Clipping Diário

27 | Fevereiro | 2025

INDA

CNN Brasil - SP   27/02/2025

O mês passado entrou para a história do setor siderúrgico brasileiro como o janeiro de maior importação de aço da história, informou nesta quarta-feira (26) a entidade que reúne usinas produtora da liga, Aço Brasil.

A importação em janeiro disparou 49,4% sobre um ano antes, para 548 mil toneladas, informou a entidade, citando que a participação do aço importado no total consumido no mês passado foi de 22,8%.

O mercado já esperava a divulgação de importações elevadas em janeiro. Na semana passada, os distribuidores de aços planos reunidos no Inda divulgaram crescimento de 83% no volume de aço plano importado pelo Brasil em janeiro, para 241,45 mil toneladas.

Segundo o Aço Brasil, que traz estatísticas de aços longos juntamente com planos, o consumo aparente de produtos siderúrgicos no país — indicador que reúne importações e vendas de material produzido no país — somou 2,16 milhões de toneladas em janeiro, avanço anual de 11,4%.

Apesar do salto nas importações, a produção de aço bruto cresceu 2,4% sobre um ano antes, para 2,8 milhões de toneladas, embora a produção de laminados tenha caído 2,2% e a de semiacabados recuado 10,7%, informou a entidade.

As vendas no mercado interno subiram 3,1% em janeiro na comparação anual, para 1,66 milhão de toneladas, com crescimentos de 2,1% nos produtos planos e de 5,5% nos longos.

O Aço Brasil, que reúne siderúrgicas como Gerdau e Usiminas, apurou queda de 2,9% nas exportações, para 909 mil toneladas em janeiro sobre um ano antes. Segundo a entidade, os dados de exportação de janeiro incluíram operações com embarque antecipado, “que geralmente registram volumes acima do exportado efetivamente”.

“A correção dessas exportações, possivelmente, ocorrerá nas próximas divulgações dos dados”, afirmou o Aço Brasil.

SIDERURGIA

Valor - SP   27/02/2025

O Aço Brasil divulgou, ainda, o Índice de Confiança da Indústria do Aço, que ficou em 34,7 pontos em fevereiro, queda de 7,7 pontos frente a janeiro; foi a 4ª queda seguida da confiança dos CEOs

A produção de aço bruto no país foi de 2,789 milhões de toneladas em janeiro, alta de 2,4% na comparação com as 2,723 milhões de toneladas fabricadas em igual período do ano passado. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Aço Brasil.

No ano passado como um todo, a produção subiu 5,3% frente a 2023, para 33,741 milhões de toneladas. A utilização da capacidade instalada ficou em 65,7% em janeiro, 1,6 ponto percentual acima dos 64,1% de janeiro de 2024.

O Aço Brasil informou ainda que as vendas internas no país somaram 1,664 milhão de toneladas em janeiro, 3,1% acima de janeiro de 2024. As vendas de aços planos cresceram 2,1% nesta comparação, para 984 mil toneladas, enquanto houve alta de 5,5% nas vendas de aços longos, para 657 mil toneladas. As vendas de semiacabados caíram 12,6%, para 24 mil toneladas.

As exportações recuaram 2,9% em janeiro frente a igual mês de 2024, para 909 mil toneladas. As importações subiram 49,4%, para 548 mil toneladas, na mesma comparação.

O consumo aparente, que considera as vendas internas mais as importações, subiu 11,4% em janeiro ante o mesmo mês de 2024, para 2,156 milhões de toneladas.

O Aço Brasil também divulgou o Índice de Confiança da Indústria do Aço, que ficou em 34,7 pontos em fevereiro, queda de 7,7 pontos frente a janeiro. Foi a quarta queda seguida da confiança dos CEOs da indústria. Resultados abaixo de 50 pontos indicam falta de confiança.

Money Times - SP   27/02/2025

O Brasil está entre as economias da América Latina que enfrentarão as tarifas mais altas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirma a Moody’s Analytics. O México também foi apontado como um dos principais alvos das novas taxas.

“Esperamos retaliação na mesma moeda”, disse a chefe de Economia da América Latina da Moody’s, Jesse Rogers.

As tarifas de 25% sobre todas as importações sobre o aço e o alumínio, anunciadas para entrarem em vigor em março, adicionam incerteza ao cenário econômico.

O Brasil e o México são a segunda e a terceira maiores fontes de importação de aço para os EUA, respectivamente. “Embora as tarifas sejam dolorosas para os produtores locais de aço — o México envia quase 90% de suas exportações de aço para os EUA, enquanto os EUA é o destino de pouco menos de 50% das exportações brasileiras de aço —, não esperamos grandes impactos em toda a economia”.

No caso específico do Brasil, Rogers diz que, apesar de os norte-americanos serem o mercado de exportação de aço mais importante do país, a maior parte da produção brasileira de aço é destinada ao consumo interno. “Não é absurdo pensar que as exportações de aço com preços fora dos EUA possam encontrar um lugar em outro lugar”, afirma.

O mais preocupante, segundo a chefe de Economia da América Latina da Moody’s, será o impacto que o setor produtivo brasileiro pode sofrer com a queda da demanda global, especialmente diante da desaceleração econômica na China.

Durante a primeira guerra comercial entre EUA e China, a América Latina se beneficiou ao suprir a demanda chinesa por commodities, como ocorreu com a soja brasileira.

No entanto, desta vez, os efeitos podem ser menos expressivos, uma vez que a transformação alimentar na China já aconteceu e o crescimento da demanda por produtos agropecuários tende a ser mais contido. “Produtores agrícolas como Brasil, Argentina e Chile lutarão com a desaceleração da economia chinesa”, diz.

Rogers ainda destaca que o governo de Trump questionou as tentativas do Brasil de encontrar alternativas ao dólar americano para o comércio internacional. O renminbi chinês seria a moeda mais provável para um sistema de pagamentos alternativo, mas essas iniciativas ainda enfrentam desafios — como a dependência do sistema global de mensagens interbancárias SWIFT.

Segundo a Moody’s, as tarifas de Trump serão aplicadas gradualmente ao longo de 2025, atingindo o pico no final do ano e permanecendo nesse patamar até o final de 2026.

No entanto, a pressão sobre a economia norte-americana pode levar o governo do país a rever as medidas, especialmente em relação ao México e a outros países latino-americanos, devido aos impactos negativos na economia global.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   27/02/2025

Em pouco mais de um mês no poder, Donald Trump anunciou medidas econômicas e fez ameaças que podem transformar as tendências econômicas globais. Algumas das políticas mencionadas pelo presidente americano mudam a abordagem dos Estados Unidos em relação ao comércio internacional e têm impactos na forma de organização de grupos empresariais; outras, porém, não são suficientes para alterar o rumo da economia.

Desde que tomou posse para o seu segundo mandato, Trump já anunciou a adoção de tarifas para produtos importados do México, do Canadá e da China – os três maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos –, embora tenha voltado atrás no caso dos mexicanos e dos canadenses, ainda que não de forma permanente. O republicano também determinou a imposição de tarifas de 25% para o aço e o alumínio importados pelos EUA e ainda quer instaurar as chamadas tarifas recíprocas. Nesse caso, a Casa Branca citou a disparidade de tarifas para o etanol brasileiro.

Segundo analistas, diante dessas medidas, o “nearshoring” (movimento em que multinacionais mudam o modo de organização de suas fábricas, transferindo as linhas de produção para próximo do mercado consumidor) e o “greenshoring” (prática surgida recentemente em que empresas desenvolvem cadeias de abastecimento mais sustentáveis e se instalam em localidades propícias para isso) – tendências que vinham se fortalecendo nos últimos anos – devem enfraquecer a partir de agora.

“A impressão que dá é que o Trump migrou do America First (EUA primeiro) para o America Only (apenas EUA). Toda essa narrativa de “nearshoring” e “friendshoring” (prática de estabelecer cadeias de fornecimento de bens entre países com relações mais amistosas) está mais fragilizada”, afirma Mario Mesquita, economista-chefe do banco Itaú.

Já movimentos que sutilmente vinham crescendo podem continuar avançando, apesar dos ataques de Trump. É o caso do uso de outras moedas como reservas internacionais ou em transações comerciais, prática ameaçada pelo presidente americano. “O distanciamento do dólar provavelmente ocorrerá de forma discreta. É isso que temos visto nas reservas internacionais na última década”, afirmou, por e-mail, Barry Eichengreen, professor de economia da Universidade da Califórnia.

Os analistas também não esperam uma guinada na Organização Mundial do Comércio (OMC), enfraquecida desde o governo de Barack Obama, o que deixa o futuro das negociações entre países ainda mais nebuloso. “Estamos vendo as consequências de não existir um sistema multilateral baseado em regras agora”, afirma Lucas Ferraz, ex-secretário de Comércio Exterior (2019 e 2022) e coordenador do Centro de Estudos de Negócios Globais da FGV-EESP. “Na medida em que a maior economia do mundo passa a não mais respeitar as regras, ela age de forma discricionária.”

Confira, a seguir, o que especialistas esperam para algumas tendências econômicas globais após esse primeiro mês de Trump no poder:
‘Nearshoring’

O movimento chamado “nearshoring” deverá perder seu ímpeto, segundo analistas. O “nearshoring” vinha sendo adotado pelas companhias numa tentativa de reduzir interrupções nas cadeias de produção depois da pandemia de covid e da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Pela proximidade com os Estados Unidos (o maior mercado consumidor global) e pelo custo de sua mão de obra, o México era apontado como um dos grandes beneficiados se esse movimento se consolidasse. Nos últimos dois anos, viu-se a movimentação de multinacionais investindo no país. Agora, isso pode mudar, dado que os produtos mexicanos poderiam ser taxados para entrar nos EUA.

“Certamente, uma tarifa de 25% de Trump sobre o México anularia quaisquer benefícios que o México tenha desfrutado devido à tendência de “nearshoring”. Mas isso também seria um desastre para os EUA, é claro”, diz Barry Eichengreen.

Trump oficializou a adoção de tarifa de 25% sobre produtos mexicanos dez dias após sua posse. Posteriormente, no entanto, suspendeu a medida por um mês, após o México prometer que reforçaria a fronteira com 10 mil homens da Guarda Nacional para combater o tráfico de drogas.

Mesquita, do Itaú Unibanco, afirma que, com as restrições impostas a produtos mexicanos, investimentos que seriam feitos no país podem se deslocar para os Estados Unidos. “A economia do México deve ter um desempenho ruim este ano, especialmente o setor industrial.”

O Itaú projeta um cenário de desaceleração para a economia mexicana neste ano. O Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 0,9%, abaixo do observado em 2024 (1,5%) e 2023 (3,2%).

Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da FGV (FGV/Ibre), Livio Ribeiro, no entanto, afirma que levar alguns tipos de empresas para os EUA pode não fazer sentido. Ele vê motivo para Trump trabalhar para transferir para seu país fábricas intensivas em mão de obra – que elevam a taxa de emprego –, produtoras de itens estratégicos (como semicondutores) e de setores que sofrem muita competição com os chineses, como a siderurgia. “Mas faz sentido empresas americanas produzirem, por exemplo, bicicleta nos EUA?”, questiona Ribeiro.

Para o pesquisador, como fábricas de vários setores podem não ser viáveis nos EUA, algumas companhias devem continuar produzindo no México para exportar para o vizinho. “O México pode continuar atraindo empresas, porque não fará sentido levar tudo para os Estados Unidos.”

‘Greenshoring’

A avaliação dos especialistas é que também deve ficar fragilizado o “greenshoring”. Por ter ampla oferta de energia limpa (solar, eólica e hídrica), o Brasil era tido como um dos maiores beneficiados desse movimento.

Livio Ribeiro, do FGV/Ibre, afirma que, nos Estados Unidos, acabou a “narrativa” de instalar empresas e linhas de produção em locais que têm estruturas menos poluentes. Por outro lado, diz ele, a China pode aproveitar a oportunidade e tentar ocupar esse espaço deixado pelos americanos. Isso faria com que companhias chinesas de energia limpa levassem ainda mais investimentos para países que oferecem oportunidades nessa área, como o Brasil.

Para Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial e membro sênior do think tank Policy Center for the New South, o “greenshoring” vai continuar, apesar das atitudes de Trump contra a descarbonização da economia – apenas em sua primeira semana no poder, o presidente americano eliminou mais de 70 iniciativas de clima e energia verde, segundo análise do jornal Financial Times. Canuto pondera que, sem a participação dos EUA nos esforços pela transição energética, o potencial do “greenshoring” é menor. O economista lembra ainda que, para o Brasil se beneficiar dessa tendência, precisa melhorar sua infraestrutura e o ambiente de negócios.
OMC

Sem voz ativa no cenário internacional, a Organização Mundial do Comércio (OMC) deve seguir debilitada com Trump na Casa Branca. No primeiro mandato do republicano, os Estados Unidos bloquearam a nomeação de juízes para o órgão de apelação da instituição, que funcionava como uma espécie de STF do comércio internacional.

“A OMC ficou muito esvaziada e, agora, com essas medidas unilaterais do Trump, não tem mais força para arbitrar qualquer diferença comercial”, afirma o diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres (1994-1999) e Washington (1999-2004).

Criada nos anos 1990, a organização tem 166 membros, que representam 98% do comércio global. Mesmo no governo do democrata Joe Biden, a OMC não conseguiu entregar grandes avanços para o comércio global. Em 2024, a última conferência ministerial, realizada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, terminou sem acordo sobre os principais temas debatidos.

Apesar da fraqueza da instituição, a China formalizou queixa na OMC contra os EUA depois de Trump anunciar tarifas de 10% sobre produtos chineses importantes. “Foi um gesto político da China para mostrar que ela segue a regra”, afirma Barbosa.

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que também pretende recorrer à organização caso a imposição de tarifas de 25% para o aço e alumínio – ameaçada por Trump – se concretize.

“Se taxar, vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na OMC ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles. A relação do Brasil com os EUA é muito igualitária. Eles importam US$ 40 bilhões. Nós importamos US$ 45 bilhões”, disse Lula, em entrevista concedida para a Rádio Clube do Pará.

‘Desdolarização’

Trump ameaçou taxar em 100% os produtos vindos dos países do Brics caso o bloco dê prosseguimento à ideia de abandonar o uso do dólar no comércio exterior. “A ideia de que os países do Brics estão tentando se afastar do dólar, enquanto nós assistimos de braços cruzados, acabou”, escreveu Trump na rede Truth Social, no fim de janeiro.

Nos últimos anos, diferentes governos anunciaram que pretendiam reduzir o uso do dólar em suas transações comerciais. A restrição à moeda americana no comércio, ao lado da queda de participação do dólar nas reservas internacionais globais, havia levantado, em 2023, a discussão sobre uma possível “desdolarização”.

No centro dessas propostas de substituição da moeda americana por locais estava a China, que vinha tentando minar a hegemonia do dólar. Desde 2022, Pequim anunciou acordos com Argentina, Brasil, Rússia e Arábia Saudita para reduzir a dependência do dólar. Para analistas, no entanto, o uso de outras moedas continuava ínfimo em comparação ao dólar.

O professor da Universidade da Califórnia Barry Eichengreen afirma que, ainda que Trump ameace os países que quiserem usar outra moeda em suas transações comerciais, haverá um movimento “discreto” de distanciamento do dólar, o substituindo pelo renminbi chinês ou até pelos dólares australiano, canadense e neozelandês. “É isso que temos visto nas reservas internacionais na última década”, diz.

Livio Ribeiro destaca que o dólar não será substituído globalmente, mas regionalmente algumas moedas têm despontado como meio de pagamento, é o caso do renminbi. Isso deve continuar, mas de forma praticamente irrelevante quando se considera o número de transações que usam o dólar.

Segundo Ribeiro, o principal desafio para a maior adoção dessas moedas não são as ameaças de Trump, mas a disposição dos agentes econômicos para adotá-las. “Uma empresa brasileira que importa, por exemplo, quer dólar, não quer uma alternativa.”

Na visão de Otaviano Canuto, países como Emirados Árabes Unidos e Índia deverão ser mais cautelosos ao negociar acordos de uso de moeda própria em transações comerciais com a China. “As relações desses países com a China não são significativas o suficiente para que queiram colocar em risco a relação com os EUA. Eles não devem ter o mesmo ímpeto que o Brasil e a Argentina na relação com a China.”

O Estado de S.Paulo - SP   27/02/2025

O surto inflacionário, que atinge com especial intensidade os alimentos, ainda vai piorar antes de começar a apresentar alguma melhora, trazendo desafios extras para os próximos meses. Essa foi a principal mensagem do sucessor de Gabriel Galípolo na Diretoria de Política Monetária do Banco Central (BC), Nilton David, em recente evento com representantes do mercado financeiro. David assumiu o cargo em janeiro, quando Galípolo passou a presidir o BC.

A preleção do novo diretor do BC não difere dos prognósticos recentes do Comitê de Política Monetária (Copom) de que a inflação encerrará o primeiro semestre acima do teto da meta e somente a partir daí tenderá a se estabilizar e baixar. David salientou que até o terceiro trimestre de 2026 passará a convergir para a meta. Apesar da previsão ruim, a declaração indica disposição da autoridade monetária de manter a mira voltada à meta de 3% ao ano para o IPCA, com tolerância de 1,5 ponto porcentual (p.p.).

Com 4,56% no acumulado em 12 meses, a taxa continuou a estourar a meta em janeiro, mesmo com queda suave de 0,27 p.p. em relação a dezembro. Como janeiro foi um ponto fora da curva, devido à redução no custo da energia elétrica, as estimativas são de que o índice tenha voltado a subir em fevereiro. Considerando efetivos os discursos recentes de David e Galípolo, e não simples retórica, o BC continuará a subir os juros para frear a inflação. A taxa de março está desde dezembro pactuada pelo Copom: 14,25% ao ano, 1 p.p. acima do nível atual, mantidas as circunstâncias observadas no fim de 2024.

Nilton David não deu pistas sobre a reunião de maio, mas será esse o teste decisivo da gestão Galípolo, depois das duas decisões do Copom de certa forma antecipadas em dezembro. Até agora Lula da Silva, que durante dois anos torpedeou o BC sob a gestão de Roberto Campos Neto, tem mantido, ao menos em público, atitude condescendente com seu indicado para o comando do banco. Já disse que não esperava “milagres”, que “não é possível dar um cavalo de pau num navio como o Brasil” e que Galípolo precisa de tempo para “consertar os juros”.

Não tardará para Lula agir como Lula e retomar a pressão e a “briga eterna”, segundo sua própria definição, pela queda de juros mesmo diante da insegurança do cenário macroeconômico e fiscal. Nilton David lembrou, no evento, da defasagem nos efeitos de uma política monetária contracionista. Pode-se acrescentar, sem receio de errar, que a atuação solitária do BC, sem o respaldo do Executivo no necessário equilíbrio fiscal, torna a missão ainda mais árdua.

O Banco Central tem a perspectiva de controlar a inflação até o terceiro trimestre de 2026. É o que o banco chama de “horizonte relevante” para fazer com que a taxa se mantenha abaixo de 4,5%, limite máximo permitido para a meta de 3% ao ano. O diretor do BC afirmou que a política monetária pode estabilizar o IPCA “ao redor” de 4%. Difícil imaginar que o Planalto acompanhe com paciência o processo. Do mercado vêm sinais de confiança: o último relatório Focus trouxe leve recuo na projeção da Selic, de 15,25% para 15% neste ano, embora a mediana para o IPCA tenha subido pela 19.ª semana consecutiva, para 5,65%. Já de Lula, é quase certo que haverá mais pressão.

O Estado de S.Paulo - SP   27/02/2025

Após o pior choque inflacionário das últimas décadas, os americanos estão novamente se preparando para preços mais altos.

As expectativas sobre a inflação futura começaram a subir, de acordo com as métricas observadas de perto pelas autoridades do Federal Reserve. Até o momento, os dados, incluindo uma pesquisa com consumidores da Universidade de Michigan e medidas baseadas no mercado das expectativas dos investidores, não sugerem que as pressões sobre os preços estejam prestes a sair do controle.

Mas o salto recente foi significativo o suficiente para merecer atenção, alimentando ainda mais a incerteza sobre uma perspectiva econômica já obscurecida pela abordagem em constante evolução do presidente Donald Trump em relação ao comércio, imigração, tributação e outras áreas políticas. Na terça-feira, uma pesquisa do Conference Board mostrou que a confiança do consumidor caiu drasticamente em fevereiro e as expectativas de inflação aumentaram, já que os americanos se preocuparam com o aumento do preço dos ovos e o possível impacto das tarifas.

Se essas preocupações persistirem, isso poderá ser um problema político para Trump, cuja promessa de controlar os preços foi uma parte central de sua mensagem durante a campanha do ano passado. Isso também aumentaria o desafio enfrentado pelos formuladores de políticas do Fed, que já estão preocupados com o fato de que o progresso contra a inflação está estagnado.

“Esse é o tipo de coisa que pode enervar um formulador de políticas”, disse Jonathan Pingle, que trabalhava no Fed e agora é economista-chefe do UBS, sobre a tendência geral das expectativas de inflação. “Não queremos que as expectativas de inflação subam tanto que dificultem o trabalho do Fed de levar a inflação de volta a 2%.”

