meta é transportar grãos e açúcar até o terminal da companhia no Porto de Santos, que também está recebendo US$ 285 milhões para elevar sua capacidade de exportação de 4,5 milhões de toneladas para 14,5 milhões a partir do ano que vem. Os equipamentos começam a ser entregues em março e devem estar em plena operação até o 1º trimestre de 2026. A frota será operada pela Rumo. “A nossa demanda está aumentando. A gente poderia atender com caminhões, mas estamos focando em soluções mais sustentáveis”, disse o diretor de logística da trading, Fabrício Degani.
Monitor Digital - RJ 27/01/2025
De acordo com a OCDE, a China adota 12 medidas de apoio à sua construção naval, algumas se constituindo em subsídios, claros ou disfarçados, enquanto os Estados Unidos possuem 6 medidas de proteção e apoio. “No Brasil, há apenas uma política de incentivo, insuficiente para corrigir as assimetrias competitivas que resultam na exportação de nossos empregos para outros países e prejudicam o desenvolvimento da indústria naval nacional e das indústrias que compõem sua extensa cadeia de fornecimento de peças, equipamentos e serviços especializados”, afirma o Sinaval, em nota sobre a contestação de recente licitação da Petrobras.
O questionamento da concorrência foi feito pela Logística Brasil – Associação Brasileira dos Usuários dos Portos de Transportes e da Logística. A entidade contesta a exigência de 40% de conteúdo local. O Sinaval, sindicato que representa a indústria naval, rebate os argumentos. Lembra que outras licitações, inclusive vencidas por empresas estrangeiras, também continham critérios de apoio à indústria nacional e nunca foram questionadas.
“Fomos informados que, durante o período em que o edital esteve aberto, algumas empresas buscaram, sem sucesso, formas de favorecer a construção dessas embarcações em estaleiros da China, o que prejudicaria não apenas a indústria nacional, mas também o mercado de trabalho brasileiro”, sustenta a nota do Sinaval.
O segmento de construção de embarcações de apoio marítimo, objeto da licitação contestada, é um dos segmentos mais competitivos da indústria brasileira. Nos últimos 20 anos, foram entregues quase 300 embarcações por estaleiros nacionais. “A construção das 12 embarcações previstas no contrato atual demandará, de forma direta, cerca de 6 mil novos postos de trabalho, além de mais 24 mil empregos indiretos, movimentando a economia e trazendo impactos sociais positivos para diversas regiões do País, que também se beneficiam com uma substancial arrecadação de impostos”, defende o sindicato.
FUP alerta que navios da Transpetro correm risco de virar sucata | Monitor Mercantil
Nota do Sinaval – Defesa da Indústria Naval brasileira
“Em relação à nota publicada no Jornal O Globo em 13 de janeiro, informando que a instituição Logística Brasil alega que a recente licitação da Petrobras para contratação de serviços de apoio marítimo – que envolvem a construção de 12 embarcações em estaleiros brasileiros – teria favorecido determinadas empresas nacionais, gostaríamos de apresentar nosso posicionamento sobre esse assunto.
Fomos informados que, durante o período em que o Edital esteve aberto, algumas empresas buscaram, sem sucesso, formas de favorecer a construção dessas embarcações em estaleiros da China, o que prejudicaria não apenas a indústria nacional, mas também o mercado de trabalho brasileiro.
A alegação de que a exigência de 40% de conteúdo local foi um critério introduzido na licitação para favorecimento às empresas nacionais licitantes parece-nos totalmente equivocada. Como prova disso, citamos a recente licitação em que a CMM – Compagnie Maritime Monegasque, empresa sem estaleiro próprio, venceu a licitação para construir 5 embarcações no Estaleiro Enseada, na Bahia. Isso demonstra que os critérios adotados para licitações oficiais, como a que é agora contestada, foram sempre considerados legítimos, inclusive por empresas estrangeiras. A concorrência do apoio marítimo, ora injustamente contestada, foi aberta e transparente.
Ressaltamos que, como é de conhecimento geral, o segmento de construção de embarcações de apoio marítimo, objeto da referida licitação, é um dos segmentos mais competitivos da Indústria da Construção Naval brasileira. Nos últimos 20 anos, foram entregues quase 300 embarcações por inúmeros estaleiros nacionais, com a geração de milhares de empregos diretos e indiretos. A construção das 12 embarcações previstas no contrato atual demandará, de forma direta, cerca de 6 mil novos postos de trabalho, além de mais 24 mil empregos indiretos, movimentando a economia e trazendo impactos sociais positivos para diversas regiões do País, que também se beneficiam com uma substancial arrecadação de impostos.
