Valor - SP 24/09/2024
A depender do resultado, haverá margem para que a decisão do julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) seja revista
O relator da ação é o ministro André Mendonça, que ainda não se pronunciou — Foto: Antonio Augusto/STF
Uma ação ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF) deve ter impacto na disputa bilionária entre o grupo ítalo-argentino Ternium e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) sobre a aquisição de participação na mineradora Usiminas. A depender do resultado, haverá margem para que a decisão do julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) seja revista. Em junho deste ano, o STJ determinou à Ternium o pagamento de uma indenização de R$ 5 bilhões à CSN por entender que o negócio da Usiminas não seguiu os procedimentos legais necessários.
No Supremo, a ação foi proposta pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e requer que a Corte deixe claro que o dispositivo da Lei das S.A (artigo 254-A da Lei 6404/76) não obriga a realização de Oferta Pública de Aquisição (OPA) aos acionistas minoritários nos casos em que a venda de ações da companhia não interfiram no controle direto da empresa. A associação solicita também que todas as ações judiciais que versem sobre a questão sejam suspensas até que o Supremo decida a questão. Os advogados da AEB são Rodrigo Mudrovitsch e Floriano de Azevedo Marques Neto.
De acordo com os pedidos ao STF, o foco da ação não é a inconstitucionalidade total do artigo da lei, mas uma interpretação do Supremo de como o dispositivo deve ser seguido nas demais instâncias do Judiciário. O relator da ação é o ministro André Mendonça, que ainda não se pronunciou sobre o processo.
Embora a ação não seja específica sobre a disputa entre a CSN e a Ternium, o caso é citado na petição inicial da AEB como uma virada da jurisprudência e uma alteração na forma como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vinha aplicando a lei nas compras de ações de sociedades abertas, em que a oferta pública só é necessária nos casos de efetiva alienação do controle da companhia.
“De imediato, a decisão [do STJ sobre a CSN e Ternium] causou perplexidade no mercado, por se tratar de grave e injustificada ruptura com o entendimento que vinha sendo aplicado pela Justiça e pela CVM há décadas, o qual já havia sido incorporado à prática de operações societárias em matéria de ‘tag along’”, diz o texto apresentado no STF. O “tag along” é a prática de estender a oferta das ações aos demais acionistas.
No caso da disputa entre a CSN e a Ternium, o processo ainda não foi finalizado no STJ, portanto, pode ser abarcado por uma eventual decisão do STF de suspensão dos processos.
Em junho, por 3 votos a 2, o STJ mudou o seu acórdão e acolheu o recurso da CSN. Assim, formou-se maioria para entender que houve mudança de controle da Usiminas com a entrada do grupo Ternium. Portanto, a CSN, de Benjamin Steinbruch, sócia minoritária da empresa mineira, teria direito ao “tag along”.
Esse julgamento é considerado “leading case” sobre o assunto e, a partir da decisão de junho, tende a servir de precedente para processos semelhantes, nos quais existe a substituição de parte do bloco que atua no grupo do controle da empresa. O que preocupou outras empresas e o que motivou a AEB a procurar o Supremo.
Em 2011, a Ternium adquiriu 27,7% do total do capital votante da companhia. As ações foram compradas do grupo formado pelas empresas Votorantim e Camargo Corrêa e da Caixa dos Empregados da Usiminas. Na época, a japonesa Nippon Steel detinha 30% da participação.
Após a operação, a CSN, que detinha o equivalente a 17,4% do capital social da Usiminas, ajuizou ação por entender que o grupo deveria ter cumprido a determinação legal de oferta pública aos sócios minoritários. Já a Ternium alegou, entre outras razões, que a CVM entendeu que não haveria obrigatoriedade de realização da oferta.
Procuradas, CSN e Ternium não quiseram se manifestar.
Investing - SP 24/09/2024
Em uma iniciativa para aumentar a eficiência de seus ativos, a Nippon Steel, maior produtora de aço do Japão, anunciou sua intenção de vender aproximadamente 2,9 milhões de ações que detém na Posco Holdings, uma importante empresa siderúrgica sul-coreana. O objetivo da empresa com esta venda é otimizar seus ativos.
Detalhes sobre o momento e o impacto financeiro esperado da venda das ações serão divulgados em uma data futura, de acordo com o comunicado da Nippon Steel.
Esta decisão estratégica faz parte do plano mais amplo da Nippon Steel de se desfazer de pelo menos 211 milhões de dólares em ativos durante o atual ano fiscal. A empresa está gerenciando ativamente sua dívida enquanto se prepara para um movimento significativo de expansão - uma aquisição de 14,9 bilhões de dólares da U.S. Steel.
Reuters contribuiu para este artigo.
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Globo Online - RJ 24/09/2024
Após elevar a taxa Selic pela primeira vez no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Banco Central deve esmiuçar os motivos que o levaram a tomar essa decisão na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada nesta terça-feira.
A Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, subiu 0,25 ponto percentual na semana passada, de 10,50% para 10,75% ao ano. O BC também pode dar sinais sobre os próximos passos do ciclo de alta de juros.
A decisão de aumento para 10,75% foi unânime no colegiado, que atualmente é liderado pelo presidente Roberto Campos Neto. O movimento de aperto da Selic coincidiu com a primeira reunião após a indicação do atual diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, à presidência do órgão no ano que vem — ele ainda será sabatinado e precisará ter seu nome aprovado pelo Senado.
Hiato positivo
No comunicado sobre a decisão, o BC destacou que o cenário atual é marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas de inflação distantes da meta. Isso, segundo o Copom, demanda "uma política monetária mais contracionista" - com Selic maior.
O hiato positivo indica que a economia está operando acima de sua capacidade, geralmente com utilização total de recursos (mão de obra e capital), o que pode gerar pressões inflacionárias.
O Copom não via um cenário de sobreaquecimento da economia desde junho de 2015. A revisão ocorre após mais uma surpresa com o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), que subiu 1,4% no segundo trimestre.
Para economistas, essa foi uma das principais novidades na mensagem do BC e o vetor preponderante para o aumento da projeção de inflação. Por isso, é esperado que a ata traga mais esclarecimentos sobre a visão sobre o hiato do colegiado.
Projeção de inflação
A projeção de inflação atual do BC para o primeiro trimestre de 2026, período no qual mira em seu trabalho de convergência para a meta, passou de 3,4% para 3,5% no último Copom, mesmo considerando uma trajetória da Selic, extraída do Boletim Focus, mais elevada. A meta é de 3,0%, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%.
Dado que foi fator determinante, acho que valeria a pena o BC esclarecer mais o que está vendo em relação ao hiato, trazer mais cor, independentemente do número em si — avaliou a economista Andrea Damico, sócia-fundadora da consultoria Buysidebrazil.
O detalhamento, na ata, das discussões do Copom na semana passada também pode trazer indicações sobre o plano de voo para o BC nos próximos encontros. O colegiado se reúne de novo em novembro.
No comunicado, o BC deixou claro que iniciou um ciclo de alta de juros, mas não quis se comprometer com o ritmo de aumento nem com a magnitude total do ajuste, deixando a porta aberta para novas altas.
"O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos."
A avaliação de uma parte do mercado financeiro é que a projeção de inflação em 3,5% e o tom duro do BC no comunicado já dariam espaço para uma alta maior da Selic, de 0,50 ponto percentual, em vez de 0,25pp.
A aceleração do ritmo de aperto já é a expectativa majoritária do mercado para a próxima reunião. A depender dos sinais do BC na ata, também podem ser ajustados a aposta para a magnitude total da elevação da taxa.
Consenso
Para o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, a decisão por 0,25pp na semana passada pode ter sido pela tentativa de busca de consenso entre os diretores do BC, o que deve ficar claro na ata. O colegiado está em uma tentativa de recuperar a credibilidade após o “racha” no Copom de maio, que dividiu membros indicados por Lula e os que já estavam no comitê no governo de Jair Bolsonaro.
Na opinião de Andrea Damico, caso o BC já tenha discutido um aumento de 0,50pp na semana passada, as chances de uma aceleração no ritmo de alta em novembro crescem ainda mais. Ela já espera elevação nessa magnitude, para 11,25%, e que o ciclo total seja de 1,50pp, para 12%.
O ciclo total vai depender, na sua opinião, do comportamento da taxa de câmbio. O BC fez as contas para a inflação com um dólar de R$ 5,60, mas a economista acredita que o vento externo, com a redução dos juros nos Estados Unidos, é favorável para a moeda brasileira, se não houver novas surpresas negativas na política fiscal interna.
Por isso, também espera maior detalhamento do BC sobre o cenário internacional. No comunicado, mesmo com o pontapé inicial no ciclo de corte de juros pelo banco central dos EUA, o Copom mudou pouco sua avaliação sobre o cenário externo, mudando a classificação de adversa para desafiadora. Sobre o fiscal, o BC também manteve a avaliação de que a percepção do mercado sobre a política fiscal têm afetado os preços dos ativos.
— Não digo que a política fiscal vai se resolver ou entrar em rota de melhora. Mas, se houver contenção de danos, tem uma força externa gigante que pode ajudar o real.
O Estado de S.Paulo - SP 24/09/2024
O mercado voltou a aumentar as suas projeções para a inflação nos próximos anos, mesmo trabalhando com uma taxa Selic média mais alta até o fim de 2025, conforme o relatório Focus divulgado nesta segunda-feira, 23, pelo Banco Central.
A mediana do Focus para o IPCA de 2024 subiu pela décima semana seguida, de 4,35% para 4,37%, aproximando-se ainda mais do teto da meta este ano, de 4,50%. Considerando apenas as 97 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 4,37% para 4,40%. Um mês atrás, a estimativa era de 4,25%.
No cenário de referência, o Banco Central espera que o IPCA termine 2024 em 4,30% e desacelere a 3,70% em 2025.
