Clipping Diário

30 | Setembro | 2024

SIDERURGIA

Investing - SP   30/09/2024

O candidato republicano à presidência, Donald Trump, deve reafirmar hoje seu compromisso de impedir a aquisição pretendida da U.S. Steel pela Nippon Steel em um comício na Pensilvânia. De acordo com uma prévia de seu discurso, Trump enfatiza sua posição contra o acordo, ressaltando sua abordagem protetora em relação à indústria americana.

Em seu próximo discurso, espera-se que Trump detalhe sua posição sobre a transação proposta, que veria o gigante japonês do aço Nippon Steel assumindo o controle da icônica empresa americana U.S. Steel. A promessa faz parte da narrativa mais ampla da campanha de Trump, que se concentra em proteger as empresas dos EUA de aquisições estrangeiras.

As declarações planejadas de Trump ressoam com sua política de longa data de promover os interesses das empresas americanas, uma pedra angular de sua administração anterior e das promessas atuais de campanha. Sua determinação em bloquear este acordo em particular reflete seu compromisso com esses princípios enquanto ele concorre à presidência.

O comício na Pensilvânia, um estado com uma rica história na indústria siderúrgica, é uma escolha estratégica para Trump anunciar tal promessa. É uma oportunidade de se conectar com eleitores em uma região que poderia ser diretamente afetada pelo resultado da aquisição.

A aquisição tem sido um ponto de interesse no mundo dos negócios, sendo a U.S. Steel um jogador significativo na indústria siderúrgica americana. O anúncio de Trump provavelmente atrairá a atenção de investidores e observadores da indústria que estão ansiosos para entender o potencial impacto das decisões políticas sobre negócios.

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À medida que a corrida presidencial continua, a declaração de Trump hoje é uma indicação das políticas que ele pretende seguir se eleito, com um foco claro na proteção das indústrias domésticas da concorrência estrangeira.

ECONOMIA

IstoÉ Dinheiro - SP   30/09/2024

A inflação nos Estados Unidos desacelerou nos 12 meses terminados em agosto a 2,2%, segundo o índice PCE publicado nesta sexta-feira(27) pelo Departamento de Comércio, uma boa notícia para o governo de Joe Biden a poucas semanas das eleições presidenciais.

O PCE é o índice mais seguido pelo Federal Reserve. A inflação na comparação anual do mês de julho foi 2,5%. O banco central dos EUA iniciou em setembro um ciclo de cortes nas taxas de juros para tornar o crédito mais barato, em um contexto de desaceleração do aumento dos preços.

Os dados foram um pouco melhores do que o esperado, já que os analistas previam 2,3%, segundo o consenso do MarketWatch.

Os aumentos de preços registrados há vários anos nos Estados Unidos têm afetado muitos outros países do mundo e estão entre as principais preocupações dos eleitores, que terão de escolher entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump no próximo dia 5 de novembro.

“A inflação reduziu a 2,2%, um nível semelhante ao anterior à pandemia, em um contexto de queda das taxas de juros, reduzindo assim o custo para a compra de imóveis e veículos ou para administrar uma pequena empresa”, elogiou Biden em um comunicado.

O Fed quer reduzir a inflação para 2% em termos anuais, um nível considerado saudável para a economia.

No entanto, a inflação subjacente, que exclui os preços mais voláteis, como os alimentos e a energia, subiu para 2,7% na medição de 12 meses, em comparação com 2,6% em julho.

Este é o primeiro aumento do núcleo da inflação “desde janeiro de 2023”, destacou John Choong, analista da Investors Edge.

“A inflação do PCE desacelerou para 2,2%, perto da meta de 2% do Fed”, mas a recuperação do índice subjacente “mostra que as pressões inflacionárias persistem, particularmente na habitação e nos serviços”, disse Anita Wright, do Bolton James.

Outro índice de inflação, o IPC, que reajusta as pensões, caiu em agosto para o seu nível mais baixo desde fevereiro de 2021, a 2,5% interanual.

– Eleições na porta –

Na comparação mensal do PCE, a inflação geral e subjacente caiu para 0,1% frente a 0,2% em julho.

A renda das famílias, valor acompanhado de perto pelo mercado, subiu 0,2% em agosto frente a 0,3% em julho. As despesas aumentaram 0,2% frente a 0,5% no mês anterior.

A confiança dos consumidores na economia dos EUA melhorou em setembro, anunciou nesta sexta-feira a Universidade do Michigan. Os americanos estão “plenamente conscientes de que a inflação continua em queda”, disse a diretora de pesquisas, Joanne Hsu.

No entanto, “muitos consumidores continuam dizendo que suas expectativas dependem dos resultados das próximas eleições”, disse.

– O futuro das taxas –

Há 10 dias, o Fed fez seu primeiro corte de taxas desde 2020, uma redução significativa, de meio ponto percentual. Seu presidente, Jerome Powell, indicou que trata-se de um “começo”.

Embora o Fed seja independente do governo, sua decisão foi interpretada pela campanha de Donald Trump como um impulso a Kamala Harris, que comemorou “boas notícias” para os americanos.

O banco central, que tem a dupla função de controlar a inflação e manter o pleno emprego, agora se concentra em garantir que o mercado de trabalho não decline.

O Fed se reunirá logo após as eleições, nos dias 6 e 7 de novembro.

O Estado de S.Paulo - SP   30/09/2024

A maior parte das plateias nos eventos celebrando os 30 anos do Plano Real é composta de jovens. Eles não viveram a hiperinflação, mas lembram em incrível detalhe. Como é possível?

São as histórias da mesa de jantar, as que os pais, ou avós, contam para as crianças mostrando fotos antigas. Assim se organiza a memória.

Os relatos são parecidos e podem ser divididos em dois grupos: os de assalariados e os de comerciantes.

Os primeiros relatam às famílias o pânico de receber o salário e correr para o supermercado antes de o dinheiro derreter.

Os comerciantes relatam o pânico de vender e não conseguir recomprar mercadorias para continuar seu negócio. Trinta anos depois, não dá nem para imaginar, mas vamos tentar: imagine um comércio que tenha mil itens à venda, inflação média na faixa entre 30% ou 35% ao mês, e dois funcionários remarcadores, com capacidade para etiquetar 50 produtos por dia.

Não há código de barras, os remarcadores refazem as etiquetas com uma pistola com jeito de National Kid, que prega etiquetas em um produto de cada vez. Em 10 dias, dois pistoleiros conseguem remarcar todo o estoque, portanto, em um mês típico, cada produto é remarcado três vezes, com reajustes na faixa de 10%.

Os clientes facilmente entendem essa lógica e quando recebem seus salários correm para o supermercado para procurar os produtos do nono dia, aqueles prestes a serem remarcados, exatamente os que o pistoleiro vai pegar naquele dia.

Se os clientes conseguem, vão fazer uma bela economia, mas se todos conseguirem o supermercado vai perder, e vai demitir o gerente, ou vai ser uma quitanda a quebrar, e uma família de comerciantes a perder seu ganha-pão.

Claro que os comerciantes percebem o que as famílias fazem e se preparam. Geralmente contratam mais pistoleiros e dão reajustes mais carregados.

Se todos fazem isso, a inflação acelera, e tudo fica pior. Todo mês é uma aventura. As famílias às vezes levavam as crianças para correr na frente do pistoleiro. Talvez mais lenda do que fato, mas as crianças cultivaram essa lembrança.

As donas de casa treinadas nesse ambiente não tiveram nenhuma dificuldade em entender a URV. Muitas dessas crianças foram estudar economia, administração ou foram empreender. Os gerentes e comerciantes que sobreviveram fizeram carreira e se tornaram CFOs de multinacionais.

Mas, na maior parte dos casos, a hiperinflação foi uma tragédia. Os que tiveram sorte têm a responsabilidade de alimentar essa memória e trabalhar para que a desgraça da inflação não retorne.

O Estado de S.Paulo - SP   30/09/2024

A China anunciou em 24/9 mais um pacote de estímulo à sua economia, desta vez com coletiva de imprensa de várias autoridades econômicas, incluindo o presidente do Banco do Povo da China (BC do país), Pan Gongsheng.

O pacote veio acima das expectativas do mercado. Assim, houve um efeito positivo sobre os ativos chineses. Foram medidas monetárias de cortes de juros e liberação de compulsórios, de apoio ao combalido mercado imobiliário chinês e de suporte governamental ao mercado acionário.

Laura Pitta, economista do Itaú com foco em China, diz que o pacote surpreendeu positivamente pela abrangência de cortes de juros e em termos de setores, como as medidas direcionadas aos mercados imobiliário e acionário.

"Ainda assim", prossegue a analista, "o pacote não foi um 'game-changer' [que provoca 'mudança no jogo] e mantemos nossa projeção de crescimento da China de 4,8% este ano".

Essa taxa seria inferior à meta de 5% do governo chinês, e o consenso de mercado está até um ou dois décimos de ponto porcentual abaixo da projeção do Itaú, acrescenta a analista. É por isso que o governo chinês está preocupado e lançando mais um pacote de estímulo.

"O problema é que, em termos da dinâmica de crescimento da China agora, o monetário não adianta muito", aponta a analista.

Ela observa que o "estilo" de crescimento chinês no momento é muito voltado às exportações, manufaturas e para o lado da oferta. Esse padrão vem funcionando no pós-pandemia e ajudou a sustentar o crescimento em torno de 5%, mas a demanda doméstica está extremamente fraca, segundo a analista.

O setor imobiliário ainda está em processo de ajuste desde a eclosão da crise aguda em 2021. E o consumo e o emprego, prossegue Pitta, "estão muito, muito fracos".

Para a economista, o "game changer" seria se o governo fizesse mais estímulo fiscal. As medidas pelo lado monetário ajudam, mas não são solução efetiva para o problema.

A projeção de crescimento chinês do Itaú, ligeiramente acima do consenso de mercado, deve-se em parte, segundo Pitta, ao fato de que o governo está acelerando medidas de estímulo fiscal anunciadas no primeiro semestre - mas que não foram inteiramente "entregues". Essas medidas estão ligadas à expansão de emissões dos governos locais (principalmente) e do governo central.

Ela nota um padrão parecido de atividade econômica e de reação das autoridades econômicas em 2023 e 2024, mas por motivos diferentes. Em ambos os anos, o primeiro semestre foi muito forte: em 2023, pela reabertura da economia pós-Covid na virada inicial de ano; em 2024, pelo bom desempenho de exportações e manufaturados.

Em ambos os anos, esses primeiros semestres fortes levaram os 'policymakers' a serem mais cautelosos nos estímulos, de acordo com a analista.

"Se não estou precisando, por que vou tomar o remédio?", resume Pitta.

Mas tanto em 2023 como em 2024, alguns pilares de crescimento foram afetados na virada do primeiro para o segundo semestre. Em 2023, foi o enfraquecimento do boom pós-reabertura, que levou a medidas de estímulo; em 2024, a desaceleração mais forte em meados do ano atingiu o setor de infraestrutura, diretamente ligado a estímulos fiscais. Daí porque, a partir de junho e julho, as emissões de títulos públicos anunciadas no primeiro semestre, e não entregues como prometido, foram aceleradas.

O que também é comum em 2023 e 2024, prossegue Pitta, é a fraqueza do consumo e do mercado residencial. E, para ela, os estímulos anunciados ontem, incluindo os do setor imobiliário, não vão solucionar esse problema. A aceleração para entregar o estímulo fiscal anunciado no primeiro semestre tampouco é um "game-changer".

A economista avalia que a desaceleração da demanda por residências é estrutural, e a aceleração do ajuste do setor imobiliário demandaria um foque nos estoques. Há um excesso de residências, fazendo pressão para baixo nos preços. E o preço das casas em queda impacta diretamente a riqueza das famílias chinesas, que têm grande parte do seu patrimônio em imóveis. Não faz sentido comprar um imóvel se os preços estão caindo, e a pessoa já perdeu riqueza por causa disso.

Uma possível solução, na visão da analista, seria o governo comprar residências, para sustentar preços, assim como anunciou que vai fazer com ações. Ela acrescenta que o governo chinês anunciou uma linha de 300 bilhões de renmimbis (US$ 43 bilhões) para comprar residências ociosas, mas não está implementando.

Pitta lembra que outros países que passaram por estouros de bolhas imobiliárias tiveram ajustes que, em geral, levaram cerca de sete anos. A China já vai para o quarto ano, e a questão é se o governo vai tentar acelerar o ajuste.

Saindo da seara cíclica, e mirando a parte mais estrutural, de médio e longo prazo, a economista diz que a "nossa visão é bem pessimista". Em primeiro lugar, há o fator externo, com um isolamento crescente da China, o que pode piorar com o resultado das eleições norte-americanas, especialmente no caso de Donald Trump vencer.

Diferentemente de 2019, nota a analista, não só são os EUA a aumentar tarifas contra produtos chineses - agora a zona do euro também está agindo mais duramente, e a onda atinge até emergentes, como o Brasil, incomodado com as importações de aço da China.

"Isso põe em xeque o modelo baseado em exportação que a China vem adotando nos últimos anos", avalia a economista.

A segunda grande preocupação em relação à China, ela prossegue, é doméstica e relacionada ao setor privado. A política de "prosperidade comum", adotada a partir de 2021, de certa forma põe em dúvida se o atual governo ainda prioriza - como ocorre com os governantes chineses desde os anos 80 - o crescimento econômico.

Pitta diz que o foco da política de "prosperidade comum" em combater a desigualdade se dá de forma "muito turva", com tentativas de limitar o enriquecimento do setor privado, levando a incentivos perversos do ponto de vista econômico.