Apoiamos veementemente quaisquer medidas que fortaleçam a Indústria Naval brasileira, a exemplo do que fazem os outros países que incentivam e protegem suas indústrias navais. De acordo com a OCDE, a China adota 12 medidas de apoio à sua construção naval, algumas se constituindo em subsídios, claros ou disfarçados, enquanto os Estados Unidos possuem 6 medidas de proteção e apoio. No Brasil, há apenas uma política de incentivo, insuficiente para corrigir as assimetrias competitivas que resultam na exportação de nossos empregos para outros países e prejudicam o desenvolvimento da Indústria Naval nacional e das indústrias que compõem sua extensa cadeia de fornecimento de peças, equipamentos e serviços especializados.
Por fim, é importante destacar que os estaleiros brasileiros operam sob rígidos sistemas de governança e compliance, sendo reconhecidos por sua excelência e até premiados internacionalmente. Essa governança reflete o compromisso do setor com práticas éticas e sustentáveis, essenciais para sua credibilidade.
Reforçamos nosso apoio às ações que promovem a retomada da Indústria Naval brasileira, setor estratégico para o Brasil, e lamentamos qualquer tentativa de desinformação que busque enfraquecer esse esforço coletivo de reconstrução.
Globo Online - RJ 27/01/2025
Desde que foi eleito, Donald Trump tem dito que irá retomar o controle do Canal do Panamá e que, para isso, poderia usar a força militar. Ele alega que o controle efetivo da via é feito pela China, o que infringiria os acordos de neutralidade que envolvem o canal. Não há nenhuma evidência pública que sugira isso, mas o que as acusações de Trump revelam é uma preocupação com o aumento da presença chinesa no entorno estratégico dos EUA.
O canal é administrado pela Autoridade do Canal do Panamá, uma entidade estatal que controla o tráfego e as operações da via marítima. Nos últimos anos, porém, empresas chinesas têm aumentado sua influência em diversos negócios na região e o governo chinês estreitado relações com o Panamá, cobrindo demandas de infraestrutura na região.
Inaugurado em 1914, o Canal do Panamá é vital para o transporte marítimo global, sendo a rota mais segura e eficaz entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Por ele passam cerca de 6% do comércio mundial, nos cerca de 14 mil navios que fazem a rota todos os anos. O estreito de 82 quilômetros também conecta 1.920 portos em todo o mundo.
— A China opera o Canal do Panamá, e não demos ele à China, demos ao Panamá. E vamos recuperá-lo — ameaçou Trump em sua posse.
Reviravolta diplomática
No entorno do canal há quatro importantes portos de contêineres (Manzanillo, Balboa, Cristóbal e Colón), onde os navios esperam a passagem e podem realizar carga e descarga. Dois deles são controlados pela Panama Ports Company, uma subsidiária da Hutchison Ports, com sede em Hong Kong. Um quinto porto está sendo construído e será controlado pelo consórcio chinês Landbridge na Zona Franca de Colón, a maior zona de livre comércio do Ocidente.
A Panama Ports Company venceu uma licitação quase sem concorrência do governo panamenho em 1997 para administrar os portos de Balboa, no Atlântico, e Cristóbal, no Pacífico, por 25 anos — uma concessão que foi prorrogada em 2022 até 2047. Na época, um relatório do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA concluiu que o controle dos portos panamenhos pela Hutchison não era uma ameaça direta à segurança nacional, diz Daniel Runde, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês).
"No entanto, após as restrições impostas pela China à autonomia de Hong Kong em 2020, o fato de dois grandes portos serem gerenciados por uma holding com sede em Hong Kong se tornou uma preocupação de segurança maior”, afirmou em artigo, referindo-se à Lei de Segurança Nacional, que cerceia a autonomia judicial do território.
Soma-se a isso o rompimento diplomático do Panamá com Taiwan e seu posterior reconhecimento do modelo chinês, em junho de 2017. A reviravolta ainda foi seguida, já na semana seguinte, pelo início das obras da Landbridge e, cinco meses depois, pela adesão do Panamá — a primeira da América Latina — à Iniciativa Cinturão e Rota, um projeto de infraestrutura e investimento global trilionário capitaneado por Pequim.
Desde então, a China passou a investir pesadamente em projetos de infraestrutura estratégica que incluem portos em ambas as extremidades do canal — entre eles um porto de cruzeiros de US$ 206 milhões na entrada pelo Pacífico — telecomunicações e projetos rodoviários no valor de mais de US$ 2,5 bilhões. Atualmente, um consórcio chinês também está a cargo da construção da quarta ponte sobre o Canal do Panamá, um megaprojeto avaliado em US$ 1,3 bilhão em 2023 e para o qual as empresas americanas se recusaram a concorrer.
Falta de investimento
O governo Trump teme que esses portos possam ser usados como um gargalo para impedir o comércio internacional ou mesmo como espaço de manobras estratégicas em um cenário hipotético de confronto aberto entre os EUA e a China — navios de guerra são autorizados a cruzar o canal em atividades pacíficas. Também critica as taxas pagas por embarcações americanas para cruzar a via. São uma “piada completa”, declarou o presidente americano.