A maioria dos economistas considera que manter as expectativas de inflação sob controle é fundamental para o controle da própria inflação. Isso ocorre porque as crenças sobre a direção dos preços podem se tornar uma profecia autorrealizável: Se os trabalhadores esperam que o custo de vida aumente, eles exigirão aumentos para compensar; se as empresas esperam que o custo dos materiais e da mão de obra aumente, elas aumentarão seus próprios preços em antecipação. Isso pode fazer com que seja muito mais difícil para o Fed controlar a inflação.

Foi o que aconteceu nas décadas de 1960 e 1970: Anos de inflação alta levaram os consumidores e as empresas a esperar que os preços continuassem subindo rapidamente. Somente com o aumento das taxas de juros a um nível punitivo e causando uma grave recessão é que o Fed conseguiu colocar a inflação totalmente sob controle.

Quando os preços começaram a subir rapidamente em 2021 e 2022, muitos analistas temiam uma repetição desse cenário. Em vez disso, as expectativas de inflação permaneceram relativamente comportadas - subindo apenas modestamente e caindo rapidamente quando a inflação começou a diminuir - e o Fed conseguiu reduzir a inflação sem causar um grande aumento no desemprego.

“O principal motivo pelo qual esse cenário não se concretizou foi o fato de que, embora a inflação tenha subido bastante, a inflação esperada pela maioria das medidas subiu apenas um pouco”, disse Laurence Ball, economista da Universidade Johns Hopkins. “Essa é a grande diferença entre a década de 1970 e a década de 2020.”

Agora, porém, há indícios de que os americanos estão prevendo uma inflação mais alta nos próximos anos. As pressões persistentes sobre os preços, impulsionadas em parte por um aumento nos custos de ovos e despesas relacionadas à energia, juntamente com preocupações sobre o impacto das tarifas, estão entre os fatores que levaram as expectativas dos consumidores em relação à inflação nos próximos 12 meses ao seu nível mais alto em mais de um ano, de acordo com a pesquisa da Universidade de Michigan.

O que é mais preocupante para os economistas é que as expectativas dos consumidores em relação à inflação de longo prazo - que tendem a ser mais estáveis ao longo do tempo - tiveram o maior salto em um mês desde 2021 em fevereiro. O aumento abrangeu todos os níveis de idade e renda, sugerindo que os temores de inflação são generalizados.

As expectativas na pesquisa de Michigan já aumentaram antes, mas voltaram a cair nos meses seguintes. E os resultados recentes mostraram uma enorme divisão partidária - as expectativas de inflação aumentaram acentuadamente entre os democratas desde a eleição, mas caíram entre os republicanos - levando alguns economistas a desconsiderar os resultados.

No entanto, as expectativas de inflação também aumentaram entre os independentes políticos - um desenvolvimento significativo porque sua avaliação da economia é, em geral, mais estável, disse Joanne Hsu, que lidera a pesquisa de Michigan.

Outras medidas pintam um quadro misto. A pesquisa do Conference Board mostrou preocupações crescentes com a inflação em janeiro e fevereiro, mas outra pesquisa do Federal Reserve Bank de Nova York em janeiro não mostrou isso. Uma medida das expectativas de inflação dos investidores, observada de perto, tem aumentado, mas outra não. Ambas as medidas se baseiam nos rendimentos da dívida pública dos EUA - quando os investidores esperam que a inflação corroa o valor de seus títulos, eles exigem um retorno maior para compensar isso. Pesquisas com empresas e profissionais de previsão encontraram pouca ou nenhuma evidência de que as expectativas de inflação estejam aumentando.

Mas os economistas disseram que quanto mais tempo a inflação permanecer elevada, maiores serão as chances de os consumidores e as empresas começarem a reajustar suas expectativas. O que os bancos centrais mais temem é que essas expectativas se tornem “não ancoradas”, ou que se movam o suficiente para sugerir pouca confiança de que, com o tempo, a inflação retornará à meta de 2%. Esse risco parece mais proeminente agora do que há alguns meses. O progresso da inflação estagnou nos últimos meses e o Presidente Trump adotou políticas que, segundo muitos economistas, provavelmente elevarão os preços, como a imposição de tarifas e a restrição à imigração.

“Os dados mostram que as expectativas de inflação parecem estar bem ancoradas, mas se eu estivesse no Fed, não assumiria isso ou daria isso como certo”, disse Richard Clarida, ex-vice-presidente do Fed que agora trabalha na Pimco, uma empresa de investimentos.

Até o momento, as autoridades do banco central têm minimizado as preocupações com as expectativas de inflação. Austan Goolsbee, presidente do Federal Reserve Bank de Chicago, disse que a última pesquisa da Universidade de Michigan “não foi um grande número”, mas refletiu apenas um mês de dados até o momento.

“São necessários pelo menos dois ou três meses para que isso conte”, disse Goolsbee, que vota nas decisões políticas deste ano, no domingo.

Musalem também foi enfático ao dizer que as expectativas de inflação estavam sob controle ao falar com os repórteres na semana passada. Ele descreveu os dados de Michigan como “uma métrica entre uma variedade de métricas que mostrou um pequeno aumento”.

Apesar dessa confiança, o Fed suspendeu, por enquanto, os cortes adicionais nas taxas de juros. As autoridades não apenas querem mais evidências de que a inflação está recuando, mas também disseram que uma economia sólida lhes dá tempo para esperar e ver como o plano de Trump afetará a trajetória dos preços ao consumidor, o mercado de trabalho e o crescimento de forma mais ampla.

As atas da reunião de política mais recente, em janeiro, mostraram que os formuladores de políticas esperavam algum impacto das políticas de Trump sobre os preços ao consumidor. Mas como o banco central deve reagir continua sendo um grande ponto de debate.

Alguns, como o governador do Fed, Christopher J. Waller, argumentaram que o banco central pode “analisar” o impacto econômico de políticas como as tarifas. No entanto, essa posição depende de vários fatores, principalmente do fato de que tais taxas levem apenas a um aumento pontual nos preços e que as expectativas das empresas e das famílias permaneçam sob controle.

Mas, de acordo com Charles Evans, que se aposentou como presidente do Fed de Chicago em 2023, essa pode ser uma estratégia arriscada, especialmente à luz do aumento da inflação que se seguiu ao choque econômico da era Covid.

“Essa é a mesma história transitória que o Fed e todos estavam dizendo em 2021”, disse ele. “Seria de se esperar que os formuladores de políticas estivessem um pouco mais relutantes em se apoiar nisso.”

Evans já disse que o fato de ver as expectativas de inflação subirem o deixou “um pouco nervoso”, especialmente à luz de suas preocupações de que as empresas possam estar mais inclinadas do que no passado a repassar os preços mais altos para seus clientes. Por essas razões, ele espera que o Fed permaneça “cauteloso” com relação a novos cortes nas taxas de juros este ano.

Após a divulgação dos últimos dados da Universidade de Michigan na sexta-feira, os economistas da LHMeyer, uma empresa de pesquisa, adiaram o prazo para o próximo corte do Fed de junho para setembro.

Há também outro risco: se Trump agir para corroer a independência do Fed, ou ameaçar fazê-lo, isso poderá minar a confiança na capacidade do banco central de manter a inflação sob controle, fazendo com que as expectativas de inflação aumentem.

Na semana passada, Trump procurou expandir seu alcance sobre o Fed como parte de um esforço mais amplo para obter maior controle das agências independentes designadas pelo Congresso. A ordem executiva teve como alvo a supervisão e a regulamentação de Wall Street pelo banco central e excluiu suas decisões sobre a política monetária. Mas a natureza expansiva da ordem alimentou preocupações sobre o quanto a invasão de Trump na independência do Fed poderia eventualmente ir além.

“Esse é o cenário mais perigoso”, disse Ball, acrescentando que até mesmo a ameaça de interferência política poderia dificultar o trabalho do Fed. “A capacidade do Fed de controlar as expectativas poderia ser impedida não apenas pelo fato de o governo Trump assumir o controle, mas também pelo medo de que isso possa acontecer.”

Globo Online - RJ   27/02/2025

A liberação do saque do saldo remanescente do FGTS para quem aderiu à modalidade de saque-aniversário deve injetar R$ 12 bilhões na economia. Alguns economistas criticam a medida por uma razão técnica. O Banco Central tem elevado a taxa de juros para conter a inflação. As projeções é que o IPCA termine o ano acima do teto da meta, que é de 4,5%.

Para que os preços recuem, é necessário reduzir a quantidade de dinheiro em circulação. E, ao liberar R$ 12 bilhões, o governo acaba estimulando a economia na direção oposta. Este valor vai entrar em duas fases. Na primeira, o valor pago será de, no máximo, R$ 3 mil. Quem tem um saldo superior a este montante retido, terá acesso ao restante do dinheiro numa segunda etapa, que será liberada somente 110 dias após a publicação da medida provisória. É muito tempo para liberar.

Ao mesmo tempo, a decisão é justa, pois corrige uma distorção da política implementada no governo Bolsonaro. O saque-aniversário permite retiradas anuais do FGTS, mas penaliza os trabalhadores ao bloquear o saldo restante justamente no momento em que mais precisam: na demissão.

A crítica dos economistas é que a estratégia é contraditória aos esforços de controle da inflação, comparando o governo a um barco remando para direções opostas, criando assim instabilidade. Mas a medida corrige uma falha do sistema atual e traz alívio financeiro a muitos trabalhadores.

O Estado de S.Paulo - SP   27/02/2025

O Banco Central tem um novo obstáculo para levar a inflação à meta. Trata-se de Sidônio Palmeira, o marqueteiro que agora chefia a comunicação do governo e que vem ampliando os seus tentáculos sobre a política econômica. Desde o anúncio da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, no final de novembro, quando Fernando Haddad foi obrigado a passar pelo constrangimento público de anunciar uma benesse no meio de um pacote fiscal, Palmeira passou a ser figura-chave nas decisões que deveriam caber exclusivamente ao ministro da Fazenda.

Não há mais anúncio na economia que não tenha o dedo do marqueteiro e que não tenha como foco exclusivo recuperar popularidade para as eleições do ano que vem. Sidônio defende que o governo precisa de uma “marca” e por isso a agenda microeconômica vem ganhando destaque, com anúncio de medidas em série e direito a pronunciamento do presidente em rede nacional. A última proposta chegou de surpresa, com a liberação do saque-rescisão do FGTS para quem já havia optado pela modalidade de saque-aniversário.

A medida tem o potencial de injetar R$ 12 bilhões na economia e vai estimular o consumo das famílias em um contexto de inflação acima do teto da meta. Vem no momento em que o Banco Central eleva a taxa Selic justamente para esfriar o nível de atividade.

O governo também aposta na ampliação do Auxílio Gás e no programa pé de meia, que são prioritários mas não têm recursos no Orçamento, como bem pontuou o colunista Carlos Andreazza, além da mudança no consignado para o setor privado e outras medidas para o crédito.

Só para constar: a concessão de crédito livre para as famílias brasileiras cresceu 14,6% em 2024, com aumento de 33,9% para a aquisição de veículos e 28,1% na aquisição de outros bens. Se há um problema na popularidade de Lula, ele não está na concessão de empréstimos.