A mediana para o IPCA de 2025, que mais se aproxima do horizonte relevante da política monetária, subiu de 3,95% para 3,97%, contra 3,93% um mês antes. Considerando apenas as 96 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 3,97% para 4%.
A estimativa para 2026 também oscilou para cima, de 3,61% para 3,62%, aumentando pela segunda semana consecutiva. As expectativas para esses dois anos estão acima do centro da meta, de 3%, com tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
O Comitê de Política Monetária (Copom) considera o primeiro trimestre de 2026 como seu horizonte relevante e espera que a inflação atinja 3,5% no período, considerando o cenário de referência, com a trajetória de Selic embutida no Focus (até 13 de setembro) e dólar a R$ 5,60, evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC).
A mediana do Focus para o IPCA de 2027 se manteve em 3,50% pela 64ª semana seguida.
Projeção da Selic
A mediana para a taxa Selic no fim de 2024 subiu de 11,25% para 11,50% após a decisão do Copom da semana passada, indicando que o mercado já aguarda pelo menos um aumento de 0,5 ponto porcentual nos juros neste ano.
Na última quarta-feira, o colegiado elevou os juros em 0,25 ponto porcentual, de 10,5% para 10,75%, e informou que vê uma assimetria altista no seu balanço de riscos para a inflação. O hiato do produto, antes considerado estável, agora é visto pelo Copom como positivo.
“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, afirmou o Copom, no comunicado da decisão.
O colegiado não forneceu um guidance (orientação) para as próximas decisões, mas economistas do mercado consideraram que o teor da comunicação foi duro e seria compatível até mesmo com uma aceleração do ritmo de aperto. Como só há mais duas reuniões do Copom neste ano, a expectativa de uma Selic de 11,5% no fim de 2024 exigiria que houvesse uma alta maior, de 0,5 ponto, em uma delas.
Considerando apenas as 83 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para a Selic no fim de 2024 passou de 11,25% para 11,75%, indicando que o Copom elevaria os juros em 0,5 ponto tanto na reunião de novembro, como na de dezembro.
A estimativa intermediária para os juros no fim de 2025 se manteve em 10,50%, mas, considerando as 82 projeções atualizadas os últimos cinco dias úteis, subiu a 10,75% — sugerindo menos espaço para cortes no próximo ano. As projeções para o fim de 2026 e 2027 se mantiveram em 9,50% e 9%, respectivamente.
Alta do PIB
O mercado aumentou a sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 pela sexta semana consecutiva, de 2,96% para 3,0%, conforme a mediana do relatório Focus. Considerando as 52 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa se manteve em 3%.
A mediana para a alta do PIB de 2025 se manteve em 1,90%. Quatro semanas antes, estava em 1,86%. Considerando só as 51 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,90% para 1,91%.
Os economistas do mercado não alteraram as expectativas de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2%, como já estão há 59 e 61 semanas, respectivamente.
A última estimativa divulgada pelo BC, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, indicava crescimento de 2,3% para o PIB brasileiro este ano. O Ministério da Fazenda espera que o PIB brasileiro cresça 3,2% em 2024.
Dólar
A mediana para o dólar no fim de 2024 se manteve em R$ 5,40, contra R$ 5,32 um mês antes. A projeção para 2025 também ficou inalterada, em R$ 5,35, de R$ 5,30 quatro semanas atrás.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
IstoÉ Dinheiro - SP 24/09/2024
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil vai continuar apresentando taxas de inflação “sucessivamente menores”. E que a Selic deve acompanhar essa trajetória, na sua visão.
“Sem maquiagem em relação aos combustíveis, a inflação não oficial de 2022 estava a 8,25%. Nós estamos no segundo ano com metade da inflação de dois anos atrás. Foi uma queda muito expressiva”, disse Haddad, a jornalistas, em Nova York, ao comentar a piora das projeções para a inflação brasileira no boletim Focus, publicado nesta segunda-feira.
A mediana para o IPCA de setembro subiu de 0,50% para 0,53%, contra 0,27% um mês antes.
“Nós vamos continuar tendo, sucessivamente, as inflações menores nos próximos anos. Essa é a minha convicção”, destacou o ministro.
Segundo ele, a Selic vai responder a esse comportamento. “Eu não tenho dúvida de que ela vai responder a esse comportamento”, garantiu.
O ministro da Fazenda lembrou que teve um estresse no mundo em relação à política monetária global, o que afetou todos os mercados emergentes, incluindo o País. “O Brasil, por vezes, pagou um preço um pouquinho mais alto em função de questões domésticas”, disse.
Haddad disse que um soluço ou outro pode ocorrer, mas que será superado pelos fatos: inflação está caindo sem comprometer o consumo das famílias e o aumento do crédito. “Vai ter um soluço ou outro em função de desinformação, em função de desconfiança, pode acontecer, mas serão vencidos pelos fatos”, concluiu.
IstoÉ Dinheiro - SP 24/09/2024
A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 271 milhões na terceira semana de setembro de 2024. De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira, 23, pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o valor foi alcançado com exportações de US$ 6,414 bilhões e importações de US$ 6,143 bilhões.
Até a terceira semana do mês, o superávit acumulado em setembro chega a US$ 3,535 bilhões. No ano, o saldo é positivo em US$ 57,614 bilhões.
A média diária das exportações registrou na terceira semana de setembro queda de 4,9%, com queda de 16,93% em agropecuária, avanço de 13,45% em indústria da transformação e queda de 28,59% em produtos da indústria extrativa.
Já as importações subiram 15,7%, com alta de 14,75% em agropecuária, avanço de 56,13% em indústria extrativa e alta de 13,44% em produtos da indústria da transformação, sempre na comparação pela média diária.
CNN Brasil - SP 24/09/2024
Ao comunicar sua decisão de aumentar os juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) apontou que o ritmo de ajustes futuros dependerão da evolução da dinâmica da inflação.
Uma das principais preocupações do colegiado gira em torno do desvio das expectativas de inflação. As medianas do mercado, apuradas pelo boletim Focus, para 2025 e 2026 estão em 3,95% e 3,61%, respectivamente.
O BC persegue meta de 3% para este ano e os próximos, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
“Em particular, o que vem gerando mais desconforto para o Copom é a avaliação de sobreaquecimento da atividade econômica e o desvio das expectativas de inflação com relação à meta”, aponta Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos.
Na última quarta-feira (18), o BC elevou a taxa Selic, os juros básicos do país, em 0,25 ponto percentual, fixando-a em 10,75% ao ano.
O objetivo da autarquia com isso é cumprir sua missão de deixar a inflação na meta ao desacelerar a economia com os juros mais elevados, que encarecem o crédito.
O resultado já era esperado, e agora as atenções se voltam aos próximos passos da política monetária. O BC evitou dar forward guidance – o direcionamento para suas próximas reuniões –, deixando em aberto novas altas na taxa básica.
Expectativas do mercado
O sistema de expectativas de mercado apurado pelo BC aponta que a mediana dos agentes econômicos observa que, no próximo encontro — entre os dias 5 e 6 de novembro —, o Copom deve voltar a subir os juros, acelerando a alta da Selic a 0,5 ponto.
O mercado aponta que o movimento deve se repetir por mais duas reuniões, levando a Selic a 12% no primeiro encontro de 2025 do colegiado.
Para os analistas ouvidos pela CNN, o comunicado deixa duas coisas bem claras: novas altas são certas, mas o ritmo delas vai depender unicamente da evolução de dados.
“O teor é bem direto, [os diretores do BC] chamaram atenção para as vulnerabilidades para a inflação, como o hiato positivo – uma mudança importante do último comunicado para esse – e o mercado de trabalho aquecido“, aponta José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos.
A estimativa da Genial vai em linha com a nova mediana apontada pelo mercado. A casa de investimentos acredita que, para a inflação chegar à meta no primeiro trimestre de 2026 – o chamado horizonte relevante para a política monetária -, a Selic deve chegar a 12% ao ano.
Há no mercado apostas ainda mais duras, que indicam que os juros devem acelerar a alta já na próxima reunião, para 0,5 ponto.
“Espero que o Banco Central continue subindo a taxa de juros, aumentando a velocidade nas próximas reuniões. Aumentando em todas as reuniões desse ano e no começo do ano que vem. Esperamos mais 1,5 ponto de alta”, indica Evandro Buccini, sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado da Rio Bravo Investimentos.
Buccini avalia que o patamar atual ainda não é suficiente para levar a inflação à meta em 2026, e que o ritmo apontado pela Rio Bravo garante o objetivo do BC.
Por conta da percepção do Copom de que a atividade econômica está sobreaquecida e que o balanço de riscos para a inflação pende em direção a mais riscos inflacionários, a LCA Consultores espera mais duas altas de 0,5 ponto nas reuniões de novembro e dezembro, e uma última de 0,25 ponto na primeira reunião de 2025.
Depois disso, Thais Zara, economista sênior da casa, aponta que os juros devem ficar estáveis em 12% por algum tempo.
Porém, Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, considera exageradas essas previsões de aceleração.
“Vale lembrar que o cenário externo ficou mais favorável, o que tende a contribuir para a valorização do real e acelerar o processo de desinflação. Além disso, a atividade deve desacelerar, tendo em vista o menor impulso fiscal no próximo ano e as condições financeiras mais restritivas”, comenta Goldenstein.
Em nota, a Warren aponta que devem ocorrer três altas adicionais de 0,25 ponto, levando a Selic para 11,5% em janeiro de 2025.
“Reconhecemos que aumentou a possibilidade um ciclo mais intenso, em particular se o desempenho do câmbio não contribuir para o processo de desinflação, e caso os indicadores de atividade e mercado de trabalho continuem a mostrar um forte dinamismo”, indica o relatório.
“Por fim, esperamos que a reação inicial do mercado à decisão e ao comunicado do Copom seja de uma redução da inclinação da curva de juros e apreciação do real”, completa.
Goldenstein aponta que a Selic deve cair no segundo semestre de 2025. Mas antes disso, ela deve ficar ainda mais restritiva do que já está e depende da sustentabilidade do arcabouço fiscal.