"Nos preocupamos com a dinâmica do setor privado após esse choques externos e domésticos", ela diz.

O medo das famílias - Livio Ribeiro, sócio-fundador da consultoria BRCG e pesquisador associado do IBRE-FGV - e que também é especialista em China -, nota que as medidas anunciadas ontem ainda são mais voltadas para as empresas do que para as famílias. Há impacto em juros, mas não são juros altos que tolhem o consumo na China, ele aponta.

"O efeito das medidas vai acabar sendo mais de limpeza de balanços, facilitação de rolagem de dívidas; é mais pelo lado das empresas, incluindo incorporadoras e bancos, e da oferta, do que pelo lado da demanda", diz o analista.

Também há a liberação de compulsórios e a permissão para que o governo sustente o mercado acionário chinês.

"São todas medidas pelo lado da oferta e das finanças, que não atacam o lado primordial, que é o fato de que as famílias têm medo [em termos econômicos]", assinala Ribeiro.

Na sua visão, não adianta baixar a taxa das hipotecas e facilitar o pré-pagamento de financiamento imobiliários para fazer os chineses voltarem a comprar casas.

Ainda assim, ressalva Ribeiro, as medidas têm um impacto muito importante no preço dos ativos e no comportamento do mercado financeiro na China no curto prazo.

"O mercado bate palmas e tira proveito do sinal muito claro [do governo] sobre preços, e uma questão a prestar atenção é se o governo fará medidas adicionais mais para o final do ano se essas de agora não se mostrarem suficientes", analisa Ribeiro.

Em relação à China, tanto Pitta quanto Ribeiro frisam que é necessário separar o debate sobre curto prazo e mercados do debate estrutural de fundo.

"A questão é de demanda e o governo continua lançando medidas de oferta e financeiras; há efeito no curto prazo, mas não resolve o problema", conclui Ribeiro.

CNN Brasil - SP   30/09/2024

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizou nesta sexta-feira (27) um leilão de três lotes de linhas de transmissão, atraindo mais de R$ 3 bilhões em investimentos.

Este certame é parte de uma série de iniciativas de infraestrutura em andamento no país, mas o cenário econômico atual apresenta desafios.

O Ministério dos Transportes planeja realizar cinco leilões de rodovias federais até o final do ano.

Recentemente, um grupo francês arrematou a BR-040, entre Belo Horizonte (MG) e Cristalina (GO), com investimentos previstos de R$ 12 bilhões ao longo de 30 anos de contrato.

No setor de saneamento básico, impulsionado pelo marco legal sancionado em 2020, existem quase 40 projetos em fase de estruturação ou com licitação já marcada.

Segundo a Associação das Concessionárias Privadas de Águas e Esgoto, essas obras podem beneficiar 38 milhões de pessoas.
Impacto da alta dos juros

Especialistas alertam que o aumento do custo de capital tem pressionado as taxas de retorno dos investidores.

A alta da taxa Selic, iniciada na última reunião do Copom, influencia diretamente os juros pagos pelos grupos de infraestrutura nas principais formas de financiamento para seus projetos.

As debêntures, títulos de dívida emitidos pelas empresas para captar recursos, são afetadas por esse cenário.

Em janeiro, o presidente Lula sancionou uma lei que cria uma nova modalidade de debêntures de infraestrutura com incentivos fiscais, mas o aumento das taxas de juros pode tornar esse instrumento menos atrativo.

O impacto da alta dos juros pode se estender a projetos de estados como São Paulo, que possui um amplo plano de parcerias público-privadas (PPPs).

Recentemente, o governo paulista leiloou a construção do trem Intercidades entre São Paulo e Campinas e trabalha na concessão de novas linhas de metrô.

Apesar dos desafios, o setor de infraestrutura continua atraindo investimentos significativos, demonstrando a importância desses projetos para o desenvolvimento econômico do país.

No entanto, o monitoramento cuidadoso das condições econômicas e a adaptação das estratégias de financiamento serão cruciais para garantir a viabilidade e o sucesso desses empreendimentos no longo prazo.

O Estado de S.Paulo - SP   30/09/2024

O BC voltou a elevar a taxa básica de juros (Selic), e deverá continuar a fazê-lo nos próximos meses, porque vê uma economia mais aquecida do que deveria estar para trazer a inflação para a meta de 3%, dos atuais patamares próximos ao limite superior, 4,5%.

O que deveria parecer natural no contexto de gestão da política de juros, subir quando a inflação está acima da meta e baixar no caso oposto, traz certa perplexidade quando consideramos que, mesmo antes da decisão do Copom, a taxa básica de juros se encontrava em 10,5% ao ano. Deduzida a expectativa de inflação à frente, em torno de 4%, a taxa real de juros seria pouco superior a 6%.

Como é possível que uma economia sobreaqueça com uma taxa real de juros desta magnitude? Em países “normais”, o consumo deveria estar caindo, o investimento não existente e a economia sofrendo uma recessão bíblica. Aqui, porém, a demanda interna segue firme e forte, graças à expansão do consumo das famílias, responsável por cerca de 80% do aumento da demanda nos últimos dois anos e meio, o restante igualmente dividido entre o consumo do governo e o investimento.

Há dois suspeitos. Um deles é a permanência do crédito direcionado, que, segundo dados do BC, responde por mais de 40% do crédito total, mas, ao contrário do chamado crédito livre, é pouco afetado pela Selic. Isto reduz a potência da política monetária, já que o BC precisa aumentar a Selic mais do que o necessário para compensar o impacto das taxas direcionadas.

O outro, que parece desempenhar papel mais relevante, é o rápido crescimento do gasto federal, em particular as transferências feitas a famílias. Já corrigidas pela inflação, tais transferências (pensões, aposentadorias, Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada, abono salarial, seguro-desemprego, seguro-defeso) pularam de R$ 1 trilhão no início de 2022 para R$ 1,3 trilhão nos 12 meses terminados em julho deste ano.

Isto turbina o consumo, logo a demanda interna e o PIB, na contramão da taxa de juros, com uma complicação adicional: ao contrário do estímulo temporário à demanda, como ocorreu com o auxílio emergencial durante a pandemia, falamos de gastos permanentes, que não podem ser reduzidos rapidamente em caso de excesso na dose.

A principal responsável pelo juro alto e pela alta dos juros não é a diretoria do BC, apesar da estridência do governo, mas a elevação persistente do gasto federal. Se quisesse mesmo juro mais baixo, o governo teria que reverter o estado de coisas, proposta que permanece completamente fora de seu radar.

O Estado de S.Paulo - SP   30/09/2024

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 27, que, apesar de a inflação no Brasil ter mostrado “alguma melhora”, ainda há incerteza sobre seus componentes.

Em encontro da gestora 1618 Investimentos, ele afirmou que, infelizmente, Brasil e Rússia são países onde se espera aumento de juros, na contramão do resto do mundo.

Ao mesmo tempo, Campos Neto destacou as vantagens do Brasil na transição energética, dado que o País tem energia barata e renovável em larga escala. Ponderou, contudo, que espera implementação de uma agenda de abertura comercial.

Ele voltou a repetir que todos os ciclos de queda sustentada dos juros no Brasil foram acompanhados por “choques positivos” na seara fiscal. Eventos como a aprovação do teto dos gastos e do arcabouço fiscal, disse, abriram espaço para trabalhar com uma taxa Selic menor.

“Em todos os momentos na história recente brasileira, você ser capaz de cair os juros e conviver com os juros mais baixos, está associado a um choque positivo no fiscal. Não existe harmonia monetária sem ter harmonia fiscal”, afirmou. “Achar que vai fazer monetário apertado e fiscal um pouco mais frouxo gera ineficiência”, completou.

O presidente do BC defendeu um ajuste mais sério e mais rápido da dívida pública. “Se você tem uma dívida muito grande, mas a taxa de juros é zero, que foi o caso do Japão durante muitos anos, não é um grande problema. Agora, se você tem uma dívida crescente, mas a sua taxa de juros neutra, entre 4% e 5%, como é o caso do Brasil, então a sua dívida sobe em uma velocidade muito maior, o que faz com que quando a gente faça uma projeção para frente, você precisa de um ajuste mais sério, mais rápido”, declarou.

Autonomia financeira do BC

Campos Neto também voltou a defender a autonomia financeira e administrativa da instituição. “É importante avançarmos na autonomia financeira e administrativa”, disse. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre esse tema está sendo debatida na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Segundo o banqueiro central, um governo pode asfixiar a autonomia operacional do BC pelos canais financeiro e administrativo. Em um balanço de seu mandato à frente do BC, que termina em 31 de dezembro, Campos Neto disse ter lutado muito pela independência da autarquia. Agora, espera que o próximo presidente pense no que pode ser melhorado.

Ele afirmou esperar que os próximos chefes da autarquia entendam que a autonomia operacional é “fundamental” para a condução da política monetária. “O ciclo de política monetária é muito diferente do ciclo político, às vezes, e acaba tendo momentos em que você tem de aguentar uma pressão por estar fazendo um ciclo que nem sempre é o mais interessante para o ciclo político”, disse.

Na avaliação dele, a aprovação da autonomia operacional do BC foi importante e seus méritos são reconhecidos pelo Congresso Nacional, que deve manter e aperfeiçoar essa independência.

Agência Brasil - DF   30/09/2024

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado como referência no reajuste de alguns contratos de aluguel, registrou inflação de 0,62% em setembro, deste ano. A taxa é superior ao 0,29% de agosto e de 0,37% em setembro do ano passado.

Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o IGP-M acumula taxas de 2,64% no ano e de 4,53% em 12 meses.

A alta de agosto para setembro foi puxada pelos preços no atacado e no varejo. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPA), que mede o atacado, subiu de 0,29% em agosto para 0,70% em setembro, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede o varejo, passou de 0,09% para 0,33%.

Por outro lado, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) apresentou uma redução da inflação, ao passar de 0,64% para 0,61%.

IstoÉ Dinheiro - SP   30/09/2024

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, destacou na manhã desta sexta-feira, 27, que a dinâmica de desancoragem das expectativas de inflação é maior nos anos de 2024 e 2025 do que em 2026. “A parte de 2026 não alterou muito, está em 3,6%”, frisou Guillen, durante sua participação no JHSF Capital Day.

Em relação a 2024 e 2025, porém, o diretor do BC frisou que é importante observar as aberturas das estimativas do mercado para a inflação. Ele pontuou que, especialmente nas projeções para este ano, que têm rodado entre 4,3% e 4,4%, a pressão altista têm vindo de bens industriais e bens administrados, enquanto as projeções de alimentação no domicílio foram para baixo, entre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho e o RTI de setembro, publicado nesta semana.

“São expectativas desancoradas para 2024 e 2025 e explicadas mais pela parte de regulados e bens industriais”, disse Guillen, pontuando, contudo, que essa persistência na desancoragem tem sido reforçada nas comunicações recentes do BC

Ao comentar sobre o RTI desta semana, o diretor reforçou ponderações que já estavam no documento, como a avaliação de que as expectativas de inflação do BC para os próximos anos subiram como reflexo da revisão do hiato do produto para o campo positivo, da depreciação cambial e a elevação das expectativas de inflação do mercado.

Guillen lembrou ainda que o RTI deste mês trouxe o anúncio de uma novidade, de que as projeções do cenário do BC, nos próximos documentos, passarão a englobar um horizonte de 10 trimestres à frente.

Sobre o cenário atual da inflação, Guillen ainda fez questão de destacar que houve interrupção no processo de desinflação dos núcleos, que têm constantemente rodado acima do centro da meta, de 3%. Já sobre o preço de commodities, Guillen citou que houve uma desaceleração nos preços internacionais de alguns itens, mas em um cenário de valorização do dólar.

Visão do mercado sobre a política fiscal

O diretor de Política Econômica do Banco Central disse também que a visão do mercado financeiro sobre a política fiscal melhorou entre as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) que aconteceram no início do ano e as mais recentes

Ele exemplificou que, nos questionários pré-Copom das reuniões de número 262 e 263, ou seja, de maio e junho, aconteceu uma piora muito significativa dos agentes sobre o fiscal do País.

Citou por exemplo que, em junho, cerca de 80% dos consultados avaliaram que a situação fiscal estava pior. “Desde julho houve uma percepção de que o fiscal está estável em relação à reunião anterior, de junho”, apontou.

Atividade econômica

O diretor de Política Econômica do Banco Central reforçou que o cenário projetado pelo BC é de desaceleração no ritmo da atividade econômica do Brasil, entre outros, como efeito de uma política monetária mais contracionista agora, já que o BC passou a subir a Selic.

Durante a participação no JHSF Capital Day, em São Paulo, Guillen repetiu que o BC reviu de 2,3% para 3,2% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, mas que, para o ano que vem, a estimativa é de alta de 2%.

“Mas tem grande incerteza sobre quando começa essa desaceleração e o que acontece ao longo desse processo”, ressaltou Guillen, dizendo que as discussões sobre o PIB, sobretudo as que fizeram com que o BC revisasse para cima sua estimativa de hiato do produto, estiveram bastante presentes no último encontro do Copom.

Emprego

Ao falar sobre o ritmo forte da atividade doméstica, Guillen comentou sobre o cenário atual do emprego, dizendo que há muitos indícios de que o mercado de trabalho está apertado. Ele frisou, por exemplo, que no último RTI os diretores do BC observaram que esses números fortes de emprego acontecem independentemente da região do País e dos setores de trabalho.