É verdade que as taxas de trânsito do Canal do Panamá aumentaram nos últimos anos, mas não pelos motivos que Trump alega. Elas são calculadas usando uma fórmula universalmente aplicável que considera, entre outros fatores, o tamanho da embarcação, a urgência da reserva e o produto transportado. Porém, a seca de 2023 e 2024 provocou uma forte restrição ao número de navios que podiam transitar pelo canal, gerando perda de receita, o que a Autoridade do Canal tentou contornar elevando os preços.
— É um argumento fátuo [o de Trump] que encobre a intenção de que o Panamá deve reduzir ao mínimo as relações com a China — disse à AFP o professor panamenho de Relações Internacionais Euclides Tapia.
Os EUA são o principal parceiro comercial e de investimentos do Panamá: em 2023, o comércio entre as duas nações ultrapassou US$ 12 bilhões, e o valor do estoque de investimento estrangeiro direto dos EUA no país caribenho quase chegou a US$ 4 bilhões. Mas há anos os americanos não atendem às necessidades de investimento em infraestrutura do país, enquanto as empresas chinesas entraram em cena para preencher esse vazio, alertam Andrew Sanders e Ryan Berg, do CSIS.
“As empresas privadas americanas não se envolveram em nenhum grande projeto de infraestrutura no Panamá nas últimas décadas. O exemplo mais notável (...) foi durante a enorme expansão da eclusa do canal, que ampliou significativamente sua capacidade. Ela foi inaugurada em 2016 e construída por um consórcio estritamente europeu”, disseram em artigo publicado na semana passada, lembrando ainda que o primeiro navio a transitar por elas foi de propriedade da chinesa Cosco”.
Como parte dos tratados de 1977, nos quais os EUA entregaram o canal ao Panamá em 1999, os panamenhos se comprometeram a garantir que a hidrovia fosse permanentemente aberta a todos os países. Contudo, nestes acordos há emendas introduzidas pelos EUA sobre a possibilidade de Washington usar força militar unilateralmente para “defender o canal contra qualquer ameaça” de fechamento.
— Somente fabricando uma operação de falsa bandeira, por meio de uma operação secreta, Trump poderia justificar o uso de força militar no Panamá, e isso exclusivamente para manter o canal aberto, não para tomá-lo e usá-lo economicamente — diz Tapia.
Monitor Digital - RJ 27/01/2025
Navios encomendados pela Transpetro, em 2010, no antigo Programa de Modernização da Frota (Promef 2), correm o risco de não serem concluídos e entregues, embora estivessem com mais de 80% das obras terminadas quando de sua paralisação em 2014, com a operação Lava Jato.
É o caso dos petroleiros Irmã Dulce e Zélia Gattai, parados no Estaleiro Eisa, na Ilha do Governador: são navios Panamax de até 73 mil toneladas de petróleo bruto (TPB), que estão ameaçados de serem cortados em pedaços e virarem sucata, caso a Petrobras não emita em tempo hábil carta confirmando “demanda firme”, autorizando a Transpetro a finalizar as embarcações.
“Os navios podem ser importantes ferramentas para o transporte de petróleo Brasil afora, compondo a frota da Transpetro”, afirma o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar. Está prevista para o dia 11 de fevereiro reunião solicitada pela FUP para tratar do assunto, com representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Transpetro e Eisa.
O BNDES é gestor do Fundo da Marinha Mercante (FMM), agente de financiamento das embarcações. O estaleiro Eisa está em recuperação judicial e conta com as encomendas para enfrentar o problema. Tanto que o estaleiro reabriu sua escola de solda e começou a contratar 80 de um total de 200 soldadores para treinamento e reforço da equipe de mão de obra para a conclusão das obras dos dois navios.
Segundo a FUP, se o documento da Petrobras não chegar em breve, os navios começam a ser cortados em março próximo, conforme procedimentos previstos no processo de recuperação judicial, que estipulam prazos para o estaleiro efetuar pagamentos a credores.
“Diante do avanço das obras e da necessidade de ampliar a frota da Transpetro, o que precisamos para finalizar a construção de pelo menos um dos dois navios, o Zélia Gattai, e usar o Irmã Dulce como navio cisterna, tanque pulmão no Norte do Brasil”, indaga Bacelar, cobrando resposta dos gerentes-executivos da Diretoria de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras.
Valor - SP 27/01/2025
Uma das razões do aumento da venda do petróleo para outros países é a busca por alternativas em relação à Rússia e ao Oriente Médio, em função de conflitos que elevaram os riscos de interrupção de suprimento
O petróleo foi o principal item da pauta de exportações do Brasil em 2024, e a expectativa do setor de óleo e gás é que o desempenho se repita em 2025. O aumento das vendas externas veio crescendo nos últimos anos, acompanhando a evolução da produção do pré-sal no país. É de lá que sai grande parte do petróleo extraído das reservas nacionais (cerca de 75% do total).