“Uma piora da percepção de risco depreciaria o câmbio e elevaria a chamada taxa neutra de juros, que representa a taxa em linha com o PIB potencial, que não acelera nem desacelera a inflação”, conclui o estrategista-chefe da Warren Investimentos.
Impactos
Juros mais altos significam um crédito mais caro. O preço final das operações financeiras, do dinheiro, sai mais caro.
Varejo, indústria e diversos outros setores dependem do crédito para ter movimento, seja pelo consumo, investimentos ou financiamentos.
Isso significa que os juros mais altos reduzem a atividade.
“O primeiro impacto é reduzir a atividade, o objetivo é reduzir o crescimento de forma a fazer com que as relações entre oferta e demanda se tornem mais compatíveis, sem gerar pressões inflacionárias”, explica José Márcio Camargo, da Genial Investimentos.
Na quarta, além do BC brasileiro, o norte-americano Federal Reserve (Fed) também decidiu seu novo nível de juros. Porém, no caso dos norte-americanos as taxas foram reduzidas em 0,5 ponto, ficando na banda de 4,75% a 5%.
Com o crescimento da diferença de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, a tendência é de que nossos ativos se tornem mais atrativos para o investidor estrangeiro. A lógica é simples: juros mais altos dão remunerações mais altas.
“Outro efeito importante é o fato de que como teve uma redução de juros nos Estados Unidos, no começo, deve haver uma valorização cambial”, aponta Camargo.
Mas no médio e longo prazo, o economista dá um alerta.
“Vemos efeitos complicados. Como o Brasil tem um déficit fiscal relevante, e a dívida continua crescendo, enquanto o governo busca um equilíbrio que só é um suposto equilíbrio, os investidores ficam mais receosos. Com o aumento do risco, passasse a exigir uma taxa ainda mais alta para investir, entrando num ciclo vicioso de juros altos”, conclui o economista da Genial.
E além da situação das contas públicas pressionar os juros altos, as taxas mais elevadas também pressionam o nível da dívida.
“Além disso, há um impacto fiscal negativo, pois boa parte da dívida pública é indexada à taxa Selic. Os juros reais no Brasil, que já são bem altos, vão ficar ainda maiores, o que leva a um crescimento mais acelerado da relação dívida/PIB”, explica Goldenstein, da Warren.
Por conta disso, Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP e ex-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), avalia que a alta dos juros e a sinalização de novos apertos não são adequadas.
“Há um aparente consenso no Copom. Estão claramente ‘pautados’ pelo ‘consenso de mercado’, o que forma profecias autorrealizáveis. Fica claro pelo comunicado que o caminho será de novas elevações nas próximas reuniões, o que aumentará a percepção de risco por parte dos investidores produtivos”, avalia Lacerda.
“O crédito ficará ainda mais caro e escasso — já que as taxas básicas impactam as taxas aos tomadores finais —, o que desacelera investimentos produtivos”, afirma o professor da PUC.
Desse modo, Paula Zogbi, gerente de research e head de conteúdo da Nomad, aponta que o cenário pode desfavorecer empresas endividadas e os setores mais sensíveis a juros.
Mas Goldenstein reforça que se esse ciclo de aperto monetário for bem-sucedido em fazer convergir a inflação à meta, abriria espaço para um processo de relaxamento dos juros a partir do 2º semestre de 2025.
Infomoney - SP 24/09/2024
A atividade dos Estados Unidos teve uma ligeira queda em setembro, mas completou o trimestre mais forte desde o início de 2022, de acordo com os dados de um indicador que é considerado um termômetro econômico. O índice de gerentes de compras (PMI) composto, que agrega resultados tanto de serviços como industriais, passou de 54,6 em agosto para 54,4 em setembro.
O PMI de serviços, calculado pela S&P Global, recuou de 55,7 para 55,4 em um mês, enquanto o indicador de manufatura caiu de 47,9 em agosto para 47,0 em setembro, sinalizando uma deterioração nas condições de negócios no setor de produção de bens pelo terceiro mês consecutivo e pior taxa desde junho de 2023.
A leitura de setembro está alinhada com os relatórios macroeconômicos do mês, incluindo as vendas no varejo, que sugeriram que a economia manteve seu impulso de crescimento no terceiro trimestre.
No entanto, a incerteza sobre a eleição presidencial de 5 de novembro está pesando sobre o sentimento empresarial. O setor de serviços continuou a expandir em um ritmo constante, embora o setor industrial tenha caído para uma mínima recorde de 15 meses.
A medida da pesquisa dos preços pagos pelas empresas pelos insumos aumentou para 59,1, máxima de um ano, em comparação com 57,8 no mês passado. O indicador de preços cobrados subiu para 54,7, de 52,9 em agosto.
Na semana passada, o banco central dos EUA reduziu a taxa de juros em 50 pontos-base, para a faixa de 4,75% a 5,00%, a primeira redução nos custos de empréstimos desde 2020, o que, segundo o presidente do Fed, Jerome Powell, tinha o objetivo de demonstrar o compromisso das autoridades com a manutenção de uma taxa de desemprego baixa.
“Os primeiros indicadores da pesquisa de setembro apontam para uma economia que continua a crescer em um ritmo sólido”, disse Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence. “Enquanto isso, uma reaceleração da inflação também é sinalizada, sugerindo que o Fed não pode desviar totalmente o foco de sua meta de inflação enquanto busca sustentar a recuperação econômica.”
Infomoney - SP 24/09/2024
Os contratos futuros de minério de ferro caíram na segunda-feira, atingindo nível mais baixo em mais de um ano, já que os investidores avaliaram as perspectivas de uma demanda fraca da China, em meio a recuperação econômica desigual e oferta maior.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange (DCE) da China encerrou as negociações diurnas em queda de 4,5%, a 658,5 iuans a tonelada, marcando o nível mais fraco desde 17 de agosto de 2023.
O minério de ferro de referência de outubro na Bolsa de Cingapura estava recuava 2,31%, a 81,55 dólares a tonelada, no início da manhã.
“O tom de risco mais amplo está sendo sustentado por uma perspectiva fraca para a demanda chinesa, conforme evidenciado pela fraqueza na construção de novas moradias e pela falta de compensação do setor de infraestrutura”, disseram analistas do Westpac em uma nota.
A produção de minério de ferro no período de janeiro a agosto subiu 4,1% em relação ao ano anterior, informou o site chinês de informações financeiras Hexun Futures, citando dados do National Bureau of Statistics.
Enquanto isso, as exportações de aço inoxidável atingiram um recorde em agosto, aumentando 33,4% em relação ao ano anterior, informou a consultoria chinesa Mysteel.
O aumento nas exportações, que também cresceram 18,9% em relação a julho, ocorre à medida que as usinas chinesas se voltam cada vez mais para o mercado global em meio à fraca demanda doméstica deste ano, disse a Mysteel.
O banco central da China forneceu dinheiro para 14 dias ao seu sistema bancário e a uma taxa de juros mais baixa, sinalizando sua intenção de mais estímulos monetários, embora os analistas tenham dito que a operação de financiamento em si não foi uma grande flexibilização da política.
A segunda maior economia do mundo está passando por crescimento mais lento, apesar de uma série de políticas destinadas a estimular o consumo. As especulações de que Pequim acelerará a flexibilização monetária aumentaram na semana passada, depois de um corte superdimensionado nas taxas pelo Federal Reserve.
Os preços de outros ingredientes siderúrgicos no DCE enfraqueceram, com o carvão de coque e o coque caindo 4,02% e 4,35%, respectivamente.
Os índices de referência do aço na Bolsa de Futuros de Xangai caíram. O vergalhão caiu 3,35%, a bobina laminada a quente enfraqueceu quase 2,5%, o fio-máquina caiu 1,65% e o aço inoxidável perdeu 2,24%.
Valor - SP 24/09/2024
O consumo de minério de ferro ainda está significativamente baixo, já que o setor imobiliário da China não mostra sinais de que está chegando ao fundo do poço
Mais recomendações de venda foram impostas a grandes mineradoras por analistas nos últimos três meses, à medida que os preços do minério de ferro enfraqueceram, diz o analista do Citi Ephrem Ravi em uma nota.
Enquanto Wall Street permanece a favor de classificações de compra para as ações da BHP, Rio Tinto, Glencore, Anglo American e Vale, 6% das classificações agora são de venda, acima dos 2% em julho, diz Ravi.
“Este aumento na cautela dos analistas parece ser devido principalmente aos preços mais baixos das commodities, em particular os preços do minério de ferro, que têm sido um grande impulsionador de lucros para as grandes mineradoras de portfólio diversificado”, diz ele.
Os analistas parecem ser mais positivos para Rio Tinto, Glencore e Vale em comparação com BHP e Anglo American, ele acrescenta.
O analista do Citi também afirma que os preços flutuantes do minério de ferro no início deste ano levantaram preocupações sobre uma recuperação significativa na produção chinesa de minério de ferro.
Isso não aconteceu, diz Ravi. O investimento chinês em minério de ferro aumentou apenas 4,3% ano a ano no primeiro semestre de 2024, apesar dos preços altos.
No passado, os preços robustos do minério de ferro encorajaram as mineradoras chinesas a produzir mais, ajudando a equilibrar o mercado. Ravi diz que espera que o crescimento do investimento em 2024 seja semelhante aos níveis do primeiro semestre, mantendo o investimento anual em minério de ferro mais de 40% abaixo do pico de 2014.
E a semana iniciou com mais um sinal negativo para as mineradoras, com mais um dia de forte queda do minério na Bolsa de Dalian. Apesar do corte de taxas de juros dos EUA impulsionar o sentimento do investidor e elevar temporariamente os preços do minério de ferro, os estoques nos portos ainda estão em altas históricas, dizem analistas da Huatai Futures em relatório.