Guillen também destacou que a velocidade com que um trabalhador deixa um emprego e assume outra vaga tem sido “muito rápida” e que os salários têm crescido, em média, a uma taxa de 5% de ganho real no País.

Ainda sobre a renda, o diretor do BC frisou que esse ganho tem respondido a um conjunto de fatores, com destaque para, além do mercado de trabalho aquecido, a ampliação do crédito e o impulso via benefícios fiscais. “Você vê o consumo sustentado por isso, pensando no crescimento do PIB na ponta”, frisou.

MINERAÇÃO

IstoÉ Dinheiro - SP   30/09/2024

Os preços futuros do minério de ferro subiram pela quarta sessão consecutiva nesta sexta-feira, 27, e caminham para um ganho de mais de 10% em base semanal, sustentados por novos cortes nas taxas de juros na China e expectativas de mais estímulos fiscais e imobiliários.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 4,38%, a 750 iuanes (106,94 dólares) a tonelada, nível mais alto desde 2 de setembro.

O contrato de referência de outubro do minério de ferro na Bolsa de Cingapura subiu 3,38%, para 101,85 dólares a tonelada, e ganhou 13,8% nesta semana. Mais cedo, o contrato atingiu seu maior valor desde 7 de agosto, a 103,1 dólares por tonelada.

Medidas chinesas impactam a commodity

O banco central da China anunciou nesta sexta-feira um corte na taxa de compulsório — a quantidade de dinheiro que os bancos devem manter como reservas –, a segunda redução deste ano, com o objetivo de apoiar o crescimento econômico.

Além disso, a promessa da China de implantar “gastos fiscais necessários” para atingir a meta de crescimento econômico de 2024, de aproximadamente 5%, melhorou as expectativas do mercado em relação a novos estímulos fiscais.

A China também planeja emitir 2 trilhões de iuanes (285,2 bilhões de dólares) de títulos soberanos especiais como parte do novo estímulo fiscal.

Essas medidas melhoraram o sentimento em relação às commodities, incluindo o minério de ferro.

Enquanto isso, as cidades de Xangai e Shenzhen planejam suspender as principais restrições remanescentes à compra de casas para atrair compradores potenciais, o que pode estimular a demanda por aço e minério de ferro.

 

Valor - SP   30/09/2024

Desde segunda-feira, o valor de mercado da companhia aumentou em R$ 33,3 bilhões, chegando a R$ 294,4 bilhões na sessão desta sexta-feira

O volume financeiro negociado em ações da Vale na B3 chegou a R$ 3,90 bilhões na sessão de ontem (26), dia em que os papéis da mineradora subiram 6,01%, a R$ 64,25. No mesmo pregão, o volume financeiro registrado no Ibovespa foi de R$ 22,0 bilhões e de R$ 27,0 bilhões na B3. Os dados são do Valor PRO.

A título de comparação, no pregão do dia 23 de setembro, o volume financeiro negociado em ações da mineradora tinha sido de R$ 1,04 bilhão, saltando para R$ 2,71 bilhões no dia seguinte, quando o BC da China anunciou uma série de medidas para impulsionar a economia chinesa, desde a redução dos custos de financiamento até a diminuição na quantidade de dinheiro que os bancos precisam manter em reserva.

As ações da Vale passam por mais um dia de valorização no pregão de hoje, com uma alta de 1,00%, a R$ 64,84, por volta das 11h35. Desde a segunda-feira (23), o valor de mercado da companhia aumentou em R$ 33,3 bilhões, chegando a R$ 294,4 bilhões na sessão desta sexta-feira, segundo dados do Valor Pro.

Além do volume de negociação, chama atenção os compradores dos papéis na manhã desta sexta-feira. Entre bancos e corretoras nacionais e internacionais, destacam-se nomes como Citi, Morgan Stanley, J.P. Morgan, BTG Pactual, XP, UBS e Itaú, conforme dados coletados pelo Valor Pro.

Em 10 de setembro, a ação da companhia atingiu o menor valor nos últimos dois meses, com queda de 1,20%, cotada a R$ 56. O gatilho para a desvalorização do papel foi a divulgação de dados de importações chinesas, que subiram 0,5% ao ano em agosto, ante expectativa de alta de 2,5%, e decepcionaram os investidores.

Rodrigo Mello, gestor de renda variável na Tenax Capital, diz que o pacote de estímulos da China é positivo para Brasil e que vê uma chance de que agentes financeiros continuem a adotar uma combinação de estratégias em que vendem papéis da Petrobras para adquirir ações da Vale. “Se olhar numa janela longa, a Vale ‘underperformou’ muito nos últimos dois anos e o mercado estava bem ‘underweight’ [abaixo da média] no papel”, acrescenta.

IstoÉ Dinheiro - SP   30/09/2024

Gustavo Pimenta é um mineiro de 46 anos, casado, pai de dois filhos e torcedor do Atlético Mineiro. O perfil poderia ser o de um cidadão comum, mas não é. Em 1º de outubro ele assume a posição de presidente da Vale, a terceira maior empresa privada do País e uma das maiores mineradoras do planeta. A posse antecipada em três meses demonstra seu prestígio junto ao Conselho de Administração, que aprovou seu nome por unanimidade e tratou de encurtar o processo de sucessão, como forma de fazer frente às pressões políticas de grosso calibre. O presidente Lula tentou sem sucesso emplacar Guido Mantega, ministro da Fazenda em seus dois primeiros mandatos, no comando ou como conselheiro da companhia.

A mineradora trata o tema com tranquilidade. Afirma que o executivo foi eleito após um rigoroso processo de seleção, calcado em padrões internacionais e seguindo o Estatuto Social da empresa, as políticas corporativas, o regulamento interno e a legislação cabível. Tudo dentro de “alto nível de integridade, transparência e robustez da governança da Vale”.

O currículo de Pimenta, que contempla experiência global nos setores financeiro, de energia e mineração em grandes empresas, e sua atuação na empresa, desde 2021, como vice-presidente executivo de finanças e relações com os investidores, permitiram tratar de assuntos centrais a questões espinhosas da Vale e o credenciam para o cargo. A antecipação de sua posse sinaliza que ele está preparado e traz segurança. Como vem de dentro, não terá de passar por períodos de adaptação. A vida da empresa deve passar a fluir melhor.

Mas nem por isso espera-se que ele vá navegar por águas calmas.
• Ao contrário, de imediato terá de colocar um ponto final a um capítulo triste e trágico na história da Vale, que se arrasta por quase nove anos: o rompimento da barragem do Fundão em Mariana, em novembro de 2015, que causou mortes – além de prejuízos ambientais incalculáveis (a Vale era sócia do empreendimento).
• Agora, empresa e governo parecem estar prestes a fechar um acordo de repactuação da reparação dos danos.
• O governo espera receber, no mínimo, R$ 100 bilhões no prazo de 12 anos.
• Mas as condições não estão costuradas, porque a companhia ofereceu um valor inferior e propôs um prazo de liquidação mais elástico, de 20 anos.

Especialistas não consideram essa dívida uma preocupação do ponto de vista financeiro, já que a empresa tem histórico de boas condições de caixa e não deverá ter problemas em quitar os pagamentos. Entendem, no entanto, que o acerto já passou da hora pelo passivo de imagem que isso traz à companhia diante do mercado, de investidores e do próprio governo. “A finalização dessa questão pode ser vista como um ponto de partida para o retorno de novos investimentos na Vale nos próximos anos”, afirma Bruno Carlos de Souza, doutor em controladoria e ciências contábeis e CEO da consultoria Souza Maas.

As questões dos passivos ambientais, relativos tanto a Mariana como a Brumadinho (barragem que se rompeu em 2019), não são riscos relevantes na opinião de João Daronco, analista da Suno. Ele é um especialista no tema desde a época de faculdade, sua tese versa sobre barragens de minério de ferro. Segundo ele, a Vale vem fazendo pesados investimentos no descomissionamento das barragens, quer dizer, construindo novas estruturas de modo a torná-las mais seguras e evitar novos desastres. “Vejo a empresa preocupada com esse aspecto, mais bem preparada e embasada cientificamente com o objetivo de reduzir esse tipo de risco nos últimos anos. Mas ele ainda existe, porque são barragens construídas há décadas e o processo não é simples.”

Outro assunto urgente e que deve ser definido até o fim do ano refere-se às negociações, também com o governo, para a renovação da concessão de ferrovias. A discussão gira em torno de R$ 10 bilhões para a manutenção de contratos que permitam o escoamento de seus produtos sem entraves. Como se vê, existe uma necessidade premente para que Pimenta e sua direção crie canais de interlocução com o governo de forma a garantir andamento dos negócios da companhia.

“Ele vai precisar de um jogo de cintura para lidar com o governo, porque a atividade de mineração depende de concessões públicas, ambientais, de exploração e operação de ferrovias, e acredito que ele tenha essa habilidade”, afirma Rafael Panonko, consultor independente. Até porque algumas arestas devem ser aparadas com o próprio presidente Lula, que não consegue mais influenciar como gostaria nas decisões internas da companhia, como já foi no assado.

A Vale não tem um acionista majoritário que concentre o poder de tomadas unilaterais de decisão:
• 91,3% do capital da empresa está nas mãos do setor privado,
• e 8,7% pertencem ao fundo de pensão do Banco do Brasil, a Previ.
• Além do que 73% estão pulverizados entre acionistas na bolsa de valores.
O RISCO CHINA

A maior ameaça às operações e resultados da companhia vem da China, seu principal e maior comprador do minério de ferro. Panonko estima que mais ou menos 50% da produção da Vale é consumida pelos chineses especialmente na construção civil. Como a atividade econômica do país asiático vem desacelerando nos últimos dois anos, com empresas do setor imobiliário em situação difícil, a incerteza é grande em relação aos desdobramentos para a companhia brasileira.

Paulo Vicente, doutor em Administração de Empresas, mestre em Administração Pública e professor da Fundação Dom Cabral, alerta que metade do aço produzido no mundo vem dos chineses. “Se a China entra em crise, todo mundo entra em crise, se ela espirrar é preciso dizer saúde!”

O professor explica que a população chinesa parou de crescer, está na descendente. De 1,4 bilhão de pessoas, atualmente, o país deve chegar a 600 milhões até o fim deste século. “As mulheres pararam de ter filhos, com um encolhimento muito forte da população. E aí não haverá mais tanta necessidade de projetos de infraestrutura nem de casas, com queda na demanda de ferro.” Além disso, o professor pontua que a China está ficando cada vez mais beligerante e agressiva com seus vizinhos. De uma hora para outra, poderá entrar em guerra com um deles. Taiwan e Filipinas são dois alvos possíveis.

Tanto Daronco, da Suno, como Panonko acreditam que esse risco está superdimensionado. É clara a dependência da Vale em relação à China, concordam todos eles, mas o analista da Suno afirma que hoje há uma migração no consumo de aço pela China – de vergalhões usados na construção para aço plano, empregado na produção no setor automotivo, bens de consumo, geladeira e eletrodomésticos entre outros. “Pode haver um impacto sim nos resultados da empresa, mas marginal”, pondera Daronco.

Para contornar e neutralizar eventual queda da economia chinesa, o professor da FDC acredita que a saída é a Vale encontrar novos clientes potenciais. “Para reduzir o risco, é preciso diversificar o portfólio de cliente. Mas onde se achará outra China? Não tem. Tem a Índia, que está crescendo, mas ela terá de promover uma reurbanização e não será o que a China foi nos últimos 25, 30 anos.”

O crescimento do PIB chinês em 2024 deve ficar em 4,9%. Em2025, será de 4,4%. Depois, deve ficar ao redor de 4%, nos cálculos da economista e consultora da Tendências Yasmin Riveli. São números mais baixos do que os registrados pelo país entre 2021 e 2019 (acima de 7% ao ano). Ela relata que as mineradoras surfaram e foram beneficiadas pelas altas ondas de crescimento chinês, e chama a atenção para outro fator de relevância para a Vale: a produção do minério de ferro de qualidade. Especialmente o minério de ferro extraído de Carajás, no Pará, é de muito boa qualidade, acima da média de mercado de 62%. E, principalmente, como é compatível com métodos de produção mais limpos, essa extração exige menos carvão para a produção de ferro e aço. Por isso mesmo, sua demanda tem potencial de crescimento. É mais indicado na transição energética.

Esse diferencial coloca a Vale e o País em vantagem competitiva em relação à Austrália, que tem as maiores mineradoras, mas conta com um minério de ferro de qualidade inferior. Daronco aponta para o desafio de longo prazo para a Vale é ajustar sua dinâmica de atuação: entrar em novos mercados, que estão na Ásia, como Índia e Indonésia.

A Austrália leva vantagem na logística pela proximidade geográfica com esses países, mas a Vale deve ganhar na qualidade de sua commodity e cobrar um prêmio por isso – o que tende a influenciar os seus resultados.

Para a transição energética, a Vale já se encontra bem posicionada em dois dos principais metais – ferro e níquel –, pontua Vicente, da FDC. Mas terá de olhar ainda para o lítio e cobalto usados em baterias, além de cobre, que vai nos condutores. Também deverá se voltar para o alumínio. São os seis principais metais que levarão a uma energia mais limpa.
ENTREVISTA
Gustavo Pimenta, CEO da Vale
(Gabriel Lordello/Mosaico Imagem)“A demanda global por aço continuará aumentando com o crescimento da população e da economia”

Gustavo Pimenta se preparou nos últimos dias para assumir a cadeira de CEO da gigante Vale, que deve acelerar a produção de minerais que vão fazer a transição energética. Nessa entrevista concedida com exclusividade à DINHEIRO, por escrito, ele conta quais serão suas estratégias para manter a companhia como protagonista no setor global de mineração.