A previsão de órgãos do governo é que o pico de extração do pré-sal seja atingido entre os anos de 2030 e 2032. Dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), compilados pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), indicam que a exportação de petróleo ano passado totalizou US$ 44,8 bilhões, superando a soja, que, até 2024, era o produto com maior volume financeiro de exportações.
O montante também é 5,4% superior aos US$ 42,5 bilhões em 2023. Quanto ao volume físico, foram exportados 640 milhões de barris em 2024, 10% a mais ante 2023. As importações de petróleo caíram 4,4% no ano passado (US$ 8,7 bilhões) frente a 2023 (US$ 9,1 bilhões).
No saldo da balança comercial, resultado das exportações frente às importações, o petróleo apurou US$ 36,2 bilhões, 8% acima do verificado em 2023, quando obteve US$ 33,5 bilhões.
"Pujança do setor”
De acordo com Roberto Ardenghy, presidente do IBP, nos últimos cinco anos, o petróleo produziu uma receita total de US$ 145,8 bilhões. Considerando o saldo final da balança comercial, o superávit foi da ordem de US$ 111 bilhões. “Isso é uma amostra da pujança do setor”, disse Ardenghy.
Em média, afirmou, o país tem exportado 2,5 milhões de barris de petróleo por dia (barris/dia), o que corresponde a cerca de 1 bilhão de barris em um ano.
Para este ano, a tendência é que esse comportamento se repita, mas este resultado também depende das duas commodities “concorrentes” do petróleo: minério de ferro e soja. O executivo avalia que o petróleo tem condições de aumentar a oferta para o mercado externo, de modo que o Brasil possa chegar, em 2032, à quinta posição entre os maiores exportadores. Hoje, o Brasil ocupa a oitava posição.
Efeito Rússia e Oriente Médio
Uma das razões do aumento da venda do petróleo para outros países é a busca por alternativas em relação à Rússia e ao Oriente Médio, em função de conflitos que elevaram os riscos de interrupção de suprimento. Como exemplo, Ardenghy menciona o Estreiro de Ormuz, por onde passa um quarto da produção mundial de petróleo.
Ormuz situa-se entre o Golfo de Omã e o Golfo Pérsico, tendo de um lado o Irã e do outro os Emirados Árabes Unidos e Omã. A largura do Estreito de Ormuz chega a 100 quilômetros, no máximo, e por ali passam navios que transportam petróleo, derivados e gás natural liquefeito (GNL).
Outro aspecto geopolítico é a Rússia, que fornece petróleo e gás para a Europa, mas, com o conflito com a Ucrânia, o país pode ter dificuldades para escoamento da produção, aponta Ardenghy.
“A Europa está substituindo o petróleo que era comprado da Rússia, comprando esse petróleo do Brasil. Ao mesmo tempo, os chineses, que compravam mais o nosso óleo, estão comprando na Rússia", afirmou o presidente do IBP.
A outra razão é a qualidade do petróleo brasileiro, com baixa emissão de gás carbônico em relação à média mundial. O óleo brasileiro tem emissão média da ordem de 11 quilos de CO2 equivalente por barril (kgCO2eq/barril), menos da metade da média mundial.
Essa condição tende a trazer mais vantagens para o país no médio prazo, a partir de 2026 ou 2027, com a formação de um mercado internacional de carbono, assim como a criação do mercado brasileiro, cuja aprovação do marco regulatório se deu recentemente. Ardenghy afirmou que um dos efeitos do mercado de carbono será a certificação do petróleo brasileiro como de baixa emissão.
O presidente do IBP salientou que o mundo ainda vai comprar e consumir petróleo em larga escala nas próximas décadas, ainda que em volumes menores do que o atual nível de 100 milhões de barris/dia. Projeções apontam para uma demanda entre 60 milhões de barris/dia e 65 milhões de barris/dia em 2050.
“Estamos exportando petróleo com baixa emissão de CO2 na produção. A emissão de CO2 ainda não é fator de preço, o petróleo ainda não é precificado pela emissão de CO2”, disse Ardenghy.
Ele prosseguiu: “A gente vai certificar os petróleos. Hoje, não existe um processo de certificação e isso vai ser muito importante, pois as refinarias da Europa, do Canadá e dos Estados Unidos, por exemplo, vão ser obrigadas a reduzir as emissões de CO2. Elas poderão reduzir as suas emissões de CO2 comprando um petróleo menos carbonizado”.
Combustíveis
No lado dos derivados, o cenário é diferente do óleo cru, com mais importações do que exportações. Em 2024, o país exportou o equivalente a US$ 11,7 bilhões e importou US$ 17 bilhões em combustíveis.
No saldo da balança comercial, o déficit dos derivados foi de US$ 5,3 bilhões. Em comparação com 2023, o país importou 10,6% a menos em volumes financeiros.
De acordo com o levantamento do IBP, o diesel seguiu como o principal derivado importado, respondendo por quase 50% do total trazido do exterior, grande parte da Rússia, seguido pela nafta e gasolina A (sem adição de etanol).