Lula esta semana desprezou a teoria macroeconômica, que, segundo ele, seria uma “bobagem”. Isso talvez explique por que o presidente cogita a adoção de medidas absurdas, como a ideia de taxar a exportação de alimentos, para forçar a queda de preço dos produtos. O resultado – ao contrário do que se pensa – seria uma redução da oferta no médio prazo, pelo desestímulo à produção dado pelo governo.

Lula e Sidônio parecem dois pilotos de avião que, sob o risco de queda da aeronave, resolvem apertar vários botões no painel para ver se algo de bom acontece. Na economia, o excesso de voluntarismo acaba sempre em inflação. A aposta na agenda micro tem tudo para dar errado.

IstoÉ Dinheiro - SP   27/02/2025

O alto volume de vencimentos de títulos prefixados e de papéis emitidos no exterior fez a Dívida Pública Federal (DPF) cair em janeiro. Segundo números divulgados nesta quarta-feira (26) pelo Tesouro Nacional, a DPF passou de R$ 7,316 trilhões em dezembro para R$ 7,253 trilhões no mês passado, com queda de 0,87%.

Em junho do ano passado, o indicador superou pela primeira vez a barreira de R$ 7 trilhões. Mesmo com a alta em janeiro, a DPF continua abaixo do previsto. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), apresentado no início de fevereiro, o estoque da DPF deve encerrar 2025 entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões.

A Dívida Pública Mobiliária (em títulos) interna (DPMFi) caiu 0,23%, passando de R$ 6,967 trilhões em dezembro para R$ 6,176 trilhões em janeiro. No mês passado, o Tesouro resgatou R$ 79,97 bilhões em títulos a mais do que emitiu, principalmente em papéis prefixados (com juros definidos antecipadamente). O recuo foi parcialmente compensado pela apropriação de R$ 63,97 bilhões em juros.

Por meio da apropriação de juros, o governo reconhece, mês a mês, a correção dos juros que incide sobre os títulos e incorpora o valor ao estoque da dívida pública. Com a Taxa Selic (juros básicos da economia) em 13,25% ao ano, a apropriação de juros pressiona o endividamento do governo.

No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 145,39 bilhões em títulos da DPMFi, o volume mais alto desde maio do ano passado. No entanto, com o alto volume de vencimentos em janeiro, os resgates somaram R$ 255.28 bilhões, o volume mais alto desde agosto do ano passado.

No mercado externo, a queda do dólar e o vencimento de títulos no exterior reduziram o endividamento do governo. A Dívida Pública Federal externa (DPFe) caiu 13,57%, passando de R$ 349,19 bilhões em dezembro para R$ 301,81 bilhões em janeiro. O principal fator foi o vencimento de cerca de US$ 5 bilhões (R$ 29,92 bilhões) no fim de janeiro e o recuo de 5,85% da moeda norte-americana no mês passado.
Colchão

Depois de subir por três meses seguidos, o colchão da dívida pública (reserva financeira usada em momentos de turbulência ou de forte concentração de vencimentos) caiu. A reserva passou de R$ 860 bilhões em dezembro para R$ 744 bilhões no mês passado. O principal motivo, segundo o Tesouro Nacional, foi o forte resgate líquido líquida (regate menos emissões) no mês passado.

Atualmente, o colchão cobre 6,72 meses de vencimentos da dívida pública. Nos próximos 12 meses, está previsto o vencimento de R$ 1,221 trilhão em títulos federais.
Composição

O resgate de títulos prefixados (com rendimento definido no momento da emissão) mudou a composição da DPF. A proporção desses papéis caiu de 21,99% em dezembro para 20,15% em janeiro. O PAF prevê que o indicador feche 2025 entre 19% e 23%.

Normalmente, os papéis prefixados indicam mais previsibilidade para a dívida pública, porque as taxas são definidas com antecedência. No entanto, em momentos de instabilidade no mercado financeiro, as emissões caem porque os investidores pedem juros muito altos, que comprometeriam a administração da dívida do governo.

A proporção dos papéis corrigidos pelos juros básicos subiu fortemente de 46,29% em dezembro para 47,98% em janeiro. O PAF prevê que o indicador feche 2025 entre 48% e 52%. Esse tipo de papel está atraindo o interesse dos compradores por causa das recentes altas da taxa Selic (juros básicos da economia).

A fatia de títulos corrigidos pela inflação na DPF também subiu, passando de 26,96% para 27,72%. O PAF prevê que os títulos vinculados à inflação encerrem o ano entre 24% e 28%.

Composto por antigos títulos da dívida interna corrigidos em dólar e pela dívida externa, o peso do câmbio na dívida pública passou de 4,76% para 4,15%. A dívida pública vinculada ao câmbio está dentro dos limites estabelecidos pelo PAF para o fim de 2025, entre 3% e 7%.
Prazo

O prazo médio da DPF subiu de 4,05 anos para 4,11 anos. O Tesouro só fornece a estimativa em anos, não em meses. Este é o intervalo médio que o governo leva para renovar (refinanciar) a dívida pública. Prazos maiores indicam mais confiança dos investidores na capacidade do governo de honrar os compromissos.
Detentores

As instituições financeiras continuam como principais detentoras da Dívida Pública Federal interna, com 29,1% de participação no estoque. Os fundos de pensão, com 24,4%, e os fundos de investimento, com 22,1%, aparecem em seguida na lista de detentores da dívida.

Mesmo com a redução da instabilidade no mercado externo, a participação dos não residentes (estrangeiros) caiu de 10,2% em dezembro para 9,9% em janeiro. Em novembro, o percentual estava em 11,2% e tinha atingido o maior nível desde dezembro de 2018, quando a fatia dos estrangeiros na dívida pública estava em 11,2%. Os demais grupos somam 14,5% de participação.

Por meio da dívida pública, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos financeiros. Em troca, compromete-se a devolver os recursos depois de alguns anos, com alguma correção, que pode seguir a taxa Selic (juros básicos da economia), a inflação, o dólar ou ser prefixada (definida com antecedência).

IstoÉ Dinheiro - SP   27/02/2025

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) ficou praticamente estável com leve queda de 0,1 ponto na passagem de janeiro para fevereiro, a 98,3 pontos, informou nesta quarta-feira, 26, a Fundação Getulio Vargas (FGV). Na média móvel trimestral, o índice caiu 0,3 ponto, a 98,8 pontos.

Houve, nesta leitura, recuo de 0,5 ponto no Índice de Situação Atual (ISA), a 100,4 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) avançou 0,4 ponto, a 96,3 pontos. “A confiança da indústria ficou estável em fevereiro mantendo o cenário de cautela dos empresários quanto à situação presente dos negócios. Apesar disso, os estoques seguem em níveis satisfatórios, com uma leve melhora na percepção sobre a demanda”, avalia o economista do Ibre/FGV Stéfano Pacini.

Ele ainda destaca que, no horizonte de seis meses, o sentimento dos empresários sugere pessimismo de forma disseminada entre os segmentos. Já em relação ao cenário macroeconômico, Pacini atenta para o quadro de Selic elevada, câmbio depreciado e de expectativas quanto à desaceleração da economia. “Pode significar um ano difícil para o setor industrial, apesar dos bons resultados de 2024”, diz.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (Nuci) caiu 0,7 ponto porcentual em fevereiro, para 80,9%, mesmo nível observado em fevereiro de 2024.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   27/02/2025

Os preços futuros do minério de ferro se enfraqueceram pela terceira sessão consecutiva nesta quarta-feira, pressionados pela perspectiva negativa para as exportações de aço chinesas e pelo aumento das tensões comerciais entre os EUA e a China.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China fechou em queda de 0,98%, encerrando em 812 iuanes (US$111,86) a tonelada. No início da sessão, o contrato atingiu 803 iuanes, nível mais baixo desde 18 de fevereiro.

O minério de ferro de referência de março na Bolsa de Cingapura recuou 0,22%, a US$105,8 a tonelada.
O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem na semana passada com o objetivo de aumentar as restrições aos investimentos chineses em áreas estratégicas, o que levou a uma queda do mercado acionário na China na terça-feira.
As exportações diretas de aço da China serão afetadas por taxas adicionais impostas pelo Vietnã e pela Coreia do Sul, pressionando os preços, disse a consultoria chinesa Hexun Futures em nota.

O Vietnã anunciou na semana passada que irá impor uma taxa antidumping temporária sobre alguns produtos de aço da China, enquanto a Coreia do Sul impôs provisoriamente tarifas sobre importações de placas de aço chinesas.

Usinas siderúrgicas retomaram a produção, aumentando a demanda por reposição de matéria-prima, acrescentou a Hexun.

Na China, a produção diária de aço bruto das principais empresas siderúrgicas registrou um aumento mensal de 0,8%, para 2,151 milhões de toneladas, enquanto a produção média diária de aço cresceu 4,2% no mês, para 2,037 milhões de toneladas, disse a consultoria chinesa Lange Steel, citando estatísticas da Associação da Indústria de Ferro e Aço da China.

AUTOMOTIVO

IstoÉ Dinheiro - SP   27/02/2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu as tarifas que planeja impor sobre carros – que seriam de 25%, como disse ele anteriormente -, com o argumento de que elas ampliarão fortemente a manufatura de veículos no Estado de Michigan. A postagem feita nesta quarta-feira, na Truth Social, veio após o The Wall Street Journal dizer em editorial que as tarifas prejudicariam a indústria automotiva de Michigan.

“Eles estão tão errados. Na verdade, é exatamente o oposto”, escreveu o republicano, ao dizer que as tarifas já impediram que várias fábricas de montadoras fossem construídas em outros países. “Apenas deixe tudo acontecer e observe”, acrescentou.

Infomoney - SP   27/02/2025

O Ministério Público Federal defendeu que a General Motors do Brasil (GM) promova um recall e pague uma indenização por danos morais coletivos estimada em R$ 2,5 bilhões por supostas falhas no sistema de segurança do Chevrolet Ônix, um dos veículos mais populares do país, produzido entre 2012 e 2018.

Em manifestação enviada à Justiça Federal, os procuradores cobram que o recall dos carros seja realizado gratuitamente para garantir a devida segurança contra eventuais impactos laterais.

A ação foi apresentada à Justiça inicialmente no início de 2020, quando o MPF e o Ministério Público do Estado de Minas Gerais tomaram conhecimento de que o veículo havia sido reprovado em um teste de segurança internacional, segundo o MPF.
O valor cobrado da GM a título de indenização, de R$ 2,5 bilhões, corresponde a um percentual mínimo de 5% do faturamento bruto total obtido com a venda dos veículos Onix desde seu lançamento, conforme o MPF.

Procurada, a empresa não respondeu de imediato ao pedido de comentário.