O que considera ser seu principal desafio ao assumir o comando da empresa?
A Vale tem uma posição única como provedora de minério de ferro de alta qualidade e de minerais críticos, ambos fundamentais para a transição energética global. Nesse sentido, um dos principais desafios será acelerar o desenvolvimento do nosso portfólio de produtos para atendar a essa demanda crescente. E isso só será possível com um olhar muito integrado sobre a sustentabilidade e uma relação de confiança e parceria com nossos diversos públicos de relacionamento. Não tenho dúvida de que seremos capazes de alcançar tais objetivos e, com isso, reposicionar a Vale novamente como um grande orgulho nacional.

Quais são as estratégias para contornar o desaquecimento da economia chinesa?
A China seguirá sendo o maior produtor de aço do mundo e um grande parceiro comercial da Vale. O que observamos neste momento é uma mudança no padrão de demanda por aço e, consequentemente, de minério de ferro, com uma redução da participação do mercado imobiliário chinês e um crescimento relevante da demanda para manufatura. Isso tem ajudado a suavizar o efeito sobre os preços internacionais.

Mas estão em busca de outros mercados?
Temos visto uma crescente demanda em novos mercados, tanto no Sudeste Asiático quanto no Oriente Médio, esse último se beneficiando de acesso a gás natural competitivo. Nossa visão é de que, no médio e longo prazos, a demanda global por aço seguirá crescendo com aumento populacional e o desenvolvimento econômico. E esse crescimento será voltado a uma produção de aço com menor pegada de carbono, o que para a Vale é muito benéfico, uma vez que continuamos a ter o minério de ferro de melhor qualidade do mundo.

Como a empresa deve se posicionar na corrida de metais para a transição energética?
No ano passado, tomamos a decisão de dar mais autonomia e foco no nosso negócio de metais de transição energética. Estou muito animado com o resultado dessa decisão e a evolução da Vale Base Metals de lá para cá. Nosso grande objetivo é crescer esse negócio, de forma sustentável e competitiva, principalmente no cobre, em que temos muitos recursos e reservas a serem desenvolvidos. A demanda por esses minerais de transição será enorme e o maior desafio está no crescimento da oferta. Temos uma oportunidade única de nos posicionar como um dos grandes produtores de metais de transição energética do mundo, e essa será uma prioridade da companhia nos próximos anos.

Como a empresa deve se engajar nas iniciativas que o governo propõe para enfrentar o agravamento da crise climática?
Sem mineração não existe transição energética. Todas as soluções que hoje conhecemos para reduzir a pegada de carbono do mundo passam pelo minério de ferro de alta qualidade e por minerais críticos. Nosso grande risco, como indústria, é não conseguir ofertar esses minerais no tempo e na forma que o mundo necessita. Isso passa, necessariamente, por acelerarmos nossa jornada em direção à mineração do futuro, fortalecendo nossas ações sustentáveis e auxiliando nossos clientes com produtos que reduzam a pegada de carbono na produção do aço.

A empresa já iniciou esse caminho?
Essa tem sido uma grande prioridade dentro da Vale. No ano passado, por exemplo, demos um passo importante ao garantir 100% de energia renovável para produção de eletricidade e seguimos trabalhando fortemente para acelerar a redução da pegada de carbono na própria operação e na cadeia de produção.

Globo Online - RJ   30/09/2024

O futuro presidente da Vale, Gustavo Pimenta, tomará posse nesta terça-feira já com um novo vento a favor. No início da semana passada, o anúncio de estímulos à economia pelo governo da China, maior pacote do tipo desde a pandemia, levou as cotações do minério de ferro acima de US$ 100 a tonelada e poderá ajudar a aliviar um pouco o peso de um dos desafios enfrentados pela mineradora, a perspectiva de moderação da demanda chinesa.

O anúncio se traduziu em alta nas ações da Vale na B3. Até quinta-feira, os papéis da mineradora acumularam alta de 12% na semana, o que significou um aumento de cerca de R$ 30 bilhões no valor de mercado da companhia. Na sexta-feira, as ações voltaram a subir ao longo do dia, mas a notícia de que a Cosan poderia vender sua participação acionária na mineradora, divulgada no fim do pregão pela agência Bloomberg, fez os papéis fecharem em queda.

Mesmo com a queda de sexta, as ações acumularam alta de 11,5% na semana passada. No ano, a mineradora ainda registra desvalorização de 11% na Bolsa, o que serve de lembrete sobre os desafios que Pimenta enfrentará em sua gestão.

Segundo analistas, além da incerteza sobre a demanda chinesa por minério, a Vale tem dois obstáculos, que terão que ser logo enfrentados por Pimenta: encerrar uma renegociação sobre concessões de ferrovias e fechar um acordo para a reparação pelos danos causados pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), em 2015.

Para Igor Guedes, analista da gestora e corretora Genial Investimentos, a reação positiva das ações da Vale ao pacote da China parece ter sido exagerada. Em parte, a alta expressiva poderia ser explicada pelo fato de que as cotações estavam abaixo até mesmo do seu potencial, devido aos outros obstáculos enfrentados pela companhia, marcados pelo risco político.

Muda pouco, diz analista

O ponto de Guedes é que, por mais que seja expressivo, o novo pacote chinês de estímulos não parece mudar estruturalmente o desafio de ter que lidar com uma demanda mais moderada por minério de ferro:

— Para mim, muda pouco. A reação do mercado até me surpreende, por ser tão positiva. Para mim, o mercado já tinha feito a leitura de que o problema é mais estrutural, não é cíclico e não vai ser resolver com política de redução de taxas de juros.

O anúncio pode impulsionar a cotação da matéria-prima no curto prazo, e assim melhorar um pouco as receitas da Vale nos próximos trimestres, o que não fará mal ao início da gestão de Pimenta, mas, no longo prazo, o problema seguirá no radar. Com ou sem pacote, a China crescerá mais lentamente daqui para a frente, afirmou Guedes. Por isso, o analista vê uma perspectiva desafiadora para a Vale no longo prazo.

Em relatório sobre empresas produtoras de commodities, publicado antes do pacote da China ser anunciado, analistas do banco Itaú BBA comentaram que a mineradora brasileira aposta na “demanda crescente de outros países do sul da Ásia e do Oriente Médio”, o que poderia “mitigar, pelo menos parcialmente, o movimento”.

Já há tempos a Vale tem comunicado uma estratégia de focar na qualidade de seu minério, em vez de perseguir aumentos de produção.

“Os fundamentos do minério de ferro continuam desafiadores, especialmente à medida que o modelo de crescimento econômico da China se torna menos intensivo em aço”, diz outro relatório, do Bradesco BBI, também de antes do pacote da China.

Apesar disso, o principal ponto dos analistas do Bradesco BBI é que o cenário para a Vale melhorou nas últimas semanas, com a antecipação da indicação do futuro presidente e uma melhora nas perspectivas de curto prazo para a produção de minério de ferro neste ano.

Posse sem cerimônia

A posse de Pimenta na terça-feira não terá qualquer tipo de cerimônia, como costuma ocorrer nas empresas privadas. A primeira aparição pública do executivo como o novo presidente da Vale está prevista para daqui a um mês, apurou O GLOBO.

A ideia é que, em 25 de outubro, Pimenta conceda uma entrevista coletiva, no Rio, na apresentação dos resultados financeiros do terceiro trimestre. que já estava marcada para essa data, no calendário de divulgação de informações públicas pela Vale, algo comum no caso de companhias abertas.

Na semana passada, o colunista do GLOBO Lauro Jardim informou que haverá uma reformulação na diretoria da Vale com a chegada de Pimenta ao comando. Segundo o jornal Valor, é esperado que sejam trocados de três a quatro dos nove diretores.

Valor - SP   30/09/2024

“A Vale manterá o mercado atualizado sobre as decisões relativas aos movimentos estratégicos da VBM”, informou a mineradora

A Vale afirmou, nesta sexta-feira (27), que uma potencial abertura de capital da subsidiária Vale Base Metals (VBM) não está sob avaliação. A mineradora brasileira diz que a unidade, responsável pelos negócios de cobre e níquel, continua focada na execução de seu plano de revisão de ativos.

“A Vale manterá o mercado atualizado sobre as decisões relativas aos movimentos estratégicos da VBM”, informou a Vale, em comunicado.

O jornal “Financial Times” disse hoje que a VBM estaria avaliando abrir capital no fim de 2026.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   30/09/2024

O estudo afirma que os veículos eletrificados (híbridos e elétricos) poderão somar mais de 90% das vendas de novos no Brasil em 2040

A indústria automotiva brasileira divulgou nesta sexta-feira (27) levantamento sobre "descarbonização" em que afirma que a venda de veículos leves híbridos e totalmente elétricos no país poderá superar os emplacamentos de modelos somente a combustão em 2030.

O levantamento foi realizado pelo Boston Consulting Group, a pedido da associação de montadoras Anfavea, ao longo do primeiro semestre deste ano, ouvindo agentes do setor, representantes governamentais e consumidores, afirmou a entidade.

O estudo afirma que os veículos eletrificados (híbridos e elétricos) poderão somar mais de 90% das vendas de novos no Brasil em 2040. Atualmente, os veículos leves eletrificados respondem por pouco mais de 7% das vendas de novos no Brasil.

A pesquisa foi realizada em um momento em que grupos chineses como BYD e GWM importam grande volume de veículos eletrificados ao país, em meio a uma estratégia de início de operação de fábricas locais.

Enquanto isso, outros como a também chinesa Zeekr preparam entrada no país, ao passo que montadoras locais seguem lentas na adoção da eletrificação apesar de rápidos avanços de suas matrizes no exterior.

Na categoria veículos pesados, que reúnem caminhões e ônibus, as vendas do que a Anfavea chama de "novas tecnologias de propulsão" podem representar 60% do mercado em 2040.

"Em aplicações como ônibus urbanos, as versões elétricas podem ultrapassar 50% já em 2035", afirmou a entidade.

Segundo o levantamento, atualmente, o setor automotivo emite 242 milhões de toneladas de gás carbônico por ano, o que representa cerca de 13% das emissões totais do poluente no Brasil. Se o ritmo atual de crescimento for mantido, as emissões de CO2 poderão atingir 256 milhões de toneladas em 2040.

Mas o estudo afirma que as emissões acumuladas entre 2023 e 2040 poderão ser reduzidas em 281 milhões de toneladas de CO2 por meio da "combinação de esforços" entre novas tecnologias e aplicação de biocombustíveis.

"O Brasil tem grande potencial para combinar tecnologias automotivas inovadoras com a força dos biocombustíveis", afirmou Masao Ukon, diretor executivo do segmento automotivo do BCG para América do Sul.

"Este avanço está condicionado ao desenvolvimento de um ecossistema envolvendo fornecedores, infraestrutura de recarga, produção e distribuição de energia e biocombustíveis", acrescentou o executivo em comunicado à imprensa.

Valor - SP   30/09/2024

Empresa considera fechamento de fábricas na Alemanha pela primeira vez e descartou promessas de segurança de emprego de décadas, enquanto tenta se tornar mais competitiva

A Volkswagen AG cortou sua projeção anual pela segunda vez neste ano devido à fraca demanda por seus carros de passeio, marcando o mais recente golpe para o problemático setor automotivo da Alemanha. O fabricante agora vê uma margem operacional de 5,6%, disse nesta sexta-feira (27).

Isso é abaixo de uma previsão de até 7% em julho, quando a empresa reduziu suas expectativas, em parte, devido aos custos esperados do fechamento de uma fábrica da Audi na Bélgica.

Todas as três principais montadoras alemãs — Volkswagen, Mercedes-Benz Group AG e BMW AG — agora alertaram sobre seus lucros nos últimos meses. Cada uma delas está lutando com vendas mais lentas na China, onde os compradores estão se segurando por causa de uma crise imobiliária cada vez mais profunda.

Competição com elétricos

A crescente competição em veículos elétricos também está gerando grandes descontos e reduzindo as margens, tudo isso enquanto a confiança do consumidor em declínio enfraquece a demanda por carros com motor de combustão.

O corte nas perspectivas da Volkswagen aumenta os desafios para o CEO Oliver Blume, que alertou que os custos na Alemanha estão muito altos, já que o crescimento dos veículos elétricos está desacelerando e os fabricantes chineses liderados pela BYD Co. estão avançando para a Europa.

Risco de fechamento de fábricas

A empresa está considerando o fechamento de fábricas na Alemanha pela primeira vez e descartou promessas de segurança de emprego de décadas, enquanto tenta se tornar mais competitiva. Executivos sinalizaram cerca de duas fábricas de automóveis com excesso de capacidade, o que as colocou no caminho para um conflito prolongado com sindicatos poderosos.

A Volkswagen disse que sua marca homônima de carros de passeio e sua unidade de veículos comerciais estão com desempenho abaixo das expectativas. A empresa sinalizou riscos adicionais para seu grupo de volume que também compreende Skoda e Seat, citando uma “deterioração no ambiente macroeconômico”.

As entregas globais da empresa cairão para cerca de 9 milhões de unidades este ano, de 9,24 milhões em 2023, disse a VW nesta sexta-feira. A montadora havia previsto, anteriormente, um aumento de 3%.