Roberto Ardenghy avalia que o país tem condições de se tornar exportador de derivados, como forma de reverter a atual situação, de depender da compra de combustíveis no exterior para atender a uma parte da demanda. Hoje, o país chega a importar 25% do diesel consumido no país, em geral quando a safra agrícola está no pico de produção. “Você fica muito sujeito ao mercado internacional”, disse.
Para ele, o cenário tenderia a mudar com os investimentos da Petrobras nos próximos cinco anos e com investimentos de agentes privados em plantas na Bahia, no Maranhão e no Ceará. “São produtos mais elaborados, que têm valor agregado. E já que nosso petróleo é descarbonizado, isso também se refletiria nos derivados”.
Veto na regulamentação da reforma tributária
Adenghy afirmou, no entanto, que esse cenário positivo para a balança comercial pode ser comprometido com o aumento da carga tributária sobre o setor de petróleo e gás. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a regulamentação da reforma tributária, vetando um artigo que isentava as exportações de petróleo da incidência do imposto seletivo — algo que vinha sendo questionado pela indústria.
O imposto seletivo prevê a cobrança de alíquota adicional de até 1% sobre produtos que produzam impactos à saúde e ao meio ambiente. A alíquota para exportação de 0,25% será cobrada sobre as exportações de petróleo e minério de ferro.
Segundo Ardenghy, a expectativa é que o Congresso derrube o veto. Caso não consiga, o IBP não descarta recorrer ao Judiciário para derrubar a medida, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Infomoney - SP 27/01/2025
RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Petrobras poderá iniciar até semana que vem a produção da plataforma do tipo FPSO Almirante Tamandaré, no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, disse nesta quinta-feira a diretora de Exploração e Produção da petroleira, Sylvia dos Anjos.
A unidade estava prevista para entrar em operação no fim de 2024 ou início de 2025, segundo declarações anteriores de executivos da companhia.
“(Está) muito próximo (de começar a produzir). Quem sabe até a semana que vem”, disse ela a jornalistas em evento no Rio de Janeiro.
O FPSO Almirante Tamandaré tem potencial para produzir até 225 mil barris de óleo (bpd) e processar 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A plataforma foi feita em um estaleiro na China e chegou ao país no ano passado.
Búzios é atualmente o segundo maior campo produtor do Brasil, atrás apenas do campo de Tupi, que já está em declínio. O navio plataforma vai se juntar às outras cinco plataformas em operação no campo: FPSOs P-74, P-75, P-76, P-77 e Almirante Barroso.
“(Almirante Tamandaré) é a maior plataforma do Brasil e da América Latina”, adicionou Anjos, ao destacar que a produção da unidade vai crescer gradativamente, até atingir toda sua capacidade.
As declarações de Anjos ocorreram durante cerimônia da Petrobras com o Serviço Geológico do Brasil para a assinatura de um termo de cooperação para revitalização do Museu de Ciências da Terra e construção do Centro Científico e Cultural da Urca.
Margem Equatorial
Sobre exploração de novas fronteiras de óleo e gás, a diretora de Exploração e Produção da Petrobras afirmou ter expectativas de que a companhia tenha um aval do órgão ambiental federal Ibama para avançar com a exploração na Bacia da Foz do Rio Amazonas, em águas ultraprofundas do Amapá, ainda no primeiro trimestre deste ano.
A região do litoral norte do Brasil tem grande potencial para descobertas de petróleo, mas também enormes desafios socioambientais. A indústria de petróleo tem enfrentado ao longo de anos forte resistência para perfurar a Foz do Amazonas em busca de novas reservas.
A Petrobras atualmente aguarda um retorno do Ibama sobre um pedido de reconsideração feito pela companhia em 2023, após o órgão ter negado uma licença de perfuração na área. O Ibama não tem um prazo definido para responder.
Anjos disse que a empresa espera concluir em fevereiro um centro de resgate, chamado de unidade de despetrolizaçao, na cidade de Oiapoque, no Amapá, atendendo a uma “última grande exigência” do Ibama para a concessão da licença.
“Estou esperando essa licença há dez anos, mas jamais vamos desistir. Temos uma ampla certeza que fazendo com segurança e preservação do ambiente, temos certeza que vamos operar sem riscos”, afirmou dos Anjos. “Onde tem Petrobras, tem proteção do meio ambiente”, adicionou.
No evento, a diretora frisou que a empresa tem como objetivo ampliar sua produção e suas reservas de petróleo e que a Margem Equatorial, região que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, tem papel fundamental no crescimento da oferta futura, sob pena de o país voltar a ser importador de petróleo em uma década.
Trump
Anjos também respondeu perguntas sobre eventuais reflexos de declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tomou posse nesta semana prometendo aumentar a produção petróleo norte-americano e trabalhar para reduzir os preços da commodity.
Para a diretora, os discursos de Trump por ora não impactam os planos Petrobras.