Segundo o MPF, desde seu lançamento, no final de 2012, até outubro de 2018, a Chevrolet vendeu mais de um milhão de unidades do Onix, obtendo receita de aproximadamente R$ 8,3 bilhões por ano.

Em 2019, conforme o MPF, a performance se repetiu, com o Onix ocupando, pelo quinto ano consecutivo, o posto de veículo mais vendido no Brasil.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Valor - SP   27/02/2025

Resultado positivo veio após três anos consecutivos de contração nas vendas

Os fabricantes de máquinas e equipamentos iniciaram o ano de 2025 com sinais de recuperação. A receita líquida apresentou alta de 19,5% na comparação com o mesmo período de 2024, alcançando R$ 20,5 bilhões, segundo dados da Abimaq (associação do setor) divulgados nesta quarta-feira (26). O resultado positivo veio após três anos consecutivos de contração nas vendas. Em janeiro de 2024, o setor registrou queda de 21,3% na comparação interanual.

Apesar da queda sazonal em relação a dezembro, o desempenho ajustado ainda indicou um crescimento de 7,5% no mês. De acordo com a associação, o avanço no mercado doméstico impulsionou os resultados, com a receita interna atingindo R$ 15,6 bilhões. O valor representa um aumento de 32,3% em relação a janeiro de 2024, quando somou R$ 11,1 bilhões, o pior nível de receita interna para o mês da história do setor, com um recuo de 28% ante o ano de 2023.

A associação afirma que o começo do ano trouxe dados que reforçam a tendência de recuperação do setor, iniciada no segundo semestre de 2024. Em razão dos resultados registrados, a Abimaq prevê crescimento de 3,7% na receita total de vendas em 2025, o que poderia encerrar outra série de três anos consecutivos de queda.

Por outro lado, as exportações do setor sofreram retração, com uma queda de 22,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando US$ 818 milhões. A redução das exportações para os Estados Unidos (- 49,8%) e México (- 51,1%) foi um dos fatores determinantes para essa baixa.

Além disso, a aquisição de máquinas por Singapura –de US$ 90 milhões em 2024 – não se repetiu, sendo responsável por 40% da queda do mês. A tendência de resultados negativos no mercado internacional é observada pelo setor desde o balanço de 2024, quando encolheu 5,7% em relação ao ano de 2023.

Medidas tarifárias de Trump

A diretora executiva de mercado externo da Abimaq, Patrícia Gomes, destaca que a associação ainda vê com incerteza os possíveis impactos das medidas tarifárias do governo Donald Trump para o setor e que mantém contato constante com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Ministério das Relações Exteriores.

“Sabemos que o MDIC está trabalhando em uma lista de potenciais produtos sobretaxados (...). O cenário é de negociação e de entender os pontos mais críticos, para que a gente possa atenuar ou fazer com que a medida não se concretize para as exportações brasileiras”, afirma. A esperança é que haja cotas para o mercado brasileiro em determinados segmentos, como de siderurgia, o que já foi feito pelos EUA no primeiro mandato de Trump.

Já as importações cresceram 19,3% no comparativo anual, atingindo US$ 2,7 bilhões, o maior volume já registrado para um mês de janeiro. O resultado gerou um saldo comercial negativo em US$ 1,9 bilhão em janeiro, com aumento de 54,5% na comparação com o mesmo mês de 2024.

China, a principal fornecedora

A China se consolidou como principal fornecedora, respondendo por 36% das máquinas importadas, seguida da Alemanha (14,1%) e dos Estados Unidos (13,3%). A fatia chinesa das importações já está 32% acima do nível de 2024. Destaca-se que a soma das importações dos Estados Unidos com as da Alemanha, segunda e a terceira principal origem de máquinas para o Brasil, foi de US$ 752 milhões em janeiro, resultado inferior ao chinês, que foi US$ 979 milhões no mesmo período.

“As importações são uma grande preocupação. A gente vê uma série longa de crescimento, e isso significa perdas para o mercado interno”, declara a diretora de competitividade, economia e estatística da Abimaq, Cristina Zanella. Ela relata que o setor vem perdendo competitividade nos últimos anos e que este cenário ainda está longe de ser revertido.

“Custo Brasil”

Zanella aponta que elementos referentes ao chamado “custo Brasil”, como alta taxa de juros e tributação e alto custo de mão de obra e infraestrutura, são fatores que não têm previsão de melhora no curto prazo. “A gente viu um câmbio favorável e, ainda assim, o mercado doméstico não teve a condição de melhorar a participação [no mercado]”, lamenta.

O consumo aparente (soma do que é produzido no país com os importados, descontadas as exportações) do setor somou R$ 33,1 bilhões, crescimento de 37,6% em relação a janeiro de 2024. As importações representam mais de 50% de todo o consumo aparente. “Nível dos mais elevados da história do setor”, destaca Zanella, reforçando a má notícia para o mercado interno.

A Abimaq ressalta que o crescimento do consumo se deu sobre base reduzida, já que o volume de investimentos em máquinas e equipamentos em janeiro de 2024 atingiu patamares semelhantes aos observados durante as crises de 2017 e 2018.

O nível de ocupação da capacidade instalada manteve-se estável, em 74,9%, enquanto o número de empregados no setor aumentou 0,4% em relação a dezembro de 2024, totalizando 400,2 mil trabalhadores. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a alta fica em 2,8%.

CONSTRUÇÃO CIVIL

CNN Brasil - SP   27/02/2025

O presidente da Caixa, Carlos Vieira, disse nesta quarta-feira (26) que a liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) de quem usou saque-aniversário não irá impactar negativamente o financiamento imobiliário pelo Banco.

O presidente Lula assinará na sexta-feira (28) a medida provisória (MP) para a liberação. A projeção do governo é de que sejam disponibilizados para saque R$ 12 bilhões do FGTS — que é a principal fonte para financiamentos de casas populares no Brasil.

Vieira indicou que os recursos bloqueados devido ao saque-aniversário ficam em uma conta a parte daquela reservada ao financiamento imobiliário. Para 2025, o Conselho Curador do FGTS separou R$ 146 bilhões para este fim.

“Do ponto de vista contábil, estes valores [bloqueados pelo saque-aniversário] não fazem parte dos valores definidos pelo Conselho Curador […] Estes valores estão segregados”, disse em entrevista a jornalistas em São Paulo.

O setor da construção civil, por meio do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Renato Correia, indicou que a MP pode comprometer os recursos destinados à habitação e infraestrutura, áreas tradicionalmente financiadas pelo fundo.

De acordo com o governo, os valores serão creditados automaticamente na conta cadastrada no FGTS, em duas etapas. Na primeira, serão liberados até R$ 3 mil.

Se o saldo for superior, o valor restante será liberado em uma segunda etapa, 110 dias após a publicação da MP.

Outra regra definida pelo governo é de que a medida é somente retroativa — ou seja, vai liberar dinheiro do FGTS que já está travado, e não contempla usos futuros do saque-aniversário.

Ou seja, após esse prazo, trabalhadores que optarem pelo saque-aniversário e forem demitidos não poderão acessar o saldo, que ficará retido.

Globo Online - RJ   27/02/2025

A consultoria imobiliária Binswanger está apostando que 2025 será o ano das regiões da Berrini e da Chucri Zaidan no mercado de escritórios de São Paulo. Isso porque, situadas nas chamadas Zonas Descentralizadas, elas estão ainda vazias e especialmente baratas em comparação com áreas disputadas a tapa pelas companhias, sobretudo a Faria Lima.

De acordo com a Binswanger, na média, a diferença dos valores de aluguel pedidos entre as áreas centralizadas e descentralizadas já está em 232%.

"Considerando-se empreendimentos comerciais dos perfis A+ e A, Berrini e Chucri Zaidan têm taxas de vacância de 15,8% e 34,2%, respectivamente, conforme levantamento da Binswanger, ante a disponibilidade média de 12,7% nas Zonas Centralizadas. Os preços médios respectivos pedidos por metro quadrado na Berrini e na Chucri Zaidan são de R$ 82,26 e R$ 97,65, bem abaixo do valor médio da Zona Centralizada, de R$ 179,25", analisa a Binswanger em nota.

Diante da disparidade de preços, a demanda já vem aumentando. Na Berrini, a absorção líquida — diferença entre áreas contratadas e devolvidas — somou quase 30 mil metros quadrados no ano passado. O movimento também aguçou o apetite dos incorporadores, e a previsão de estoque futuro — leia-se: novos prédios — é de 10 mil metros quadrados, incluindo empreendimentos A e A+.

Entre as inquilinas que já estão na região há empresas como Vivo, Via Varejo, Banco Original, WeWork e Zurich.

Na Chucri Zaidan, a absorção líquida foi ainda maior: 67,7 mil metros quadrados em 2024. Mas também há abundância de novos projetos em desenvolvimento, que devem acrescentar 91 mil metros de projetos com padrão A+ na região. Ali, os maiores inquilinos são América Movil, Vivo, BB Seguros, Mapfre, WeWork e Enel.

FERROVIÁRIO

Diário do Aço - MG   27/02/2025

Atualmente, as economias globais bem-sucedidas diversificam suas matrizes de transporte, com investimentos robustos em ferrovias, enquanto o Brasil continua excessivamente dependente do modal rodoviário. A discrepância torna-se evidente quando comparamos a malha ferroviária nacional com a de potências globais - o Brasil possui apenas 30.354 km de ferrovias em operação, já os Estados Unidos superam 250 mil km, e a China, que tem investido massivamente em infraestrutura ferroviária, já ultrapassa 150 mil km.

O governo federal está prestes a lançar o Plano Nacional de Ferrovias, um projeto estratégico que prevê um investimento de R$ 100 bilhões para expandir a malha ferroviária brasileira em aproximadamente 4.700 km. A iniciativa inclui a concessão de cinco novos trechos à iniciativa privada, com o objetivo de modernizar e fortalecer a infraestrutura de transporte do país.

Os principais projetos contemplados no plano são:

- Corredor Leste-Oeste: com cerca de 2.400 km de extensão, conectará a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) à Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico).

- Prolongamento da Ferrovia Norte-Sul: a ferrovia será estendida em 477 km, ligando Açailândia (MA) ao Porto de Vila do Conde (PA).

- Anel Ferroviário do Sudeste: um novo trecho de 300 km interligará Vitória (ES) a Itaboraí (RJ).

- Transnordestina: com a adição de 600 km de trilhos, a ferrovia passará a se conectar à Ferrovia Norte-Sul em Estreito (MA).

- Ferrogrão: prevê a ampliação de 933 km, ligando Sinop (MT) a Itaituba (PA).

No cenário atual, o Brasil, apesar de sua vasta extensão territorial enfrenta um paradoxo logístico: a predominância do transporte rodoviário de cargas. Atualmente, cerca de 65% das cargas brasileiras são transportadas por rodovias.
"Cada vagão ferroviário transporta o equivalente a 2,5 caminhões"

Com essas iniciativas, o governo busca ampliar a participação do modal ferroviário na matriz de transportes, reduzindo a dependência do sistema rodoviário e aumentando a competitividade do setor produtivo brasileiro.