O consumo de minério de ferro ainda está significativamente baixo, já que o setor imobiliário da China não mostra sinais de que está chegando ao fundo do poço.
E embora os preços do minério de ferro possam ser apoiados por menores chegadas aos portos chineses devido a interrupções por tufões no curto prazo, a oferta parece destinada a permanecer muito alta no longo prazo, acrescentam os analistas da Huatai Futures
Brasil Mineral - SP 24/09/2024
Há uma expectativa que o setor apresente oportunidades de negócios substanciais para os operadores tradicionais e novos participantes
Segundo o relatório The hard stuff: Navigating the physical realities of the energy transition”, desenvolvido pelo McKinsey Global Institute, a indústria global de metais e mineração está entrando em uma nova era. Historicamente, impulsionada pelo crescimento econômico e pelo desenvolvimento da classe média, resultando em grande crescimento da demanda por materiais como aço, alumínio e carvão, cerca de 80% dessa indústria atualmente consiste principalmente de cinco materiais — aço, carvão, ouro, cobre e alumínio — e o cenário está mudando rapidamente como resultado da transição energética.
A transição energética está mudando o cenário dos materiais de três maneiras: acelerando o crescimento da demanda por materiais que são incorporados em tecnologias de baixo carbono, pois essas tecnologias normalmente exigem mais materiais incorporados do que os convencionais; uma mudança de longo prazo no perfil de demanda de materiais, pois as tecnologias de baixo carbono exigem um conjunto diferente de materiais de transição energética, o que está aumentando gradualmente a importância relativa desses materiais no portfólio geral de metais e mineração e impulsionar uma redução de longo prazo do carvão térmico no sistema energético, atualmente o segundo maior material em metais e mineração, medido pela receita (2023).
Os materiais-chave para a transição energética são cruciais para atingir a descarbonização no sistema energético global — e a falta de fornecimento suficiente e acessível arriscaria, portanto, dificultar a implantação rápida de tecnologias cruciais de baixo carbono. O relatório fornece uma base de fatos e perspectiva sobre a necessidade de dimensionar esses materiais de forma sustentável e acessível. “Apresentamos uma visão do possível caminho à frente, com base em dados de fontes aprovadas e disponíveis publicamente, verificando essa visão em relação a três cenários de transição energética diferenciados pela velocidade da transição, bem como dois cenários de fornecimento modelados pela McKinsey Metal&MineSpans e com base em insights de nível de ativos”.
Dentre os desafios a serem enfrentados estão como acelerar o dimensionamento do fornecimento para atender a novos padrões de demanda, como manter os materiais acessíveis para que eles possam continuar a dar suporte à transição energética e alimentar o crescimento econômico, e como melhorar a sustentabilidade da indústria. “Isso não é simples, especialmente no contexto de um cenário de política global em evolução que aumenta ainda mais a incerteza para os investidores”. Há uma expectativa que o setor apresente oportunidades de negócios substanciais para os operadores tradicionais e novos participantes, seja por meio de mudanças conscientes de portfólio, inovação disruptiva, novos modelos de negócios ou a próxima onda de avanços em despesas operacionais e de capital (capex), em alguns casos possibilitados pela IA.
A indústria de metais e mineração de US$ 4 trilhões é amplamente composta de apenas cinco materiais: aço (incluindo minério de ferro e carvão metalúrgico), carvão térmico, cobre, ouro e alumínio. Destes, o carvão térmico e o aço respondem por aproximadamente 60% a 70% das receitas, com volumes de produção mais de 30 vezes maiores do que todos os outros materiais combinados. Ouro, cobre e alumínio compõem outros 15% a 20%. Outros materiais frequentemente associados à transição energética, como materiais para baterias e ímãs, continuam pequenos em termos de receita, mas estão crescendo em sincronia com a mudança em direção a tecnologias de baixo carbono.
A comparação da projeção da Metal&MineSpans para o primeiro trimestre de 2020 para o fornecimento anunciado com a produção real em 2023 mostra que a produção de lítio e níquel foi subestimada em quase 20%. Para o lítio, a diferença foi impulsionada por ativos financiados por investidores dos Estados Unidos e Austrália que entraram em operação antes do previsto, bem como uma expansão não antecipada de ativos de lepidolita na China, enquanto a situação do níquel registrou um aumento exclusivamente de ativos de laterita de lixiviação ácida de alta pressão (HPAL) integrados na Indonésia. Por outro lado, a oferta de cobre está aquem das projeções não apenas em razão de projetos que ainda não entraram em operação, mas também por ativos que reduziram a produção mais rápido do que o previsto.
Como a oferta aumentou mais rápido do que o esperado para alguns materiais, os padrões de demanda foram ajustados em resposta à escassez de oferta prevista. Por exemplo, a mistura química para baterias usadas em EVs está cada vez mais se afastando de níquel-manganês-cobalto (NMC) para lítio-ferro-fosfato (LFP). Como outro exemplo, a parcela de OEMs líderes afirmando que mudariam para motores elétricos que são menos dependentes de REEs aumentou de 30% em 2022 para 40% em 2023.
Essas tendências, no entanto, não são consistentes entre os materiais. Por exemplo, a mudança de eletrolisadores intensivos em irídio em antecipação a uma potencial escassez de irídio ainda não é aparente. Isso pode ser parcialmente explicado pelo fato de que os desenvolvedores de hidrogênio ainda podem ter flexibilidade para mudar os projetos de eletrolisadores em um estágio posterior no ciclo de desenvolvimento do projeto. Mudanças recentes na oferta e demanda alteraram a lacuna projetada entre oferta e demanda, especialmente após 2030. Nos últimos 24 meses, tanto o níquel quanto o cobalto passaram de uma oferta insuficiente esperada para uma oferta excessiva, por exemplo. “Dito isso, ainda são esperadas escassez de vários materiais essenciais para a transição energética, em particular REEs, lítio, enxofre, urânio, irídio e cobre”.
Para materiais onde os cronogramas para desenvolvimento de projetos são bastante limitados (em alguns casos, menos de cinco anos), a lacuna entre oferta e demanda provavelmente será fechada, aumentando ainda mais a oferta quando os sinais de demanda se tornarem fortes o suficiente. Este é o caso do urânio, para o qual os desafios de escala dependem principalmente do futuro incerto da energia nuclear, em oposição à escassez de reservas ou de um número suficiente de projetos potenciais. Um exemplo semelhante é visto no lítio, onde as reservas são abundantes e as minas têm cronogramas de desenvolvimento relativamente curtos”.
Para outros materiais, a lacuna entre oferta e demanda tem menos probabilidade de fechar por meio do aumento acelerado da oferta devido a longos cronogramas de projetos ou reservas e projetos limitados de alta qualidade. Nesses casos, dado que a oferta e a demanda devem corresponder, espera-se que a adaptação ou redução da demanda ocorra para equilibrar o mercado. O exemplo mais notável nessa categoria é o cobre.
Segundo o relatório, são necessários US$ 5,4 bilhões em investimentos de capital e 270 GW de energia para aumentar a oferta e atender a demanda projetada até 2035, um aumento de cerca de 10%, quando comparado com a década anterior. Esta energia não constitui mais do que 3% da demanda projetada por energias renováveis em 2035. Além disso, serão necessários aproximadamente 340 mil novos empregos em todo o mundo para aumentar a oferta do setor mineral, já que 1,25 milhão de empregos estão em risco na indústria carvoeira. Desde 2022, os preços do lítio caíram aproximadamente 80%, para US$ 14.500 por tonelada equivalente de carbonato de lítio (LCE), e os preços do níquel caíram aproximadamente 20%, para US$ 20.000 por tonelada. Essas reduções representam uma “normalização” em vez de uma mudança drástica na dinâmica da indústria, à medida que os preços se aproximaram dos custos de produção típicos. Para incentivar o fornecimento suficiente, os preços do níquel precisariam aumentar em cerca de US$ 1.000 por tonelada, um aumento de 5%, assumindo que os projetos mais econômicos seriam priorizados e entregues no prazo. Para lítio e cobre, o pipeline de projetos anunciados é menor, e o aumento da demanda é maior. Portanto, um aumento maior de preço seria necessário para incentivar o fornecimento suficiente para atender à demanda. Para cobre, um aumento aproximado de 20% dos preços atuais seria necessário, e para lítio, o aumento aproximado de preço necessário é de 30%, desde que todos os projetos anunciados entrem em operação.
No entanto, a história mostrou que os projetos mais econômicos nem sempre são os primeiros a serem realizados, dada a gama de barreiras além da lucratividade que podem impactar a execução do projeto, como atrasos na autorização. Além disso, projetos individuais também podem ter diferentes taxas de retorno necessárias para serem aprovados por proprietários e investidores, o que, por sua vez, significaria diferentes níveis de preços de incentivo necessários.
No geral, se alguns dos projetos mais lucrativos não avançassem — seja devido a barreiras ou às maiores taxas de retorno necessárias — um novo aumento de preço seria necessário para colocar novo fornecimento on-line.
Brasil Mineral - SP 24/09/2024
É a última estrutura convencional para disposição de rejeitos existente na empresa. As obras iniciadas em junho de 2023 receberam investimentos de R$ 200 milhões
A Mineração Usiminas já concluiu 60% do projeto de descaracterização da barragem Samambaia, construída à jusante e a última estrutura convencional para disposição de rejeitos existente na empresa. As obras iniciadas em junho de 2023 receberam investimentos de R$ 200 milhões e consolidam mais um compromisso da companhia com a segurança das pessoas e a sustentabilidade.
Com a conclusão da obra do novo vertedouro, ainda em novembro de 2023, a Mineração Usiminas entregou a primeira etapa do processo para descaracterizar a barragem Samambaia. Já em 2024, a mineradora finalizou o canal de cintura (drenagens externas para que a água das áreas adjacentes não entre na barragem), com aproximadamente 1,5 Km de extensão, além de ter alcançado expressivo avanço na selagem do reservatório. Também fazem parte do projeto a instalação de novos instrumentos de monitoramento e a revegetação da área, reintegrando-a à natureza. A estimativa é de que as obras sejam concluídas em 2025.