A VW agora espera que o fluxo de caixa líquido na divisão automotiva alcance cerca de 2 bilhões de euros (US$ 2,2 bilhões), abaixo dos 4,5 bilhões de euros anteriores, em parte devido às atividades de fusões e aquisições, incluindo uma parceria com a Rivian Automotive Inc. em tecnologia de veículos elétricos.

O Estado de S.Paulo - SP   30/09/2024

O setor automotivo e o setor público continuam a investir em veículos elétricos (VEs), redefinindo o futuro do transporte pessoal. À medida que a mudança em direção à taxa de crescimento das vendas de mobilidade elétrica ganha impulso (mas ainda não há adoção em massa), surge uma questão crítica: como os consumidores avaliam os VEs em relação aos veículos com motor de combustão interna (ICE) e como podemos, de fato, alcançar a paridade de preços?

Não é uma pergunta fácil de responder, principalmente porque nós, como consumidores, temos décadas de experiência em compreender o valor dos veículos a combustão, em comparação com apenas alguns anos para os carros elétricos. O primeiro desafio está em entender como o custo total do ciclo de vida de propriedade dos VEs se compara ao dos veículos com motor a combustão, especialmente porque cada consumidor valoriza coisas diferentes. Embora a maioria dos consumidores valorize o preço inicial de compra de um veículo acima de tudo, esse é apenas um elemento para alcançar a paridade total.

No final das contas, a paridade de custo dos VEs está realmente nos olhos do consumidor e pode ser alcançada ao se concentrar nos quatro aspectos a seguir:

Preço inicial de compra

Historicamente, o preço de compra inicial de um veículo tem sido a maneira mais fácil de avaliar seu valor. Dito isso, nos últimos anos, observamos um imenso progresso em direção à paridade de preços entre os elétricos e os veículos a combustão. Para muitas marcas e modelos semelhantes, estamos vendo que atualmente há menos de 10% de diferença no custo de compra.

Isso se deve principalmente ao custo decrescente da bateria do VE, em grande parte devido ao declínio contínuo do custo por kwh. Os fabricantes de automóveis também ofereceram cortes significativos nos preços dos novos VEs, refletindo a redução da demanda dos consumidores e os níveis crescentes de estoque.

Nos Estados Unidos, os incentivos para VEs, como o crédito fiscal de US$ 7,5 mil, fazem com que o custo de aquisição de um novo VE seja menor do que o de um veículo ICE comparável em alguns casos. Deixando de lado o preço inicial, os consumidores estão gravitando em torno dos VEs porque acreditam que eles são produtos superiores e estão dispostos a pagar um prêmio para obter um. De fato, um estudo recente da EY constatou que os consumidores consideram um VE um produto superior, com 88% observando que estão dispostos a pagar mais adiantado por um VE.

O custo de propriedade

Os custos de propriedade de um VE são frequentemente anunciados como sendo menores do que os dos veículos ICE, em grande parte devido à economia de combustível e manutenção. De fato, o motorista de um VE médio gastará 60% menos para abastecer seu veículo durante toda a vida útil.

Outro argumento frequentemente apresentado para a acessibilidade dos VEs é a manutenção contínua. Embora os VEs e os veículos ICE tenham custos de manutenção semelhantes, a diferença está no motor. Em um VE, os custos associados à bateria - exceto uma substituição completa - são significativamente menores do que os associados à manutenção do motor.

Sem custos como trocas regulares de óleo, os proprietários de VEs gastam cerca de US$ 300 (R$ 1,6 mil) a menos em manutenção do que seus colegas de ICE em cinco anos (US$ 4.246 a US$ 4.583 - R$ 23 mil e R$ 24 mil). Além disso, a bateria, o motor e a tecnologia não precisam de manutenção regular, e o desgaste do freio é reduzido devido à frenagem regenerativa.
O custo dos reparos

Não estamos vendo paridade entre os VEs e os veículos ICE nos custos de reparo. De acordo com um relatório recente, o número médio de horas para consertar veículos ICE é de 1,66, enquanto os VEs têm uma média de 3,04 - quase o dobro. Considerando que os VEs ainda são novos, isso não é surpreendente. Os técnicos - que têm 100 anos de conhecimento institucional sobre ICE - ainda estão aprendendo a consertar efetivamente um VE, e há uma curva de aprendizado esperada.

E tempo é dinheiro; quando os técnicos gastam mais tempo em reparos, o custo será maior. Em breve, podemos esperar que essa média diminua consideravelmente, à medida que mais VEs forem trazidos para reparos e a formação e a experiência dos técnicos se fortalecerem.

Outro fator que influencia o maior custo de reparo dos VEs é a necessidade de as oficinas de reparo obterem uma peça completamente nova a cada vez, em vez de reparar ou reutilizar uma peça usada anteriormente. Os veículos de combustão interna têm um mercado de reposição robusto, enquanto as peças de VEs ainda são principalmente proprietárias, o que significa que os veículos de combustão interna se beneficiam de uma variedade mais ampla de peças recicladas, reparadas e alternativas do mercado de reposição em comparação com os VEs - tornando as peças mais baratas de obter e manter.

Valor residual

Sejamos realistas, o valor residual dos VEs está diminuindo mais rapidamente do que o dos veículos ICE, algo que tem impedido alguns consumidores de comprar um VE em primeiro lugar. Um estudo recente constatou que, nos Estados Unidos, o preço médio de um VE com um a cinco anos de idade diminuiu 31,8% ano a ano, o que equivale a cerca de US$ 14.418 (R$ 78 mil). Em comparação, o preço médio de um veículo ICE com idade semelhante caiu 3,6%.

No entanto, a dinâmica flutuante do mercado atual tem um impacto maior nos valores residuais dos VEs após 12 meses do que após 60 meses. De fato, o valor residual médio dos VEs aumentou US$ 460 (R$ 2,4 mil) no primeiro trimestre de 2024 em comparação com o primeiro trimestre de 2022. Isso pode ser atribuído a dois fatores principais: 1) as montadoras priorizam os novos VEs para serem mais competitivos em relação aos veículos ICE e 2) o aumento do conforto e da confiança do consumidor na vida útil da bateria a longo prazo.

À medida que começamos a ver mais confiança nas baterias de veículos elétricos, é justo observar que os consumidores ainda não entenderam completamente o assunto; muitos acham que uma bateria de veículo elétrico usada acabará resultando em uma substituição de US$ 25 mil, o que não é verdade. O Departamento de Energia dos EUA prevê que as baterias usadas em climas moderados durarão de 12 a 15 anos, enquanto as usadas em condições mais extremas provavelmente durarão de 8 a 12 anos. Compare isso com as expectativas típicas de vida útil de um motor ICE.

Quando se trata de definir o preço de um VE usado, não há dados históricos suficientes sobre qual deve ser o ponto de preço, em grande parte devido à falta de histórico na avaliação de baterias usadas. Além disso, como os fabricantes de automóveis continuam a baixar o preço dos veículos elétricos novos, o valor dos veículos elétricos usados está flutuando muito.
Conclusão

Em última análise, a experiência do consumidor não é a mesma, e o valor atribuído aos veículos dependerá de cada indivíduo. Apesar disso, podemos resolver a paridade de preços entre os VEs e os veículos ICE nos próximos anos se houver um foco na educação. Enquanto aguardamos a paridade, os consumidores que compram um veículo têm mais opções do que nunca - incluindo veículos híbridos, que estão ganhando popularidade por serem um caminho entre os veículos ICE e EV. De fato, o mais recente Mobility Consumer Index da EY mostrou que 21% dos consumidores dos EUA estão considerando um veículo híbrido como sua próxima compra de carro.

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Consultor Jurídico - SP   30/09/2024

Com objetivos distintos, temos, ao lado da depreciação regular outras duas espécies de depreciação, quais sejam, a (i) depreciação acelerada contábil e a (ii) depreciação acelerada incentivada.

A primeira, é equivalente a um ajuste na taxa de depreciação regular em função do uso dos bens e só pode recair sobre bens móveis. Nos termos do artigo. 323 do Decreto nº 9.580/2018, “em relação aos bens móveis, poderão ser adotados, em função do número de horas diárias de operação, os seguintes coeficientes de depreciação acelerada”: (i) um turno de 8 horas — um inteiro; (ii) dois turnos de 8 horas — um inteiro e cinco décimos; e (iii) três turnos de 8 horas — dois inteiros.

A segunda, por sua vez, é chamada de incentivada porque tem a finalidade justamente de incentivar a implantação, a renovação ou a modernização de instalações e equipamentos. Por meio dessa modalidade, o contribuinte poderá adotar coeficientes de depreciação acelerada, que vigorará durante prazo certo para determinadas indústrias ou atividades, conforme prevê o artigo 324 do Decreto nº 9.580/2018.

Com a intenção de conferir maior incentivo à modernização das máquinas e equipamentos novos a serem adquiridos pelas indústrias, foi publicada a Lei nº 14.871/2024, regulamentada pelo Decreto nº 12.175, de 11 de setembro de 2024, e pela Portaria Interministerial MDIC/MF nº 74/24.

Quanto à sua natureza jurídica, o entendimento da Secretaria da Receita Federal (Solução de Consulta Cosit nº 152, de 14 de maio de 2019) é de que a depreciação acelerada, quando instituída como incentivo para promoção de inovação ou de investimentos (depreciação incentivada, portanto), é um benefício fiscal. A depreciação na norma tributária é baseada essencialmente no prazo de desgaste físico do bem.

Neste cenário tem-se o novo programa de incentivo que autoriza expressamente as empresas a procederem com a depreciação acelerada de bens do ativo, pode ser resumido nos seguintes termos, é benefício fiscal voltado para empresas do lucro real, que adquirirem máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos novos, destinados ao ativo imobilizado em determinadas atividades econômicas e intrinsecamente relacionados com a produção ou a comercialização de bens e serviços, as quais poderão usufruir de quotas diferenciadas de depreciação acelerada.

O mecanismo permite uma dedução mais rápida desses bens no cálculo do imposto de renda (IRPJ) e da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), reduzindo a carga tributária no curto prazo, sendo que tal reconhecimento pela contabilidade se inicia quando o ativo estiver disponível para uso, ou seja, quando estiver no local e em condições de funcionamento na forma pretendida pela legislação. Assim a depreciação deverá cessar na data em que o ativo for classificado como mantido para a venda, ou quando for baixado, o que ocorrer primeiro.

O benefício só vale para as para as aquisições e utilização desses bens ocorridos entre a data da publicação de decreto regulamentador, vale dizer, entre 11 de setembro de 2024 e 31 de dezembro de 2025.

A depreciação será de até 50% do valor dos bens no ano em que o bem for instalado ou posto em serviço ou em condições de produzir; e os outros 50% do valor dos bens no ano subsequente àquele em que o bem for instalado ou posto em serviço ou em condições de produzir.

Vale destacar que a lei veda a utilização da depreciação acelerada para edifícios ou construções; projetos florestais destinados à exploração dos respectivos frutos (ativo biológico e produto agrícola – Pronunciamento Técnico CPC 29 do CFC), terrenos, bens que aumentem de valor ao longo do tempo (obras de arte ou antiguidades) e bens sujeitos à quotas de exaustão (minas ou jazidas de minerais).

É também um incentivo à modernização, pois a medida estimula as empresas a investirem em novos equipamentos e tecnologias, promovendo a modernização e aumento da eficiência produtiva.

Possui alguns requisitos para sua habilitação, pois para usufruírem do benefício, as empresas precisam ser previamente habilitadas pela Receita Federal, estar sujeitas à tributação com base no lucro real e atender a outros requisitos legais, como regularidade fiscal e inexistência de sentenças condenatórias por improbidade administrativa.

Por fim, somente alguns setores serão beneficiados, pois, nos termos da lei, caber ao poder executivo federal, por meio de decreto especificar quais os setores econômicos (Cnae) e tipos de bens (NCM) podem se beneficiar da depreciação acelerada, o que pode direcionar investimentos para áreas estratégicas da economia.

Em que pese a boa intenção do legislador com essa medida, acreditamos que há espaço para melhorias, vale dizer, não limitação de setores, nem a restrição do incentivo a uma listagem de bens (NCM), conforme ato conjunto do MDIC e Ministério da Fazenda, de modo conferir plena eficácia do instituto em busca de uma maior competitividade.

CONSTRUÇÃO CIVIL

O Estado de S.Paulo - SP   30/09/2024

As vendas de imóveis para a classe média perderam participação no mercado imobiliário em 2024. No primeiro semestre, a fatia desse segmento caiu de 62% para 58% quando comparada a igual período no ano passado, segundo dados da consultoria Brain. A queda é resultado de um crescimento mais modesto nas vendas para a classe média em relação ao aumento expressivo no mercado de luxo e nos empreendimentos enquadrados no Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

No segmento da classe média, as vendas cresceram apenas 6%, passando de 117.796 unidades para 124.895 no País. O aumento é considerado baixo quando comparado ao mercado de luxo, que avançou 23%, chegando a 11.994 unidades, e aos imóveis do programa MCMV, que registraram alta de 26%, indo a 76.888. Os números são referentes apenas a imóveis novos.

Apesar do aumento no número de unidades vendidas no primeiro semestre, o valor geral de vendas (VGV) de empreendimentos lançados para a classe média vem caindo. De acordo com um estudo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Brain, no segundo trimestre de 2024, os projetos de médio padrão representaram 50% do VGV dos lançamentos imobiliários do segundo trimestre de 2023 no País. Esse porcentual é inferior aos 60% registrados no período anterior, evidenciando uma retração no peso desse segmento no mercado imobiliário.