A urgência da mudança - A falta de uma estratégia eficiente e de longo prazo, para diversificar os modais impõe custos elevados em diversas frentes: econômica, ambiental e social. O impacto reflete-se diretamente no custo logístico, que representa cerca de 12% do PIB nacional, reduzindo a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

A transição para o transporte ferroviário é uma necessidade urgente, uma vez que as ferrovias oferecem custos operacionais mais baixos, maior capacidade de carga e menor impacto ambiental.

Para se ter uma ideia, cada vagão ferroviário transporta o equivalente a 2,5 caminhões. Um trem com 100 vagões substitui 357 caminhões, reduzindo significativamente os custos operacionais, descongestionando rodovias e diminuindo as emissões de CO2 em até 90% por tonelada transportada.

A longo prazo, investimentos estratégicos no setor ferroviário diminuiriam os custos logísticos, aumentariam a segurança no transporte de cargas e reduziriam os altos índices de acidentes nas rodovias, os quais atualmente consomem bilhões em recursos públicos. O Brasil precisa, literalmente, voltar para os trilhos para garantir um sistema de transporte mais eficiente, seguro e sustentável.

InfraRoi - SP   27/02/2025

A ViaMobilidade anunciou R$ 1,03 bilhão em investimentos nas Linhas 8 e 9 para 2025. Entre as prioridades está o aporte de R$ 77 milhões na implantação do Sistema Europeu de Controle de Trens (ETCS), tecnologia que permitirá a redução dos intervalos entre composições no futuro, garantindo mais eficiência e agilidade para os passageiros.

Além disso, os recursos serão aplicados na renovação da infraestrutura, incluindo a modernização de estações e sistemas operacionais. O aporte faz parte do plano da plataforma, que prevê um total de R$ 1,57 bilhão em investimentos no setor em 2025. Desde o início da concessão, a ViaMobilidade já investiu R$ 4,1 bilhões na melhoria das Linhas 8 e 9.

Entre as entregas já realizadas, destacam-se a aquisição de 36 novos trens, a troca de mais de 60 quilômetros de trilhos, a construção de três passarelas e a inauguração da mais moderna oficina de manutenção da América Latina.
Investimentos são respostas para problemas, diz ViaMobilidade

Segundo a concessionária, esse esforço tem se refletido na experiência dos passageiros, resultando em um aumento de 12 pontos percentuais na nota da pesquisa contratual de satisfação dos clientes e no avanço de 35 pontos na taxa de qualidade operacional, que chegou a 85%.

No entanto, é preciso relembrar que a ViaMobilidade até chegou a ser investigada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) em 2023 em razão dos serviços prestados nas duas linhas de trem que opera. O laudo do órgão apontava que 48 procedimentos deveriam ser adotados imediatamente para corrigir as falhas operacionais.

Desde que a ViaMobilidade assumiu a operação das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, em janeiro de 2022, foram registrados pelo menos 12 descarrilamentos até janeiro de 2024. O mais recente ocorreu em 24 de julho de 2024, quando um trem da Linha 8-Diamante descarrilou próximo à estação Sagrado Coração após uma frenagem de emergência para evitar o atropelamento de um animal na via.

A concessionária, por sua vez, alega que os problemas decorrem do estado sucateado dos sistemas e trens recebidos no início da concessão. Os investimentos servem para sanar as deficiências apontadas, argumenta a empresa.

NAVAL

Portal Fator Brasil - RJ   27/02/2025

A PortosRio, Autoridade Portuária que administra os Portos do Rio de Janeiro, Itaguaí, Niterói, Angra dos Reis e Forno, alcançou um recorde ao movimentar um total de 76,2 milhões de toneladas em 2024 — um crescimento de 13,9% em relação a 2023. Este resultado, o maior desde o início da série histórica em 2010, conforme dados do Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), representa a evolução mais robusta registrada no período pós-pandemia.

Destaques do Porto de Itaguaí — Consolidado como o segundo maior porto público do país em movimentação, Itaguaí registrou 60,7 milhões de toneladas em 2024, um aumento de 8,8% em comparação com 2023.

O volume de minério de ferro atingiu 54,1 milhões de toneladas, alcançando o maior patamar dos últimos 10 anos, com crescimento de 6,8% em relação ao ano anterior.

Notavelmente, o porto foi responsável pela exportação de 13,6% do volume nacional de minério de ferro transacionado por via marítima, concentrando praticamente toda a exportação dessa commodity nos portos públicos organizados.

Destaques do Porto do Rio de Janeiro — Com uma movimentação de 15,4 milhões de toneladas em 2024, o Porto do Rio de Janeiro apresentou um expressivo crescimento de 39,7% em relação a 2023.

A carga conteinerizada foi o grande destaque, totalizando 11,8 milhões de toneladas – um aumento impressionante de 60,1% no mesmo período.

A movimentação de contêineres, em TEU, atingiu a histórica marca de 1,2 milhão de TEU, representando um crescimento de 70% em relação a 2023.

Francisco Martins, diretor-presidente da PortosRio, atribui os resultados positivos ao comprometimento da equipe e à forte colaboração dos parceiros na cadeia logística de comércio exterior: —Nosso foco em aprimorar a infraestrutura portuária e aumentar a movimentação de cargas tem sido prioridade. Superamos as projeções em cerca de 8,5% e confiamos que o ritmo de crescimento se manterá ao longo do ano, refletindo a capacidade e o potencial dos nossos portos e terminais, além de reafirmar a relevância estratégica da PortosRio no setor portuário brasileiro—.

Panorama Setorial — Além dos resultados expressivos, a movimentação total da PortosRio representa:

16,1% de toda a operação dos portos públicos organizados no Brasil;

5,8% de todo o setor portuário brasileiro, incluindo os portos públicos organizados e os Terminais de Uso Privado (TUPs).

PETROLÍFERO

Valor - SP   27/02/2025

Companhia afirmou que balanço refletiu efeitos não recorrentes, como o impacto da desvalorização cambial e maiores provisões nas despesas operacionais

A Petrobras terminou o quarto trimestre de 2024 com prejuízo líquido de R$ 17 bilhões, revertendo o lucro de R$ 31,04 bilhões apresentado um ano antes. Com isso, a companhia encerrou 2024 com lucro acumulado de R$ 36,60 bilhões, sexto ano consecutivo de lucro, mas queda anual de 70,6%.

O balanço da companhia refletiu efeitos não recorrentes, como o impacto da desvalorização cambial e maiores provisões nas despesas operacionais, compensados parcialmente por menos imposto de renda e contribuição social. Desconsiderando os eventos exclusivos, a Petrobras teria registrado o lucro de R$ 17,7 bilhões.

A receita de vendas da estatal somou R$ 121,27 bilhões no trimestre, queda de 9,7%, ante a receita de R$ 134,26 bilhões do mesmo intervalo de 2023.

O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado teve redução de 38,7% no trimestre, para R$ 40,97 bilhões, ante os R$ 66,85 bilhões do período de outubro a dezembro do ano anterior.

No acumulado do ano, a receita caiu 4,1%, para R$ 490,83 bilhões. O Ebitda ajustado recuou 18,2% no ano passado, para R$ 214,42 bilhões.

A companhia encerrou o quarto trimestre com resultado financeiro líquido negativo de R$ 34,93 bilhões, número mais de 22 vezes pior que o registrado no terceiro trimestre de 2024, que foi negativo em R$ 1,56 bilhão, e revertendo o saldo positivo de R$ 1,37 bilhão no quarto trimestre de 2023.

A piora no resultado é explicada pelo impacto de R$ 31,20 bilhões em variações monetárias e cambiais, que havia sido positivo em R$ 3,63 bilhões um ano antes.

A receita financeira alcançou R$ 2,54 bilhões, uma queda de 6,7% na comparação com o período de julho a setembro, e recuo de 12,8% ante o quarto trimestre de 2023. O recuo da receita ocorreu com menor receita de aplicações financeiras e títulos públicos.

A despesa financeira da empresa aumentou 28,4% na comparação trimestral e subiu 21% na anual, para R$ 6,27 bilhões. A elevação no trimestre foi devido às maiores despesas com financiamentos, arrendamentos, encargos financeiros capitalizados, atualização financeira da provisão de desmantelamento e outros efeitos pontuais.

A Petrobras encerrou o quarto trimestre com R$ 49,98 bilhões em caixa, um montante 38,4% inferior aos R$ 81,07 bilhões do terceiro trimestre do ano passado.

Carta da presidente

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que a diferença no lucro da companhia do quarto trimestre de 2024 se deve a questões contábeis que não afetam o caixa: “A variação cambial das dívidas entre a Petrobras e suas subsidiárias no exterior.”

Em mensagem que acompanhou a divulgação dos resultados, a presidente da Petrobras reforçou que a estatal cumpriu as metas de produção de óleo e gás em 2024: “Toda gota de óleo que gera lucro para a companhia importa”. Conforme a executiva, a realização de metas de produção é importante para maximizar a geração de valor.

Magda Chambriard também disse na carta que a Petrobras continuará a buscar a reposição de reservas de petróleo e gás, com destaque para a Margem Equatorial e a Bacia de Pelotas.

Quanto à entrada no mercado de etanol, intenção anunciada no fim do ano passado no âmbito do plano estratégico, Chambriard disse que a Petrobras tem avançado nos estudos de parcerias com grandes companhias.

Investimentos

A Petrobras investiu US$ 5,73 bilhões no quarto trimestre, 61,1% maior na comparação com o mesmo período de 2023, principalmente devido aos maiores gastos nos novos sistemas de produção do Campo de Búzios e demais projetos de pré-sal.

Do montante, US$ 4,9 bilhões foram destinados à exploração e produção: US$ 2,8 bilhões foram utilizados para o desenvolvimento da produção do polo pré-sal da Bacia de Santos; US$ 900 milhões foram referentes à produção de pré-sal na Bacia de Campos; e mais US$ 3 milhões foram em investimentos exploratórios gerais.

Além disso, a companhia destinou US$ 538 milhões para investimentos em refino, transporte e comercialização, enquanto US$ 129 milhões correspondem a investimentos em gás e energias de baixo carbono.

Endividamento

O endividamento líquido da Petrobras chegou a US$ 52,24 bilhões no fim de dezembro, alta de 18,1% ante o endividamento do fim de setembro, de US$ 44,25 bilhões. Em dezembro de 2023, a dívida havia chegado a US$ 44,7 bilhões.

Com o resultado, a alavancagem financeira - medida pela relação entre dívida líquida e resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado - chegou a 1,29 vez, ante 0,95 vez no fim de setembro e 0,85 vez em dezembro de 2023.