A barragem Samambaia está desativada desde 2021. A implantação da Planta de Filtragem possibilitou o fim do uso das estruturas convencionais para disposição de rejeitos. “Alcançar 60% de execução do cronograma é um marco nesse projeto que nos coloca cada vez mais próximos de um padrão de excelência que a Mineração Usiminas busca em relação à segurança e à sustentabilidade. Esse é mais um investimento muito importante como parte do propósito da empresa de ser uma boa vizinha”, afirma o coordenador de Geotecnia, Augusto Romanini.
Valor - SP 24/09/2024
Nomeação de Pimenta, aparentemente, apaziguou os conflitos de sucessão da mineradora e coloca no foco dos acionistas pensar a companhia daqui para frente
Pimenta já tem se adiantado para discutir os temas mais sensíveis ao grupo — Foto: Gabriel Lordello/Mosaico Imagem
A antecipação da posse do novo presidente da Vale, Gustavo Pimenta, mostra que a companhia tem pressa em renovar a agenda e focar no seu programa de crescimento. Com o novo presidente, a Vale já começou a intensificar encontros em Brasília e com autoridades de Estados em momento muito crucial para a mineradora, que discute os planos de indenização da tragédia ambiental de Mariana (MG).
A nomeação de Pimenta, aparentemente, apaziguou os conflitos de sucessão da mineradora e coloca no foco dos acionistas pensar a companhia daqui para frente.
A expectativa é que o atual gestor, Eduardo Bartolomeo, siga como conselheiro na companhia, mas Pimenta já tem se adiantado para discutir os temas mais sensíveis ao grupo sem depender exclusivamente do antecessor.
É preciso cortar esse cordão umbilical para que a Vale deixe para traz os ruídos que colocaram a companhia numa zona cinzenta, desde o ano passado, com as discussões de sucessão, disse uma fonte.
Pimenta conhece bem a companhia, tem um perfil mais financeiro, mas agora terá de pensar a companhia de forma mais ampla. Bartolomeo tinha um perfil mais operacional do negócio e bom trânsito com o setor de mineração.
Uma outra fonte que conversou com o Valor sob reserva afirmou que a indicação de Pimenta agradou ao colegiado, e a expectativa é de que o futuro executivo conduza a companhia longe dos ruídos que assombraram a companhia desde o ano passado, quando o tema sucessão seguia indefinido.
Os ruídos, segundo fontes, devem dar lugar uma agenda assertiva para a mineradora seguir com planos de expansão e também buscar acordo para os temas necessários, que é a agenda ambiental.
O desafio nessa equação também passa por uma boa relação com os governos federal e estaduais, bastante estremecidas no passado recente.
Valor - SP 24/09/2024
Com o mercado de trabalho forte e inflação controlada, a renda das famílias melhorou e impulsionou o setor ao longo do último ano
Flávio Suchek: “Questão da renda das famílias está controlada e temos cenário positivo” — Foto: Divulgação
O início de um novo ciclo de aperto monetário não deve afetar significativamente o financiamento automotivo, que está em um momento de recordes de empréstimos e inadimplência em queda. Com o mercado de trabalho forte e inflação controlada, a renda das famílias melhorou e impulsionou o setor ao longo do último ano. E também há outros fatores que ajudam, como o novo marco de garantias, que permite a retomada extrajudicial de veículos, e até a chegada dos carros elétricos.
Em julho, segundo dados do Banco Central (BC), o financiamento automotivo para pessoas físicas chegou ao volume recorde de R$ 320,9 bilhões, com expansão anual de 18,4%. É o ritmo mais forte de crescimento desde março de 2020, ou seja, do início da pandemia no Brasil. Já a inadimplência nessa linha estava em 4,6%, de 5,4% um ano antes.
O mercado de financiamento automotivo é liderado pelo Santander, com participação de quase 21,3%. Na sequência aparecem BV (15,4%), Itaú (11,2%), Bradesco (10,9%) e BTG/Pan (7,9%), de acordo com o BC.
Cezar Janikian, diretor da financeira do Santander, afirma que no fim de 2021 o banco percebeu uma deterioração no mercado e começou a puxar o freio no crédito automotivo, em meio à piora na inadimplência e à desaceleração da economia. O ano de 2022 foi de acomodação e, no início de 2023, o grupo voltou a acelerar gradualmente as concessões. “Temos uma ‘foto’ superpositiva, com recorde atrás de recorde. No segundo trimestre, quando normalmente há uma desaceleração sazonal, desta vez não houve”, conta.
Questionado se a alta da Selic pode afetar esse desempenho, Janikian afirma que o mercado se guia pela curva futura de juros, que já embutia alguma chance de elevação da taxa básica. “Se ficar dentro do que se fala, do que está precificado na curva, não acho que vai afetar muito a prestação para o cliente. Para esse mercado, a relação entre renda disponível e prestação é um dos indicadores mais importantes.”
No BV, Flávio Suchek, diretor-executivo de varejo, também acredita que o mercado continuará forte. “O BC mexe nos juros de curto prazo, e temos um financiamento médio de quatro anos. A curva de dois, três anos está com alguma volatilidade, mas esse movimento [alta da Selic] já está precificado. Se caísse abaixo de 10% ou subisse para mais perto de 15%, aí sim seria algo que mudaria o mercado.”
Ele diz que o nível de comprometimento de renda das famílias, apesar de ter caído, ainda está acima da média histórica. No entanto, vê uma tendência positiva no mercado. “Está todo mundo supertranquilo? Não, mas entendemos que a questão da renda está controlada. Então deve ser um cenário positivo nos próximos dois, três anos.”
Para Alex Sander Gonçalves, diretor comercial e de produtos do Pan, outros fatores podem afetar as taxas de juros futuros até mais que a Selic, incluindo a política fiscal. “Não acho que essa alta da Selic vai resultar em aumento das taxas praticadas [para o consumidor final]. O baixo desemprego não tem demonstrado sinais de arrefecimento, e essa tendência positiva no financiamento automotivo deve continuar nos próximos anos, há um aumento na demanda para compra do carro”, afirma.
O executivo diz que o Pan segue com planos de elevar sua participação de mercado e está aumentando sua força comercial em 50% para cobrir novas áreas geográficas. “Temos um mercado endereçável muito grande e temos feito investimentos, inclusive na experiência do cliente. Com três cliques é possível simular um financiamento.”
Thales Ferreira, diretor de crédito imobiliário, veículos e consórcios do Itaú Unibanco, vê na alta da Selic um sinal de alerta, mas diz que a qualidade das safras de concessão de crédito, traduzida por menores taxas de inadimplência no curto prazo, acarreta maior apetite por parte dos bancos. Ele também aponta que o mercado mudou bastante, com digitalização e ganho de eficiência. Segundo o executivo, houve uma série de aprendizados após a crise de 2012 no segmento. “Os padrões estão mais técnicos, avançados e há mais agilidade de decisões. Além disso, o ambiente passado contou com excessos, como financiamentos com zero de entrada e prazos de sete, oito anos de pagamento, o que praticamente deixou de existir.”
O novo marco de garantias pode dar um estímulo extra ao segmento, diz Henrique Fernandes, diretor da Bradesco Financiamentos, cuja participação de mercado cresceu quase 3 pontos percentuais neste ano. “Vai ser bom para os bancos e para os clientes, especialmente os bons pagadores. Já temos tudo mapeado, estamos participando de todos os fóruns, mas algumas questões operacionais ainda precisam ser formalizadas”, conta. Ferreira, do Itaú, também vê um impacto potencial significativo. “As novas regras ajudam os bancos a terem um eventual apetite de risco maior, caso a experiência demonstre melhor e maior capacidade de recuperação do crédito. A expectativa é muito positiva, mas é fato que existem ainda muitas fases para a completa implementação”.
No caso dos elétricos, as vendas já respondem por 6,6% e um estudo da Anfavea, a associação dos fabricantes de veículos, afirma que podem chegar a 50% até 2030. Para Janikian, do Santander, à medida que esses veículos se tornam mais acessíveis, mais pessoas optam pela troca. “A BYD, com quem temos parceria já é uma das dez marcas mais vendidas no Brasil. É algo que vai cair no gosto das pessoas.”
No Bradesco, Fernandes acrescenta que a parceria recente com a GWM tem bom desempenho. “É um mercado que está escalando, tem muita gente testando, mas ainda está no início.”
Investing - SP 24/09/2024
Em uma medida significativa do Departamento de Comércio dos EUA, a General Motors (NYSE:GM) e a Ford Motor (NYSE:NYSE:F) podem em breve ser obrigadas a cessar as exportações de veículos fabricados na China para os Estados Unidos. Esse desenvolvimento ocorre como resultado de uma regra proposta que visa apertar as restrições sobre software e hardware chineses.
Liz Cannon, chefe do escritório de tecnologia da informação e comunicações do Departamento de Comércio, afirmou na segunda-feira que a regra provavelmente abrangeria qualquer veículo produzido na China e vendido nos EUA.
A General Motors e a Ford Motor, duas das maiores montadoras dos Estados Unidos, atualmente vendem veículos montados na China para o mercado americano, incluindo o Buick Envision e o Lincoln Nautilus, respectivamente. A regra proposta poderia exigir uma mudança significativa em suas operações comerciais, pois implica que a produção desses veículos para o mercado dos EUA não seria mais permitida na China.
De acordo com Cannon, tanto a GM quanto a Ford estão informadas sobre as possíveis mudanças e a implicação de que precisariam transferir a produção destinada ao mercado dos EUA para fora da China. Até o momento, representantes da General Motors e da Ford Motor não emitiram comentários sobre a regra proposta e seu impacto em suas exportações.