“Nosso plano é muito robusto, centrais no Brasil, não vejo como interferir negativamente. Não vemos problema ou interferência aqui. Temos que esperar as coisas acontecerem. Tá todo mundo parando com a chegada do Trump, mas temos muito a fazer aqui”, disse ela. “Se preço do petróleo cair é bom, diminui o lucro (das empresas) mas é bom porque as pessoas vão ter gasolina mais em conta”, completou.
Valor - SP 27/01/2025
A queda semanal reflete políticas favoráveis para o aumento da produção de petróleo e gás, incluindo licenças mais fáceis para aumentar a produção dos EUA, na primeira semana do governo Trump
Os futuros do petróleo fecharam a sexta-feira (24) com ligeira alta, mas amargaram perdas de mais de 3% na primeira semana do novo governo Trump nos EUA.
No fechamento, o petróleo Brent – a referência mundial – para março subiu 0,26% a US$ 78,50. Mas o Brent caiu 2,82% na semana. Já o petróleo WTI – a referência americana – também para março fechou com ligeira alta de 0,05%, a US$ 74,66 por barril, recuando 3,50% na semana.
A queda semanal reflete políticas favoráveis para o aumento de produção de petróleo e gás, incluindo facilidade e rapidez para se tirar licenças de modo a aumentar a produção dos EUA, além de ameaças tarifárias contra os principais parceiros comerciais, incluindo os fornecedores de petróleo Canadá e México.
Segundo Dennis Kissler, do BOK Financial, uma futura reunião com o presidente russo Putin "poderia muito bem trazer mais oferta de petróleo de volta ao mercado mundial de forma rápida".
Infomoney - SP 27/01/2025
A Petrobras (PETR3; PETR4) informou nesta sexta-feira que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) proferiu decisão na véspera que determina a unificação dos campos de Berbigão e Sururu, no pré-sal da Bacia de Santos.
Em comunicado, a Petrobras informou que a decisão decorre de uma análise dos planos de desenvolvimento revisados das jazidas, que foram enviados pela Petrobras à ANP em 2018. A Petrobras opera o ativo com uma participação de 42,5%.
“Esta decisão resulta no reporte da produção dos campos de Berbigão e Sururu em um único campo, majorando a alíquota aplicada no correspondente recolhimento de Participação Especial referente ao campo unificado, de forma retroativa à data de início da produção”, afirmou a estatal no documento.
A decisão da ANP também determina a unificação das áreas referentes ao contrato de cessão onerosa do Bloco Entorno de Iara (Sul de Berbigão e Sul de Sururu; Norte de Berbigão e Norte de Sururu), operada pela Petrobras com 100% de participação. Neste caso, disse a companhia, não há incidência de Participação Especial.
“Por fim, foi determinada que a Superintendência de Participações Governamentais apure o valor de Participações Governamentais considerando os campos unificados”, afirmou.
A Petrobras acrescentou que avalia a adoção de medidas cabíveis em torno da decisão e que vai avaliar seus possíveis impactos nas suas demonstrações financeiras.
Valor - SP 27/01/2025
Pressão dos investidores sobre empresas e realidades econômicas de um setor sempre à mercê dos preços do petróleo serão empecilhos à busca de Trump por uma era de “domínio energético americano”
Quedas nas cotações do petróleo e gás tornariam empresas de xisto menos lucrativas — e menos sensíveis à conclamação de Trump por “drill, baby, drill” — Foto: Matt Rourke/AP
O apelo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por um novo boom do petróleo pode ser desestimulado pela relutância de Wall Street em financiar outra onda de perfurações, alertam chefes de empresas de xisto petrolífero.
A produção total de petróleo nos Estados Unidos durante o segundo mandato de Trump deverá ter um aumento de menos de 1,3 milhão de barris diários, segundo a firma de análises Rystad Energy e a de dados e consultoria Wood Mackenzie, bem abaixo do aumento de 1,9 milhão de barris diários alcançado no governo Joe Biden e muito inferior aos anos de boom do xisto na década anterior.
Segundo executivos, a pressão dos investidores sobre as empresas e as realidades econômicas de um setor sempre à mercê dos preços do petróleo serão empecilhos para a busca de Trump por uma era de “domínio energético americano”.
“O incentivo, por assim dizer, para simplesmente ‘drill, baby, drill’... Não acredito que as empresas farão isso”, disse Wil VanLoh, executivo-chefe da firma de investimentos Quantum Energy Partners, uma das maiores investidoras do setor de xisto de petróleo.
"Eles têm uma agenda financeira"
“Quem vai ditar isso é Wall Street — e sabe o que mais? Eles não têm uma agenda de interesses políticos. Eles têm uma agenda financeira. Eles têm zero de incentivo para basicamente dizer às equipes de gestão executando essas operações que devem ir lá e perfurar mais poços”, acrescentou VanLoh.
A realidade prática pode ser uma decepção para Trump em sua aposta de que um grande salto na oferta de petróleo seria capaz de combater a inflação nos EUA, ao tornar a produção de bens e os combustíveis mais baratos.