Em reais, a dívida líquida da estatal atingiu R$ 304,73 bilhões (conforme o câmbio encerrado nesta quarta-feira) no quarto trimestre, ante R$ 214,55 bilhões no fim de dezembro de 2023.

TN Petróleo - RJ   27/02/2025

A PPSA bateu recorde na comercialização do gás natural da União em janeiro, com 436 mil m³/dia negociados em seis contratos com a Petrobras. O resultado é praticamente o triplo da média anual registrada em 2024, de 157 mil m³/dia. Segundo Guilherme França, superintendente de comercialização da empresa, o maior percentual da União na produção do campo de Sépia e a entrada em operação da Rota 3, que conecta o pré-sal da Bacia de Santos ao polo Gaslub, antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, são os principais responsáveis pelo crescimento dos volumes comercializados em janeiro.

"Já havíamos exportado o gás natural da União de Sépia, porém de forma intermitente. Com a inauguração da Rota 3, passamos a ter um canal permanente para o escoamento do gás natural deste campo. Até o final de março, também esperamos o início da produção de gás natural de Atapu, aumentando assim a exportação de gás natural da União disponível para comercialização", disse França.

Atualmente, a União detém participação na produção de gás natural dos campos de Búzios, Tupi, Sapinhoá, Sépia, Tartaruga Verde, Brava/Espadim. Toda a produção é comercializada diretamente para a Petrobras. A PPSA trabalha para alterar esse modelo ao longo deste ano.

Em 2024, o CNPE, por meio da Resolução nº 11, autorizou a empresa a contratar, junto às estruturas existentes, o escoamento e o processamento do volume do gás natural que cabe à União. Está em curso uma negociação com a Petrobras para assinar os contratos de adesão ao Sistema Integrado de Escoamento (SIE) de gás natural – composto por gasodutos de escoamento marítimos intitulados Rotas 1, 2 e 3 – e o Sistema Integrado de Processamento (SIP). A partir da adesão, a PPSA poderá avançar na cadeia de comercialização do gás natural da União e oferecer o gás diretamente ao mercado.

A empresa já está trabalhando na formatação do 1º Leilão de Gás Natural da União, previsto para ocorrer no segundo semestre deste ano. Na ocasião, deverão ser comercializados, na saída do Sistema de Escoamento, os volumes de gás natural oriundos da participação da União nos contratos de partilha de Búzios, Sapinhoá, Sépia e Atapu e dos AIPs de Tupi e Atapu.

Valor - SP   27/02/2025

Em publicação na Truth Social, o presidente dos EUA disse que a concessão feita pelo governo de Joe Biden, que expira no dia 1º de março, não será renovada

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (26) que planeja revogar uma licença de operação para que petroleiras americanas operem na Venezuela. Ele se referiu a um acordo de concessão de novembro de 2022, que coincidiria com a data em que a Chevron recebeu uma licença para produzir e vender petróleo na Venezuela — apesar das sanções contra o contestado governo de Nicolás Maduro.

A Chevron é essencial para a economia da Venezuela — e Trump, que não mencionou o nome da empresa, sabe disso.

A medida intensifica as restrições dos EUA a Caracas após uma eleição contestada, em julho, e a repressão abrangente aos oponentes políticos de Maduro. Perder a Chevron seria um revés para a recuperação econômica na Venezuela, que ampliou a produção de petróleo acima de 1 milhão de barris por dia com a ajuda da empresa.

“Estamos revertendo as concessões que ‘Crooked’ (‘torto’, em inglês) Joe Biden deu a Nicolás Maduro, da Venezuela, no acordo de transação de petróleo, datado de 26 de novembro de 2022, e também tendo a ver com as condições eleitorais na Venezuela, que não foram cumpridas pelo regime de Maduro”, escreveu Trump em uma postagem nas redes sociais.

O governo dos EUA tomou uma decisão "prejudicial e inexplicável" sobre a licença da Chevron para operar no país, disse, em comunicado, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez.

Os títulos em dólar da Venezuela e sua empresa estatal de petróleo caíram para a mínima do dia com o anúncio, de acordo com dados indicativos de preços coletados pela Bloomberg.

Para a Chevron, a revogação marca a interrupção na história centenária de sua exploração de petróleo na Venezuela, ao longo da qual sofreu convulsões políticas, golpes militares, agitação civil e colapso econômico. As ações da Chevron caíram menos de 1% na Bolsa de Nova York.

A Chevron é a única grande produtora de petróleo dos EUA operando na Venezuela e estava produzindo mais de 200.000 barris por dia de sua cota de empreendimentos no país em meados de 2024. O governo Biden concedeu à Chevron uma gama mais ampla de produção e vendas de petróleo a partir de 2022, mas a empresa disse que não estava comprometendo capital adicional devido à natureza de curto prazo de sua licença.

Os esforços da empresa na Venezuela foram focados principalmente no reparo de poços e instalações e na recuperação de dívidas contraídas pela petrolífera estatal.

Infomoney - SP   27/02/2025

A PetroRecôncavo (RECV3) e a Brava Energia (BRAV3) anunciaram, na terça-feira (25), a assinatura de um aditivo ao contrato de venda de petróleo extraído da bacia Potiguar. O novo acordo estende a parceria entre as empresas por mais 24 meses e traz mudanças nos critérios de precificação e volume comercializado.

Entre as alterações, está o aumento dos descontos aplicados ao preço do petróleo vendido e a introdução de uma parcela de preço variável, atrelada à oscilação dos spreads de querosene de aviação (QAV) e óleo diesel marítimo (MGO). No mercado de petróleo e derivados, “spreads” representam a diferença entre o preço dos produtos refinados e o custo do petróleo bruto usado para produzi-los, sendo influenciados por fatores como oferta e demanda, custos logísticos e variações no mercado global de energia.

Além disso, o acordo estabelece um volume mínimo de compra e venda correspondente a 45% da produção da PetroRecôncavo na região. No entanto, esse compromisso dependerá do cumprimento de critérios de desempenho por parte da Brava, garantindo uma relação comercial com maior previsibilidade para ambas as companhias.
Com as novas condições, a PetroRecôncavo enfrenta um ambiente menos favorável em termos comerciais, já que os descontos fixos aplicados ao Brent aumentam em 25% para o transporte dutoviário e 32% para o modal rodoviário. O Brent é um dos principais tipos de petróleo de referência no mercado global, usado como base para precificar o petróleo produzido em diversas regiões do mundo. Na prática, os analistas dizem que isso significa uma redução no preço efetivo recebido pela empresa pela venda de seu petróleo.

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O Goldman Sachs estima que essa mudança deve resultar em um desconto adicional de cerca de US$ 2 por barril, o que pode afetar o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia no curto prazo. O Itaú BBA também avalia que a piora nas condições comerciais pode pressionar os resultados da empresa.

Outro fator de risco para a PetroRecôncavo é a nova estrutura de precificação, que adiciona uma parcela de preço baseada na flutuação dos spreads do QAV e MGO. Essa mudança transfere parte da volatilidade dos produtos refinados para a empresa, o que pode aumentar a imprevisibilidade das receitas.

Como a produção da PetroRecôncavo na bacia Potiguar representa cerca de 30% do total da companhia, essa nova dinâmica pode trazer mais oscilações nos resultados financeiros. O Itaú BBA diz que ainda há pouca visibilidade sobre os efeitos compensatórios desse modelo de preços.

Apesar desses pontos negativos, a empresa garante a venda de pelo menos 45% de sua produção na bacia Potiguar por meio do contrato com a Brava. Esse compromisso reduz riscos relacionados ao escoamento do petróleo e melhora a previsibilidade de parte da receita, segundo os estrategistas.

No entanto, o Goldman Sachs pondera que ainda resta a incerteza sobre o destino dos 55% restantes do volume produzido, que precisarão ser vendidos em outras condições de mercado. Caso a PetroRecôncavo consiga negociar esses volumes com descontos menores, pode haver uma compensação parcial para a perda nas margens dos barris vendidos à Brava.

Para a Brava Energia, o novo contrato tende a ser positivo, dizem os analistas. A empresa assegura o suprimento de petróleo para sua refinaria Clara Camarão e reduz a exposição à volatilidade dos spreads de refino. Além disso, a ampliação do desconto fixo no preço de aquisição do petróleo reduz seus custos de produção, o que pode fortalecer suas margens operacionais.

A Brava também se comprometeu a viabilizar a recepção de caminhões bi-trem e fornecer um armazenamento mínimo de 9 mil m³ para a PetroRecôncavo a partir do quarto trimestre de 2025, o que pode gerar eficiências logísticas para ambas as partes.

No mercado financeiro, as casas de análise divergem nas recomendações. O Goldman Sachs manteve a classificação neutra para ambas as empresas, com preço-alvo de R$ 23,80 para RECV3 e R$ 27,40 para BRAV3, citando os riscos e incertezas atrelados ao novo contrato. Já o Itaú BBA reiterou sua avaliação positiva para a PetroRecôncavo, com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) e preço justo estimado em R$ 32 para o final de 2025. A instituição vê valor na maior flexibilidade operacional que o contrato pode trazer, embora reconheça que as condições comerciais ficaram menos atrativas.

RODOVIÁRIO

O Estado de S.Paulo - SP   27/02/2025

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu por abrir mão da análise prévia sobre a construção do túnel Santos-Guarujá, dando sinal verde para a continuidade do processo de contratação liderado por projeto estadual já aprovado em São Paulo.

Conforme o acórdão submetido ao plenário do TCU nesta quarta-feira, 26, ao qual Estadão/Broadcast teve acesso, a dispensa de análise prévia não se estende para o controle externo do TCU sobre a aplicação de recursos públicos da União.

O relator do caso, ministro Bruno Dantas, escreveu em seu voto que, “em deferência à consensualidade obtida entres os entes federados por meio do convênio de delegação de competências, é razoável atenuar a participação do TCU neste momento inicial de lançamento de projeto e definição de atribuições”.

Dantas ponderou o TCU poderá exercer controle externo sobre o empreendimento de maneira concomitante, posterior ou conjunta com o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP). “É dizer, remanescem incontestes a competência e a jurisdição do TCU in casu, por envolver instrumento jurídico subscrito pela União, participação de órgãos federais e aplicação futura de recursos da União na aludida PPP”, afirmou.

O Estadão/Broadcast apurou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se envolveu pessoalmente nas tratativas com os ministros da Corte de Contas para obter a decisão nos moldes desejados pelo seu governo.

Segundo interlocutores do TCU, o Palácio do Planalto também ajudou a viabilizar esse entendimento, que permite, por exemplo, que o edital de concessão do túnel seja realizado nesta quinta-feira, 27. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará da cerimônia em Santos com Tarcísio e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

O projeto do túnel imerso ligando os municípios será executado por meio de parceria público-privada (PPP), com valor de investimento estimado em R$ 5,96 bilhões. Desse valor, R$ 5,13 bilhões serão divididos entre os governos de SP e o federal. O restante será da concessionária que vencer o leilão previsto para ser realizado em agosto. A futura empresa será responsável pela construção, operação e manutenção do ativo.