“A classe média tem interesse em comprar imóveis, mas encontra dificuldade em obter crédito devido aos juros elevados e ao alto custo do funding (recursos). Isso não só compromete o orçamento das famílias, que enfrentam obstáculos para financiar a casa própria, como também inibe o lançamento de novos projetos pelas incorporadoras, afetando todo o setor,” afirmou o presidente da Abrainc, Luiz França.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic para 10,75% ao ano. Segundo França, o aperto monetário tem efeito negativo sobre os tomadores de crédito em todos os setores da economia, porque encarece os empréstimos e financiamentos. A expectativa do mercado é que o aumento dos juros ocorra até janeiro de 2025, quando alcançaria 12% ao ano.

De acordo com dados do Banco Central, até maio, a taxa de juros de financiamentos imobiliários vinha em uma trajetória de leve queda. No Sistema de Financiamento Habitacional (SFH), que financia imóveis de até R$ 1,5 milhão, a média dos primeiros cinco meses de 2024 foi de uma taxa de juros de 11,04%. Em 2023, a taxa foi de 11,81% e, em 2022, 10,86%.

O volume financiado de janeiro a maio deste ano foi de R$ 10,8 bilhões, mantendo ritmo similar ao de 2023, quando somou R$ 23,1 bilhões nos 12 meses. A parcela média paga pelos consumidores foi de R$ 1.508,58 em maio do ano passado para R$ 1.653,03 em maio deste ano.

No segundo trimestre, a Cyrela, que tem a marca Living focada na classe média, teve redução de lançamentos. Os projetos para o segmento tiveram queda de 79% no VGV lançado, para R$ 267 milhões, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. As vendas, por outro lado, subiram 9% no período.

Segundo o coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV, Alberto Ajzental, o segmento de médio padrão tende a ser o mais espremido pelas intempéries do mercado. ”A classe média é a que mais sofre pressão inflacionária, de juro ou do desemprego. Ela é o sanduíche entre o luxo e econômico”, afirma.

O especialista diz ainda que as construtoras ampliaram os lançamentos de imóveis econômicos depois da reforma que o governo federal fez, no ano passado, para o MCMV. “Elas estão voltando os esforços para essa área do Minha Casa, Minha Vida justamente porque tem, não só mais demanda, mas também tem maior possibilidade de vender os produtos rapidamente. Quem está dando as condições (para o aumento da oferta de imóveis econômicos) e despertando o interesse das construtoras é o governo”, diz.

Vendas de estoques

Apesar do cenário desafiador, a pesquisa Abrainc indicou que 40% da classe média, com renda familiar entre R$ 10 mil e R$ 20 mil, manifestam intenção de adquirir um imóvel nos próximos 12 meses, e 58% dos entrevistados têm expectativa de alta nos preços.

Para Fábio Tadeu Araújo, presidente da Brain, “a habitação sempre figura como uma das prioridades da população, pelo desejo universal de morar bem”.

De acordo com dados do Secovi-SP, organizado por Ajzental, diante da combinação entre desaceleração de lançamentos voltados à classe média e o desejo de compra da casa própria, os apartamentos de projetos lançados e não vendidos (chamados estoques) estão sendo adquiridos pelos consumidores numa velocidade maior em 2024.

Em janeiro deste ano, se não lançassem mais nada e o ritmo de vendas fosse mantido, as construtoras teriam estoque de apartamentos de 45 m² a 65 m² em SP para 17,2 meses. Em julho, o número caiu para 11,4 meses. Entre os imóveis com tamanhos entre 65 m² e 85 m², o nível de estoque caiu de 17,9 meses em janeiro para 16,5 meses em julho.

FERROVIÁRIO

Monitor Digital - RJ   30/09/2024

A Vale retomou as operações de transporte de carga na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), da qual é operadora. “Conforme esperado, a interrupção temporária não impactou a programação de produção”, afirmou, em nota divulgada nesta sexta-feira, Gustavo Duarte Pimenta vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores. Ele afirmou que nos próximos dias será retomado o transporte de passageiros. “A Vale não espera impacto na programação de produção”, assinalou o executivo.

Na quinta-feira (26), a mineradora informou sobre um incêndio ocorrido em um trem com carga de terceiros no município de Antônio Dias, Minas Gerais, na Estrada de Ferro Vitória a Minas. “O incêndio foi contido sem vítimas. O local afetado passa por avaliação e as causas do incidente estão sendo apuradas”, informou Pimenta.

Em 2020, com a prorrogação da concessão da Estrada de Ferro Vitória a Minas, a Vale se comprometeu a realizar obras para aumentar a segurança e a mobilidade urbana nas regiões por onde passa a ferrovia. A Vale já divulgou que serão contemplados 28 municípios em Minas Gerais e no Espírito Santo até 2030, tendo por base os critérios de priorização definidos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e pelo Ministério da Infraestrutura após processo de ampla participação popular em audiências públicas.

Segundo a Vale, a EFVM e a Estrada de Ferro Carajás (EFC) são reconhecidas pelos órgãos competentes como as mais seguras ferrovias e com melhores índices ambientais do país.

Em maio deste ano, a EFVM completou 120 anos. Entre as tecnologias que a Vale, concessionária da malha, utiliza na operação e formação de pessoas para atuar na ferrovia estão inteligência artificial, realidade virtual, simuladores, sistemas de monitoramento e equipamentos de alta performance.

A inteligência artificial é uma das principais ferramentas utilizadas na inspeção de vagões. Por meio de algoritmos avançados, câmeras e sensores ao longo da via são capazes de identificar com precisão se os componentes e estruturas estão dentro dos padrões esperados. A Vale diz que cerca de três mil vagões são inspecionados de forma automática diariamente, o que antecipa necessidades de manutenção, aumenta a segurança e a eficiência operacional, além de prolongar a vida útil dos equipamentos.

NAVAL

A Tribuna - SP   30/09/2024

A expansão do modal hidroviário no estuário do Porto de Santos, para além da mobilidade, seria um indutor de desenvolvimento econômico, gerador de emprego e renda. Essa é a avaliação do diretor do Departamento de Gestão Hidroviária da Secretaria Nacional de Hidrovias e Navegação (SNHN), Eliezé Bulhões de Carvalho, após visita técnica realizada nesta sexta-feira (27) pelo canal de navegação.

Durante duas horas, o diretor do Departamento de Gestão Hidroviária percorreu o Porto em uma embarcação junto com técnicos da Autoridade Portuária de Santos (APS). Foi a última programação do 10º Simpósio Regional de Recursos Hídricos - Infraestrutura de Hidrovias como Meio de Desenvolvimento Tecnológico Sustentável, realizado pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS), entre quarta-feira e ontem.

O percurso foi da Praia do Góes, em Guarujá, até o canal de Piaçaguera, entre Cubatão e a Área Continental de Santos, na altura do Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquista (Tiplam), da VLI.

Carvalho afirmou que o projeto de crescimento do Porto de Santos deve evoluir em conjunto com um modal de transporte adequado às características da região. Ele explicou que Santos e outros portos brasileiros que estão em áreas estuarinas, ou seja, banhados pelo mar e por rios, têm potencial para hidrovias.

“O modal hidroviário é a principal alternativa não somente ao deslocamento de pessoas e cargas, mas também para o turismo”, aponta, referindo-se à demanda de usuários que se deslocam diariamente entre Santos e Guarujá, por catraia ou barcas.

Ele afirma ainda que o modal hidroviário pode impulsionar a economia regional. “A gente tem que dar qualidade de vida para as pessoas que moram na região”, salientou, complementando que, para o transporte de cargas, poderia ser implementado um sistema multimodal, integrando barcaças, que não necessitam de tanta profundidade de calado.

O gerente de controle de acessos logísticos da APS, Felipe Fray Buschinelli, fez uma apresentação a bordo, explicando as características da região, dos terminais e dos tipos de cargas operadas em cada ponto das duas margens do complexo portuário santista. Segundo ele, uma das vantagens do modal hidroviário é que o custo de implementação é menor. “O investimento é menor do que o de uma rodovia ou ferrovia, até porque a água já serve como um pavimento para navegação. Basicamente, tem que ter pontos de embarque e desembarque”.

“A gente opera navios cada vez maiores, com cargas que vêm de vários países, às vezes, de cabotagem (navegação costeira), para chegar e sair de Santos. Mas, existem estudos que podem ser feitos justamente para a multimodalidade dessas cargas, de viabilidade das hidrovias”, comentou Fray.

O diretor de Portos da AEAS, engenheiro Eduardo Lustoza, ressalta a necessidade da multimodalidade para se obter uma logística eficiente. “Hoje, temos 63 berços com potencial para chegarmos a 90 dentro e fora da área do Porto Organizado, especialmente na região do Largo Santa Rita, operando todo tipo de carga”.

Portal Fator Brasil - RJ   30/09/2024

Entre 2019 e 2024, o volume saltou de 6,6 milhões de toneladas para 11,3 milhões de toneladas. Os dados, que se referem ao período de janeiro a agosto, são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e foram levantados e organizados pelo Ipardes

Referência nacional em agilidade de operação, o Porto de Paranaguá vem sendo cada vez mais usado pelos estados brasileiros para o escoamento de cargas. Entre 2019 e 2024, as exportações de produtos de outros estados pelo porto paranaense saltaram de 6,6 milhões de toneladas para 11,3 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 70% no período. Os dados, que se referem ao período de janeiro a agosto, são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e foram levantados e organizados pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social).

Para o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, os números refletem a confiança do setor produtivo de diferentes regiões do País na infraestrutura logística paranaense para o escoamento das produções agrícola e industrial brasileiras.

—Nossos investimentos contínuos em infraestrutura e modernização têm sido fundamentais para consolidar o Porto como um dos principais hubs logísticos do Brasil, facilitando o escoamento de mercadorias de diferentes estados, mesmo em um cenário de crescente concorrência entre os portos nacionais —afirmou.

Na comparação entre os dois períodos, também houve um aumento nos valores dos produtos movimentados a partir destas exportações. Em 2019, o escoamento de produtos de outros estados brasileiros chegou a US$ 3,2 bilhões, enquanto em 2024 o valor entre janeiro e agosto atingiu US$ 7,9 bilhões, um aumento nominal de 143%.A comparação exclui a inflação no período, que foi de 36%.

Ainda foi registrado um crescimento no número de estados que usam o Porto de Paranaguá para suas exportações. Há cinco anos, 20 estados, além do Paraná, escoaram seus produtos por este terminal portuário entre janeiro e agosto. Em 2024, desde o início do ano, foram 26.

Competitividade — Em um momento de acirramento na concorrência entre os portos brasileiros, o crescimento nas exportações evidencia a eficiência logística paranaense, integrando o Porto de Paranaguá aos demais modais, como a estrutura viária e ferroviária do Paraná, que se conecta aos demais estados.

—Com os investimentos que vêm sendo realizados nos últimos anos, o Porto de Paranaguá facilita não somente o escoamento das exportações paranaenses, como também das vendas brasileiras —afirmou o diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado.

Estados — Na movimentação total de cargas, incluindo os produtos paranaenses, as exportações pelo Porto de Paranaguá, entre janeiro e agosto, somaram 27,3 milhões de toneladas, segundo os dados da Secex.

Excluindo o Paraná, o Mato Grosso do Sul foi o estado que mais demandou a estrutura do Paraná nos oito primeiros meses de 2024. O estado do Centro-Oeste, que não dispõe de porto marítimo, escoou 5,1 milhões de toneladas pelos terminais paranaenses. Na comparação com 2019, quando o Mato Grosso do Sul exportou 2,4 milhões de toneladas por Paranaguá, o crescimento é de 105%.

Apesar de dispor de um grande complexo portuário, São Paulo é o segundo estado, além do Paraná, que mais utilizou o Porto de Paranaguá para o escoamento de produtos. Foram 2,5 milhões de toneladas entre janeiro e agosto deste ano, o que representa um aumento de 175% em relação às 917 mil toneladas exportadas em 2019. Na sequência estão Mato Grosso (1,4 milhão de toneladas), Goiás (1,1 milhão de toneladas), Santa Catarina (641 mil toneladas), Rio Grande do Sul (148 mil toneladas) e Minas Gerais (103 mil toneladas).

No geral, os produtos mais exportados pelos outros estados por Paranaguá são os grãos, que totalizaram entre janeiro e agosto 4,4 milhões de toneladas escoadas. Açúcares (2,6 milhões de toneladas), alimentos para animais (1,7 milhão de toneladas) e carnes (791 mil toneladas) foram os outros produtos mais exportados por outras unidades da Federação via Porto de Paranaguá.

Portos e Navios - SP   30/09/2024

Os ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, anunciaram, na última quinta-feira (26), a assinatura do contrato para a construção do Porto Meridional de Arroio do Sal, no Rio Grande do Sul. O investimento, estimado em R$ 6 bilhões, prevê a criação de mais de dois mil empregos diretos e cinco mil indiretos na fase de construção, com impacto significativo na economia da região.

O porto, que será um terminal de uso privado (TUP), contará com 10 berços para atracação de grandes navios, incluindo oito dedicados a contêineres, granéis e gás, além de dois para transatlânticos. Com capacidade para movimentar 53 milhões de toneladas por ano, o Porto Meridional terá o dobro da capacidade do Porto de Rio Grande (RS) e promete transformar a matriz econômica do estado, de acordo com os ministros.

A previsão de entrega do empreendimento é para 2026, quando o porto começará a receber os primeiros navios, consolidando-se como um importante eixo logístico para o comércio internacional e o desenvolvimento regional.