A medida do Departamento de Comércio reflete preocupações contínuas sobre a segurança da tecnologia chinesa e sua integração em produtos e serviços utilizados nos Estados Unidos. Se implementada, a regra marcaria uma notável escalada nos esforços do governo dos EUA para desacoplar certas atividades econômicas da influência tecnológica chinesa. A indústria automotiva, que se tornou cada vez mais globalizada com cadeias de suprimentos complexas, poderia enfrentar desafios significativos se a regra entrar em vigor.
Veja - SP 24/09/2024
Para uma parcela dos motoristas, um dos grandes empecilhos para a adoção dos carros elétricos em larga escala é a desvalorização acima da média do mercado. Estudos recentes apontam que alguns modelos podem desvalorizar até 47% em dois anos. Uma reportagem recente da revista Quatro Rodas mostrou que o BYD Dolphin, por exemplo, teve desvalorização de 9,63% entre julho de 2023 e julho de 2024.
Para tentar driblar o problema, as duas principais montadoras chinesas focadas em veículos eletrificados que atuam no Brasil, a BYD e a GWM, anunciaram planos de recompra garantida como forma de garantir parte do valor pago no modelo zero quilômetro.
A GWM anunciou um programa que garante aos novos compradores a possibilidade de recompra de qualquer modelo seminovo da montadora com até 2 anos de uso por, no mínimo, 80% do valor da tabela Fipe. Por enquanto, essa condição específica não tem data para terminar.
troca por um novo modelo da marca, de categoria igual ou superior. O programa não vale para veículos blindados. A princípio, o programa vale apenas até o dia 31 de dezembro deste ano.
Para ter direito às condições especiais, o carro deve estar em perfeito estado, sem danos na lataria, nos vidros ou em qualquer componente interno. É preciso ficar atento também aos limites de quilometragem: 48 mil, com média de mil quilômetros rodados por mês. Também não vale usar nenhuma peça paralela, e todas as revisões devem ser feitas em concessionárias da marca.
A GWM também exige que os carros estejam em ótimo estado, e todas as manutenções devem, obrigatoriamente, ter sido feitas nas concessionárias. A recompra vale para o 24º mês após a compra.
O que fica claro é que se trata de uma tentativa de incentivar os futuros compradores a dar uma chance aos elétricos. Mesmo assim, a desvalorização elevada é inevitável. Não apenas pelo fato de que a recompra prevê apenas 80% do valor da tabela (em carros à combustão, é comum ver promoções que prometem pagar o valor total), mas pela série de exigências, bem mais rígidas que para modelos não eletrificados.
Valor - SP 24/09/2024
Ford transfere fábrica ao governo e abre espaço para trading produzir elétricos de várias marcas
Depois da Bahia, onde a chinesa BYD constrói uma fábrica, o Ceará também pode se tornar um polo industrial de carros híbridos e elétricos com a chegada de uma nova empresa, que vai operar em sistema de produção terceirizada. Além disso, com a decisão, junto com Bahia, Pernambuco e Goiás, o Ceará também permanece no grupo de Estados em que a indústria automotiva desfruta de mais incentivos fiscais.
A nova fábrica de veículos vai se instalar onde, até 2021, funcionava a Troller, uma empresa brasileira de modelos “off-road” comprada pela Ford em 2007.
A Ford informou na segunda-feira (23) que assinou, junto com o governo do Ceará, um acordo para transferência ao Estado da fábrica que possuía no município de Horizonte e onde eram produzidos os modelos T4 e TX4. Sem mais detalhes, a empresa americana somente agradeceu ao governo do Ceará “por ter permitido uma negociação em que a empresa e o Estado puderam colaborar para promover o desenvolvimento da região”.
O primeiro passo para a produção de veículos híbridos e elétricos no Ceará foi dado em 9 de agosto, quando o governo assinou um contrato de comodato para cessão do imóvel para a Comexport, uma “trading”. Fundada em 1973, a Comexport é responsável pela importação de carros de várias marcas, incluindo fabricantes no Brasil.
Segundo o governo do Ceará, a antiga unidade da Troller servirá para a criação de “um modelo inédito de fábrica multimarcas no país”, por meio do qual serão produzidos veículos elétricos e híbridos sob encomenda. O governo cearense calcula R$ 400 milhões em investimento e 255 empregos diretos na primeira fase, que deverá alcançar capacidade de 40 mil veículos de distintas marcas. O início da produção está previsto para o primeiro semestre de 2025.
No dia do acordo de comodato, o governador Elmano de Freitas (PT) disse que, para viabilizar o projeto, foi necessária a desapropriação da antiga fábrica de automóveis. O imóvel, com 11,89 hectares, fica bairro Catolé, altura do quilômetro 37,7 da BR-116.
O modelo de produção no Ceará será semelhante ao que existe no Uruguai, onde a Nordex, empresa local, é responsável pela produção de modelos de diferentes marcas, como a van Ford Transit e o caminhão Kia Bongo.
O processo de transferir a fábrica para o governo do Ceará segue o modelo do que a Ford fez na Bahia, ao transferir para o governo local a fábrica de Camaçari (BA), onde A BYD constrói um grande complexo industrial. A expectativa da BYD é começar a produzir os primeiros veículos ainda este ano, com peças importadas da China.
No comunicado emitido pela Ford sobre o acordo no Ceará, não foram informados valores. Para ficar com o empreendimento construído pela montadora americana, a BYD pagou R$ 300 milhões ao governo da Bahia.
A história dos incentivos para a indústria automotiva no Nordeste e no Centro-Oeste começou em 1997, dois anos depois da criação do regime automotivo, programa que ofereceu vantagens tributárias a montadoras e autopeças que investissem no país.
O regime automotivo era um programa federal, mas a guerra fiscal entre Estados chamou a atenção da bancada parlamentar do Nordeste, que trabalhou por um programa diferenciado.
No início, só três empresas se inscreveram - Troller, no Ceará, e Baterias Moura e TCA, em Pernambuco. A TCA é uma fabricante de cabos para sistemas elétricos de carros.
Inscrita no regime automotivo nacional, a Ford havia planejado construir uma fábrica no Rio Grande do Sul. Mas, em 1999, o então governador Olívio Dutra (PT) cancelou vantagens oferecidas pelo governo anterior. A Ford decidiu, então, erguer a fábrica na Bahia.
Para se habilitar ao programa do Nordeste, a Ford comprou a Troller. Por meio dessa operação no Ceará, construiu a fábrica em Camaçari com incentivos.
A segunda fase do programa do Nordeste incluiu a região Centro-Oeste, beneficiando o grupo brasileiro CAOA e a HPE, fabricante da Mitsubishi. O Centro-Oeste mantém hoje um nível de incentivos menor do que o do Nordeste.
A Lei 9.826/99 previa incentivos no Nordeste até 2010. Mas o benefício foi sendo prorrogado ao longo dos anos. Primeiro, até 2015, depois até 2020, 2025 e, no fim do ano passado, até 2032.
As prorrogações abriram brecha para a Fiat instalar uma fábrica em Pernambuco. Para “herdar” os benefícios fiscais, a marca italiana - que posteriormente se juntou à Chrysler e, em 2022, passou a fazer parte da Stellantis - comprou a TCA, em Jaboatão dos Guararapes (PE). A empresa ainda faz parte do grupo.
Em 2021, a Ford deixou de produzir veículos no Brasil. Mas o destino da fábrica cearense ficou em suspense, deixando apreensiva a legião de fanáticos da Troller.
Infomoney - SP 24/09/2024
A principal assessora econômica da Casa Branca, Lael Brainard, apresentou nesta segunda-feira (23) o plano do governo de Joe Biden para proteger o setor automotivo dos Estados Unidos do que considera as ações comerciais injustas da China.
“A China está inundando os mercados globais com uma onda de exportações de automóveis devido ao seu próprio excesso de capacidade. Vimos um manual semelhante no choque da China no início dos anos 2000, que prejudicou nossas comunidades de manufatura, e este governo está determinado a não ver um segundo choque da China”, disse Brainard ao Detroit Economic Club.
“Isso significa colocar salvaguardas em prática agora, antes que uma enxurrada de automóveis em condições injustas prejudique a capacidade do setor automotivo dos EUA de competir de forma justa em um cenário global”, acrescentou ela no evento de Detroit.
Atualmente, poucos carros e caminhões fabricados na China são importados para os Estados Unidos.
Nesta segunda-feira, o Departamento de Comércio dos EUA propôs a proibição de software e hardware chineses em veículos conectados nas ruas do país devido a preocupações com a segurança nacional, uma medida que efetivamente impedirá a entrada de quase todos os carros chineses nos mercado norte-americano.
“Os norte-americanos devem dirigir qualquer carro que escolherem – seja a gasolina, híbrido ou elétrico”, disse Brainard. “Mas, se optarem por dirigir um veículo elétrico, queremos ter certeza de que ele foi fabricado nos Estados Unidos, e não na China.”
Os comentários de Brainard foram feitos no momento em que o destino da indústria automotiva e a pressão da China se tornaram um tema importante na eleição presidencial deste ano, com o candidato republicano Donald Trump sugerindo que a China poderá dominar o setor.
No início deste mês, o governo Biden impôs aumentos acentuados nas tarifas sobre as importações chinesas, incluindo uma tarifa de 100% sobre veículos elétricos.
Além disso, a Casa Branca pretende garantir que os fabricantes de automóveis chineses não possam instalar fábricas no México para contornar as altas tarifas dos EUA.
“Precisaremos trabalhar com nossos parceiros, Canadá e México, para lidarmos com o excesso de capacidade da China nos veículos elétricos, à medida que nos aproximamos da revisão intermediária do USMCA em 2026”, disse Brainard citando o acordo comercial entre EUA, México e Canadá.
A assessora econômica da Casa Branca disse que as autoridades norte-americanas já estão conversando com o governo do México e que o país compartilha das preocupações dos EUA com relação ao fato da China usar o México como uma plataforma de exportações para os EUA a preços artificialmente baixos, disse ela.