Incluído no Novo PAC, o túnel será a maior obra do programa federal. Atualmente, mais de 21 mil veículos cruzam diariamente as duas margens utilizando balsas e catraias, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres. Com a nova estrutura, a travessia será feita em poucos minutos, reduzindo filas e otimizando o fluxo logístico do Porto de Santos.

Toda a estrutura terá 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersa. Haverá três faixas de rolamento por sentido, com uma delas para a passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O túnel também terá acesso para travessia de pedestres e ciclistas. A previsão é de que as obras sejam iniciadas ainda neste ano.

Valor - SP   27/02/2025

Consórcio da 4UM e da Opportunity deverá conquistar concessão em Rondônia

O governo federal realiza nesta quinta-feira (27) o leilão da concessão rodoviária da Rota Agro Norte, que inclui o trecho da BR-364 entre Porto Velho e Vilhena, em Rondônia. O consórcio formado pelas gestoras 4UM e Opportunity foi o único a entregar proposta pelo ativo e deverá conquistar o contrato.

O projeto, de 687 km, prevê investimentos de R$ 6,35 bilhões, que incluem cerca de 108 km de duplicações e 191 km de faixas adicionais. Também foram estimados outros R$ 3,9 bilhões em custos operacionais para os 30 anos de contrato. A taxa de retorno do contrato é de 11,17%.

O critério de disputa do leilão seria o maior desconto sobre o pedágio - porém, como há apenas um interessado, a expectativa é de um lance mínimo. A tarifa básica máxima fixada no edital é de R$ 0,19115 por km.

O principal atrativo do lote, segundo os estudos, é a demanda de carga do setor agropecuário. O trecho licitado faz parte do corredor rodoviário que liga o Centro-Oeste ao porto da capital Porto Velho, no rio Madeira.

A 4UM fez sua estreia no setor rodoviário em agosto de 2024, com a vitória no leilão da BR-381 em Minas Gerais, a chamada Rodovia da Morte. A gestora, antiga J.Malucelli, formou um fundo de investimentos que, além da família Malucelli, tem como cotistas as famílias Salazar, Federmann e Backheuser, donas das construtoras Aterpa, Senpar e Carioca Engenharia, respectivamente.

Já a Opportunity deverá conquistar seu primeiro projeto do setor nesta quinta, com a Rota Agro Norte. No ano passado, a gestora passou a disputar diversos leilões rodoviários. O grupo chegou a concorrer contra a 4UM no leilão da BR-381, sem sucesso. Depois disso, as duas empresas se associaram e participaram em consórcio de outras duas licitações de rodovias federais, da Rota dos Cristais (BR-040 entre Minas Gerais e Goiás) e do Lote 3 do Paraná, mas, nos dois casos, saíram perdedoras das competições.

Este leilão rodoviário será o primeiro de 2025 - a primeira concorrência teria sido a da ponte binacional São Borja-São Tomé, em janeiro, mas a licitação foi suspensa pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e teve de ser remarcada para abril.

Na avaliação de fontes do governo, o fato de apenas um grupo ter entregado proposta não é um sinal de alerta para as futuras licitações - só no portfólio federal, o plano é fazer 15 leilões neste ano. Uma delas afirma que o lote era desafiador e que inicialmente havia cinco companhias estudando o projeto. Duas delas, diz a fonte, pediram adiamento do leilão para participarem, o que não foi aceito pela equipe.

No mercado também já havia uma percepção de que a Rota Agro Norte não atrairia muita concorrência, devido ao cenário macroeconômico turbulento dos últimos meses, ao extenso portfólio de leilões rodoviários no país e ao perfil específico deste lote. “O fato de ser um trecho em Rondônia, uma região longe dos grandes centros, e em uma via nunca antes concedida, sem histórico consolidado de tráfego, traz desafios ao projeto. Na situação desafiadora em que país está, conseguir um interessado reconhecido no mercado é uma vitória para o governo”, avalia Rodrigo Campos, sócio do Vernalha Pereira Advogados.

Exame - SP   27/02/2025

O Ministério dos Transportes realiza nesta quinta-feira, 27, o leilão da BR-364/RO, entre Porto Velho e Vilhena, em Rondônia, na fronteira com o Mato Grosso. É a primeira vez que uma rodovia federal da região Norte do Brasil será leiloada. O certame ocorre às 14h na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, com transmissão ao vivo pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

De acordo com a pasta, o critério do leilão será o maior desconto sobre a tarifa de pedágio prevista no edital.

Leilão da Justiça Federal tem imóveis e veículos em SP com descontos de até 50%Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad47% dos compradores em leilões de imóveis tem pretensão de morar, aponta pesquisa

"É uma BR fundamental, que permite escoar a produção de Rondônia para a hidrovia do Rio Madeira e depois descer novamente em direção aos portos que acessam o oceano Atlântico e também escoar parte da produção do Mato Grosso, que é um estado super produtivo no agro brasileiro", disse o ministro dos Transportes, Renan Filho, em evento nesta semana na B3 sobre concessões e Parceria Páublico-Privadas (PPPs).

O titular da pasta volta à Bolsa de Valores nesta quinta para o primeiro leilão do ano. O projeto, com extensão de 686,7 quilômetros, é considerado inédito em termos de concessão e apoia-se em uma modelagem orientada para a rota do agronegócio

A expectativa é de que a safra deste ano movimente de 15 a 16 milhões de toneladas na hidrovia – volume que, originalmente, estava projetado para ser alcançado somente em 2030-2031. De acordo com o Ministério dos Transportes, o projeto tem previsão de R$ 10,2 bilhões em investimentos.

Como mostrou a EXAME, o governo federal pretende conceder 15 rodovias ao longo deste ano para o setor privado, em leilões que devem movimentar R$ 161 bilhões de investimentos ao longo dos contratos.

Rodovias, ferrovias, 'antídoto' para o câmbio: a agenda de R$ 160 bi do Ministério dos Transportes
Investimento em rodovias gera efeito multiplicador de cinco vezes na economia, diz ministro

Se alcançar a meta, o Ministério dos Transportes espera um novo recorde de investimentos em concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs) em rodovias.

Já em 2024, o Brasil superou os valores de 2014, até então o ano de maior volume de investimentos. De acordo com Renan Filho, foram R$ 259 bilhões investidos, um aumento de R$ 20 bilhões em relação à marca anterior, apesar da redução do investimento público, que caiu de R$ 95 bilhões para R$ 62 bilhões.

Durante evento nesta segunda, 24, o chefe dos Transportes destacou o impacto desse crescimento, enfatizando a importância das rodovias como impulsionadoras da economia.

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

"Para cada real que se coloca na duplicação de uma rodovia, a iniciativa privada investe outros cinco reais na economia real. Isso tem uma externalidade muito positiva e ajuda a impulsionar o desenvolvimento do Brasil", afirmou.

"Ganha-se uma pousada, cresce o turismo, facilita-se o escoamento da produção, aumenta a competitividade do Brasil e permite exportação com preços melhores, garantindo ganho de mercado internacional para o país", listou Filho.

Renan Filho destacou que o governo também tem trabalhado na resolução de contratos de concessão rodoviária em desequilíbrio, que impactavam a credibilidade do setor.

Obras paradas devido a custos subestimados, aumento no preço do petróleo ou redução da demanda durante a pandemia estão sendo reavaliadas e levadas a novos leilões como contratos de "otimizações", permitindo que agentes privados possam oferecer investimentos com menores custos para quem receberá o serviço.

Segundo o ministro, o país possui hoje "o maior pipeline de projetos para infraestrutura do mundo", podendo contratar mais de R$ 300 bilhões apenas em rodovias. Um dos fatores também, diz ele, é o aumento das debêntures incentivadas, que saltaram de R$ 3 bilhões em 2023 para R$ 18 bilhões em 2024.

"Resultado de mudanças defendidas pelos Ministérios da Fazenda e dos Transportes e aprovadas pelo Congresso Nacional. O apoio do BNDES e do TCU tem sido fundamental para estruturar essa carteira de investimentos e fortalecer a infraestrutura nacional", disse Renan Filho.

O governo também deve apresentar em breve um novo Plano Nacional para o Desenvolvimento Ferroviário.

AGRÍCOLA

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   27/02/2025

O levantamento inédito vai traçar um panorama detalhado do mercado de máquinas agrícolas no Brasil, trazendo uma visão estratégica sobre os desafios e as oportunidades do setor.

O Panorama Setorial – Máquinas Agrícolas no Brasil será realizado pela [BIM] – Boschi Inteligência de Mercado, consultoria especializada nos setores de veículos pesados, agrícola e construção, que agora anuncia oficialmente a iniciativa.

Por meio de uma extensa coleta de dados sobre o mercado brasileiro de máquinas agrícolas, esse estudo pioneiro visa elucidar as realidades e as necessidades específicas de cada região e cultura, proporcionando insights e uma visão estratégica para todo o ecossistema do setor agroindustrial.

“Trata-se de um projeto que vai se destacar pela sua abrangência e profundidade, permitindo análises segmentadas por região, cultura, tamanho de propriedade e perfil dos agricultores”, afirma Gregori Boschi, sócio da [BIM] – Boschi Inteligência de Mercado.

“Com foco em máquinas agrícolas autopropelidas (tratores, colheitadeiras e pulverizadores), o levantamento trará informações exclusivas sobre o tamanho da frota circulante, idade média das máquinas, planejamento de troca, hábitos de pós-venda, tendências tecnológicas, além do comportamento de compra de todo o mercado nacional, por tipo de cultura, tamanho de propriedade, gênero e idade”.

A ferramenta visa apoiar o planejamento estratégico, não apenas de montadoras e fornecedores de peças, mas também de concessionárias, locadoras de máquinas, metalúrgicas, institutos de pesquisa, consultorias, instituições financeiras e associações de classe.

Os dados coletados contemplarão as cinco macrorregiões brasileiras, segmentados por estados e culturas agrícolas como soja, milho, cana-de-açúcar, algodão, café, feijão e arroz. Serão entrevistados decisores e influenciadores de propriedades rurais, cooperativas agrícolas e locadoras de máquinas, permitindo um entendimento detalhado sobre as especificidades de cada público e região do País.

Com isso, os resultados preencherão uma lacuna de informações essenciais, atendendo a um amplo leque de atores, consolidando-se como referência para empresas do setor, influenciadores e tomadores de decisão.

Com entregas precisas e inéditas, o objetivo da [BIM] é consolidar esse projeto como uma referência essencial para o mercado brasileiro, oferecendo dados confiáveis para decisões estratégicas, além de promover o desenvolvimento do agronegócio nacional.

Em fase de desenvolvimento, a previsão de conclusão da pesquisa está prevista para julho deste ano.

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