PETROLÍFERO

Exame - SP   30/09/2024

A Prio (antiga PetroRio) acaba de anunciar a compra de 40% do campo de Peregrino, antes pertencentes à chinesa Sinochem. O valor do negócio é de US$ 1,91 bilhão, mas pode chegar a US$ 1,6 bilhão, após ajustes que incluem a geração de caixa do campo desde o início de 2024.

A informação, publicada via fato relevante nesta sexta-feira, 27, já havia sido antecipada pelo INSIGHT.

O investimento, que se consolida como um de seus maiores M&As, deve aumentar em 40% a produção diária de petróleo da Prio, que hoje gira em torno de 85 mil barris por dia, somando mais 36 mil barris por dia à operação.

Já as reservas 1P, que são as reservas de petróleo provadas, vão aumentar em 20% com essa compra, passando de 600 milhões de barris para 735 milhões.

Com a aquisição, a Prio espera economizar dinheiro no transporte de petróleo, “completando” os navios do campo Peregrino.

De acordo com o documento, cada offtake (venda e carregamento) de Peregrino é de aproximadamente 650 mil barris. Segundo o CEO Roberto Monteiro, em entrevista ao Brazil Journal, a capacidade dos navios é de 1 milhão. Sendo assim, os outros 350 mil poderiam vir de outros campos da Prio.

O petróleo extraído do campo Peregrino é vendido com um desconto em relação ao preço de referência do Brent. Esse desconto atualmente é de cerca de US$ 12 a US$ 10,5 por barril, mas a otimização do frete deve gerar uma economia de US$ 4 por barril.

Valores na aquisição

Apesar do custo da aquisição girar em torno de US$ 1,91 bilhão, a Prio não irá pagar o montante integral. Isso porque o "valor efetivo" da transação é considerado a partir de 1º de janeiro deste ano.

Desde então, o campo já gerou entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões de receita, o que será descontado do custo para a Prio. O preço final ficará entre US$ 1,6 bilhão e US$ 1,7 bilhão.

Além disso, o preço da transação foi de US$ 14 por barril de petróleo, um pouco mais alto do que o valor dos barris que a Prio já negocia na Bolsa, que é de US$ 11 por barril.

A subsidiária da Sinochem que opera o campo também tem um prejuízo acumulado de US$ 650 milhões. A Prio pode usar esse prejuízo para reduzir os impostos que terá que pagar nos próximos anos.

De acordo com fato relevante, a alavancagem da Prio vai aumentar de 0,4x para 1,2x Ebitda com essa compra, mas a empresa espera que, com o caixa que o campo vai gerar, a alavancagem volte para perto de zero até o final do ano que vem.

Para pagar a compra, a Prio pegou empréstimos de mais de US$ 1 bilhão com diversos bancos, como BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), Citi, Santander e Itaú. A ideia é que esses empréstimos sejam refinanciados quando o mercado estiver favorável, usando instrumentos como debêntures e bonds.

Aquisição ainda depende de Equinor

O novo consórcio será formado pela empresa norueguesa Equinor, que controla os outros 60% do Campo, e pela Prio, com 40% de participação.

Entretanto, de acordo com o fato relevante, a conclusão do negócio está “sujeita às condições precedentes usuais para este tipo de transação”, como aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), além do “direito de preferência” que a Equinor tem 30 dias para exercer.

Ou seja, a companhia tem a prioridade para, se quiser, igualar a oferta da Prio e adquirir a fatia da Sinochem. Contudo, a Prio não considera provável que a Equinor faça esse movimento.

Apesar de ter comprado uma parte do campo, a Prio não será a operadora principal, então não influenciará diretamente as operações do campo.

No entanto, o mercado já especula que a Prio possa comprar, em um futuro, a fatia da Equinor. Como minoritária, a Prio teria direito de preferência na compra.

"Acreditamos que essa aquisição é apenas o primeiro passo em uma estratégia mais ampla para eventualmente comprar todo o campo. Esperamos que a Equinor venda sua participação no ativo nos próximos anos", disse o BTG em relatório.

TN Petróleo - RJ   30/09/2024

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou no encerramento da ROG.e 2024, nesta quinta-feira (26), que a empresa e o Brasil precisam continuar a explorar novas fronteiras e repor reservas para desenvolver o setor trazendo benefícios para o mercado e a sociedade. A executiva lembrou ainda que o país está na vanguarda da transição por ter uma matriz energética altamente renovável. "Entendemos a importância dessa energia (petróleo) para a economia, o país. Precisamos e não há contradição em explorar novas áreas. Esse ritmo que buscamos não é conflitante com a transição energética. É também mais uma fonte para garantir emprego e renda para o Brasil".

Chambriard reforçou o compromisso da empresa com o net zero, que, segundo a executiva, pode ser antecipado. "Nosso petróleo tem a menor pegada de carbono do mundo. Ninguém do mundo tem etanol, gasolina e bunker de navegação tão renovável. Reafirmamos nosso compromisso do net zero em 2050, que, acredito, será antecipado".

O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, encerrou a edição da ROG.e ressaltando a troca de conhecimento, os encontros entres grandes empresas, fornecedores que ajudam a fortalecer ainda mais a indústria de óleo, gás e energia. "Esses quatro dias foram uma jornada de sucesso, de resposta e conhecimento".

A edição deste ano da ROG.e bateu recordes e contou com 76 mil participantes, 6 mil congressistas, mais de 600 horas de conteúdo, 630 empresas e 778 trabalhos técnicos apresentados. A ROG.e 2024 também foi um grande exemplo de acessibilidade com o Kit livre, Libras em 100% do conteúdo, sala de apoio à amamentação, assentos adaptados e elevadores exclusivos.

Na cerimônia de encerramento foi entregue o Prêmio Leopoldo Aurélio Miguez de Mello para Carlos Mastrangelo, diretor de operações offshore da Brava Energia, em reconhecimento ao seu trabalho de excelência realizado ao longo de seus 40 anos de carreira no setor de óleo e gás.

Os trabalhos técnicos de destaque em cada um dos sete eixos também foram premiados:

Eixo 1- Upstream: "Modelagem de permeabilidade relativa de rochas carbonáticas heterogêneas do laboratório ao campo: um caso do pré-sal" para José Cavalcante, da Petrobras; Eixo 2 - Midstream/Downstream: "Ajuste contínuo da condição de queima de gases em tochas industriais apoiado por inteligência artificial", para Marcelo Cardoso (Petrobras); Eixo 3 - Gás natural: "Solução de conflitos no setor de gás", para Marcello Lobo (Pinheiro Neto Advogados); Eixo 4 - Soluções de baixo carbono: "A jornada do projeto H2R para navios de perfuração mais sustentáveis com produção embarcada de hidrogênio", para Cristiano Henrique Brito (Ocyan); Eixo 5 - Pessoas, cultura e sociedade: "Tecnologias sociais para mediação de conflitos e construção colaborativa para o desenvolvimento territorial", para Karen Joyce Aragão (Transpetro); Eixo 6 - Financiabilidade da transição: "Mercado de carbono: teoria econômica, prática internacional e expectativas para o Brasil", para Lucas Antoun (Eneva) e Eixo 7 - Transformação Digital e Inovação: Process Safety Management in oil and gas operating units through digital twin plataform: a digital approach for safety control and process intervention", para Janaina Albino (Vidyatec)

Recuperação de campos maduros é alternativa para aumentar a produção de petróleo no Brasil

A produção de petróleo no Brasil pode crescer nos próximos anos por meio do investimento na recuperação de campos maduros e exploração de áreas adjacentes offshore. Essa é a visão do CEO da Brava Energia, Décio Oddone. O executivo participou do Strategic Talks. "Eu costumo dizer que o petróleo mais barato é o já descoberto. O Brasil tem um espaço gigantesco para aumento da produção em campos maduros, em terra. A fração de recuperação no país é muito abaixo da média global, e isso é uma oportunidade", disse.

Na visão do executivo, a exploração de áreas adjacentes também seria uma alternativa para aumentar a produção de petróleo no país, considerando um cenário de declínio no pré-sal no fim da próxima década. "Quando se tem ativos em produção, é mais fácil [explorar as áreas do entorno]. Mas, aqui, temos que avançar em questões regulatórias que permitam, por exemplo, o acesso de terceiros às instalações, entre outras medidas", completou.

Desenvolvimento de biocombustíveis

O desenvolvimento de biocombustíveis no processo de evolução energética da indústria ganhou evidência em painel desta quinta-feira. O programa BioRefino, da Petrobras, foi apresentado pela gerente executiva do Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação (Cenpes), Maíza Pimenta Goulart, como uma iniciativa bem-sucedida, com investimento de US$ 1,5 bilhão na produção de combustíveis mais sustentáveis voltados para setores com alto índice de emissões de CO2,como o rodoviário para veículos pesados, aéreo e marítimo.

"O desenvolvimento de novas tecnologias e biocombustíveis no Cenpes, maior centro de pesquisas da América Latina, se deve principalmente à capacidade de mais de 9 mil pesquisadores a serviço de produtos de baixo carbono", afirmou a executiva. De acordo com ela, em 2023, a Petrobras investiu R$ 145 milhões em parcerias com universidades e centros de pesquisa e empresas e outros R$ 522 milhões em atividades de PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) em produtos de baixo carbono.

Destaque para o Eteno Verde, cujos testes em escala industrial para produzir uma corrente de Hidrocarbonetos Leves de Refinaria (HLR), rica em eteno, com conteúdo renovável, foram concluídos este ano. Realizado em parceria com a Braskem, o projeto desenvolveu uma potencial matéria-prima renovável para a indústria química.

Outro destaque foi a primeira operação de FCC com carga 100% renovável da Biorrefinaria Riograndense, com tecnologia do Cenpes/Petrobras. "Nosso projeto materializa o conceito da transição energética. Na primeira fase (até 2025), na produção de químicos sustentáveis (bio-GLP, óleo leve, óleo clarificado, bio-BTX); na segunda fase (até 2028), com biocombustíveis avançados (SAF – combustível sustentável de aviação; diesel renovável e nafta verde); e na terceira fase (potencial para futuro), com biocombustíveis sintéticos (e-SAF e e-methanol)", detalhou Felipe Jorge, diretor superintendente da Riograndense.

"O petróleo nos trouxe a capacidade científica e tecnológica para chegar neste estágio de evolução", afirmou o professor titular da Unicamp, Gonçalo Pereira, que fez a moderação do painel. Luiz Mendonça, CEO da Acelen, destacou os projetos de biorrefinaria na Bahia e em Minas Gerais, com produção de biocombustíveis a partir da macaúba, planta nativa e de alto valor energético (96%). "Não basta ser renovável. É preciso ser competitivo", disse o executivo.

O projeto de biorrefino da Acelen tem investimento de mais R$ 12 bilhões, com previsão de plantar macaúba em 180 mil hectares e produção de 1 bilhão de litros de diesel renovável e querosene de aviação sustentável por ano.

Diversidade e inclusão na Petrobras

A Petrobras projeta ter, até 2030, 25% dos seus cargos de liderança ocupados por mulheres e negros. A afirmação foi feita por Thais Pessanha, Gerente de Diversidade, Equidade e Inclusão da empresa, durante o painel "Transformando o ambiente de trabalho – o impacto das lideranças inclusivas", realizado no Fórum DE&I.

Thaís compartilhou sua trajetória como pessoa com deficiência e listou três pontos essenciais para exercer uma liderança de maneira inclusiva: estudar, para que a escuta ativa seja uma ferramenta de mudança; agir, considerando que o exemplo transforma realidades; e expandir, para ampliar o alcance do seu trabalho para outras localidades ou áreas.

A Petrobras realiza também, conforme explicou a gerente, sensibilizações em escolas de ensino fundamental e médio e em universidades, informando sobre as oportunidades da empresa. Atualmente, os programas de estágio e jovens aprendizes contam, também, com reservas de vagas.

Formação profissional na indústria de energia

De que forma as novas tecnologias, como a inteligência artificial, por exemplo, podem ser exploradas para a formação profissional? "Enfrentamos mudanças muito rápidas. Na área de capacitação precisamos fazer com que elas venham ao encontro do plano estratégico. É importante entender e avaliar como a tecnologia pode potencializar os negócios", respondeu o gerente geral da Universidade Petrobras, Robson Leite, no painel "Formação de Recursos Humanos na área de Energia".

Breno Medeiros, vice-presidente executivo da ABESpetro (Associação Brasileira das Empresas de Bens e Serviços de Petróleo), mostrou como o segmento de fornecedores vem trabalhando para aprimorar a formação de capital humano e formar novos talentos para as diferentes demandas do mercado. "Elaboramos uma pesquisa para diagnosticar as necessidades da indústria. Falamos com o IBP, a ANP e vamos finalizar a análise de dados".

Raphael Neves Moura, superintendente de Tecnologia e Meio Ambiente da ANP, lembrou que a ANP tem como parte de sua atribuição ajudar a gerir os investimentos da cláusula de P&D, que atualmente é cerca de R$ 4 bilhões por ano para inovação e desenvolvimento e estimular a capacitação. "Temos nosso programa de recursos humanos para alimentar a academia com pesquisadores e também olhar para o empreendedorismo. Fazemos um trabalho colaborativo, de ouvir as empresas para auxiliar no desenho de tendências, modelos de programas de recursos humanos para lidar com os desafios do emprego no futuro".