Questionada sobre a possibilidade de uma montadora chinesa construir fábricas nos EUA, Brainard disse que isso aconteceria “com um conjunto de salvaguardas que estamos colocando em prática agora, antes de enfrentarmos esses problemas”.
IstoÉ Dinheiro - SP 24/09/2024
A Vports, única autoridade portuária privada do Brasil, responsável por administrar os terminais de Vitória, Vila Velha e Barra do Riacho, concluiu os investimentos de R$ 180 milhões previstos em seu contrato de concessão.
Em evento com a presença do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, a empresa oficializou a entrega das obras da primeira fase do contrato, iniciado em 2022, e anunciou o início do segundo ciclo, focado na dragagem dos portos de Vitória e Barra do Riacho.
Na avaliação de Silvio Costa Filho, a gestão tem entregado resultados satisfatórios. “São dados animadores. Um crescimento de mais de 30%, contra 15% da média do setor”, disse o ministro durante o evento. A comparação é entre o crescimento da movimentação portuária do Espírito Santo e a média dos portos do País.
O diretor-presidente da Vports, Gustavo Serrão, disse que a entrega cumpre com o planejamento para aumento da capacidade, diversificação de cargas e novas áreas de exploração portuária. “O trabalho incluiu todas as intervenções necessárias para acomodar a matriz futura de carga, com obras de adequações e retrofit nos ramais”, diz o representante.
Obras entregues
Entre os projetos contemplados nos investimentos de R$ 180 milhões concluídos está a revitalização da estrutura ferroviária localizada dentro da área do porto, no município de Vila Velha. Nas próximas semanas, o ramal já poderá ser utilizado. A ferrovia abre caminhos para a criação de uma nova rota logística entre a região Centro-Oeste, com trilhos partindo de Goiás, o Triângulo Mineiro e o Espírito Santo.
A estrutura tem capacidade para aumentar o volume de cargas escoadas pelo porto em aproximadamente 5 milhões de toneladas. A previsão é de que, com os investimentos a serem realizados, as áreas portuárias tenham a capacidade de movimentação ampliada em 80% até 2029.
A nova estrutura ferroviária – ligada à Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e à Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) – deve ser utilizada especificamente para movimentação de fertilizantes e farelo de soja.
Para a segunda fase do contrato, o aporte para as dragagens nos portos de Vitória e de Barra do Riacho será de R$ 26 milhões. Para Vitória, está previsto um volume de dragagem de 280 mil metros cúbicos. Já para Barra do Riacho, o volume será de 350 mil metros cúbicos, sendo a primeira dragagem do porto desde a sua construção, em 2013. As obras estão previstas para acontecer entre outubro deste ano e fevereiro de 2025.
Valor - SP 24/09/2024
Segundo a CEO, são “sérias” as necessidades da companhia e do país por reposição de reservas de óleo e gás
Magda Chambriard: “Não restam dúvidas” de que sustentabilidade é a palavra de ordem no momento — Foto: Lucas Landau/Bloomberg
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse, nessa segunda-feira (23), que a companhia continua a trabalhar em prol da liberação da exploração e produção de petróleo na Margem Equatorial, a partir da licença para perfuração de um poço de na Bacia da Foz do Amazonas.
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Segundo ela, que participa da abertura da ROG.e, antiga Rio Oil and Gas, são “sérias” as necessidades da companhia e do país da reposição de reservas de óleo e gás.
Chambriard destacou que “não restam dúvidas” de que sustentabilidade é a palavra de ordem no momento, e que o evento terá como tom o debate de energias renováveis em paralelo com temáticas de exploração e produção de petróleo e gás natural.
“Não há, no Brasil, contradição [entre transição energética e produção de petróleo]”, afirmou a executiva.
O Estado de S.Paulo - SP 24/09/2024
Fiel à estratégia de transição energética mesmo ante um recuo do setor após o início da guerra na Ucrânia, a petroleira norueguesa Equinor promove atualmente uma revisão de portfólio para privilegiar regiões com maior capacidade de geração de receita em combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, desenvolvimento de energias renováveis e soluções de baixo carbono. Nesse desenho, o Brasil se encaixa perfeitamente nas ambições da companhia.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o vice-presidente executivo de Exploração e Produção, Philippe Mathieu, aponta o País como o foco mais importante da estratégia internacional da empresa, à frente de Estados Unidos e Reino Unido. O executivo lembra ainda que a Equinor, como operadora do megaprojeto de gás Raia, na Bacia de Santos, pode, no futuro, buscar empreendimentos de gás offshore de menor escala no Brasil, a exemplo do que faz na Noruega há décadas. No Brasil para participar da Rio Oil & Gas, maior evento local do setor, Mathieu falou sobre o casamento da companhia com o País, abordando desde projetos em preparação até os investimentos em eólica em terra sob a modalidade offshore. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Qual é o lugar do Brasil na estratégia da Equinor para o futuro?
A estratégia da Equinor passa por uma revisão de portfólio que apoia a transição energética. Estamos construindo isso não só para avançar mais no negócio de petróleo e gás, mas também para construir dois outros pilares dessa estratégia: a parte de renováveis - eólica offshore (no mar) e energias renováveis em terra - e uma terceira área de soluções de baixo carbono, que inclui hidrogênio, captura e armazenagem de carbono etc. Em alguns países temos a possibilidade de desenvolver esse portfólio inteiramente. E, entre os países onde temos presença, o Brasil é um onde vislumbramos e estamos, de fato, construindo todo esse portfólio. É um país especial para nós, porque temos a possibilidade de desenvolver todos os diferentes elementos da estratégia aqui.
O sr. pode explicar essa revisão de portfólio da área de petróleo e gás?
Estamos tentando reorientar o portfólio e focar em menos países para garantir que estaremos nas posições capazes de gerar mais valor. Não podemos fazer tudo, então temos de priorizar. Essa prioridade é dada ao Brasil, por exemplo, graças à correspondência entre as oportunidades no País e as nossas competências no offshore, além do relacionamento muito forte com Petrobras e autoridades brasileiras.
O sr. poderia listar os países dos quais estão saindo e quais serão priorizados?
Na exploração e produção de petróleo, estamos saindo de Azerbaijão, Nigéria e Suriname. Estamos deixando esses países não porque os ativos não são bons, mas por um exercício de priorização. Vamos focar principalmente no Brasil, Estados Unidos e Reino Unido. Esses três são os países onde podemos ir mais fundo, mas temos algumas outras posições sem o mesmo potencial de geração de valor.
O Brasil é hoje a praça externa mais importante para os planos da Equinor?
Sim, o Brasil é o mais importante para mim hoje porque é onde vejo mais crescimento. É onde temos dois grandes projetos em desenvolvimento: Bacalhau, na Bacia de Santos e, claro, Raia (gás natural), na Bacia de Campos. Além de Peregrino (Campos) e Roncador (Santos), em parceria com a Petrobras. O Brasil é sim o grande foco internacional da Equinor.
Bacalhau e Raia vão entrar em operação conforme planejado? Como está isso?
O projeto de Raia apenas começou, mas, sim, estamos dentro do planejado. Raia terá capacidade de escoamento de 16 milhões de metros cúbicos de gás e vai ter o primeiro óleo em 2028. Sobre Bacalhau, a FPSO (plataforma) está sendo comissionada em Cingapura e deve rumar ao Brasil ainda no fim deste ano, com primeiro óleo previsto para meados de 2025.
Como o sr. avalia a regulação do setor no Brasil?
O apoio para novos projetos de óleo e gás em geral é muito forte no Brasil, potencialmente mais forte do que em outras regiões onde atuamos. Nós vemos estabilidade e visibilidade para operarmos no Brasil. Estamos fazendo investimentos que vão durar 20, 25, 30 anos. São compromissos realmente de longo prazo, enormes. São US$ 9 bilhões para cada projeto, Bacalhau e Raia, e essa é a maior prova de que confiamos no Brasil como um bom lugar para fazermos investimentos, inclusive em renováveis.
Sobre as energias renováveis, a Equinor vai privilegiar eólica onshore (em terra) no Brasil?
Em eólica, o que é concreto para nós quando se trata de repor e aumentar o portfólio no Brasil está no onshore, porque vemos oportunidades para investimentos hoje e estamos fazendo isso. Mas temos uma colaboração com a Petrobras para analisar o desenvolvimento do segmento de eólica offshore no País. Precisamos de tempo para definir o ‘framework’ e as condições disso, que para nós é prioridade em todo o portfólio. Internacionalmente, temos alguns projetos de eólica offshore. Então é uma questão de escolher os que estão mais maduros. Mas está no horizonte sim (para o Brasil).
O governo se mostra preocupado com o fornecimento de gás à indústria. No Brasil, as petroleiras dão maior protagonismo ao óleo. Como funciona para a Equinor?
A Equinor é uma grande empresa de gás, com posição enorme nesse mercado na Noruega e sendo a maior fornecedora da Europa, com GNL (gás natural liquefeito). Então o gás está sim no centro da nossa estratégia no Brasil. Raia será, em grande parte, de gás, fornecendo cerca de 15% da demanda de gás natural do País. Isso diz muito sobre o nosso foco. E não vamos apenas desenvolver Raia, mas trazer também a experiência que temos na construção do mercado de gás, na comercialização desse gás.
Como será isso?
Já temos uma subsidiária estabelecida em São Paulo, a Danske Commodities, braço comercial da Equinor, fazendo comércio de energia e gás. Esse também é um link, em termos de comércio e marketing, entre a produção de óleo e gás e de energia elétrica, inclusive renovável, uma ‘totalidade’ que é o mais interessante do Brasil.
Além de Raia, a Equinor pode desenvolver outros grandes projetos de gás natural offshore?