“Vamos reduzir os preços. Seremos novamente uma nação rica, e é esse ouro líquido sob nossos pés que vai ajudar a fazer isso”, disse o presidente, em seu discurso de posse, na segunda-feira (20).
Em Davos, na quinta-feira (23), ele defendeu que Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) atue para reduzir os preços da commodity, indicando que isso permitiria aos bancos centrais pelo mundo cortarem as taxas de juros "imediatamente".
No entanto, qualquer queda nas cotações do petróleo e gás tornaria as empresas de xisto menos lucrativas — e menos propensas a seguir à conclamação de Trump por “drill, baby, drill”, alertam os executivos.
“Os preços serão uma sinalização maior do que a questão política”, disse Ben Dell, sócio-gerente da Kimmeridge, uma empresa de investimentos em energia que possui ativos na área de xisto, inclusive na Bacia Permiana do Texas, o campo petrolífero mais produtivo do mundo.
Na sequência do recorde de produção de petróleo nos EUA atingido em 2024, a Agência de Informações sobre Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) prevê que a produção crescerá apenas 2,6%, para 13,6 milhões de barris por dia, em 2025, e menos de 1%, em 2026, em razão das pressões de preço.
Alguns produtores de xisto também estão preocupados com o fato de que os melhores locais já foram explorados após mais dez anos de atividades frenéticas em Estados como Texas e Dakota do Norte.
Trump declarou “emergência energética nacional”
Após sua cerimônia de posse nesta semana, Trump assinou decretos executivos para “destravar” uma maior oferta de petróleo e gás e declarou “emergência energética nacional”. Também tomou medidas para eliminar regulamentações da era Biden que, segundo as empresas perfuradoras, aumentaram seus custos e restringiram a atividade.
No entanto, mesmo com o apoio total de Trump aos combustíveis fósseis e à desregulamentação, o impacto poderia ser limitado, alertam os executivos.
“Por mais que o novo governo seja muito favorável em relação à energia e à eletricidade, não vemos uma mudança significativa nos níveis de atividade daqui em diante”, disse David Schorlemer, diretor de finanças da ProPetro, uma empresa de serviços petrolíferos na Bacia Permiana.
Os produtores mostram relutância após 20 anos de crescimento acelerado — entremeados, às vezes, por momentos dolorosos de volatilidade nos preços do petróleo.
Corrida desenfreada de perfuração e crise de preços
A produção de petróleo e gás nos EUA teve um crescimento explosivo nos últimos 15 anos, depois de as perfuradoras encontrarem maneiras de liberar vastos depósitos que estavam presos nas rochas de xisto. Wall Street financiou uma corrida desenfreada de perfuração que tornou os EUA o maior produtor mundial de petróleo e gás.
Por outro lado, duas crises brutais nos preços em 2014 e 2020 desencadearam falências generalizadas e deram lugar a uma abordagem mais cautelosa por parte dos investidores e a uma mudança no comportamento dos produtores — em especial no que se refere a cotações mais baixas do petróleo.
Uma recente pesquisa do Federal Reserve regional de Kansas City revelou que o preço médio do petróleo nos EUA necessário para encorajar grandes aumentos na atividade de perfuração é de US$ 84 por barril, que hoje é negociado em torno a US$ 74.
O J.P. Morgan prevê que os preços do petróleo nos EUA cairão para US$ 64 por barril até o fim de 2025 e que a atividade de xisto “diminuirá até quase engatinhar” em 2026.
“Se os preços estão anêmicos, você pode remover toda a burocracia que quiser. Isso não fará diferença na produção”, disse o diretor da área de análises de empresas e transações da S&P Global Commodity Insights, Hassan Eltorie.
Chevron planeja encolher gastos em 2025
A Chevron, segunda maior produtora de petróleo dos EUA — com investimentos enormes em xisto —, planeja encolher os gastos em 2025 pela primeira vez desde o “crash” do petróleo na pandemia da covid-19. Seu orçamento prevê investimentos entre US$ 14,5 bilhões e US$ 15,5 bilhões neste ano, abaixo dos US$ 15,5 bilhões a US$ 16,5 bilhões de 2024. A Exxon, por outro lado, aumentará seus investimentos em bens de capital nos próximos anos.
A ConocoPhillips planeja uma redução nos gastos em US$ 500 milhões em relação a 2024, enquanto a Occidental Petroleum e a EOG Resources devem manter os níveis de atividade basicamente estáveis — decisões anunciadas para agradar Wall Street.
“Se você fizer mais investimentos do que os acionistas permitiriam, eles vão gritar como loucos e vender suas ações”, disse Cole Smead, executivo-chefe da Smead Capital Management, que investe em algumas empresas de petróleo, como Chevron e Occidental Petroleum.
Valor - SP 27/01/2025
Alvo da nova política para o setor são as rodovias conectadas aos principais corredores logísticos do país
Com a transferência das rodovias com maior movimento para a iniciativa privada, o Ministério dos Transportes começa a desenhar novos modelos de contratos para garantir investimento em estradas com menor fluxo de veículos.