Sobre a ROG.e - A ROG.e 2024 conta com patrocínio da Petrobras, Shell, TotalEnergies, Equinor, Galp, Origem, Brava, Petronas, Prio, bp, Chevron, ExxonMobil, Modec, Repsol Sinopec Brasil, SBM Offshore, Acelen, Eletrobras, Excelerate Energy, Ipiranga, Pan American Energy, Vibra, Dell, Nvidia, Naturgy, TechnipFMC, TBG, Trident Energy, ABB, Construtora Elevação, Compass, Foresea, Huawei, Karoon Energy, OceanPact, Perbras, Subsea7, TAG, Transpetro, Vallourec, Renave, além da participação do Governo Federal.

Valor - SP   30/09/2024

Ao mesmo tempo em que ainda perfuram, empresas investem em fontes renováveis

Verônica Coelho, presidente da Equinor; a empresa norueguesa prepara na Bahia o seu primeiro projeto híbrido para produção de energias solar e eólica — Foto: Divulgação

Diante das mudanças climáticas, que apontam para a necessidade de acelerar a redução da produção e do consumo de combustíveis fósseis, as empresas de petróleo e gás vêm apostando em diversas alternativas para a transição energética. Com a realização de aportes bilionários em fontes renováveis e em pesquisa e desenvolvimento (P&D), elas investem em projetos de energia solar e eólica, biocombustíveis e tecnologias como CCS - sigla em inglês para captura e armazenamento de carbono -, entre outras.

A Petrobras, por exemplo, pretende investir US$ 11,5 bilhões em iniciativas do gênero, segundo seu Plano Estratégico 2024-2028+. Desse montante, US$ 5,5 bilhões irão para energias renováveis, principalmente eólica e solar. Outros US$ 3,9 bilhões serão destinados à redução das emissões de suas operações - incluindo um Fundo de Descarbonização com US$ 1 bilhão para apoiar projetos na área. E ainda há US$ 1,5 bilhão para bioprodutos e US$ 700 milhões para P&D.

Um dos objetivos da companhia é chegar à neutralidade nas emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEEs) até 2050 e, antes disso, até 2030, reduzir a quase zero a emissão de metano. As principais oportunidades, diz a estatal, encontram-se no biorrefino e nos bioprodutos, em projetos novos de CCUS (sigla em inglês para captura, armazenamento e uso de carbono), em P&D para hidrogênio de baixo carbono e em fusões e aquisições de geração solar e eólica.

Com recursos do Fundo de Descarbonização, a estatal aprovou, este ano, investimentos em três usinas fotovoltaicas nas refinarias de Gabriel Passos (Regap, MG), Abreu e Lima (Rnest, PE) e Paulínia (Replan, SP). A capacidade total das usinas será de cerca de 48 MW, com operação prevista para 2025. Em abril passado, a Transpetro, empresa de transporte da Petrobras, inaugurou uma usina solar no terminal de Guarulhos (SP) que será capaz de atender às operações locais.

Além das energias renováveis, a Petrobras está ampliando seu portfólio de biocombustíveis, que tem etanol e biodiesel, montando sua primeira planta de biorrefino em Cubatão (SP). Nela, produzirá diesel renovável (HVO) e BioQAV, combustível sustentável de aviação. Este último será produzido também no polo Gaslub, antigo Comperj, em Itaboraí (RJ).

Em outra frente de descarbonização, a tecnologia CCUS - que reduz emissões e aumenta a recuperação dos reservatórios do pré-sal - vai dobrar a capacidade anual da Petrobras de reinjetar CO2 nos próximos três anos, com a adição de sete FPSOs (espécie de navio-plataforma) dotados dessa tecnologia.

A Petrobras destaca que existem estudos para hubs de CCUS em São Paulo e no Espírito Santo, Estado no qual o protocolo de intenções acertado com a federação das indústrias locais e o governo também inclui um projeto de hidrogênio de baixo carbono.

Outra que vem apostando fortemente em renováveis como solar e eólica é a francesa TotalEnergies. Pretende aumentar sua geração desse tipo de energia em termos globais de 19 TWh atualmente para mais de 100 TWh até 2030, investindo, em média, US$ 4 bilhões por ano. Para Charles Fernandes, diretor-geral da TotalEnergies EP Brasil e country chair da Total, novos projetos de petróleo e gás só serão aprovados se indicarem intensidade de emissões de GEE abaixo da média do portfólio atual.

A empresa tem o objetivo de reduzir as emissões de suas operações em 40% até 2030, tendo por base 2015, ano do Acordo de Paris. No Brasil, a Total desenvolve, em parceria com a Casa dos Ventos, projetos visando atingir 12 GW em energia solar e eólica onshore. Atualmente são 1,7 GW em operação no Nordeste, 1,4 GW em construção e 4,4 GW em estágio avançado de desenvolvimento.

“Há outras fontes potenciais e promissoras no Brasil, que olhamos com interesse e prudência”, diz Fernandes. Entre elas, ele cita eólica offshore, hidrogênio verde, biogás, baterias, CCS e mercado de carbono. “Participamos das discussões sobre marcos regulatórios relevantes para viabilizar a implementação dessas novas fontes”, ressalta o executivo.

A petroleira, que também está desenvolvendo biocombustíveis, biogás, hidrogênio e e-combustíveis (combustíveis sintéticos), investe globalmente cerca de US$ 1 bilhão por ano em pesquisa e desenvolvimento. No ano passado, 65% desse montante foi destinado a novas energias.

A norueguesa Equinor, também com o objetivo de ser neutra em emissões em 2050, quer cortar sua intensidade de carbono em 20% até 2030 e cinco anos depois em 40%. “Alcançaremos isso com a redução das emissões de nossas operações, ampliando nossa capacidade de energias renováveis e estabelecendo cadeias de valor em CCS e hidrogênio, por exemplo”, diz a presidente da empresa, Verônica Coelho.

O primeiro parque de energia solar do portfólio global da petroleira foi inaugurado em 2018, no Ceará. É o Complexo de Apodi, que serviu como projeto piloto para novas incursões no segmento. Em março passado, a Equinor colocou em operação o Complexo Solar de Mendubim, no Rio Grande do Norte. O empreendimento exigiu R$ 2,1 bilhões e produz o equivalente ao consumo energético de cerca de 620 mil residências.

Na Bahia, a Equinor fará seu primeiro projeto híbrido de energias solar e eólica: o Complexo Solar Serra da Babilônia. Será desenvolvido dentro da área do Serra da Babilônia I, conjunto de parques eólicos onshore já operados pela Rio Energy, empresa adquirida pela petroleira escandinava em 2023. “O modelo híbrido permite uma produção complementar de energia eólica e solar, utilizando o sistema de interconexão existente, não exigindo capacidade adicional de rede”, destaca Coelho.

Com apetite por projetos de biocombustíveis, tecnologias digitais, armazenamento de carbono, materiais sólidos para absorção de CO2, hidrogênio, entre outros, a ExxonMobil está aportando cerca de R$ 200 milhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação em parceria com universidades e outras empresas. De acordo com Marcio Bastos, gerente de P&D da ExxonMobil Brasil, a expectativa é de que alguns projetos comecem a gerar resultados a partir de 2025.

Entre eles, ele cita os projetos de pesquisa básica em captura de carbono. “São temáticas importantes, pois estão alinhadas com a nossa estratégia global de reduzir emissões”, diz Bastos. Essas iniciativas da petroleira estadunidense estão acontecendo no Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul e região Sul.

No Rio de Janeiro, os projetos contemplam as áreas de biocombustíveis, tecnologias digitais e armazenamento de carbono. Em São Paulo, os temas são hidrogênio, materiais sólidos para absorção de CO2, novos polímeros para o aumento da reciclagem e simulação de escoamento de óleo.

Já no Centro-Oeste, o foco é o desenvolvimento de biocombustíveis a partir da lignina (polímero natural presente em plantas terrestres). E, na região Sul, os estudos são sobre o depósito de sedimentos, armazenamento de CO2 em rochas ígneas, lubrificantes e uso de inteligência artificial para otimizar a distribuição de combustíveis, além da viabilidade de produção de biocombustíveis a partir de óleo reciclado.

IstoÉ Dinheiro - SP   30/09/2024

Os contratos do petróleo fecharam em alta nesta sexta-feira, 27, impulsionado pelo aumento das tensões no Oriente Médio, pela alta expectativa por demanda após dados dos Estados Unidos sugerirem uma melhora no sentimento do consumidor, e também impulsionado por um ímpeto de correção, após um forte tombo nos últimos pregões. Durante a sessão, o preço da commodity operou com volatilidade, oscilando entre altas e baixas.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para novembro fechou em alta de 0,75% (US$ 0,51), a US$ 68,18 o barril, enquanto o Brent para dezembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 0,53% (US$ 0,38), a US$ 71,98 o barril. Na semana, o WTI recuou 4,14%; e o Brent caiu 3,49%.

Dados de consumo dos EUA, como o PCE e índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, sugeriram uma melhora no consumo americano, o que sugere uma demanda do óleo forte na maior economia do mundo.

No Oriente Médio, Israel afirmou nesta sexta que atingiu a sede do Hezbollah em uma grande explosão que matou pelo menos duas pessoas. Em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sinalizou que responderá qualquer ataque feito pelo Irã.

Segundo o Commerzbank, o pacote de medidas para estimular a economia chinesa, anunciado pelo Banco do Povo da China (PBoC) no início da semana e completado nesta sexta, também cooperou para a alta nos preços do petróleo.

Por outro lado, a notícia de que países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), como a Arábia Saudita, retomariam a produção de petróleo limitam o preço da commodity. Segundo o Swissquote Bank, qualquer atitude do país saudita deve influenciar as ações dos outros integrantes. “Isso é totalmente pessimista para os preços do petróleo”, explica.

RODOVIÁRIO

Investing - SP   30/09/2024

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) assinou, nesta 5ª feira (26.set.2024), contratos que totalizam R$ 3,3 bilhões com os Estados do Ceará e Mato Grosso do Sul. Esses acordos, parte do programa BNDES Invest Impacto, são para projetos de saneamento básico e infraestrutura rodoviária.

No Ceará, o investimento de R$ 1 bilhão é para obras de saneamento e abastecimento de água em 39 municípios. A ação impactará aproximadamente 1,5 milhão de pessoas. Entre os projetos está a duplicação do Eixão das Águas e o investimento na Companhia de Água e Esgoto do Ceará.

A ideia é garantir a segurança hídrica da região metropolitana de Fortaleza e universalizar o serviço de esgotamento sanitário até 2033.

Já no Mato Grosso do Sul, o aporte de R$ 2,3 bilhões servirá para a pavimentação e restauração de cerca de 800 km de rodovias estaduais, além da implementação de um sistema de monitoramento da malha rodoviária. A medida deve ajudar o setor agropecuário.

“O saneamento é indispensável para a qualidade de moradia e de vida da população, por reduzir riscos à saúde, principalmente infantil”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

O programa de financiamento do BNDES também auxilia na qualificação dos investimentos, agilizando o processo de contratação e oferecendo mais previsibilidade aos Estados no planejamento de seus investimentos.

Os governadores do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), assinaram os contratos em reunião no Palácio do Planalto com o presidente Luz Inácio Lula da Silva (PT) e Mercadante.

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BNDES e Amazônia

O Banco também anunciou nesta 5ª feira (26.set) R$ 180 milhões do Fundo Amazônia para os Corpos de Bombeiros de Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. Cada um receberá R$ 45 milhões. Os repasses são não reembolsáveis e saíram de um total de R$ 405 milhões em recursos para a categoria.

Segundo o banco de fomento federal, a ideia é apoiar as corporações essenciais no combate a incêndios na Amazônia. Os investimentos serão direcionados principalmente para o aparelhamento e a estruturação dos Corpos de Bombeiros. Haverá desenvolvimento de ações de prevenção, combate, monitoramento e fiscalização de incêndios.

AGRÍCOLA

Investing - SP   30/09/2024

O Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária deve recuar 3,2% neste ano, alcançando R$ 1,239 trilhão, estima a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Em 2023, o VBP da agropecuária foi de R$ 1,280 bilhão, informou a CNA em nota técnica divulgada na sexta-feira, 27. O VBP é o faturamento bruto dos estabelecimentos rurais, considerando a produção agrícola e pecuária e a média de preços recebidos pelos produtores rurais de todo o País.

A maior retração tende a ser registrada na agricultura, com redução prevista de 4% no VBP, passando de R$ 869,7 bilhões para R$ 834,6 bilhões neste ano. Na pecuária, o VBP é projetado pela CNA, de R$ 404,4 bilhões ao fim deste ano, queda de 1,4% ante 2023, quando o setor registrou R$ 410,2 bilhões.

Na agricultura, a soja, que deve representar 37,4% do VBP, com maior participação entre as culturas, tende a registrar um resultado 17% menor que o de 2023. "Os preços da oleaginosa seguem em redução (-12,9%) e há queda na produção (-4,7%). No caso do milho, também há a previsão de queda na produção (-12,3%) e no preço (-8,4%), em 2024", observou a CNA, na nota, mencionando que o desempenho do cereal tende a recuar 19,6%. Em contrapartida, o aumento de 4,5% dos preços e de 0,5% da produção pode impulsionar o VBP da cana-de-açúcar em 5% neste ano, cultura com a terceira maior participação no VBP da agricultura.

Na pecuária, tanto a bovinocultura de corte quanto a pecuária leiteira têm previsões de queda no desempenho neste ano, segundo a CNA, respectivamente de 4,8% e de 2%. Os resultados destas cadeias foram afetados neste ano pelo arrefecimento de 8,8% de preços na pecuária bovina e de 2% nos preços do leite.

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