Buscamos oportunidades para petróleo ou gás. Temos bastante experiência na Noruega em desenvolvimento de recursos de gás em geral, não necessariamente gigantes, mas também de projetos comerciais menores, conectados à infraestrutura existente para que não seja preciso grandes investimentos. Ao fazer isso, tornamos comerciais esses recursos menores e podemos trazê-los ao mercado. Além dos grandes campos, é isso que fazemos na Noruega há 20, 25 anos. Então, enxergamos oportunidades em potencial replicando esse modelo de negócios no Brasil em algum momento.
As operações da Equinor no Brasil estão muito concentradas nas bacias de Campos e Santos, com muito a desenvolver. Quando a Equinor vai participar mais dos leilões da ANP?
Estamos definitivamente buscando oportunidades. Para nós, não se trata apenas de desenvolver a produção de Peregrino e Roncador, fazer Bacalhau e Raia. É também sobre o que vem a seguir, preparar o portfólio com projetos que poderiam vir depois de Raia. Precisamos olhar todas as oportunidades que reabasteceriam nosso pipeline de projetos, incluindo aí exploração.
Globo Online - RJ 24/09/2024
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta segunda-feira que o Brasil vai cooperar com a Índia para auxiliar o gigante asiático a explorar petróleo e gás. Segundo Silveira, a Petrobras poderá estudar o potencial de reservas off-shore no Oceano Índico.
Uma das economias que crescem mais rapidamente no mundo, a Índia é terceiro maior importador de “energia e petróleo” do mundo, segundo o site da Invest India, agência de promoção de investimento do governo indiano – apenas de gás natural liquefeito (GNL), o país é o quarto maior importador do mundo.
Na sexta-feira, dia 20, o ministro brasileiro se reuniu com ministro de Petróleo da Índia, Hardeep Puri. No sábado, os dois países publicaram uma declaração conjunta, segundo a qual “reafirmaram seu compromisso de identificar a possibilidade de novos mecanismos para aumentar a presença de empresas indianas no país, inclusive por meio de novas oportunidades de investimento em ativos de produção”.
No documento, os países também “reconheceram as complementaridades no setor comercial, se comprometeram a identificar formas de expandir o comércio entre os dois países, inclusive por meio de mecanismos inovadores”.
— A Petrobras tem expertise e estuda a possibilidade de estar com eles (Índia) nesse desafio de conhecer essa fronteira no Oceano Índico — afirmou Silveira, que participa nesta segunda-feira do ROG.e (antiga Rio Oil & Gas), um dos principais eventos de energia do país, organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), que acontece esta semana no Rio.
Francesa Total quer mais parcerias com Petrobras no Atlântico
Patrick Pouyanné, CEO global da Total Energies, disse que a companhia francesa de energia está aberta a fazer novas parcerias com a Petrobras em oportunidades de exploração e produção de petróleo e gás no Atlântico. Em palestra no ROG.e, o executivo citou projetos no Suriname, Namíbia e África do Sul.
— Estamos interessados em explorar no Atlântico. Temos um projeto no Suriname, com mais de dois mil barris por dia. E a Petrobras pode bater na porta da Total. Em Angola, temos parceria com a Petrobras. Estamos também na Namíbia, que é uma nova fronteira.
Pouyanné mencionou ainda a África do Sul:
— Se a Petrobras quiser entrar conosco nessa empreitada internacional, será muito bem-vinda.
Questionado sobre os desafios do setor no Brasil, Pouyanné ressaltou que o país, além de manter o foco no setor de petróleo, precisa continuar desenvolvendo o segmento de energias renováveis.
— Há consistência para ir mais longe. Temos que manter um horizonte de longo prazo, e o governo precisa garantir a estabilidade do marco legal.
A Total tem no Brasil 11 licenças de petróleo e gás. Entre os principais ativos, estão o Campo de Lapa, Mero, Sépia, Atapu e a área de Iara, todos localizados na Bacia de Santos em parceria com a Petrobras. A empresa também em energia renovável.
Leilões de petróleo seguirão calendário
Silveira afirmou também que o Brasil vai seguir com o calendário de leilões de petróleo.
— Enquanto houver demanda por petróleo e gás, o Brasil vai continuar nesse mercado. Quem acredita nessa demanda deve se planejar para investir no Brasil. O país está em uma posição privilegiada na geopolítica.
Ele também destacou as mudanças recentes no mercado de gás, que tendem a aumentar a oferta no país e reduzir os preços. Lembrou da medida provisória que prevê queda nos custos de afretamento de plataformas e gerar mais encomendas no setor naval.
— Não vamos perder a oportunidade de gerar mais empregos — disse ele, destacando projetos como a Rota 3, no pré-sal, o gasoduto em Sergipe e o aumento da importação de gás de Vaca Muerta, na Argentina.
O Estado de S.Paulo - SP 24/09/2024
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse nesta segunda-feira, 23, que no Brasil não há contradição entre a transição energética e a produção de óleo e gás. A executiva participou da abertura da Rio Oil & Gas (ROG.e), na região central do Rio.
Chambriard abriu seu discurso no evento agradecendo o apoio do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à Petrobrás e ao setor de óleo e gás de forma geral. Silveira é desafeto de Jean Paul Prates, antecessor da executiva na presidência da companhia, e também estava na mesa de abertura da ROG.e.
Ela também chamou a atenção para a presença do diretor de Governança e Conformidade da Petrobras, Mario Spinelli, no evento, dizendo que há quem ache que a petroleira “não tem compliance”.
A um público formado por agentes do mercado de óleo e gás, e executiva defendeu novas tecnologias de energia verde, mas frisou que a Petrobras persistirá na exploração de petróleo, inclusive na Margem Equatorial. Segundo ela, a empresa tem “sérias” necessidades de reposição de reservas de óleo e gás.
“Continuamos trabalhando em prol da exploração e produção offshore na costa do Amapá, na Margem Equatorial”, afirmou. “Vamos seguir explorando e produzindo petróleo e reduzindo a pegada de carbono.”
Sobre a transição energética, Chambriard disse que sustentabilidade agora é “a palavra de ordem”, fazendo menção às tecnologias de sequestro de carbono e hidrogênio “cada vez mais verde”.
“Sou garota propaganda do diesel coprocessado. É a prova de que o Brasil está realmente empenhado em combustíveis de baixo carbono”, declarou.
“Surgem, no âmbito dessa transição energética, o biogás, etanol de 1ª e 2ª geração, de SAF para aviação e outros”, afirmou. “Tudo isso junto de projetos de produção e exploração de petróleo e gás, que vão dar o tom deste evento.”
Critérios ambientais e sociais
No evento, o ministro Alexandre Silveira disse que o Brasil vai continuar realizando leilões de petróleo e não abrirá mão da soberania acerca das decisões sobre onde realizar a exploração, incluindo a Margem Equatorial.
“São mantras a estabilidade, segurança jurídica e previsibilidade para investimentos. Trabalhamos cada vez mais defendendo a previsibilidade fiscal, a fim de assegurar a competitividade do Brasil no cenário internacional”, afirmou. “Reforçar o setor de petróleo e gás significa gerar empregos de melhor qualidade e com mais perspectiva para petroleiras e petroleiros.”
Citando como exemplo a Margem Equatorial, Silveira ressaltou que o país não vai “abrir mão de conhecer e soberanamente decidir sobre a exploração de nossas reservas”, fazendo a ressalva de que a atividade na região será realizada cumprindo critérios ambientais e sociais. “Não vamos abrir mão, nem um milímetro sequer, da soberania nacional”, afirmou, para enfatizar: “Precisamos respeitar a vocação energética das nações. Não nos renderemos à hipocrisia”.
Segundo o ministro, enquanto houver demanda pelo gás e pelo petróleo, o Brasil seguirá nesse mercado. “Estamos prontos para abastecer o mercado global.”
Valor - SP 24/09/2024
O contrato prevê investimentos de R$ 6,6 bilhões em obras, além de outros R$ 6,4 bilhões estimados em despesas operacionais ao longo do contrato de 30 anos
O leilão da chamada Rota dos Cristais, concessão rodoviária que inclui o trecho da BR-040 entre Cristalina (GO) até Belo Horizonte, deverá ser disputado por quatro grupos. A sessão pública da licitação está marcada para quinta-feira (26).
Na entrega de propostas pelo lote, realizada nesta segunda (23), estiveram presentes representantes da CCR, da francesa Vinci e da 4UM (antiga J. Malucelli), que segundo fontes entrará em consórcio com o Opportunity. O BTG foi o quarto proponente e deverá participar por meio de um FIP (Fundo de Investimento em Participações), segundo apurou o Valor.
A EPR (Equipav e Perfin) também esteve presente na entrega, mas acabou não entrando.
No mercado, já havia grande expectativa de concorrência pelo ativo, que é considerado pouco complexo. Além da CCR, que é um operador consolidado, a licitação trouxe interessados menos tradicionais. A francesa Vinci tem forte atuação no Brasil por meio de aeroportos, mas já atua no segmento rodoviário por meio da Entrevias, concessão em São Paulo cujo controle foi comprado do Pátria pela empresa em 2022 — o Pátria segue como sócio no negócio.
A 4UM foi a vencedora da última licitação do governo federal, a BR-381 também em Minas Gerais. A gestora tem um Fundo de Investimentos em Participações (FIP), que além da família Malucelli, controladora da 4UM, tem como cotistas as famílias Salazar, Federmann e Backheuser, donas das construtoras Aterpa, Senpar e Carioca Engenharia. No último leilão, o grupo foi concorrente da gestora Opportunity. Porém, neste projeto, os dois entraram em sociedade.
Por fim, o BTG deverá fazer sua estreia em um leilão rodoviário. O Valor já havia noticiado que o banco vinha se preparando para disputar concessões no setor.
Na concorrência, vencerá quem oferecer o maior desconto sobre a tarifa de pedágio.
O contrato prevê investimentos de R$ 6,6 bilhões em obras, além de outros R$ 4,7 bilhões estimados em despesas operacionais ao longo do contrato de 30 anos. Entre as obras previstas estão 342,864 quilômetros de faixas adicionais e 61,6 quilômetros de vias marginais.