Ao Valor, a secretária nacional de transporte rodoviário, Viviane Esse, explicou que o alvo dessa nova política para o setor são as estradas conectadas aos principais corredores logísticos do país. Ao todo, 7 mil quilômetros poderão sair da administração do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
O ministério avalia modelos de “concessões inteligentes”, com aporte público, para garantir algum investimento pontual sem aumentar o preço do pedágio. Outros contratos poderão ser só de manutenção, para garantir apenas a conservação da sinalização e a qualidade do pavimento.
A secretária reforça que o país já concedeu os ‘filés’ da malha federal. “É muito fácil estruturar uma Via Dutra, que tem o maior volume de tráfego do país, mas aquelas também estratégicas, com aumento do volume de tráfego que depende da qualidade do pavimento, são diferentes”, enfatizou.
A “concessão inteligente”, defendida pelo ministro Renan Filho, será marcada por menor obrigação de investimento e menor tempo de contrato. Para ele, o prazo pode ser de apenas dez anos, sem duplicação de trechos ou construção de pontes e viadutos.
Segundo o ministro, é possível intensificar o uso do sistema de cobrança eletrônica “free flow” para ajudar na viabilidade. O mecanismo reduz gastos com praças de pedágio, pois o pagamento é feito por meio de etiquetas eletrônicas nos veículos sem a necessidade de parada do usuário.
A secretária afirma que novas empresas, das áreas de construção e engenharia, podem ser atraídas para administrar novas rotas estratégicas. Isso permitiria, disse ela, reduzir a malha de 60 mil quilômetros mantida pelo Dnit.
Com os novos contratos, a iniciativa privada ajudaria a conter a degradação das estradas que dependem do orçamento público. Em cenário de restrição fiscal, elas tendem a sair do programa estruturado de recuperação do pavimento, o Crema, para intervenções paliativas por meio das operações tapa-buraco, o Pato.
“Dá para pensar em contratos com manutenção no tempo certo. Seria um ‘Crema continuado’, com redução de custo significativa na proporção de quatro para um em relação à intervenção fora do prazo”, disse a secretária.
O Estado de S.Paulo - SP 27/01/2025
Para quem anda perdido nos corredores lúgubres do pessimismo do noticiário econômico vem aí uma réstia de luz: o setor agropecuário tem tudo para retomar um crescimento mais forte em 2025, no rastro de um aumento de 8% na colheita de grãos, conforme estimativa da Conab. Isso pode ajudar a amortecer a desaceleração da economia e, de quebra, contribuir para que a inflação dos alimentos não seja tão alta como no ano passado.
Essa réstia de luz está longe, no entanto, de ofuscar a visão de um observador atento. Em que pese sua importância estratégica, a agropecuária sozinha não consegue carregar o Brasil nas costas. Com apoio da CNA, a Esalq/USP calcula que a participação do agronegócio na economia supera os 20%. Estamos aqui falando de um conceito expandido (agronegócio, não agropecuária), que contrasta com a metodologia das Contas Nacionais adotada pelo IBGE, que segue padrões internacionais adotados há muitas décadas.
Nesse cálculo ortodoxo, a participação da agropecuária no PIB registrou uma média de 5,2% nos últimos dez anos. A diferença vem do conceito: o PIB do agronegócio engloba atividades da indústria e do setor de serviços conectados, de alguma forma, ao setor agropecuário. É como se o PIB da indústria fosse medido computando-se também o serviço dos borracheiros (que não existiriam, não fossem os carros). É evidente que, se todos os setores fossem calculados dessa forma, a soma de suas participações excederia 100% do PIB.
Os efeitos do encadeamento da agropecuária não chegam a ser tão poderosos. Cálculo da correlação entre o PIB dos setores e o PIB geral, a partir das variações anualizadas dos últimos 20 anos, mostra um índice de 26,4% para a agropecuária, contra 92,6% da indústria e 96,4% dos serviços.
Há um certo descolamento entre a agropecuária e a atividade econômica geral. Isso também se revela nos indicadores de emprego direto. No fim de 2024, de acordo com a Pnad, o total de pessoas ocupadas na agropecuária era de 7,87 milhões (contra 9,3 milhões há dez anos), ou 7,6% do total de pessoas ocupadas no Brasil.
Tudo somado, porém, a recuperação da produção agrícola é excelente notícia para iluminar 2025. É bem possível que o governo, que mantém com o setor relações menos do que afetuosas e quer sair bem na foto, faça disso um elaborado exercício de proselitismo.
Mas não será uma boa safra que contornará suas enormes dificuldades em lidar com os desafios da economia, principalmente se for levado adiante o desvario de intervir nos preços dos alimentos e atrapalhar a vida de um setor que, se não é o pau da barraca, vem colaborando muito para minimizar nossos problemas.